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O Arranjo Produtivo Local (APL) de pedras, gemas e joias do Alto da Serra do Botucaraí Relatório I Novembro/2013

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O Arranjo Produtivo Local (APL) de pedras, gemas e joias do Alto da Serra do Botucaraí

Relatório INovembro/2013

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Fundação de Economia e Estatística

Centro de Estudos Econômicos e Sociais (CEES)

Núcleo de Análise Setorial (NAS)

O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE PEDRAS, GEMAS

E JOIAS DO ALTO DA SERRA DO BOTUCARAÍ – RS

RELATÓRIO I

Pesquisadores

Rodrigo Morem da Costa

Maria Isabel H. da Jornada

Bolsista FAPERGS

Gabriela Lopes de Santiago

Porto Alegre, novembro de 2013

-

.

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SECRETARIA DO PLANEJAMENTO, GESTÃO E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser CONSELHO DE PLANEJAMENTO: Presidente: Adalmir A. Marquetti. Membros: André F. Nunes de Nunes, Angelino Gomes Soares Neto, Julio César Ferraza, Fernando Ferrari Filho, Ricardo Franzói e Leonardo Ely Schreiner. CONSELHO CURADOR: Luciano Feltrin, Olavo Cesar Dias Monteiro e Gérson Péricles Tavares Doyll. DIRETORIA

PRESIDENTE: ADALMIR ANTONIO MARQUETTI DIRETOR TÉCNICO: ANDRÉ LUIS FORTI SCHERER DIRETOR ADMINISTRATIVO: ROBERTO PEREIRA DA ROCHA

CENTROS ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS: Renato Antonio Dal Maso PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO: Dulce Helena Vergara INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS: Juarez Meneghetti INFORMÁTICA: Valter Helmuth Goldberg Junior DOCUMENTAÇÃO E DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES: Tânia Leopoldina P. Angst RECURSOS: Maria Aparecida R. Forni

Esta pesquisa, financiada pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento

(AGDI), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, foi desenvolvida pelo

Núcleo de Análise Setorial, do Centro de Estudos Econômicos e Sociais da Fundação de Economia

e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Secretaria do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento

Regional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Como referenciar este trabalho: COSTA, R. M.; JORNADA, M. I. H. O Arranjo Produtivo Local (APL) de pedras, gemas e joias do Alto da Serra do Botucaraí. Relatório I. Porto Alegre: FEE, 2013. Relatório do Projeto Estudo de Aglomerações Industriais e Agroindustriais no RS. Disponível em< http://www.fee.rs.gov.br/publicacoes/relatorios/>.

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Sumário

Introdução ............................................................................................................................... 04 1 Localização e área de abrangência regional do Arranjo .................................................. 05 2 Corede Alto da Serra do Botucaraí: uma visão geral........................................................ 08 2.1 Contexto demográfico: principais aspectos .................................................................. 08 2.2 O Corede Alto da Serra do Botucaraí no ranking do Idese ........................................... 10

2.3 Contexto econômico: principais aspectos ..................................................................... 14

2.4 Mercado de Trabalho: breve caracterização da estrutura e da composição do emprego formal........................................................................................................................

30

3. O APL de Pedras, Gemas e Joais do Alto da Serra do Botucaraí .................................. 37 3.1 Aspectos históricos da formação do Arranjo Produtivo Local .................................... 37 3.2 Caracterização do APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí..... 42 4. Instituições participantes da governança do APL Pedras, Gemas e Joias – RS ......... 53 5. Instituições de ensino presentes no APL: formação e capacitação profissional ......... 55 Considerações finais .............................................................................................................

57

Referências ...................................................................................................... 60

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Introdução

O Arranjo Produtivo Local de pedras, gemas e joias do Alto da Serra do Botucaraí foi identificado

e selecionado no âmbito do Projeto de Pesquisa intitulado Estudo de Aglomerações Industriais e

Agroindustriais no Rio Grande do Sul, em desenvolvimento no Núcleo de Análise Setorial (NAS) da

Fundação de Economia e Estatística (FEE).1 Dentre as 79 aglomerações selecionadas e identificadas

segundo a metodologia adotada, 12 foram escolhidas para estudo em detalhe, sob a perspectiva de

APLs. Dado que nem toda aglomeração de empresas pode ser a priori classificada como APL, a

pesquisa ora referida optou pela denominação mais genérica de “aglomeração” para as distintas

concentrações espaciais identificadas na fase inicial da investigação e objeto de posterior estudo de

campo. Todavia isso não se aplica no caso específico de Pedras, Gemas e Joias no RS, que é um APL

reconhecido enquanto tal pela literatura e consagrado pelas políticas públicas.

O APL de pedras, gemas e joias do RS — Cidade Polo Soledade, como também é nomeado —

foi instituído como um dos APLs piloto no processo inicial de constituição do Programa de Fortalecimento

das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais por parte do Governo do Estado, através da Agência Gaúcha

de Desenvolvimento e Inovação (AGDI).

À guisa de introdução, cabe adiantar que, no setor de pedras, gemas e joias, o Rio Grande do

Sul é considerado um dos estados mais importantes do País, onde se encontram desde as atividades de

extração mineral até a produção e comercialização do produto final — pedras brutas, gemas lapidadas,

artesanatos de pedra, joias, folheados e bijuterias. O setor no RS destaca-se principalmente por seu

potencial exportador e como importante fonte de emprego nas regiões em que se localiza (Batisti, 2009;

Sindipedras, 2011).

Assim, pode-se depreender que o Estado deve contar com todos os elos da cadeia produtiva

“[...] que compreende desde a extração mineral, a indústria de lapidação, artefatos de pedras, a indústria

joalheira e de folheados, bijuterias, os insumos, matérias-primas e as máquinas e equipamentos usados

no processo de produção, além das estratégias de marketing e a incorporação do design aos produtos”2.

Importante salientar que cada aglomeração do País se especializa na extração e beneficiamento

de determinados tipos de minerais. Isso decorre de duas razões. A primeira é a formação

geomorfológica do território, que determina a incidência de minérios. A segunda são as especificidades

nos processos de extração, em função do tipo de solo onde as jazidas estão localizadas, e de

beneficiamento, que decorre das características físico-químicas do insumo. Com isso, empresas e

trabalhadores desenvolvem competências inerentes às atividades desenvolvidas. Entretanto, faz-se

necessário informar que os dados referentes a essa indústria serão tratados de forma agregada, devido

à impossibilidade de separação e especificação.

1 Ver Zanin, V.; Costa, R. M.; Feix, R. D. (2013).

2 Ver www.ibgm.com.br.

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Alguns estudos, como o de Batisti e Tatsch (2012), identificam seis regiões no RS com

especializações produtivas distintas como sendo um único APL, de abrangência estadual, o que não é

compartilhado pela pesquisa ora apresentada. Para efeitos da presente investigação, optou-se por

considerar essas seis regiões como sendo seis APLs de base mineral distintos.

Assim sendo, o foco da análise são as atividades desenvolvidas no Corede Alto da Serra do

Botucaraí, notadamente no município de Soledade – cidade eixo do APL de Pedras, Gemas e Joias -

considerado o principal polo de beneficiamento de pedras preciosas. Soledade é também o mais

importante centro de comercialização de pedras do Estado, inclusive se destacando pela organização da

maior feira de pedras preciosas da América Latina, a Exposol (Exposição Feira de Soledade). O

município, junto com Guaporé (no Corede Serra), é tido como “núcleo de desenvolvimento setorial -

regional” devido à alta concentração regional de atividades produtivas com pedras e joias (Suzigan,

2006).

Como última observação deve-se chamar a atenção para uma das características marcantes

desse tipo de indústria, e que se reproduz também no varejo, que é a alta informalidade. A proliferação

de fabriquetas de fundo de quintal, de pequenos artesãos, de vendedores avulsos (as “sacoleiras”) e de

práticas de terceirização dificulta mensurar o setor uma vez que as estatísticas oficiais só captam o que

está com registro legal. Assim, os dados da base RAIS/MTE, aqui utilizados, desvendam uma parcela da

realidade, aquela do mercado de trabalho formal, deixando descoberta toda a dimensão da

informalidade. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) a

informalidade, embora tenha se reduzido nos últimos anos, continua elevada, em torno de 30%,3 tanto

no âmbito da produção quanto da comercialização. A alta tributação e os baixos tetos de faturamento do

SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte)4 são apontados como os principais responsáveis para a existência dessa

situação (IBGM, 2013). Considerações análogas devem ser feitas em relação às demais estatísticas

específicas sobre a indústria de extração e processamento de pedras e gemas.

O presente relatório busca uma primeira caracterização do APL de Pedras, Gemas e Joias do

Alto da Serra do Botucaraí, considerando os aspectos demográficos e socioeconômicos do território em

que ele está localizado que são condicionantes para a sua constituição e para o seu pleno

desenvolvimento. Assim, através do exame de dados secundários, alcança-se um perfil do Corede, que

é o recorte territorial adotado, e do APL que propicia um avanço no conhecimento para o ingresso na

segunda etapa do estudo que é a pesquisa de campo.

3 Textualmente, a Instituição se refere a 30% do mercado, como é uma expressão imprecisa, deduz-se que seja 30% do faturamento do setor. O IBGM estima que existam, atualmente, aproximadamente 3.900 empresas de lapidação, de joalheria, de artefatos de pedras, de folheados e de bijuterias, localizadas, principalmente, em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Novos polos industriais estão despontando, como no Paraná, no Pará, no Amazonas, no Ceará e em Goiás (IBGM, 2013).

4 Constitui-se em uma forma simplificada e unificada de recolhimento de tributos, por meio da aplicação de percentuais favorecidos e progressivos, incidentes sobre uma única base de cálculo, a receita bruta.

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1 Localização e área de abrangência regional do Arranjo

Antes de localizar o APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí, cabe

observar, conforme já feito na Introdução, que o Estado possui seis regiões com especializações

produtivas distintas que são tratadas por alguns estudos como sendo um só APL de abrangência

estadual. Na figura 1 se pode conferir espacialmente esses lugares e as atividades próprias de cada um

deles, ou seja, extração de pedras e beneficiamento mineral em Ametista do Sul, Salto do Jacuí e

Quaraí; beneficiamento, comercialização de gemas e fabricação de artefatos de pedras em Soledade e

Lajeado; produção de joias, folheados e bijuterias em Guaporé.

Figura 1

Localização das atividades relacionadas a Pedras, Gemas e Joias no RS

Fonte: Elaboração FEE/NAS com base em Batisti e Tatsch (2012)

Quanto ao APL foco desse estudo – o de Pedras, Gemas e Joias de Soledade – ele está

localizado no centro do Rio Grande do Sul, na região do Corede5 Alto da Serra do Botucaraí. Fazem

5 A sigla Corede corresponde a Conselho Regional de Desenvolvimento, cuja finalidade é a de formular e executar estratégias regionais, consolidando-as em planos estratégicos de desenvolvimento. São áreas que correspondem a um conjunto de municípios próximos geograficamente que possuem características sociais, econômicas e históricas semelhantes, consistindo

Legenda:

Extração de pedras e beneficiamento mineral

Beneficiamento, fabricação e comercialização de gemas e de artefatos e joias de pedras

Produção de artefatos de ourivesaria (joias e joias folheadas) e bijuterias

Municípios: 1 – Ametista do Sul 2 – Salto do Jacuí 3 – Quaraí 4 – Soledade 5 – Lajeado 6 – Guaporé

3

1

4 2

6

5

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parte do arranjo os seguintes municípios: Alto Alegre, Barros Cassal, Campos Borges, Espumoso,

Fontoura Xavier, Gramado Xavier, Ibirapuitã, Itapuca, Jacuizinho, Lagoão, Mormaço, Nicolau Vergueiro,

Soledade, São José do Herval, Tio Hugo e Victor Graeff. Portanto, todos os 16 municípios que formam o

APL correspondem à totalidade do Corede Alto da Serra do Botucaraí. A área de abrangência soma

5.746,4 km², com densidade populacional de 18,1 habitantes/km² (FEE). Destaca-se que a cidade polo

em termos de importância econômica, social e política é Soledade, tanto para a atividade do APL quanto

para o Corede como um todo. O Mapa 1 traz a localização do APL com o município de Soledade em

destaque.

em divisões administrativas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Foram criados pela Lei Estadual n 10.283, de 17/10/1994, e regulamentados pelo Decreto n 35.764, de 28/12/1994. O Corede Alto da Serra do Botucaraí foi criado posteriormente, em 2003, pela desagregação de outros Coredes.

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2 Corede Alto da Serra do Botucaraí: uma visão geral

2.1 Contexto demográfico: principais aspectos

O Corede Alto da Serra do Botucaraí contava, em 2010, com 103.979 habitantes (0,97% do total

do Estado), concentrados em quatro municípios que abrigavam em torno de 65% da população residente

– Soledade, Espumoso, Barros Cassal e Fontoura Xavier (Tabela 1). O município de Soledade é o mais

populoso do Corede (28,89%), constituindo, juntamente com Espumoso (14,66%), o maior núcleo

populacional da região, inclusive em termos de urbanização, conforme se verá a seguir.

A distribuição da população do Corede por situação do domicílio evidencia que a região é

majoritariamente urbana, como é a média do Estado. A diferença reside nas proporções, enquanto o

Corede apresenta uma divisão relativamente equilibrada entre o urbano (53,65%) e o rural (46,35%) o

RS conserva apenas uma pequena parcela da sua população no campo (14,9%). Dentre os municípios

que compõem o Alto da Serra do Botucaraí, na maior parte deles (12) predomina a população rural, com

destaque para Gramado Xavier com 86,88% de moradores no campo. Nos quatro restantes,

predominantemente urbanos, o destaque é Soledade e Espumoso, com 79,99% e 73,04% das pessoas

residindo no meio urbano, respectivamente. Esses dois municípios concentram a maior parte da

população urbana do Corede (63,3%) e 21% da população rural. A população residente no campo

distribui-se de maneira mais uniforme pelo Corede do que a urbana, sendo que Barros Cassal e

Fontoura Xavier, com 15,77% e 13,73% do total da população rural, mostram as maiores participações.

Tabela 1 População Residente no Corede Alto da Serra do Botucaraí em 2010

População Total Situação dos Domicílios Distribuição por Sexo

Urbana Rural Homens Mulheres

Municípios Total % Total % Total % Total % Total %

Alto Alegre 1.848 1,78 743 40,21 1.105 59,79 944 51,08 904 48,92

Barros Cassal 11.133 10,71 3.531 31,72 7.602 68,28 5.729 51,46 5.404 48,54

Campos Borges 3.494 3,36 2.006 57,41 1.488 42,59 1.754 50,20 1.740 49,80

Espumoso 15.240 14,66 11.131 73,04 4.109 26,96 7.532 49,42 7.708 50,58

Fontoura Xavier 10.719 10,31 4.100 38,25 6.619 61,75 5.461 50,95 5.258 49,05

Gramado Xavier 3.970 3,82 529 13,32 3.441 86,68 2.044 51,49 1.926 48,51

Ibirapuitã 4.061 3,91 2.391 58,88 1.670 41,12 2.063 50,80 1.998 49,20

Itapuca 2.344 2,25 558 23,81 1.786 76,19 1.233 52,60 1.111 47,40

Jacuizinho 2.507 2,41 562 22,42 1.945 77,58 1.283 51,18 1.224 48,82

Lagoão 6.185 5,95 1.655 26,76 4.530 73,24 3.195 51,66 2.990 48,34

Mormaço 2.749 2,64 600 21,83 2.149 78,17 1.396 50,78 1.353 49,22

Nicolau Vergueiro 1.721 1,66 636 36,96 1.085 63,04 862 50,09 859 49,91

São José do Herval 2.204 2,12 867 39,34 1.337 60,66 1.136 51,54 1.068 48,46

Soledade 30.044 28,89 24.032 79,99 6.012 20,01 14.729 49,02 15.315 50,98

Tio Hugo 2.724 2,62 1.164 42,73 1.560 57,27 1.372 50,37 1.352 49,63

Victor Graeff 3.036 2,92 1.284 42,29 1.752 57,71 1.512 49,80 1.524 50,20

Total 103.979 100,00 55.789 53,65 48.190 46,35 52.245 50,25 51.734 49,75

FONTE: IBGE e FEE/CIE - Núcleo de Produtos Estatísticos.

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As disparidades identificadas na forma de distribuição da população do Alto da Serra do

Botucaraí relacionam-se à maneira como a atividade econômica está organizada no território.

Dando continuidade às características demográficas, observa-se que a distribuição da população

por sexo no Corede se encontra próxima de um equilíbrio, o que se repete em praticamente todos os

municípios. As diferenças observadas entre eles são pouco significativas, portanto, sob esse aspecto há

homogeneidade entre os municípios do Corede.

A distribuição da população do Corede por faixa etária revela um comportamento que se

aproxima ao do Estado, porém diferenciando-se em três faixas -20 a 24 anos; 25 a 29 anos; 30 a 34

anos. No Alto da Serra do Botucaraí essas faixas de idade concentram um número menor de pessoas do

que no RS, o intervalo de 20 a 24 anos representa 7,33% do total no Corede e 8,14% no Estado, o de 25

a 29 anos representa 7,50% no Corede e 8,36% no Estado e o de 30 a 34 anos, 6,96% no Corede e

7,56% no Estado. Cabe observar que na região as faixas de 10 a 14 e a de 15 a 19 são as mais

significativas com 8,83% e 8,67%, respectivamente. O Gráfico 1 demonstra essa distribuição.

As diferenças entre o Alto da Serra do Botucaraí e o total do Rio Grande do Sul no que respeita

à distribuição por faixa etária indicam a existência de uma tendência do movimento migratório para fora

do Corede ser mais forte entre a camada de jovens em idade economicamente ativa. Essa informação

ganha peso quando se soma a proporção da população nas faixas de 55 anos e mais. Para o Corede

6,25

7,45

8,83

8,67

7,33

7,50

6,96

6,59

6,97

7,09

6,31

5,72

4,48

3,54

2,53

1,85

1,92

6,02

6,77

8,06

8,19

8,14

8,36

7,56

6,97

7,11

7,22

6,48

5,47

4,35

3,21

2,45

1,75

1,89

10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00

De 0 a 4 anos

De 5 a 9 anos

De 10 a 14 anos

De 15 a 19 anos

De 20 a 24 anos

De 25 a 29 anos

De 30 a 34 anos

De 35 a 39 anos

De 40 a 44 anos

De 45 a 49 anos

De 50 a 54 anos

De 55 a 59 anos

De 60 a 64 anos

De 65 a 69 anos

De 70 a 74 anos

De 75 a 79 anos

80 anos ou mais

Gráfico 1 - Distribuição Etária da População do Alto da Serra do Botucaraí e do Rio Grande do Sul em 2010 (%)

Rio Grande do Sul Alto da Serra do Botucaraí

Fonte: IBGE e FEE/Núcleo de Produtos Estatísticos.

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essa proporção é de 20,05% contra 19,12% do Estado. Ressalta-se ainda que esta é uma tendência

mais geral para os Coredes do Rio Grande do Sul, identificada por Jardim, em que:

[...] as diferentes conformações das pirâmides etárias regionais mostram, além dos diferenciais de fecundidade e mortalidade, a importância dos movimentos populacionais na composição da estrutura etária por sexo da população, tanto das áreas receptoras como das de expulsão. As áreas mais desenvolvidas atraem a população em idade ativa, e, portanto, os Coredes mais dinâmicos apresentam maiores proporções de população com idade entre 20 e 59 anos. Em contrapartida, as áreas expulsoras têm maior participação da população idosa (JARDIM, 2010, p.30).

Por fim, se faz necessário um comentário sobre a dinâmica populacional do Corede. Entre os

anos censitários de 2000 e 2010, os dados do IBGE mostram um recuo da população total de 1,2%,

passando de 105.260 para 103.979 habitantes, enquanto o RS alcançou um crescimento de 4,97%,

conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 Evolução da População Total dos Municípios do COREDE Alto da Serra do Botucaraí

Municípios 2000 2010 Saldo (2010-2000) Taxa de Variação %

Alto Alegre 2.137 1.848 -289 -13,5

Barros Cassal 11.347 11.133 -214 -1,9

Campos Borges 3.785 3.494 -291 -7,7

Espumoso 15.238 15.240 2 0,0

Fontoura Xavier 11.473 10.719 -754 -6,6

Gramado Xavier 3.666 3.970 304 8,3

Ibirapuitã 4.221 4.061 -160 -3,8

Itapuca 2.691 2.344 -347 -12,9

Jacuizinho 2.361 2.507 146 6,2

Lagoão 6.098 6.185 87 1,4

Mormaço 2.435 2.749 314 12,9

Nicolau Vergueiro 1.812 1.721 -91 -5,0

São José do Herval 2.530 2.204 -326 -12,9

Soledade 29.727 30.044 317 1,1

Tio Hugo 2.447 2.724 277 11,3

Victor Graeff 3.292 3.036 -256 -7,8

Alto da Serra do Botucaraí 105.260 103.979 -1.281 -1,2

Rio Grande do Sul 10.187.798 10.693.929 506.131 5,0

FONTE: IBGE e FEE/CIE - Núcleo de Produtos Estatísticos.

A perda populacional sofrida pelo Corede no período 2000 a 2010 pode ser creditada à

existência de áreas de atração e de expulsão dentro do Rio Grande do Sul, em razão de diferenças no

grau desenvolvimento econômico regional, juntamente com a migração para fora do Estado (JARDIM,

2010, p. 26-30). Assim sendo, ocaso do Alto da Serra do Botucaraí, no período referido, enquadra-se

como uma área de expulsão populacional.

2.2 O Corede Alto da Serra do Botucaraí no ranking do Idese6

6 O Idese é um índice sintético, inspirado no IDH, que abrange um conjunto amplo de indicadores sociais e econômicos, classificados em quatro blocos temáticos: educação; renda; saneamento e domicílios; e saúde. Visa mensurar e acompanhar o nível de desenvolvimento do Estado, de seus municípios e dos Coredes. O Idese varia de zero a um e permite que se classifique o Estado, os municípios ou os Coredes em três níveis de desenvolvimento: baixo (índices até 0,499), médio (entre 0,500 e 0,799) ou alto (maiores ou iguais a 0,800). (Conforme FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Produtos Estatísticos).

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O desempenho do Corede no Índice de Desenvolvimento Econômico e Social (Idese) é revelador

das condições econômico-sociais em que vive a população local e do estágio de desenvolvimento da

região. Os dados da tabela 3 apontam que o Alto da Serra do Botucaraí aparece no ano de 20097 como

o penúltimo colocado no ranking do Idese geral dos Coredes do Rio Grande do Sul. Esse

posicionamento não se deve a uma variável específica. Quando se observa o posicionamento por bloco,

verifica-se que o Alto da Serra do Botucaraí situa-se abaixo da média estadual em todos os quatro

blocos – educação, renda, saneamento e domicílios, e saúde. Faz-se necessário observar que o

desempenho é pior nos blocos ‘educação’ (28º) e ‘saneamento e domicílios’ (27º), melhorando o

posicionamento em ‘renda’ e em ‘saúde’, atingindo em ambos o 19º lugar no ranking.

Tabela 3 Idese e seus Blocos por Coredes no Rio Grande do Sul — 2009

COREDE Idese Geral Bloco

Educação Bloco Renda

Bloco Saneamento e Domicílios

Bloco Saúde Ranking

Idese Geral

Rio Grande do Sul 0,776 0,870 0,813 0,569 0,850 -

Serra 0,818 0,894 0,839 0,692 0,845 1º

Metropolitano do Delta do Jacuí 0,812 0,879 0,841 0,683 0,845 2º

Vale do Rio dos Sinos 0,792 0,869 0,886 0,560 0,854 3º

Alto Jacuí 0,792 0,880 0,896 0,522 0,869 4º

Campos de Cima da Serra 0,779 0,844 0,783 0,645 0,843 5º

Noroeste Colonial 0,778 0,916 0,846 0,508 0,840 6º

Produção 0,774 0,876 0,843 0,546 0,833 7º

Central 0,772 0,864 0,776 0,609 0,842 8º

Fronteira Noroeste 0,768 0,905 0,798 0,487 0,881 9º

Campanha 0,767 0,872 0,708 0,639 0,850 10º

Missões 0,762 0,876 0,777 0,523 0,870 11º

Fronteira Oeste 0,761 0,864 0,729 0,591 0,860 12º

Sul 0,761 0,854 0,773 0,579 0,837 13º

Norte 0,749 0,880 0,779 0,480 0,856 14º

Vale do Taquari 0,744 0,879 0,788 0,438 0,872 15º

Vale do Caí 0,741 0,872 0,760 0,443 0,888 16º

Nordeste 0,737 0,850 0,788 0,483 0,828 17º

Vale do Jaguarí 0,736 0,877 0,682 0,505 0,881 18º

Hortênsias 0,736 0,874 0,751 0,478 0,839 19º

Centro Sul 0,731 0,852 0,697 0,530 0,845 20º

Jacuí Centro 0,730 0,849 0,719 0,528 0,824 21º

Rio da Várzea 0,721 0,846 0,771 0,411 0,856 22º

Litoral 0,719 0,853 0,711 0,436 0,875 23º

Vale do Rio Pardo 0,715 0,845 0,780 0,398 0,836 24º

Celeiro 0,708 0,873 0,718 0,359 0,882 25º

Paranhana Encosta da Serra 0,707 0,861 0,683 0,415 0,868 26º

Alto da Serra do Botucaraí 0,695 0,838 0,738 0,359 0,844 27º

Médio Alto Uruguai 0,686 0,844 0,701 0,337 0,861 28º

FONTE: FEE/CIE – Núcleo de Produtos Estatísticos.

O Alto da Serra do Botucaraí também tem mostrado uma evolução irregular no Idese geral ao

longo da série histórica do Índice. Se nos anos de 2006 e 2007, o Corede cresceu mais rapidamente do

7 Último dado disponível.

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12

que a média, contribuindo para reduzir o hiato em relação ao Estado, nos anos de 2008 e 2009 voltou a

crescer a um ritmo menor do que o RS, novamente ampliando a diferença. Esse comportamento

irregular pode ser observado mais claramente no gráfico 2.

Dentre os blocos que compõem o Idese, o maior responsável por esse comportamento

inconstante foi o da Saúde. Com efeito, conforme aponta o gráfico 3, o bloco Saúde no Alto da Serra do

Botucaraí experimentou uma expressiva melhora no período 2004-2006, superando a média do RS em

2005 e 2006. Entretanto, nos anos de 2007 e 2008 sofreu um forte declínio, recolocando o índice abaixo

da média nos dois últimos anos da série.

0,672 0,673

0,684 0,69 0,692 0,695

0,76 0,761 0,764 0,769 0,772

0,776

0,65

0,67

0,69

0,71

0,73

0,75

0,77

0,79

2004 2005 2006 2007 2008 2009

FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas (CIE).

Gráfico 2 - Evolução do Idese Geral

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

0,819

0,857 0,862

0,849

0,84 0,844

0,846

0,851 0,85

0,848

0,846 0,85

0,81

0,82

0,83

0,84

0,85

0,86

0,87

2004 2005 2006 2007 2008 2009

FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas (CIE).

Gráfico 3 - Evolução do Idese Bloco Saúde

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

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13

O bloco Renda do Idese também demonstra o mesmo comportamento irregular. Conforme

aponta o gráfico 4 abaixo, a maior redução do hiato em relação à média estadual ocorre no período

2006-2008. No ano de 2009 verifica-se um retrocesso quando o Idese Renda do Corede ficou levemente

abaixo do patamar atingido em 2008.

No que concerne ao bloco educação do Idese, verifica-se que há uma melhora consistente no

período 2004-2008, sendo importante para o avanço socioeconômico do Corede. Inclusive, este é um

ponto relevante, pois a melhora no nível educacional da população e na infraestrutura de educação

tende a beneficiar a competitividade das empresas locais tanto pela oferta de uma força de trabalho mais

qualificada quanto pela maior possibilidade para desenvolver ou assimilar novas tecnologias. Cabe

apontar que, em 2009, o hiato existente entre o Corede e a média do RS volta a se ampliar por conta de

um avanço no Idese Educação maior no Estado do que no Corede. Essas informações são evidenciadas

pelo Gráfico 5.

0,708

0,667

0,702

0,73 0,741 0,738

0,773 0,773 0,786

0,804 0,819 0,813

0,6

0,65

0,7

0,75

0,8

0,85

2004 2005 2006 2007 2008 2009

FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas (CIE).

Gráfico 4 - Evolução do Idese Bloco Renda

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

0,807 0,813

0,816 0,822

0,825

0,838

0,855 0,853 0,854 0,855 0,853

0,87

0,78

0,79

0,8

0,81

0,82

0,83

0,84

0,85

0,86

0,87

0,88

2004 2005 2006 2007 2008 2009

FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas (CIE).

Gráfico 5 - Evolução do Idese Bloco Educação

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

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14

As disparidades existentes entre os municípios aparecem com clareza no ranking do Idese. Dos

16 municípios que compõem o Corede, apenas cinco se colocam acima da média no Idese geral do Alto

da Serra do Botucaraí: Soledade, Espumoso, Victor Graeff, Campos Borges e Alto Alegre. Inclusive, com

uma distância expressiva entre o terceiro colocado e o quarto e entre o quinto e o sexto. Ademais, os

três últimos colocados (Itapuca, Gramado Xavier e Lagoão) encontram-se não apenas muito abaixo da

média do Idese geral do Corede, mas também figuram entre os 20 municípios menos desenvolvidos

dentre os 496 que compõem o Rio Grande do Sul. Mais ainda, nenhum dos municípios do Corede

consegue se colocar acima da média do Idese geral do Rio Grande do Sul. O município melhor

posicionado é Soledade na 70ª colocação (Tabela 4).

A partir dessas informações e daquelas referentes ao desempenho econômico da região, que se

verá a seguir, pode-se identificar o Alto da Serra do Botucaraí como um dos Coredes de menor

dinamismo e desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

Tabela 4 Idese dos Municípios do Alto da Serra do Botucaraí - 2009

Municípios Idese Ranking Corede

Ranking RS

Soledade 0,764 1º 70º

Espumoso 0,739 2º 135º

Victor Graeff 0,726 3º 162º

Campos Borges 0,707 4º 215º

Alto Alegre 0,705 5º 222º

Nicolau Vergueiro 0,678 6º 302º

Tio Hugo 0,662 7º 341º

Jacuizinho 0,662 8º 342º

Mormaço 0,656 9º 357º

Fontoura Xavier 0,628 10º 419º

São José do Herval 0,624 11º 425º

Barros Cassal 0,615 12º 446º

Ibirapuitã 0,612 13º 451º

Itapuca 0,583 14º 481º

Gramado Xavier 0,580 15º 485º

Lagoão 0,571 16º 488º

Alto da Serra do Botucaraí 0,695 - -

Rio Grande do Sul 0,776 - -

FONTE: FEE/CIE – Núcleo de Produtos Estatísticos.

2.3 Contexto econômico: principais aspectos

2.3.1 A Estrutura Produtiva do Corede Alto da Serra do Botucaraí

A base produtiva do Corede Alto da Serra do Botucaraí assenta-se no setor de serviços e na

agropecuária, responsáveis por 61,4% e 28,5% do Valor Adicionado Bruto (VAB) regional,

respectivamente, enquanto a indústria responde por apenas 10,1% da riqueza gerada em 2010.

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Como pode ser observado no gráfico acima, o setor de serviços é o principal responsável pela

geração de renda no Alto da Serra do Botucaraí como também de emprego formal, conforme se verá

mais adiante. Todavia, a existência de um forte vínculo entre as atividades do setor primário e as da

indústria de transformação confere um peso maior à agropecuária na região, de tal forma que para

ampliar o entendimento do funcionamento da economia do Corede faz-se necessário examinar mais

detidamente as atividades do setor primário do Alto da Serra do Botucaraí.

No caso da agricultura, evidencia-se o predomínio das culturas temporárias frente às

permanentes, com um VBP de R$412.715,00 e de R$17.992,00, respectivamente em 20108. Dentre as

primeiras, os destaques são a produção de soja e de fumo, que, em 2010 alcançaram um VBP de

R$223.895,00 e de R$106.564,00, respectivamente, o que corresponde a 54,3% e 25,8% das culturas

temporárias da região. Dentre as culturas permanentes, a mais importante é a erva mate, que participa

com 61,5% do total do valor produzido por esse segmento. Verifica-se, pois, uma especialização da

produção agrícola em torno da soja e do fumo que, juntos, representam 80,1% das culturas temporárias

do Alto da Serra do Botucaraí as quais, por sua vez, representam 95,82% do VBP da agricultura do

Corede.

No caso da pecuária, que também é um segmento importante para o setor primário da região,

são encontrados rebanhos de aves, bovinos, suínos e outros, conforme mostra a Tabela 5.

8 FEEDADOS - http://www.fee.rs.gov.br/feedados.

Agropecuária 29%

Indústria 10%

Serviços 61%

Gráfico 6 - Estrutura do VAB do Alto da Serra do Botucaraí - 2010

FONTE: FEE/CIE-NCS.

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Tabela 5 Efetivo dos Principais Rebanhos do Alto da Serra do Botucaraí - 2010

Rebanho Número de Cabeças

Galos, Frangas, Frangos e Pintos 2.412.060

Galinhas 377.464

Bovinos 225.054

Suínos 74.484

Ovinos 22.179

Eqüinos 6.695

Caprinos 6.363

FONTE: FEE.

A produção de leite se destaca como o principal produto derivado da criação de rebanhos,

somando um VBP de R$76.184,00 em 2010 (FEE). O ponto importante a ser destacado é o de que,

assim como na agricultura, a criação de rebanhos e a produção de leite possuem elos de encadeamento

com a indústria de transformação.

Se olhadas em conjunto as atividades primárias e o processamento industrial de seus produtos

observa-se que essas atividades respondem por uma parcela significativa da economia do Alto da Serra

do Botucaraí, conforme se verá mais adiante.

A indústria do Alto da Serra do Botucaraí que, no seu conjunto, representa a parcela menor do

VAB regional, se caracteriza por um forte predomínio das atividades de baixa intensidade de esforço

tecnológico, as quais atingem 89,3% de participação no valor das saídas da indústria do Corede,

considerando-se a extrativa e a de transformação. Isto significa que, em geral, a indústria extrativa e a de

transformação estão assentadas sobre atividades já maduras para a economia. Embora estas sejam

importantes, possuem menores janelas de oportunidade para o avanço tecnológico que aquelas

atividades pertencentes ao paradigma tecno-econômico das tecnologias da informação, que atualmente

são as que apresentam maior dinamismo econômico. Em especial, no Corede se destacam atividades

intensivas no uso de recursos naturais, como segue.

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17

Em termos individuais, os três principais segmentos produtivos das indústrias de extração e

transformação são ‘Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria’ com 31,7%

de participação no valor das saídas do total da indústria no Corede, seguido de ‘Preparação do leite’

(17,3%) e ‘Abate de reses, exceto suínos’ (9,2%)9. A tabela 6 apresenta dados selecionados sobre as

indústrias de extração e transformação do Corede Alto da Serra do Botucaraí que permitem uma visão

panorâmica do estágio recente dessas atividades.

9 Ambas as atividades - Preparação do leite e Abate de reses, exceto suínos - são classificadas como Fabricação de produtos alimentícios (CNAE 2.0-IBGE).

89,3%

5,3%

4,9% 0,2%

0,3%

Gráfico 7 - Estrutura do Valor das Saídas das Atividades das Industrias de Extração e Transformação do Corede Alto da Serra do Botucaraí por

Intensidade de Esforço Tecnológico- 2010

Baixa

Média-Baixa

Média-Alta

Alta tecnologia

Sem Classificação

Fonte: Sefaz/RS. Elaboração FEE/NAS

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Tabela 6 Dados Selecionados sobre as Principais Atividades das Indústrias de Extração e Transformação do Corede Alto da Serra do

Botucaraí– 2010

Classe CNAE 2.0 Intensidade Tecnológica

Participação no valor das saídas da indústria do

Corede (%)

Estabele cimentos

Empregos

Participação no emprego da indústria do Corede (%)

Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria Baixa 31,7 48 251 15,2

Preparação do leite Baixa 17,3 2 9 0,5

Abate de reses, exceto suínos Baixa 9,2 5 65 3,9

Fabricação de alimentos para animais Baixa 5,9 2 67 4,1

Moagem e fabricação de produtos de origem vegetal não especificados anteriormente Baixa 5,2 1 1 0,1

Fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária, exceto para irrigação Média-Alta 4,5 5 54 3,3

Moagem de trigo e fabricação de derivados Baixa 3,7 5 15 0,9

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas Baixa 3,0 21 310 18,8

Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais semelhantes Média-Baixa 2,0 19 91 5,5

Extração de pedra, areia e argila Baixa 1,9 3 95 5,7

Desdobramento de madeira Baixa 1,6 19 102 6,2

Beneficiamento de arroz e fabricação de produtos do arroz Baixa 1,4 1 9 0,5

Fabricação de laticínios Baixa 1,4 3 15 0,9

Fabricação de calçados de couro Baixa 1,3 6 104 6,3

Subtotal - 90,1 140 1.188 71,9

Outros - 9,9 135 465 28,1

Total - 100,0 275 1.653 100,0

FONTE: SEFAZ/RS e RAIS/MTE. Elaboração FEE/NAS. NOTA: No caso dos estabelecimentos e dos empregos também estão incluídas as atividades de desenvolvimento de software, que são classificadas como serviços. Como são apenas dois estabelecimentos neste Corede, os valores das saídas das atividades de software não puderam ser disponibilizados devido ao sigilo fiscal.

Pode-se visualizar, pois, o predomínio das atividades industriais intensivas na transformação de

recursos naturais. Se agrupadas essas atividades, identifica-se que há uma clara especialização da

indústria do Alto da Serra do Botucaraí em torno do processamento industrial de produtos do setor

primário e da produção de artigos relacionados com gemas e joias. Observa-se, ainda, em terceiro lugar,

mas com pouca expressão, a transformação de outros minerais à exceção de gemas.

Contudo, ressalta-se que as atividades da agropecuária e da indústria de transformação são

consideradas tradicionalmente como de maior dinamismo econômico, mesmo que tenham menor

participação no PIB do que o setor de serviços. Isto se deve à elevada capacidade destes setores em

gerar e/ou se apropriar de inovações tecnológicas, com especial destaque para aquelas promotoras de

ganhos de produtividade, além de possuírem maior número de elos de encadeamento com outros

segmentos produtivos. Muitas das atividades industriais localizadas no Corede possuem vínculos com o

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setor primário, como se depreende da tabela acima. Tem-se, de um lado, o processamento industrial de

produtos da agropecuária que representa 48,5% do total do valor das saídas e 45,3% do total dos

empregos das indústrias de extração e de transformação do Corede10

. Essas atividades se configuram

como sendo elos subsequentes diretos da indústria de transformação, pertencente à cadeia produtiva do

respectivo produto do setor primário. De outro lado, encontra-se a ‘fabricação de máquinas e

equipamentos para a agricultura e pecuária, exceto irrigação’, respondendo por 4,5% do valor das saídas

das indústrias de extração e transformação do Corede. Essa atividade consiste em um ramo auxiliar, ou

secundário, vinculado à cadeia produtiva do setor primário. Assim sendo, as atividades do setor primário

juntamente com as de processamento industrial de seus produtos formam um dos eixos dinâmicos da

economia da região do Alto da Serra do Botucaraí.

Um segundo eixo dinâmico da economia do Corede assenta-se nas atividades de

beneficiamento de gemas e de fabricação de seus artefatos. O exame da tabela 6 mostra que as

empresas pertencentes ao APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí são relevantes

para a economia da região, respondendo por 32,0% do valor das saídas e por 15,2% do emprego das

indústrias de extração e de transformação do Alto da Serra do Botucaraí. Ou seja, cerca de um terço da

renda do setor industrial é gerado pelo APL em foco. Ademais, como será demonstrado ao longo do

estudo, o arranjo é o maior responsável pelas exportações desta região, pois seus principais produtos

respondem por 92,1% do total vendido ao exterior na média do período 2005-2010. Esses dados

evidenciam a importância do APL para a economia local tanto pelo que representa na estrutura da

indústria do Corede quanto pela sua preponderância nas exportações da região.

O desempenho do PIB do Alto da Serra do Botucaraí é revelador de uma economia que deve

enfrentar grandes dificuldades, aparecendo no cenário estadual como uma das regiões de menor

desenvolvimento relativo do Rio Grande do Sul. A baixa colocação do Alto da Serra do Botucaraí no

ranking dos 28 Coredes pelo critério do PIB e do PIB per capita - 28ª e a 26ª posição, respectivamente -

embasa essa constatação (Tabela 7). Em 2010, o PIB do Corede representava 0,59% do PIB estadual

(quase R$1,5 bilhão) com um PIB per capita de R$14.225,00, bem inferior à média estadual que era de

R$23.606,00. Cabe referir que o diagnóstico realizado no âmbito do Projeto de Pesquisa ora em

execução aponta para a mesma direção, a de que essa seja uma região menos desenvolvida e em

declínio11

.

10

Nestes dois percentuais estão somadas as atividades discriminadas na tabela 6, juntamente com as similares que foram agregadas sob a conta ‘outros’, não estando, portanto, explicitadas.

11 Ver Zanin, Costa e Feix (2013). O estudo aborda a evolução do PIB dos Coredes (PIB a preços de mercado), comparando a média de 2001-2003 com a de 2008-2010 para captar a dinâmica do crescimento, juntamente com o posicionamento obtido em 2008 e 2009 na média do Idese nos blocos renda, saúde e educação. Assim foi possível verificar que o Alto da Serra do Botucaraí se qualifica nesta metodologia como uma “região menos desenvolvida e em declínio”.

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20

Tabela 7 PIB e PIB per capita do Rio Grande do Sul por Corede – 2010

COREDES

PIB PIB per capita

Valor (R$ Milhões)

Participação (%)

Posição no Ranking

Valor (R$) Relativo

(1) Posição no Ranking

Metropolitano do Delta do Jacuí 68.019 26,94 1º 28.097 1,19 3º

Vale do Rio dos Sinos 37.719 14,94 2º 29.219 1,24 2º

Serra 27.683 10,96 3º 32.104 1,36 1º

Sul 16.624 6,58 4º 19.725 0,84 14º

Vale do Rio Pardo 9.964 3,95 5º 23.832 1,01 7º

Fronteira Oeste 9.736 3,86 6º 18.356 0,78 16º

Produção 8.607 3,41 7º 24.633 1,04 5º

Vale do Taquari 7.840 3,11 8º 23.915 1,01 6º

Central 6.546 2,59 9º 16.713 0,71 20º

Norte 4.882 1,93 10º 22.045 0,93 11º

Missões 4.628 1,83 11º 18.656 0,79 15º

Fronteira Noroeste 4.336 1,72 12º 21.304 0,90 12º

Alto Jacuí 4.212 1,67 13º 27.125 1,15 4º

Centro Sul 4.134 1,64 14º 16.305 0,69 21º

Litoral 4.103 1,63 15º 13.854 0,59 27º

Noroeste Colonial 3.888 1,54 16º 23.334 0,99 8º

Vale do Caí 3.790 1,50 17º 22.348 0,95 10º

Paranhana-Encosta da Serra 3.557 1,41 18º 17.357 0,74 18º

Campanha 3.354 1,33 19º 15.508 0,66 23º

Nordeste 2.584 1,02 20º 20.362 0,86 13º

Médio Alto Uruguai 2.426 0,96 21º 15.905 0,67 22º

Campos de Cima da Serra 2.277 0,90 22º 23.228 0,98 9º

Jacui Centro 2.217 0,88 23º 15.470 0,66 24º

Hortênsias 2.141 0,85 24º 16.853 0,71 19º

Celeiro 2.091 0,83 25º 14.775 0,63 25º

Rio da Várzea 2.057 0,81 26º 17.864 0,76 17º

Vale do Jaguari 1.588 0,63 27º 13.539 0,57 28º

Alto da Serra do Botucaraí 1.479 0,59 28º 14.225 0,60 26º

Rio Grande do Sul 252.483 100,00 - 23.606 1,00 -

FONTE: FEE/CIE - Núcleo de Contabilidade Social.

IBGE/Diretoria de Pesquisas/Coordenação de Contas Nacionais.

(1) PIB per capita municipal / PIB per capita estadual.

Quando se analisa a taxa de crescimento real do PIB do Alto da Serra do Botucaraí nos últimos

anos, verifica-se um desempenho irregular que se deve, principalmente, à estiagem que se abateu sobre

o Estado nesses anos e que afetou significativamente a performance do setor primário e dos outros

segmentos produtivos a ele relacionados. A importância para o Corede das atividades agropecuárias e

das industriais a elas vinculadas explica a forte queda do PIB em 2005, quando o RS foi atingido por

uma severa estiagem. No período de 2006 a 2008, em que não se registrou evento climático adverso ao

setor primário, o Corede conseguiu crescer acima da média do Estado, enquanto que em 2009 e 2010, a

região voltou a mostrar um crescimento inferior à média estadual em decorrência de uma nova seca no

Estado. Além disso, é preciso observar que em 2009 houve um recuo nas exportações12

do Corede, o

12

Os dados de exportações e taxa de câmbio serão apresentados posteriormente em um bloco dedicado ao comércio internacional do Corede.

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21

que também contribuiu para o resultado alcançado. A retração da demanda de países desenvolvidos em

função da crise financeira internacional afetou as relações comerciais em escala mundial. Registre-se

que os produtos predominantes na pauta de exportações do Corede são os do Arranjo de Pedras,

Gemas e Joias (92,1% de participação na média do período 2005-2010), que são bens de consumo de

luxo e que, por essa característica, tendem a experimentar uma relativa maior retração em momentos de

crise econômica. É oportuno observar, ainda, que mesmo com queda no total de exportações, puxada

pelas principais economias mundiais – no caso do Alto da Serra do Botucaraí com destaque para

Estados Unidos e Alemanha –, as vendas para a China mantiveram-se em crescimento contínuo no

período 2005-2010. Assim, os efeitos da estiagem juntamente com a retração das vendas externas em

2009 fizeram com que o Corede apresentasse crescimento real abaixo da média do Rio Grande do Sul

neste ano e também em 2010. Inclusive, para os últimos três anos da série (2008-2010), a taxa média de

crescimento real do Corede foi de 1,0% contra 4,7% obtida para a média do Estado.

A evolução recente do PIB per capita do Alto da Serra do Botucaraí mostra um comportamento

inconstante similar ao do PIB. Apesar da forte queda de 18,1% em 2005, o desempenho de 2006

(23,4%) mais que compensou essa retração. Inclusive, o Alto da Serra do Botucaraí conseguiu

apresentar um desempenho acima da média do Rio Grande do Sul em 2006, 2007 e 2008. Apesar disto,

o último período da série (2008-2010) é marcado pelo desempenho abaixo daquele apresentado pelo

Estado, sobretudo, no ano de 2010.

-18,1%

23,3%

14,2%

7,4%

2,1% 1,0%

-2,1%

4,4%

8,7% 6,9%

3,2%

11,4%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gráfico 8 - Taxa de Crescimento Real do PIB em Relação ao Ano Anterior

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

Fonte: FEE/CIE-NCS. Nota: Valores nominais do PIB deflacionados para preços de 2010 pelo IPCA/IBGE.

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22

Quando se considera em conjunto o desempenho do PIB e do PIB per capita em termos de

valores reais a preços de 2010, pode-se concluir que, ainda que o período 2006-2007 tenha sido de

crescimento acima daquele apresentado pelo Rio Grande do Sul, os três últimos anos foram marcados

por um retrocesso importante. Ademais, o Alto da Serra do Botucaraí historicamente apresenta um hiato

expressivo em relação ao PIB e ao PIB per capita das regiões de maior nível de desenvolvimento do

Estado. Deste modo, mesmo havendo períodos de crescimento acima da média, a exemplo daquele

mencionado anteriormente, o Corede continua sendo uma das regiões menos desenvolvidas do Rio

Grande do Sul e de menor dinamismo.

Desagregando-se a região do Alto da Serra do Botucaraí pelos seus distintos municípios

observam-se as disparidades existentes entre eles. A tabela 8 mostra que Soledade e Espumoso são os

principais municípios do Corede em termos de geração do PIB, somando respectivamente R$ 379,7

milhões (25,7%) e R$ 291,3 milhões (19,7%) em 2010. Juntos, eles responderam por quase a metade do

PIB do Alto da Serra do Botucaraí em 2010 (45,4% do PIB). Desta forma, percebe-se que

individualmente estes dois municípios encontram-se bem acima dos demais em termos de valor do PIB.

-18,1%

23,4%

13,7%

4,0% 2,6%

4,8%

-3,2%

3,3%

12,6%

4,2% 2,6%

13,6%

-25%

-15%

-5%

5%

15%

25%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gráfico 9 -Taxa de Crescimento Real do PIB per capita em Relação ao Ano Anterior

Alto da Serra do Botucaraí Rio Grande do Sul

Fonte: FEE/CIE-NCS. Nota: Valores nominais do PIB per capita deflacionados para preços de 2010 pelo IPCA/IBGE.

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23

Tabela 8

PIB e PIB per capita dos Municípios do Alto da Serra do Botucaraí– 2010

Município PIB (R$ Milhões)

Part. PIB (%)

PIB per capita (R$)

Alto Alegre 33,2 2,2 17.983

Barros Cassal 117,7 8,0 10.569

Campos Borges 44,7 3,0 12.793

Espumoso 291,3 19,7 19.114

Fontoura Xavier 114,8 7,8 10.721

Gramado Xavier 44,3 3,0 11.150

Ibirapuitã 58,9 4,0 14.494

Itapuca 33,8 2,3 14.469

Jacuizinho 32,6 2,2 13.023

Lagoão 61,2 4,1 9.890

Mormaço 52,6 3,6 19.119

Nicolau Vergueiro 49,5 3,3 28.785

São José do Herval

28,5 1,9 12.935

Soledade 379,7 25,7 12.629

Tio Hugo 55,3 3,7 20.309

Victor Graeff 81,1 5,5 26.700

Corede 1.479,2 100,0 14.225

FONTE: FEE/CIE - NCS.

Em termos de PIB per capita, também se verifica uma significativa disparidade distributiva,

notando-se que metade dos municípios alcança um PIB per capita superior à média do Corede. Os

municípios de Nicolau Vergueiro (R$ 28.785,00), Victor Graeff (R$ 26.700,00), Tio Hugo (R$ 20.309) e

Espumoso (R$ 19.114,00) auferem um PIB per capita bem acima da média do Corede (R$ 14.225,00).

No espectro oposto desta distribuição, Lagoão (R$ 9.890,00), Barros Cassal (R$ 10.569,00) e Fontoura

Xavier (10.721,00) ficam bem abaixo da média do Alto da Serra do Botucaraí.

Com relação à estrutura do Valor Adicionado Bruto da região, os dados da tabela 9 informam

que o setor Serviços é o mais importante na maior parte dos municípios do Alto da Serra do Botucaraí.

Apenas em Itapuca, Jacuizinho e Nicolau Vergueiro os Serviços respondem por menos da metade do

VAB total, sendo que nos dois primeiros prevalece a Agropecuária. No que tange à participação da

indústria no VAB municipal, unicamente Soledade (15,1%), Espumoso (12,3%) e Fontoura Xavier

(11,4%) colocam-se acima da média do Corede (10,1%), indicando que estes municípios concentram a

maior parcela das atividades industriais. Na maioria das demais cidades, a participação da agropecuária

na estrutura do VAB municipal supera a média do Corede.

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24

Tabela 9 Estrutura do VAB dos Municípios do Alto da Serra do Botucaraí – 2010 (%)

Município Agropecuária Indústria Serviços

Alto Alegre 40,2 5,7 54,1

Barros Cassal 32,1 8,1 59,8

Campos Borges 27,2 7,8 64,9

Espumoso 22,1 12,3 65,6

Fontoura Xavier 29,9 11,4 58,7

Gramado Xavier 44,3 5,4 50,3

Ibirapuitã 42,2 6,2 51,5

Itapuca 50,3 4,6 45,1

Jacuizinho 50,7 5,2 44,1

Lagoão 44,0 5,1 50,9

Mormaço 34,9 5,2 59,9

Nicolau Vergueiro 45,9 4,5 49,6

São José do Herval 36,8 8,6 54,5

Soledade 12,9 15,1 72,0

Tio Hugo 26,6 9,2 64,2

Victor Graeff 43,8 5,6 50,6

Corede 28,5 10,1 61,4

FONTE: FEE/CIE - NCS

Os três municípios destacados acima são os que detêm as maiores participações relativas no

VAB da indústria na região. A tabela 10 permite identificar que Soledade (37,5%), Espumoso (23,5%) e

Fontoura Xavier (9,0%) são os municípios mais industrializados do Alto da Serra do Botucaraí,

responsáveis por 69,9% (R$ 98,7 milhões) do total gerado pela indústria. Salienta-se que Soledade (R$

52,9 milhões) é o principal polo industrial da região.

Tabela 10 VAB dos Municípios do Alto da Serra do Botucaraí em 2010 (em R$ milhões)

Município Agropecuária Indústria Serviços

VAB % VAB % VAB %

Alto Alegre 12,7 3,2 1,8 1,3 17,1 2,0

Barros Cassal 36,4 9,2 9,2 6,5 67,8 7,9

Campos Borges 11,5 2,9 3,3 2,3 27,3 3,2

Espumoso 59,7 15,0 33,1 23,5 176,7 20,6

Fontoura Xavier 33,1 8,3 12,6 9 64,9 7,6

Gramado Xavier 18,9 4,8 2,3 1,6 21,4 2,5

Ibirapuitã 24,0 6,0 3,5 2,5 29,3 3,4

Itapuca 16,7 4,2 1,5 1,1 15,0 1,8

Jacuizinho 16,3 4,1 1,7 1,2 14,2 1,7

Lagoão 26,5 6,7 3,1 2,2 30,7 3,6

Mormaço 17,2 4,3 2,5 1,8 29,5 3,4

Nicolau Vergueiro 21,5 5,4 2,1 1,5 23,2 2,7

São José do Herval 10,0 2,5 2,3 1,7 14,8 1,7

Soledade 45,5 11,4 52,9 37,5 253 29,5

Tio Hugo 13,5 3,4 4,7 3,3 32,7 3,8

Victor Graeff 33,8 8,5 4,3 3,1 39,0 4,6

Corede 397,3 100 141,2 100 856,8 100

FONTE: FEE/CIE - NCS

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25

Esses dados também evidenciam a importância econômica de Soledade e Espumoso para o Alto

da Serra do Botucaraí, conforme mencionado anteriormente. De fato, ambos os municípios destacam-se

em comparação aos demais em termos de geração de VAB nos três setores de atividade. O município

de Soledade é o primeiro colocado no VAB da indústria e dos serviços, sendo o segundo no da

agropecuária. Já Espumoso é o segundo em VAB da indústria e dos serviços e o primeiro no da

agropecuária.

2.3.2 Comércio Internacional do Alto da Serra do Botucaraí13

O Corede Alto da Serra do Botucaraí se caracteriza como um exportador de mercadorias. No

entanto, faz-se necessário apontar que a integralidade das exportações pertence exclusivamente ao

município de Soledade. Ademais, a participação das exportações e importações do Alto da Serra do

Botucaraí é pouco expressiva no total destas variáveis para o Rio Grande do Sul (Tabela 11).

Tabela 11 Participação do Comércio Internacional do Alto da Serra do Botucaraí no Rio Grande do Sul (Valores Reais em

US$ Milhões FOB a preços de 2010)

Ano Exportações Importações

Alto da Serra do Botucaraí

(ASB)

Rio Grande do Sul (RS)

Participação ASB/RS (%)

Alto da Serra do Botucaraí

(ASB)

Rio Grande do Sul (RS)

Participação ASB/RS (%)

2005 40,5 11.696,8 0,35 1,1 7.472,2 0,02

2006 46,0 12.765,9 0,36 1,5 8.598,4 0,02

2007 41,6 15.793,5 0,26 0,9 10.693,6 0,01

2008 41,9 18.620,2 0,22 1,5 14.710,5 0,01

2009 40,9 15.485,8 0,26 2,0 9.625,4 0,02

2010 47,3 15.382,4 0,31 1,5 13.275,0 0,01

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

A afirmação de que se trata de um Corede exportador reside no fato de que, no período 2002-

2010, a média de participação das exportações no total transacionado internacionalmente (corrente de

comércio) foi de 97,1%. Com isso, o saldo da balança comercial tem se mostrado superavitário nos anos

considerados. Esse dado é importante, pois indica que parte significativa da renda do Alto da Serra do

Botucaraí se deve ao comércio internacional, o que, por sua vez, está fortemente relacionado com as

exportações de produtos cuja base de elaboração são gemas, não apenas as que são encontradas no

Rio Grande do Sul, mas também aquelas de fora do Estado, e que são adquiridas em caráter de

complementaridade à produção local (Tabela 12).

13

Impõem-se alguns esclarecimentos com respeito à natureza e ao tipo de dados de comércio exterior disponíveis. Primeiro, o critério utilizado para a classificação das exportações por unidades da federação (UF) pelo ALICEWEB (MDIC) considera o estado produtor da mercadoria e não a sede da empresa exportadora, enquanto as exportações por municípios levam em conta o domicílio fiscal da empresa exportadora. Assim, o total computado para a exportação por UF não será idêntico à soma das exportações dos municípios daquela determinada unidade da Federação. De qualquer forma, estas são as informações mais próximas possíveis de se obter para as exportações dos municípios. Segundo, na importação, o ALICEWEB credita os valores para a unidade da federação ou município do domicílio fiscal da empresa importadora, independentemente do ponto de entrada da mercadoria no território nacional.

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26

Tabela 12 Comércio Internacional do Alto da Serra do Botucaraí (Valores em US$ Milhões FOB a preços

de 2010)

Ano Exportações

( E ) Importações

( I )

Saldo da Balança

Comercial ( E - I )

Corrente de

Comércio ( E + I)

Participação das Exportações no Comércio Internacional ( E / ( E + I ))

(%)

2002 32,9 0,8 32,1 33,7 97,7

2003 39,4 1,0 38,3 40,4 97,5

2004 49,2 1,1 48,1 50,2 97,9

2005 40,5 1,1 39,4 41,7 97,3

2006 46,0 1,5 44,5 47,5 96,8

2007 41,6 0,9 40,7 42,5 97,9

2008 41,9 1,5 40,4 43,4 96,5

2009 40,9 2,0 38,8 42,9 95,2

2010 47,3 1,5 45,9 48,8 97,0

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

Adicionalmente, se percebe que os anos de 2007, 2008 e 2009 apresentaram performance bem

abaixo daquele mostrado em 2004, 2006 e em 2010. De fato, o menor desempenho das exportações do

Corede relaciona-se mais fortemente com a retração de demanda de países avançados no período

2007-2009, em razão da crise financeira internacional, que teve início nos Estados Unidos no segundo

semestre de 2007. Devido à grande parte das suas exportações estarem associada a gemas, um bem

de consumo considerado de luxo, a tendência de queda nas vendas externas do Corede é maior do que

a de outras regiões.

O ano de 2005 também mostrou um resultado bem aquém daqueles apresentados em outros

anos. A estiagem que se abateu sobre o Estado nesse ano provocou uma queda nas exportações de

soja do Corede de US$4,5 milhões FOB em 2004 para zero em 2005 com uma retomada em 2006

(US$2,2 milhões FOB). E como a soja ocupa a quarta colocação na pauta de itens exportados pelo Alto

da Serra do Botucaraí, o seu desempenho influenciou o resultado final.

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27

Dentre os principais produtos vendidos ao exterior (Tabela 13), destaca-se em participação a

comercialização relacionada com gemas, que são os produtos14

que ocupam as três primeiras posições

na pauta de exportações do Alto da Serra do Botucaraí. Em 2010, a soma das participações destes três

produtos contabilizou 91,5% dos itens vendidos internacionalmente, sendo que no período 2005-2010, a

média de participação deles no total exportado foi de 92,1%.

Tomando-se individualmente, o item ‘Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo’

é o de maior relevância, responsável pela maior parcela das exportações (61,7% em 2010 e 55,3% na

média do período 2005-2010). Trata-se, fundamentalmente, de gemas lapidadas, não envolvendo a

elaboração de joias. Pode-se observar, inclusive, tendência de ganho de participação desses produtos

na pauta de valor exportado pelo Alto da Serra do Botucaraí (Gráfico 11).

14

De acordo com a metodologia adotada na Nomenclatura Comum do Mercosul, os produtos da posição 71.03 são descritos como sendo “Pedras preciosas (exceto diamantes) ou semipreciosas, mesmo trabalhadas ou combinadas, mas não enfiadas, nem montadas, nem engastadas; pedras preciosas (exceto diamantes) ou semipreciosas, não combinadas, enfiadas temporariamente para facilidade de transporte”.

32,9

39,4

49,2

40,5 46,0

41,6 41,9 40,9

47,3

2,92 3,08

2,93

2,43

2,18

1,95 1,83

2,00

1,76

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0

10

20

30

40

50

60

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

FONTE: Mdic/Aliceweb2 e BCB/Boletim BP. NOTA:Valores das exportações deflacionados para preços de 2010 pelo IPC (FMI).

Gráfico 10 - Exportações (US$ FOB milhões a preços de 2010) do Alto da Serra do Botucaraí x Taxa de Câmbio Comercial Média

Exportações (E) Taxa de Câmbio Comercial Média - R$/US$

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28

Tabela 13

Valor dos Principais Itens Exportados pelo Alto da Serra do Botucaraí (Valores reais em US$ Milhões FOB a preços de 2010)

Principais Produtos (NCM) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Part. em 2010 (%)

71039900 - Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo

21,5 23,9 23,4 21,3 23,8 29,2 61,7

71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas

8,9 9,3 7,3 7,5 6,8 7,8 16,5

71162090 - Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.

9,7 9,1 7,3 6,5 6,5 6,6 13,9

12010090 - Outros grãos de soja, mesmo triturados

- 2,3 2,3 4,0 3,7 3,7 7,7

Outros 0,5 1,3 1,3 2,6 0,1 0,1 0,2

Total 40,5 46,0 41,6 41,9 40,9 47,3 100,0

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

Ainda em relação aos principais produtos exportados, é fundamental salientar que os três itens

de maior participação na pauta correspondem à atividade de ‘Lapidação de gemas e fabricação de

artefatos de ourivesaria e joalheria’ (classe 3211.6da CNAE2.0/IBGE). Com isso, essa atividade

econômica é a principal responsável pela dinâmica das exportações do Alto da Serra do Botucaraí.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

FONTE: MDIC/Aliceweb2.

Gráfico 11 - Estrutura da Pauta de Exportações do Alto da Serra do Botucaraí

Outros

12010090 - Outros grãos de soja, mesmo triturados

71162090 - Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.

71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas

71039900 - Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo

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29

Quanto aos principais destinos das exportações, China, Estados Unidos e Alemanha aparecem

nas três primeiras colocações. A China merece menção especial, observando-se, no período

considerado, um consistente crescimento das vendas para essa nação asiática que saltam de US$ FOB

4,1 milhões em 2004 para US$ FOB 20,9 milhões em 2010. Trata-se de um crescimento médio de 32,6%

ao ano no período 2005-2010, que coloca a China como principal destino das exportações do Alto da

Serra do Botucaraí em 2010 (44,2% do total). Seguem-se em importância os Estados Unidos (18,2%) e a

Alemanha (9,1%). Ainda, se somada a China com Hong Kong, o valor em 2010 sobe para US$ FOB 21,8

milhões, atingindo 46,2% de participação no total exportado.

Tabela 14 Principais Destinos das Exportações do Alto da Serra do Botucaraí (Valores Reais em US$

Milhões FOB a Preços de 2010)

País 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Part. em 2010

(%)

China 4,1 6,1 7,2 8,1 13,8 20,9 44,2

Estados Unidos 9,0 11,2 9,7 10,2 7,5 8,6 18,2

Alemanha 6,1 5,4 5,1 6,5 5,8 4,3 9,1

Taiwan (Formosa) 6,3 6,2 4,6 2,6 2,3 3,2 6,8

Itália 1,4 0,7 1,0 1,1 0,7 1,1 2,3

Hong Kong 4,7 5,8 3,5 1,8 2,7 0,9 1,9

Outros 8,8 10,6 10,6 11,6 8,1 8,2 17,4

Total 40,5 46,0 41,6 41,9 40,9 47,3 100,0

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

O exame da evolução das exportações segundo os principais destinos ano a ano mostra o

avanço contínuo da China na pauta de exportações do Alto da Serra do Botucaraí: em 2005 as compras

chinesas eram responsáveis por 10,2% do total exportado, ocupando a 5ª colocação no ranking; em

2008 a China já respondia por 19,3%, colocando-se como segundo destino, atrás apenas dos Estados

Unidos (24,5%); a partir de 2009 a China assume a liderança do ranking de destino das exportações,

respondendo por 33,8% do total das exportações. Isso se deve tanto à retração causada pela crise

financeira internacional, que atinge mais fortemente os países desenvolvidos - como Estados Unidos e

Alemanha - que retraem sua demanda, quanto ao aumento em termos absolutos do valor comprado pela

China. Entre 2008 e 2009 esse aumento foi de 70,3% e entre 2009 e 2010 foi de 51,7%, isto é, uma

ampliação significativa das compras realizadas pela China.

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30

Em relação às importações do Alto da Serra do Botucaraí, como já mencionado anteriormente,

essas são pouco expressivas, seja dentro do próprio Corede seja para o total importado pelo Rio Grande

do Sul. Os destaques na pauta de importações desta região dizem respeito à sua relação com a

atividade de industrialização de gemas e serão abordados posteriormente15

.

2.4 Mercado de Trabalho: breve caracterização da estrutura e da composição do

emprego formal

O contingente de trabalhadores inserido no mercado de trabalho formal no Corede Alto da Serra

do Botucaraí, em 2010, era de 12.448 indivíduos, o que representava 0,44% do total do emprego formal

no Estado16

. A maior parte dos empregados com vínculos legais concentrava-se na administração

pública (30,39%) e no comércio (29,87%). O setor de serviços era o terceiro em importância com 16,65%

do total do emprego, seguido pela indústria de transformação (12,62%), pela agropecuária (4,18%) e

pela construção civil (3,90%). Os serviços industriais de utilidade pública (SIUP) e a extrativa mineral

eram insignificantes (Tabela 15).

15

Chama-se a atenção para as distorções contidas nos dados de importação em razão de ser considerado para fins de cômputo o estado ou o município do domicílio fiscal da empresa importadora e não o local de entrada das mercadorias no território nacional.

16 Precisa-se considerar, com respeito a esses dados, que não se está tratando da totalidade do mercado de trabalho, mas de uma fatia dele que é regulamentada por lei, ou seja, o emprego com contrato de trabalho ou carteira assinada. Com isso perde-se a dimensão da ocupação informal, que é especialmente significativa nas atividades agropecuárias.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

FONTE: MDIC/Aliceweb2.

Gráfico 12 - Exportações do Alto da Serra do Botucaraí segundo principais destinos

China Estados Unidos Alemanha Taiwan (Formosa) Itália Hong Kong Outros

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31

Tabela 15

Distribuição dos empregados formais da indústria de transformação por subsetores de atividade no RS e no Corede Alto da Serra do Botucaraí - 2010

Setores Rio Grande do Sul Corede

Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total

Indústria de produtos minerais não metálicos 17.500 2.459 19.959 140 25 165

Indústria metalúrgica 57.269 13.875 71.144 68 10 78

Indústria mecânica 63.291 10.918 74.209 54 6 60

Indústria de material elétrico e de comunicações 11.742 7.310 19.052 1 1 2

Indústria de material de transporte 46.510 7.475 53.985 5 1 6

Indústria da madeira e do mobiliário 40.819 14.777 55.596 150 8 158

Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 18.421 10.836 29.257 25 13 38

Indústria da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 33.096 16.922 50.018 205 91 296

Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria,... 33.545 18.993 52.538 13 12 25

Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 10.711 27.540 38.251 41 299 340

Indústria de calçados 47.832 70.565 118.397 39 65 104

Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 76.962 58.246 135.208 205 94 299

Total 457.698 259.916 717.614 946 625 1.571

FONTE: RAIS/MTE.

Todavia, ao se examinar a participação de cada setor no respectivo correspondente estadual é o

emprego na extrativa mineral que assume maior significado no Corede, respondendo por 1,47% do total

dos postos de trabalho da indústria extrativa mineral do RS, enquanto a indústria de transformação, no

outro extremo, responde por apenas 0,22% do total do emprego na indústria do Estado. Cabe observar

que os segmentos produtivos mais significativos na estrutura do emprego industrial na região são:

Artigos do Vestuário e Acessórios (21,59%), Produtos Alimentícios (19,13%), Produtos Diversos17

(17,13%) e Produtos de Minerais Não-Metálicos (10,86%).

17

Esta divisão compreende a lapidação de gemas (pedras preciosas e semipreciosas) e a fabricação de artefatos de joalheria, bijuteria e semelhantes, a fabricação de instrumentos musicais, a fabricação de artefatos para pesca e esporte, a fabricação de brinquedos, a fabricação de instrumentos não eletrônicos e materiais para usos em medicina e odontologia, a fabricação de artigos ópticos (óculos, lentes oftálmicas, etc.), a fabricação de acessórios para segurança pessoal e profissional, a fabricação de placas e letreiros e de painéis luminosos e de outros bens não mencionados anteriormente.

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32

O emprego se distribuía de forma bastante desigual ao longo do território do Corede,

observando-se que dois municípios concentravam um pouco mais da metade da população empregada

na região – Soledade e Espumoso, com 33,20% e 21,50%, respectivamente. Seguiam-se, em ordem de

importância, Fontoura Xavier (10,07%) e Barros Cassal (6,43%). Todos os outros municípios não

alcançavam 4,00% de participação no emprego. Em termos setoriais, Soledade é o município de maior

expressão no contexto do emprego na extrativa mineral (63,54%), na construção civil (59,79%), na

indústria de transformação (44,43%), nos serviços (46,28%), no comércio (36,63%), na agropecuária

(26,73%) e na administração pública (16,02%) em que detém as maiores participações em cada setor

(Tabela 17).

Tabela 16 Distribuição dos empregados formais da indústria de transformação por subsetores de atividade no RS e no Corede Alto

da Serra do Botucaraí - 2010

Setores RS Corede

Produtos Alimentícios 112.713 296

Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis 2.081 0

Veículos automotores, reboques e carrocerias 51.058 5

Produtos químicos 15.760 7

Couros, artefatos de couro, artigos para viagem e calçados 138.574 109

Máquinas e equipamentos 58.809 60

Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 59.668 61

Produtos do fumo 6.291 0

Produtos de borracha e de material plástico 40.785 32

Metalurgia 14.372 4

Bebidas 9.810 3

Móveis 37.320 20

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 13.151 0

Celulose, papel e produtos de papel 10.243 3

Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 10.690 12

Produtos de minerais não-metálicos 20.130 168

Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 13.616 2

Produtos diversos 12.723 265

Produtos de madeira 17.091 138

Produtos têxteis 10.303 6

Artigos do vestuário e acessórios 25.130 334

Impressão e reprodução de gravações 8.030 21

Produtos farmoquímicos e farmacêuticos 2.448 0

Outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores 2.018 1

Total 692.814 1.547

FONTE: RAIS/MTE.

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33

Tabela 17

Distribuição dos empregados formais por setor de atividade no Corede Alto da Serra do Botucaraí segundo municípios – 2010

Municípios Extrativa Mineral

Ind. de Transformação

Serviços Ind de

Utilidade Púb.

Construção Civil

Comércio Serviços Adm

Pública

Agropecuária, extração

vegetal, caça e pesca

Total

Alto Alegre 0 8 1 2 67 11 110 9 208

Barros Cassal 0 18 7 13 183 78 485 16 800 Campos Borges 0 27 3 34 114 20 178 6 382 Espumoso 0 399 7 109 1.135 460 437 129 2.676

Fontoura Xavier 0 274 144 24 166 202 376 67 1.253 Gramado Xavier 0 18 0 1 29 26 162 3 239 Ibirapuitã 0 10 0 0 91 80 166 12 359 Itapuca 0 4 0 0 3 6 105 0 118 Jacuizinho 0 0 0 0 19 1 175 38 233 Lagoão 0 10 1 0 50 14 279 1 355 Mormaço 0 4 12 0 71 31 165 6 289 Nicolau Vergueiro 0 5 0 0 72 13 91 23 204 São José do Herval 28 33 2 0 44 51 121 12 291

Soledade 61 698 18 290 1362 959 606 139 4.133 Tio Hugo 7 20 6 11 194 67 137 23 465 Victor Graeff 0 43 2 1 118 53 190 36 443

Total 96 1.571 203 485 3.718 2.072 3.783 520 12.448

FONTE: RAIS/MTE.

Na grande parte dos municípios, era a administração pública que respondia pela maior parcela

de empregados, sendo que em apenas três (Espumoso, Soledade e Tio Hugo) o principal empregador

era o comércio.

O mercado de trabalho formal no Alto da Serra do Botucaraí em 2010 caracteriza-se pela

prevalência dos homens (53,40%), com uma distribuição um pouco mais equilibrada do que no agregado

estadual em que 55,51% dos empregados são homens. Dentre os setores de atividade, o setor de

serviços e a administração pública, no Corede, destoam, acusando o predomínio do emprego feminino,

com 51,64% e 64,34% de mulheres, respectivamente (Tabela 15). Do total de municípios que compõem

a região, em cinco predominam as mulheres no mercado de trabalho – Barros Cassal, Fontoura Xavier,

Gramado Xavier, Itapuca e Lagoão, todos com expressão maior da administração pública no emprego

(Tabela 18).

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34

Tabela 18

Distribuição dos empregados formais no Corede Alto da Serra do Botucaraí por municípios segundo o sexo – 2010

Municípios Masculino Feminino Total

Alto Alegre 118 90 208

Barros Cassal 320 480 800

Campos Borges 232 150 382

Espumoso 1.504 1.172 2.676

Fontoura Xavier 555 698 1253

Gramado Xavier 116 123 239

Ibirapuitã 203 156 359

Itapuca 52 66 118

Jacuizinho 124 109 233

Lagoão 142 213 355

Mormaço 148 141 289

Nicolau Vergueiro 117 87 204

São José do Herval 173 118 291

Soledade 2.307 1.826 4.133

Tio Hugo 262 203 465

Victor Graeff 274 169 443

Total Corede 6.647 5.801 12.448

FONTE: RAIS/MTE.

Em termos de faixa etária, preponderam as faixas de 30 a 39 anos (27,43%) e a de 40 a 49 anos

(23,84%), que juntas representam mais da metade do contingente de empregados, o restante se distribui

nas faixas de 18 a 24 anos (17,09%), na de 25 a 29 (16,35%) e na de 50 a 64 (12,97%). O mesmo se

verifica no RS em que as faixas de 30a 39 anos e a de 40 a 49 anos detém 26,89% e 22,66% dos

empregados, respectivamente. Examinando por setores, verifica-se que, no Corede, apenas o setor de

serviços encontra-se próximo do agregado do mercado de trabalho, com 50,67% dos empregados no

estrato de 30 a 49 anos, uma vez que na indústria extrativa mineral, na administração pública e na

agropecuária a participação desse contingente era maior (em torno de 61%) e na construção civil, na

indústria de transformação e no comércio era menor, 48,45%, 46,02% e 42,03%, respectivamente.

Esses dois últimos setores se sobressaem e despertam o interesse: a indústria de transformação pela

distribuição relativamente equilibrada dos trabalhadores por faixa etária – 18 a 24 (23,99%), 25 a 29

(18,01%), 30 a 39 (26,35%), 40 a 49 (19,85%) – e o comércio pela alta incidência de empregados jovens

(31,03% com até 24 anos) (Tabelas 19 e 20).

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35

Tabela 19 Distribuição dos empregados formais por setor de atividade no Corede Alto da Serra do Botucaraí segundo faixa etária – 2010

Faixa Etária

Extrativa Mineral

Ind. de Transformação

Serviços Ind de

Utilidade Púb.

Construção Civil

Comércio Serviços Adm

Pública

Agropecuária, extração

vegetal, caça e pesca

Total

10 a 14 0 0 0 0 0 1 0 0 1

15 a 17 4 45 0 13 127 19 0 7 215

18 a 24 8 377 26 70 1.027 346 221 52 2.127

25 a 29 12 283 31 73 689 349 520 78 2.035

30 a 39 32 414 52 114 917 590 1.122 174 3.415

40 a 49 26 312 61 121 646 460 1.201 141 2.968

50 a 64 14 138 31 90 295 291 688 68 1.615

65 ou mais 0 2 2 4 17 16 31 0 72

Total 96 1.571 203 485 3.718 2.072 3.783 520 12.448

FONTE: RAIS/MTE.

Tabela 20 Distribuição dos empregados formais por setor de atividade no Rio Grande do Sul segundo faixa etária – 2010

Faixa Etária

Extrativa Mineral

Ind. de Transformação

Serviços Ind de

Utilidade Púb.

Construção Civil

Comércio Serviços Adm

Pública

Agropecuária, extração

vegetal, caça e pesca

Total

10 a 14 1 178 2 24 171 80 0 11 467

15 a 17 52 15.916 262 826 16.830 8.626 46 940 43.498

18 a 24 771 154.544 2.673 21.081 153.069 130.796 16.980 11.083 490.997

25 a 29 871 131.507 4.269 19.023 110.435 146.363 39.989 10.684 463.141

30 a 39 1.603 197.202 8.246 33.075 142.059 239.513 110.295 22.071 754.064

40 a 49 1.808 145.517 7.841 27.724 90.176 182.050 159.248 21.092 635.456

50 a 64 1.341 70.176 6.613 22.125 46.829 121.363 112.438 15.235 396.120

65 ou mais

69 2.573 263 996 2.121 7.876 5.497 1.019 20.414

Total 6.516 717.613 30.169 124.874 561.690 836.667 444.493 82.135 2.804.157

FONTE: RAIS/MTE.

A condição de escolaridade é a de que a maior parte dos empregados (62,01%) tem, no mínimo,

o ensino médio completo, sendo que, desses, 11,70% possuem o diploma de curso superior. No outro

extremo - os analfabetos e aqueles com até o quinto ano completo – representam quase 10,0% do total

do mercado de trabalho da região, enquanto 11,03% possuem o ensino fundamental completo. No

Estado, 58,71% tem, no mínimo, o ensino médio completo e, desses, 14,29% concluiu o curso superior,

enquanto que 6,65% dos empregados possuem até o quinto ano completo. O nível de escolaridade dos

indivíduos empregados nos distintos setores de atividade, no Alto da Serra do Botucaraí, não difere

muito da média do agregado, só no de serviços e na administração pública é que se verifica um patamar

de educação formal mais elevado, com 71,55% (serviços) e 67,30% (administração pública) com o

ensino médio completo ou mais. Na agropecuária, dadas as características da atividade, essa parcela é

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36

bem menos significativa (21,34%).Também é no setor de serviços e na administração pública que se

encontra o maior percentual de trabalhadores com o ensino superior completo, 15,05% e 22,91%,

respectivamente (Tabelas 21 e 22).

Tabela 21 Distribuição dos empregados formais por setor de atividade no Corede Alto da Serra do Botucaraí segundo nível de escolaridade

– 2010

Faixa Etária Extrativa Mineral

Ind. de Transformação

Serviços Ind de

Utilidade Púb.

Construção Civil

Comércio Serviços Adm

Pública

Agropecuária, extração

vegetal, caça e pesca

Total

Analfabeto 0 8 0 9 6 11 9 19 62

Até 5ª Incompleto

2 75 3 24 117 43 198 70 532

5ª Completo Fund.

0 88 9 41 142 70 189 96 635

6ª a 9ª Fund. 16 213 30 25 313 141 341 104 1.183

Fund. Completo 3 265 19 90 345 190 367 94 1.373

Médio Incompleto

17 152 12 53 403 149 133 26 945

Médio Completo

56 712 92 210 1.976 987 1.469 106 5.608

Superior Incomp.

1 32 21 15 202 169 209 3 652

Superior Completo

1 26 17 18 213 312 867 2 1.456

Mestrado 0 0 0 0 1 0 0 0 1

Doutorado 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Total 96 1.571 203 485 3.718 2.072 3.783 520 12.448

FONTE: RAIS. Tabela 22

Distribuição dos empregados formais por setor de atividade no Rio Grande do Sul segundo nível de escolaridade – 2010

Faixa Etária

Extrativa Mineral

Ind. de Transf.

Serviços Ind de

Utilidade Púb.

Construção Civil

Comércio Serviços Adm

Pública

Agropecuária, extração

vegetal, caça e pesca

Total

Analfabeto 400 9.746 1.106 4.559 3.380 8.860 4.330 10.927 43.308 Até 5ª Incompleto 3.451 125.182 8.463 43.570 37.832 75.963 61.555 71.895 427.911 5ª Completo Fund. 4.162 238.603 7.165 61.048 69.346 129.156 73.162 67.377 650.019 6ª a 9ª Fund. 9.422 772.561 21.690 147.064 272.466 435.789 146.946 132.248 1.938.186 Fund. Completo 6.332 751.551 20.615 134.755 439.729 670.944 225.724 78.318 2.327.968 Médio Incompleto 3.198 474.609 10.018 49.841 417.295 364.272 94.508 29.108 1.442.849 Médio Completo 7.582 1.266.759 57.442 142.777 1.503.084 1.768.811 685.331 65.211 5.496.997 Superior Incomp. 1.086 229.529 9.592 12.928 182.905 404.746 145.525 5.510 991.821 Superior Completo 1.283 188.796 22.687 16.461 125.210 907.582 945.311 10.004 2.217.334

Mestrado 7 3.494 216 105 567 31.602 7.077 164 43.232

Doutorado 0 565 28 26 327 13.225 1.139 38 15.348

Total 36.923 4.061.395 159.022 613.134 3.052.141 4.810.950 2.390.608 470.800 15.594.973

FONTE: RAIS/MTE.

Page 38: O Arranjo Produtivo Local (APL) de pedras, gemas e joias ... · 4 Introdução O Arranjo Produtivo Local de pedras, gemas e joias do Alto da Serra do Botucaraí foi identificado e

37

O rendimento médio no mercado de trabalho formal do Corede em 2010 era de 2,08 salários

mínimos (SM) ou R$1.060,8018

, enquanto que no Estado este era bem mais alto, de 3,11 SM ou R$

1.586,10. Os dois maiores empregadores no Alto da Serra do Botucaraí registravam um rendimento

médio um pouco acima daquele do agregado regional no caso da administração pública (2,32 SM) e

inferior no caso do comércio (1,77 SM). Os rendimentos médios mais baixos localizavam-se na indústria

de transformação (1,49 SM) e na agropecuária (1,55 SM). No RS, os setores mais importantes sob a

ótica do emprego registravam rendimento médio um pouco mais alto do que o do agregado do Estado no

setor de serviços (3,27 SM) e um pouco abaixo na indústria de transformação (2,91 SM). Os menores

rendimentos médios residiam na agropecuária (1,82 SM), na construção civil e no comércio, ambos com

2,11 SM (Tabela 23).

Tabela 23 Rendimento médio (em salários mínimos) dos empregados formais no Rio Grande do Sul e no

Corede Alto da Serra do Botucaraí, por setores de atividade – 2010

Setores Rio Grande do Sul Corede

Extrativa mineral 2,80 2,08

Indústria de transformação 2,91 1,49

Servicos industriais de utilidade pública 5,41 4,33

Construção Civil 2,11 1,69

Comércio 2,11 1,77

Serviços 3,27 2,65

Administração Pública 4,79 2,32

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 1,82 1,55

Total 3,11 2,08

FONTE: RAIS/MTE.

3 O APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí

3.1 Aspectos históricos da formação do Arranjo Produtivo Local

O Arranjo Produtivo Local de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí caracteriza-

se por apresentar especialização em atividades de industrialização e comercialização de gemas. Os

principais produtos são gemas em estado bruto, com poucas etapas de processamento industrial, ou

lapidadas em diferentes tipos de artefatos. Essa informação sustenta-se em dados da RAIS para o ano

de 2010, que informam que 89,3% do total de empregados e 81,4% do total de estabelecimentos das

atividades das indústrias de extração e industrialização de pedras e gemas no Alto da Serra do Botucaraí

concentram-se na classe “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria”. Isto

mostra uma especialização das empresas do Corede Alto da Serra do Botucaraí nestas atividades, o que

também é apontado por Batisti e Tatsch (2012, p.518) ao analisar os seis aglomerados de pedras,

18

SM em dezembro 2010=RS 510,00.

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38

gemas e joias do Rio Grande do Sul. Este APL pode ser caracterizado, então, como um centro de

industrialização e comercialização.

Esta especialização decorre de três motivos principais: o primeiro é a formação geomorfológica

da região que determina a incidência de minérios; o segundo, de caráter histórico, está relacionado com

a chegada de imigrantes alemães ao Estado familiarizados com as técnicas de exploração e o trato de

jazidas minerais, ou seja, identifica-se o “acidente marshalliano”; o terceiro, que envolve os dois

primeiros, refere-se ao surgimento de economias externas marshallianas e de uma trajetória de evolução

tecnológica da atividade.

No que tange ao primeiro motivo - a formação geomorfológica da região – observa-se que as

empresas tendem a se especializar em produzir utilizando aqueles minérios que são encontrados com

maior frequência e quantidade nas jazidas locais. Isto se deve a questões de facilidade de acesso e

menores custos com a logística de aquisição, mas, sobretudo, pelo aprendizado das técnicas e a

formação de competências e capacitações, adquiridas ao longo do tempo, pela experiência no

processamento das gemas encontradas no Estado.

No Rio Grande do Sul, os tipos de gemas com maior ocorrência são a ágata e a ametista, bem

como, outras incidentes nos depósitos destes minerais. Sua maior incidência decorre do processo de

formação geomorfológica no Estado, marcado pelo processo de vulcanismo, a 130 milhões de anos

atrás, que deu origem ao Grupo Serra Geral na região sul do Brasil (JUCHEM et al., 2009, p.3). Nesta

formação geológica predominam geodos contendo ametista e ágata. Inclusive, o Rio Grande do Sul é

considerado o maior produtor mundial desses minerais com a extração de cerca de 400 toneladas por

mês, sendo que também são encontradas jazidas importantes nos estados do Paraná e Santa Catarina,

bem como no Uruguai e na Argentina (HARTMANN, 2010, p.30). Esse destaque do Rio Grande do Sul

relaciona-se ao volume e qualidade das gemas extraídas (JUCHEM et al., 2009, p.2). Observa-se ainda

a presença de outros minerais no Estado, com relevante valor econômico para as atividades de

extração, lapidação e joalheria, que estão associados aos depósitos de ametista e ágata, conforme será

mostrado a seguir. Entretanto, frisa-se que, em relação às etapas de beneficiamento e joalheria, a partir

da capacitação desenvolvida no processamento dos minérios presentes no Estado, também são

comprados outros tipos similares de fora. Isto ocorre como complementaridade à produção local,

possuindo as gemas algumas características distintas das gemas existentes no Rio Grande do Sul

(STORTI e MAZON, 2011, p.30). Ademais, pode ocorrer a importação do mesmo tipo de gemas, de

modo a satisfazer eventuais dificuldades de ofertantes gaúchos em suprir a demanda do segmento de

beneficiamento de pedras. Com isso, os minérios importados são trabalhados localmente, agregando

valor aos mesmos.

No que se refere à distribuição espacial das principais jazidas minerais do Rio Grande do Sul, a

ágata é o material de ocorrência mais comum, sendo encontrado em praticamente todos os depósitos de

geodos conhecidos. Destaca-se que a maior parte da produção é proveniente do Distrito Mineiro de

Salto do Jacuí, próximo à Soledade, (BARP, NEIS e FERREIRA, 2010, p.3) e do próprio Corede Alto da

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39

Serra do Botucaraí, registrando-se que grande parte das empresas de extração é informal (FOLLE et al.,

2010, p.83-86). Na jazida de Salto do Jacuí predomina a “ágata Umbu” de cor acinzentada, propícia ao

processo industrial de tingimento para agregar valor à gema. Também são encontradas ágatas

naturalmente coloridas nestas jazidas – nas cores preta (ônix), vermelha e laranja – que por essa

característica, possuem maior valor. Junto à ágata também são encontrados outros minérios e gemas,

com valor comercial, como: opala (branca, amarela, laranja avermelhado (opala de fogo), azul, azul

acinzentado, castanho, rosa e mais raramente preta) (JUCHEM et al., 2009, p.3). Já a exploração da

ametista ocorre principalmente no norte do Rio Grande do Sul, na região do município de Ametista do

Sul, também se observando ocorrência significativa na região de Quaraí. Junto aos depósitos de

ametista também são encontradas ágata, quartzo leitoso, calcita, quartzo rosa, gipsita, barita, jaspe e

vidro vulcânico (JUCHEM et al., 2009, p.3). A figura 2 apresenta a distribuição espacial dos depósitos

minerais referidos.

Figura 2

Mapa Gemológico da região sul do Brasil (PR, SC e RS), indicando as principais unidades geológicas e as áreas de ocorrência de

materiais de interesse gemológico

FONTE: JUCHEM et al. (2009, p. 2).

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40

O segundo motivo para a especialização é de caráter histórico, entendido por Marshall (1982,

p.232-233) como sendo um acidente inicial que explica o surgimento da atividade no território, que passa

então a evoluir. Trata-se da combinação entre a existência de jazidas minerais devido à formação

geomorfológica da região, juntamente com a chegada de colonos alemães ao Estado a partir de 1824.

Durante esse movimento imigratório inicial, em 1827 colonos alemães originários de Idar-Oberstein

descobrem as primeiras jazidas de ágata e ametista na região de Lajeado, Soledade e Espumoso19

.

O fato relevante associado aos colonos de Idar-Oberstein decorre desta região ser um tradicional

centro de extração, lapidação e tingimento de gemas, especializado no trabalho com ágata, sendo o

mais importante na Europa em tingimento e polimento (TESSMAN, 2009). Inclusive, os trabalhos em

ágata dessa região, atualmente pertencente à Alemanha, datam da primeira metade do século XVI. O

esgotamento das jazidas locais de gemas e a decadência das atividades relacionadas à extração e

beneficiamento na década de 1820, associado às condições gerais da economia na Europa,

impulsionaram o movimento migratório oriundo de Idar-Oberstein. Os primeiros colonos, ao chegarem ao

RS, além de descobrirem as jazidas gaúchas, também trouxeram técnicas de extração e beneficiamento

de minérios para a região de Lajeado, difundindo a tecnologia e contribuindo para a gênese desta

indústria no Rio Grande do Sul:

[...] as cidades de Lajeado e Estrela foram as precursoras na formação de fabriquetas individuais e, posteriormente, em empresas industriais de tamanho e expressão nacional. Esse fato se deve à própria localização geográfica e aos fluxos migratórios de alemães, que trouxeram consigo a arte de extração e beneficiamento de pedras. Até o início da década de 1970, Lajeado monopolizava toda a industrialização de pedras preciosas, mas, já no final desta década, pela proximidade com as regiões produtoras e, possivelmente, pela disponibilidade de mão de obra mais barata, houve o deslocamento das empresas industriais de processamento de Lajeado para Soledade (COSTENARO, 2005, p.37)

Especificamente em Soledade, o início das primeiras empresas industriais do setor data da

década de 1970, a partir da migração de empresas de Lajeado que foram atraídas para o município em

razão de vantagens de localização. De acordo com Costenaro (2005, p.37) destaca-se a maior

proximidade com as regiões produtoras e o menor custo com a mão de obra. Com a elevação da

demanda externa nos anos de 1980, houve um grande aumento na abertura de novas pequenas e

médias empresas (COSTENARO, 2005, p.40). A partir de então, a atividade de extração e

beneficiamento de pedras veio se desenvolvendo na região de Soledade no Alto da Serra do Botucaraí.

Mais recentemente, a partir deste desenvolvimento foram criadas instituições de apoio importantes às

atividades realizadas pelo APL. Dentre elas, destaca-se a criação do Sindipedras em 1989, a

transferência do setor de gemologia do Centro Tecnológico de Gemologia do SENAI/RS de Lajeado para

Soledade em 2002 e a inauguração do Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do

Sul (CTPGJRS), vinculado à Universidade de Passo Fundo (UPF), em 2006.

O terceiro motivo é o surgimento de economias externas marshallianas e a trajetória de

desenvolvimento tecnológico da atividade local de extração e beneficiamento de pedras e gemas, que

está relacionada às duas primeiras. A partir da existência de determinados minérios e do acidente

histórico marshalliano inicial– entendido como um evento fortuito que dá sua origem – as empresas e a

19

“Como a Alemanha Olha para a Imigração”. In: Jornal Zero Hora, edição de 18/07/2004, página 5.

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41

atividade econômica evoluíram com o tempo, formando uma trajetória de desenvolvimento tecnológico.

Esta gira em torno das especificidades inerentes aos processos de extração e beneficiamento – em

função do tipo de solo onde as jazidas estão localizadas, das características físico-químicas do minério

explorado e das atividades envolvidas nas etapas de lapidação e confecção de artefatos e joias. Trata-se

de um processo contínuo de aprendizado de novos conhecimentos para melhorar a atividade produtiva.

Com isso, empresas, trabalhadores, fornecedores, distribuidores e instituições locais de apoio vão

surgindo e desenvolvendo competências inerentes às atividades que são realizadas no local. Estas se

refletem no tipo de máquinas, ferramentas e demais equipamentos utilizados, bem como no conjunto de

habilidades adquirido pelos trabalhadores. Zysman coloca o argumento, do ponto de vista teórico, nos

seguintes termos:

[...] tecnologia, assim como processos de mercado, não é desmembrada. Elas se desenvolvem em comunidades; possuem raízes locais. O processo de aprendizado que conduz o seu desenvolvimento é moldado pela comunidade e pela sua estrutura institucional, consequentemente as trajetórias tecnológicas só podem ser definidas em relação a sociedades específicas (ZYSMAN, 1994, p.261, tradução nossa).

Portanto, a conjunção destes três elementos fornece uma explicação para a especialização local

nas atividades de lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria.

Especificamente ao caso do APL de Pedras, Gemas e Joias de Soledade, o domínio da curva de

aprendizado das tecnologias de processamento mineral ocorreu da seguinte maneira:

[...] gradativamente, o setor evoluiu da exploração, para a semi-elaboração de ametistas e citrinos (martelação); posteriormente, para a confecção de artefatos de ágatas; depois para a confecção de artefatos de outras gemas, com características similares à família do quartzo, para a produção de gemas lapidadas (em especial em cabochões), até chegar, ao final da cadeia produtiva, à confecção de joias com gemas produzidas na região (REMPEL, 2010, p.262-263).

Dessa forma, a ágata, a ametista e os demais minérios encontrados junto às suas jazidas são

aqueles de maior abundância no Estado, sendo os principais tipos de pedras e gemas que servem de

insumo à produção que é realizada no APL Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí. Assim

sendo, os principais produtos fabricados pelo APL a partir destes minerais são pedras brutas (no formato

de geodo, druza e cristais), pedras serradas, gemas lapidadas (em cabochão ou facetadas), artefatos de

pedra (esferas, estojos, porta-copos, porta-velas, porta-livros, pratos, cinzeiros, relógios, luminárias, etc.)

e joias (pingentes, colares, pulseiras, etc.) (BATISTI e TATSCH, 2012, p.524). Inclusive, Storti e Mazon

(2011, p.34) colocam que: “[...] Soledade, intitulada oficialmente como a Capital das Pedras Preciosas, é

um ponto de produção e industrialização, mas não de centralização de oferta de matéria-prima”.

Pela sua própria natureza, a exploração dessas atividades sempre esteve relacionada com a

degradação do meio ambiente. Nesse sentido, a descrição que segue de algumas etapas do processo

de produção da cadeia de gemas e joias do RS, embora sucinta e esquemática, é ilustrativa.

As pedras preciosas “em bruto” - adquiridas junto ao segmento de mineração -são beneficiadas

e lapidadas através de diferentes etapas de transformação industrial: seleção e aquisição; limpeza para

remoção de areia, argila e demais minerais sem valor comercial; classificação; martelação e corte;

limpeza de resíduos de óleo; tingimento; lixamento, polimento e fabricação de artefatos e de joias. No

final desse processo restam vários tipos de resíduos, cujos principais são: pó, cascalho e detergentes do

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processo de limpeza; “barro de pedra” (mistura de pó e óleo) associado à usinagem; efluente líquido

contendo detergentes e óleo da limpeza de ágatas serradas; efluente líquido contendo vários compostos

químicos associados aos processos de tingimento de ágatas, pois há especificidades para a obtenção de

cada cor; pó proveniente de lixamento; e pó de pedra, resíduos com parafina, cola, tinta e plástico dos

processos de acabamento e elaboração de artefatos e joias20

.

Mais adiante, ao longo do texto, se contemplam iniciativas da comunidade técnico-científica e da

esfera pública e privada que buscam enfrentar a questão ambiental.

3.2 Caracterização do APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do

Botucaraí

3.2.1 Produção e emprego

Primeiramente é preciso situar as atividades associadas ao APL de Pedras, Gemas e Joias no

contexto nacional, onde empregam, em 2010, 47.291 pessoas, o que representa 0,58% do total do

emprego formal na indústria no Brasil21

. A maior concentração de empregados com vínculos legais no

País encontra-se na fabricação de produtos de minerais não metálicos (26.060) e lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria (12.741) que juntas representam 82% do total de

empregados nessas atividades, observando-se 14,2% na fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes. O Rio Grande do Sul figura como o terceiro maior empregador do Brasil (9,9%), atrás de

São Paulo (48,3%) e de Minas Gerais (11,8%), seguem-se em quarto e quinto lugar o Rio de Janeiro

(8,1%) e o Paraná (4,5%), respectivamente. Juntos os cinco estados são responsáveis por 82,6% dos

postos de trabalho formal gerados nas atividades industriais relacionadas ao APL de Pedras, Gemas e

Joias no Brasil. Deve-se observar que, com exceção da classe de extração de gemas, em todas as

outras o estado de São Paulo lidera a geração de emprego, registrando-se que na lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria, o RS destaca-se no cenário brasileiro com 24% dos

postos, só abaixo de São Paulo com 46,9% (Tabela 24).

20

Cf. THOMÉ et. al., 2010; ROISENBERG e VILASBÔAS, 2010; CARISSIMI e SCHNEIDER, 2010; BRUM e SILVA, 2010. 21

Consideram-se como atividades contidas no APL as seguintes classes conforme a CNAE 2.0 (IBGE): Classe 08.93-2 – Extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas); Classe 23.99-1 – Fabricação de Produtos de Minerais não metálicos não especificados anteriormente; Classe 24.42-3 – Metalurgia dos Metais Preciosos; Classe 32.11-6 – Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria; Classe 32.12-4 – Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes.

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43

Tabela 24

Distribuição dos empregados formais no Brasil por estados segundo classes de atividades selecionadas da indústria geral – 2010

Estados

Extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas)

Fabricação de produtos de

minerais não-metálicos não especificados anteriormente

Metalurgia dos metais preciosos

Lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e

joalheria

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes

Total

Distribuição

por estados

(%)

São Paulo 10 12.659 792 5.982 3.397 22.840 48,3

Minas Gerais 510 2.903 10 1.318 820 5.561 11,8

Rio Grande do Sul 30 1.175 87 3.071 308 4.671 9,9

Rio de Janeiro 11 1.962 115 588 1.148 3.824 8,1

Paraná 2 1.414 4 643 44 2.107 4,5

Espirito Santo 70 1.554 0 30 16 1.670 3,5

Santa Catarina 0 940 2 63 145 1.150 2,4

Paraíba 13 965 5 2 0 985 2,1

Ceara 0 400 8 344 124 876 1,9

Demais Estados 7,6

Goiás 1 243 0 291 292 827 1,7

Pernambuco 3 676 0 60 45 784 1,7

Bahia 16 409 5 60 118 608 1,3

Sergipe 0 72 0 0 217 289 0,6

Amazonas 0 71 0 142 0 213 0,5

Distrito Federal 0 122 19 10 1 152 0,3

Alagoas 0 136 0 0 1 137 0,3

Para 2 66 1 44 12 125 0,3

Rondônia 0 100 1 19 0 120 0,3

Mato Grosso 25 61 7 1 0 94 0,2

Rio Grande do Norte 23 31 0 8 6 68 0,1

Mato Grosso do Sul 0 51 0 10 4 65 0,1

Piauí 0 28 0 26 3 57 0,1

Tocantins 0 7 0 26 0 33 0,1

Maranhão 17 15 0 0 0 32 0,1

Amapá 0 0 0 3 0 3 0,0

Acre 0 0 0 0 0 0 0,0

Roraima 0 0 0 0 0 0 0,0

Ignorado 0 0 0 0 0 0 0,0

Total 733 26.060 1.056 12.741 6.701 47.291 100,00

FONTE: RAIS/MTE.

No mesmo ano, encontram-se, no Brasil, 3.095 empresas formalizadas, sendo que a maior parte

delas localiza-se nos estados de São Paulo (38,9%), Minas Gerais (15,%) e Rio Grande do Sul (14,7%),

na sequência tem-se Rio de Janeiro (5,8%) e Paraná (4,9%). Verifica-se que 76,4% das empresas estão

envolvidas na fabricação de produtos de minerais não metálicos (1.229) e na lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria (1.136) e 19,1% na fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes.

Assim como o verificado para o emprego formal, São Paulo só não lidera o ranking de empresas

no segmento de extração de gemas em que Minas Gerais detêm 52% do total das empresas.

O Rio Grande do Sul, por sua vez, mantém o destaque já conferido no emprego, com 24,9% das

empresas na lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria, perdendo apenas

para São Paulo com 37,8% (Tabela 25).

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Tabela 25

Distribuição dos estabelecimentos formais na indústria geral no Brasil, por estados, segundo classes de atividades selecionadas –

2010

Estados

Extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas)

Fabricação de produtos de

minerais não-metálicos não especificados anteriormente

Metalurgia dos metais preciosos

Lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e

joalheria

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes

Total Participação

(%)

São Paulo 4 436 31 430 302 1.203 38,9 Minas Gerais 37 163 3 184 76 463 15,0 Rio Grande do Sul 2 112 13 283 44 454 14,7 Rio de Janeiro 3 69 8 54 46 180 5,8 Paraná 1 87 2 47 16 153 4,9 Santa Catarina 0 74 1 16 29 120 3,9 Espírito Santo 5 71 0 7 2 85 2,7 Goiás 1 27 0 33 19 80 2,6 Bahia 5 41 1 12 14 73 2,4 Ceara 0 25 2 17 12 56 1,8 Pernambuco 1 28 0 8 11 48 1,6 Paraíba 4 33 1 1 0 39 1,3 Para 2 6 1 12 3 24 0,8 Sergipe 0 7 0 0 8 15 0,5 Amazonas 0 5 0 7 1 13 0,4 Piauí 1 5 0 4 3 13 0,4 Mato Grosso 3 7 1 2 0 13 0,4 Rondônia 0 3 1 7 0 11 0,4 Rio Grande do Norte 1 6 0 2 2 11 0,4 Mato Grosso do Sul 0 8 0 2 1 11 0,4 Distrito Federal 0 3 1 4 2 10 0,3 Alagoas 0 6 0 0 1 7 0,2 Tocantins 0 4 0 1 0 5 0,2 Maranhão 1 3 0 0 1 5 0,2 Amapá 0 0 0 3 0 3 0,1 Acre 0 0 0 0 0 0 0,0 Roraima 0 0 0 0 0 0 0,0 Ignorado 0 0 0 0 0 0 0,0 Total 71 1.229 66 1.136 593 3.095 100,0

FONTE: RAIS/MTE.

As atividades relacionadas com a extração e processamento de gemas e joias representam

0,65% do total do emprego industrial no Rio Grande do Sul em 2010 e distribuem-se nos Coredes Médio

Alto Uruguai, Alto Jacuí, Fronteira Oeste, Alto da Serra do Botucaraí, Vale do Taquari e Serra, sendo que

nos três primeiros concentra-se a maior parte das áreas de extração de pedras preciosas no Estado

(ametista e ágata) enquanto no Vale do Taquari, concentram-se as atividades de beneficiamento

mineral, lapidação de gemas e a produção de artefatos de pedras. No Corede Serra, sobressai-se o

município de Guaporé pela produção de joias em prata e ouro, joias folheadas e bijuterias (Batisti, 2009).

No Alto da Serra do Botucaraí, encontra-se o principal centro de comercialização de pedras do Estado,

mais especificamente no município de Soledade, que se destaca também pela organização da maior

feira de pedras da América Latina, a Exposição Feira de Soledade (Exposol)22

.

A importância do APL do Alto da Serra do Botucaraí, particularmente em beneficiamento de

gemas, se evidencia pela magnitude dos quocientes locacionais (QL) de estabelecimentos (22,84) e de

empregos (35,20)23

. No caso de Soledade os quocientes locacionais demonstram que o grau de

concentração é bastante expressivo já que um quociente locacional igual ou maior que um indica a

22

A Exposol é realizada no mês de maio de cada ano e atrai compradores e interessados de diversos países. Conta com o apoio da ApexBrasil, da IBGM, da Aprosol (Associação pró-desenvolvimento do município de Soledade) e do Sindipedras (Sindicato das Indústrias de Pedras).

23 Conforme cálculo realizado no Relatório 1 da pesquisa “Estudo de Aglomerações Industriais e Agroindustriais no Rio Grande do Sul”, que considerou na sua elaboração a concentração por classe de atividade em cada região Corede do Estado.

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45

existência de uma aglomeração em torno da atividade considerada. A interpretação do quociente

locacional é a de que o número de empregos e os de estabelecimentos da classe de ‘Lapidação de

gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria’ no Alto da Serra do Botucaraí são bastante

representativos:

para as atividades da indústria do Corede;

para a mesma atividade no Estado;

No que concerne à relevância do APL para o Alto da Serra do Botucaraí, os dados da tabela 26

indicam que suas atividades responderam em 2010 por 32,7% do valor das saídas e por 17% do

emprego das indústrias de extração e transformação do Corede. Quando comparadas as atividades

realizadas pelo APL com o restante do Estado, os dados de 2010 apontam que seus diferentes

segmentos respondem juntos por 36,7% do valor das saídas e por 14,2% do emprego destas atividades

no Rio Grande do Sul. Portanto, é lícito qualificar o APL Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do

Botucaraí como sendo um dos eixos dinâmicos do Corede, e como principal polo de lapidação de gemas

do Rio Grande do Sul.

Tabela 26 Dados Selecionados das Atividades do APL Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí–2010

Classe de Atividade CNAE 2.0

Lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e

joalheria

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes

Fabricação de produtos de

minerais não-metálicos não especificados anteriormente

Extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas)

(1)

Total

Intensidade Tecnológica Baixa Baixa Média-Baixa Baixa -

Participação % no valor das saídas da indústria do Corede 31,7 0,4 0,7 - 32,7

Participação % no valor das saídas da atividade no Estado 32,9 2,8 1,0 - 36,7

Número de Estabelecimentos 48 1 9 1 59

Número de Empregos 251 1 28 1 281

Participação (%) no emprego da indústria do Corede 15,2 0,1 1,7 0,1 17,0

Participação (%) no emprego da classe de atividade do RS 8,2 0,3 2,4 3,3 14,2

QL Empregos 35,20 1,40 10,26 14,36 -

QL Estabelecimentos 22,84 3,06 10,82 67,32 -

FONTE: SEFAZ/RS e RAIS/MTE. Elaboração FEE/NAS (1) Como se trata de uma única empresa na classe de atividade na região, os dados de valor das saídas não são informados por uma questão de sigilo de informações fiscais.

As atividades vinculadas ao APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí

contam com 281 empregados formais, o que significa 6,0% do total do emprego nessas atividades no

Estado, observando-se que, praticamente, todos os postos de trabalho do referido Corede nessas

atividades (97,5%) estão localizados no município de Soledade. A atividade predominante é a de

lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria com 251 empregados com

registro em carteira, assinalando-se a presença de sete deles fora de Soledade, no município de

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46

Espumoso. O restante dos empregados encontra-se na fabricação de produtos de minerais não

metálicos (28) e na extração de gemas (um empregado) (Tabela 27).

FONTE: RAIS/MTE.

Registra-se a existência de 59 estabelecimentos industriais formalizados atuando nessas

atividades no Alto da Serra do Botucaraí – de um total de 273 estabelecimentos em todo o Corede -

sendo 58 localizados em Soledade e um em Espumoso, desses 55 são micro e quatro são de pequeno

porte24

(Tabelas 28 e 29). Cabe comentar que, contrariando o que acusa a RAIS que se restringe ao

mercado de trabalho formal, a estimativa corrente é a de que exista mais de 180 empresas de micro e

pequeno portes instaladas no município de Soledade, o que bem pode dar uma ideia da dimensão da

informalidade no APL de Pedras, Gemas e Joias.

24

Para a classificação do porte das empresas utiliza-se o critério por número de empregados conforme o SEBRAE: Indústria – Micro (até 19 empregados); Pequena (de 20 a 99 empregados); Média (100 a 499 empregados); Grande (mais de 500 empregados).

Tabela 27 Distribuição dos empregados formais no Corede Alto da Serra do Botucaraí por municípios segundo classes de atividades

selecionadas da indústria geral - 2010

Municípios do Corede Alto do Botucaraí

Extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas)

Fabricação de produtos de

minerais não-metálicos não especificados anteriormente

Metalurgia dos metais

preciosos

Lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de ourivesaria e

joalheria

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes

Total

Soledade 1 28 0 244 1 274 Espumoso 0 0 0 7 0 7 Alto Alegre 0 0 0 0 0 0 Barros Cassal 0 0 0 0 0 0 Campos Borges 0 0 0 0 0 0 Fontoura Xavier 0 0 0 0 0 0 Gramado Xavier 0 0 0 0 0 0 Ibirapuitã 0 0 0 0 0 0 Itapuca 0 0 0 0 0 0 Jacuizinho 0 0 0 0 0 0 Lagoão 0 0 0 0 0 0 Mormaço 0 0 0 0 0 0 Nicolau Vergueiro 0 0 0 0 0 0 São Jose do Herval 0 0 0 0 0 0 Tio Hugo 0 0 0 0 0 0 Victor Graeff 0 0 0 0 0 0 Total 1 28 0 251 1 281 Total RS 30 1.175 87 3.071 308 4.671

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Tabela 28 Número de Empresas Formais nas Classes de Atividades Selecionadas da Indústria Geral no Corede Alto da Serra do Botucaraí

por Municípios - 2010

Municípios do Corede

Extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas)

Fabricação de produtos de minerais não-

metálicos não especificados anteriormente

Metalurgia dos metais preciosos

Lapidação de gemas e fabricação

de artefatos de ourivesaria e

joalheria

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes

Total

Soledade 1 9 0 47 1 58

Espumoso 0 0 0 1 0 1

Alto Alegre 0 0 0 0 0 0

Barros Cassal 0 0 0 0 0 0

Campos Borges 0 0 0 0 0 0

Fontoura Xavier 0 0 0 0 0 0

Gramado Xavier 0 0 0 0 0 0

Ibirapuita 0 0 0 0 0 0

Itapuca 0 0 0 0 0 0

Jacuizinho 0 0 0 0 0 0

Lagoao 0 0 0 0 0 0

Mormaco 0 0 0 0 0 0

Nicolau Vergueiro 0 0 0 0 0 0

Sao Jose do Herval 0 0 0 0 0 0

Tio Hugo 0 0 0 0 0 0

Victor Graeff 0 0 0 0 0 0

Total 1 9 0 48 1 59

Total RS 2 112 13 283 44 454

FONTE: RAIS/MTE.

Tabela 29 Número de empresas formais por porte nas classes de atividades selecionadas da indústria geral no Corede Alto da Serra do

Botucaraí, por municípios – 2010

Municípios do Corede Alto do Botucaraí Micro Pequena Média Grande Total

Alto Alegre 0 0 0 0 0 Barros Cassal 0 0 0 0 0 Campos Borges 0 0 0 0 0 Espumoso 1 0 0 0 1 Fontoura Xavier 0 0 0 0 0 Gramado Xavier 0 0 0 0 0 Ibirapuitã 0 0 0 0 0 Itapuca 0 0 0 0 0 Jacuizinho 0 0 0 0 0 Lagoão 0 0 0 0 0 Mormaço 0 0 0 0 0 Nicolau Vergueiro 0 0 0 0 0 São Jose do Herval 0 0 0 0 0 Soledade 54 4 0 0 58 Tio Hugo 0 0 0 0 0 Victor Graeff 0 0 0 0 0

Total 55 4 0 0 59

Total RS 389 61 4 0 454

FONTE: RAIS/MTE.

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3.2.2 Comércio internacional

O Rio Grande do Sul aparece na sexta posição no ranking de exportações brasileiras do capítulo

71 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) de mercadorias em 2010. Nesse ano, o Rio Grande do

Sul contribuiu com US$ 70,8 milhões FOB, que corresponde a 3,1% do total exportado pelo Brasil.

Tabela 30 Exportações do Capítulo 71 da NCM por Estado – 2010 (Valores em US$ Milhões FOB)

Estado Valor Part. (%) Ranking

Minas Gerais 1.245,4 54,87 1

Bahia 304,4 13,41 2

São Paulo 204,2 9,00 3

Goiás 193,4 8,52 4

Mato Grosso 132,4 5,83 5

Rio Grande do Sul 70,8 3,12 6

Outros 119,2 5,25 -

Total 2.269,9 100,00 -

FONTE: MDIC/Aliceweb2. Nota: O capítulo 71 da NCM compreende: Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos, e suas obras; Bijuterias; Moedas.

No entanto, o Estado se destaca, inclusive mundialmente, como grande produtor de ágata e

ametista, conforme mencionado anteriormente. Esses minérios, juntamente com a maior parte das

demais gemas encontradas em suas jazidas, são classificados como pedras semipreciosas. OAPL de

Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí se especializa no processamento industrial e

vendas destes tipos de minérios, de modo que a análise de comércio internacional estará centrada em

torno das rubricas da NCM que contemplem seus produtos. Nesse caso, as gemas em bruto e suas

obras distribuem-se em três rubricas da NCM: ‘71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou

desbastadas’, ‘71039900 - Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo’ e ‘Outras obras de

pedras preciosas/semi, sintéticas/reconstituídas’. Juntas as três respondem por 79,4% da pauta de

exportações gaúchas do capítulo 71 da NCM. Quando se comparam os estados do Brasil para essas

rubricas, se observa que o Rio Grande do Sul com 50,5% e Minas Gerais com 40,3% do valor total são

os principais exportadores destes itens.

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Tabela 31 Valor das Exportações de Itens Selecionados de Gemas por Estados Brasileiros em 2010 (Valores em US$ Milhões FOB)

Estado

71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou

desbastadas

71039900 - Outras pedras

preciosas/semi, trabalhadas de

outro modo

71162090 - Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.

Total Part. no total (%)

Ranking

Rio Grande do Sul 13,4 34,2 8,6 56,2 50,5 1

Minas Gerais 13,8 30,2 0,9 44,9 40,3 2

São Paulo 1,1 1,1 1,2 3,4 3,0 3

Rio de Janeiro 1,0 0,2 1,7 2,8 2,5 4

Bahia 1,9 0,0 0,0 1,9 1,7 5

Goiás 1,5 0,0 0,0 1,5 1,3 6

Outros 0,4 0,1 0,2 0,7 0,6 -

Total 33,1 65,7 12,6 111,4 100,0 -

FONTE: MDIC/Aliceweb2.

No Rio Grande do Sul, Soledade domina as exportações de gemas e seus artigos, com a maior

participação relativa. O APL Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí é o maior polo gaúcho

de exportação destes materiais. A tabela 32mostra que os produtos provenientes de Soledade –‘Outras

pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo’ (85,2%), ‘Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas

ou desbastadas’ (58,5%) e ‘Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.’ (78,2%) –

representam a maior parte do valor das exportações destes itens no Estado. Individualmente, o item

‘Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo’ foi o principal produto exportado por

Soledade, respondendo por 67,0% do valor das exportações de gemas. Este também é o produto de

maior participação na pauta de exportações gaúchas de gemas, respondendo por 60,9% do total. Se

agregadas as três rubricas da NCM consideradas, o valor exportado por Soledade em 2010 atinge US$

43.561.510,00 FOB contra US$ 56.231.088,00 FOB para o Estado. Ou seja, o município contribui com

77,5% do total do valor exportado destes itens pelo Rio Grande do Sul, o que destaca sua importância

como polo de exportação de gemas. Ainda mais, os US$ 43,6 milhões FOB de produtos baseados em

gemas exportados por Soledade ficaram pouco abaixo dos US$ 44,9 milhões FOB vendidos ao exterior

por Minas Gerais em 2010. Isso indica que, possivelmente, o APL de Soledade seja o maior município

exportador brasileiro de gemas semipreciosas.

Tabela 32 Principais Produtos de Gemas Exportados por Soledade e Rio Grande do Sul em 2010 (Valores em US$ Milhões FOB)

Código NCM - Descrição do Produto Soledade Rio Grande do Sul Soledade/RS

Valor Part. (%) Valor Part. (%) %

71039900 - Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo 29,2 67,0 34,2 60,9 85,2

71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas 7,8 18,0 13,4 23,8 58,5

71162090 - Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst. 6,6 15,1 8,6 15,3 76,2

Total 43,6 100,0 56,2 100,0 77,5

FONTE: MDIC/Aliceweb2.

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50

O exame da evolução das exportações de gemas do APL nos últimos anos mostra os efeitos da

crise financeira internacional sobre o seu desempenho, observáveis em 2007 e em 2008, quando houve

recuo no montante exportado. Em 2009 verifica-se uma retomada do crescimento e em 2010 a

recuperação do patamar anterior à crise (gráfico13). Movimento similar registra-se para os três produtos

da pauta de produtos de gemas do APL, notadamente para ‘Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas

de outro modo’ que alcançou, em 2010, um expressivo e inédito crescimento para o período (tabela 33).

Tabela 33 Evolução das Exportações de Produtos de Gemas de Soledade (Valores reais em US$ Milhões FOB a preços de

2010)

Ano

Outras pedras preciosas/semi,

trabalhadas de outro modo

Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou

desbastadas

Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.

Total

2005 21,5 8,9 9,7 40,0

2006 23,9 9,3 9,1 42,3

2007 23,4 7,3 7,3 38,0

2008 21,3 7,5 6,5 35,3

2009 23,8 6,8 6,5 37,0

2010 29,2 7,8 6,6 43,6

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

Em termos de destino das exportações de produtos de gemas do APL, todos os itens se

direcionaram, praticamente, aos mesmos países no período 2005-2010: China, Estados Unidos,

Alemanha e Taiwan, conforme pode ser visualizado na tabela 34. Digno de nota é o crescente ganho de

participação da China ao longo do período analisado, intensificado nos dois últimos anos, o que não

pode ser atribuído exclusivamente à crise financeira internacional que abalou o poder de compra de

outros países, como os Estado Unidos e a Alemanha. Claro está que a economia chinesa recuperou

42,3

38,0 35,3

37,0

43,6

0

10

20

30

40

50

2006 2007 2008 2009 2010

FONTE:MDIC/Aliceweb2. NOTA:Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

Gráfico 13 - Evolução do Valor das Exportações de Gemas de Soledade (US$ milhões FOB)

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51

mais rapidamente sua trajetória de crescimento e, portanto, sua demanda por importações. Deve-se

esperar que a participação da China, já bastante destacada, venha a aumentar ainda mais no curto

prazo, impulsionada pela forte capacidade de compra dos chineses.

Tabela 34 Principais Destinos das Exportações de Produtos de Gemas de Soledade

(Valores Reais em US$ Milhões FOB a preços de 2010)

Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo

País 2005 2006 2007 2008 2009 2010

China 2,0 2,7 3,1 3,6 8,0 12,0

Estados Unidos 4,7 6,0 5,6 6,3 4,0 4,9

Alemanha 3,0 2,9 3,0 3,0 2,3 3,0

Taiwan (Formosa) 4,3 5,3 4,2 2,0 1,6 2,8

Hong Kong 2,7 1,7 2,0 0,8 2,2 0,7

Outros 7,3 7,2 6,8 5,8 5,9 5,8

Total 24 25,9 24,6 21,6 24,1 29,2

Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas

País 2005 2006 2007 2008 2009 2010

China 1,9 1,5 2,0 2,6 3,5 4,2

Estados Unidos 1,3 1,2 1,4 1,2 0,8 0,8

Alemanha 0,6 0,6 0,7 0,8 0,5 0,6

Hong Kong 1,8 3,9 1,2 0,9 0,4 0,2

Taiwan (Formosa) 0,8 0,3 0,1 0,5 0,2 0,1

Outros 3,5 2,5 2,2 1,6 1,4 1,8

Total 9,9 10,1 7,7 7,6 6,9 7,8

Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.

País 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Estados Unidos 3,0 3,7 2,6 2,7 2,6 2,9

China 0,2 0,4 0,4 0,4 0,6 1,1

Alemanha 2,5 1,9 1,4 1,0 0,9 0,6

Taiwan (Formosa) 1,1 0,7 0,3 0,2 0,4 0,3

Reino Unido 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2

Outros 3,5 2,7 2,7 1,9 1,9 1,5

Total 10,8 9,9 7,7 6,5 6,6 6,6

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

A pauta de produtos importados por Soledade em 2010 é bem menos expressiva (em torno de

US$ 1,1 milhão FOB) do que a de exportações (US$ 43,6 milhões FOB). No entanto, sua composição é

interessante. Os principais produtos importados estão contabilizados nas mesmas rubricas da NCM

daqueles que são exportados. Notadamente, as compras de pedras em bruto somaram US$ 873.046,00

em 2010, respondendo por 82,4% do total de importações de Soledade. Mais ainda, os três principais

produtos de gemas que são exportados pelo APL são também os que são mais importados. De fato, os

três itens correspondem juntos a 94,8% de participação no valor importado (Tabela 35).

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Tabela 35 Principais Produtos Importados por Soledade em 2010

Código NCM - Descrição do Produto US$ FOB Part. (%)

71031000 - Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas 873.046 82,4

71162090 - Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst. 71.399 6,7

71039900 - Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo 60.383 5,7

65059090 - Outros artefs de malha/confeccionados com rendas, etc 10.326 1,0

71012200 - Pérolas cultivadas, trabalhadas, n/montadas, n/engastadas 7.043 0,7

Outros 37.959 3,6

Total 1.060.156 100,0

FONTE: MDIC/Aliceweb2.

Esse comportamento das importações é justificável. De um lado, as aquisições são destinadas à

complementar a oferta local de gemas. De outro, porque não é exatamente o mesmo tipo de gemas que

estão sendo compradas do exterior. Trata-se de outras gemas que são similares em termos de

características físico-químicas e que não são encontradas no Estado. Ou seja, as empresas do APL, a

partir de suas capacitações (tecnológica, produtiva, qualificação dos trabalhadores e outras) adquiridas

pela experiência acumulada no processamento das gemas encontradas no Rio Grande do Sul,

conseguem ter habilidade suficiente para fabricar artefatos de gemas complementares, com

competitividade, a partir destes produtos importados. Cabe observar que as compras de gemas em bruto

tem sido um traço marcante da pauta de importações de Soledade.

Quanto às principais origens das ‘Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas’, o

Uruguai destaca-se como fornecedor do APL. Em segundo lugar, com expressão significativamente

menor, figura a Bolívia. Inclusive, estas colocações não se alteram durante o período analisado. De

modo geral, nota-se que as principais origens dos produtos de gemas adquiridos por Soledade estão na

América do Sul.

94,8% 93,7%

82,4% 82,7%

88,5%

82,4%

76%

80%

84%

88%

92%

96%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços de 2010 pelo IPC dos EUA (FMI).

Gráfico 14 - Participação de Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas no Total de Importações de Soledade

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Tabela 36 Importações de Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas ou desbastadas de Soledade (Valores reais em US$ FOB

a preços de 2010)

País 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Argentina 34.352 35.046 65.624 17.987 - -

Bolívia 169.211 66.268 105.386 186.877 138.044 62.012

México 29.572 11.357 25.450 18.660 15.008 25.460

Uruguai 771.904 413.217 421.415 756.035 756.374 747.074

Outros 30.142 23.951 29.228 47.934 10.984 38.500

Total 1.035.181 549.840 647.102 1.027.494 920.410 873.046

FONTE: MDIC/Aliceweb2. NOTA: Valores deflacionados para preços constantes de 2010 pelo IPC dos Estados Unidos (FMI).

4 Instituições participantes da governança do APL Pedras, Gemas e

Joias – RS

As possibilidades de desenvolvimento do sistema local dependem, em grande parte, das formas

de governança local, pública ou privada. Segundo Nota Técnica da Agência Gaúcha de Desenvolvimento

e Promoção do Investimento (AGDI), responsável pelo Programa de APLs, a Governança é entendida

como:

[...] a articulação e coordenação dos atores do Arranjo Produtivo Local, assumido pelo conjunto de instituições e constituindo uma base institucional de atuação integrada. Cooperação, inovação tecnológica, produtiva e organizacional, aproximação com instituições de P&D, educação, setor produtivo e governos, além do estímulo à geração, disseminação e uso do conhecimento, são ações que dão sentido à governança (AGDI, outubro/2012).

No mesmo sentido, Suzigan, Garcia e Furtado sublinham que:

A extração de outros benefícios, além das economias externas de aglomeração, depende da existência de formas de governança do sistema produtivo local que estimulem a manutenção de relações cooperativas entre os agentes, levando ao estabelecimento de ações conjuntas entre eles e ao incremento da competitividade do conjunto dos produtores (SUZIGAN, GARCIA e FURTADO, 2007, p.430).

A Governança do APL de Pedras, Gemas e Joias tem por objetivo a construção de um Plano de

Desenvolvimento e uma Agenda de Ações coletivas25

. As entidades que compõem a governança do APL

são:

- Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul (CTPGJRS)– Campus

Soledade da Universidade de Passo Fundo (UPF);

- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);

- Sindicato das Indústrias de Joalheria, Mineração, Lapidação, Beneficiamento e Transformação

de Pedras Preciosas do Rio Grande do Sul (SINDIPEDRAS-RS)26

;

25

Ver: http://www.portalgemas.com.br

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54

- Associação dos Pequenos Pedristas de Soledade (APPESOL)27

;

- Prefeitura Municipal de Soledade;

- Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (SEMICT);

- Associação Comercial, Industrial e Serviços de Soledade (ACIS);

- Associação pró-desenvolvimento do município de Soledade (APROSOL);

- Câmara dos Dirigentes Lojistas de Soledade (CDL);

- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – RS (AEP – SENAI de Soledade)28

;

- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) – Execução Regional do

Vale do Taquari -;

- Corede Alto da Serra do Botucaraí.

Vale registrar o comentário do presidente do Corede Alto da Serra do Botucaraí e Diretor do

Campus de Soledade da Universidade de Passo Fundo, prof. Idioney Oliveira Vieira, representante do

APL de Pedras, Gemas e Joias na I Conferência Estadual de Arranjos Produtivos Locais do Rio Grande

do Sul, de que a base do APL está centrada em duas associações: SINDIPEDRAS e APPESOL.

A coordenação da Governança é exercida pela UPF – Campus Soledade, com o apoio do

CTPGJRS. O Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul foi concebido em

2005, com a assinatura de um convênio entre a União (Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT), o

município de Soledade e a Universidade de Passo Fundo, passando a funcionar a partir de 2006, com a

inauguração da sua sede administrativa na cidade de Soledade. O CTPGRS é coordenado e mantido

pela UPF, Prefeitura Municipal de Soledade e SINDIPEDRAS. O Centro possui também um protocolo de

cooperação com a UFRGS, firmado em 2010, que prevê ações acadêmicas conjuntas em ensino,

pesquisa e extensão. Com investimento de 1,5 milhão o CTPGRS já capacitou mais de 500 profissionais

em lapidação, design, usinagem e fundição.

Quando a Agência de Desenvolvimento do Botucaraí (AGDB) estiver devidamente formalizada –

estima-se ao longo de 2013 – ela será a entidade gestora do APL Pedras, Gemas e Joias. A proposta de

criação da AGDB é de 2012 com o objetivo de “articular o desenvolvimento sustentável da região do Alto

da Serra do Botucaraí, colaborando e coordenando a elaboração de planos, programas, projetos e

26

O SINDIPEDRAS-RS, criado em 1989 e com sede no município de Soledade, conta com 58 empresas associadas, localizadas em Ametista do Sul, Arroio do Meio, Cristal do Sul, FredericoWestphalen, Lajeado, Erechim, Nonoai, Porto Alegre, Soledade e Teutônia. Dessas, 70% estão localizadas em Soledade.

27 A Appesol foi criada em 2010, no bojo de um processo de recuperação da atividade após um período de crise em função da queda das exportações.

28 A unidade responsável pelas Agências de Educação Profissional (AEP) do SENAI, nos municípios de Soledade e Guaporé, é o Centro de Educação Profissional (CEP) SENAI de Lajeado.

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pesquisas para viabilizar o desenvolvimento municipal e regional”29

. Notícias veiculadas no final de 2012

informavam que um novo plano de trabalho para o Convênio Governança 2013, que será desenvolvido

pela nova entidade gestora, estava em construção. Basicamente é composto por três metas: 1-

Consolidação da Governança; 2 – Cursos de Capacitação e 3 – Fortalecimento da Governança30

. Esse

convênio, no momento oportuno, será devidamente firmado com a AGDI.

5 Instituições de ensino presentes no APL: formação e capacitação

profissional

O estudo de Batisti e Tatsch (2012) elenca um conjunto de organizações atuando no Arranjo o

que denota a existência de estruturas institucional e educacional consideráveis no ambiente, “que atuam

com vistas a promover a interação e a articulação entre os agentes que fazem parte tanto da estrutura

produtiva quanto institucional e educacional.” No que tange à estrutura educacional e de pesquisa

destaca-se: o SENAI com a sua Agência de Educação Profissional (AEP/ Soledade), que realiza

atividades para desenvolver a indústria de pedras preciosas e de joalheria; a Universidade Federal do

Rio Grande do Sul; a Universidade de Passo Fundo e o Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias

do Rio Grande do Sul que, nos núcleos de Lajeado e Soledade, vêm executando projetos de pesquisa e

de desenvolvimento tecnológico. O CTPGJRS está consolidado como um centro de tecnologia aplicada,

de desenvolvimento de pesquisa científica e de capacitação de mão de obra.

Registra-se a existência de uma oferta de laboratórios de gemologia e análise de metais

preciosos bem como de centros tecnológicos, muitos vinculados a universidades, que oferecem ensaios

e procedimentos atualizados e equipamentos modernos, que devem aumentar a competitividade de toda

a cadeia produtiva de gemas e joias do Estado. Identifica-se uma quantidade expressiva de cursos de

formação e qualificação nas áreas de gemologia, lapidação, joalheria, design de joias, entre outros, que

buscam o aprimoramento de práticas existentes e a divulgação/difusão de novos processos e

tecnologias. Assim, as principais linhas de atuação das instituições de pesquisa e educação se

encontram relacionadas à:

- Desenvolvimento de produtos;

- Desenvolvimento de processos produtivos;

- Transferência de tecnologia para a cadeia produtiva do APL;

- Capacitação de empresas e trabalhadores;

29

A primeira diretoria da AGDB já está formada, tendo como presidente Renato Teichmann, vice-presidente Paulo Primmaz, diretor financeiro Paulo Borges e secretário Carlos A. Rocha. www.clicsoledade.com.br

30 Conforme notícia de 13.11.2012 no site www.clicsoledade.com.br.

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- Sustentabilidade ambiental

A problemática ambiental é especialmente delicada para todo e qualquer APL de base mineral

dado à natureza das suas atividades. A extração e o beneficiamento de minerais são práticas que

precisam ser especialmente controladas e reguladas pela sociedade, devido ao seu alto potencial de

comprometimento do meio ambiente. No sentido de reduzir os impactos ambientais encontram-se, na

região do APL de Soledade, iniciativas conjuntas entre o poder público e a comunidade técnico-científica

que buscam promover a sustentabilidade ambiental. Um dos exemplos é o grupo de pesquisa

“Tecnologias para Gemas, Joias e Mineração” que tem sua base no Centro Tecnológico de Pedras,

Gemas e Joias do RS, em Soledade, sob a coordenação da Universidade de Passo Fundo. Desde 2007,

as atividades do grupo tem se desenvolvido em parceria coma Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, a partir do Instituto de Geociências. As linhas de pesquisa em desenvolvimento nesse grupo, em

2012, eram: Computação aplicada a gemas, joias e mineração; Design e processos para gemas e joias;

Geologia e gemologia de gemas e joias; Tecnologia ambiental nos processos de extração e

beneficiamento de gemas e joias31

.

Outro exemplo é o convênio firmado entre o APL e a Universidade de Passo Fundo - atual

gestora do Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul. Dentre as ações

realizadas, pode-se mencionar o encaminhamento de soluções para licenças ambientais junto à

Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a adoção de medidas para resolver os problemas

do APL relacionados à destinação dos resíduos sólidos gerados nos processos de fabricação das

empresas, por meio do Projeto Simbiose, previsto para começar em setembro de 201332

.

A UPF é também a instituição gestora do Polo Tecnológico do Alto da Serra do Botucaraí,

oficializado pelo Governo do Estado em 2012 dentro do Programa de Apoio aos Polos Tecnológicos.

Ligados aos Coredes, que definem as demandas regionais para o desenvolvimento na área da ciência,

inovação e desenvolvimento tecnológico, os polos têm como objetivo promover o desenvolvimento

sustentável de uma região, estimulando a integração entre Universidades e centros de pesquisa com o

setor produtivo. Particularmente, a interação universidade-empresa é entendida como uma fonte

relevante de geração de conhecimentos e de desenvolvimento de novas tecnologias, sendo uma

dimensão importante do sistema local de inovações. Em especial, tais relações permitem desenvolver

soluções tecnológicas que atendam às especificidades da atividade produtiva local, possuindo o

potencial para gerar incrementos significativos na competitividade das empresas da região. Na área de

atuação da Universidade de Passo Fundo funcionam quatro Polos de Inovação Tecnológica, dentre

esses o do Alto da Serra do Botucaraí cuja área de atuação é Pedras, Gemas e Joias, Alimentos e

Turismo33

. A expectativa, que se deverá comprovar na pesquisa de campo junto aos agentes regionais, é

31

Líder do Grupo: Juliano Tonezer da Silva. Ver Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil in: http://www.cnpq.br/. 32

Ver redeapl.ibict.br. (http://redeapl.ibict.br/forums/html/topic?id=0e5caaf3-748d-419d-a82e-e89ee25b1897&ps=25). 33

Ver http://www.upf.br e Secretaria de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico – Programa de Apoio aos Polos Tecnológicos (www.sct.rs.gov.br).

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a de que iniciativas dessa natureza representem um salto qualitativo para a economia e a sociedade

locais.

A seguir, encontra-se um inventário sintético dos cursos e atividades desenvolvidas por algumas

das instituições de ensino e pesquisa que interagem no APL mais recentemente.

- Universidade de Passo Fundo (UPF): nove projetos de pesquisa sobre gemas e joias no âmbito

das seguintes linhas de pesquisa - Trabalho e educação; Tecnologia aplicada à infraestrutura e meio

ambiente; Manejo do solo e da água, Mineralogia de solos agrícolas e sedimentos: caracterização e

propriedades; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Computação aplicada a gemas, joias e mineração;

Design e processos para gemas e joias; Educação Ambiental; Poluição de solos e resíduos sólidos.

- UNIVATES: dois projetos de pesquisa sobre gemas e joias que integram o projeto GEMAS –

RS, de âmbito estadual, envolvendo o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), UNIVATES, o

Ministério de Minas e Energia (MME) e a UFRGS. Este projeto pretende atuar em todas as etapas da

cadeia produtiva de gemas e joias no RS, atuando desde a prospecção de novas jazidas até o processo

de exportação.

- UPF/CTPGJRS – 12 projetos de pesquisa

- Instituto de Geociências da UFRGS – nove projetos de pesquisa sobre gemas e mineração e

mineralogia

- UPF/CTPGJRS – 12 cursos: Análise de Identificação de Gemas; Lapidação de gemas

Processo Mecanizado; Design de Joias; Joalheria Contemporânea; Fundição por Cera Perdida;

Capacitação para Comercialização Turística; Montagem de Joias; Modelagem 3D de Joias; Lapidação

de Ágata e Cabochões; Joalheria Básica; Prototipagem Rápida; Desenvolvimento Virtual de Artefatos e

Joias.

- SENAI – 11 cursos de iniciação e aperfeiçoamento.

Considerações finais

Esse primeiro exame do APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí permitiu

uma aproximação do objeto de pesquisa e forneceu elementos importantes para que se possa avançar

no conhecimento das condições de funcionamento do Arranjo e das suas potencialidades para contribuir

na promoção do desenvolvimento local sustentável. As dificuldades enfrentadas pelo Alto da Serra do

Botucaraí, um dos Coredes de menor dinamismo e desenvolvimento no Estado, requerem do poder

público uma atenção especial no sentido de estimular iniciativas que impulsionem o crescimento local e

reduzam as desigualdades regionais. Como se sabe, as políticas públicas podem patrocinar importantes

iniciativas de desenvolvimento sustentável, que resultem em geração de empregos, melhoria da renda,

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formação profissional e inclusão social. O Programa de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos

Produtivos Locais do Governo do Estado representa um esforço nesse sentido. No caso do APL em

foco – um dos primeiros a serem apoiados pelo Programa – as manifestações dos agentes econômicos

e sociais locais registradas na imprensa testemunham o alcance das medidas governamentais de

estímulo e fomento ao crescimento das atividades produtivas envolvidas no APL de Pedras, Gemas e

Joias. Cabe lembrar que o apoio aos APLs vem ganhando relevância como um importante instrumento

de política setorial, regional e social do Governo Federal desde 2004 a partir da experiência pioneira do

Estado do Rio Grande do Sul no início dos anos noventa.

A importância do APL de Soledade para a economia local ficou devidamente evidenciada. Como

se viu ele é um dos eixos dinâmicos do Corede e principal polo de lapidação de gemas do Rio Grande do

Sul. As atividades nele contidas são responsáveis por cerca um terço da renda gerada pelo setor

industrial e por 17,0% do total do emprego formal na indústria da região em 2010, ao mesmo tempo em

que respondem por 36,7% do valor das saídas das atividades congêneres no Estado e por 14,2% da

população empregada nas mesmas atividades no Rio Grande do Sul.

O APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí é o maior responsável pelas

exportações da região, seus principais produtos respondem por 92,1% do total vendido ao exterior na

média do período 2005-2010. No Estado, Soledade domina as exportações de gemas e seus artigos,

com a maior participação relativa, ou seja, 77,5% do valor total exportado nas três rubricas da NCM

(‘Outras pedras preciosas/semi, trabalhadas de outro modo’; ‘Pedras preciosas/semi, em bruto, serradas

ou desbastadas’; ‘Outras obras de pedras preciosas/semi, sintet/reconst.’) pelo Estado é proveniente de

Soledade. No Brasil, RS e Minas Gerais são os principais exportadores desses itens, com destaque para

o estado gaúcho que contribui com 50,5% do valor exportado. A relevância de Soledade para a região é

de tal ordem que graças ao desempenho exportador do município, o Alto da Serra do Botucaraí pode ser

considerado um Corede exportador. Soledade é também o principal centro de comercialização de pedras

do Estado e sede da maior feira de pedras preciosas da América Latina, a Exposol (Exposição Feira de

Soledade).

No entanto, é preciso ter presente que a alta informalidade que caracteriza o setor impede que

se tenham informações mais precisas sobre a dimensão real dessas atividades em todos os âmbitos –

nacional e regional. Os dados disponíveis, restritos às atividades formalizadas, revelam apenas uma das

dimensões da indústria de pedras, gemas e joias, portanto é a pesquisa de campo que deverá mostrar

toda a magnitude do APL em foco.

A expansão do segmento mineral, onde o setor de pedras, gemas e metais preciosos se

incluem, implica comprometimentos de tal monta para o meio ambiente que a questão da

sustentabilidade assume grande importância nos debates em torno dos desdobramentos futuros da

atividade. A extração e o beneficiamento de minerais se configuram como atividades causadoras de

inúmeros danos ao meio ambiente, tanto diretos, pela alteração da paisagem local e remoção de

material do solo, quanto indiretos, que são das mais variadas ordens. Vários estudos de abrangência

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nacional mostram que apesar dos APLs obterem as licenças ambientais, as práticas ambientais

relatadas estão aquém do necessário. Dentre os aspectos mais relevantes que envolvem toda a

discussão da preservação do meio ambiente e da qualidade de vida estão os impactos sobre os recursos

hídricos e a recuperação de áreas degradadas34

.

Naturalmente, o APL de Pedras, Gemas e Joias do Alto da Serra do Botucaraí, com as suas

especificidades e características próprias, não foge desse contexto. No site oficial do APL de Pedras,

Gemas e Joias35

, os agentes expõem os desafios a ser enfrentados pelo Arranjo, a começar pela

ampliação da competitividade das empresas e o aumento da produtividade. Apesar de toda a riqueza

mineral presente na região, a grande maioria das empresas utiliza processos de beneficiamento de

gemas e materiais gemológicos tecnologicamente ultrapassados o que compromete a produtividade e

limita a competitividade. As questões ambientais são outro desafio reconhecido. A legalização das

empresas associadas à APPESOL nos órgãos ambientais competentes, para a obtenção das licenças

ambientais, e a gestão dos efluentes e resíduos oriundos do beneficiamento, principalmente da ágata,

são medidas destacadas para serem cumpridas. Por fim, é chamada a atenção para outra demanda

relevante para o setor que é o mapeamento dos garimpos de basalto e de pedras preciosas na região e

a organização da atividade extrativa.

34

Cf. Gabriela Alves Duarte (2011). 35

http://www.portalgemas.com.br

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Referências

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