o acolhimento da pessoa surda no laboratório distrital leste

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1 O USO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NO ACOLHIMENTO DA PESSOA SURDA NO LABOARATÓRIO DISTRITAL LESTE AUTOR: ALBERTO SILVA ORIENTADOR: MIGUEL ÂNGELO MONTENEGRO Galileo Business School Curso de Pós Graduação Deficiência Auditiva LIBRAS ( Língua de Sinais Brasileira) Manaus -Am 16 de Março de 2013. RESUMO O trabalho ora apresentado teve por objetivo registrar o processo metodológico utilizado na elaboração e implantação do Uso de LIBRAS no Laboratório Distrital Leste, Respeitadas as intervenções necessárias e adaptações feitas no processo de construção da operacionalização deste serviço, que com sucesso foi laureado dado o uso do sistema PMBOK- PMI abrindo um leque de outras possibilidades. A metodologia utilizada na pesquisa foi qualitativa e qualitativa, que permitiu-nos perceber dados ocultos na rotina, ouviu-se as partes atingidas na busca da solução, que concluiu-se satisfatória para realização do projeto que oportunizou esse novo serviço. Palavras-chave: LIBRAS; Intervenção; Metodologia. INTRODUÇÃO Pautados em dados colhidos na rotina onde percebeu-se o entrave na forma de acolher o cliente no processo diário do atendimento, principalmente o cliente surdo, que tinha sua cidadania ferida desde a chegada na recepção até sua saída da sala de coleta, buscou-se fundamentação teórica à luz da legalidade, que reconhece a língua de sinais brasileira (LIBRAS) como instrumentação de comunicação da pessoa surda e mais garante-lhe no mínimo vinte por cento de servidores capacitados para o atendimento da pessoa com surdez em LIBRAS. Vide lei 10.436 de 2002 e o Decreto Lei 5626/2005. Maturou-se a ideia na busca de solução, ouviu-se, questionou-se, construiu-se um embasamento para elucidar de forma suave este entrave. O acolhimento da pessoa surda tinha que ser adequado aos ditames da lei e pensado pelo ângulo da Humanização. Trabalhou-se nas dificuldades dos servidores e de suas alegações, respeitamos o parecer dos clientes, ouvintes e não ouvintes, construiu-se um projeto que buscou a solução mais apropriada para os

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Page 1: O Acolhimento da Pessoa Surda no Laboratório Distrital Leste

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O USO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NO ACOLHIMENTO DA PESSOA SURDA NO LABOARATÓRIO DISTRITAL LESTEAUTOR: ALBERTO SILVAORIENTADOR: MIGUEL ÂNGELO MONTENEGROGalileo Business SchoolCurso de Pós Graduação Deficiência Auditiva LIBRAS ( Língua de Sinais Brasileira)Manaus -Am 16 de Março de 2013.

RESUMO

O trabalho ora apresentado teve por objetivo registrar o processo metodológico

utilizado na elaboração e implantação do Uso de LIBRAS no Laboratório Distrital Leste,

Respeitadas as intervenções necessárias e adaptações feitas no processo de construção da

operacionalização deste serviço, que com sucesso foi laureado dado o uso do sistema

PMBOK- PMI abrindo um leque de outras possibilidades. A metodologia utilizada na

pesquisa foi qualitativa e qualitativa, que permitiu-nos perceber dados ocultos na rotina,

ouviu-se as partes atingidas na busca da solução, que concluiu-se satisfatória para realização

do projeto que oportunizou esse novo serviço.

Palavras-chave: LIBRAS; Intervenção; Metodologia.

INTRODUÇÃO

Pautados em dados colhidos na rotina onde percebeu-se o entrave na forma de acolher

o cliente no processo diário do atendimento, principalmente o cliente surdo, que tinha sua

cidadania ferida desde a chegada na recepção até sua saída da sala de coleta, buscou-se

fundamentação teórica à luz da legalidade, que reconhece a língua de sinais brasileira

(LIBRAS) como instrumentação de comunicação da pessoa surda e mais garante-lhe no

mínimo vinte por cento de servidores capacitados para o atendimento da pessoa com surdez

em LIBRAS. Vide lei 10.436 de 2002 e o Decreto Lei 5626/2005.

Maturou-se a ideia na busca de solução, ouviu-se, questionou-se, construiu-se um

embasamento para elucidar de forma suave este entrave. O acolhimento da pessoa surda tinha

que ser adequado aos ditames da lei e pensado pelo ângulo da Humanização. Trabalhou-se nas

dificuldades dos servidores e de suas alegações, respeitamos o parecer dos clientes, ouvintes e

não ouvintes, construiu-se um projeto que buscou a solução mais apropriada para os

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problemas apresentados como barreiras às soluções arguidas. É necessário o olhar humano e

não bajulador, buscar-se a cada dia o reconhecimento do outro, informando e orientando, mas

estágio de desenvolvimento coletivo será consequência da permanência e manutenção dos

níveis de abordagem nascidos no processo dinâmico que se desenvolverá no processo de

adequação natural da ideia implantada. Na fala de (CAVALCANTE JUNIOR, p 60) “... uma

empatia formativa que brota do cosmo, que em nós e que convida-nos a nele mergulhar onde

ele e eu somos um”. Essa visão se alastra pela prática na vida como um todo.

1. REVISÃO DE LITERATURA

Resumo da obra do autor VALERIANO, Dalton. - Moderno Gerenciamento de projetos

Capítulo 8- Gestão de escopo da pg 155 a 163. São Paulo; Prentice Hall, 5 ed. São

Paulo 2005.

Na revisão de leitura resolvemos trazer a discussão, a definição de - Escopo é propósito,

objetivo, mira, intento, fim: desta forma definido por (CEGALLA p. 367). Para

VALERIANO, escopo constitui uma descrição documentada de um projeto quanto, a seus

objetivos ou resultados, sua abordagem e conteúdo. Essa visão do que fazer, como fazer e do

por que fazer é demonstrada com profundidade pelo autor de forma compreensiva e

detalhada. Ao definir escopo do produto e ou serviço a ser gerado pelo projeto, que define e

quantifica o trabalho a ser realizado, a fim de gerar o produto ou serviço desejado.

O tratamento do escopo na ótica de VALERIANO, Varia de acordo com as tecnologias e

recursos a serem utilizados para projetar, desenvolver e materializar o produto ou serviço. No

escopo é possível antever os componentes de riscos, as probabilidades e impactos no projeto

proposto. Essa visão holística e resumida do produto deve ser seguida passo a passo afim de

possibilitar, que o ciclo de vida do projeto seja cumprido, a saber, Iniciação, planejamento,

execução, monitoramento e controle, e o encerramento, ou seja, a entrega do produto ou

serviço com qualidade, dentro do prazo previsto respeitado os recursos aplicados. O escopo

permite a clareza de cada momento do desenvolvimento do produto ou serviço (MIP), isso por

estabelecer requisitos, definir processos e técnicas, identificar executantes de cada tarefa,

descrever cada trabalho na (EDP), fixando uma matriz de responsabilidades na construção do

produto e ou serviço para a precisa realização do projeto. VALERIANO, na sua obra define os

escopos de produto e de projeto, mas evidencia a impossibilidade de dissociá-los, ou seja, a

necessidade do escopo do produto está condicionada ao planejamento e este ao escopo do

projeto dada a forma resumida de apresentação, que possibilita o acompanhamento de

qualquer momento do projeto no início, entrega, na execução, processo, e na conclusão

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encerramento. A implantação do produto ou serviço é a realização do projeto segundo

PMBOK. Apresentado em gráfico para melhor entendimento dos patrocinadores. O escopo

permite a visão do produto sendo construído passa a passo, é pelo escopo que se processam as

alterações, quando necessárias, que ocorrem com a anuência da gerência do projeto. Dada esta

flexibilidade de procedimentos tão evidentes no escopo o sistema PMI ( Project Management

Institute) – PMBOK,

Vide escopo – Do projeto apresentado.

Id EDP- Lista de Atividades01

2.1.1 Projeto de O Uso de LIBRAS no Acolhimento da Pessoa Surda no Laboratório Distrital Leste (LDL)

022.2.1 Conceituação do projeto

03 2.1.3 O projeto visa treinar servidores em LIBRAS para o atendimento do usuário surdo

04 2.1.3.1Melhoramento da qualidade do atendimento na unidade (LDL)

052.1.3.2 Abordagem do pessoal dos setores envolvidos

062.1.3.3Palestra mostrando por qual motivo deve-se trabalhar a qualidade do serviço público

072.1.3.4. Encenação em dinâmica de grupo do que é feito e do deve ser feito. (fazer se perceber deficiente auditivo)

082.1.4 Observação da prática atual

092.1.4.1 Registro dos pontos positivos

102.1.4.2 Aplicação de questionários (servidores e usuários)

112.1.5 Treinamento dos comprometidos

122.1.5.1 Formação de turmas

132.1.5.2 Material didático

142.1.5.1 Formação de turmas

152.1.5.2 Material didático

162.1.6 Acompanhamento no acolhimento da pessoa surda

172.1.6.1 Corrigir postura de interpretação

182.1.6.2 Corrigir postura de abordagem

192.1.7 Encerramento do projeto

202.1.7.1Apresentar relatório de Implantação

212.1.7.2 Entregar produto acabado funcionando

22 2.1.7.3 Entregar material de consulta ao diretor da unidade.

23 Elaborado por: Alberto Silva 23/03/201324 Recebido por: Graça Costa DISA LESTE – 23/03/2013

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A facilitação da apresentação do escopo para o entendimento do projeto é fundamental.

VALERIANO, ao anexar o planejamento do escopo ao planejamento do projeto, possibilitou

uma ampla visão dos três momentos, a saber, Início, Execução e Encerramento do projeto.

2.1 Ministério da Saúde - Secretaria de atenção à saúde- DAPE- Atenção à saúde da

pessoa com deficiência no sistema único de saúde SUS – ed. MS , DF 2009.

A que trata dos direitos do deficiente e orienta como atender o portador de deficiência no

sistema único de saúde evidencia as formas de atendimento e as modalidades de atendimento

pelo olhar clínico, Onde o cidadão é doente e incapaz de, mas que poderá se reabilitar caso as

ações propostas na cartilha seja observadas. O olhar humanista colocado pelo Ministério da

Saúde propõe, que uma equipe trabalhe para viabilizar a convivência com a dificuldade, pois

por esse olhar, todos temos alguma dificuldade em maior ou menor grau e que quando ditos

normais , somos levados a conviver com a dificuldade vide a proposta de municipalização do

problema.

Com a proposta de funcionamento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família ( Nasf – Portaria MS/GM no 154/2008), com equipe multiprofissional a ser composta de acordo com as características de cada município, o tratamento e acompanhamento aos usuários terá um grande reforço técnico e profissional. […] A avaliação da situação e da dinâmica familiar envolverá não só as condições emocionais e as situações socioeconômicas, culturais e educacionais do indivíduo, mas também as suas expectativas[...] Paralelamente ao trabalho de reabilitação é muito importante a vinculação da pessoa com deficiência e seus familiares a uma unidade básica de saúde, o mais próximo possível da residência, para suporte às necessidades do dia a dia, visitas domiciliares, etc. [...] A família e pessoas da comunidade podem participar ativamente, sugerindo melhorias, parcerias entre as secretarias municipais de saúde, de educação, da assistência social, de transportes, de urbanização, do esporte e lazer. Podem participar dos conselhos de direitos e conselhos de saúde no município, propondo programas e ações, no sentido de tornar a cidade mais acessível a todos os cidadãos. (CAS-MS. 2009).

Esse olhar humanizador elencado pelo Ministério da Saúde, nesse trabalho esbarra na decisão

do fazer e do como fazer o acolhimento do portador de dificuldades, e como ofertar serviços

que legalmente estão legislados e não recebem a devida atenção. Esse olhar cidadão

municipalizado, próximo do cidadão com dificuldades, seja esta qual for permitirá melhor

qualidade de vida e independência buscada. A autonomia é o princípio da cidadania; a cartilha

preconiza as várias formas de deficiências e afirma que, “ a sociedade e seus governos devem

assegurar aos seus cidadãos a igualdade de oportunidades”. Como igualar as oportunidades se

não há o compromisso de fazer. A distância da lei à realidade, passa por se deixar de realizar

pequenos atos, que podem de fato mudar a forma de muitos olharem o outro pelo prisma do

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respeito acolhedor e humano. Igualar, vai além da acessibilidade legalmente imposta pelas

leis, Questionando as iniciativas da saude pública deparamos com a dificuldades de pequenas

ações, que definitivamente solucionariam grandes entraves. Quais são os serviços de saúde

SUS para as pessoas com deficiências? Pergunta-se, o Ministério da Saúde na obra que

analisamos. Cita-se da prevenção à reabilitação, todavia não se busca neste trabalho, o olhar

humanista, que permite a superação e o acolhimento do cidadão independente da sua condição

de deficit social, intelectual, físico, educacional e comunicacional. Este entraves de

comunicação nos direcionaram a na busca de solução; e não há solução sem um estudo que,

permita-se observar e propor soluções. (VALERIANO, 2005 p. 46 Op. Cit.) nos ensina

que,“Todo projeto tem origem em um ou mais estímulo, que podem ser fatores isolados (uma

legislação, uma expansão da instalação etc,)”. Assim assentado sob as deficiências mostradas

pela Cartilha de - Atenção à saúde da pessoa com Deficiência no Sistema Único de

Saúde. Dessa forma originou-se o projeto – O uso de Libras no acolhimento da pessoa

surda no Laboratório Distrital Leste. Observou-se essa reflexão de como melhorar o

acolhimento do surdo, justificou-se pela divida que se tem com a pessoa surda desde a criação

do Instituto dos Surdos mudos 1856 até o ano 2002, vai-se ter o direito da pessoa com surdez

comunicar por sinal reconhecido pela lei 10.436 de 24/04/2002. Reconhecer direitos não

significa garantia de facilitação, ou promoção, não obstante o posicionamento do Decreto Lei

5626/22/12/2005, que regulamenta a lei anterior. É o olhar médico que percebe o cidadão com

limitações severas , moderadas ou leves, como diferente, doente e incapaz. Essa é a visão do

Ministério da Saúde ainda em 2013.

2. O uso de LIBRAS no acolhimento da pessoa surda no Laboratório Distrital Leste.

Observando as várias Unidades de saúde do Município de Manaus-Am, percebeu-se a

dificuldade na relação comunicativa entre a pessoa surda e os recepcionistas. Investigado o

entrave, descobriu-se que o número de pessoas treinadas em LIBRAS, com o aval da

instituição é superior a dez por cento em algumas unidades.

Constatou-se que, o número destes treinados, que trabalham na recepção é irrelevante,

e mais, por falta de prática estão desabilitados. Está constatação gerou três questionamentos:

Primeiro- Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos

os treinados não eram recepcionistas?

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Segundo- A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de

percepção auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação?

Terceiro- Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam

dispostos a se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos?

Os questionamentos levou-nos à Cartilha de acessibilidade do Ministério da Saúde,

que pelo olhar clínico garante na forma da lei a Atenção a pessoa com deficiência no

Sistema Único de Saúde. O Estatuto do Deficiente norteia todas as deficiências, focando na

saúde no art. 18. No redobramento do que já está preconizado na lei 8080/90 e no próprio

artigo quinto da Constituição Federal. Cidadania é o caminho para igualdade de condições.

A partir de então buscou-se a observação e a abordagem dos servidores interessados

em conhecer e praticar LIBRAS no LDL. A pesquisa de intenção respondeu-nos no sentido

de que era necessário eliminar o entrave do acolhimento na base, ou seja recepção e coleta de

exames. Atentou-se ao fato dos servidores que tiveram contato com LIBRAS, queixarem-se

não ter uma laboratório de prática para poderem acompanhar o desenvolvimento da língua na

prática e estar prontos para abordar mesmo os surdos, que não são alfabetizados.

Feitos os levantamentos, utilizou-se para a fundamentação do projeto necessário as

alterações de comportamento desejadas na recepção e coleta do LDL, O uso da metodologia

PMBOK, onde a intervenção é o único caminho ao objetivo. Apoiados na metodologia

trabalhada por VALERIANO, para construção do projeto e sua aplicabilidade.

A fundamentação teórica pautou-se na lei 10.436/2002 e no decreto Lei 5626/05 e no

art. Quinto da Constituição Federal onde onde é garantida a equidade entre todos os cidadão

sem a discriminação de credo, raça, ou nível social. Buscou-se no olhar de CHAVEIRO

Apoio teórico.

O censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/2000) revela que há

no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,5% da

população. Destes, 16,7% apresentam deficiência auditiva, ou seja, existem no Brasil

5.735.099 (cinco milhões setecentos e trinta e cinco mil e noventa e nove) surdos.

Levando-se em conta o crescimento anual da população, teríamos, a cada ano, no

Brasil, aproximadamente 93.295 (noventa e três mil duzentas e noventa e cinco)

crianças com surdez.( IBGE Apud. CAVEIRO 2008).

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Ignorar essa massa populacional é irresponsabilidade dos que governam, todavia piora

bastante, quando se legisla e não é dada a condição de por em prática as determinações

legais. Percebeu na preparação para a implantação do projeto que havia uma predisposição

para a utilização de LIBRAS e mais, A intenção em aprender e utilizar o aprendizado nesse

sentido. Elaborou-se o curso dentro do que foi discutido com os interessados a provocar

corresponsabilidade.

Definindo acolhimento enveredou-se pela empatia, quando na elaboração das aulas de

LIBRAS, O estar no lugar do outro quando trabalhado por dinâmica de grupo, permite essa

percepção de querer e não ter o respeito necessário do outro.

Foco da lei 8080/90, que trata do Sistema Único de Saúde. (POKER pg. 07) falando

da Comunicação surdo versus ouvinte permitiu-nos visualizar essa deficiência no acolhimento

do surdo quando nos diz, […] Os defensores da comunicação total recomendam então o uso

simultâneo de diferentes códigos como:- Língua de Sinais , a datilologia, o português

sinalizado. Essa proposta vem socorrer a saúde pública no atendimento do surdo, pois abre

espaço para o uso da mímica no atendimento do surdo não alfabetizado.

Desenvolver um projeto complexo, que permitisse à gestão compreender e aceitar a

proposta de melhoramento nesse acolhimento, forçou-nos a buscar a partida do micro para o

macro. Nesse viés o uso do PMBOK – PMI, foi de regra o caminho para a demonstração e

busca de solução do problema.

3.1As dificuldades de implantação e adequação para a solução.

O entrave mais forte encontrado, foi a descrença do servidor em relação intenção de

facilitação do serviço: e isso se dá pela incapacidade do gestor público reconhecer e externar o

trabalho feito com eficiência e eficácia pelo servidor. Foram necessárias diversas abordagens

esclarecedoras mesmo com aqueles que já tinham tido contato com LIBRAS. E foi a partir

das dinâmicas de grupo que conseguiu-se a empatia que permitiu o andamento do projeto.

Aprendeu-se com os participantes do projeto, que é necessária urgente mudança de

comportamento na relação gestor e subordinado; isso certamente será estudado com mais

profundidade numa outro oportunidade.

A coleta de dados indispensável para a elaboração do projeto, posto que, desta partem

as informações que identificam a problemática a ser trabalhada, deu-se com base nos

questionamentos supra-citados, direcionados aos servidores e usuários surdos e não surdos. É

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impossível dissociar educação de saúde , trabalho e de segurança. Essa é a maior de todas as

lições tiradas da pesquisa. O olhar com empatia permitiu-nos, visão real do outro, mesmo para

a equipe de elaboração, que na aplicação pode aprender muito sobre relação interpessoal.

Adequados ao projetos, e com participação acima do esperado, os participantes das

aulas de LIBRAS direcionaram para o específico, ou seja LIBRAS com ênfase em saúde.

Readequados à necessidade dos servidores participantes, abrimos para todos os setores dada a

procura. O tempo adequado à disponibilidade do participante, foi fixado num mínimo de

quinze minutos, embora todos os participantes não raro, ficassem até trinta minutos depois,

interessados em tirar dúvidas.

Os riscos eliminados a nível local, permitiram um reordenamento e adequação ao nível

externo, que dependia de licitação e de carência de tempo. Pôde ser observado que o grupo

dirimiu as pequenas dificuldades de material para que não houvesse paralisação no andamento

do projeto. O envolvimento dos participantes no querer fazer foi crucial no cumprimento do

prazo estabelecido, bem como na qualidade do serviço entregue.

Na entrega compreendeu-se o acerto da decisão pelo indicie de satisfação tanto no

acolhimento da pessoa surda, quanto com o reflexo deste treinamento no acolhimento do

geral, pela percepção do outro como igual, atingiu o cidadão usuário, quando na forma de

abordar. A prática fez-nos observar novos avanços, que futuramente trabalharemos como

melhoramento do que está posto.

3.2 A importância da abordagem no acolhimento.

O sorriso no rosto e o comprimento na hora do acolhimento reduz muito o atrito entre

o que recebe e o que é recebido. Esse contato empático abre o diálogo, que se sugere no nosso

trabalho e a visão alcança a pessoa antes de qualquer outra conotação. A pessoa, é esse o olhar

buscado na essência do serviço público proposto.

A cidadania ocorre em estar no lugar do outro, na buscar da resolutividade do

problema pelo outro apresentado, que por muito não passa somente de informação, que não

raro pelo despreparo perde-se a oportunidade de realizar. A compreensão do bem estar do que

habitou-se a alcunhar de paciente, ou seja, “daquele que deve ter paciência”, que tinha o dever

de esperar mesmo com dor, pois partia se do pressuposto da autoridade do agente público,

quando busca os serviços ofertados, hoje é cliente.

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Essa nomenclatura nos leva a desconstrução da espera e da ideia de ter a paciência

imposta ao que está com dor no aguardo de atitudes e resultados. O se por no lugar do outro é

fundamental para o o exercício da cidadania nas relações inter-pessoais no acolhimento e nas

abordagens necessárias na rotina de laboratórios e unidades básicas de saúde.

O SUS (Sistema Único de Saúde) preconiza na sua legislação a busca da humanização

do ponto de vista clínico. Essa é a ótica percebida na Cartilha de Atenção a Saúde da Pessoa

com deficiência; e que buscamos cumpri-la pelo olhar humanista da cidadania plena e para

isso nos servimos de VALERIANO e sua organização de projetos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao recorrermos a literatura de Valeriano para na busca de melhor conduzir os

trabalhos de resolução dos entraves no acolhimento da pessoa surda no (LDL) percebemos o

leque de possibilidades que o PMBOK – PMI, onde o referido autor se pauta, permite uma

flexibilidade na realização do projeto e seu melhoramento. Logo a teoria e a prática caminham

juntas durante o processo e permitem alterações que possibilitam a visão plena do propósito.

O serviço buscado foi alcançado , e refletiu na ampliação para o trato geral de clientes no

LDL. Essa percepção deverá ser aperfeiçoada na busca de se levar este modelo às Unidades

Básicas de Saúde.

O projeto serviu para nos fazer perceber outras fases do acolhimento, aquelas que

ocultas nas atitudes cotidianas, refletem diretamente no trato com o cliente pelo mau

tratamento ao servidor. Registradas para futuras intervenções. O importante é saber que, ao

realizar uma provocação observatória intencional o foco mostra as adjacências.

A pesquisa de satisfação oportunizou, que de um lado o cliente mostrasse sua

insatisfação e seus pontos de carência, no verso, o servidor pôde expor sua opinião e mostrar

seu descontentamento e com isso medir o valor de sua opinião na crítica construtiva. O

questionamento respondido, levou-nos a trabalhar o grupo buscando a empatia como viés à

conscientização e mudança de postura no trato com o outro.

Prendeu-nos a atenção numa das dinâmicas de grupo utilizadas, onde foi possível

trabalhar a surdez dramatizada, e vedando a boca do recepcionista impossibilitando-o se falar,

forçando-o a gesticular. Encerrada a dinâmica de grupo o servidor fez a seguinte colocação: -

“ Nunca me senti tão indefeso. Não poder falar e o pior não ser entendido pelo que está do

outro lado do balcão é terrível”.

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Essa declaração foi o passo mais importante para que alcançássemos o nosso objetivo,

pois ficou explícito a necessidade de receber bem aquele que está à margem. As várias

repetições oportunizaram a prática da empatia essa percepção fortaleceu o fazer, o como

fazer e o por que fazer no grupo, que passou a reproduzir este conhecimento com mais

segurança e utilizar LIBRAS naturalmente na rotina e o número de livros para consulta vem

de doações dos próprios servidores.

4. REFERÊNCIAS

CEGALLA, Domingos Paschoal, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa.2. ed. São Paulo

Cia. Ed. Nacional, 2008.

CAVALCANTE JUNIOR, Francisco Silva; SOUZA, André Feitosa de. - HUMANISMO DE

FUNCIONAMENTO PLENO- ed. Línea, Campinas SP. 2008

POKER,Rosimar Bortolini. -ABORDAGENS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DA PESSOA

COM SURDEZ.-UNESP- Marília-2002.

VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall,

2005.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1997.

5. APÊNDICES

QUESTIONÁRIO DE ABORDAGEM E SATISFAÇÃO

Entrevistado Grau de contentamento QuestionamentoCliente ( ) Servido( ) O ( ) B( ) R ( ) P ( ) Como você é recebido na Unidade

de SaúdeSurdo ( ) Ouvinte ( ) O ( ) B ( ) R ( ) P ( ) Quanto ao relacionamento Servidor

Cliente.Você é surdo ? ( ) Sim ( ) Não

Usou LIBRAS ( ) S ( )N Entendeu o recepcionista ?

Já pensou em reclamar do serviço prestado?

Por que não fez a reclamação?

Se surdo você gostaria de ser atendido de que forma?

Por qual motivo você vem a esta unidade de saúde?

Já pensou em ir a outra Unidade de Saúde motivada pelo atendimento?

Como você vê a solução de melhoramento?

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I) Por quais motivos os recepcionistas não eram treinados, e por qual motivos os

treinados não eram recepcionistas? dê sua opinião.

II) A recepção tem conhecimento do direito da pessoa com limitações de percepção

auditiva, qual o motivo de não se ter trabalhado essa informação? Dê sua Opinião.

III) Estariam os recepcionistas interessados em aprender LIBRAS, estariam dispostos a

se utilizar deste conhecimento para melhorar a qualidade de seus desempenhos? Qual é sua

opinião.