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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 12 | outubro de 2015 1 DIREITO, SEGURANÇA E DEMOCRACIA OUTUBRO 2015 12 O AMBIENTE, A POLÍCIA DO AMBIENTE E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO AMBIENTE JORGE ANTÓNIO DE JESUS SOARES DA CUNHA DOS SANTOS CARDOSO Mestrando em Direito e Segurança RESUMO Atualmente a problemática ambiental é deveras importante e tem merecido as preocupações das chefias de diversos líderes mundiais, entre as quais a portuguesa. Porém, constantes violações ao meio ambiente preconizadas pelo Homem no Planeta Terra criaram alterações outrora consideradas inimagináveis, cada vez mais sentidas. O presente Trabalho Individual que agora se submete a apreciação, intitulado O Ambiente, a Polícia do Ambiente e a Investigação Criminal Ambiental ”, pretende refletir sobre a estrutura que efetua a investigação de crimes ambientais na Guarda Nacional Republicana, sobre quais os ilícitos criminais que efetivamente pode levar a cabo durante uma investigação delegada e quais as principais dificuldades sentidas pelos investigadores daquele Serviço. Constatamos que atualmente existe um manancial considerável de normas jurídicas ligadas à proteção ambiental e que a sua fiscalização e investigação, está de um modo geral atribuída ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, como Polícia Ambiental Nacional. Verificamos ainda que a estrutura de investigação criminal criada neste serviço é recente e que carece de reflexão e implementação de procedimentos e

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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 12 | outubro de 2015

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DIREITO, SEGURANÇA E

DEMOCRACIA

OUTUBRO

2015

Nº 12

O AMBIENTE, A POLÍCIA DO AMBIENTE E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO AMBIENTE JORGE ANTÓNIO DE JESUS SOARES DA CUNHA DOS SANTOS CARDOSO Mestrando em Direito e Segurança

RESUMO Atualmente a problemática ambiental é deveras importante e tem merecido as

preocupações das chefias de diversos líderes mundiais, entre as quais a portuguesa.

Porém, constantes violações ao meio ambiente preconizadas pelo Homem no Planeta

Terra criaram alterações outrora consideradas inimagináveis, cada vez mais sentidas.

O presente Trabalho Individual que agora se submete a apreciação, intitulado

“O Ambiente, a Polícia do Ambiente e a Investigação Criminal Ambiental”, pretende

refletir sobre a estrutura que efetua a investigação de crimes ambientais na Guarda

Nacional Republicana, sobre quais os ilícitos criminais que efetivamente pode levar a

cabo durante uma investigação delegada e quais as principais dificuldades sentidas pelos

investigadores daquele Serviço.

Constatamos que atualmente existe um manancial considerável de normas

jurídicas ligadas à proteção ambiental e que a sua fiscalização e investigação, está de um

modo geral atribuída ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, como Polícia

Ambiental Nacional. Verificamos ainda que a estrutura de investigação criminal criada

neste serviço é recente e que carece de reflexão e implementação de procedimentos e

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orientações no que toca à delegação de processos criminais e à necessidade de

formação especializada.

Por tudo isso, reveste-se de primordial importância determinar quais os crimes que

devem ser investigados por esta estrutura de investigação criminal ambiental, bem como

quais as suas principais dificuldades.

Conclui-se neste trabalho que de entre a lista de crimes da competência da Guarda

Nacional Republicana, cuja investigação pode ser deferida ao investigador de crimes

ambientais, dada a sua especialização e por serem um recurso escasso, deverão ser

apenas os crimes relacionados com o ambiente e a natureza. Desde que estes não sejam

da competência reservada da Polícia Judiciária, devendo ser ressalvadas as

investigações deferidas nos termos da Lei de Organização da Investigação Criminal, pelo

que, não deverão investigar os crimes conexos à legislação ambiental. Por outro lado, no

que toca às dificuldades deste Serviço, elas diluem-se aquando da criação e

implementação do curso de investigação de crimes ambientais.

PALAVRAS-CHAVE Ambiente, GNR, SEPNA, Polícia Ambiental, Investigação Criminal.

ABSTRACT Currently environmental issues are quite important and have received concerns the

heads of several world leaders, including the Portuguese. However, constant violations of

the environment recommended by the man on Planet Earth, created changes once

considered unimaginable, increasingly felt.

This Individual Work is now undergoing an assessment, entitled "The

Environment, the Environmental Police and the Environmental Criminal

Investigation", aims to reflect on the structure that makes the investigation of

environmental crimes in the National Republican Guard, on which illicit criminals who can

effectively carry out during a delegated inquiry and what are the main difficulties

encountered by researchers of that Service.

We note that there is currently a considerable source of legal standards related to

environmental protection and that their inspection and investigation, is generally attributed

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to the Protection Service of Nature and the Environment, as National Environmental

Police. We also found that the criminal investigation structure created in this service is

recent and it lacks reflection and implementation of procedures and guidelines regarding

the delegation of criminal cases and the need for specialized training.

For all that, it is of paramount importance to determine which crimes should be

investigated by this environmental criminal structure and what are their main difficulties.

We conclude this work from the list of crimes within the jurisdiction of the National

Republican Guard, whose investigation may be granted to the investigator of

environmental crimes, given their expertise and for being a scarce resource, should be

only the crimes related to the environment and nature. Since these are not the exclusive

powers of the Judicial Police, shall be deferred except the investigation in accordance with

the Criminal Investigation Organization Act and therefore should not investigate crimes

related to environmental legislation. On the other hand, with regard to the difficulties of this

Service, they are diluted in establishing and implementing the environmental crimes

investigation course.

KEYWORDS Environment, GNR, SEPNA, Environmental Police, Criminal Investigation.

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS Art.º – Artigo

CPOS – Curso de Promoção a Oficial Superior

CTer – Comando Territorial

CNA – Comissão Nacional do Ambiente

CNUAD – Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento

CNUAH – Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano

CP – Código Penal

CPP – Código de Processo Penal

CRP – Constituição da República Portuguesa

Desp. – Despacho

DReg – Decreto Regulamentar

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DGRF – Direção-Geral de Recursos Florestais

DL – Decreto-Lei

DNA – Divisão da Natureza e do Ambiente

DSEPNA – Direcção do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente

DTA – Divisão Técnica Ambiental

DTer – Destacamento Territorial

EPNA – Equipa de Protecção da Natureza e do Ambiente

EPNAZE – Equipa de Protecção da Natureza e do Ambiente em Zonas Específicas

ENMA – Equipa Náutica e de Mergulho Ambiental

EPF – Equipa de Protecção Florestal

EUA – Estados Unidos da América

GEAP – Grupos Especiais de Ação de Pesquisa

GNR – Guarda Nacional Republicana

IC – Investigação Criminal

LBA – Lei de Bases do Ambiente

LBPA – Lei de Bases da Política de Ambiente

LOGNR – Lei Orgânica da Guarda Nacional Republicana

LOIC – Lei de Organização da Investigação Criminal

LOPSP – Lei Orgânica da Polícia de Segurança Pública

LQCOA – Lei Quadro das Contra-Ordenações Ambientais

MAI – Ministério da Administração Interna

MAOT – Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território

MP – Ministério Público

NEP – Norma de Execução Permanente

NIC – Núcleo de Investigação Criminal

NICCOA – Núcleo de Investigação de Crimes e Contra-Ordenações Ambientais

NPA – Núcleo de Protecção Ambiental

ONG´s – Organizações Não Governamentais

OPC – Órgão de Polícia Criminal

PJ – Polícia Judiciária

PSP – Polícia de Segurança Pública

RGCO – Regime Geral das Contra-Ordenações

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RGSGNR – Regulamento Geral do Serviço da Guarda Nacional Republicana

SecSEPNA – Secção de Protecção da Natureza e do Ambiente

SEPNA – Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente

SGA – Sistemas de Gestão Ambiental

SIIC – Secção de Informações e Investigação Criminal

UE – União Europeia

INTRODUÇÃO O presente Trabalho Individual insere-se no âmbito do curso de Mestrado em Direito

e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e pretende, em

contexto académico, apresentar qual o papel do Serviço de Proteção da Natureza e do

Ambiente (SEPNA) na Investigação Criminal Ambiental.

Um dos principais problemas com que a Humanidade e o planeta Terra se debate

hoje em dia tem a ver com as questões ambientais. A problemática ambiental ocupa as

preocupações das chefias de diversos líderes mundiais já há muito tempo, assim como,

“os cidadãos e demais intervenientes duma nova sociedade, agora mais preocupada com

o frágil equilíbrio ecológico do nosso planeta” (Antunes, 1997).

É com o passar dos anos, através de diversas convenções, cimeiras, tratados e

acidentes ambientais que se nota a evolução da política ambiental internacional. Porém, a

política ambiental de Portugal, apesar de não ser moderna e de assentar em influências

externas, tais como, leis e diretivas europeias, tem sofrido diversas mudanças. Pois ao

determinar-se que preservar recursos: é contribuir para a sustentabilidade ambiental e

consequentemente para o desenvolvimento sustentável; é considerado como fator

estratégico ao nível político nacional e internacional, alterou-se o paradigma e importância

da problemática ambiental (Schmidt, 2008).

Urge defender o ambiente e a natureza, motivo pelo qual Portugal e muitos outros

países tipificaram diversas normas ambientais repressivas de cariz criminal e

contraordenacional. De realçar que a legislação está cada vez mais rigorosa, impondo

pesadas sanções. Para viabilizar operacionalmente as referidas normas, existem diversas

polícias e entidades com competência de fiscalização da matéria ambiental. Porém, foi

sentido pelo governo a necessidade de melhorar e intensificar a prevenção e fiscalização

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do grande espectro legislativo existente no que ao ambiente diz respeito, motivo pelo qual,

através do Decreto-Lei (DL) n.º 22/2006, de 2 de fevereiro, foi criado o SEPNA. Este

Serviço é consagrado como polícia ambiental com competência para atuar em todo o

território nacional, ou seja, foi criada uma Polícia Nacional Ambiental.

O SEPNA, cedo impôs a prevenção e a fiscalização na sua forma de atuação, mas

apesar da especialização, uma vez que as Equipas de Proteção da Natureza e do

Ambiente (EPNA) e as Equipas de Proteção Florestal (EPF) efetuavam a investigação das

infrações ambientais e contra a natureza, estas residiam maioritariamente no espectro

contraordenacional (ambiente e natureza) e minoritariamente no espectro criminal

(prevalência da componente natureza em detrimento do ambiente), pelo que faltava no

seu seio um órgão dirigido para a Investigação Criminal (IC) ambiental. Existiu assim a

necessidade de um órgão que abarcasse estas componentes, motivo pelo qual foi criado

o Núcleo de Investigação de Crimes e Contra-Ordenações Ambientais (NICCOA).

A escolha do tema “O Ambiente, a Polícia do Ambiente e a Investigação Criminal

Ambiental” justifica-se por duas razões: primeiro, por o tema da proteção do ambiente ser

atual; segundo, por a IC ambiental ser uma atividade recente que carece de maior

interesse por parte dos dirigentes institucionais, principalmente ao nível da definição de

crimes ambientais e da natureza e da formação necessária a atribuir ao investigador

deste tipo de ilícitos criminais.

O objeto de estudo deste trabalho centra-se assim, nas vertentes de atuação e

áreas de intervenção do SEPNA, suas atribuições e na verificação / confirmação dos

crimes que lhes compete investigar. Desta forma, materializa-se este objetivo na seguinte

pergunta de partida: “Quais os crimes que devem ser investigados pelo SEPNA?”.

Desta, emerge outro leque de questões: “Pode o SEPNA investigar outros crimes,

que não contra o ambiente ou a natureza?”; e “Quais as dificuldades do SEPNA na

investigação de crimes ambientais?”; que serão respondidas ao longo do trabalho.

Tendo presente a magnitude da temática abordada, um dos objetivos deste trabalho

é compreender e procurar respostas para as questões elencadas através de uma revisão

da literatura, legislação existente e experiência profissional do autor aquando do

desempenho da função de Chefe da Secção do SEPNA no Comando Territorial (CTer) de

Lisboa, tendo-se organizado o presente trabalho em quatro capítulos.

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No primeiro capítulo far-se-á a abordagem sumária da evolução da política

ambiental a nível internacional e nacional. Já no segundo capítulo far-se-á o

enquadramento jurídico das matérias ambientais em Portugal. Porém deverá ser dada

atenção ao breve enquadramento do ponto de situação da questão ambiental, através da

operacionalização de conceitos como ambiente, desenvolvimento sustentável, segurança

ambiental, gestão ambiental e educação ambiental, plasmada no Apêndice A. O terceiro

capítulo caracteriza o SEPNA, onde se faz referência à sua criação, estrutura, áreas de

intervenção, atribuições e competências de polícia nacional ambiental. O quarto capítulo

versará sobre a IC ambiental, onde se irá refletir sobre quais os crimes a serem

investigados pelo SEPNA e quais as dificuldades sentidas por este Serviço na

investigação destes crimes. Por fim, partindo-se do plasmado nos capítulos anteriores,

tecer-se-ão algumas breves conclusões.

CAPÍTULO I: A POLÍTICA AMBIENTAL

A. A EVOLUÇÃO INTERNACIONAL A partir de 1950 verifica-se, em diversos países, a existência de uma tomada de

consciência em torno da questão ambiental, independentemente de terem surgido

durante o século XIX alguns movimentos ambientalistas em resposta à revolução

industrial, principalmente em Inglaterra e nos Estados Unidos da América (EUA). Segundo

Freitas & Martins (2012) os movimentos ambientalistas que decorreram durante o século

XIX e início do século XX, encontravam-se dedicados a temas relacionados com a

conservação e preservação da natureza e a gestão de recursos naturais. Como exemplo,

a Convenção para a Preservação de Animais, Pássaros e Peixes de África, foi assinada

em Londres em 1900.

Em 1968 durante a Conferência Intergovernamental sobre o Uso e a Conservação

da Biosfera, realizada em Paris, aparece a discussão sobre o conceito de

sustentabilidade. Nesse mesmo ano surge nos EUA o primeiro ato político sobre o

ambiente, o National Environment Policy Act (Freitas & Martins, 2012). Pela primeira vez,

em 1970, nos EUA é celebrado o Dia da Terra, onde centenas de milhares de pessoas se

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manifestaram contra a destruição do ambiente, pressionando desta forma o governo a

adotar medidas. Em 1971, nascem duas das maiores ONG’s ambientalistas, a

Greenpeace e a Amigos da Terra. Em 1972 realiza-se em Estocolmo a Conferência das

Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (CNUAH), reunindo cerca de 120 participantes

de diversos países, dando origem ao Programa das Nações Unidas para o Ambiente

(PNUA), que mantém um papel importante na proteção do ambiente a nível internacional

(Quental, 2009).

Ainda em 1972 é publicada a Declaração de Estocolmo, resultante da CNUAH, onde

é apresentada a necessidade de um ambiente saudável de forma a garantir o bem-estar

humano (Freitas & Martins, 2012). A “Declaração de Estocolmo não tem força de lei, mas

a sua significância jurídica decorre do facto de ela constituir uma interpretação geralmente

aceite da noção de direito do homem que figura na Carta das Nações Unidas. Por outro

lado, esta declaração forneceu uma motivação filosófica e jurídica à elaboração do direito

do homem ao ambiente.” (Antunes, 1997).

Passaram-se alguns anos, tendo decorrido diversas conferências e convenções,

bem como os acontecimentos que as originariam, desde o acidente ocorrido em Seveso,

Itália, numa fábrica de pesticidas que gerou a libertação de uma nuvem de dioxinas, a

falha no sistema de refrigeração do reator de uma central nuclear em Three Mile Island,

EUA, que originou a libertação de radiação, até à morte de cerca de mil pessoas ocorrido

em 1984, em consequência de quarenta toneladas de gás isocianato metílico ter sido

libertado por uma fábrica de pesticidas (Bhopal) na Índia, entre outros (Antunes, 1997).

Em 1992, no Rio de Janeiro, Brasil, decorreu a famigerada Cimeira da Terra, ou seja,

a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD),

reunindo 117 Chefes de Estado e representantes de grande parte dos países, da qual

resultaram os documentos base para o desenvolvimento sustentado. Nesta Cimeira, foi

assinada a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, onde

se propôs a redução das emissões de dióxido de carbono. Porém, devido à pressão

exercida por parte dos EUA, da mesma não resultou o efeito desejado (Quental, 2009).

Esta Cimeira originou 27 princípios fundamentais tendentes a salvar a Terra dos perigos

provocados pelo desenvolvimento industrial e económico.

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Foi em 1997, com a adoção do Protocolo de Quioto1, por parte da União Europeia

(UE), que se estabeleceram os limites para as emissões de gases com efeito de estufa,

obrigando-se esta a reduzir em 8% as emissões no período compreendido entre 2008 e

2012 (Borrego, 2010).

Em dezembro de 2000 realizou-se a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes

Orgânicos Persistentes (Convenção POP’s), considerada uma das mais importantes

ferramentas de promoção da segurança química global. Esta apresenta os princípios para

a eliminação da produção, utilização, importação e exportação de doze poluentes

orgânicos persistentes, bem como, as devidas precauções de manuseamento, deposição

e eliminação das libertações de certos poluentes orgânicos persistentes no meio

ambiente2.

No início do século XXI, apesar de terem ocorrido diversos acontecimentos

relacionados com a problemática ambiental, destacam-se a posição dos EUA ao anunciar

que não iriam ratificar o Protocolo de Quioto e a Cimeira Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentável, organizada pelas Nações Unidas e realizada em

Joanesburgo, em 2002, contando com a participação de 191 Governos, diversas

Organizações Intergovernamentais e ONG’s, Sector Privado, Sociedade Civil e

Investigadores (Quental 2009). Segundo o mesmo autor, nesta Cimeira, diversos líderes

mundiais validaram uma declaração política e um plano de implementação, mas cujo

resultado foi um fracasso devido à falta de metas e compromissos financeiros. Os

problemas ambientais há muito tempo se tornaram preocupações dos diversos países e

seus líderes, bem como dos “cidadãos e demais intervenientes duma nova sociedade,

agora mais preocupada com o frágil equilíbrio ecológico do nosso planeta” (Antunes,

1997).

Em suma, verifica-se que a evolução da política ambiental internacional tem

resultado dos diversos acontecimentos que foram acontecendo ao longo do tempo,

mormente através de convenções, cimeiras, tratados, acordos e acidentes ambientais.

1 http://www.ci.esapl.pt/jcms/EA/unfccc_protocolo_de_quioto.htm . 2 Decreto n.º 15/2004, de 3 de junho, que Aprova a Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, adotada em Estocolmo em 22 de Maio de 2001.

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B. A EXPERIÊNCIA PORTUGESA Apesar de Portugal poder basear-se na existência de trabalhos realizados pela Liga

para a Proteção da Natureza (LPN), criada em 1948, apenas despertou para a questão

ambiental em 1971, onde segundo Schmidt (2008) foi criada, no âmbito da Junta Nacional

de Investigação Científica e Tecnológica, a primeira estrutura estatal para o ambiente, a

Comissão Nacional do Ambiente (CNA) que produziu aquele que foi o primeiro relatório

nacional sobre os problemas relativos ao ambiente. O programa de ação da CNA

pretendia expressar os traços gerais da política ambiental, assim como, a execução das

primeiras realizações públicas e trabalhos de investigação relacionados com o estado do

ambiente.

Segundo Queirós (2002), os Ministérios das Obras Públicas e Economia foram os

grandes responsáveis pelas áreas relacionadas com o ambiente, no período anterior à

revolução dos cravos, apesar de na altura, privilegiarem o investimento público de forma a

estimular o crescimento económico.

Em 1974 foi criada a Secretaria de Estado do Ambiente, apesar de inicialmente

possuir poderes reduzidos e estar em mudança constante quanto ao enquadramento

ministerial conseguiu ainda ter alguma capacidade de intervenção, acabando por ser

integrada no Ministério da Qualidade de Vida de 1979 a 1985 (Antunes, 1997).

O facto de Portugal aderir à União Europeia um ano antes do Ano Europeu do

Ambiente (1987) constitui um marco fundamental na política ambiental do país, resultando

no reforço da legislação e na exigência e intensificação de novas medidas. Segundo

Borrego (2010) poder-se-ia, de forma sintética, documentar as medidas políticas tomadas

para a proteção do ambiente, em três fases distintas. A primeira fase compreenderia o

período até 1987, caracterizava-se pelo investimento na construção de infraestruturas de

saneamento básico efetuadas pelos Municípios e pela inexistência de legislação

adequada relativa à gestão de redes de distribuição de água e de redes de drenagem. O

início da segunda fase ficou marcada pela surpresa que Portugal gerou no seio UE ao ser

pioneiro na aprovação de uma Lei de Bases do Ambiente (LBA). De realçar que a

Constituição da República Portuguesa (CRP) de 19763, vista como pioneira no seu tempo,

consagrava o direito fundamental ao ambiente, estabelecendo deveres do Estado na

3 Decreto de 10 de Abril de 1976.

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proteção ambiental e abrindo campo para as primeiras iniciativas legislativas. A LBA

apresentava instrumentos particulares, tais como o licenciamento da utilização de

recursos naturais, os princípios do utilizador e poluidor-pagador, as medidas de gestão e

ordenamento do território e as medidas de combate e prevenção do ruído e da poluição

(Antunes, 1997). Decorrente desta foi surgindo diversa legislação relacionada com vários

problemas ambientais, entre os quais, a poluição da água, do ar e do ruído, à defesa do

litoral e à proteção das espécies. De salientar que entre 1987 e 1992 foram publicados

cerca de 70 diplomas ligados diretamente à proteção do ambiente e à gestão dos

recursos naturais (Melo & Pimenta, 1993). Por fim, a terceira fase, é completada por

acontecimentos históricos nas políticas do ambiente, determinando assim, a política de

ambiente em Portugal. De realçar que Portugal em 1992 assumiu pela primeira vez a

Presidência da UE, ano em que iria decorrer a CNUAD, tendo assim o país de se preparar

para a mesma, onde veio a presidir à delegação da UE e a desempenhar um papel

importante nas decisões tomadas (Borrego, 2010).

Foi no decorrer da CNUAD que se formalizaram a Declaração de Princípios do Rio e

a Agenda 21, expressando os princípios orientadores da política ambiental para os anos

vindouros. Foram também adotados dois instrumentos jurídicos para o ambiente e

desenvolvimento, a Convenção Quadro das Nações Unidas para Combate às Alterações

Climáticas e a Convenção sobre Diversidade Biológica, assim como, a fixação do conceito

de desenvolvimento sustentável. Segundo Antunes (1997) as Convenções para Combate

às Alterações Climáticas e sobre a Diversidade Biológica não passam de meros

documentos de princípios e intenções, onde não constam prazos ou metas, sendo

aqueles definidos com medidas suaves por forma a evitar os conflitos Norte-Sul.

Em suma de uma forma geral, verifica-se que a problemática ambiental chegou ao

nosso território através de influências externas, através de regulamentos e diretivas

europeias que foram sendo transpostas para a legislação nacional. Contudo, todo este

manancial de regulamentos e diretivas transpostas produziram poucos efeitos reais face

às expectativas criadas. Mais tarde, no decurso de diversos diagnósticos efetuados para

avaliar do impacto das políticas, leis e medidas que vieram do exterior, verifica-se que a

sua influência acabou por ter poucos reflexos internos, não sendo suficiente para

implementar ou para consolidar, uma política do ambiente (Schmidt, 2007).

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CAPÍTULO II: ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO AMBIENTE EM

PORTUGAL Atualmente em Portugal a legislação ambiental é muito vasta, uma vez que

congregam protocolos e acordos internacionais, regulamentação e legislação europeia e

legislação nacional. Porém faz sentido apresentar os mais importantes para um melhor

enquadramento da problemática ambiental.

A. OS TRATADOS DA UNIÃO EUROPEIA E DE

FUNCIONAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA

O Tratado da União Europeia (TUE) refere no seu preâmbulo que os Estados se

encontram determinados “(…) a promover o progresso económico e social dos seus

povos, tomando em consideração o princípio do desenvolvimento sustentável e no

contexto da realização do mercado interno e do reforço da coesão e da protecção do

ambiente, (…)”. O n.º 3 do Art.º 3.º refere que a União Europeia empenha-se num “(…)

elevado nível de protecção e de melhoramento da qualidade do ambiente.”. No âmbito da

persecução das políticas comuns e ações, e de forma a garantir um elevado grau de

cooperação, a UE diligência com fim a “contribuir para o desenvolvimento de medidas

internacionais para preservar e melhorar a qualidade do ambiente e a gestão sustentável

dos recursos naturais à escala mundial, a fim de assegurar um desenvolvimento

sustentável”, conforme plasmado na alínea f do n.º 2 do Art.º 21.º (UE, 2010).

O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE), na Parte XX do

documento trata sobre o Ambiente, referindo no seu Art.º 191.º que a política da UE no

domínio ambiental contribui para a persecução de objetivos tais como: “a preservação, a

proteção e a melhoria da qualidade do ambiente”; “a proteção da saúde das pessoas”; “a

utilização prudente e racional dos recursos naturais”; “a promoção, no plano internacional,

de medidas destinadas a enfrentar os problemas regionais ou mundiais do ambiente, e

designadamente a combater as alterações climáticas”. No mesmo artigo, é feita referência

que o objetivo a atingir é um grau de proteção elevado do ambiente, tendo em conta a

diversidade de situações existentes nas diferentes zonas da UE. Refere ainda que as

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suas políticas no domínio do ambiente se irá basear nos princípios da precaução e da

ação preventiva, da correção dos danos causados ao ambiente e do poluidor-pagador

(UE, 2010).

B. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGESA A CRP é vista como precursora em muitos aspetos, principalmente por no texto de

1976 fazer já referência ao ambiente como um direito. Este diploma consagra os direitos

fundamentais dos cidadãos portugueses, os princípios essenciais que regem o Estado

português e as grandes linhas de orientação política a que os seus órgãos devem

obedecer. O Art.º 8.º sob a epígrafe Direito Internacional vem referir que as disposições

dos tratados que regem a UE e as normas emanadas das suas instituições são aplicáveis

na ordem interna portuguesa, pelo que, as disposições dos Tratados acima referidos

integram a ordem jurídica de Portugal.

A CRP consagra no Art.º 9.º que é um dever do Estado “Proteger e valorizar o

património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os

recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território”. O Art.º 66.º da CRP

refere ainda que “Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e

ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.”; “Promover o aproveitamento

racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e a

estabilidade ecológica, com respeito pelo princípio da solidariedade entre gerações”;

“Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente”, ou seja,

determina o direito ao ambiente e explicita quais são os deveres adstritos ao Estado, quer

os atribuídos aos cidadãos portugueses por forma a se preservar a qualidade do

ambiente em Portugal, bem como a qualidade de vida da humanidade (PGDL, 2005).

C. A LEI DE BASES DA POLÍTICA DE AMBIENTE A Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, que define a Lei de Bases da Política de Ambiente

(LBPA) vem revogar a Lei de Bases do Ambiente (LBA – Lei n.º 11/87, de 7 de abril). A

LBA foi aprovada no seguimento da adesão de Portugal à Comunidade Europeia,

inserindo no ordenamento jurídico nacional, um aglomerado de novos princípios de direito

do ambiente, na senda do princípio institucional do direito ao ambiente previsto na CRP

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de 1976. Segundo Borrego (2010) a LBA foi considerada uma lei relativamente avançada

para a época da sua publicação, sendo de realçar a surpresa que Portugal gerou no seio

UE ao ser pioneiro na aprovação de uma lei desta natureza, vindo definir as linhas de

intervenção da política do ambiente em Portugal. A LBA veio ainda propor e assumir o

conceito de ambiente (Art.º 5.º) definido como “o conjunto dos sistemas físicos, químicos,

biológicos e suas relações e dos factores económicos, sociais e culturais com efeito

directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do

homem”, algo que a atual LBPA se esqueceu. De igual forma e em consonância com a

CRP o Art.º 2.º da LBA referia que “Todos os cidadãos têm direito a um ambiente humano

e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender, incumbindo ao Estado, (...),

promover a melhoria da qualidade de vida, quer individual, quer colectiva.”.

A LBPA refere no seu Art.º 5.º que os todos “têm direito ao ambiente e à qualidade

de vida, nos termos constitucional e internacionalmente estabelecidos.”, sendo que o

direito ao ambiente consiste no “direito de defesa contra qualquer agressão à esfera

constitucional e internacionalmente protegida de cada cidadão, bem como o poder de

exigir de entidades públicas e privadas o cumprimento dos deveres e das obrigações, em

matéria ambiental, a que se encontram vinculadas nos termos da lei e do direito.”. Esta

legislação contempla vários princípios, entre os quais: do desenvolvimento sustentável,

da responsabilidade intra e intergeracional, da prevenção e da precaução, do poluidor-

pagador, do utilizador-pagador, da responsabilidade, da recuperação, da cooperação

internacional, da transversalidade e da integração, do conhecimento e da ciência, da

educação ambiental e da informação e da participação. É uma legislação que aguarda ser

“desbravada”, por forma a melhor defender o ambiente e promover o desenvolvimento

sustentável (Assembleia da República, 2014).

D. O CÓDIGO PENAL Quanto à área criminal no domínio do ambiente, a revisão do Código Penal (CP) de

1982, efetuado em 19954 veio criar novas tipologias de crimes à componente ambiental,

nomeadamente os previstos nos artigos 278.º, 279.º, 280.º e 281.º. Anteriormente, o CP5

não efetuava a previsão de qualquer crime em que o bem colocado em causa fosse

4 Decreto-Lei n.º 48/95, de 15 de março. 5 Decreto-Lei n.º 400/82 de 23 de setembro.

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essencialmente o ambiente, a não ser a referência que os artigos 253.º e 269.º faziam

quanto a crimes de incêndio e crimes contra a saúde, respetivamente. Atualmente, o CP6

contém no seu texto a composição dos artigos supracitados referindo o crime de danos

contra a natureza (Art.º 278.º), o crime de poluição (Art.º 279.º), o crime de poluição

com perigo comum como agravante do artigo anterior (Art.º 280.º) e o crime de perigo

relativo a animais ou vegetais (Art.º 281.º), para além do crime de incêndio florestal

(Art.º 274.º). De salientar que estes artigos têm vindo a ser alterados, sendo a última

determinada pela Lei n.º 56/2011, de 15 de novembro. De realçar que ao longo do tempo

têm sido introduzidos alguns crimes novos, entre estes: o crime de violação de regras

urbanísticas (Art.º 278.º-A), proibindo a construção em terreno da Reserva Ecológica

Nacional, Reserva Agrícola Nacional, bem do domínio público ou terreno especialmente

protegido por disposição legal, preservando assim o ordenamento do território (através

da Lei n.º 32/2010, de 2 de setembro, que procede à 25.ª alteração do CP); o crime de

atividades perigosas para o ambiente (Art.º 279.º-A) (através da Lei n.º 56/2011, de 15

de novembro, que procede à 28.ª alteração do CP); e o crime de maus tratos a animais

de companhia (Art.º 387.º) e o crime de abandono de animais de companhia (Art.º

388.º) (através da Lei n.º 69/2014, de 29 de agosto, que procede à 33.ª alteração do CP).

Efetivamente, são apenas reconhecidos como crimes ambientais puros, os constantes

nos Art.os 278.º, 279.º e 280.º, porém aqui interessa-nos os crimes ambientais e da

natureza.

E. A LEGISLAÇÃO AVULSA Existe um grande manancial de legislação ambiental nacional e europeia em vigor

em Portugal. Neste caso em concreto, por existir algum interesse, apresenta-se alguma

legislação ambiental nacional de realce, comportando em alguns desses diplomas a

vertente criminal para além da vertente contraordenacional (não se apresenta as

alterações a que os diplomas foram sujeitos):

Lei de Bases Gerais da Caça (LBGC), aprovada pela Lei n.º 173/99, de 21 de

setembro (constam crimes e contraordenações) e o seu Regulamento (RLC),

6 Após a Lei n.º 30/2015, de 22 de abril, que procede à 36.ª alteração ao Código Penal.

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aprovado pelo DL n.º 202/2004, de 18 de agosto;

Lei da Pesca em águas interiores, aprovado pela Lei n.º 2097 de 6 de junho de

1959 (constam crimes e contraordenações) e o seu Regulamento, aprovado pelo

Decreto n.º 44623 de 10 de outubro de 1962;

Diversa legislação de Proteção de Animais de Companhia e bem-estar animal,

entre os quais o DL n.º 92/95, de 12 de setembro, o DL n.º 276/2001, de 17 de

outubro e o DL n.º 315/2009, de 29 de outubro – animais perigosos e

potencialmente perigosos (constam crimes e contraordenações);

Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora

Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), regulada pelo DL n.º 211/2009, de

3 de setembro;

Introdução de Espécies não Indígenas na Natureza (Lei das Exóticas), aprovada

pelo DL n.º 262/99, de 21 de dezembro;

Convenção de Berna, regulamentada pelo DL n.º 316/89, de 22 de setembro;

Diretiva Aves e Habitats, regulada pelo DL n.º 140/99, de 24 de abril;

Poluição Atmosférica (Regime de prevenção e controlo das emissões de

poluentes para a atmosfera), aprovada pelo DL n.º 78/2004, de 3 de abril;

Titularidade dos Recursos Hídricos, aprovada pela Lei n.º 54/2005, de 15 de

novembro, a Lei da Água (Enquadramento para a gestão das águas superficiais),

aprovada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro e o Regime da utilização dos

recursos hídricos, aprovado pelo DL n.º 226-A/2007, de 31 de maio;

Poluição Acústica (Regulamento Geral do Ruído), aprovado pelo DL n.º 9/2007,

de 17 de janeiro; e

Regime Geral da Gestão de Resíduos, aprovado pelo DL n.º 178/2006, de 5 de

setembro, para além da diversa legislação existente quanto a resíduos específicos

(Veículos em Fim de Vida, Resíduos de Construção e Demolição, Óleos Usados,

Óleos Alimentares Usados, Resíduos de Equipamento Elétrico e Eletrónico, Pneus

Usados, Pilhas e Acumuladores, Embalagens e Resíduos de Embalagem).

Em termos legislativos em matéria de proteção do ambiente e da natureza existem

cerca de mil diplomas legais. Assim, verifica-se que a quantidade de legislação

específica ambiental, onde se encontram expressamente previstas

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contraordenações é verdadeiramente assustadora.

F. A LEI QUADRO DAS CONTRA-ORDENAÇÕES

AMBIENTAIS Atualmente as infrações de mera ordenação social ambiental, possuem uma base

legislativa própria, identificada como Lei Quadro das Contra-Ordenações Ambientais

(LQCOA)7. Esta lei ambicionava disciplinar de forma sistemática as diversas matérias que

obrigatoriamente um regime deste âmbito pretendia abarcar, sendo enquadradas por

princípios sólidos e doutrinalmente aceites, bem como apresentar uma tramitação para os

processos de contraordenação ambiental adaptada à sua especificidade8.

Até à publicação deste diploma legal não existia um regime específico para as

contraordenações ambientais, consequentemente, existia a necessidade de se recorrer

ao Regime Geral das Contra-Ordenações (RGCO)9. Porém, este regime não possuía

resolução para os ilícitos de mera ordenação social ambiental que iam surgindo. Segundo

Almeida (2009) a principal alteração residiu na extensão da aplicação daquela Lei a todos

os processos que diziam respeito às contraordenações de natureza ambiental,

independentemente do regime jurídico específico aplicável. Através desta Lei, as

contraordenações ambientais passam a ser classificadas como leves (L), graves (G) e

muito graves (MG), sendo por consequência, o montante das coimas determinado em

função da gravidade do ilícito e conforme o autor seja pessoa singular ou coletiva. Com a

alteração à LQCOA, efetuada através Lei n.º 89/2009, de 31 de agosto, as pesadas

coimas e sanções acessórias para ilícitos ambientais foram reduzidas.

Analisando o diploma verifica-se que no Art.º 1.º da LQCOA se faz a alusão do que

constitui uma contraordenação ambiental, referindo-se que é “(…) todo o facto ilícito e

censurável que preencha um tipo legal correspondente à violação de disposições legais e

regulamentares relativas ao ambiente que consagrem direitos ou imponham deveres, para

o qual se comine uma coima.”, considerando-se como legislação e regulamentação

ambiental toda aquela que diga respeito às componentes ambientais naturais e humanas

7 Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, alterada pela Lei n.º 89/2009, de 31 de agosto e retificada pela Declaração de Retificação n.º 70/2009, de 1 de outubro. 8 Ponto 5 da exposição de motivos constante da respectiva proposta de lei, n.º 20/X. 9 Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro.

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enunciadas na LBA, atualmente revogada, mas estes conceitos replicados. De realçar a

importância da criação do Fundo de Intervenção Ambiental (Art.º 69.º), para onde são

direcionadas 50% receitas do produto das coimas com o objetivo de prevenir e reparar

danos resultantes de atividades lesivas para o ambiente (Art.os 70.º e 73.º). De evidenciar

que tanto as sanções acessórias como as medidas cautelares são tratadas e

estabelecidas exclusivamente para as questões ambientais. De salientar ainda que

existem algumas infrações contraordenacionais ao ambiente e natureza que se regem

pelo RGCO, nomeadamente o DL n.º 124/2006, de 28 de junho, que estrutura o Sistema

Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.

CAPÍTULO III: O SERVIÇO DE PROTEÇÃO DA NATUREZA E

DO AMBIENTE

A. O PAPEL DA GUARDA NA PROTEÇÃO DA NATUREZA E

DO AMBIENTE Não podemos falar do SEPNA sem primeiro caracterizar a instituição de que

depende. A Guarda Nacional Republicana (GNR) é, nos termos do n.º 1 do Art.º 1.º da

sua Lei Orgânica (LOGNR) 10 , uma “(...) força de segurança de natureza militar,

constituída por militares organizados num corpo especial de tropas (...)”. Estruturalmente

a GNR é dividida em três grandes pilares: a estrutura de comando, as unidades e o

estabelecimento de ensino.

O Art.º 3.º da LOGNR define as atribuições desta força de segurança, onde se

verifica que a GNR é responsável por “assegurar o cumprimento das disposições legais e

regulamentares referentes à proteção e conservação da natureza e do ambiente, bem

como prevenir e investigar os respetivos ilícitos”11.

Uma das principais características da GNR é possuir uma forte tradição rural e um

dispositivo implantado em todo o território nacional (n.º 1 do Art.º 5.º da LOGNR),

ocupando 94% deste último, onde residem 54% da população, o que lhe permite grande

poder de intervenção, num curto espaço de tempo (GNR, 2013). No mesmo sentido,

10 Lei n.º 63/2007, de 6 de novembro. 11 Alínea a) do n.º 2 do Art.º 3.º da LOGNR.

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Amado (2011) refere que fruto deste tipo de dispositivo, da realidade peculiar de cada

local e do conhecimento profundo das pessoas que ali habitam, a GNR usufrui de

condições distintas para alargar e arraigar a sua intervenção ao “nível da prevenção,

fiscalização, investigação e repressão das infrações ambientais”.

O Art.º 6.º do Regulamento Geral do Serviço da GNR (RGSGNR)12 enumera as

áreas de atuação, onde a GNR cumpre a sua missão, sendo uma delas a proteção da

natureza e do ambiente. O RGSGNR realça no seu Art.º 190.º a missão do SEPNA e

refere no Art.º 189.º que este Serviço é uma polícia ambiental de caráter nacional,

competente para “vigiar, fiscalizar, noticiar e investigar as infrações à legislação que visa

proteger a natureza, o ambiente e o património natural, em todo o território nacional”.

Por forma a responder às preocupações, expectativas e exigências da sociedade,

nas diversas matérias de defesa da natureza e do ambiente, derivada da inexistência de

uma autoridade que efetuasse a fiscalização de forma eficaz os ilícitos ambientais e da

natureza, a celebração de um protocolo em 22 de maio de 2001, entre os Ministérios da

Administração Interna e do Ambiente, resultou na criação de um serviço específico e

especializado em matérias de ambiente, o SEPNA, na GNR. De realçar que uma das

razões principais que levou à criação deste serviço foi a escassa fiscalização ambiental,

dada a incapacidade técnica dos organismos estatais responsáveis nesta matéria. Pelo

que, derivado dos excelentes resultados das suas congéneres europeias neste âmbito,

levou a GNR a iniciar-se nos problemas ambientais com o objetivo de se modernizar e

seguir as crescentes aspirações da sociedade nessa matéria específica (Amado, 2011).

Em suma, a GNR cumpre assim um papel assaz importante, possuindo condições

únicas, uma vez que o seu dispositivo se encontra disseminado por todo o território

nacional, criando desta forma um grande poder de intervenção e atuação num curto

período temporal que, combinadas com as competências que legalmente lhe estão

atribuídas, pode realizar ações de prevenção e fiscalização com enorme capacidade e

eficiência.

B. CRIAÇÃO, ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES

12 Despacho n.º 10393/2010, de 22 de junho do Comando-Geral.

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O SEPNA, que assumiu o caráter de uma nova especialização dentro dos quadros

das Armas e Serviços já existentes, foi instituído na GNR por Despacho (Desp.) de 15 de

janeiro de 2001 do Comandante-Geral da GNR (GNR, 2011).

Porém, a criação do SEPNA apenas se efetivou em 22 de maio de 2001, altura em

que foi celebrado protocolo entre os Ministérios da Administração Interna (MAI) e do

Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT) o qual refere, expressamente, que “O

MAI, através da Guarda Nacional Republicana (Serviço de Protecção da Natureza e do

Ambiente – SEPNA/GNR), se compromete, em estreita colaboração com os serviços do

MAOT, a intervir pedagógica e coercivamente, na prevenção e no combate contra

condutas, passivas e activas, contrárias ao devido cumprimento das normas legais que

vigorem na área do Ambiente e do Ordenamento do Território” (GNR, 2011).

A “Linha SOS Ambiente” criada em 5 de julho de 2002, veio facilitar as denúncias

contra a violação à legislação ambiental e da natureza por parte dos cidadãos, estes cada

vez mais conscientes da sua cidadania e das problemáticas ambientais. Inicialmente, esta

Linha possuía uma dupla gestão, efetuada através do SEPNA e da Inspeção-Geral do

Ambiente e Ordenamento do Território. Porém, a partir de julho de 2007, a

responsabilidade transitou de forma permanentemente para o SEPNA, passando assim

este a efetuar o tratamento de todas as denúncias a nível nacional, quando provenientes

por esta Linha (GNR, 2011).

Embora a sua criação tenha ocorrido em 2001, só em 2002 iniciou a sua atividade, e

só em 2006 foi o SEPNA, no âmbito da GNR, consagrado através do DL n.º 22/2006, de 2

de fevereiro, funcionando na dependência do Comando-Geral da GNR, através da Chefia

do SEPNA, atualmente extinta e que deu origem à Direção daquele serviço, ao qual lhe

atribui missões específicas. Este documento legal extingue na Direcção-Geral dos

Recursos Florestais (DGRF), o Corpo Nacional da Guarda Florestal, consagra a

integração da Ex-Guarda Florestal da DGRF no SEPNA, bem como transfere os seus

bens móveis.

Com a integração da Ex-Guarda Florestal da DGRF, o SEPNA viu ampliadas as

suas missões, por quanto lhes era aplicável, com as necessárias adaptações, o regime

definido no DL n.º 111/98, de 24 de abril, atribuindo-lhes competências para a fiscalização

do cumprimento da legislação florestal, da caça e da pesca, ganhando assim relevo e

aumentando a sua capacidade de intervenção, fiscalização e investigação em todo o país.

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A Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto, vem, entre outras atribuições e missões do

SEPNA, através do n.º 1 do Art.º 5.º, determinar que este Serviço é constituído como

polícia ambiental (polícia em sentido material, objetivo ou funcional e não orgânico,

subjetivo ou institucional) com competência para atuar em todo o território nacional.

A partir de 2007 inicia-se a grande reestruturação da GNR, que veio a ser

implementada no ano de 2009. A Resolução do Conselho de Ministros n.º 221/2007, de

01 de março de 2007, vem fixar as linhas de orientação da reestruturação organizacional

da GNR, tendo sido aprovado em 6 de novembro a nova LOGNR13 que veio definir as

missões, atribuições e as bases da organização interna da GNR, sendo de sublinhar o n.º

2 do Art.º 3.º. O Decreto Regulamentar (DReg) n.º 19/2008, de 27 de novembro,

determinou a estrutura nuclear do Comando da Guarda e definiu as competências das

respetivas unidades, vindo nos termos da alínea d) do Art.º 3.º criar a Direcção do Serviço

de Protecção da Natureza e do Ambiente (DSEPNA), como órgão central de direção,

coordenação, controlo e supervisão técnica, na dependência do Comando Operacional.

O Desp. n.º 32021/2008, de 5 de dezembro, alterado e revogado pelo Desp. n.º

4501/2010 de 15 de março (este último já revogado pelo Desp. n.º 9634/2011, de 19 de

julho), cria na DSEPNA, como unidades orgânicas flexíveis, a Divisão da Natureza e do

Ambiente (DNA) e a Divisão Técnica Ambiental (DTA), atribuindo-lhes competências. O

Desp. n.º 72/2008-OG, de 22 de dezembro veio definir as competências, a estrutura e o

efetivo das unidades territoriais e criar no Destacamento Territorial (DTer) o Núcleo de

Protecção do Ambiente (NPA), órgão tecnicamente dependente da DSEPNA. O Desp. n.º

53/09-OG, de 30 de dezembro veio revogar o Desp. n.º 72/08-OG, de 22 de dezembro e

proceder a alguns ajustamentos quanto às competências, à estrutura e ao efetivo dos

CTer’s, criando a Secção de Protecção da Natureza e do Ambiente (SecSEPNA), na

estrutura do CTer, na dependência direta do Comandante Territorial, chefiada pelo Oficial

SEPNA. É nesta estrutura que se encontra o órgão responsável por desenvolver a

investigação criminal ambiental, no que aos crimes ambientais e da natureza diz respeito.

À SecSEPNA, nos termos do Desp. n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro, cabe entre

outras atribuições determinar, coordenar e apoiar a investigação dos ilícitos contra a

natureza, ambiente e florestas, assumindo o Oficial SEPNA (Chefe da SecSEPNA), na

13 Lei n.º 63/2007, de 6 de novembro.

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delegação de inquéritos judiciais, as competências legais de Autoridade de Policia

Criminal.

Estruturalmente, o SEPNA encontra-se dividido em três níveis, a estrutura superior,

a intermédia e a base, melhor percebida no Apêndice B. A estrutura superior é

constituída pela DSEPNA, que nos termos do n.º 3 do Art.º 32.º da LOGNR se encontra

subordinada do Comando Operacional, competindo-lhe, ao abrigo do Art.º 9.º do DReg n.º

19/2008, de 27 de novembro, “assegurar o planeamento, coordenação e supervisão

técnica” do SEPNA e “propor, difundir e assegurar o cumprimento das normas técnicas no

âmbito da atividade de proteção da natureza e do ambiente”. A DSEPNA compreende em

termos gerais a DNA e a DTA, cada um destes órgãos com competências definidas em

Desp.14, que podem ser verificadas no Apêndice C. A estrutura intermédia, situada ao

nível dos CTer’s, abrange todos os distritos do território nacional, incluindo os Açores e a

Madeira, possuindo cada um daqueles Comandos uma SecSEPNA, que compreende a

Chefia da Secção, um NICCOA e um Núcleo de Análise e Coordenação Técnica

Ambiental (NACTA), cada um destes órgãos com competências definidas em Desp.15,

que podem ser verificadas no Apêndice C. A estrutura base é constituída por um NPA, em

cada Comando de DTer, sendo a primeira linha de intervenção, porquanto nesta se

encontrarem os elementos operacionais com valência SEPNA, cuja competência, bem

como dos seus órgãos, se encontram plasmados em 3. h. (2) (b) da Norma de Execução

Permanente (NEP) n.º 01/CO/DSEPNA/2011, de 1 de dezembro.

Nos termos do Art.º 3.º do DL n.º 22/2006, de 2 de fevereiro, estes elementos da

GNR têm a formação adequada (curso de especialização e de atualização contínua da

formação inicial), cujo programa é definido por portaria conjunta dos Ministros da

Administração Interna, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e do

Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, sob proposta do

Comandante-Geral da GNR.

Segundo Amado (2011) as missões do SEPNA agrupam-se em cinco grandes áreas:

natureza, ambiente, florestas, proteção sanitária e animal, e educação ambiental. A

atividade deste Serviço “visa a defesa e preservação da natureza e do ambiente, a

manutenção dos recursos naturais e hídricos, o equilíbrio dos ecossistemas e a

14 Despacho n.º 9634/2011, de 19 de julho, do CG/GNR. 15 Despacho n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro de 2009.

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conservação da biodiversidade, bem como o ordenamento sustentado do território.”16,

competindo-lhe “vigiar, fiscalizar, noticiar e investigar todas as infrações à legislação que

visa proteger a natureza, o ambiente e o património natural, em todo o território

nacional.”17.

A missão geral do SEPNA para além do plasmado no Art.º 2.º do DL n.º 22/2006, de

2 de fevereiro, na Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto, e Art.º 190.º do RGSGNR

(Apêndice C), aborda nos termos da NEP n.º 01/CO/DSEPNA/2011, de 1 de dezembro,

as seguintes matérias específicas: prevenção e investigação de incêndios florestais;

fauna e flora; florestas, áreas classificadas e Rede Natura 2000, caça e pesca;

Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens

Ameaçadas de Extinção (CITES); controlos sanitários e de proteção animal; poluição

atmosférica e dos solos; ruído; proteção dos recursos hídricos; ordenamento do território;

exploração de inertes; resíduos e substâncias perigosas; património histórico e natural;

turismo e desportos; e atividades perigosas ou nocivas para o Ambiente.

A GNR desenvolve o seu serviço policial com base no policiamento de proximidade

e na segurança comunitária, visando: contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos

cidadãos; territorializar as ações de prevenção criminal; aumentar o grau de integração,

melhorar a comunicação e promoção da ligação com todos os atores sociais relevantes;

fomentar a noção de serviço público; incrementar dentro da Guarda duma filosofia de

policiamento pró-ativo; e aumentar a qualidade da ação policial18.

Neste sentido, de acordo com a NEP n.º 01/CO/DSEPNA/2011, de 1 de dezembro,

os elementos SEPNA devem reger-se por uma ação preventiva e de proteção dos

cidadãos das infrações contra o ambiente e a natureza, motivo pelo qual incluem na sua

atuação três princípios fundamentais, a sensibilização, a prevenção e a fiscalização.

Segundo Amado (2011), a GNR através da criação do SEPNA desenvolveu uma

estratégia nova de intervenção na problemática ambiental, assente em três pilares: a

proximidade, a especialização e a coordenação. A proximidade, por meio do

conhecimento oportuno dos problemas e do envolvimento da população na defesa do

meio ambiente (policiamento ambiental de proximidade). A especialização, dos recursos

humanos e técnicos afetos à função SEPNA. A coordenação, realizada através da relação

16 Art.º 188.º do RGSGNR. 17 n.º 1 do Art.º 5.º da Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto. 18 http://www.gnr.pt/default.asp?do=241t4nzn5_r52rpvnv5/241t4nzn5.

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com outras entidades e organismos, quer sejam nacionais e/ou internacionais.

CAPÍTULO IV: A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL AMBIENTAL

A. A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NA GUARDA NACIONAL

REPUBLICANA De acordo com Braz (2013, citando Ferreira Antunes, 1985), a IC pode definir-se

genericamente como sendo “a pesquisa sistemática e sequente do respetivo objeto, com

recurso a meios técnicos e científicos.”.

No plano normativo nacional o conceito de IC aparece no Art.º 1.º da Lei n.º 49/2008,

de 27 de agosto, que aprova a Lei de Organização da Investigação Criminal (LOIC),

definindo-se como “o conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se

destinam a averiguar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua

responsabilidade, descobrir e recolher as provas, no âmbito do processo”.

Já no âmbito do Código de Processo Penal (CPP), no seu n.º 1 do Art.º 262.º

relativo à finalidade e âmbito do inquérito, estabelece que o mesmo “(...) compreende o

conjunto de diligências que visam investigar a existência de um crime, determinar os

seus agentes e a responsabilidade deles e descobrir e recolher as provas, em ordem à

decisão sobre a acusação.”, ou seja, remete-nos para o conceito de IC.

Assim sendo, a atividade de IC desenvolve-se no seio do Sistema de Investigação

Criminal, ao qual o legislador atribui dois grandes objetivos. O primeiro é contribuir para a

aplicação da justiça em cada caso concreto, já o segundo é o de contribuir para a

prevenção da criminalidade. Nesta área atuam os Órgãos de Polícia Criminais (OPC),

quer os de competência genérica – Polícia Judiciária (PJ), GNR e Polícia de Segurança

Pública (PSP) – quer os de competência específica – designadamente, o Serviço de

Estrangeiros e Fronteiras e a Polícia Marítima, entre outros (PGDL, 2015a)19.

O objetivo da IC é a “reconstituição mental dos factos, ou seja, a reconstituição

histórica, que se orienta no sentido de dar resposta às seguintes questões: Quem? O quê?

Onde? Quando? Como? Porquê?” (GNR, 2008a).

19 Cfr. Art.ºs 4.º, 6.º e 7.º da Lei n.º 49/2008, de 27 de agosto.

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Segundo Valente (2012, p. 377) a IC “(…) tem como fim último a realização do

direito nas prossecuções de defesa da sociedade, do colectivo, que tem o direito de viver

em segurança e numa ordem social e internacional que garanta a efectivação plena dos

seus direitos e liberdades (...)”.

É certo que desde a criação da GNR esta desenvolve a atividade de IC, porém

parece pacífico admitir que em termos de estrutura orgânica esta estivesse cometida, por

sequência cronológica, à Polícia de Investigação Judiciária e Preventiva (1893), à Polícia

de Investigação (1918), à Polícia de Investigação Criminal (1922) e por último à Polícia

Judiciária (1945).

Legalmente, na GNR, a IC é algo recente, tendo as portas sido abertas

definitivamente por intermédio do DL n.º 81/95, de 22 de abril.

Segundo Vieira (2002) o legislador pretendeu, através do diploma acima identificado,

empenhar para além da PJ outros OPC no esforço direto de combate ao tráfico e

consumo de estupefacientes, atribuindo competências de IC às forças de segurança,

deixando assim a PJ de possuir a exclusividade neste tipo de crimes.

Efetivamente, aquele diploma foi crucial para o desenvolvimento do sistema de IC

em Portugal, uma vez que veio estabelecer esquemas de coordenação operacional

eficazes, baseados na centralização de informação e na implementação de diversos

patamares de intervenção.

Assim, em 1992 foram criados os Grupos Especiais de Ação de Pesquisa (GEAP).

Os GEAP, que organicamente se encontravam nas Brigadas Territoriais, tendo como

missão a “pesquisa e recolha de notícias tendentes à prevenção e à investigação criminal

em todas as matérias cuja competência tenha sido atribuída à GNR, designadamente o

combate ao tráfico e consumo de estupefacientes e a Investigação dos crimes de maior

complexidade.”20 . Em simultâneo, ao nível dos DTer’s, foram criados os Núcleos de

Investigação Criminal (NIC), tendo por missão complementar as missões desenvolvidas

pelos GEAP.

No ano de 2000, aquando da publicação da Lei n.º 21/2000, de 10 de agosto, que

aprovou a LOIC (posteriormente alterada pelo DL n.º 305/2002, de 13 de dezembro), a

GNR é confrontada com um acréscimo de competências em matérias de IC, passando a

20 NEP/GNR n.º 3.38, de 6 de Julho de 1999.

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deter competência de investigação em “mais de 80%”21 dos crimes perpetrados na sua

zona de ação. Neste sentido, a LOIC de 2000 introduziu alterações importantes no

sistema de IC português, instituindo uma repartição de competências de investigação

entre a PJ, a PSP e a GNR, mantendo a PJ uma posição central (GNR, 2009d).

Posteriormente a GNR procedeu à elaboração do Plano Estratégico para a

Investigação Criminal e Análise de Informação Criminal, onde estabeleceu a formação de

especialistas, a aquisição de meios técnicos e a adaptação da estrutura orgânica como

eixos a serem seguidos para o desenvolvimento sustentado da atividade de prevenção e

IC na GNR, de acordo com as competências que a Lei lhe atribui (GNR, 2009d).

Porém, a estrutura orgânica de IC na GNR foi instituída em 2003, através do Desp.

n.º 07/03-OG, de 21 de janeiro, com a criação da Chefia de Investigação Criminal. A

estrutura da IC para a componente territorial foi estabelecida nas suas três vertentes:

investigação criminal operativa, criminalística e análise de informação criminal tácita (GNR,

2003a). Nos termos deste Desp., foram atribuídas as competências genéricas dos órgãos

dos diversos escalões de Comando e estabelecidos os respetivos quadros orgânicos.

Estabeleceu ainda que a implementação da estrutura de IC seria promovida com base em

critérios de prioridade, disponibilidade de recursos e habilitação específica do pessoal

para o exercício da atividade (GNR, 2003a). Com o Desp. n.º 51/03-OG, de 29 de agosto,

e com o Desp. n.º 41/05-OG, de 30 de dezembro, respetivamente, foi criada a Estrutura

de Investigação Criminal da Brigada de Trânsito e harmonizada a Estrutura de

Investigação Criminal da Brigada Fiscal.

Entretanto, durante os anos de 2007 e 2008 foram aprovadas significativas

alterações ao Sistema de Investigação Criminal, ao Sistema de Segurança Interna e à

estrutura da GNR, através, respetivamente, da Lei n.º 49/2008, de 27 de agosto (LOIC),

da Lei n.º 53/2008, de 29 de agosto (LSI) e da Lei n.º 63/2007, de 6 de novembro

(LOGNR). Para além desta última, destacam-se de entre os atos normativos que

estabelecem a nova estrutura da GNR, o Decreto-Regulamentar n.º 19/2008, de 27 de

novembro, a Portaria n.º 1450/2008, de 16 de dezembro, o Desp. n.º 53/09-OG, de 30 de

dezembro, o Desp. n.º 60/09-OG, de 30 de dezembro e o Desp. n.º 62/09-OG, de 30 de

dezembro.

21 Segundo indicação em Despacho n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro.

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A LOIC de 2000 foi revogada pela LOIC de 200822, cumprindo-se o determinado na

Resolução de Conselho de Ministro n.º 45/2007, de 19 de março, sendo que as alterações

impostas neste diploma legal resultaram das atualizações legislativas, tendo em vista a

harmonização da LOIC com o CP e o CPP, bem como veio proceder à clarificação dos

conceitos de competência genérica, específica e reservada (PGDL, 2015a)23.

Posteriormente, outros despachos permitiram habilitar a estrutura de IC para outras

áreas especificas, mormente quanto às componente de: trânsito, proteção do ambiente e

fiscal; estabelecendo e atualizando os quadros orgânicos de referência e um conjunto de

princípios organizativos cruciais à necessária repartição de competências de IC na GNR24.

Assim sendo, a partir de 2010, de forma a colmatar as alterações significativas

acima referidas, a estrutura de IC na GNR passou a estar regulada através do Desp. n.º

63/09-OG, de 31 de dezembro.

Recentemente, a estrutura de IC na GNR foi objeto de restruturação através do

Desp. n.º 18/2014-OG, de 11 de março, tendo em termos de princípios seguido os

constantes no anterior Desp., excetuando o principio da inamovibilidade funcional. Porém,

a sua principal alteração ao nível do dispositivo territorial foi a perda do comando do NIC,

por parte do Comandante de DTer, que passaram a estar na alçada das Seções de

Investigação Criminal dos CTer’s, por intermédio de um “Comandante Operacional” (GNR,

2014). Alteração esta que tem gerado alguma controvérsia ao nível do dispositivo.

B. COMPETÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE

POLÍCIA CRIMINAL Segundo a línea c) do Art.º 1.º do CPP por OPC, entende-se “(…) todas as

entidades e agentes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer actos ordenados por

uma autoridade judiciária ou determinados por este Código.”.

Compete aos OPC coadjuvar as autoridades judiciárias com vista à realização das

finalidades do processo, bem como e em especial, mesmo por iniciativa própria, obter a

notícia dos crimes perpetrados e “(...) impedir quanto possível as suas consequências,

22 Lei n.º 49/2008, de 27 de agosto (atualmente alterada pela Lei n.º 34/2013, de 16 de maio e Lei n.º 38/2015, de 11 de maio). 23 Cfr. Art.ºs 4.º, 6.º e 7.º da Lei n.º 49/2008, de 27 de agosto. 24 Despacho n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro.

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descobrir os seus agentes e levar a cabo os actos necessários e urgentes destinados a

assegurar os meios de prova.”, conforme estatuído no Art.º 55.º do CPP.

Nos termos do Art.º 12.º da LOGNR, os OPC são todos “(…) os militares da Guarda

incumbidos de realizar quaisquer actos ordenados por autoridade judiciária (…)” ou

determinados pelo CPP. Estes militares atuam no processo criminal sob a direção e na

dependência funcional da autoridade judiciária competente, sendo os atos por estes

determinados, realizados pelos serviços e militares que foram designados pela cadeia de

comando respetiva, “(…) no âmbito da sua autonomia técnica e tática.”25.

As competências de IC atribuídas aos OPC encontram-se plasmadas na atual LOIC,

nomeadamente no seu Art.º 3.º onde estabelece que são OPC de competência genérica:

a PJ, a GNR e a PSP, porém poder-se-á afirmar que a competência genérica atribuída à

GNR e PSP são no fundo residual, uma vez que, taxativamente e de acordo com o

preconizado pela LOIC, só são investigados por estas duas Forças de Segurança os

crimes que não sejam da competência reservada ou específica dos demais OPC (Silvério

& Afonso, 2010).

A LOIC de 200826 vem introduzir alterações ao regime vigente em matéria das

competências cometidas, reservadas e passíveis de deferimento à PJ, à PSP e à GNR,

nomeadamente que, qualquer OPC possa ter competência reservada se tal for

legalmente estabelecido, conforme tipificado no seu Art.º 6.º. Por outro lado, viram-se

reforçados os poderes do Procurador-Geral da República no âmbito da IC, tornando-o

responsável na atribuição da competência para a investigação de crimes reservados a

determinado OPC.

Relativamente à PJ, a atual LOIC, continua a prever um “catálogo de crimes” que

embora seja da sua competência reservada, admite-se o seu deferimento a outros OPC,

conforme referido no n.º 3 do Art.º 7.º deste diploma legal.

C. O AMBIENTE E A POLÍCIA DE SGURANÇA PÚBLICA Por diversas vezes criam-se duplicações em matérias de competência, levantando-

se dúvidas na responsabilidade em assuntos adstritos ao ambiente.

25 Art.º 56.º do CPP e Art.º 12.º da LOGNR 26 Lei n.º 49/2008, de 27 de agosto (atualmente alterada pela Lei n.º 34/2013, de 16 de maio e Lei n.º 38/2015, de 11 de maio).

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Neste sentido, verifica-se que a PSP tem como atribuição na área do ambiente

“assegurar o cumprimento das disposições legais e regulamentares referentes à

protecção do ambiente, bem como prevenir e investigar os respectivos ilícitos.” (PGDL,

2007)27.

No caso da GNR dispõe-se que lhe compete “assegurar o cumprimento das

disposições legais e regulamentares referentes à protecção e conservação da natureza e

do ambiente, bem como prevenir e investigar os respectivos ilícitos” (PGDL, 2008b)28.

A letra destas normas difere apenas porque no caso da GNR se acrescenta:

“conservação da natureza”. Em todo o caso verifica-se tratar de uma competência

genérica igual, de atuação na área do ambiente, quer para a GNR, quer para a PSP.

Ora, a Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto regulamentou o n.º 1 do Art.º 8.º do DL

n.º 22/2006, de 2 de fevereiro, conforme se indica no seu objeto “definindo os termos em

que se processa a coordenação da actividade dos serviços dependentes dos Ministérios

da Administração Interna, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do

Desenvolvimento Regional e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas no

âmbito da defesa da floresta contra incêndios, nomeadamente na prevenção, vigilância,

detecção e investigação das causas de incêndios florestais, bem como na protecção dos

espaços florestais e recursos associados, designadamente na fiscalização, na protecção

contra agentes bióticos e na prevenção de outras agressões ao ambiente, aos recursos

hídricos e ao património natural” [meu sublinhado].

Mais adiante, estabelece-se de forma contundente e decisiva que o SEPNA

“constitui-se como polícia ambiental, competente para vigiar, fiscalizar, noticiar e

investigar todas as infracções à legislação que visa proteger a natureza, o ambiente e o

património natural, em todo o território nacional, sem prejuízo das competências próprias

dos vigilantes da natureza”29 [meu sublinhado].

Não restam pois dúvidas que tendo a PSP competência genérica na área da

proteção do ambiente, compete ao SEPNA da GNR, sem qualquer dúvida e em primeira

mão, atuar em todo o território nacional no âmbito da legislação que visa proteger a

natureza, o ambiente e o património natural. Assim sendo, esta é por excelência a Polícia

Ambiental Nacional.

27 Alínea n) do n.º 2 do Art.º 3.º da Lei n.º 53/2007, de 31 de agosto, que aprova a Lei Orgânica da PSP 28 Alínea a) do n.º 2 do Art.º 3.º da Lei n.º 63/2007, de 6 de novembro, que aprova a LOGNR 29 n.º 1 do Art.º 5.º da Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto

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D. A INVESTIGAÇÃO DE CRIMES AMBIENTAIS NA

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA A IC na área do ambiente é ainda mais recente, porquanto em termos de estrutura

apenas foi criada através do Desp. n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro com a criação da

SecSEPNA, na estrutura do CTer, que compreende o NACTA e o NICCOA, sendo este

último órgão o responsável pela IC do crimes ao ambiente e à natureza. Neste sentido,

apenas no ano de 2010 foi esta estrutura “montada”.

Aquando da criação da estrutura de IC na GNR, através do Desp. n.º 07/03-OG, de

21 de janeiro, este fazia referência à existência de uma componente ambiental que se

encontrava adstrita à Chefia de Investigação Criminal, porém nunca foi desenvolvida,

acabando por assim dizer “estar apenas no papel”.

Antes de 2010, no que toca à área ambiental e de investigação dos seus crimes,

esta encontrava-se centrada nos NIC dos DTer’s, sendo auxiliados de forma informal

pelas EPNA’s desde 2003 e a partir de 2006, aquando da consagração do SEPNA, um

apoio mais próximo daquelas equipas e dos EPF’s, passando em alguns locais da

componente territorial a efetuarem as investigações criminais, no que aos incêndios e

outros crimes contra o ambiente e a natureza de menor complexidade dizem respeito. De

realçar que em alguns DTer’s foram criadas equipas próprias para a realização da

investigação de crimes e contraordenações ambientais, designando-se de Equipa de

Investigação de Crimes e Contra-Ordenações Ambientais (EICCOA) (GNR, 2003a).

Aquando do Desp. n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro, foi estabelecido um órgão

dirigido à matéria ambiental, designadamente, Área do Meio Ambiente, na Repartição de

criminalística, da Divisão de Criminalística da Direção de Investigação Criminal, tendo

como missão realizar estudos, exames e perícias referentes à área do meio ambiente,

mas que efetivamente como do antecedente, mais uma vez, nunca foi desenvolvida. O

mesmo Desp. determina a coordenação, entre a Direção de Investigação Criminal e a

Direção do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, dos aspetos relativos às

necessidades operacionais, à formação dos investigadores criminais da área ambiental e

ao apoio a estes militares a ser prestado pelos elementos da criminalística ou de polícia

técnica (GNR, 2009d).

Após 2010, a IC ambiental passou a estar a cargo do NICCOA, sendo sua

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competência, entre outras atribuições, exercer a investigação das atividades ilícitas

relacionadas com a natureza, o ambiente, florestas, e de âmbito sanitário, em especial as

causas dos incêndios florestais e identificação dos autores em toda a sua área de ação e

instruir os processos ambientais que lhe venham a ser determinados ou protocolados com

outros organismos (GNR, 2009a)30.

De realçar que, conforme estabelecido no Desp. n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro,

cabe à Chefia da Secção SEPNA, entre outras atribuições determinar, coordenar e apoiar

a investigação dos ilícitos contra a natureza, ambiente e florestas, assumindo o Chefe da

SecSEPNA, na delegação de inquéritos judiciais, as competências legais de Autoridade

de Policia Criminal nos termos da lei.

Através do Desp. n.º 18/2014-OG, de 11 de março, a Área do Meio Ambiente

existente na Repartição de criminalística, da Divisão de Criminalística da Direção de

Investigação Criminal, deixou de existir, tendo sido criada uma Secção Ambiental, agora

na Repartição de Estudos Técnicos e Criminais, da Divisão de Estudos e Análise de

Informação Criminal pertencente à Direção de Investigação Criminal, tendo como missão

elaborar e difundir instruções técnicas relativas às atividades de investigação dos crimes

ambientais, coadjuvar no desenvolvimento da estrutura de investigação ambiental,

através, nomeadamente, da elaboração de pareceres, estudos, planos e propostas que

visem qualificar e certificar a investigação e os contributos para a prevenção criminal, bem

como constituir-se ponto de contacto com a DSEPNA para assuntos ambientais. O

mesmo Desp. continua a determinar a coordenação, entre a Direção de Investigação

Criminal e a Direção do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, nos mesmos

aspetos referidos no Desp. n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro.

Analisando-se o Desp. n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro e o Desp. n.º 18/2014-OG,

de 11 de março, verifica-se o seguinte:

O primeiro estabelecia que o NICCOA da SecSEPNA não tinha qualquer

dependência do Chefe da Secção de Investigação Criminal do CTer, mas

sim dependência técnica da Direção de Investigação Criminal do Comando

Operacional e funcional do Chefe da SecSEPNA do CTer. Porém, o Desp.

n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro, comete ao Chefe da Secção de

Investigação Criminal a pronúncia sobre todos os assuntos relacionados

30 Despacho n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro

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com a IC da Unidade.

O segundo estabelece que o NICCOA da SecSEPNA passe a ter

dependência técnica da Secção de Informações e Investigação Criminal

(SIIC) do CTer e funcional do Chefe da SecSEPNA do CTer. De realçar que

este Desp. veio a atribuir a competência das informações à Secção de

Investigação Criminal.

Ainda que a alteração pareça ter sido simples, tal assim não se afigura dado que

esta situação poderá criar alguns conflitos funcionais, em matéria de IC, entre a SIIC e a

SecSEPNA. De uma forma muito genérica apresenta-se na Figura n.º 1 a estrutura de IC

Ambiental existente ao nível dos CTer’s, sendo de realçar ao nível dos DTer’s o

desenvolvimento de atividades de IC, por intermédio dos NPA, mormente na realização

de Inspeções Judiciárias no âmbito da investigação de incêndios florestais, na recolha de

águas contaminadas e na execução dos procedimentos do Programa Antídoto Portugal.

Figura n.º 1 – Estrutura da Investigação Criminal Ambiental

Fonte: Autor tendo por base o Desp. n.º 53/09-OG, de 30DEC e o Desp. n.º 18/2014-OG, de 11MAR

Falando agora do investigador dos crimes ambientais. Este pertencente ao NICCOA

da SecSEPNA e é um militar da GNR, logo um OPC, sendo detentor de especializações

Subsecção de Criminalística

(SC)

Subsecção de Análise e Investigação Criminal

(SAIC)

SIIC

Núcleo de Análise e Coordenação Técnica

Ambiental (NACTA)

Núcleo de Investigação de Crimes e

Contraordenações Ambientais (NICCOA)

SecSEPNA

Núcleo de Proteção Ambiental

(NPA)

Núcleo de Investigação Criminal

(NPA)

a)

a)

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na área do ambiente (curso SEPNA) e na área da investigação criminal (curso IC), pelo

que, de certa forma, poderá investigar quaisquer crimes que não sejam da competência

reservada ou específica dos demais OPC, ou que lhe tenha sido deferida nos termos da

LOIC (GNR, 2011).

No âmbito das suas competências como investigador, este entra em contacto com

um determinado número e tipo de crimes que podem criar alguma confusão, tal como o

crime de desobediência, a par dos crimes de recetação, furto, dano e introdução em lugar

vedado ao público, uma vez que pode existir no seu cerne alguma infração à legislação

ambiental (crimes conexos com a legislação ambiental). Como exemplo: o furto e

recetação de cobre por parte das Sucateiras (Resíduos), o dano em arvores e anexos,

criado por um incêndio cuja tipificação não abranja o crime previsto no Art.º 274.º do CPP

(Incêndio Florestal), ou a introdução em lugar vedado ao público por indivíduos que

efetuem a atividade cinegética (Caça). Pelo que caberá ao Chefe da SecSEPNA excluir,

ou não, a delegação deste tipo de crimes para investigação, pois estamos perante um

recurso humano escasso.

Parece-me pacífico que de entre a lista de crimes da competência da GNR, cuja

investigação seja afeta ao NICCOA/SecSEPNA, sejam apenas os crimes relacionados

com o ambiente e a natureza, e desde que estes não sejam da competência reservada ou

específica dos demais OPC, ressalvando-se a situação de deferimento de investigação

nos termos da LOIC, como já referido.

Assim sendo, o NICCOA deverá investigar os crimes ambientais e da natureza que

se encontrem tipificados no CP e em Legislação Avulsa, não o devendo fazer para os

crimes conexos à legislação ambiental, tais como: Introdução em lugar vedado ao público

(Art.º 191.º do CP); Furto (Art.º 203.º do CP); Danos (Art.º 212.º do CP); Recetação (Art.º

231.º do CP); Desobediência (Art.º 348.º do CP); Detenção de arma proibida (Art.º 86.º da

Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro); Outros distintos da legislação ambiental.

Como já referido, o investigador de crimes ambientais para além da especialização

na área do SEPNA é de um modo geral especializado na área da IC. Porém, esta última

especialização é efetuada no âmbito da criminalidade geral e não direcionada para as

problemáticas ambientais. Apesar de esta dificuldade ter sido já sublinhada em 2010,

altura em que se propôs a implementação de um curso de investigação criminal ambiental,

a falta permanece atualmente. Não podemos esquecer que estamos perante crimes

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distintos dos restantes, com forma díspar de investigação e por vezes de grande

complexidade científica.

Ora, segundo o Desp. n.º 18/2014-OG, de 11 de março, o modelo de formação da IC

deverá assentar numa estrutura modular, compreendendo um curso de base, diferenciado

em função da natureza das tarefas/responsabilidades análogas à categoria profissional, e

um conjunto de cursos de especialização vocacionados para o desempenho funcional na

estrutura de IC. Neste sentido, poder-se-á deduzir que a breve prazo a GNR preveja a

criação e implementação de um curso de especialização em investigação de crimes

ambientais, a ministrar aos militares do NICCOA. Pelo menos assim se espera.

Quanto aos crimes ambientais, investigações complexas diversas são delegadas

pelo Ministério Público (MP) na GNR, carecendo os seus militares de uma maior

especialização, quer ao nível científico, quer ao nível da sua investigação. É certo que o

militar poderá a todo o tempo, quando sujeito a um processo criminal ambiental deveras

complexo, propor ao magistrado do MP o reencaminhamento deste processo para a PJ.

Porém, tal não se afigura a melhor solução ou caminho a seguir, mormente quando a

competência de investigação pertence à GNR, nos termos da LOIC.

Neste sentido, uma vez que existe falta de formação que capacite o militar do

NICCOA nas áreas técnico-científicas, próprias das disciplinas químicas, biológicas e

físicas, surgem no âmbito dos processos criminais a necessidade de se efetuar a

solicitação de colaboração a entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e

a Comissão Coordenadora do Desenvolvimento Regional (CCDR), entre outras. Porém,

outro problema se levanta, pois o apoio destas entidades é pontual, quando o

investigador necessita de uma colaboração a médio prazo, derivado muitas vezes da

complexidade da investigação em curso e da falta de conhecimentos técnicos habilitantes.

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CONCLUSÕES As questões ambientais são sem dúvida um dos principais problemas com que a

Humanidade e o planeta Terra se debatem atualmente, ocupando as preocupações das

chefias de diversos líderes mundiais.

Neste sentido, verifica-se que a evolução da política ambiental internacional tem sido

consequência dos diversos acontecimentos ocorridos ao longo do tempo, mormente

através de convenções, cimeiras, tratados, acordos e acidentes ambientais. Nestas têm

surgido a operacionalização de conceitos como ambiente, desenvolvimento sustentável,

segurança ambiental, gestão ambiental, educação ambiental e sensibilização ambiental.

Quanto a Portugal, verifica-se que a problemática ambiental chegou através de

influências externas, mormente de regulamentos e diretivas europeias que foram sendo

transpostas para a legislação nacional. Porém, apesar das políticas seguidas e das leis e

medidas introduzidas, estas acabaram por ter poucos reflexos internos, não sendo

suficiente para implementar ou para consolidar, uma política do ambiente (Schmidt, 2007).

A legislação ambiental, em Portugal, é muito vasta, congregando protocolos e

acordos internacionais, regulamentação e legislação europeia e legislação nacional. De

salientar os Tratados da União Europeia e sobre o Funcionamento da União Europeia, a

CRP que consagra o dever do Estado português em defender a natureza e o ambiente,

preservar os recursos naturais e assegurar um correto ordenamento do território,

determinando o direito ao ambiente e explicitando quais os deveres, quer do Estado, quer

dos cidadãos portugueses, a nova Lei de Bases da Política de Ambiente, o CP e a

Legislação Avulsa que vieram tipificar diversas normas ambientais repressivas de cariz

criminal e contraordenacional, e a LQCOA que veio a par de uma legislação cada vez

mais rigorosa, impor pesadas sanções.

A criação do SEPNA efetivou-se em 22 de maio de 2001, após celebração do

protocolo entre o MAI e o MAOT, tendo iniciado a sua atividade apenas em 2002. Em

2006, através do DL n.º 22/2006, de 2 de fevereiro, foi o SEPNA consagrado, funcionando

na dependência do Comando-Geral da GNR, através da Chefia do SEPNA. Nesse

mesmo ano, este Serviço foi constituído como polícia ambiental com competência para

atuar em todo o território nacional, através da Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto.

De salientar que uma das causas principais que induziu à criação deste Serviço foi a

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escassa fiscalização ambiental, uma vez que as entidades do Estado responsáveis nesta

matéria tinham uma acentuada incapacidade técnica. Por outro lado, o excelente

resultado das suas congéneres neste âmbito, levou a GNR a iniciar-se na problemática

ambiental com o desígnio de se modernizar e seguir os crescentes anseios da sociedade

no que a este assunto diz respeito, implementando uma estratégia nova de intervenção

desta problemática, assente na proximidade, na especialização e na coordenação

(Amado, 2011).

A estrutura orgânica de IC na GNR foi instituída em 2003, através do Desp. n.º

07/03-OG, de 21 de janeiro, reestruturado pelo Desp. n.º 63/09-OG, de 31 de dezembro e

tendo sido recentemente objeto de nova reestruturação por intermédio do Desp. n.º

18/2014-OG, de 11 de março.

A IC ambiental é ainda mais recente. Estruturalmente, foi criada em 2010 através do

Desp. n.º 53/09-OG, de 30 de dezembro com a criação da SecSEPNA, na estrutura do

CTer, sendo o NICCOA o órgão o responsável pela investigação dos crimes cometidos

contra o ambiente e a natureza.

A competência deste núcleo, entre outras atribuições, passam por exercer a

investigação das atividades ilícitas relacionadas com a natureza, o ambiente, as florestas,

e de âmbito sanitário, em especial as causas dos incêndios florestais, identificação dos

autores em toda a sua zona de ação e instruir os processos ambientais que lhe venham a

ser determinados ou protocolados com outros organismos (GNR, 2009a). De salientar que,

cabe ao Chefe da SecSEPNA, na delegação de inquéritos judiciais, as competências

legais de Autoridade de Policia Criminal nos termos da lei (GNR, 2009a).

O investigador dos crimes ambientais pertencente ao NICCOA e é um militar da

GNR, logo um OPC, sendo detentor de especializações na área do ambiente e na área da

IC, pelo que, neste sentido, lhe poderá ser delegado processos criminais de quaisquer

crimes que não estejam na alçada da competência reservada ou específica dos demais

OPC. Por outro lado, no âmbito das suas competências como investigador, este entra em

contacto com um determinado número e tipo de crimes que podem criar alguma confusão,

por existir no seu cerne alguma infração à legislação ambiental (crimes conexos), pelo

que caberá à Autoridade de Polícia Criminal excluir, ou não, a delegação deste tipo de

crimes para investigação àquele núcleo.

Após se ter analisado o rol de crimes existentes em matéria ambiental, bem como

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dos que podemos considerar como seus conexos, estarei capaz de aventar uma resposta

à pergunta de partida: “Quais os crimes que devem ser investigados pelo SEPNA?”

Desta forma, de entre a lista de crimes da competência da GNR, cuja investigação

pode ser deferida ao NICCOA, dada a sua especialização, deverão apenas ser

investigados pelo SEPNA os crimes relacionados com o ambiente e a natureza, desde

que estes não sejam da competência reservada da PJ, devendo ser ressalvada as

investigações deferidas nos termos da LOIC.

Assim sendo, o NICCOA deverá investigar os crimes ambientais e da natureza que

estejam tipificados no CP e em Legislação Avulsa, tais como: Incêndios florestais –

conduta negligente, (n.º 4 a 7 do Art.º 274.º do CP); Danos contra a natureza (Art.º 278.º

do CP); Poluição (Art.º 279.º do CP); Atividades perigosas para o ambiente (Art.º 279.º-A

do CP); Maus tratos a animais de companhia (Art.º 387.º do CP); Abandono de animais

de companhia (Art.º 388.º do CP); Lei de Bases Gerais da Caça (Lei n.º 173/99, de 21 de

setembro); Lei da Pesca em águas interiores (Lei n.º 2097, de 6 de junho de 1959); e

Legislação dos Animais perigosos e potencialmente perigosos (DL n.º 315/2009, de 29 de

outubro).

No mesmo sentido, ainda que o possa fazer como já referido, os militares do

NICCOA, por serem um recurso escasso, não deverão investigar os crimes conexos à

legislação ambiental, tais como: Introdução em lugar vedado ao público (Art.º 191.º do

CP); Furto (Art.º 203.º do CP); Danos (Art.º 212.º do CP); Recetação (Art.º 231.º do CP);

Desobediência (Art.º 348.º do CP); Detenção de arma proibida (Art.º 86.º da Lei n.º 5/2006,

de 23 de fevereiro); Outros distintos da legislação ambiental.

Quanto à formação, o militar do NICCOA, apesar da sua especialização na área do

SEPNA e na área da IC, carece da vertente de investigação de crimes ambientais, por se

tratarem de crimes distintos sujeitos a conhecimentos diversificados em disciplinas como

as químicas, as biologias e as físicas. Por outro lado, atualmente são delegadas pelo MP

ao militar do NICCOA diversas investigações complexas, carecendo os seus militares de

uma maior especialização (curso habilitante) ou no mínimo que lhe seja fornecido apoio

por parte de entidades relacionadas com o ambiente, a médio prazo e não pontualmente.

Em suma, a formação a ministrar aos investigadores do NICCOA terá de obrigatoriamente

de ser revista, por forma a credibilizar aquela Polícia Ambiental Nacional em particular, e

no geral a GNR, nas problemáticas ambientais. Desta feita, conclui-se que deverá ser

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criado e implementado de forma urgente o Curso de Investigação de Crimes Ambientais,

bem como devem ser estabelecidos os contatos necessários com a Procuradoria-Geral

da República, por forma a verificar da possibilidade de colaboração a médio prazo,

durante as investigações, de entidades públicas relacionadas com o ambiente.

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Ministério da Administração Interna, 2008a. Define o número, as competências, a

estrutura interna e o posto correspondente à chefia dos serviços de apoio directamente

dependentes do comandante-geral e dos serviços dos órgãos superiores de comando e

direcção da Guarda Nacional Republicana (Decreto Regulamentar n.º 19/2008, de 27 de

novembro), Lisboa: Diário da República.

Ministério da Administração Interna, 2008b. Estabelece a organização interna das

unidades territoriais, especializadas, de representação e de intervenção e reserva da

Guarda Nacional Republicana (Guarda) e define as respectivas subunidades, bem como

os termos em que se processa o apoio administrativo pelos serviços do Comando da

Administração dos Recursos Internos (CARI) e da Secretaria-Geral da Guarda (SGG) às

unidades especializadas, de representação e de intervenção e reserva (Portaria n.º

1450/2008, de 16 de dezembro), Lisboa: Diário da República.

Ministérios da Administração Interna, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do

Desenvolvimento Regional e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas,

2006. Regulamenta o Decreto-Lei n.º 22/2006, de 2 de Fevereiro, definindo os termos em

que se processa a coordenação da actividade dos serviços dependentes dos Ministérios

da Administração Interna, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do

Desenvolvimento Regional e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas no

âmbito da defesa da floresta contra incêndios (Portaria n.º 798/2006, de 11 de agosto),

Lisboa: Diário da República.

Ministério da Administração Interna - Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana,

2008. Define as unidades orgânicas flexíveis do Comando da GNR, bem como as

correspondentes atribuições e competências (Despacho n.º 32021/2008, de 5 de

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