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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 38 | agosto de 2016 1 DIREITO, SEGURANÇA E DEMOCRACIA AGOSTO 2016 38 ETA NACIONALISMO PAÍS BASCO IMPLICAÇÕES PARA A UE ETA Basque Country Nationalism Implications towards the EU MANUEL FERREIRA Mestrando em Direito e Segurança RESUMO Este artigo visa a organização terrorista ETA, no qual é feita uma analise do conceito de ideologia a esta atribuído, fazendo uma passagem pela evolução histórica desde a sua génese até ao anuncio de cessar-fogo feito em 2011. A principal questão colocada neste artigo, pretende encontrar pistas, no sentido de perceber se este cessar- fogo significa de facto o final da ETA, ou se se trata apenas de uma reformulação no modo de actuação, na persecução dos seus fins. Este trabalho termina com uma breve análise dos riscos e implicações que as acções deste tipo de grupo com pendor separatista podem ter no seio da União Europeia, que como é do conhecimento geral encerra em si, vários pontos sensíveis em matéria de separatismo/nacionalismo. PALAVRAS CHAVE ETA, Separatismo, Nacionalismo, Ideologia, Terrorismo.

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DEMOCRACIA

AGOSTO

2016

Nº 38

ETA – NACIONALISMO PAÍS BASCO – IMPLICAÇÕES PARA A UE ETA – Basque Country Nationalism – Implications towards the EU MANUEL FERREIRA Mestrando em Direito e Segurança

RESUMO Este artigo visa a organização terrorista ETA, no qual é feita uma analise do

conceito de ideologia a esta atribuído, fazendo uma passagem pela evolução histórica

desde a sua génese até ao anuncio de cessar-fogo feito em 2011. A principal questão

colocada neste artigo, pretende encontrar pistas, no sentido de perceber se este cessar-

fogo significa de facto o final da ETA, ou se se trata apenas de uma reformulação no

modo de actuação, na persecução dos seus fins. Este trabalho termina com uma breve

análise dos riscos e implicações que as acções deste tipo de grupo com pendor

separatista podem ter no seio da União Europeia, que como é do conhecimento geral

encerra em si, vários pontos sensíveis em matéria de separatismo/nacionalismo.

PALAVRAS CHAVE ETA, Separatismo, Nacionalismo, Ideologia, Terrorismo.

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ABSTRACT This article aims to the terrorist organization ETA, in which an analysis of its

concept of ideology is made, by making a pass through its historical evolution from its

origins to the ceasefire announcement made in 2011. The main question in this article,

tries to find clues in order to understand whether this ceasefire meant, in fact, the end of

ETA, or if it was just a reformulation of the modus operandi and still in pursuit of its

objectives. This paper concludes with a brief analysis of the risks and implications that the

actions of this group, with a separatist bias, may have within the European Union, as it is

of common knowledge, the EU carries several sensitive issues on separatism /

nationalism.

KEYWORDS ETA, Separatism, Nationalism, Ideology, Terrorism

1 - Introdução O Estado1 espanhol tem como sistema de governo uma monarquia parlamentar e é

composta atualmente por 17 comunidades autónomas. Apesar do poder executivo estar a

cargo do Governo Espanhol, liderado pelo presidente do Governo2, as várias regiões

gozam de um elevado nível de autonomia, que lhes permite tomar decisões em vários

quadrantes da governação quer a nível político quer a nível económico-financeiro. No que

cabe ao nosso estudo em particular, a região denominada País Basco, após a Ditadura

de Franco, conquista a sua autonomia próxima dos moldes atuais, com a Constituição de

19783 que no seu artigo 2º, garante o direito da autonomia das várias nacionalidades e

regiões que compõem o Estado espanhol. A grande questão que está na base da

problemática dos nacionalismos um pouco por toda a Espanha, é precisamente o facto de

1 Ou Reino de Espanha, na sua denominação oficial. 2 Actualmente Mariano Rajoy Brey, investido no cargo no dia 21 de Dezembro 2011 3 Articulo2 - La Constitución se fundamenta en la indisoluble unidad de la Nación española, patria común e indivisible de todos los españoles, y reconoce y garantiza el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran y la solidaridad entre todas ellas.

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este Estado não ter apenas uma nação, mas é sim um Estado com várias nações4, com

todas as questões problemáticas que daqui resultam.

Neste estudo será feita uma análise á organização ETA ( Euskadi Ta Askatasuna),

quanto á sua génese, antecedentes, instrumentos, financiamento, actores, fundamento e

actuação ao longo do tempo desde a sua criação passando pela a ditadura franquista, e

depois pela transição democrática de Espanha até aos nossos dias, analisando a

evolução das suas bases ideologias ao longo do tempo, bem como o seu anuncio de

cessar-fogo “permanente, geral e verificável” feito no dia 20 de Outubro de 2011.

1.2 - ETA, Término ou tempo de reestruturação? Com esta questão, que à partida pode parecer singela, pretendemos compreender

á luz dos mais recentes acontecimentos e relacionando com o historial desta organização

qual será o desenlace político e social da possível extinção e/ou modificação da ETA no

panorama do País Basco, e as consequências que isto acarreta, quer para o próprio País

Basco, quer para as outras regiões autónomas como por exemplo a Catalunha, também

esta com um forte pendor nacionalista/independentista, quer ainda a um nível mais

abrangente que é, entender as contrapartidas que uma possível separação de Espanha

teria para a União Europeia.

1.3 - Conceitos Operacionais Como auxiliares e instrumentos de sistematização para o estudo pretendido, serão

abordados conceitos como os mitos, a propaganda dos ideais do nacionalismo, a luta

armada, bem como os conceitos de terrorismo, guerrilha e subversão. Os conceitos

operacionais são de uma utilidade inegável, como instrumento de arrumação e

sistematização da realidade observada5.

4 LARA, António de Sousa, Ciência Politica, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.250

5 MOREIRA, Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, Vol. 1

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O conceito de Ideologia, além de não ter uma definição única e consensual, deve

ser sempre contextualizada geográfica e historicamente, correndo o risco de perder

completamente o sentido e objectividade no entendimento do caso em análise. É

praticamente impossível explicar um fenómeno com base apenas numa ideologia, e tentar

depois demonstrá-la através de uma sucessão de acontecimentos, com elementos não

lógicos por se basearem em escalas de valores indemonstráveis, estereótipos, instintos,

sentimentos, fé e mitos6. Por esta razão é muitas vezes impreciso ou mesmo incorrecto,

classificar acontecimentos concretos e atribuir-lhe uma ideologia já existente, sem nos

aperceber-mos, que a maioria das vezes, o que estamos a fazer, é na prática, adaptar um

conceito já definido, e interpretar os acontecimentos à luz de conceitos preexistentes, que

muitas vezes não correspondem à realidade, podendo até em caso limite, esta má

avaliação originar uma fase de conflito. Encontramos esta linha de pensamento em

Vilfredo Pareto, em que este, ao considerar as ideologias como derivações, como

justificações apriorísticas de atitudes baseadas em fundamentos sócio-psicológicos, nos

ensina que não é conveniente, sem um certo tempo de maturação e reflexão, definir à

partida uma ideologia latente.

São frequentemente associadas à ETA, para além das Ideologias obvias de

separatismo/independentista e nacionalismo, bem como durante muito tempo uma

ideologia marxista-leninista com forte pendor revolucionário 7 , mas se observar-mos

atentamente a ETA sob os preceitos contemporâneos, concluímos que muitas destas

ideologias já não se manifestam no nacionalismo basco.

Segundo o professor Sousa Lara8 «a Ideologia traduz-se numa força social à qual

corresponde uma doutrina produzida num sistema complexo de causa e de efeito», o que

mais uma vez reflecte a questão da indemonstrabilidade das Ideologias, começando pela

força social, que é por definição baseada em ideias e conceitos abstractos, instintos e

impulsos que leva por vezes as massas a seguirem um, ou outro caminho, embora no

caso concreto do nacionalismo basco, esta força social, não é claro se surge

voluntariamente, ou é antes imposta através dos movimentos separatistas de carácter

violento.

6 LARA, António de Sousa, Ciência Politica, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.308 7 Este período coincide principalmente com a entrada nas suas fileiras uma classe proletária.

8 LARA, António de Sousa, Ciência Política, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.37

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Como defende Karl Mannheim «as ideologias são as ideias que transcendem a

situação e que nunca conseguiram realizar efectivamente o seu conteúdo virtual»9 o que

vem reforçar, o anteriormente exposto, no sentido em que as ideologias quando passam

do conceito teórico ao prático são deformadas e adaptadas à realidade existente.

O terrorismo segundo o professor Adelino Maltez é «prossecução de um objectivo

proclamado como político através de meios violentos ou da intimidação. Método

revolucionário que força a população a cooperar com os subversivos através de uma

especial forma de violência, o terror»10.

Este é um conceito com várias análises e definições, mas se há algo de

consensual em todas elas, é o seu objectivo: fins políticos, sem a qual se torna somente

em crime organizado.

O uso da violência para aterrorizar a população com uma finalidade política, é uma

prática antiga que se repetiu várias vezes ao longo da história. É usual referir como marco

neste contexto, a revolução francesa, questão abordada por Jean Bodin na defesa do

direito á resistência11. O termo terrorismo aparece de forma explícita no final do século

XIX, associado aos grupos anarquistas, marcados pelos assassinatos, entre outros, do

Czar Alexandre II (1881), ou Humberto I de Itália (1900)12. No entanto, é crucial fazer a

devida distinção entre as várias manifestações deste fenómeno, e fazendo com o maior

cuidado o enquadramento ideológico correspondente a cada um.

1.4 - Metodologia de Análise Devido à complexidade que normalmente está associada á análise de actos

terroristas, será elaborada uma pequena resenha histórica que nos será útil para fazer um

enquadramento das ações preconizadas pela ETA. Após o qual será feita uma

contextualização cuidada do panorama espanhol em que se insere o País Basco, será

9 https://elsudamericano.files.wordpress.com/2013/06/karl-mannheim-ideologia-y-utopia.pdf, p.171 10 http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/indexfro1.php3?http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/conceitos_politicos/divisao_de_poderes.htm 11 MALTEZ, Adelino, Biografia do Pensamento Político, Lisboa, ISCSP, 2014 12 Idem

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analisado o nacionalismo basco com base nas perspectivas separatistas/

independentistas com pendor socialista e revolucionário que normalmente lhe são

atribuídas, fazendo o paralelismo entre as características do conceito de nacionalismo

convencional com a particularidade do nacionalismo basco, abordando a problemática do

terrorismo, que advém da luta armada levada a cabo pela ETA. É também importante

referir que este estudo terá em consideração apenas a atuação da ETA em território

espanhol, sem abordar a questão francesa, já que isto nos levaria a levantar várias

questões que apesar de interessantes e relevantes, não são do âmbito deste trabalho.

Toda a abordagem dos temas apresentados serão guiados por uma posição imparcial, no

sentido de compreender e analisar os factos com a maior autenticidade e rigor possível,

como é característico de qualquer estudo científico.

1.5 - Contextualização histórica Os dados históricos que nos chegam desde os primórdios das civilizações que

ocuparam ao longo dos tempos a zona geográfica atualmente conhecida como País

Basco, dão-nos uma ideia de isolacionismo e autonomia, de que este povo sempre gozou

ao longo de vários séculos, obviamente com algumas incursões de povos invasores de

que foi alvo. Salvo raríssimas excepções de curtos períodos de submissão, este povo

nunca esteve sob um domínio completo e absoluto, ou seja, simultaneamente a nível

político económico-social e cultural. Houve sempre uma ou mais destas componentes nas

quais este povo nunca cedeu perante as forças ocupantes, podendo até em alguns

períodos vivendo lado a lado, mas sem perder o seu auto governo, sendo até por vezes

os bascos contratados como mercenários. Relatos Gregos e Romanos, descrevem por

parte deste povo, uma completa resistência a adoptar qualquer costume ou prática trazida

de fora. O território esteve sob dominação dos mouros durante aproximadamente um

século, sem que hoje consigamos detectar qualquer indício dessa ocupação. Os dois

séculos de presença visigótica, apenas contribuíram para uma maior união, o que os

preparou para mais tarde para uma eficiente proteção á ocupação romana. Até a nível

religioso, os bascos apresentam diferenças, com uma visão animista, que apesar da

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cristianização de que foram alvo, continuam em muitas partes a venerar o seu “Senhor

dos Céus” (Jan Gorkea)13.

A Antropologia Cultural não deve ser ignorada na abordagem ao povo basco,

porque tal como podemos perceber pelo atrás exposto, o estudo do homem e da

sociedade criada por este, é aqui de fundamental importância para entender o nosso

ponto de partida.

Este território com aproximadamente 7.000 km² e pouco mais de um milhão de

habitantes a que os bascos chamam de forma inequívoca Euskadi – “terra dos Bascos” e

cuja capital é Vitória (Gasteiz). Inserido no sec. IX no Reino de Pamplona14, que ao longo

de vários séculos através dos fueros15 (fuerak) foram mantendo a sua liberdade interna,

mesmo mais tarde aquando da formação do Reino de Espanha, ao qual delegaram a sua

política externa de defesa, continuaram ainda assim a gozar de um elevado nível de

autonomia. Com o início das guerras carlistas, pela sucessão do trono espanhol, o país

basco (1839) apoiava o pretendente carlista, que em teoria lhes garantia a continuidade

do sistema de fueros, que lhes permitiria assim manter a sua quase independência. No

entanto este sistema foi abolido16 em 1876, após a terceira guerra carlista.

Os bascos consideram-se o povo com a identidade própria mais antiga da

península ibérica, e de facto quase nada em relação ao País Basco é consensual,

praticamente nada da sua origem se relaciona com os hábitos e crenças de outros povos

da Europa, seja na língua ou na determinação da etnia, as conclusões são sempre algo

dúbias e difusas. Mitos e lendas, trazem a este povo algo de místico e misterioso, a que é

difícil ficar indiferente 17 . Esta contextualização é bastante importante, principalmente

numa altura em que o mundo ocidental imbuído do espírito do fenómeno (real ou não)18

da globalização, que nos tenta dar a visão de um mundo uniformizado quer a nível

13 PIGNATELLI, Marina, Os Conflitos Étnicos e Interculturais, ISCSP, 2010, p.220 14 Mais tarde viria a chamar-se Reino de Navarra - Fundado pelo Rei basco Iñigo Aritza em 905. 15 Embora trando-se de conceitos diferentes, podemos comparar com os forais em Portugal, que permitem a quem os detém uma certa autonomia e previlégios específicos e concedidos pelo governo central para sua auto gestão. 16Alguns fueros tiveram continuidade após 1876, nomeadamente as províncias bascas de Guipúzcoa e Vizcaya, que apenas foram extintos em 1936 pela ditadura franquista. 17 PEREIRA, Rui, Euskadi, A Guerra Desconhecida dos Bascos, Editorial Noticias, 3ª Edição, 2005 18 Dependendo do ponto de vista, temos várias escolas teóricas da Globalização, sendo as principais: Hiper-globalistas, Cépticos e Transformacionistas.

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económico, cultural, político ou ideológico, criando um estilo de vida comum para todos,

não deixa de ser interessante observar movimentos que vão contra a corrente, mesmo no

seio da mais forte e inovadora forma de integração e aglutinação que é a União Europeia.

Em casos deste tipo, em que as questões de separatismo e independência são

levantadas em estados com elevado nível de estabilidade política, não é fácil determinar

com exactidão a totalidade das razões que os leva a tal acção, pelo que todos os

elementos podem ser importantes na compreensão desta problemática.

1.5.1 - Primórdios do Nacionalismo Basco

Podemos dizer que o Nacionalismo Basco próximo do que identificamos

atualmente, surge na década de 1810, em Biscaia. E surge baseado em pressupostos

doutrinários, altamente subjetivos que tratam de mobilizar as massas. Podemos ainda

localizar esta origem nas divergências causadas com as guerras carlistas, e a conceção

dos fueros, e posteriormente a abolição destes.

A questão dos fueros foi defendida calorosamente e até de forma romântica, com

vários poetas e artistas da altura, tentando recuperar a sua língua basca - o euskera. Com

este esforço, conseguiram construir e sedimentar um estereótipo dos bascos, como sendo

um povo nobre, rude e antiquíssimo, no seu reduto montanhoso, orgulhoso dos seus

costumes ancestrais, defensor das liberdades e direitos, ou seja – os fueros. É neste

contexto que aparece Sabino Arana19, aproveitando a conjuntura de factores, tais como a

debilidade do edifício nacional espanhol, e a sensação de privação política pela abolição

do sistema de fueros20.

Arana, consegue construir uma imagem de um povo Basco com amor á pátria e a

um Deus como algo inseparável, vinculando a salvação religiosa com a causa basca,

contra o invasor espanhol e contra o liberalismo, fechando-se para dentro e para si

mesmos, salientando a raça pura dos bascos, e recuperando a língua dos bascos, essa

língua que é situada pelos especialistas como sendo anterior á chegada das tribos indo-

europeias. Aqui podemos observar marcadamente o pendor de etnonacionalismo, e até

19 Político e ideólogo Basco, fundador do Partido Nacionalista Basco (PNV) 20 JAVATO GONZÁLEZ, Víctor Manuel, “ETA. Orígen e ideología”, en Ab Initio, Núm. 3 (2011), pp. 143-163

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etnonacionalismo linguístico ou mesmo religioso. É imbuído deste espírito que é fundado

por Sabino Arana o Partido Nacionalista Basco.

Após várias mudanças e cisões no PNV, com várias doutrinas e pensamentos e

com uma guerra civil pelo meio, e após o governo republicano no exílio e um PNV

bastante enfraquecido, mais a chegada massiva de imigrantes para trabalhar na

promissora máquina industrial de Biscaia, juntando ainda a forte opressão da ditadura

franquista, ficamos com os ingredientes propícios ao surgimento de grupos de caráter

mais radical, composto maioritariamente por universitários com inclinação nacionalista21.

1.5.2 - A ETA ao Longo do Tempo

A ETA é fundada no final dos anos 50 no meio universitário, por um grupo de

intelectuais e políticos católicos de direita, defensores da autonomia do País Basco.

Posteriormente as suas fileiras serão preenchidas por obreiros principalmente do sector

industria que proliferavam no País Basco.

A Euskadi Ta Askatasuna (País Basco ou Liberdade), adota como símbolo uma

serpente enrolada num machado, com o lema – “Bietan Jarrai” – que significa, seguir nas

duas, fazendo referência á ideia de que a luta deve seguir tanto no vector político como

no vector militar.

Inicialmente muito próxima do PNV, dando mostras de tentar ser uma pressão de

forma a despertar o partido de um estado vegetativo, foi gradualmente afastando-se

quando paulatinamente vai incrementando a violência e beligerância nas suas ações,

acabando por se incompatibilizar completamente com o PNV. Comete o seu primeiro

atentado terrorista em 18 de Julho de 1961, dois anos após a sua criação.

A ETA nos anos 70 é protagonista de vários atentados com foco nas forças

policiais espanholas, sendo o assassinato mais sonante, o que vitimou aquele, que muitos

viam como o sucessor de Franco, o Presidente do Governo, Luís Carrero Blanco.

Outro factor que produziu um efeito de mudança na forma organizativa da ETA é

quando esta se dá conta do poder e potencial da classe operária, adoptando uma posição

de aproximação e contacto, tentando conciliar a luta nacionalista á luta dos trabalhadores,

mostrando claramente uma mudança ideológica, deixando para trás as primitivas ideias

21 Grupos como o EKIN ou EGI (Eusko Gaztedi – Juventude Basca), com ligações ao PNV

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de concepções socioeconómicas tradicionalistas do nacionalismo histórico 22 . A ETA

passa, segundo Federico Krutwig23, por uma reformulação dos princípios da organização,

atualizando-os e afastando-se dos princípios racistas e confecionais sabinianos, na

tentativa de se aproximarem da realidade socioeconómica do mundo urbano, tornando-o

atrativo ás elites intelectuais e dar-lhes perspectivas futuristas, ligando-as ás correntes

ideológicas progressistas e revolucionarias. Este estudo de Krutwig servirá de base

ideológica da ETA, que ao considerar que o marxismo oferece os melhores esquemas

ideológicos que se adaptam á causa basca, tentando tirar partido da realidade da guerra-

fria e o fenómeno da descolonização e processos de autodeterminação, em que Krutwig

tentará encaixar o País Basco.

Na quarta assembleia da ETA, surge uma nova etapa, na qual se estabelece a

estratégia: acção – repressão – acção. Esta estratégia visava aglutinar o povo basco para

a luta armada, com a ideia de provocar o sistema, e após a repressão com que este

responderia, o povo unido contra a repressão, actuaria em conformidade. Aqui vemos a

via revolucionária militar e psicológica. A partir daqui a ETA passa a caracteriza-se pela

revolução independentista, com actos de terrorismo e guerrilha, com a aspiração do que

os bascos consideram ser a ocupação estrangeira do seu território, subtraindo-lhes a

independência nacional. Neste ponto conseguimos colocar esta organização no

enquadramento terrorista, uma vez que dois dos principais critérios estão agora

cumpridos: Todo o terrorismo é um acto político; e todo o terrorismo é instrumental, e

serve um objectivo. Trata-se ainda de um fenómeno subversivo, já que a subversão é

sempre uma transgressão das regras de uma ideologia dominante 24 , visto ser «um

ataque, por forma insidiosa ou violenta, á ordem política e social estabelecida, tendo em

vista substitui-la, a médio ou a longo prazo por outra»25. Apesar de neste caso podemos

considerar que o reivindicado é o restabelecimento do estatus quo anteriormente

existente, pela questão dos fueros. A questão do conceito de subversão é mais complexo

do que parece à partida, já que aqui, a própria situação da não coincidência entre Estado

22 JAVATO GONZÁLEZ, Víctor Manuel, “ETA. Orígen e ideología”, en Ab Initio, Núm. 3 (2011), pp. 143-163 23 Na sua obra – Vasconia – Estudio dialectico de uma nacionalidad. 24 LARA, António de Sousa, Ciência Politica, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.302

25 MIRANDA, Jorge, Subversão, in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Verbo, vol. 17, p.751.

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e Nação que podemos verificar claramente no caso de Espanha e País Basco, é ela

própria factor de subversão26.

É também na quarta assembleia que surge a ideia, de que para conseguir a sua

independência, a própria Espanha teria que ver-se livre do regime ditatorial de Franco,

criando com isto um choque ideológico dentro da própria ETA.

Na quinta assembleia este anterior acontecimento vai originar uma cisão, que com

a saída de alguns históricos defensores da luta política, mas não tanto da luta armada, o

que tornará a ETA ainda mais militarizada e violenta.

Com a constituição de 1978, e a consequente autonomia do País Basco, a maior

parte do movimento anuncia a desistência da luta armada, provocando uma nova cisão

no seio da ETA. Daqui resulta a ETA-PM e a ETA-M, sendo esta segunda facção que

prosseguirá a luta armada, considerando esta, que a condição de autonomia, acaba por

representar um obstáculo à prossecução do objectivo de independência nacional, e que

na prática continuam ocupados pelos espanhóis.

Nesta etapa a ETA, vai intensificar uma vez mais o seu comportamento violento.

Como forma de financiamento para a sua luta armada, vão forçar instituições bancárias,

empresas e até pequenos comerciantes a entregarem grandes quantias de dinheiro, sob

a ameaça de graves consequências para os se recusassem a pagar o chamado imposto

revolucionário.

Este modus operandi foi seguido sem grandes alterações até ao anuncio de 20 de

Outubro de 2011, quando após de mais de 800 mortes ao longo dos últimos quarenta

anos a ETA anuncia o cessar-fogo permanente27.

1.6 - Questão Basca Francesa Apesar de não ser este o objectivo do trabalho, este ficaria incompleto e impreciso

se não fosse referido a questão do nacionalismo basco na parte francesa. Como sabemos

este movimento implica quatro províncias espanholas e três francesas.

26 LARA, António de Sousa, Ciência Politica, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.251

27 http://politica.elpais.com/politica/2011/10/19/actualidad/1319056094_153776.html

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Este breve apontamento é de fundamental importância, principalmente para

entender que a parte francesa foi utilizada muitas vezes como base e santuário para a

ETA e outras organizações clandestinas que lutam pela independência do País Basco,

razão pela qual podemos constatar a pouca actividade criminosa em forma de atentados

realizados na parte francesa, exactamente para manter esse território pacifico e discreto,

o que permitiu por exemplo a realização das primeiras e principais assembleias da ETA

neste território, em alturas que seria impossível realiza-las em território espanhol.

1.7 - Nacionalismo Catalão Versus Nacionalismo Basco Este é outro ponto que importa referir, para perceber que a problemática

independentista em Espanha não tem apenas a face do País Basco, este tipo de

problema político, tem expressão, um pouco por toda a Espanha, sendo a Catalunha,

Galiza e País Basco os mais conhecidos, porém não os únicos.

Na Catalunha é conhecida como a principal força terrorista a Terra Llure (Terra

Livre), dissolvida, até ver, em 1991.

No entanto existem bastantes diferenças entre o nacionalismo basco e o

nacionalismo catalão. O País Basco devido à sua particular situação com estruturas

económicas de um sector industrial (principalmente siderurgia) mas de tipo tradicional,

permitiu o surgimento de uma classe proletária bastante significativa, o que fez com que

as políticas de pendor liberalista fossem muitas vezes fruto de resistências, o que incutiu

nas populações uma linha de pensamento secessionista e anti-capitalista em partidos

como o PNV e o Herri Batassuna, que defendem a ideia da esquerda Abertzale28.

Por seu lado a demanda pela independência da Catalunha tem um carácter

marcadamente económico, que não existe na situação basca. Contudo é expectável que

no futuro se verifique uma aproximação entre os dois em termos de questões económicas

e sociais que estarão na base dos objectivos da independência.

28 Esquerda Patriótica

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1.8 - Considerações Finais Após a análise de vários factores relacionados com os movimentos nacionalistas e

independentistas, quer em Espanha, quer um pouco por todo o mundo, podemos ver que

uma posição estremada nunca favorece o discernimento, em qualquer avaliação ou

tomada de posição. Pois este caso mostra exactamente ao que nos pode levar esta

postura de confrontação.

Aos ataques terroristas por parte da ETA, alguns governos espanhóis responderam

com a mesma moeda, pondo em causa os próprios direitos humanos. È disso exemplo, o

governo socialista de Felipe González que criou o GAL – Grupos Anti-terroristas da

Liberação. Esta organização secreta tinha como objectivo eliminar fisicamente os

membros da ETA. Existem provas de assassinatos, tortura e castração da liberdade de

imprensa, praticado pelo próprio governo espanhol, que ao longo do tempo foi praticando

o que Paul Wikinson, na sua classificação do terrorismo identifica como contra-terrorismo,

que visa a anulação do terrorista ripostando da mesma forma.

Ora esta ideia que existiu da parte do governo espanhol que todos os pró-

independentistas bascos, não passam de terroristas, e a ideia que existe da parte dos

pró-independentistas bascos que todos os espanhóis são ocupantes usurpadores, não

levou a nada de positivo ao longo da sangrenta história da ETA.

Temos visto em várias partes do mundo, povos a reivindicar o direito à resistência

dos povos, ou o direito à autodeterminação e de quase todos podemos concluir que nada

se conseguiu com o recurso ao terrorismo e à violência.

É sempre difícil justificar este tipo de acções, e muitas vezes a maneira mais fácil

de resolver a questão dos nacionalismos, seria a entrega dos territórios, mas sabemos

perfeitamente que esta ideia romântica nada tem a haver com a realidade, e nunca um

Estado soberano permitirá de bom grado perder uma parcela do seu território. Nestes

casos normalmente a “razão” está repartida por ambas as partes em confronto, o que leva

à indefinição e ao conflito. No caso do País Basco fica a ideia que a questão do direito

histórico e a língua não são suficientes para uma tão forte necessidade de independência,

mas como afirma o professor Sousa Lara, «as fronteiras ideais de um Estado são

determinadas pelo seu carácter»29.

29 LARA, António de Sousa, Ciência Politica, Estudo da Ordem e da Subversão, Lisboa. ISCSP, 2011, p.244

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Conclusões As nossas sociedades tendem a desvalorizar e a subestimar a capacidade de

organização e acção das várias células terroristas que proliferam um pouco por todo o

mundo, como admite um estudo recente da CIA, relativamente ao auto-proclamado

Estado Islâmico.

É importante a comunidade internacional cooperar no sentido de eliminar este

flagelo que afecta todo o globo.

E é precisamente o actual entorno internacional que contribuiu de sobremaneira

para isolar a ETA. A colaboração entre as autoridades francesas e espanholas,

consequência inevitável da fase actual do processo de integração europeia, permitiu

desalojar os terroristas dos seus santuários no sul de França. Também a nível da Europa

este trabalho tem que ser feito em forma de cooperação, para evitar que estas fracturas

possam por em causa o próprio projecto Europeu.

Uma possível independência do País Basco seria uma porta aberta para a Galiza e

para a Catalunha, o que poderia ser catastrófico para união do Estado espanhol, e com

fortes implicações no seio da União Europeia, nomeadamente no Reino Unido.

Dado que as principais reivindicações da ETA para a independência política de

Eskadi, eram a salvação da sua cultura, neste momento acabam por não fazer grande

sentido, até porque é por estes assumido que pretendem a independência, seja como

estado soberano, seja como parte integrante da União Europeia. Ora, fará sentido ganhar

a soberania cedida pela Espanha, para de seguida cede-la à União Europeia? É um caso

a estudar…

Quanto à questão colocada no princípio, encontramos fortes indícios para

considerar que a ETA não voltará à acção armada, uma vez que os próprios já

entenderam que a via política será a única opção de sucesso, e que os votos podem ter

mais poder que as balas.

Outro forte indício é o facto de o anúncio de cessar-fogo permanente, ter sido feito

unilateralmente e sem quaisquer condições. No entanto é importante não baixar as

defesas, porque apenas o tempo nos dirá se a acção armada da ETA está ou não

terminada.

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GUEDES, Armando Marques (2007), “A Teoria Internacional de Adriano Moreira:

uma apresentação”, em Adriano Moreira, A Comunidade Internacional em Mudança: 7-34,

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GUEDES, Armando Marques (2006), “O Pensamento Estratégico Nacional. Que

futuro?”, em José Manuel Freire Nogueira e João Vieira Borges, O Pensamento

Estratégico Nacional: 143-199, Cosmos e Instituto da Defesa Nacional, Lisboa.

LARA, António de Sousa, Ciência Política, Estudo da Ordem e da Subversão,

Lisboa. ISCSP, 2011

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vol. 17.

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PEREIRA, Rui, Euskadi, A Guerra Desconhecida dos Bascos, Editorial Noticias, 3ª

Edição, 2005

Consulta em sítios da Internet Constituición Española - http://www.lamoncloa.gob.es/ Data de acesso: 23-04-2016

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https://elsudamericano.files.wordpress.com/2013/06/karl-mannheim-ideologia-y-

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http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/indexfro1.php3?http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/conceito

s_politicos/divisao_de_poderes.htm. Data de acesso: 12-06-2016

JAVATO GONZÁLEZ, Víctor Manuel, “ETA. Orígen e ideología”, en Ab Initio, Núm.

3 (2011), pp. 143-163, disponible en: www.ab-initio.es – Data de acesso: 12-06-2016