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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015
O Acordo para Residência de Nacionais de Estados Partes do Mercado Comum do Sul,
Bolívia e Chile de 2009: política migratória e integração regional.
Thamirys Mendes Lunardi1
Resumo
Em novembro de 2002 foi assinado oAcordo para Residência de Nacionais de Estados Partes do Mercado
Comum do Sul, Bolívia e Chile que assegura a todos os nacionais de estados partes do Mercosul que desejam residir no
território de outro estado parte poderão gozar de residência legal no país de destino sem maiores entraves burocráticos e
legais. Tal normativa representou um grande avanço em termos de direitos para os migrantes e houve grande
mobilizações nos estados partes para sua rápida ratificação e implantação. No entanto, como o Paraguai levou mais de
seis anos para ratificar o acordo, não foi até 2009 que o mesmo entrou em vigência, contando já com a assinatura e
adesão do Chile e da Bolívia. Após a assinatura do Acordo de Residência a questão migratória passou a ser abordada
mais efetivamente pelo bloco, com a criação do Foro Especializado Migratório em 2003 e com a assinatura dos outros
acordos acima citados. O desenvolvimento de uma política migratória por parte do Mercosul se subscreve nos objetivos
integracionistas do bloco e no projeto de integração.
Palavras-chave: Política migratória; Mercosul; Integração.
Introdução
As migrações internacionais estão cada vez mais complexas, intensas e desafiadoras, assumindo
um papel de crescente importância na agenda internacional e impondo a necessidade de mudanças
nos paradigmas migratórios dos países e dos blocos regionais. No caso dos países do MERCOSUL,
houve um grande aumento nas migrações intra-regionais, expondo as insuficiências normativas e
práticas, e o despreparo governamental em receber os migrantes. Estabelecido com o objetivo de se
tornar um Mercado Comum, o MERCOSUL para atingir tal objetivo precisaria abordar a questão da
circulação de pessoas entre os territórios de seus membros, uma vez que a livre circulação de
trabalhadores é pressuposto para a existência de um mercado comum (DRI, 2010). Assim, a questão
das migrações e o desenvolvimento de uma política migratória se encontrariam no centro das
discussões do bloco. No entanto, uma análise mais detida demonstra que a primeira década de
existência do bloco negligenciou a questão migratória, havendo uma mudança de discurso em 2002
com a assinatura do Acordo para Residência dos Nacionais dos Estados Partes do Mercado Comum
1 Graduada em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e em Política Internacional pela Ashland
University, EUA. Mestranda em Relações Internacionais no Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais-
PPGRI da Universidade Federal de Santa Catarina. Email: [email protected]
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do Sul, Bolívia e Chile2, doravante referido apenas como Acordo para Residência. Desta forma, o
Acordo representa um importante documento de partida para buscar compreender de que forma a
temática das migrações foi abordada pelo Mercosul, explicitando a relação entre integração e
política migratória. Assim, o objetivo do presente trabalho é expor a importância do Acordo de
Residência enquanto marco na política migratória mercosulina, ao mesmo passo que questiona o
espaço ocupado pelo acordo no projeto de integração do Mercosul.
1. Panorama migratório do Mercosul
Os países do Mercosul têm aprovado, principalmente a partir dos anos 2000, normas e decisões
que constituem uma política regional para as migrações comunitárias. A importância dada pelo
Bloco a questão das migrações e a relação de causa e efeito entre o aumento de migrações
intrabloco e a criação de políticas ainda são bastante nebulosas, mas observou-se que a partir do
período referenciado foram criados novos espaços e documentos que abordavam o assunto.
Exemplos são a criação do Foro Migratório Especializado em 2003, e a assinatura de importantes
documentos como o Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercosul e o
Acordo sobre Regularização Migratória Interna, ambos de 2002. Anteriormente a estes documentos,
durante a primeira década de existência do Bloco, a questão migratória foi abordada apenas
subsidiariamente, e quando considerada trazia tão-somente a noção da migração em termos de
segurança nacional e controle de fronteiras e do migrante enquanto trabalhador e fator produtivo.
Não infere-se aqui que houve mudança nesta noção, o que será um dos objetivos subsidiários da
pesquisa, aferir qual é o tratamento dado pelo Mercosul aos migrantes intraregionais, ou seja, qual é
a política migratória adotada pelo Bloco. Antes dos Acordos de 2002 supracitados, havia poucas
normas no Mercosul que abordavam a temática das migrações. Por representarem os primeiros
documentos do Mercosul a abordar a questão migratória de forma mais direta e consistente e por,
segundo alguns autores (BARALDI, 2014; ILLES, 2012; BRAVO, s.d.) representarem grande
avanço na proteção dos direitos humanos, tais documentos, e em especial o Acordo para
2 MERCOSUL. Acordo para Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul, Bolívia e
Chile. Celebrado em Brasília, em 6 de dezebro de 2002 e promulgado pelo Brasil pelo Decreto 6975 de 7 de outubro de
2009.
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Residência, foram considerados como marcos representantes de uma mudança paradigmática na
abordagem do Bloco quanto às migrações intraregionais. Assim, tendo em vista que autores
considera haver uma mudança na forma que Bloco lidou com as migrações, o objetivo deste
trabalho é pesquisar o processo político envolvido na criação e evolução da política migratória do
Mercosul.
A discussão sobre o processo político da formulação da política migratória do Mercosul é
inserida em um contexto de intensificação dos fluxos migratórios na região e no mundo todo. As
migrações internacionais, impulsionadas pelo avanço da globalização, da facilitação dos meios de
transporte e de comunicação, têm preenchido um espaço importante na agenda de discussões
internacionais com a inquietação que provocam seus muitos fenômenos conexos e
multidimensionais (PIZARRO, 2011), no sentido que as migrações internacionais não obedecem
um único padrão ou apresentam-se de uma única forma, alijadas de outros processos. As migrações
no mundo globalizado são parte de processos sociais, econômicos e políticos mais amplos do que as
decisões pessoais de migrar (SASSEN, 2003). Sendo estes fenômenos multidimensionais, exige-se
o diálogo entre todos os países e da cooperação internacional (CEPAL, 2005), havendo, inclusive,
teorias de defesa de governança global das migrações (PIPER, 2010). Todos os países estão
implicados no processo, e não porque alguns são majoritariamente países receptores e outros são
essencialmente países de emigração. Para além da complexidade imposta pelos processos
migratórios, nas últimas décadas os eixos migratórios têm se alargado e se estabelecido não apenas
de países de países ocidentais centrais- tradicionais receptores de migrantes não-documentados em
busca de maiores oportunidades de trabalho e de melhores condições de vida- mas também de
países tradicionais pelo êxodo de seus nacionais mas que agora assumem um novo papel, o de país
receptor (COGO & BADET; BAENINGER, 2012). É este o caso de muitos países da América do
Sul, especialmente dos países do Cone Sul, nos quais se observou uma intensificação dos
deslocamentos populacionais, principalmente entre nacionais de países da região (BAENINGER,
2012), como pode ser observado pelo dados trazidos na Tabela 1, sobre os países do Mercosul
ampliado3.
3 Utilizar-se-á, neste trabalho, a nomenclatura “Mercosul ampliado” para determinar o grupo formado pelos países
membros fundadores do Bloco (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e também Bolívia e Chile. A presença destes
dois países não se dá por acaso, uma vez que estes estavam presentes desde as primeiras reuniões de Ministros do
Interior do Mercosul e nos foros de discussão e grupos de trabalho acerca de migações. Ainda que utilizada a
nomenclatura “Mercosul Ampliado”, refere-se aqui apenas aos países membros e Bolívia e Chile, e não a totalidade de
países associados.
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Tabela 1: Imigrantes em países do Mercosul Ampliado, divididos entre aqueles imigrantes
advindos de países do Mercosul ampliado e aqueles de outros países.
Fonte: Tabela produzida pela autora a partir de dados disponíveis. 8
O primeiro dado a ser ressaltado, são os números que representam o total de imigração nos
países analisados. Entre 2000 e 2010, houve um aumento de quase um milhão (871.000) de pessoas
no total de imigrantes recebidos pelos países. A análise do total de migrantes também demonstra
4 Dados retirados do livro: NOVICK, S.; HENER A.; DALLE, P. El proceso de integración Mercosur: de las
políticas migratorias y de seguridade a las trayectorias de los inmigrantes. Documentos de Trabajo no 46. Instituto
de Investigaciones Gino Germani, Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, Argentina, 2005. 5 Fonte dos dados: MIGRATION POLICY INSTITUTE. Tabulation of data from the United Nations, Department of
Economic and Social Affairs, 2013. Disponível em: <http://www.migrationpolicy.org/programs/data-
hub/charts/international-migrant-population-country-origin-and-destination >. Acesso em: jan. 2015 6 Dados trazidos por LIMA, R. Exclusivo: os números exatos e atualizados de estrangeiros no Brasil. O Estrangeiro,
22 mai. 2013. Disponível em: http://oestrangeiro.org/2013/05/22/exclusivo-os-numeros-exatos-e-atualizados-de-
estrangeiros-no-brasil-2/ Acesso em: 22 mai 2015. 7 Os dados utilizados para a aferição dos números do Brasil resultam de consulta à outra fonte, distinta daquela utilizada
para os outros países. Foram utilizados, assim, dados mais atualizados disponibilizados pela Polícia Federal Brasileira,
órgão responsável pelo registro dos estrangeiros no Brasil. Importante reiterar que este número se refere a imigrantes
com visto permanente. Não englobando assim, aqueles em outros vistos e os não-documentados. 8 Esta tabela foi elaborada com os dados disponíveis por determinadas fontes e sem que fosse feito uma peneira
metodológica mais precisa. Será uma das subtarefas desta pesquisa aferir de forma mais precisa estes números
efetuando pesquisas de dados mais substanciais e minuciosas, ao limite do tema. De forma inicial, já foi possível aferir
que há um grande desencontro de aferições e as metodologias empregadas precisam ser melhor analisadas para
compreender qual o método utilizado é mais adequado para esta pesquisa. Trabalhar com migração é uma dificuldade
quanto a números demográficos uma vez que é característica sua clandestinidade, mas também por limitações quanto a
aplicação decenal do censo “pois que a transitoriedade é uma das características marcantes da imigração na
contemporaneidade” (COUTINHO, s.d.).
Proveniência de imigrantes em
países do Mercosul em 20004
Proveniência de imigrantes em
20105
País receptor
Mercosul Demais
países
Total de
imigrantes
Mercosul Demais
países
Total de
Imigrantes
Argentina 916.200 601.000 1.517.904 1.328.000 567.000 1.895.000
Bolívia 51.917 43.847 95.764 83.000 61.000 154.00
Brasil 118.612 565.218 683.830 240.000 700.000 940.0006 7
Chile 73.474 121.846 195.320 110.000 288.000 398.000
Paraguai 151.438 21.738 173.176 169.000 16.000 185.000
Uruguai 43.391 48.987 92.378 36.000 31.000 67.000
Total 1.355.096 1.403.276 2.758.372 1.966.000 1.663.000 3.629.000
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que a imigração entre nacionais do Mercosul ampliado em 2000 ultrapassou a imigração de
nacionais de todos os outros países. As imigrações para os países cresceram, quando comparado os
dados de 2000 e os de 2010, e a imigração entre os países do Mercosul acompanhou estre
crescimento. Na Bolívia e no Uruguai, o número de imigrantes de países do Mercosul ampliado
representa mais da metade do número total de imigrantes. No Paraguai, os números chegam a 90%
da imigração total do país, mas apesar deste alto percentual, é a Argentina que é tida como um polo
de concentração das migrações intraregionais (BAENINGER, 2012). Dois terços dos quase 2
milhões de imigrantes na Argentina são de países do Mercosul ampliado. Na comparação entre os
dados de 2000 e de 2010, o número de imigrantes de fora do Mercosul ampliado, inclusive,
diminuiu. A Argentina, assim, é casa para 1.328.000 imigrantes provenientes do Mercosul
ampliado.
O Brasil, por representar o local no qual está sendo realizado este estudo, demanda uma maior
atenção e análise. De acordo com os números fornecidos pela Polícia Federal brasileira, até 2012
existiam no Brasil, como moradores permanentes, 940 mil pessoas. Destas, 240 mil eram nacionais
de países do Mercosul Ampliado. Em relatório elaborado pela Organização Internacional para
Migrações-OIM (2010) sobre o perfil migratório do Brasil, foi-se dedicada uma seção específica
para tratar das migrações no âmbito do Mercosul ampliado que apesar de não representar o número
mais significativo de migrantes (dividido, no caso do Brasil, entre imigrantes provenientes da
Europa e da Ásia), tem crescido nos últimos anos a própria existência do Bloco regional pede esta
discussão, com o relatório exaltando a importância de se observar os fluxos migratórios entre os
países do Bloco porque justamente este poderá se tornar o principal vetor de trocas populacionais da
América do Sul (OIM, 2010).
Tabela 2- Evolução no número de imigrantes provenientes da América Latina e Caribe
residentes no Brasil ao longo de quatro décadas.
1970 1980 1990 2000
Imigrantes da
América do Latina e
Caribe
71.000 110.000 118.000 144.000
% no total de
estrangeiros no
Brasil
5.85 9.94 15.44 21.07
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Fonte: OIM; CNPD; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Perfil migratório do Brasil
2009. Genebra: OIM, 2010.
No caso específico do Brasil, a tabela 2 auxilia a compreensão de que a imigração de nacionais
dos países vizinhos tem crescido, enquanto a imigração total também se encontra ascendendo. Deste
total de imigrantes provenientes da América Latina e Caribe, os países do Mercosul ampliado
representam 90% do total. Importante ressaltar, ao cruzar os dados quanto ao Brasil nas tabelas 1 e
2, que os números trazidos pela Polícia Federal, sobre o ano 2000, dizem respeito apenas àquela
parcela de imigrantes que alcançou o status de residência permanente no país. Ignoram-se, assim,
todos aqueles invisibilisados por suas condições de não regularização. Sabe-se pelos dados da
Tabela 1 que 240 mil sul-americanos de países do Mercosul ampliado encontravam-se no Brasil
com residência permanente legal, no ano 2000. No entanto, neste ano de 2015 se imagina que os
números e a realidade migratória brasileira seja bem diferente. Por exemplo, estima-se que apenas
na cidade de São Paulo encontram-se 500.000 bolivianos segundo entidades ligadas ao acolhimento
deste grupo populacional9.
Assim, diante deste efetivo aumento das migrações intrabloco do Mercosul, é difícil precisar se
este se deu por conta do processo de integração regional, e suas fronteiras abertas, ou se o processo
de integração fora impulsionado de alguma forma pela intensificação das migrações dentro do
continente. Patarra (1994) defende que a permeabilidade das fronteiras, no sentido de facilitação de
entrada e saída, dos países da América do Sul, no contexto de integração econômica regional, vem
contribuindo para a intensificação dos deslocamentos de população. Assim, o aumento no fluxo
migratório intraregional seria efeito da integração regional. Já Mármora (1993) traz a visão de que os
processos de integração cultural e econômica da América do Sul foram direcionados pelos fluxos de
migração intraregionais. Pellegrino (2009) que em já havia defendido (1995) a ideia de que as
imigrações foram impulsionadas pela abertura dos canais de integração, quase quinze anos após, e
com a consolidação do Mercosul, reviu seu posicionamento é passou a desfazer a conexão entre a
existência do Mercosul e consequências diretas e importantes sobre os fluxos migratórios. A
situação das migrações no Cone Sul está muito mais relacionada, para a autora, com assimetrias
econômicas dos processos de desenvolvimento e com as dificuldades econômicas e políticas de cada
9 LACHINI, A. Grande São Paulo pode ter até 500 mil bolivianos. 2014. Gazeta do Povo, 16 fev. 2014. Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/grande-sao-paulo-pode-ter-ate-500-mil-bolivianos-
es0z58td2egmx78zzz8mk5npz Acesso em: 22 mai. 2015.
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país. Doña Reveco (2014) combina as três abordagens, apresentando uma visão mais compreensiva
do processo:
Os fluxos migratórios existentes integraram as zonas de origem e destino por meio
da construção de comunidades, mesmo antes da assinatura formal dos processos de
integração. A ideia de América Latina permite que, ultrapassadas tais fronteiras, os
indivíduos se tornem, informal ou legalmente, estrangeiros, sem que para isso
percam a herança cultural e histórica comum à América Latina. A partir disso é que
os movimentos de migração intrarregionais se transformam na causa – mas também
na consequência – dos processos de integração, aproximando os países de origem e
destino (p. 11).
O mesmo autor afirma que apesar do processo ter se iniciado desta forma, os mercados regionais
foram construídos como resposta à globalização e deixaram os objetivos econômicos sobrepujar a
integração social e cultural e a defesa dos direitos humanos.
Historicamente, os migrantes são, geralmente, vulneráveis. No contexto do Cone Sul não é
diferente, uma vez que as migrações na região é caracterizada por trabalhadores pouco ou nada
qualificados, que tendem a assumir um caráter permanente e pouco desejado pelos países do bloco
(AMARAL & SILVA, p. 176). Estes migrantes, frente ao despreparo estatal para recebê-los, são
caracterizados, em sua maioria, por situações de invisibilidade e precariedade de direitos
assegurados. Tomando o caso do Brasil como representativo, ainda vigora no país uma lei retrograda
e anacrônica, o Estatuto do Estrangeiro10
, que sendo outorgada no contexto da ditatura civil-militar
de 64, traz o imigrante como um “estrangeiro” e como sujeito da doutrina de segurança nacional.
Assim, o aparato institucional e legislativo brasileiro não é preparado para a recepção de imigrantes
em seu território, falhando em oferecer um tratamento adequado a condição humana dos migrantes.
Ainda que nos últimos anos tenha se intensificado as discussão no âmbito interno quanto a uma
nova lei migratória11
, foi no âmbito dos processos de política migratória do MERCOSUL e da
UNASUL que o Brasil teve suas experiências mais inovadoras, nas últimas décadas, quanto a
normatividade migracional (BARALDI, 2014). Estas experiências podem ser descritas como a
assinatura de acordos específicos como o “Acordo sobre Dispensa de Tradução de Documentos
Administrativos para efeitos de Imigração entre os Estados Partes do MERCOUL, Bolívia e Chile” e
o “Acordo Mercosul Multilateral de Seguridade Social” de 2006, seguido pelo “Acordo sobre o
Benefício da Justiça Gratuita e Assistência Gratuita entre os Estados Partes do Mercosul, Bolívia e
10
BRASIL. Lei 6815 de 19 de agosto de 1980. 11
MIGRAMUNDO. Comissão do Senado adia votação e deixa lei de migrações para 2015., 2014. Disponível em:
http://migramundo.com/2014/12/17/comissao-do-senado-adia-votacao-e-deixa-lei-de-migracoes-para-2015/ Acesso em:
mar 2015.
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Chile” de 2008 e o talvez mais importante, o “Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados
Partes do Mercado Comum do Sul, Bolívia e Chile” de 2009.
Estes acordos assinados desde o início do século XXI representaram uma mudança
paradigmática dentro do MERCOSUL. Fala-se em mudança de paradigma, pois apesar do
MERCOSUL ter como objetivo final a criação de um mercado comum, que pressupõe a livre
circulação de pessoas, a partir do Protocolo de Ouro Preto, de 1994, foi reduzida a importância da
livre circulação de pessoas como objetivo do processo (NOVICK, HENER, DALLE, 2005). Foi
apenas em 2002, com o Acordo de Livre Residência que a questão migratória voltou de forma mais
efetiva à agenda das discussões do bloco. Dois anos após assinatura do acordo, Chile e Bolívia
também o assinaram (ILLES, 2012). Após a assinatura do Acordo de Residência a questão
migratória passou a ser abordada mais efetivamente pelo bloco, com a criação do Foro
Especializado Migratório, em 2003 (MERCOSUL, s.d) e com a assinatura dos outros acordos acima
citados. Vê-se, a partir da tabela abaixo, que o grande marco conceitual para a política migratória é
o Acordo sobre Residência, umas vez que antes de sua assinatura os acordos existentes tratavam a
migração meramente subsidiariamente e após ele apenas um novo documento fora assinado.
2- O Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercosul, Bolívia e
Chile
O Acordo de Residência foi aprovado por decisão do Conselho Mercado Comum, em dezembro
de 2002, em Brasília, Brasil. O objetivo era a regularização migratória interna dos cidadãos do
Mercosul, ou seja, daqueles que já se encontravam em outro país do Bloco que não o seu, e também
a facilitação dos trâmites burocráticos para os novos imigrantes. O Acordo tem como objeto a
elaboração de mecanismos comuns que facilitem a coordenação nas áreas de competências de cada
ministério, para contribuir com a consolidação do processo de integração. O principal elemento do
documento é a disposição de que o único critério essencial para a outorga de residência legal é
somente a nacionalidade (natural ou adquirida) de um dos países do Bloco. Apesar de ter sido
considerado um grande marco legislativo, e até um importante ponto de virada paradigmática, o
Acordo só entrou em vigência em 2009, sete anos após sua assinatura. O Paraguai foi o último país
a ratificá-lo, demorando por questões burocráticas e legislativas domésticas.
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Neste marco que é o Acordo Sobre Residência os Estados acordaram em estabelecer um
mecanismo facilitador da regularização da situação migratória na região para os nacionais dos
Estados Partes. O artigo primeiro do Acordo preceitua que os nacionais de um Estado parte que se
encontram no território de outra parte, poderão efetuar o trâmite migratório para a residência sem
necessidade de sair do país. Os Estados partes poderão conceder residências permanentes ou
temporárias, conforme dispõe as legislações internas. Se estabelece assim, que os nacionais de um
estado parte que desejem residir no território de outra Parte poderão obter uma residência legal
nesta ultima, mediante a acreditação de sua nacionalidade e a apresentação da documentação (art. 4
e 5).
Entende-se como nacionais de um Estado Parte aqueles que possuem a nacionalidade originária
ou que a tenham adquirido por naturalização, há no mínimo 5 anos. O Acordo se aplicará aqueles
que, reunindo os requisitos estabelecidos, solicitem o ingresso ao país, como aqueles que já se
encontrem no território do Estado receptor, qualquer seja sua situação migratória (art. 3).
Conforme o texto aprovado, para a obtenção da residência temporária, é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos: documentos comprobatórios de identidade, nacionalidade e
estado civil; certificado de antecedentes policiais no país de origem e no país receptor; declaração
de ausência de antecedentes internacionais penais ou policiais; caso seja exigido pela legislação
interna do país receptor, poderá ser pedido um exame médico que conste a aptidão psicofísica do
peticionante; pagamento de taxas de serviço. Vê-se, assim, que houve uma grande facilitação com o
Acordo para Residência na burocracia e entraves documentais impostos aos migrantes,
especialmente se considerarmos que desde 2000 também havia sido dispensada a tradução de
documentos entre os países do Mercosul por conta do Acordo sobre Isenção de Tradução de
Documentos para Trâmites Migratórios entre os Estados Parte do Mercosul, Bolívia e Chile. Assim,
um dos maiores avanços do Acordo para Residência foi facilitar a burocracia envolvida requerendo
apenas poucos documentos, sem a necessidade de tradução.
Para requerer a residência permanente os mesmo documentos são necessários, acrescido de uma
comprovação de meios de vida lícitos que permitam a subsistência do peticionante e de seu grupo
familiar. Atualmente, mais de dez anos da assinatura do Acordo para Residência, vê-se que a
necessidade deste documento comprobatório esta se mostrando um obstáculo na aquisição da
residência permanente, transportando os imigrantes muitas vezes de volta a situação não
documentada. A residência temporária dura apenas dois anos e após este período, caso seja de
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interesse do requerente, deverá se transformar em residência permanente. No entanto, a dificuldade,
segundo Paulo Illes (2012), surge da dificuldade para apresentar o documento acima mencionado
pois um grande número dos trabalhadores se encontra na economia informal e tem dificuldades de
apresentar provas de subsistência no país e com isso perdem o prazo legal e tem de começar todo o
trâmite novamente, com um novo pedido de residência temporária.
Ainda que subsistam algumas dificuldades de aplicação, o Acordo para Residência foi celebrado
como um marco legislatório. Os principais benefícios do Acordo, segundo a “Cartilha como
Trabalhar no Mercosul” do Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro é a garantia a todos os
migrantes nacionais de um Estado Parte residentes no território de outro Estado Parte:
Direito de exercer qualquer atividade: por conta própria ou por conta de terceiros,
nas mesmas condições que os nacionais do país de recepção, particularmente o
direito a trabalhar e exercer toda atividade lícita nas condições que dispõem as leis;
peticionar às autoridades; ingressar, permanecer, transitar e sair do território das
Partes; associar-se com fins lícitos e professar livremente sua religião, em
conformidade com as leis que regulamentem seu exercício;
Direito à reunificação familiar: os membros da família que não possuam a
nacionalidade de um dos Estados Partes poderão solicitar uma residência de
idêntica vigência daquela que possua a pessoa da qual dependam, desde que
apresentem a documentação que se estabelece como requisito para a comprovação
da relação familiar e não possuam impedimentos;
Direito à igualdade de tratamento: os imigrantes gozarão, no território das Partes,
de um tratamento não menos favorável daquele que recebem os nacionais do país
de recepção, no que se refere à aplicação da legislação trabalhista, especialmente
em matéria de remunerações, condições de trabalho e seguros sociais;
Direito a transferir remessas: direito a transferir livremente ao seu país de origem
sua renda e economias pessoais, particularmente os fundos necessários para o
sustento dos seus familiares, em conformidade com a normativa e a legislação
interna de cada uma das Partes;
Direitos dos filhos dos migrantes: os filhos dos imigrantes que tenham nascido no
território de uma das Partes terão direito a ter um nome, um registro de nascimento
e uma nacionalidade, em conformidade comas respectivas legislações internas. Os
filhos dos imigrantes gozarão, no território das Partes, do direito fundamental de
acesso à educação em condição de igualdade com os nacionais do país de recepção.
O acesso às instituições de ensino pré-escolar ou às escolas públicas não poderá ser
negado ou limitado devido à circunstancial situação irregular da estada dos pais
(2010, p. 20).
Depreende-se então, que o Acordo para Residência foi efetivamente um grande marco
conceitual e legislativo. Enquanto no Brasil subsiste uma lei migratória anacrônica, nos últimos
anos países do Bloco atualizaram suas legislações e tomaram como base o Acordo para Residência
(ILLES, 2012). Países como Argentina e Uruguai tiveram como marco conceitual o Acordo para
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Residência, garantindo igualdade de tratamento para nacionais e imigrantes e favorecimento de
ações para o fortalecimento da integração sociocultural dos migrantes.
3. Integração e política migratória
Apesar do Acordo sobre Residência ter sido um grande marco conceitual da política migratória
Mercosulina, representando um importante degrau para a construção de uma cidadania sul-
americana (BARALDI, 2014), as questões migratórias ainda estão dissociadas do projeto de
integração do Bloco. Leituras detidas sobre o tema demonstram não existir um consenso sobre as
diretrizes do Bloco quanto as migrações internacionais e os interesses no desenvolvimento da
política migratória. A incorporação do tema migratório nos processos de integração tem sido
limitada (DONA REVECO, 2014) e para além deste fato, não há consenso se a temática quando
introduzida na agenda do Mercosul foi para defender os direitos humanos dos migrantes, ou ainda
como reflexo do crescente número de migrantes entre os países, ou com intenções econômicas.
Existe a defesa do compromisso do MERCOSUL com os direitos humanos (BARALDI, 2014;
ILLES, 2012), a alegação de que a política migratória é voltada apenas para o fator produtivo
presente nas migrações e com propostas para migrantes altamente qualificados (AMARAL &
SILVA, 2013) e também o discurso de que apesar de contar com significativas restrições a serem
vencidas, a política migratória atual é um modelo a ser seguido por demais blocos multilaterais em
matérias de garantias sociais e trabalhistas (COUTINHO, [s.d.]).
A disparidade das opiniões acerca das motivações e do discurso do Mercosul se dá em
grande medida porque apesar da mudança paradigmática que a assinatura do Acordo sobre
Residência acarretou na política migratória, esta não foi incorporada no projeto integracionista do
Bloco. A dimensão social do MERCOSUL foi bastante negligenciada na primeira década de
existência do Bloco, impedindo que o projeto de integração do Mercosul abrisse espaço para
questões prementes, como o desenvolvimento de uma política migratória inclusiva. Os processos de
desenvolvimento da política migratória Mercosulina e do aprofundamento da questão social no
Mercosul são do mesmo período, o que demonstra pouco aprofundamento e inclusão de tais
questões no projeto integracionista do Bloco. Enquanto tendo como objetivo último a
implementação de um mercado comum do sul, tem um comprometimento com a dimensão
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econômica. Como lembrado por Jaeger Júnior, “os blocos de integração têm como objetivo
propulsor a questão econômica, sustentada pelo incremento do comércio” (p. 95, 1999).
A integração regional, ainda que tenha como objetivo único o mercado comum, irá ter efeito,
impreterivelmente na questão social dos países e sociedades envolvidas, e por isso os blocos de
integração regionais não podem furtar-se do debate. Ainda segundo Jaeger Júnior, a análise do
movimento integracionista pode ser dividida em dois polos:
de um lado, a integração econômica, envolvendo aspectos de suma importância; de
outro, o envolvimento social dos cidadãos e das comunidades envolvidas. Esse
relacionamento econômico-social é fundamental à garantia de êxito das suas
próprias relações, até porque as fronteiras estão sendo alargadas, quando não
eliminadas (p. 94, 1999).
Assim, os interesses integracionistas e os objetivos do Bloco devem considerar os nacionais dos
Estados-partes enquanto partícipes do processo. Justamente quanto a este relacionamento entre o
econômico e o social o Mercosul foi bastante criticado em seus primeiros anos, por não haver
demonstrado preocupação com a dimensão social da integração. O Tratado de Assunção, o
documento fundador, foi considerado incompleto por não fazer menção ou dar espaço à questão
social inerente ao processo de integração. Esta crítica é relevante pois, com o passar dos anos, o
Mercosul tentou superar estas deficiências criando mecanismos próprios para articular a dimensão
social, como o Mercosul Social e foros especializados como Fórum Consultivo Econômico e Social
e o Foro especializado migratório. Em 2000, o Mercosul subscreveu a Declaração do Milênio, que
declarou os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, o que levou ao fundamento que implicou no
compromisso de efetivação dos objetivos de crescimento econômico diretamente relacionados ao de
inclusão e coesão social, incorporando a dimensão social da integração. O Marco Conceitual da
Dimensão Social do Mercosul traz que:
Assumir a Dimensão Social da integração baseada no desenvolvimento econômico
de distribuição equitativa, tendente a garantir o desenvolvimento humano integral,
que reconhece ao indivíduo como cidadão sujeito de direitos civis, políticos,
sociais, culturais e econômicos. Deste jeito, a Dimensão Social da integração
regional configura-se como um espaço inclusivo que fortalece os direitos cidadãos
e a democracia (p.20, 2012).
A expansão da dimensão social do Mercosul ocorre nos primeiros anos do século XXI, assim como
a mudança da enxergada no tratamento da questão migratória. Assim, o desenvolvimento do
processo acima pontuado, precisará ser levado em consideração também, uma vez que a
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necessidade de desenvolvimento de políticas migratórias parece ter surgido a partir de demandas
deste processo.
Considerações Finais
Estabelecido com o objetivo de se tornar um Mercado Comum, o MERCOSUL para atingir tal
objetivo precisaria abordar a questão da circulação de pessoas entre os territórios de seus países
membros, uma vez que a livre circulação de trabalhadores é pressuposto para a existência de um
mercado comum. Assim, a questão das migrações e o desenvolvimento de uma política migratória
se encontram no centro das discussões do bloco. No entanto, uma análise mais detida, demonstra
que as duas primeiras décadas de existência do bloco negligenciaram a questão migratória, havendo
uma mudança de discurso em 2002 com a assinatura do Acordo para Residência. Desta forma, o
Acordo representa um importante documento de partida para buscar compreender de que forma a
temática das migrações foi abordada pelo bloco, a quais interesses respondeu e quais objetivos
buscou alcançar.
Após a assinatura do Acordo de Residência a questão migratória passou a ser abordada mais
efetivamente pelo bloco, com a criação do Foro Especializado Migratório em 2003 e com o
desenvolvimento de uma política de dimensão social. No entanto, observa-se que o projeto ainda é
bastante incipiente e por não ter havido um prosseguimento com o aprofundamento de questões
migratória no Mercosul não fica clara a inserção da dimensão migratória no projeto de integração
do Bloco.
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