o amor que se fez pão

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  • 7/24/2019 O Amor Que Se Fez Po

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    O amor que se fez po

    Domingo, o dia do Senhor. Os cristos se reunem, sentem-se chamados, convocados. J no aquea correria de todos os dias, aquea paciente espera de um chapa superotado no qua seencai!ar, aquee ter"o de esperan"as destinadas a serem adiadas, dia ap#s dia, pois nunca aca$a o

    engue-engue da ginstica que nos faz suportar o so, a chuva, a ventania e a poeira...a vida negrada maioria dos %o"am$icanos.

    Domingo, o dia do Senhor. &a igre'a o padre re-presenta gestos e paavras que v(m de onge, etodavia so os gestos de sempre) um po nas mos, um peda"o, um $ocado...tam$m as crian"asaprendem cedo estes gestos e o gosto do po, com aquea fome e!igente, o $i!o que devemos matar*mata-$i!o+ porque nesta terra vermeha, a fronteira entre viver e so$reviver muito suti para amaioria das pessoas.

    eparei muitas vezes nos ohos dese'osos das pequenas crian"as que acompanham os pais na fiapara a comunho. &o respeitam a ordem, oham para frente, gostariam que a fia desaparecesse porencanto, que ' fosse o seu turno. que tristeza quando v(m os seus pais rece$er aquee pedacinhode po que o orpo do Senhor e o padre que a ees no hes d sequer uma migaha. O!a osadutos tivessem o mesmo dese'o/ 0m dia, cee$rando a missa com a pequena comunidade itaianaem %aputo, um dos pais rece$eu o orpo e Sangue do Senhor e sua criancinha comecou a protestarem ata voz) 1u tam$m quero o orpo de risto2 ...todos na capea come"aram a rir... eu por mimfiquei admirado e consegui acamar a crian"a s# prometendo-he que ogo he dava...assim fiz,depois da $en"o fina, mas com uma part3cua no consagrada, que no propriamente a mesmacoisa/

    4uantos porm nas nossas assem$eias se sentam, 'e'uam da ucaristia ... em$ora convidados. 5seu dizer, nem se em$ram da 6tima vez que confessaram, sentem-se indignos *e ser que agum o7/+, sentem-se 'ugados e encontrados carentes pea ei nas pedras, pouco formados na ei da gra"a,

    cristos ainda enterrados na terra de ningum, no espa"o intertestamentrio. Sim, verdade, umpouco d#i esta viso da comunidade que na sua maioria no come e no $e$e. &o quero cair noe!tremo oposto, aquee da gra"a $arata, como se a ucaristia no e!igisse de n#s uma vida emconson8ncia, como se as proas, ho'e em dia, tivessemos icen"a de as an"ar aos ces. 9onge den#s $rincar com a ucaristia, cu'a cee$ra"o e!ige e merece toda nossa piedade e devo"o,

    prote"o e aten"o, prepara"o e discipina.

    :odavia, isso preocupa mais, parece que ficamos na superf3cie do grande sacramento e que urgente na catequese recuperarmos a sua narrativa esquisitamente evangica. o sacramento da

    pscoa, ponto de chegada e de partida do ser cristo, pice da inicia"o crist, antecipa"o daeternidade no tempo presente, frmaco da imortaidade que apaga tam$m os crimes e pecados

    graves *1rimina et peccata etiam ingentia dimittit2 profissava o Sagrado onc3io cumenico de:rento no ; ? f. DS, ;@AB+.

    is portanto um simpes contri$uto) pensamentos eucar3sticos, refe!Ces, medita"Ces que no t(mnada de sistemtico, que nasceram assim, tavz por inspira"o nos proongados momentos deadora"o, de espera do $anquete das n6pcias do ordeiro, de agradecimento peo dom rece$ido eque nos pede de ser novamente feito circuar.

    stas pginas so portanto uma simpes partiha, no pretendem nada mais. Se depois, numa ououtra paavra sa$ero a'udar...ouvado se'a o Senhor que inventou a missa, instituiu a ucaristia que o m!imo poss3ve nesta vida passageira, pois no h coisa mais $ea neste mundo do que cee$rar

    a ucaristia, sacramento do amor que se fez po e vinho, encontro de aian"a no qua o terno sefaz tempo e o tempo assumido e transformado no terno.

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    &o so pginas de catequese, menos que menos a escritura de um curso instituciona de teoogia.aro que, nesta partiha, possivemente, tentarei estar $em guardado dentro das $aizas da rectadoutrina crist, na $ea companhia da :radi"o 5post#ica, no precios3ssimo manancia dos te!tosdogmticos conciiares e magisteriais. Onde o achar necessrio, so$retudo em passagens que

    poderiam provocar choques com as tradi"Ces humanas que se so$repuseram ao pensamento e dese'o

    origina do seu inventor *Jesus risto+, indicarei os te!tos da scritura e da :radi"o, para oferecero 'usto conforto aos meus irmo na f.

    Sim, de facto, esta partiha tem tam$m o o$'ectivo de fazer um pouco de impeza, com intuito dereigar o nosso cee$rar com a genuinidade da primeira ceia eucar3stica, com o Sagrado ora"o do%estre que convidou os seus Discipuos numa eia de 5deus. 0ns ainda se o$stinam a chama-a de16tima eia2, mas evidente que essa eia de 5deus, a primeira eucaristia, no devia ser a 6timanas inten"Ces de Jesus, mas o in3cio de um $anquete escato#gico, no qua todos os fihos tivessemugar e aegria.

    is o ponto centra) quais eram as inten"Ces de Jesus quando, naquea noite dramtica, tomou po e

    vinho7 O que queria e fazer e dizer nos gestos e paavras da ucaristia7 O que he passava namente e no cora"o7 sistem respostas dogmticas importantes a este respeito esiste uma pra!ecee$rativa eccesia $imienria que corro$ora o discurso *e! orandi, e! credendi+.

    :am$m, ao ongo dos scuos, entraram no sacramento da ucaristia novas sensi$iidades que noeram originariamente de Jesus) cuturas, aten"Ces, preocupa"Ces, heresias, distorsCesconstrangedoras que o$rigaram a Egre'a a formuar pensamentos, formua"Ces e dogmas que

    penetram e escarecem o mistrio. :udo isso necessita sempre de ser novamente apresentado, pois ainguagem ao ongo dos scuos muda, como mudam os conte!tos cuturais que esta$eecem, porassim dizer, o $acFground, o pano de fundo da nossa compreenso.

    Goderiamos tam$m questionar) quando Jesus tomou po, partiu-o e deu-o aos seus discipuos

    dizendo) 1:omai e comei, isto o meu corpo2, e, o pr#prio Jesus, tinha inten"o de transustanciaro po, tavz de o transignificar e transfinaizar7 Sem nada tirar ao dogma que testemunha da

    penetra"o da verdade pena pea comunidade dos crentes acompanhados e escarecidos peaassist(ncia do sp3rito Santo, parece-me necessrio criar uma ponte entre aquea noite e n#s ho'e.H pois uma comensaidade actua3ssima, que nos faz presenciar a uma presen"a verdadeira, rea esacramenta do Senhor Jesus vivo, cee$rante e operante no Sacramento da ucaristia. :rata-se

    portanto no simpesmente de assistir I missa, mas de entrar no dinamismo que a presen"a e ofertade Jesus, o ivente no meio dos seus, activa e proporciona) 1&ova e eterna 5ian"a2, que significaisso, como e porque7

    Outra ponte que me parece de fundamenta import8ncia para no trair o dinamismo do Sacramento

    da ucaristia aquea que conecte a cee$ra"o com a vida crist do dia a dia. 5quee 1Kazei istoem mem#ria de mim2 indicativo e e!tensivo ao mesmo tempo oha para a cee$ra"o it6rgica econtemporaneamente para a cee$ra"o e!istencia. sta cone!o pode ser vitaizante oumortificante e a $eeza sautar so sacramento depende muito deste reacionamento que pessoa ecomunitrio ao mesmo tempo.

    stamos simpesmente a mostar como o Sacramento da ucaristia nos remete ao um mistriomutifacetado, puridimensiona e maravihoso. Se estas pginas e esta simpes partiha sa$eromostrar ago disso, ouvado se'a o Senhor. :odavia mais oportuno e rea3stico pedir perdo desde

    ' aos irmos e irms em risto, pois as paavras humanas, mesmo que for'adas e dogmaticamentepurificadas, no so adequadas a e!primir este grande sacramento) os sentidos e!teriores caam, s#

    a f nos sustenta na apreenso e assimia"o do amor que se fez po.

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    ;. &a noite em que e ia ser entregue

    stas so as paavras com as quais, na iturgia, come"a a narra"o actuaizante, o memoria daucaristia em que se re-presenta a gratuita oferta de sava"o por Jesus risto, cu'as paavras eac"Ces reveam o rosto e o cora"o de Deus Gai. So paavras dramticas e o cristo ' sa$e muito

    $em como se desenroou esse drama divino e humano, quais foram os protagonistas, os factos, aspaavras e como tudo aca$ou. 5 iturgia, na sua conte!tuaiza"o narrativa, copia de facto aspaavras do mais antigo documento escrito que temos so$re a eucaristia. um documento degrand3ssima import8ncia, que merece ser estudado aprofundadamente, que precisa ser $ementendido no seu conte!to. O autor deste escrito So Gauo, mas ee, de facto, nos remetedirectamente ao Senhor como a uma fonte anterior a ee, mais originria.

    is o te!to em questo)

    1...Gorque eu rece$i do Senhor o que tam$m vos ensinei) que o Senhor Jesus, na noite em que foitra3do, tomou o po e, tendo dado gra"as, o partiu e disse) :omai, comei isto o meu corpo que

    partido por v#s fazei isto em mem#ria de mim. Semehantemente tam$m, depois de cear, tomou ocice, dizendo) ste cice o novo testamento no meu sangue fazei isto, todas as vezes que

    $e$erdes, em mem#ria de mim2 *;or ;;, >B->=+.

    scrita por vota do ano

  • 7/24/2019 O Amor Que Se Fez Po

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    de Judas que traiu Jesus7 Ou de Gedro que o renegou, ou dos outros que fugiram7 4uem me podedizer, assegurar que eu sou so Krancisco e no o Prande Enquisidor *Qar Narth+7 ntendemos

    porque, necessariamente, toda a cee$ra"o iturgica visitada por pedidos de perdo emiseric#rdia) de facto no somos dignos, mas o %estre manda) 1:omai e comei, :omai e $e$ei2

    pois e sa$e muito $em que, sem e, nada podemos fazer e toda uta est perdida desde o in3cio se

    o Sehor no estiver connosco.

    otamos refectir naquea noite em que Jesus ia ser entregue. ste ver$o, ao passivo, produz emn#s a pergunta) quem o entregou7 Emediatamente respondemos) Judas. Sim, verdade, de facto umdos Doze, os amigos mais 3ntimos de Jesus, que e tinha escohido para que ficassem com ee e oa'udassem no seu ministrio. 5cerca de Judas ' foram derramados rios de tinta, at ao ponto de orea$iitar nestes tempos nos quais o poiticaR correct o novo mandamento do conviver humano.Enteressa perce$er a #gica de vida de Judas, radicamente oposta I #gica do servi"o, da ren6ncia asi mesmo, da cruz, da cusa do eino proposta e vivida por Jesus. 0ns dizem que provavementeee queria for"ar a mo do %estre para que se decidisse a assumir e desenvover o pape messinicode tipo po3tico-nacionaista que os muitos esperavam. Outros dizem que foi v3tima do sistema

    po3tico-reigioso que queria prender e aca$ar de vez com Jesus *os hefes dos Sacerdotes+. Godeser, mas no 'usto caar o dado de facto) Judas ao seguir Jesus no tinha dei!ado tudo tudo, notinha passado pea reviravota da converso a Jesus.

    is o ponto fundamenta, o nervo desco$erto) quemou o queocupa o centro da minha vida7Paraquem ou para queeu vivo esta vida na carne7 So Gauo, que primeiro escreve as paavras daucaristia, diz) 1Gara mim, viver risto e morrer ucro2 *Ki ;,>;+ e ainda) 15 vida que agoravivo na carne, vivo-a pea f do Kiho de Deus, o qua me amou, e se entregou a si mesmo por mim2*Pa >,>M+. videntemente, quando quero ucrar na vida e no perder a vida por risto, com risto eem risto, ento eu mesmo entrego a Jesus e no sou mehor de Judas *Grimo %azzoari+.scutando as paavras do ee$rante *&a noite em que e ia ser entregue+, perce$o que h tam$muma noite dentro de mim feita de $ei'os trai"oeiros, de ccuos ego3sticos, de am$i"Ces terrenas.

    &esta minha noite, Jesus o Senhor est , toma po e vinho, e me faz a oferta de si, se entrega a simesmo por mim, como diz so Gauo. Se eu o entrego por trai"o, e se entrega por amor) eis aquia uta disegua da qua ' faava o profeta Peremias, a uta nocturna de Jac#. 4uem vai vencer7stranha $ataha esta, em que vai vencer aquee que se dei!ar vencer/

    Judas no aceitou que vencesse o vencido, e foi se enforcar. Gedro dei!ou vencer Jesus, o renegadopor ee, pois se em$rou das suas paavras) 1m verdade te digo que esta noite, antes de cantar ogao, tr(s vezes me negars2 *%t >=,BA+. :r(s vezes, na N3$ia, significa tota e radicamente. :rata-se de uma apostasia tota, um dos tr(s pecados considerados capitais desde sempre *'untamente com

    o homic3dio e o adutrio+. %as a em$ran"a das paavras de Jesus sava o Gedro da corda de Judas)1&o sou digno...mas dizei uma paavra e serei savo/2 como so verdadeiras essas paavras quedizemos, tavz um pouco destraidos, antes de nos apo!imar e comer/ 4uem me dera um dia destavida ouvir a ora"o que Jesus dirige ao Gai por mim, enquanto eu estou para me apro!imar e comerda ucaristia) 1Gedro, eu rezei por ti, para que no desfae"a a tua f. tu, uma vez convertido,confirma os teus irmos/2 *9c >>, B;-B>+. Jesus assim) enquanto eu o renego, o entrego, o $ei'otrai"oeiramente, e reza por mim, e me chama amigo/ 4uem vai vencer nesta noite7

    &a noite em que e ia ser entregue...por quem7 Judas entrega Jesus aos que queriam aca$ar comee. stes 1hefes dos sacerdotes2, depois de um processo sumrio, entregam Jesus a Giatos ee oentrega ao Herodes este 9ho manda de vota e Giatos o quer entregar de vota aos hefes, os quais

    ' no querem sa$er dee) 1rucifica-o/2. Seria interessante fazer uma anise atenta desta noite,seus protagonistas, seus acontecimentos e seguir Jesus passo ap#s passo at o P#gota. O que no

    podemos caar que entre os entregadores de Jesus h um que se destaca por razCes totamente

  • 7/24/2019 O Amor Que Se Fez Po

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    diferentes) Deus Gai, 15quee que no poupou seu pr#prio Kiho, mas o entregou por todos n#s,como no nos conceder 'untamente com e, gratuitamente, todas as demais coisas72 *m , B>+.So Gauo, aos Patas, diz que Jesus se entregou por ee e aos omanos diz que Deus Gai que oentregou e Jesus, antes de ser preso, diz) 1Gai, se queres, afasta de mim este cice entretanto, nose'a feita a minha vontade, mas o que :u dese'as/2 *9c >>,A>+.

    4ue Gai este Deus que entrega seu Kiho, seu 6nico Kiho a uma morte to madita7 Gara que7 aea pena Deus entregar seu Kiho a morrer por mim7 1&o devido tempo, quando ainda ramos fracos,risto morreu peos 3mpios. Dificimente haver agum que morra por um 'usto peo homem $omtavez agum tenha coragem de morrer. %as Deus demonstra seu amor por n#s) risto morreu emnosso favor quando ainda ramos pecadores2 *m