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O amianto no banco dos réus Daniele Martins dos Santos [email protected] HCTE-UFRJ 1 Introdução A ideia principal deste trabalho surgiu da constatação de que não só os cientistas produzem fatos a serem usados pela lei, mas que também o direito influencia a formação do conhecimento científico. No Brasil, o amianto foi utilizado em grande escala, na contramão de uma tendência mundial ligada ao seu banimento tendo em vista o seu potencial cancerígeno. Na esfera científica houve quem defendesse a possibilidade de um uso “controlado” da fibra, que diminuiria os riscos, que seriam pequenos frente a grande oportunidade econômica criada pela sua exploração. Formou-se um entendimento, inclusive legal, nesse sentido. O artigo 2° da lei n° 9055/1999 permitiu a extração, industrialização, comercialização e a distribuição do uso do amianto da variedade crisotila no país. Nosso estudo está interessado em narrar a trajetória da batalha jurídica em torno exploração/utilização do amianto no país, tal qual ocorreu com o julgamento de algumas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs n° 2396, 2656, 3937, 3406, 3470 e 4066), passando inclusive por uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal. Num primeiro momento o STF preferiu tratar a questão sob um enfoque puramente formalista, analisando somente a questão referente a competência legislativa concorrente da União e dos Estados (art. n° 24 da Constituição Federal). Após alguns anos, o STF resolveu enfrentar a questão novamente, mas agora de uma forma mais corajosa, levando em conta o avanço do número de vítimas e os danos ao meio ambiente ocasionados pela manutenção da autorização legal para exploração e uso do amianto. Notamos que essa mudança de postura foi influenciada pela pujança do movimento social organizado por trabalhadores e vítimas do amianto. Nessa descrição notamos que o conhecimento científico levado ao tribunal constituiu uma controvérsia científica, apresentando não um “fato” objeto do julgamento, mas sim “fatos”

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Page 1: O amianto no banco dos réus - 16º Seminário Nacional de ... · O julgamento iniciado em 2012, logo após a realização de audiência pública no STF, foi retomado apenas em 2017,

O amianto no banco dos réus

Daniele Martins dos Santos

[email protected]

HCTE-UFRJ

1 Introdução

A ideia principal deste trabalho surgiu da constatação de que não só os cientistas

produzem fatos a serem usados pela lei, mas que também o direito influencia a formação do

conhecimento científico.

No Brasil, o amianto foi utilizado em grande escala, na contramão de uma tendência

mundial ligada ao seu banimento tendo em vista o seu potencial cancerígeno. Na esfera

científica houve quem defendesse a possibilidade de um uso “controlado” da fibra, que

diminuiria os riscos, que seriam pequenos frente a grande oportunidade econômica criada pela

sua exploração. Formou-se um entendimento, inclusive legal, nesse sentido. O artigo 2° da lei

n° 9055/1999 permitiu a extração, industrialização, comercialização e a distribuição do uso do

amianto da variedade crisotila no país.

Nosso estudo está interessado em narrar a trajetória da batalha jurídica em torno

exploração/utilização do amianto no país, tal qual ocorreu com o julgamento de algumas ações

diretas de inconstitucionalidade (ADIs n° 2396, 2656, 3937, 3406, 3470 e 4066), passando

inclusive por uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal. Num primeiro momento o

STF preferiu tratar a questão sob um enfoque puramente formalista, analisando somente a

questão referente a competência legislativa concorrente da União e dos Estados (art. n° 24 da

Constituição Federal). Após alguns anos, o STF resolveu enfrentar a questão novamente, mas

agora de uma forma mais corajosa, levando em conta o avanço do número de vítimas e os danos

ao meio ambiente ocasionados pela manutenção da autorização legal para exploração e uso do

amianto. Notamos que essa mudança de postura foi influenciada pela pujança do movimento

social organizado por trabalhadores e vítimas do amianto.

Nessa descrição notamos que o conhecimento científico levado ao tribunal constituiu

uma controvérsia científica, apresentando não um “fato” objeto do julgamento, mas sim “fatos”

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que, no exercício de uma política ontológica pelos Ministros, foram tomados e transformados

em “verdades científicas”, que por sua vez foram cobertas pelo manto da coisa julgada.

Essa trajetória que culminou com o banimento do amianto em todo o território nacional

me permite concluir que os laboratórios e os tribunais estão muito mais juntos (labordireitórios)

do que nos quer fazer crer a tradição moderna.

2 Caminhos percorridos: uma síntese dos julgamentos no STF

Em 2003, ao decidir duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI n° 2656/SP e

2396/MS), o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de dispositivos

de leis dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul que proibiam o uso do amianto. Nos

dois julgamentos o Plenário do STF reconheceu que os referidos dispositivos invadiram a

competência legislativa da União sobre normas relativas à proteção do meio ambiente e controle

do meio ambiente e controle do meio ambiente e a proteção e defesa da saúde. Foram relatores

dos julgamentos a ministra Ellen Gracie e o ministro Maurício Correa1.

As duas ADI (n°2396 e 2656) foram ajuizadas pelo governo de Goiás. A ADI n°2396

contra dispositivos da Lei n° 2210/2001 de Mato Grosso do Sul que proibiam a fabricação, o

ingresso, a comercialização e a estocagem de amianto ou de produtos à base do uso do amianto

destinados à construção civil. A ADI n°2656 foi ajuizada contra artigos da lei paulista n°

10.813/01 que proibiam a importação, a extração, a comercialização, a fabricação e instalação,

no Estado de São Paulo, de produtos ou materiais contendo qualquer tipo de amianto, sob

qualquer forma.

O STF retomou a questão no julgamento da ADI n° 3937, ajuizada pela Confederação

Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), contra a lei n°12.687/2007 do Estado de São

Paulo, que proibiu o uso de produtos, materiais ou artefatos que contivessem quaisquer tipos de

amianto no território estadual.

1 As normas feririam regras de competência privativa da União para dispor sobre comércio exterior, minas e recursos minerais (art. 22, inciso VIII e XII) e para editar normas gerais sobre produção e consumo (art. 24, V), proteção do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, XII).

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O relator dessa ADI foi o ministro Marco Aurélio. Antes de iniciar o julgamento da

ação, ele entendeu ser conveniente a realização de uma audiência pública antes do julgamento

da ação.

Logo após a realização da audiência pública o ministro Marco Aurélio iniciou o

julgamento proferindo seu voto. Seu entendimento foi no sentido de que a lei paulista seria

inconstitucional justamente por sua incompatibilidade com a lei federal. A lei federal a que ele

se refere é lei n° 9055/95 que estabelecem seu artigo 2°:

O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos

minerais das serpentinas, e as demais fibras naturais e artificiais de qualquer

origem, utilizadas para o mesmo fim, serão extraídas, industrializadas e

comercializadas com as disposições desta lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, consideram-se fibras naturais e

artificiais as comprovadamente nocivas à saúde humana.

Para o ministro, a escolha da União ao legislar sobre o amianto deveria se sobrepor ao

interesse do estado em proibi-lo. Em seu entendimento, os princípios da separação dos Poderes

e da democracia imporiam às escolhas legislativas um status de prestígio, especialmente em

contextos de “incerteza científica”.2

Havia grande expectativa na continuação desse julgamento.

O julgamento iniciado em 2012, logo após a realização de audiência pública no STF,

foi retomado apenas em 2017, com o voto do ministro Dias Toffoli. Dias Toffoli votou no

sentido de reconhecer a constitucionalidade da lei paulistana e inovou no sentido de declarar

incidentalmente a inconstitucionalidade da Lei Federal n° 9055/19953. Na sessão do dia 24 de

agosto os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e

Carmen Lucia se juntaram a ele para formar maioria. Ficaram vencidos os ministros Marco

Aurélio, Luis Fux e Alexandre de Moraes.

2 ADI 3937, íntegra do voto do relator, p.4. Disponível em <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI3937relator.pdf> Acesso em 20 ago. 2018. 3 A declaração incidental é permitida, já que o órgão julgador, para julgar uma ação, pode fiscalizar uma lei e declará-la inconstitucional, mesmo que não haja pedido expresso, e isso seja imprescindível para solução do caso concreto. “O STF, no exercício da competência geral de fiscalizar a compatibilidade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituição, pode declarar a inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como fundamento da decisão” (Reclamação 473, Rel. Min. Gilmar Mendes, Dje de 4/9/13)

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Houve uma mudança importante de entendimento nesse julgamento, já que a ação foi

julgada improcedente para manter a validade da norma e a proibição do amianto (no Estado de

São Paulo).

Nessa mesma sessão de 24 de agosto foi encerrado também o julgamento da ADI n°

4066 que tinha como objeto a invalidade do artigo 2° da Lei Federal n° 9055/1995. Votaram

pela procedência do pedido os ministros Rosa Weber, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski,

Celso de Mello e Carmen Lucia. Votaram contra: Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Gilmar

Mendes e Marco Aurélio. Chegou-se a um resultado inusitado: a maioria votou pela

procedência da ação direta de inconstitucionalidade, mas como não foi atingido o quórum4

exigido pelo artigo 97 da Constituição Federal, não foi declara a inconstitucionalidade do

referido dispositivo legal. O julgamento ficou então sem eficácia vinculante, o que é uma das

características mais importantes das ADIs e implica dizer que a decisão não adquiriu

observância obrigatória. Indicou, no entanto, uma mudança de entendimento do STF.

É importante dizer que o quórum legal não foi alcançado porque os ministros Dias

Toffoli e Luis Roberto Barroso5 se declararam impedidos e não votaram.

Em novembro do mesmo ano o assunto voltou, mais uma vez, ao Plenário do STF, no

julgamento de mais duas ADIs, n° 3406 e 3470, ambas propostas pela Confederação Nacional

dos Trabalhadores da Indústria (CNTI) contra a Lei n° 3.579/2001, do Estado do Rio de Janeiro,

que dispunha sobre a substituição progressiva dos produtos contendo a variedade asbesto

(crisotila branco). A CNTI argumentava na ação que a lei feriria os princípios da livre iniciativa

e invadiria a competência privativa da União. As ADIs foram julgadas improcedentes, e, mais

importante, foi declarada incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 2° da Lei Federal

n° 9055/1995, dessa vez com declaração de efeito vinculante e erga omnes (para todos).

4 O artigo 97 da Constituição de 1988 determina que “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. Levando em conta que o STF é composto por onze ministros, maioria absoluta aí significa que serão necessários, no mínimo, seis votos. Não importa quantos ministros estejam presentes no julgamento.

5 Dias Toffoli era Advogado-geral da União quando a ADI foi proposta e Luis Roberto Barroso já havia elaborado um parecer para a indústria do amianto.

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É interessante perceber como o STF tratou a controvérsia científica no decorrer desses

diversos julgamentos. As mudanças de entendimento e a forma pela qual os julgamentos foram

influenciados e ao mesmo tempo influenciaram a existência do amianto como “fibra de uso

seguro” e depois de “fibra nociva a saúde” mostra a imbricação entre ciência e direito.

Ao analisar a audiência pública e os votos que decorreram da ADI em que ela ocorreu,

podemos perceber de que forma elementos heterogêneos se justapõem para compor a decisão

judicial. E, da mesma forma, atuam no campo da ciência.

3 Ciência e direito lado a lado: analisando a influência da audiência pública

Nas audiências públicas os ministros têm a oportunidade de ouvir a exposição de

outras pessoas além daquelas envolvidas formalmente no processo. Qualquer pessoa poderá se

inscrever, mas sua inscrição estará sujeita à aprovação do ministro-relator. O Regimento

Interno do STF, na norma que trata da aprovação das exposições, deixa muito espaço à

discricionariedade do ministro-relator, não estabelecendo critérios rígidos para a participação

como expositor. A norma dá apenas o tom da escolha, referindo-se a pessoas com “experiência

e autoridade” na matéria em discussão6. Vejo aí um terreno fértil para a análise das relações

entre o jurista e o cientista.

Num cenário geral, a tecnociência aparece comprometida com a verdade, enquanto o

direito é mostrado como uma tentativa de concluir o processo a qualquer custo, subordinado a

necessidade de estabelecer uma resolução que permita a continuidade da vida. Daí decorre que

a verdade tecnocientífica teria um enquadramento autônomo de validação e controle, que opera

independentemente do direito e que não precisa se sujeitar as ocupações (preocupações)

normativas ou práticas institucionais (Jasanoff, 1997).

No palco das audiências públicas, o STF conduz suas investigações nas fronteiras do

conhecimento científico, onde as questões são incertas, contestadas e fluidas, e não sobre um

pano de fundo de um conhecimento científico largamente estabelecido. As diversas exposições

trazidas por cientistas de órgãos públicos e os poucos particulares colocam em evidência a

controvérsia científica em construção. A direção que será tomada pelos ministros, no

6 Artigos 9°, § 1° da lei n° 9868/99 e 6°, §1° da lei n° 9882/99.

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julgamento do ADI, de certo será um forte aliado daqueles cientistas que defendem a posição

vencedora, havendo aí uma relação de retroalimentação.

Nessas oportunidades, em que os juízes chamam a comunidade científica a se

manifestar acerca de uma controvérsia judicial, é construído o ambiente em que a tecnociência

adquire significado, utilidade e força (Jasanoff, 1997). A tecnociência terá a oportunidade de

romper relações sociais e as compelir a uma redefinição, através do direito, com direções e

obrigações estabelecidas. No caso em discussão, se for estabelecido que o amianto, observadas

as determinações legais de segurança para seu transporte, descarte, e extração é seguro, o

conhecimento científico a ser produzido seguirá essa nova “verdade” estabelecida

judicialmente/cientificamente.

O ministro Marco Aurélio convocou audiência pública para subsidiar o julgamento da

ADI n° 3937 que impugna a Lei nº 12.684/2007 do Estado de São Paulo. Ela aconteceu nos

dias 24 e 31 de agosto de 2012. Nessa audiência foi possível observar quais questões estavam

sendo colocadas na mesa para o julgamento. O ministro Marco Aurélio estabeleceu alguns

objetivos para a discussão a ser tratada ali: a) averiguar a existência ou não de limite seguro

para o uso da crisotila; b) delimitar os riscos à saúde pública; c) verificar a viabilidade das fibras

alternativas; d) definir os impactos econômicos da continuação do uso da crisotila e também de

seu eventual banimento. 7

Trago aqui o registro daqueles que participaram da audiência como expositores:

Quadro 1 - Quadro de expositores na audiência pública referente a proibição do amianto

Expositor Instituição responsável pela indicação

1 UBIRATAN DE PAULA SANTOS – doutor em pneumologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo Associação Brasileira de Expostos ao Amianto

2 ANA LÚCIA GONÇALVES DA SILVA – professora de Instituto de Economia da UNICAMP.

Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento

3 LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZO –professor Titular de economia da UNICAMP.

4 HERMANO ALBUQUERQUE DE CASTRO –coordenador do Centro de Estudos de saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH) da ENSP/FIOCRUZ (1999-2003 e 2005-2009)

5 DORACY MAGGION – ex-empregado da ETERNIT S/A, vítima da exposição do amianto.

7 Depois vamos observar que o ministro Marco Aurélio passa por todas essas questões em sua decisão.

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6 Dr. BARRY I. CASTLEMAN – membro do Collegium Ramazzini, consultor científico nos encontros anuais da Asbestos Diseases Awareness Organization (ADAO).

Associação Brasileira de Expostos ao Amianto

7 ARTHUR L. FRANK – membro do Collegium Ramazzini, professor patologista e pesquisador dos efeitos cancerígenos da espécie crisotila de amianto.

8 BENEDETTO TERRACINI – epidemiologista italiano, professor emérito e aposentado da Universidade de Turim.

9 RENÉ MENDES – Médico especialista em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho.

Associação Nacional de Medicina do Trabalho Associação Brasileira de Expostos ao Amianto

10 FERNANDA GIANNASI – auditora fiscal do trabalho - Ministério do Trabalho e Emprego.

11 Dr. THOMAS W. HESTERBERG – mestre em biologia pela UCLA, e tem doutorado em Toxicologia da UC Davis.

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Instituto Brasileiro de Crisotila

12 MÁRIO TERRA FILHO – Doutor em Pneumologia pela Universidade de São Paulo

13 ERICSON BAGATIN – especialista em Medicina do Trabalho pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO

14 IRENE FERREIRA DE SOUZA DUARTE SAAD – Engenheira Química Higienista Ocupacional

15 ROSEMARY ISHII SANAE ZAMATARO – química graduada pela Universidade Mackenzie de São Paulo.

16 DAVID BERNSTEIN – PhD em Medicina e Toxicologia Ambiental.

17 JACQUES DUNNIGAN – PhD em biologia

18 EVGENY KOVALESKY – médico PhD em Saúde Ocupacional

19 ADILSON CONCEIÇÃO SANTANA – Presidente da Federação Internacional dos Trabalhadores do Amianto Crisotila- FITAC , Vice presidente da Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto-CNTA e Diretor Secretário do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não-Metálicos de Minaçu/GO.

20 MILTON DO NASCIMENTO – médico pela Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP. Gerente de Saúde Ocupacional do Grupo Eternit.

Deputado Estadual Beto Tricoli

21 Eduardo Azeredo Costa –Presidente da FUNDACENTRO

Estado de São Paulo

22 RUBIA KUNO – Gerente da Divisão de Toxicologia, Genotoxicidade e Microbiologia Ambiental da CETESB

23 SIMONE ALVES DOS SANTOS – Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo - Diretora Técnica da Divisão de Vigilância Sanitária do Trabalho.

24 EDUARDO ALGRANTI – Consultor em Saúde Ocupacional da Organização Mundial de Saúde.

Fundacentro Associação Brasileira de Expostos ao Amianto

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25 VANDERLEY JOHN – engenheiro civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Instituto Brasileiro de Crisotila

26 ZUHER HANDAR – médico, formado pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná e especialista em Medicina do Trabalho.

Organização Internacional do Trabalho Associação Nacional de Medicina do Trabalho

27 ANTÔNIO JOSÉ JULIANI – analista de Comércio Exterior – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

União

28 Claudio Scliar – Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – Ministério de Minas e Energia.

29 GUILHERME FRANCO NETTO – Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, na Secretaria de Vigilância da Saúde.

30 PAULO ROGÉRIO ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA –Coordenador-Geral de Monitoramento Benefício por Incapacidade – Ministério da Previdência Social.

31 SÉRGIA DE SOUZA OLIVEIRA – Diretora de Qualidade Ambiental, na Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental.

Fonte: Relação de habilitados. Disponível em

<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2377583&ad=s#99%20-

%20Decis%E3o%20monocr%E1tica>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Olhando para a tabela podemos ver quem, no entendimento do ministro relator, possui

experiência e autoridade para falar acerca do assunto em pauta. Nessa audiência houve uma

tendência à indicação de entidades no lugar de pessoas. Houve apenas uma exceção: o

Deputado estadual do Estado de São Paulo, Beto Tricoli, foi o único admitido como pessoa fora

de uma entidade. Em 2012 ele presidia a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Ele teve sua participação

deferida, mas optou por indicar a participação de um especialista (Dr. Milton do Nascimento).

Outro ponto que merece destaque: quase a totalidade das entidades optaram por indicar

experts no assunto. Somente a Associação Brasileira de Expostos ao Amianto indicou a

participação de uma pessoa que, fora da condição de expert no assunto, participou para falar de

sua condição de trabalhador exposto ao produto em questão.

Isso faz pensar que um dos maiores ganhos das audiências públicas, muito maior do

que conferir legitimidade à decisão judicial que vai ser proferida, é o favorecimento de uma

participação popular. Mas não se trata de uma participação direta, já que a exigência de

“experiência e autoridade no assunto”, na prática implica na participação de uma maioria de

acadêmicos. Ao chamar cientistas de diversas linhas de pensamento para o mesmo ambiente,

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aparecem as contingências inseridas no saber científico para o público em geral. A mesma

inscrição (Latour, 2000) servirá a conclusões diferentes, dependendo da maneira que ela será

utilizada. A concepção de “mundo real” adotada poderá variar de expert para expert, o que

pode conferir uma certa fragilidade ao conhecimento produzido. Essa fragilidade será

totalmente apagada no movimento de estabilização da controvérsia científica, movimento que

conta com a estabilização da controvérsia jurídica numa relação de coprodução. Para o público

mais atento, será possível reconhecer a performance ontológica simultânea de direito e ciência,

justiça e verdade, prescritivo e descritivo, processo e progresso.

Ao favorecer o debate científico na esfera judicial, as audiências públicas possibilitam

ao leigo a oportunidade de ver o fato científico em construção, tendo acesso a discussões que

muitas vezes ficam limitadas a espaços frequentados apenas pelos cientistas e seus iguais.

4 Um recorte das questões implicadas no julgamento do amianto: muito mais do que uma

controvérsia científica

Apresento em seguida um recorte de algumas das questões que, trazidas pelos

expositores na audiência pública, foram manejadas pelos ministros em seus votos. Para o

escopo desse trabalho escolhi dois votos: o voto vencido do ministro Marco Aurélio na ADI n°

3937/SP e o voto vencedor do ministro Dias Toffoli.

4.1 O voto vencido do ministro Marco Aurélio

O ministro, ao proferir seu julgamento, deixou claro em seu voto que precisou sopesar

duas frentes. Essas frentes foram tratadas por ele de maneira equivalente, sem prestígio a

qualquer uma delas.

A primeira frente referiu-se `preocupação com o desenvolvimento nacional, com

expansão da renda e do emprego. Para tratar dessa frente foi necessário trazer alguns dados da

audiência pública para a decisão. O ministro ressaltou então que, em 2012 o Brasil ocupava o

terceiro lugar na classificação mundial de produtores de amianto, responsável por 20% da

produção anual. Isso tudo com apenas uma mina em atividade, no Município de Minaçu, em

Goiás. Até aquela data, 245 milhões de residências estavam cobertas com telhas de

fibrocimento, que contém, em média, 8% de amianto na composição. Além disso, metade das

novas construções estariam empregando o mesmo material. Esses dados foram apresentados

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na audiência pelo representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O

ministro Marco Aurélio aduziu que essas informações eram relevantes para entender porque

algumas das ADIs foram propostas pelo Estado de Goiás. Esse estado seria o grande

interessado em manter a produção do amianto no Brasil. O ministro alertou ainda para o perigo

de se permitir que os estados e municípios pudessem proibir a entrada de produtos que são

produzidos e geram rendas em outros estados da federação, numa prática de fomento da

indústria local. Para ele isso poderia criar algo como uma “guerra federativa”. Ele ainda

ressaltou o fato de que leis do estado do Sudeste, que seriam os maiores consumidores de

amianto na construção civil, teriam sido as primeiras a banir o produto.

Ele colocou luz ainda sobre outros dados que julgou relevantes para sua decisão: a) a

área do fibrocimento geraria 170 mil empregos diretos e indiretos; b) o acesso a cimento

adequado (sem amianto) dependeria de substitutos que são ofertados de maneira insuficiente

no mercado, estando sujeitos à importação e a volatilidade dos preços; c) os estudos referentes

à avaliação do grau de toxicidade do álcool polivinílico e do propileno (substitutos do amianto)

ainda não são conclusivos. Ele concluiu afirmando que a técnica adequada para a liberação ou

proibição de certos produtos, serviços ou atividades é a lei, expressão máxima do processo

democrático. A própria sociedade, através de seus representantes, é quem deve analisar, em

última instância, os riscos e benefícios da vedação ou permissão de certa atividade.

A segunda frente referiu-se à proteção à saúde e ao meio ambiente. A leitura que o

ministro faz é a de que o artigo 196 da Constituição Federal8, ao tratar do direito social à saúde,

assegura um dever constitucional de promoção de políticas abrangentes direcionadas à proteção

integral da saúde dos indivíduos e da coletividade. Só caberia ao Poder Judiciário averiguar se

as políticas públicas destinadas à proteção do público quanto aos perigos decorrentes do uso do

amianto são suficientes e adequadas. Quanto aos riscos provenientes do uso indevido do

amianto (condições indevidas de produção, transporte e utilização), esses não seriam hábeis a

gerar sua proibição. A falta de fiscalização não poderia importar na proibição do uso da

substância tóxica. Segundo ele, a implementação de medidas de segurança na produção, no

transporte, manuseio e descarte do produto levariam a crer que os riscos são gerenciáveis.

8 Artigo 196 da Constituição Federal: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

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Nessa frente o ministro ressalta também que o banimento retirari de maneira abrupta agente

econômicos relevantes do mercado, talvez maximizando o risco de utilização de produtos ainda

pouco testados e de disponibilidade limitada (nesse ponto ele traz elementos da primeira frente).

Acerca dos impactos do amianto sobre ambientes urbanos, ele afirma que apenas um dos

relatórios apresentados seria “efetivamente científico”. Trata-se do relatório apresentado pelo

Dr. Mario Terra Filho que, conforme o próprio ministro ressalta, teve seu estudo financiado

parcialmente pelo Instituto Brasileiro de Crisotila.

4.2 O voto vencedor do ministro Dias Toffoli

Escolhemos o voto do Ministro Dias Toffoli porque foi o primeiro a demonstrar a

virada de entendimento a que chegaria o Plenário do STF.

Nesse voto o ministro afirmou que, pelas regras de distribuição legislativa atribuída

pela Constituição Federal aos entes da federação, se a lei federal admite, de modo restrito, o

uso do amianto, a lei estadual ou municipal não poderia proibi-lo totalmente. Essa proibição

iria de encontro à prescrição da norma geral expressa na norma federal. A inovação de seu voto

veio ao afirmar que o artigo 2° da Lei federal n° 90955/95, que estabelecia a regra de uso restrito

do amianto, passou por um “processo de inconstitucionalização”, não sendo mais compatível

com a Constituição de 1988. Assim, os estados passaram a ter competência plena para legislar

sobre o assunto.

O dito “processo de inconstitucionalização” ocorreu, segundo o ministro, em

decorrência de mudança dos fatos que deram ensejo à norma. Não subsistiria, no momento do

julgamento, controvérsia acerca da necessidade ou não do banimento do amianto. Haveria, isso

sim, um consenso em torno da natureza altamente cancerígena do mineral e da inviabilidade de

seu uso de forma efetivamente segura. A Lei n° 9055/95 teria sido editada com uma aposta de

viabilidade do uso seguro da crisotila e também tendo como base a impossibilidade, na época,

de se substituir o produto por outro material. Ele afirmou ainda que essa é a posição “dos órgãos

nacionais e internacionais que detém autoridade no tema da saúde em geral e da saúde do

trabalhador”.9 Em seguida ressaltou várias informações colhidas na audiência pública que

marcavam o caráter nocivo do amianto.

9 Voto do Min. Dias Toffoli na ADI 3937/SP, p. 15. Disponível em < http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/votoDTamianto.pdf> Acesso em: 21 ago. 2018

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Ele trouxe ainda a norma do artigo 3° do Decreto 126/91, que internalizou a

Convenção n° 162 da Organização Internacional do Trabalho. Essa norma estabelece a

necessidade de revisão da legislação nacional sempre que for requerido pelo “desenvolvimento

técnico e pelo progresso no conhecimento científico”. Nessa mesma lei, o Brasil se

compromete a substituir o amianto por outro material menos nocivo, tão logo seja possível.

Como exemplo ele cita o exemplo de São Paulo, que segundo exposição de Secretária de Saúde

Simone Alves dos Santos, já substituiu o amianto em 17 das 19 indústrias do ramo.

5 Conclusão

Os ministros agem, nesse julgamento, como os cientistas na estabilização de uma

controvérsia, procurando configurar robustamente uma justaposição de elementos que levou

em conta apenas as informações convenientemente adequadas ao resultado que se pretende

alcançar, isto é, à estabilização da sentença em proposição. Cada ministro escolhido em nosso

recorte tinha uma sentença proposta no momento da decisão.

Enquanto o ministro Marco Aurélio trouxe elementos referentes a preocupação com o

desenvolvimento nacional, expansão da renda e desemprego, o ministro Dias Toffoli não tocou

nesse assunto. Para ele a questão da nocividade do amianto se sobrepôs a todas as outras, de

maneira que o perigo à saúde pública foi sua única preocupação. O ministro Marco Aurélio

não fez essa hierarquia. Ao tratar as duas frente de maneira igualitária, entendeu na sua decisão

final que o risco referente a produção, uso e descarte do amianto deveria ser suportado pela

sociedade em nome do crescimento econômico que essa atividade proporciona.

No movimento descrito vislumbramos o salto indutivo que permite toda a construção

do voto por cada um dos ministros. Para um, o ponto de partida é a saúde, para o outro é a

saúde/desenvolvimento nacional.

O exemplo acima nos mostra que a questão da proibição/liberação do amianto não

passou somente por uma operação lógica de ligação das “verdades científicas” trazidas pelos

especialistas, tampouco de uma aplicação formal do ordenamento jurídico. Houve aí uma

ponderação entre valores que, no bojo de um direito formal, são imponderáveis. Saúde ou

emprego? Saúde ou crescimento econômico? Como saber qual vale mais? Ou melhor: qual

vale mais para todos e para cada um dos brasileiros? Certamente para os empresários da

indústria do amianto vale mais o crescimento econômico. Mas para o Estado brasileiro é difícil

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determinar de uma maneira tão absoluta: os gastos com a saúde decorrente da utilização desse

material nocivo compensam o crescimento econômico que ele pode proporcionar? Essas são

apenas algumas das perguntas possíveis.

O convencimento dos ministros não resultou de uma simples conexão de “dados de

convicção” que resultassem numa tese. Isso porque a audiência pública reuniu “dados” muito

diversos e muitas vezes contraditórios. Muito mais do que reuni-los, o que os ministros fizeram

foi escolher quais seriam os “dados” confiáveis e legítimos, e que pudessem, ao mesmo tempo,

fortalecer e serem fortalecidos pela decisão judicial. O voto do ministro Marco Aurélio nos

mostra tudo que ficou de fora do voto vencedor do ministro Dias Toffoli.

A descrição da audiência pública realizada no julgamento da ADI n° 3937/SP e o

confronto posterior com os votos dos ministros pode mostrar o caminho seguido por eles.

Talvez uma dupla descrição: audiência pública/voto permita levantar o véu da decisão proferida

para mostrar as escolhas efetuadas. Foi o que tentamos fazer nesse trabalho: uma reflexão

acerca da atividade híbrida do STF, que tem como função precípua a guarda da Constituição

Federal, mas que vai muito além, incorporando a configuração de políticas públicas.

Por último, mas não menos importante, lembro aqui que uma decisão judicial não é

um texto auto executável. Apesar de existir uma eficácia que atinge a todos, não há garantias

de que o banimento vá se dar de maneira definitiva. Isso porque existem contextos de produções

de práticas muito diversos.

Sem dúvida a decisão do STF constituiu-se em uma importante vitória e um forte

aliado do banimento. Mas há ainda forças poderosas agindo no sentido de se manter a utilização

do amianto.

Terminamos com o exemplo do Estado da Bahia. Em dezembro de 2017 (logo após a

decisão do STF) foi aprovada a lei n° 13.830, que proibiu qualquer forma de uso do amianto no

estado. Nessa lei, através da influência do lobby da indústria do amianto, foi inserido um

dispositivo que permitia a indústria de cloro-soda utilizar o mineral em estoque até janeiro de

2026. Esse artigo foi vetado em seguida pelo governador Rui Costa. Esse veto prejudicou,

especificamente, as atividades da indústria Dow Química/Du Pont Brasil. Pela Lei 13.830, a

empresa tem, agora, 90 dias para deixar de usar o mineral. Desde então essa empresa vem

negociando com os deputados e a Assembleia legislativa da Bahia a aprovação de uma lei que

aumente esse prazo para 6-8 anos. Para essa negociação a empresa usa argumentos como

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ameaças de demissão em massa de trabalhadores e fechamento da fábrica caso o prazo não seja

estendido. A queda de braço continua, portanto, mas agora fora dos tribunais.

Referências

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