aula 2 relaÇÕes internacionais

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CURSO ON-LINE – ATUALIDADES E GEOGRAFIA – ABIN PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA 02- RELAÇÕES INTERNACIONAIS Olá amigos, tudo bem? Esperamos que até aqui as coisas estejam ficando claras para que todos possam fazer uma excelente prova de geografia e atualidades. Estamos nos esforçando ao máximo para que vocês tenham o melhor e mais completo material possível. Todavia, reforçamos a importância de vocês utilizarem o fórum de dúvidas sem pudores. Às vezes, ficamos com uma pequena dúvida que se não for sanada acaba nos impedindo de ter uma boa compreensão de um assunto que será tratado mais à frente, port- anto não deixem de perguntar, ok? Responderemos a todos o mais breve possível e restando ainda alguma questão, perguntem outra vez, estamos aqui para ajudá-los a atingir o sucesso rumo à aprovação. Antes de começarmos a nossa aula propriamente dita, queremos socializar duas perguntas interessantes feitas por colegas no fórum de dúvidas, que enriquecem bastante o conteúdo do nosso curso: 1)- O Rodrigo perguntou o seguinte: “Olá caríssimos! Ficou claro que somente Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai formam o MERCOSUL. Eu gostaria de saber, todavia, como está o processo de inserção da Venezuela? ” Nossa resposta: “A Venezuela está em processo de adesão ao MERCOSUL, dependendo somente da aprovação do Paraguai para fazer parte desse bloco regional, ok? Todos os outros países do MERCOSUL já aprovaram sua adesão, inclusive o Brasil, bem recentemente. 2)- O Anderson nos perguntou qual a diferença entre BIRD e BID, ao que respondemos: “Boa pergunta Anderson! Como são siglas muito parecidas é comum fazermos uma certa confusão entre elas. O BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - é a principal fonte de financiamento em 26 países da América Latina e do Caribe. Ele foi

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AULA 02- RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Olá amigos, tudo bem? Esperamos que até aqui as coisas estejam

ficando claras para que todos possam fazer uma excelente prova de geografia

e atualidades. Estamos nos esforçando ao máximo para que vocês tenham o

melhor e mais completo material possível. Todavia, reforçamos a importância

de vocês utilizarem o fórum de dúvidas sem pudores. Às vezes, ficamos

com uma pequena dúvida que se não for sanada acaba nos impedindo de ter

uma boa compreensão de um assunto que será tratado mais à frente, port-

anto não deixem de perguntar, ok? Responderemos a todos o mais breve

possível e restando ainda alguma questão, perguntem outra vez,

estamos aqui para ajudá-los a atingir o sucesso rumo à aprovação.

Antes de começarmos a nossa aula propriamente dita, queremos

socializar duas perguntas interessantes feitas por colegas no fórum de

dúvidas, que enriquecem bastante o conteúdo do nosso curso:

1)- O Rodrigo perguntou o seguinte:

“Olá caríssimos! Ficou claro que somente Brasil, Argentina, Uruguai

e Paraguai formam o MERCOSUL. Eu gostaria de saber, todavia, como está

o processo de inserção da Venezuela? ”

Nossa resposta: “A Venezuela está em processo de adesão ao

MERCOSUL, dependendo somente da aprovação do Paraguai para

fazer parte desse bloco regional, ok? Todos os outros países do

MERCOSUL já aprovaram sua adesão, inclusive o Brasil, bem recentemente.

2)- O Anderson nos perguntou qual a diferença entre BIRD e

BID, ao que respondemos:

“Boa pergunta Anderson! Como são siglas muito parecidas é comum

fazermos uma certa confusão entre elas.

O BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - é a principal

fonte de financiamento em 26 países da América Latina e do Caribe. Ele foi

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instituído, em 1959, com o objetivo principal de apoiar o processo de

desenvolvimento econômico e social dessa região. Esse desenvolvimento é

promovido, principalmente, pela concessão de empréstimos e operações de

cooperação técnica para esses países. Assim, o BID pretende colaborar com

o combate a pobreza e promover uma igualdade social.

Já o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - foi fundado com o objetivo principal de ajudar os países

que haviam sido destruídos pela Segunda Guerra, ou seja, países da Europa.

Lembra que falamos do Acordo de Bretton Woods? Pois então, o

BIRD foi estabelecido a partir desse acordo. No entanto, atualmente seu papel

se modificou no cenário mundial e tem como objetivo principal lutar contra a

pobreza mundial, através da concessão de empréstimos a países em

desenvolvimento.”

3) O Roger teve dúvida a respeito da diferença entre harmonização

das políticas econômicas e equalização das políticas econômicas.

“Como harmonização e equalização são palavras que nos indicam

coisas muito semelhantes pode ser difícil mesmo perceber a diferença entre

elas. Porém, apesar de sutil essa diferença existe!

Para ficar bem fácil de visualizar, pensemos num quadro. Nesse

quadro foi pintado uma imagem que a simples admiração dele lhe traz uma

sensação de bem estar. Muito provavelmente essa tela está repleta de cores

que se harmonizam, ou seja, possui cores que combinam entre si. Apesar de

diferentes, uma vez juntas num mesmo contexto, elas não interferem uma

na outra, resultando numa diversidade que se combina, que se harmoniza.

Por outro lado, se pretendermos que essa tela fique equalizada,

usaríamos uma cor só e ela estaria preenchida totalmente por apenas uma cor,

ou seja, em qualquer ponto da tela as cores utilizadas seriam exatamente

iguais, tal como um quadro negro. Assim, elas também não se agrediriam, pelo

simples fato de serem absolutamente iguais.

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No caso das políticas econômicas é a mesma coisa! Elas estarão em

harmonia quando apesar de diferentes não ferirem ou influenciarem negat-

ivamente uma na atuação da outra. Em contrapartida, elas estarão equaliz-

adas quando a mesma política adotada em uma região for adotada na outra.

4- Nosso amigo Carlos perguntou de que forma o crescimento dos

blocos sul americanos se contrapõem às ambições da ALCA, e se

existem casos ou possibilidades concretas de retaliações dos EUA?

“A ALCA é um projeto que ficou parado no tempo. Ela tinha como objetivo

a formação de uma área de livre comércio nas Américas. No entanto, em virtude de

interesses divergentes entre os países que a formariam, suas negociações foram

abandonadas.

Veja só: os países integrantes do NAFTA tinham como

maior interesse as negociações em matéria de serviços, investimentos e

propriedade intelectual. Já os países do MERCOSUL viam com prioridade

os temas de acesso a mercados e agricultura.

Os EUA, por sua vez, eram relutantes, à época das negociações, em

retirar os altos subsídios que concediam ao setor agrícola e reduzir o

protecionismo em alguns setores, como o do aço. E isso era de fundamental

interesse para os outros países.

Quanto ao crescimento da integração na América do Sul, não dá pra

falarmos em contraposição às ambições da ALCA, já que nem se fala mais ho-

je nesse bloco comercial. Também não existe a possibilidade de qualquer retali-

ação dos EUA hoje em dia, já que as regras do comércio internacional somente

as admitem quando autorizadas pela OMC no âmbito de uma disputa comercial.”

____________________x___________________

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Bem, dito isso, podemos partir direto para nossa aula. Abordaremos

hoje outros importantes tópicos do edital, que se atêm a questões mais

nacionais. Se até agora estávamos explicando a globalização e suas

repercussões mundiais, é chegada a hora de nos voltarmos às peculiaridades

da inserção do Brasil no capitalismo mundial.

1- A integração do Brasil no processo de internacionalização da economia.

Enxurrada de produtos chineses eletrônicos a preços baixos,

popularização da batata “Pringles” e da Coca-Cola. Esses são apenas alguns

demonstrativos de que o Brasil se inseriu profundamente no cenário econômico

mundial. Até aí nada de novo, todos nós já sabíamos, não é mesmo? Mas

como foi que tudo isso começou? Como o Brasil saltou da condição de mero

fornecedor de matérias primas à de uma das economias mais fortes do

mundo?

Vocês estão lembrados de que na aula passada falamos sobre a

migração das grandes empresas para países que ofereciam boas condições

para instalação de indústrias? Pois bem, é assim que começa a nossa história

de hoje.

Assim como a maior parte dos países subdesenvolvidos, o Brasil

não ficou à margem da ofensiva capitalista internacional, tendo sido invadido

por dois setores em especial: os grupos financeiros e as multinacionais.

Os primeiros buscavam aplicações para o excesso de liquidez que

adquiriram no pós-guerra, o qual se prolongou para muito além de suas

conseqüências e efeitos imediatos. Como assim? A superioridade capitalista

que vemos hoje e que proporcionou a inserção do Brasil na economia

internacional surgiu por dois motivos. Um deles foi a acumulação de divisas em

ouro, resultado do forte financiamento da guerra e das restrições de consumo

que ocorrem nessa situação. O outro foi o contínuo impulso que os negócios

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tiveram devido à reorganização e reconstrução da Europa (Plano Marshall).

Assim, frente a uma enorme concentração de capital nas mãos de grupos

financeiros, eles aplicavam em países subdesenvolvidos, como o Brasil, na

expectativa de ótimos rendimentos.

Já as empresas multinacionais, beneficiárias diretas da conjuntura

de grande quantidade de excedente financeiro, buscavam novas oportunidades

de negócios se expandindo especialmente para os países onde tudo ainda

estava por ser construído, como o Brasil.

Na década de 60, o Brasil viveu um período conhecido como,

“milagre econômico”, devido justamente a um salto sem precedentes nos

investimentos que ocorreram nesta época. O Brasil oferecia boas perspectivas

e garantias de bons negócios, como a abundante disponibilidade de mão-de-

obra barata e relações de trabalho bem mais amenas do que as encontradas

nos países desenvolvidos - onde as exigências e a liberdade de exprimí-las

tornaram dispendiosas e incômodas a relação empregado/patrão.

Assim, o chamado terceiro mundo se tornou um dos principais

destinos do fluxo de capitais ou poupança externa e de tecnologia dos grandes

centros para imprimir-lhes um surto de crescimento industrial, do qual o Brasil

foi exemplo.

Todavia, o tão bem sucedido sistema capitalista sofreu um forte

baque no início da década de 70, quando se instalou uma forte e generalizada

inflação de preços acompanhada de desemprego e inatividade das empresas.

Apesar de a crise ter atingido a todos os países que compunham o

mundo capitalista, é claro que quem mais sofreu foram os países que estavam

se industrializando. Um exemplo disso foi o Brasil, onde faltaram recursos de

crédito para continuar financiando o milagre econômico que o país vivenciava

às custas de muito empréstimo dos bancos americanos.

Ao mesmo tempo em que a contração de uma volumosa dívida

externa trouxe progressos industriais ao Brasil, ela também impôs uma perda

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relativa da autonomia econômica e da livre disposição dos recursos naturais

brasileiros. A crise das décadas de 80 e 90 mostrou que o Brasil reservava a

maior parte de seus recursos para pagar dívida externa e isso comprometia

mais de um terço do Produto Nacional Bruto.

Toda essa atividade econômica em nações como o Brasil serviu

muito mais para consolidar os setores relativamente mais restritos da

população que têm acesso a esse progresso do que a maioria em si. Ao

aproveitar ao máximo a especulação externa, que fervilhou nos últimos anos do

capitalismo, o Brasil contraiu uma dívida externa sem antecedentes na sua

história, sacrificando esferas desprivilegiadas da população, que continua

pagando o pesado tributo de uma divida que não contraiu.

Ok, professores, mas como é que isso pode ser cobrado na prova?

Vamos dar uma olhadinha na questão que segue:

(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do conceito de globalização levou o presidente da República a abordar esse tema na abertura da sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 2001.

Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a respeito do lugar do Brasil e da América Latina na globalização.

1 Embora um forte setor governamental no Brasil, o econômico-financeiro, tenha defendido o conceito de globalização benéfica, setores adjacentes não acreditaram no automatismo da equação que associa liberalização e privatizações às necessidades do desenvolvimento econômico e social da nação.

Comentários

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Como já vimos anteriormente, a globalização tem com principal

característica estimular o crescimento econômico nos países. No entanto, ela

também traz inúmeros efeitos negativos, como o aumento da pobreza, da

desigualdade e da violência.

A livre concorrência entre empresas e países, tão estimulada pela

globalização, coloca em competição economias com diferentes graus de

desenvolvimento - o que tende a aumentar o tamanho do abismo existente

entre os países ricos e pobres. Estando o Brasil na parte mais fraca da corda, é

absolutamente normal que setores críticos da sociedade não acreditem que

liberalizações e privatizações possam originar um desenvolvimento social para nação.

Ao contrário do que possa parecer, o desenvolvimento econômico

não traz necessariamente o desenvolvimento social e, se não for devidamente

controlada, a globalização pode aumentar e marginalizar ainda mais as

sociedades e economias mais pobres. Portanto, a questão está correta.

2(CESPE/DPF-2002) A ética e a cidadania, idéias fortes na conformação de uma sociedade moderna e civilizada, ocuparam o papel central na definição das políticas públicas de inserção internacional da América Latina na década de 90 do século passado.

Comentários

Ética e cidadania são dois conceitos que deveriam ser lembrados

para responder esta questão. Sabendo o que eles significam e olhando para

nossa realidade, saberíamos logo de cara que a questão está errada! Mas por

quê? O sistema capitalista tem sua maior expressão na globalização que,

através de suas representantes máximas (multinacionais), busca o lucro a

qualquer custo! Desta forma, foge a qualquer lógica ética que uma

multinacional permita que pais de famílias sejam substituídos por máquinas e

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percam sua cidadania não é mesmo?! O conceito de cidadania está

profundamente atrelado à noção de direitos individuais, ou melhor, ao direito de

ter direito - seja a um emprego, ao lazer, saúde, educação ou cultura. Porém, o

acesso a esses direitos não é o ponto central do capitalismo, que se rege pela

busca constante do lucro.

3 (CESPE/DPF-2002) Apesar de a força do liberalismo que se irradiou na América Latina nos anos 90 do século XX ter chegado ao Brasil, este manteve seu padrão de racionalidade e continuidade dos últimos sessenta anos, sob a égide do nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal.

Comentários

Na década de 90, a economia latina, assim como a mundial, eram

regidas pelas idéias neoliberais formuladas no Consenso de Washington, não é

mesmo? Naquela ocasião, foram estabelecidas medidas de estímulo à

privatização das estatais e o fim do Estado de Bem-Estar Social, ou seja, o fim

do Estado como protetor da sociedade e regulador da economia. Portanto,

é errado afirmar que o Brasil manteve seu padrão de racionalidade sob a

égide do nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal, pois o

neoliberalismo propõe a quase nulidade de ações do estado.

4 (CESPE/DPF-2002)- A atual crise pela qual passa a Argentina, apesar de ter caráter exclusivamente econômico, em nada pode ser associada ao tema tratado no texto I, pois, nesse país, a

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estabilidade da moeda foi conseguida de forma natural, considerando-se apenas o real equilíbrio entre suas exportações e importações

Comentários

Em fins de 2001 e inicio do ano de 2002, a Argentina passou por

uma crise sem precedentes em toda a sua história devido a seu escopo

e amplitude. Essa crise abarcou o setor social, econômico (fiscal, financeiro

e corporativo), político e até mesmo institucional (Suprema Corte).

Portanto, quando a questão afirma o caráter exclusivamente econômico da

crise, ela já incorre no primeiro erro da assertiva. Após isso, a questão

aborda o caráter natural do equilíbrio da moeda argentina - outra inverdade

- uma vez que a paridade do peso argentino com o dólar só foi conseguida

com a interferência do estado, independente das leis de mercado.

________________X_________________

Pessoal, que nos perdoem aqueles que não são muito amantes de

História, mas teremos mesmo que abordar um pouquinho dela para comentar a

próxima questão, ok? Prometemos ser breves!

Até aqui falamos de industrialização, globalização e sobre como as

indústrias se instalaram e se distribuíram pelo território brasileiro. Mas, afinal,

como foi o início de todo esse complexo industrial e estrutural que temos hoje?

Não há como pensar em industrialização no Brasil sem lembrar-nos

de um polêmico presidente: Getúlio Vargas. Entre os anos de 1930 e 1945,

esse presidente teve um papel essencial na edificação de uma nova trajetória

política e econômica do Brasil rumo a uma sociedade urbana e industrial. Ao

lado da modernização econômica por meio da implementação de indústrias,

Vargas instituiu um rígido autoritarismo político – levando o país a conhecer a

repressão e a censura. Apesar de se pretender progressista, visto os moldes

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utilizados nos direitos que originaram a legislação trabalhista, a chamada “Era

Vargas” trouxe ao Brasil uma modernização conservadora. E por quê?

Bom, uma coisa de cada vez...

Modernização porque foi ele quem estimulou a formação da

indústria de base no país por meio da construção de importantes empresas

estatais. Até o ano de 1941, o presidente ainda apresentava uma política

pendular entre os EUA e a Alemanha quanto ao seu posicionamento na

Segunda Guerra Mundial. Todavia, exatamente neste ano, Vargas obteve

financiamento norte-americano para a montagem de uma das principais

indústrias da economia brasileira: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na

cidade de Volta Redonda/RJ. Todavia, esse foi apenas o início de suas

modernizações econômicas, uma vez que, seguido a isso, tivemos a criação da

Eletrobrás em 1952 e a campanha pela nacionalização total do petróleo com o

slogan "o petróleo é nosso", que resultou na criação da Petrobrás em 1953.

Por outro lado, é considerada conservadora, pois toda a vontade de

progresso que notamos na administração de Getúlio Vargas sempre esteve

diretamente ligada a um forte sentimento de nacionalismo. Esse sentimento

significava uma maior dificuldade do capital financeiro externo em dominar

setores importantes da sociedade – conforme esperava o liberalismo

econômico vigente. Em outras palavras, o nacionalismo do governo Vargas

dificultava bastante a vida dos investidores externos, sobretudo

estadunidenses, quando se tratava de entregar as riquezas brasileiras.

Além disso, o aspecto político certamente contribuiu para que

o governo de Getúlio fosse visto como conservador, uma vez que vivíamos

uma ditadura interna, que procurava acalmar os ânimos mais exaltados

em sua legitimidade com os trabalhadores. Para não perdê-la, no dia 1º de

maio de 1954 o então presidente concedeu finalmente o prometido aumento

de 100% no Salário Mínimo.

Apesar disso, em pesquisas recentes para avaliar quem foi a maior

liderança política do Brasil do século XX, Getúlio Vargas apareceu em segundo

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lugar. Para surpresa de muitos, em primeiro lugar ficou Juscelino Kubitschek,

justamente por ter ligado sua imagem no Brasil à promessa de

um desenvolvimento sem conflitos, com democracia e liberdade para todos.

Vargas, apesar de ter sido o precursor do desenvolvimento industrial

no país e do “amor” que lhe devotaram os pobres, graças à legislação

trabalhista e à tragédia de sua morte em nome da bandeira nacionalista, só foi

lembrado em segundo lugar. Todavia, é preciso reconhecer que Getúlio foi o

grande organizador do Estado brasileiro e o coordenador do pacto social que

prevaleceu praticamente intocável durante mais de 50 anos.

Então, pessoal, dito isso vamos ver como esse assunto já foi

cobrado em provas anteriores da ABIN.

5 (CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de modernização do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade que o século XX exprimia. Do ponto de vista econômico, verificouse o estímulo à industrialização, com o Estado assumindo papel relevante na montagem da infra-estrutura de que o país carecia.

Comentários

A questão toca exatamente nas questões que comentamos acima

não é mesmo? Vargas foi mesmo o pioneiro no processo de modernização do

Brasil e foi o principal responsável por inserir nosso país no novo circuito

econômico do século XX. Essa inserção foi pautada, principalmente, pelo

estímulo à industrialização e sempre com o Estado assumindo papel relevante na

instalação da infra-estrutura de que o país necessitava. Logo, a questão está

correta.

6 (CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do

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Rio Doce são símbolos da arrancada industrial brasileira que a Era Vargas patrocinou .

Comentários

Sustentado em sua política nacionalista, a administração de Getúlio

Vargas explorou as riquezas brasileiras, assistido pelos grupos nacionais e

contrariando os grupos estrangeiros. Dentre essas explorações, destaca-se a

extração mineral, a exportação de minérios e a siderurgia.

Nesse sentido, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)

foi instalada em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, no ano de 1941

com o objetivo de produzir aço. Ela foi a primeira das importantes

empresa que Getulio conseguiu instalar no Brasil.

A Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi fundada em 1943 pelo

Estado Novo e nela eram fabricados motores de aviões com tecnologia

norteamericana. Do mesmo modo, e com o mesmo objetivo

de industrializar a economia brasileira, em 1942 foi erguida a

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) com a meta especifica de cuidar

da extração das riquezas minerais. Portanto, essas três empresas são

sim símbolos da arrancada industrial brasileira durante Era Vargas.

Bom pessoal, só para ficar mais completo o assunto, é

bom lembrarmos também da criação da Petrobrás, que ocorreu já no fim

da era Vargas, em 1953 ok?

7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe resultados econômicos positivos para o Brasil. A cessão de bases militares no Nordeste e a entrada no conflito, ao lado dos aliados, permitiram a negociação vantajosa para a obtenção

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de empréstimos norte-americanos para o financiamento da indústria de base brasileira.

Comentários

Corretíssima. Apesar de ser um assunto pouco estudado no colégio

e pela própria historiografia, a participação do Brasil na Segunda Guerra

Mundial é um assunto extremamente amplo e complexo. Amplo, pois teve

conseqüências econômicas, políticas e sociais. Complexo, pois quando

abordamos esses assuntos muitas perspectivas são possíveis de serem

analisadas.

Mas, para não viajarmos demais nesse assunto, que particularmente

no interessa e nos encanta (talvez à Virgínia ainda mais do que a mim, pois fez

sua dissertação de mestrado sobre isso), vamos nos ater aqui

às conseqüências econômicas da Segunda Guerra Mundial para o Brasil.

Apesar de iniciado em 1939 o conflito na Europa, o Brasil só sentiu

os efeitos negativos da guerra em 1942, quando começaram a ser torpedea-

dos por submarinos alemães, no litoral do país, embarcações civis e

mercantes. Esses torpedeamentos resultaram em mais de mil mortos em

águas brasileiras e a pressão popular acabou colocando

soldados brasileiros em solo italiano para lutar.

Todavia, os anos que antecederam esses afundamentos foram

marcados pela política econômica pendular de Vargas entre países aliados e

países do eixo. Nesse período, Getúlio aproveitou todas as ocasiões para

negociar com o Estado Alemão, tanto que as cotas de exportação colocavam a

Alemanha em 2º lugar no comércio exterior brasileiro (19,1%), aproxi-

mandose, a cada ano ao índice das negociações norte-americanas (34,3%).

Assim, o Brasil dava claras demonstrações de que manteria suas

negociações tanto com os países do Eixo (Alemanha e Itália) quanto com os

Estados Unidos. Nessa gangorra de quem daria mais, o presidente Getúlio

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Vargas buscava desenvolver e industrializar nosso país, mas pra isso seria

necessário conseguir o apoio financeiro norte-americano ou dos países

totalitários. E foi com esse joguinho que ele conseguiu reequipamento e

ampliação das ferrovias, a construção da hidrelétrica Paulo Afonso, a

instalação da indústria aeronáutica, a importação de navios e equipamentos

militares pesados e a criação da usina siderúrgica de Volta Redonda.

Entretanto, com os torpedeamentos a embarcações brasileiras, a

oscilação de Getúlio foi colocada em xeque pela própria população, que saiu as

ruas pedindo pela entrada do Brasil na guerra ao lado dos EUA.

8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] - A popularidade de JK decorreu de sua política desenvolvimentista de fundo radicalmente nacionalista, o que explica seu rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as dificuldades por ele impostas à presença do capital estrangeiro no Brasil

Comentários

O mandato de Juscelino geralmente é lembrado pelo grande

desenvolvimento e incentivo ao progresso econômico do país por meio da

industrialização.

Ao assumir o governo, ele lançou o Plano Nacional de

Desenvolvimento, comumente conhecido como Plano de Metas, em que ele se

comprometia a trazer o desenvolvimento para o Brasil de forma absoluta. Foi a

partir daí que surgiu sua célebre frase "Cinquenta anos em cinco", quando

ele se propôs a realizar 50 anos de progresso em apenas cinco de governo.

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Para tanto, ele elaborou um plano com 31 metas divididas entre os

pontos que ele achava primordiais: energia, transportes, alimentação, indústria

de base, educação, e é claro, sua meta principal: a construção de Brasília!

Todavia, todo o desenvolvimento industrial conseguido por seu governo

concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam

com suas atividades econômicas tradicionais. E por quê? Porque as empresas

de base criadas por Getúlio estavam no Sudeste- o que gerou um aumento nas

correntes migratórias principalmente do nordeste para o sudeste. Aliás, todo o

desenvolvimento industrial conseguido por JK só foi possível graças à criação

da CSN e da Petrobrás no governo Vargas.

Alguns de vocês podem estranhar, mas JK de fato rompeu com FMI!

No entanto, esse rompimento nada teve a ver com dificuldades impostas por

ele à entrada do capital estrangeiro no Brasil, conforme afirma a questão. Pelo

contrário, nunca se entrou tanto capital estrangeiro no país como durante o

governo JK, quando a dívida externa brasileira deu saltos. Afinal de contas, um

programa tão ambicioso (cinqüenta anos em cinco!) não poderia ser realizado

com verbas modestas, não é mesmo?

Mas tamanha ambição acabou por estremecer as relações do

governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional, que queria que o

presidente abrisse mão de seu plano de metas, o qual puxou a inflação e o

arrocho salarial para as alturas. Portanto, pessoal, essa questão está errada!

9 (CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse afastamento presidiu muitas das medidas que tomou, a exemplo da privatização de empresas estatais e da flexibilização das leis trabalhistas.

Comentários

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Foi durante o governo de Fernando Henrique Cardoso que

ocorreram as maiores privatizações da história de nosso país. Era comum

ouvirmos de pessoas mais velhas que Getúlio devia estar se remexendo no

caixão com toda aquela história de privatizações. Portanto, pessoal,

o governo de FHC aproximou-se imensamente do neoliberalismo, adot-

ando várias das posturas recomendadas, como as privatizações, o

que o afastou definitivamente do modelo de Estado desenhado por Vargas.

10(CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o Brasil, o México e a Argentina na nova realidade econômica mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a reforma do Estado, para a ampliação da autonomia deste e para a garantia do crescimento econômico por meio da centralização da tomada de decisão.

Comentários

Ao se inclinar a emprestar dinheiro para países subdesenvolvidos,

como Brasil, México e Argentina, as organizações financeiras mundiais

estipulam as suas condições. Se nos lembrarmos das medidas neoliberais

elaboradas no consenso de Washington e absorvidas pelo FMI, por exem-

plo, veremos que uma das exigências feitas segue sempre rumo à reforma

estatal sim, porém visando exatamente uma descentralização da tomada de

decisão.A questão afirma exatamente o oposto, o que a torna errada.

2- A Divisão inter-regional do trabalho e da produção

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Como já dissemos anteriormente, tivemos um verdadeiro “surto

industrial” na década de 60 no Brasil. Além das mudanças econômicas que

vieram na garupa desse desenvolvimento, houve também um incremento na

divisão social do trabalho em função da industrialização. Assim, não é segredo

pra nós que a indústria se tornou o principal cerne ativo da economia e da

expansão econômica desse período, certo?

Porém, pessoal, é muito importante pensarmos que uma análise

exclusivamente econômica não dá conta da compreensão da dinâmica das

mudanças nessa nova sociedade industrial. Uma análise apenas econômica

não permite que compreendamos, por exemplo, a automação ou o controle da

produção pela informação. Atualmente, os computadores são aptos a orientar e

avaliar a condição dos artigos no interior das linhas de produção. Do mesmo

modo, robôs vêm cada vez mais substituindo o trabalho humano. Assim, meus

amigos, é importante analisar esse processo de transformações técnicas e

culturais que ocorreu paralelo ao desenvolvimento econômico e industrial.

E por que precisamos falar aqui de aspectos culturais? Porque é

importante sabermos que o processo de desenvolvimento tem implicações

muito mais amplas que a economia, a fim de que possamos compreender a

causa das indústrias estarem localizadas onde estão.

Bem, desde o início da globalização, a mídia no Brasil vem

trabalhando com padrões estéticos importados, sobretudo dos EUA, como

instrumento daquilo que alguns estudiosos chamam de “colonização cultural”.

Publicidades de cigarros, bebidas, carros e moda estimulam o consumismo e

reforçam uma dependência econômica. Mas tudo bem, não vamos consumir

muito tempo falando dessa colonização cultural. O importante é sabermos que

ela existe e que a atividade industrial, em qualquer parte do mundo, está

diretamente ligada aos padrões estéticos e econômicos do consumidor.

Ao mesmo tempo em que o crescimento dos mercados estimulou o

crescimento e a diversificação do processo industrial, ele também intensificou o

processo de diversificação na divisão social e territorial do trabalho.

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Novos papéis foram sendo inventados no interior das fábricas,

especializações profissionais cresceram em número e qualidade, o proletariado

se tornou mais complexo e passou a consumir mais e engrossar o mercado

que era exclusivo da classe media e alta da sociedade. Assim, firmou-se no

mundo capitalista, uma nova divisão de trabalho, em que o Estado passa a

intermediar seus próprios interesses com os interesses da sociedade e das

empresas privadas, para planejar a exploração do mercado. Nessa nova

divisão, há uma tendência em concentrar as empresas junto aos grandes

centros de consumo, como o ABC paulista, que fica bem próximo a um dos

maiores centros financeiros do mundo.

Se tivéssemos que definir qual a principal determinante para

expansão dessa industrialização, seria de extrema relevância falar da

revolução tecnológica dos últimos anos. O progresso das técnicas e do

conhecimentos, que compõem o mundo contemporâneo, instituiu as bases

dessa nova ordem mundial, incluindo formas de agir e pensar. As nações que

controlam essa evolução são capazes de constituir fronteiras políticas,

econômicas e culturais tanto na divisão das fronteiras entre os países como no

interior dos mesmos. E como isso é possível?

Um bom exemplo para compreendermos tudo isso seria pensarmos

no Brasil. A defasagem entre o Brasil e os países estrangeiros no que se refere

ao desenvolvimento tecnológico nos induz a pensar que quando as

multinacionais se instalam aqui elas trazem consigo toda uma bagagem de

conhecimentos e estratégias modernas de produção, certo? Errado! Ao

penetrarem no mercado brasileiro, elas acabam se apropriando do

desenvolvimento que a tecnologia nacional vinha produzindo a “passos de

tartaruga”.

Antes das grandes empresas internacionais chegarem ao Brasil, as

pequenas indústrias (aquelas de “fundo de quintal”) já vinham apresentando

um significativo desenvolvimento técnico para a realidade da época. Um

exemplo são as indústrias de peças para automóveis importados e as fábricas

têxteis, que escolhiam seletivamente as regiões aonde esse processo vinha

acontecendo para implantar seus estabelecimentos.

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A preferência acabou sendo pelo Sudeste brasileiro, tendo em vista

as melhores estruturas em relação às demais regiões do Brasil. Aí vocês

podem se questionar: mas se houveram tantos avanços tecnológicos em todas

as áreas possíveis, porque as empresas continuavam se instalando próximo

aos grandes centros? É verdade que o desenvolvimento dos meios de

comunicação, indústrias químicas e eletrônicas, aparecimento dos caminhões

de grande porte e contêineres favoreceram muito a dispersão geográfica das

indústrias sem qualquer prejuízo ao poder de controle das matrizes sobre suas

filiais. Com o avanço das comunicações, a qualquer momento, a matriz pode

acompanhar possíveis problemas administrativos ou políticos, pode tomar

qualquer tipo de decisão administrativa – ainda que isso afete diretamente o

país onde ela está instalada.

Nesse sentido, é comum encontrarmos estudiosos que falam sobre

uma “colonização” cultural dos países de origem das empresas sobre os outros

que necessitam economicamente que as indústrias permaneçam produzindo

em seu território. .

Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que as multinacionais

têm acesso, elas preferem se utilizar de territórios onde haja um sólido

mercado de bens e serviços para viabilizar sua produção. Como assim?

Energia, transportes, serviços bancários, mão-de-obra, tudo isso é fundamental

para o perfeito funcionamento das empresas e desencadeia um círculo de

desenvolvimento. Os empreendimentos se instalam em locais onde não se

precisa investir em infra-estrutura ou serviços como os que mencionamos. Isso

acaba atraindo e impulsionando o mercado de bens e de serviços, que migram

para onde há indústrias, e assim por diante.

O Sudeste brasileiro, na época da implantação dos grandes

empreendimentos estrangeiros, apresentava economias externas muito

desenvolvidas, frutos das atividades empresariais nacionais. São chamadas

economias externas justamente os serviços externos a indústrias, mas também

essenciais para o escoamento e bom funcionamento da produção - energia,

transporte etc. Ou seja, o simples fato de ter essa economia externa

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desenvolvida já fazia da região uma garantia de sucesso dos novos

empreendimentos

Porém, não podemos nos esquecer que grande parte dessa

economia externa - centrais hidrelétricas, usinas siderúrgicas,

estradas, qualificação de mão-de-obra etc - foram custeadas

com investimentos do Estado Brasileiro. E é por isso que o governo

do Brasil vem ampliando seus investimentos em áreas menos

industrializadas do país - como as regiões Norte e Nordeste.

Quando foi lançado o PAC – Programa de Aceleração do

Crescimento, no governo Lula, uma das metas propostas era investir no

estado de Pernambuco. Considerado um dos mais principais pólos econômicos

do Nordeste, seriam destinados R$60,4 bilhões para serem divididos entre os

setores de logística, energia e infra-estrutura urbana e social. Demos apenas o

exemplo de Pernambuco para não ficar nos atendo aqui a números. Todavia,

é importante sabermos que investimentos governamentais têm sido feitos

em diferentes regiões do Brasil, como forma de “correr atrás do

prejuízo” acumulado pelo seu subdesenvolvimento tecnológico.

Apesar dos avanços conseguidos nas diversas áreas

do conhecimento, ainda estamos muito longe de possuir o domínio da

tecnologia da informática e comunicação por satélite. O sistema rodoviário

cresceu muito, mas o ferroviário está em péssimas condições

de funcionamento e, apesar de termos centrais hidrelétricas, não temos

controle da energia nuclear. E o que queremos dizer com isso tudo?

Queremos que entendam o seguinte: apesar das

mudanças sistemáticas que vem ocorrendo em nosso país, ainda existem

muitos entraves que precisam ser superados. Para isso, o governo teria

que viabilizar a assimilação de novas tecnologias pela empresas

brasileiras e não simplesmente preparar equipes técnicas para gerar

nova tecnologia. Tudo isso porque a conquista das novas tecnologias é uma

condição fundamental para o desenvolvimento econômico e social.

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Muito ainda está por ser feito, apesar de tanto já termos caminhado,

e por isso podemos afirmar que a configuração do território brasileiro sofreu e

continua sofrendo transformações ao longo dos anos

E por que estamos batendo tanto nessa mesma tecla? Vamos ler a

questão a seguir e perceber como esse assunto é avaliado em provas

11(CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-se um processo de mudança no desenho regional brasileiro, em que a se nota uma certa desconcentração das atividades econômicas depois de intensa concentração em São Paulo. Com relação a esse tema julgue os itens que seguem.

A) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são características desse processo de desconcentração espacial.

B) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica está o deslocamento da fronteira mineral.

C) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.

D) O processo de industrialização vivido pelo país, ao pro-mover maior integração do território, minimizou as dis-paridades entre as regiões brasileiras, ori-ginarias da política agroexportadora herdada do passado.

Comentários

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a) Essa questão aborda exatamente o que comentamos acima, não é? As

novidades tecnológicas, a abertura comercial, a fundação de blocos

econômicos como o MERCOSUL e a estabilidade monetária

determinaram uma reestruturação produtiva das indústrias. Essas

mudanças suscitaram uma trajetória de desconcentração regional, com

as indústrias instalando-se em outros lugares que não apenas as

regiões mais tradicionais. É claro que essa desconcentração só pode

ocorrer devido a investimentos governamentais no que chamamos de

economia externa da região. Portanto está correta.

b) A descoberta de novas jazidas minerais nos últimos dez anos no Brasil

foi uma das principais responsáveis pelo deslocamento industrial para

áreas do país esquecidas em outros momentos. O consumo de minerais

nas indústrias do país fez dobrar as descobertas de jazidas em território

brasileiro. Em 2007, os preços dos principais metais dispararam e a

economia brasileira acendeu com bastante vigor. Um dos responsáveis

por este aumento da demanda por minerais é o Programa de Aceleração

do Crescimento (PAC), que aumentou a demanda por materiais de

construção.

Isso levou o diretor geral do Departamento Nacional de Produção

Mineral (DNPM), Miguel Nery, em entrevista exclusiva à Gazeta

Mercantil a declarar que: “Estamos vivendo um momento ímpar para a

mineração no cenário mundial. Na década passada, enfrentamos baixos

preços e falta de investimentos. “

c) Depois de tudo o que lemos sobre investimentos em áreas

anteriormente esquecidas, sabemos, logo de cara, que essa questão

esta errada, não é? Ora, o que vemos é exatamente o contrário. Nos

últimos anos, sobretudo devido ao PAC, houve uma inversão de capitais

para outras regiões do país, que ofereciam uma série de facilidades para

a instalação de indústrias. Essas áreas fogem à tríade formada pelos

estados de Minas Gerais, Rio de janeiro e São Paulo e passam a

contemplar regiões como Norte e Nordeste.

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d) Essa questão está errada, pois, se por um lado o processo de

industrialização vivido pelo país promoveu alguma integração do

território nacional, por outro lado não houve minimização das

disparidades entre as regiões brasileiras. Além disso, a política

agroexportadora que existia, por exemplo, no Nordeste , com o cultivo

da cana de açúcar, foi substituída por outras com produtos de maior

valor no mercado como o álcool.

3- A ação do Estado na economia e políticas contemporâneas.

Ao ler este título alguns de vocês podem estar pensando: mas

depois da expansão do neoliberalismo pelo mundo, inclusive no Brasil, o

Estado ainda pode ter ação na economia? O Consenso de Washington não

propunha medidas que visavam extirpar a participação do Estado em todos os

setores econômicos? É uma questão interessante para pensarmos!

Em primeiro lugar, não podemos tratar as coisa de forma

homogênea, pois, definitivamente, elas não são! Nos países mais

desenvolvidos, até conseguimos encontrar uma menor participação do Estado

na Economia, o que não significa que ele se isente de interferências. Um

exemplo disso são os constantes subsídios fornecidos pelo governo dos EUA

aos agricultores que cultivam algodão. Uma vez que esse auxílio interfere

diretamente nos preço final do produto, ele acaba prejudicando as relações e

acordos comerciais, como no caso Brasil/ Estados Unidos.

Em dezembro de 2009, o Brasil foi autorizado pela OMC a

aplicar retaliações comerciais em US$ 830 milhões contra os Estados

Unidos justamente por causa dos subsídios americanos à produção de

algodão. Parte dessa retaliação já está sendo aplicada na forma de

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aumento do imposto de importação incidente sobre alguns bens

originários dos EUA. Outra parte da retaliação deverá recair sobre direitos

de propriedade intelectual.

Pois bem, se em países desenvolvidos o Estado ainda interfere na

economia a ponto de gerar uma controvérsia internacional, como será esse

apoio no Brasil?

Tanto aqui quanto na grande maioria dos países subdesenvolvidos,

o Estado é o grande aliado dessa etapa contemporânea da economia, pois

auxilia a modernização tecnológica em vários sentidos. O apoio estatal

oferecido assume diferentes aspectos e formas de país para país, oscilando

entre um apoio mais aberto, como no caso do governo americano com seus

agricultores, e entre formas mais sutis, como no caso do Brasil.

Pelas bandas de cá, entre as principais formas de apoio ao

surgimento e incremento de um ciclo econômico moderno estão desde a

assistência conferida aos monopólios até os subsídios à produção e à

exportação de produtos.

Deste modo, pessoal, quando o governo se propõe a construir infra-

estruturas caras, como a construção do Porto de Suape, no Estado de

Pernambuco, ele está indiretamente contribuindo para a afirmação das grandes

empresas em determinados lugares. Mas como? Com a construção do porto,

grandes empresas migram para cidades mais próximas devido à facilidade de

escoamento de sua produção e recebimento de matérias primas necessárias

ao seu funcionamento. Mas não acaba aí!

Ao arquitetar uma infra-estrutura desse porte, o governo conseguiu

atrair grandes empresas, certo? Mas do que esses grandes empreendimentos

precisam para funcionar? Além de matéria prima, eles precisam também de

mão-de-obra qualificada! Assim, o governo carece de investimentos na

formação profissional. Como se pode perceber, a criação de infra-estrutura é

uma maneira de financiar indiretamente a implantação de industrias em

determinado local.

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Mas, pessoal, estejamos atentos às infra-estruturas que são

indispensáveis à modernização de qualquer Estado. É importante que

saibamos distinguí-las das que têm o objetivo deliberado de atrair

investimentos – ainda que ambas promovam mais ou menos o

mesmo resultado: atrair indústrias.

Outra forma do Estado agir na economia é por intermédio de

investimentos. Nesse caso, o governo participa das empresas privadas ou da

criação de indústrias de base nacionais, sempre com capital público. Ao optar

por esse investimento, o Estado beneficia indústrias leves privadas, as quais

conseguem uma significativa redução nos seus custos de operação. Além

disso, ele pode optar por subsidiar a produção e a exportação, ou mesmo

firmar acordos com as empresas dominantes da economia e

elaborar legislações fiscais discriminatórias, leis de investimentos etc.

Tudo isso reduz a capacidade de investimento dos Estados

nacionais nos setores que interessam diretamente à população. Ou seja, ao

optar pelo apoio aos monopólios e corporações, o Estado acaba deixando de

lado outros investimentos que seriam importantes para a qualidade de vida da

população, em especial das camadas mais desfavorecidas.

Paralelo a todas essas iniciativas, o Estado também interfere na

dinâmica interna ao buscar novas parcerias para sua inserção na

economia mundial, como o MERCOSUL. Porém, não vamos nos prender a

isso agora, pois em aulas posteriores analisaremos detidamente as alianças

que o Brasil tem feito na America Latina e pelo mundo afora.

4- As conseqüências da transformação do espaço socialista.

Em novembro de 2009, o mundo comemorou o aniversário de

20 anos da queda do muro de Berlim, vocês se lembram?

Pois é, pessoal, vinte anos atrás, quando o muro veio abaixo, era

claro e notório o descontentamento popular dentro dos países onde reinava o

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modelo socialista. Esse sentimento tinha como origem principal as inúmeras

propagandas que o bloco capitalista fazia de si mesmo como um sistema

quase perfeito, com liberdade e boas condições de vida para todos. E por que

estamos falando desse tal muro agora? Porque a sua queda é o grande

símbolo do início das mudanças no espaço socialista.

Se, outrora, o muro “escondia” as belezas e monstruosidades do

mundo capitalista, após sua queda os habitantes do outro lado puderam

conhecer de perto as inúmeras mudanças pelas quais o mundo havia passado

nas duas últimas décadas em que o muro os isolava.

Assim, em 9 de novembro de 1989, o mundo abandonou a

polarização que viveu durante a guerra fria, entre comunismo e capitalismo, e

adentrou numa nova fase, em que o sistema capitalista era o grande vitorioso.

Porém, pessoal, uma vez em contato com os “mistérios” do mundo

capitalista, muitas pessoas que acreditavam ser possível usufruir apenas do

lado bom desse sistema ou o enxergavam como um modelo de sistema

equilibrado, começaram, em pouco tempo, a sentir os problemas do

desemprego, do desequilíbrio social e da frustração profissional. Com o

declínio do stalinismo na ex-URSS houve uma deterioração das condições de

vida da grande maioria da população. Do dia para a noite, a economia

socialista, que antes era conduzida e protegida de forma quase paternalista

pelo Estado, foi colocada diante das turbulências do mercado. Essa exposição

teve como principal conseqüência uma forte instabilidade nas áreas da

educação, saúde, habitação e principalmente, emprego. Além disso, todas as

transformações que ocorreram no Leste europeu fizeram com que o mapa

político desse continente fosse modificado em decorrência do nascimento de

um grande número de novos Estados nacionais

Assim, a desintegração da URSS e o fim da política de bipolaridade

trouxe profundas mudanças econômicas para aqueles países que haviam

optado por uma economia planificada. Com a reunificação da Alemanha, novos

paradigmas foram firmados e a mundialização da economia capitalista levou

também ao Leste europeu integração pela interdependência e uma relativa

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uniformização das condições de existência das sociedades humanas. Como

assim? Empresas multinacionais foram para o centro da produção material

daqueles países, houve uma mudança na estrutura de produção, distribuição

e consumo dos bens e serviços.

Vejamos a seguir uma questão de prova:

12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS verificouse o recrudescimento de nacionalismos e o desencadeamento de conflitos étnicos, que impedem a participação de seus ex-integrantes em organizações de cooperação para o incremento do comércio externo.

Comentários

A primeira parte da questão traz uma importante pauta de discussão

para pensarmos as conseqüências das transformações no espaço socialista

para o mundo, que é o recrudescimento dos nacionalismos e conflitos étnicos.

Essa parte da questão está correta, pois a queda do muro de Berlim também rep-

resentou mudanças ruins para o planeta, dando margem ao surgimento de redes

globais de terrorismo, recrudescimento de nacionalismos e de conflitos étnicos.

Entretanto, quando a questão afirma que os movimentos

nacionalistas e os conflitos étnicos impedem a participação desses países em

organizações de cooperação para o incremento do comércio externo, ela se

torna errada. Isso porque vinte anos após o fim da separação entre as duas

Alemanhas, nos podemos afirmar com toda certeza que o mundo avançou

muito nas áreas política, econômica, social e tecnológica e que, apesar dos con-

flitos separatistas, como na Chechênia, os países ex-integrantes da URSS nunca

foram impedidos de negociar com qualquer um dos blocos econômicos mundiais.

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E por que estamos falando tanto da queda do muro de Berlim? Por

que é importante tratarmos desse assunto? Porque todos os acontecimentos

do mundo, durante a Guerra Fria (inclusive nos países subdesenvolvidos como

o Brasil), podem ser vistos como reflexo da disputa que havia entre capitalismo

e comunismo. Portanto, pessoal, é quase impossível entendermos qualquer

desenrolar de fatos nesse período, em qualquer parte do mundo, sem

analisarmos o confronto que existia entre EUA e URSS.

5-Movimentos migratórios internacionais e crescimento demográfico.

O movimento migratório pode ser classificado de várias maneiras

podendo ser inter-regionais, rurais - urbanos e interurbanos. Para ficar mais

claro: as migrações podem acontecer tanto dentro de um mesmo país, quanto

entre países diferentes. Paralelo a isso, as migrações podem ser entendidas

como um dos principais termômetros da desigualdade sócio-econômica no

mundo.

Quando falamos do Brasil da década de 50 e 60, tocamos,

sutilmente, na questão da migração inter-regional, ao falarmos dos

deslocamentos de nordestinos rumo ao Sudeste, até então único pólo industrial

do país. Pois bem, ainda não é agora que nos deteremos sobre a migração no

Brasil, mas não se preocupem, pois ela será trabalhada em outra aula.

A migração internacional foi acelerada nas últimas décadas devido

à globalização, que se propunha a integrar as regiões. Atualmente há cerca

de 125 milhões de imigrantes em todo o mundo, sendo que 80 milhões

são considerados imigrantes "recentes". Vamos entender a diferença!

São considerados imigrantes todos aqueles que saem de seu país

de origem rumo a outro. Essa atitude geralmente é movida pela busca de uma

vida melhor, menos violenta ou mais abundante de recursos. Com as guerras,

o número de imigrantes pelo mundo era bastante significativo, pois as pessoas

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estavam fugindo da guerra e de todas as tragédias e misérias humanas que

uma guerra traz. Porém, quando falamos de imigrantes “recentes” estamos nos

referindo a pessoas que migram pelos motivos que a contemporaneidade lhes

impõe e não devido às guerras – ainda que o objetivo seja exatamente o

mesmo: a busca por uma vida melhor!

O número cada vez maior de homens, mulheres e crianças que

imigram vem causando um grave impacto mundial, pois atinge por um lado aos

países abandonados e, por outro, aos países ao qual se destinam. Apesar da

gravidade e crescimento do problema, as autoridades continuam se recusando

a tratar da situação com a seriedade que ela merece.

Em meio à formação de blocos econômicos e negociações de novos

acordos comerciais, o debate sobre imigração tem sido jogado para debaixo do

tapete – o que acaba legitimando a crescente onda de violência contra

imigrantes. A crise econômica internacional, iniciada em fins de 2008, foi um

elemento a mais de tensão contra imigrantes, sobretudo aqueles que vivem na

Europa. As regiões mais afetadas pela crise, como Espanha e Irlanda, há um

ano registraram um significativo aumento das hostilidades entre imigrantes e

trabalhadores locais. Inconformados com a concorrência de mão-de-obra

estrangeira, geralmente bem mais baratas do que as locais, a crise acabou

evidenciando dissidências perigosas que culminaram em selvageria.

Nesse sentido, notamos um considerável aumento da Xenofobia,

principalmente, na União Européia. As acusações de violência racial

aumentaram ao menos em 8 países do bloco desde os atentados do dia 11 de

Setembro. A verificação foi feita por juntas de Direitos Humanos que,

analisando 11 países, encontraram 18 mil casos de agressão contra imigrantes

na Alemanha. Esses dados, além de nos assustar, mostram que a migração

internacional se transformou num sério problema, que merece a atenção de

todos nós.

É mister que compreendamos, hoje, como a migração ocorre no

cenário mundial para nas próximas aulas trazermos o tema para o Brasil.

Apesar de imigração não ser um assunto difícil, ele parece ter caído nas graças

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dos examinadores nos últimos concursos e temos bastante questões

para irmos estudando o assunto em cima delas. Portanto, mãos à obra!

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito desse tema, julgue os itens seguintes(13 ao-17).

13 A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio universal da livre circulação dos capitais.

Comentários

Essa questão traz à tona um importante conhecimento sobre a

separação existente entre a integração de capitais e o intercâmbio de pessoas.

Como todos nós sabemos, há uma grande expectativa da população de alguns

países com relação à qualidade de vida que poderiam ter em outros.

Esse sentimento de que o jardim do vizinho é sempre mais verde que o

nosso (e, muitas vezes, é mesmo!) vem aumentando consideravelmente a

movimentação de pessoas rumo aos países mais desenvolvidos ou com

melhores condições de trabalho. O grande problema é que essa imigração,

que muitas vezes ocorre clandestinamente, tem incomodado intensamente os

moradores dos países de destino, que se sentem ameaçados

pela concorrência de mão-de-obra. Esse incômodo popular vem se

refletindo nas recentes leis criadas com o intuito de criminalizar a imigração.

Em maio de 2009, o Parlamento da Itália aprovou um polêmico

projeto de lei que criminaliza a imigração ilegal no país. A legislação, aprovada

em junho pelo Senado, transformou em crime a entrada irregular em território

italiano, prevendo rigorosas medidas repressivas. Dentre as principais

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medidas, destacamos o estabelecimento de prisão para pessoas que abriguem

imigrantes ilegais e o aumento no tempo de detenção provisória dos

clandestinos antes da deportação.

Essa lei permite ainda que cidadãos comuns formem patrulhas para

verificar a existência de imigrantes ilegais no país.

Apesar de estar desarmada, a patrulha exerce uma função

investigativa, ou seja, essa lei estimula uma espécie de “caça às bruxas”,

aumentando o xenofobismo na Itália. Um exemplo disso é que, depois da

aprovação dessa lei, alguns cidadãos, pertencentes à extrema-direita, criaram

um grupo que chamam de “Guarda Nacional Italiana” cujos uniformes são

enfeitados com símbolos fascistas e nazistas.

É pessoal, por tudo isso podemos dizer que a questão está certa!

14 Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas pela União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a reciprocidade internacional em relação à América Latina, formada em parte por imensas levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional ante o realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus.

Comentários

O ideal para analisarmos essa questão é dividí-la ao meio para

podermos ter uma compreensão total das informações ali contidas. Uma vez

feito isso, vamos aos conceitos intrínsecos ao texto. Para quem não sabe, são

chamadas de leis draconianas aquelas consideradas extremamente severas,

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como as que vêm sendo adotadas pela UE. Na questão acima, demos

o exemplo da Itália, mas esse país não é uma exceção.

No segundo semestre de 2008, foi aprovada uma diretriz que

pretendia harmonizar as regras dos países europeus para a repatriação de

imigrantes ilegais, e em 2010, essa diretriz foi transformada em lei. As novas

regras integram um processo de organização e endurecimento da política

migratória em toda União Européia.

Essa retaliação aos imigrantes é um forte sinal de que a imigração,

outrora considerada essencial para o trabalho nas indústrias européias do

pósguerra, perdeu função histórica. Se em tempos de guerra e fome na

Europa sua população teve como destino principal países da América Latina, o

direito à recíproca perdeu seu valor com as novas leis. Portanto, essa questão

também está correta.

15 As migrações internacionais, amenizadas no continente africano diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX, deixou de ser um tema relevante das relações interestatais afro-européias.

Comentários

Ora, pessoal, depois de tudo o que escrevemos até aqui sobre a

polêmica de novas leis de imigração, esperamos que seja de fácil en-

tendimento que as migrações internacionais nunca foram um assunto tão rel-evante

nas relações interestatais como atualmente. Portanto, essa questão esta errada.

16 O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para a formação do Brasil contemporâneo, mudou

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seu padrão migratório ao ter-se tornado também país de emigrantes.

Comentários

A imigração no Brasil é bem antiga do que o século XIX citado na

questão, pois foi uma das principais medidas colonizadoras da região. Todavia,

no período citado, o nosso país foi marcado pelas imigrações européias e

asiáticas sim. Mas qual foi a causa disso?

Com o fim da escravidão, em 1888, o trabalho livre ganhou

significativa repercussão social e a imigração cresceu notavelmente, sobretudo

rumo ao Sul do país, onde a lavoura cafeeira se baseava no trabalho escravo.

Para termos uma idéia do quanto a abolição influenciou no aumento da

imigração no Brasil, somente nos dez anos subseqüentes a esse

acontecimento adentraram o Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, que

vinham na esperança de uma vida melhor.

Já no século XX, outros fatores estimulam a imigração e aumenta a

diversificação de nacionalidades dessas correntes migratórias, que passam a

contemplar europeus e asiáticos. Assim, as duas guerras mundiais e todas as

misérias materiais que elas impuseram aos habitantes dos locais por elas

afetados, foram o principal impulsionador da imigração pra o Brasil. Além disso,

a lenta recuperação européia no pós-guerra e a crise no Japão contribuíram,

significativamente, para que os japoneses formassem a quarta colônia de

imigrantes do Brasil, ainda em 1950.

Apesar de desde o seu descobrimento o Brasil ter sido um receptor

de imigrantes, nos últimos anos ele tem sido fornecer de pelo menos 1% de

sua população, donde 70 % se encontra nos EUA. Portanto, a questão esta

correta!

17 A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto

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internacional, possui modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de século.

Comentários

As migrações forçadas ou enganosas têm diversas manifestações e

causas. Por esse motivo é fundamental que a sociedade, as organizações

internacionais e os governos se detenham sobre episódios tão comuns como

os deslocamentos humanos atuais. Este tipo de migração acontece,

principalmente, por falhas estruturais, políticas econômicas equivocadas,

desordem política, fome e miséria. Pode ser encaixado na migração forçada o

caso de europeus e asiáticos que para se refugiar da guerra migraram para o

Brasil. Também pode ser considerada migração forçada a saída de pessoas de

um território em razão de graves violações de direitos humanos.

Mas como temos lido até agora, esse é um assunto de pauta em

todos os países mais desenvolvidos do mundo, os quais são os principais

destinos dos imigrantes. Imigração hoje está atrelada à segurança dos Estados

nacionais e por isso a questão está errada.

(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes(18-19-20-21).

18- A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma realidade em determinados países desenvolvidos, dada a

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carência de mão-de-obra em setores das atividades econômicas.

Comentários

Apesar de todas as medidas que criminalizam a imigração ilegal na

Europa, a verdade é que alguns países europeus precisam dos imigrantes para

realização de determinadas atividades. A taxa de natalidade da União Européia

vem caindo ano a ano e, muito em breve, esses países terão de rever suas

posturas em relação aos imigrantes, pois vão precisar deles! De 1998

para 1999, por exemplo, houve uma queda de 0,5% no número

de nascimentos na EU, que somado ao envelhecimento da população,

deixará a Europa com um contingente bastante reduzido de mão-de-obra.

Em março de 2005, a UE recomendou a Portugal que aumentasse

sua imigração, pois a taxa de natalidade nesse país baixou para metade em

quarenta anos. Desta forma, o relatório da Comissão Européia recomendou

que "serão necessários maiores fluxos de migrações para satisfazer as

necessidades de trabalho e salvaguardar prosperidade européia". Ou

seja, a imigração em algumas regiões da Europa tornou-se "vital" para garantir

o crescimento populacional.

Apesar de outros países ainda estabelecerem muitas restrições,

e até criminalizarem a imigração ilegal, há exemplos onde ela não só é per-

mitida, como também é necessária. Nesse sentido, alguns países, como

a Itália, possuem uma legislação que admite a entrada de um

número fixo de trabalhadores por ano, justamente para suprir a

carência de mão-de-obra existente.

Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado

em 2009, mostra que a Itália precisará receber, até 2025, 300 mil

estrangeiros por ano e a Alemanha, 500 mil. Essas estatísticas no indicam

que, mesmo contra a vontade, os países europeus terão, num futuro

próximo, que alargar ainda mais suas portas de entrada para os imigrantes.

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conflito entre

Portanto, pessoal, a questão está correta.

19- A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de circulação de mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos trabalhadores.

Comentários

Bem pessoal, depois de tantas leituras sobre a globalização e suas

conseqüências, uma certeza que nós temos é que ocorre exatamente o

contrário do que a questão afirma, não é mesmo?

Ao contrário do que a lógica capitalista nos levava a pensar, a

globalização não tornou os movimentos migratórios menos intensos, muito pelo

contrário. Com o aumento da desigualdade e da concentração de riquezas em

apenas alguns países, o fluxo de pessoas em direção a eles, buscando uma

melhor qualidade de vida, aumenta na proporção da disparidade social.

Portanto, essa questão está errada.

20- Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa para migração e conflitos sociais.

Comentários

Que a miscigenação e o multiculturalismo estão presentes em

diversos países do mundo, todos nós sabemos e ratificamos. Entretanto, a

diferença étnica continua sendo uma das principais causas de migração e,

sobretudo, de conflitos sociais!

No dia 07 de março deste ano, a opinião publica mundial se chocou

com a crueldade do massacre étnico ocorrido na Nigéria. Nesse conflito entre

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nômades islâmicos e aldeões cristãos perto da cidade nigeriana de Jos, a

diferença étnico-religiosa foi a grande responsável pela tortura e morte de

mais de 100 pessoas.

Infelizmente, essa não é a primeira vez que isso acontece. Em

janeiro, mas de 200 pessoas já tinham sido mortas durante confrontos na

mesma cidade, que fica na divisa entre o norte, de maioria muçulmana, e o

sul do país, de maioria cristã. Devido a esses conflitos, milhares de

pessoas tiveram de deixar a região e migrar em busca de maior tolerância.

Portanto a questão está errada.

21- O Brasil apresenta tanto a saída de população como a entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de qualidade de vida.

Comentários

Apesar de atualmente o Brasil ser um País com mais gente

emigrando do que imigrando, ou seja, mais gente indo do que vindo, ele

continua atraindo estrangeiros. Se na primeira metade do século XX os

imigrantes vinham, em sua maioria, da Europa e da Ásia, hoje os fluxos de

imigração mais intensos são oriundos de países da própria América Latina.

Nesta corrente, estão, principalmente, peruanos, bolivianos, paraguaios e

colombianos.

____________________X______________________

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Resumo

1- Para que fosse possível o Brasil se integrar ao processo de

internacionalização da economia, a modernização da estrutura industrial

brasileira era imprescindível.

Dois presidentes contribuíram sobremaneira para esse processo: Getúlio

Vargas e Juscelino Kubitschek. Getúlio, com sua modernização conservadora,

criou as bases para a expansão industrial que JK traria ao país durante seu

governo, à custa de muito capital estrangeiro.

2- A divisão inter-regional do trabalho e da produção, apesar de todo o

desenvolvimento tecnológico, continua priorizando os territórios onde haja um

sólido mercado de bens e serviços para viabilizar sua produção.

Novos papéis foram sendo criados no interior das fábricas e especializações

profissionais cresceram em número e qualidade.

3- Principalmente nos países subdesenvolvidos, o Estado é o grande aliado da

economia contemporânea, pois auxilia a modernização tecnológica em vários

sentidos.

O Estado atua hoje como colaborador do desenvolvimento da economia

externa para fornecer as bases da expansão industrial.

4- Com as transformações no espaço socialista, as empresas multinacionais

foram para o centro da produção material daqueles países, trazendo inúmeras

mudanças tanto nas relações sociais, quanto na estrutura de produção,

distribuição e consumo dos bens e serviços.

5- A globalização acelerou nas ultimas décadas os movimentos migratórios

internacionais, que podem ser entendidos como um dos principais termômetros

da desigualdade sócio-econômica no mundo

Apesar de muitos países precisarem da mão-de-obra imigrante, as leis contra

imigração ilegal têm se enrijecido cada vez mais na Europa.

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Bibliografia

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo > Acessado em

18/03/2010

ROSS, Jurandir Sanches (org). GEOGRAFIA DO BRASIL. - 6ª- edição - São

Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência

Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora da Universidade

de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana dos

países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,

2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e território

na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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Lista de Exercícios

(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do conceito de

globalização levou o presidente da República a abordar esse tema na abertura

da sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 2001.

Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a respeito

do lugar do Brasil e da América Latina na globalização.

1 Embora um forte setor governamental no Brasil, o econômico-

financeiro, tenha defendido o conceito de globalização benéfica, setores

adjacentes não acreditaram no automatismo da equação que associa

liberalização e privatizações às necessidades do desenvolvimento econômico e

social da nação.

2 A ética e a cidadania, idéias fortes na conformação de uma

sociedade moderna e civilizada, ocuparam o papel central na definição das

políticas públicas de inserção internacional da América Latina na década de 90

do século passado.

3 Apesar de a força do liberalismo que se irradiou na América Latina

nos anos 90 do século XX ter chegado ao Brasil, este manteve seu padrão de

racionalidade e continuidade dos últimos sessenta anos, sob a égide do

nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal.

4 A atual crise pela qual passa a Argentina, apesar de ter caráter

exclusivamente econômico, em nada pode ser associada ao tema tratado no

texto I, pois, nesse país, a estabilidade da moeda foi conseguida de forma

natural, considerando-se apenas o real equilíbrio entre suas exportações e

importações

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5(CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de

modernização do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade que o século XX

exprimia. Do ponto de vista econômico, verificou-se o estímulo à

industrialização, com o Estado assumindo papel relevante na montagem da

infra-estrutura de que o país carecia.

6(CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta

Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do Rio Doce são

símbolos da arrancada industrial brasileira que a Era Vargas patrocinou

7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

trouxe resultados econômicos positivos para o Brasil. A cessão de bases

militares no Nordeste e a entrada no conflito, ao lado dos aliados, permitiram a

negociação vantajosa para a obtenção de empréstimos norte-americanos para

o financiamento da indústria de base brasileira.

8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] A popularidade de JK decorreu

de sua política desenvolvimentista de fundo radicalmente nacionalista, o que

explica seu rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as

dificuldades por ele impostas à presença do capital estrangeiro no Brasil

9(CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso

afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse afastamento

presidiu muitas das medidas que tomou, a exemplo da privatização de

empresas estatais e da flexibilização das leis trabalhistas.

10(CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o Brasil, o

México e a Argentina na nova realidade econômica mundial, as organizações

financeiras internacionais exigiram a reforma do Estado, para a ampliação da

autonomia deste e para a garantia do crescimento econômico por meio da

centralização da tomada de decisão.

11(CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-se um processo

de mudança no desenho regional brasileiro, em que a se nota uma certa

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desconcentração das atividades econômicas depois de intensa concentração

em São Paulo. Com relação a esse tema julgue os itens que seguem.

E) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o

esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são

características desse processo de desconcentração espacial.

F) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica

está o deslocamento da fronteira mineral.

G) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o

Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.

H) O processo de industrialização vivido pelo país, ao promover

maior integração do território, minimizou as disparidades entre as regiões

brasileiras, originarias da política agroexportadora herdada do passado.

12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS verificou-se

o recrudescimento de nacionalismos e o desencadeamento de conflitos

étnicos, que impedem a participação de seus ex-integrantes em organizações

de cooperação para o incremento do comércio externo.

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte

importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos cidadãos

comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o mundo. A respeito

desse tema, julgue os itens seguintes.

13- A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais

denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao privilégio

universal da livre circulação dos capitais.

14 - Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas

pela União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função histórica

da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho nas indústrias

européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por outro, que a

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reciprocidade internacional em relação à América Latina, formada em parte por

imensas levas de desterrados europeus, perdeu valor de direito internacional

ante o realismo político dos interesses nacionais e comunitários europeus.

15- As migrações internacionais, amenizadas no continente africano

diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século XX,

deixou de ser um tema relevante das relações interestatais afro-européias.

16- O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século

XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para

a formação do Brasil contemporâneo, mudou seu padrão migratório ao

terse tornado também país de emigrantes.

17- A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de

tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto internacional, possui

modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste início de

século.

(IRB-2008)- As migrações aparecem como característica

permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que

rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação ocupa lugar

importante na Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e

a das miscigenações, levando à definição das etnias. A. Damiani. População

e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes.

18( ) A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma

realidade em determinados países desenvolvidos, dada a carência de

mãodeobra em setores das atividades econômicas.

19( ) A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no

contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a facilidade atual de

circulação de mercadorias substitui a necessidade de movimentação dos

trabalhadores.

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20( ) Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente

presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser causa

para migração e conflitos sociais.

21( ) O Brasil apresenta tanto a saída de população como a

entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor nível de

qualidade de vida.

GABARITO

1 C 2 E 3 E 4 E 5 C 6 C 7 C 8 E 9 C 10 E

11a C 11b C 11c E 11d E 12 E 13 C 14 C 15 E 16 C 17 E

18 C 19 E 20 E 21 C