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Nesta Edição: EDITORIAL Sementes plantadas, frutos colhidos 2 VALE LEMBRAR Três eventos importantes marcaram o final do ano para o ILSI Brasil 3 ARTIGO CIENTÍFICO Contaminantes formados durante o processamento: FURANO 4 DESTAQUE Obesidade exige ação imediata na América Latina 6 Ano 16 Nº 4 outubro a dezembro de 2008 contecerá no Grande Hotel de Águas de São Pedro (São Paulo), entre os dias 01 e 03 de abril de 2009, a tradicional Reunião Anual do ILSI Brasil que tem como objetivo apresentar os resultados das atividades de 2008, planejar os próximos passos para 2009 e compartilhar estudos, projetos e trabalhos propostos e desenvolvidos sobre os temas de interesse. Repetindo o modelo do ano passado, cada comitê do ILSI Brasil – Nutrição, Avaliação de Risco e Biotecnologia – organizará um simpósio. Não percam a palestra de abertura a ser apresentada durante o evento abordando o tema: “Aquecimento Global e o Impacto na Agricultura Brasileira”. A apresentação será realizada pelo Dr. Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp). Ainda, e de acordo com os estatutos sociais do ILSI Brasil que determinam a realização de Assembléia Geral Ordinária anual, realizaremos a Assembléia Geral de 2009, no dia 02 de abril de 2009, das 17 às 18 horas. Além das presenças de praxe de todos aqueles relacionados às atividades do ILSI Brasil, neste ano também abriremos espaço para um número limitado de vagas para outros participantes. Para informações sobre como inscrever-se para a Reunião Anual, entre em contato com: [email protected] Agende-se A

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Nesta Edição:EDITORIALSementes plantadas, frutos colhidos 2VALE LEMBRARTrês eventos importantes marcaramo final do ano para o ILSI Brasil 3ARTIGO CIENTÍFICOContaminantes formados durante o processamento: FURANO 4DESTAQUEObesidade exige ação imediatana América Latina 6

DestaqueArtigo

ILSI BrasilN O T Í C I A S 5outubro – dezembro 2008 ILSI Brasil

N O T Í C I A S 6

Ano 16 Nº 4 ou tubro a d e z embro de 2008

Evidências de citotoxicidade (necrose/apoptose) e aumento da proliferação hepatocelular foram observados após a administração de 15 mg/kg pc de furano a ratos e camundongos, durante 6 semanas (WILSON et al., 1992).

O furano é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) como possível carcinógeno humano (Grupo 2B) (IARC, 1995). De acordo com as informações disponíveis, não é possível afirmar se seu potencial carcinogênico é atribuído a um mecanismo direto (genotóxico) ou indireto. Enquanto alguns estudos mostram que o furano e/ou seu metabólito cis-2-buteno-1,4-dial podem reagir diretamente com o DNA e iniciar um processo de carcinogênese (BYRNS et al., 2002), outros trabalhos sustentam o envolvimento de seu potencial citotóxico no desenvolvimento de tumores (WILSON et al., 1992; DURLING et al., 2007).

III. RISCOS ASSOCIADOS À INGESTÃO DE FURANOCom base nos dados disponibilizados por alguns países sobre a ocor-

rência de furano em alimentos,o Painel de Contaminantes da EFSA estimou que a ingestão diária do contaminante por bebês de seis meses de idade, decorrente do consumo de alimentos infantis, variava de <0,2 a 26 &#956;g.

Como conseqüência, a Comissão Européia recomendou a execução de planos de monitoramento dos níveis de furano, em todos os países membros, durante três anos (2007, 2008 e 2009), para fornecer à EFSA dados de ocorrência que deverão contribuir significativamente aos cálculos de estimativa de exposição e avaliação do risco (EC, 2007). Adicionalmente, o Comitê do Codex sobre Contaminantes em Alimentos (CCCF), em sua última reunião (2ª Sessão, Haia, Holanda, de 31 de março a 4 de abril de 2008), incluiu o furano como alta prioridade na lista de contaminantes a serem avaliados toxicologicamente pelo JECFA (CCCF, 2008).

Informações sobre os níveis de furano em alimentos produzidos nos países em desenvolvimento são escassas, o que impossibilita que sejam estimados a exposição das respectivas populações ao contaminante e o risco a ele associado. É desejável, portanto, que sejam disponibilizados na literatura dados de ocorrência de furano em alimentos de diferentes origens, e que sejam estimuladas pesquisas sobre a variabilidade dos níveis de furano entre diferentes marcas e lotes, sua formação em alimentos preparados domesticamente e sua estabilidade nos produtos processados (HEPPNER & SCHLATTER, 2007).

Em conclusão, nota-se que após a divulgação dos resultados da FDA em 2004, diversos grupos internacionais de pesquisa passaram a se dedicar ao estudo da formação de furano em alimentos. Embora informações importantes já tenham sido disponibilizadas, evidencia-se a necessidade de realização de mais pesquisas, principalmente sobre mecanismos de carcinogenicidade, estimativa de ingestão e estratégias de mitigação, além da participação de países em desenvolvimento nesta área de estudo. Até o presente não é possível avaliar se a exposição ao furano através dos alimentos representa um risco aceitável à saúde humana.

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Obesidade exige ação imediata na América Latina

contecerá no Grande Hotel de Águas de São Pedro (São Paulo), entre os dias 01 e 03 de abril de 2009, a tradicional Reunião Anual do ILSI Brasil que tem como objetivo apresentar os resultados das atividades de 2008, planejar os próximos

passos para 2009 e compartilhar estudos, projetos e trabalhos propostos e desenvolvidos sobre os temas de interesse.

Repetindo o modelo do ano passado, cada comitê do ILSI Brasil – Nutrição, Avaliação de Risco e Biotecnologia – organizará um simpósio. Não percam a palestra de abertura a ser apresentada durante o evento abordando o tema: “Aquecimento Global e o Impacto na Agricultura Brasileira”. A apresentação será realizada pelo Dr. Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp).

Ainda, e de acordo com os estatutos sociais do ILSI Brasil que determinam a realização de Assembléia Geral Ordinária anual, realizaremos a Assembléia Geral de 2009, no dia 02 de abril de 2009, das 17 às 18 horas.

Além das presenças de praxe de todos aqueles relacionados às atividades do ILSI Brasil, neste ano também abriremos espaço para um número limitado de vagas para outros participantes. Para informações sobre como inscrever-se para a Reunião Anual, entre em contato com: [email protected]

Agende-seBrasil está deixando de ser um país de desnutridos para ser um país de obesos. E se considerarmos a doença na América Latina, já há evidências claras

e suficientes do problema para se traçar planos e agir, de ime-diato, em ações que envolvam uma mobilização onde governo, academia e indústrias trabalhem juntos, mesmo que se comece por comunidades locais.

Estas são algumas das conclusões apresentadas durante o encontro “Estilos de Vida Saudáveis, Gente Saudável: Revisão de Programas de Intervenção e Ciência na América Latina”, realizado de 3 a 5 dezembro, em Itu, interior de São Paulo. Promovido pelo ILSI Brasil e ILSI Research Foundation, com apoio da OPAS (Organização Pan Americana de Saúde) e do CDC de Atlanta (EUA), o evento contou com a presença de palestrantes dos Estados Unidos, México, Chile e Argentina, além do Brasil.

Os resultados dos projetos e das discussões dos profis-sionais permitiram delinear o ritmo crescente da obesidade no continente. Se for considerado o grau de avaliação da OMS (Organização Mundial de Saúde) o Brasil já atingiu o percentual ideal, que é de ter menos de 5% de desnutridos. Por outro lado, a população está cada vez mais “pesada” e 40% dos brasileiros adultos acumulam sobrepeso. Em outros países, este índice já atinge mais da metade da população, confirmando-se a tendên-cia de crescimento da doença em todas as faixas etárias e classes sociais, principalmente entre crianças e adolescentes.

Muitos trabalhos apresentados no encontro foram desen-volvidos no ambiente escolar, reconhecido pela própria OMS como propício para ações preventivas de intervenção. O desafio, porém, é não apenas traçar estratégias, mas colocá-las em prática, alocando recursos e profissionais capacitados. Um dos caminhos sugeridos pelos participantes passa pelo uso de novas ferramen-tas e métodos de investigação, como recursos da internet, que possam “falar”, principalmente com os jovens, cada vez com maior índice de sobrepeso e mais resistentes a mudanças em seus hábitos alimentares que as crianças.

A tecnologia deve sim ser utilizada não só a favor da pesquisa, mas para criar um maior intercâmbio entre os especialistas na troca de experiências de projetos com resultados positivos e fomentar parcerias, numa luta sem fronteiras contra a obesi-dade. Outras barreiras a serem ultrapassadas são as impostas

pelo próprio sistema das escolas, clínicas e comunidades, no apoio e viabilização das pesquisas, dificuldades constatadas em diferentes países.

Apesar dos esforços dos pesquisadores, na América Latina ainda há poucos números consolidados, mas os que existem apontam que a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante e que – descartados os fatores genéticos – a vida contemporânea, a industrialização e todas as suas facilidades têm contribuído para um dia-a-dia mais sedentário e uma alimentação mais desequilibrada, rica em gorduras e pobre em frutas, legumes e verduras, essenciais para uma vida sau-dável.

Nesta direção, Michael Pratt (EUA) – principal investi-gador do CDC’s World Health Organization Collaborating Center for Physical Activity and Health Promotion e conse-lheiro sênior para o Robert Wood Johnson Foundation – foi extremamente objetivo ao encerrar o encontro e afirmar que a obesidade é um problema definido, universal e reconhecível. Por isso, é fundamental aproveitar as evidências existentes para implementar projetos testados com sucesso em outros países. “Não é necessário reinventar a roda. É preciso disseminar bons achados e traduzi-los em algo prático”, defendeu.

Em sua terceira edição, foi a primeira vez que o evento teve abrangência latino-americana. Foram cerca de 100 partici-pantes entre nutricionistas, pediatras, nutrólogos, professores de educação física e pesquisadores.

O A

Debra Kibbe, John Ruff, Aldo Baccarin e Mauro Fisberg

Franco Lajolo e Emília Yasuko Ishimoto

Editorial

Sementes plantadas, frutos colhidoshegamos ao fim de mais um ano marcado por inúmeras ações que intensificaram o

debate, a reflexão e a troca de infor-mações sobre os temas relacionados à saúde, alimentação, nutrição, enfim, à qualidade de vida, que esperamos que seja cada vez mais saudável para todos. Os diversos cursos, seminários in-ternacionais e workshops contribuíram para en-riquecer nossa prática profissional e nos garan-tir engrandecimento de conhecimentos sempre.

Na área de Biotec-nologia, tivemos a honra de contar com parce-rias importantes como: EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e CTNBio (Comissão Técnica Nacio-nal de Biossegurança). Gostaríamos também de destacar a grande recepti-vidade de apoio do IFBiC (ILSI Food Biotechnology Committee) e o ILSI Research Foundation nos eventos Ava-liação de Segurança Ambiental (ERA) e Segurança de Produtos Derivados de OGMs.

Agradeço ainda a participação dos membros do Comitê de Nutrição (Funcionais, Estilos de Vida Saudáveis, Nutrição Clínica e Alimentos Fortifi-

Artigo

Contaminantes formados durante o processamento: FURANO

ILSI BrasilN O T Í C I A S 3

Vale lembrar

ILSI BrasilN O T Í C I A S 2 outubro – dezembro 2008

ILSI

Bra

sil

Publicação do:International Life Sciences Institute ILSI BrasilRua Hungria, 664 Cj. 113 – 01455-904 – São Paulo-SPtel.: (11) 3035-5585 – e-mail: [email protected]

Conselho Editorial: Clarice Tonato, Felix G. Reyes e Mariela Weingarten Berezovsky

Editora Executiva: Mariela Weingarten Berezovsky

Redação: Cristina Saquetin

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Diretoria/ConselhoPresidenteAldo Baccarin

DiretoriaDr. Franco LajoloDr. Felix G. ReyesDr. Flávio A. D. ZambroneDra. Ione P. LemônicaAna Meisel Ary BucioneJosé Mauro de MoraesSilvia Mine Yokoyama

Diretoria ExecutivaMariela Weingarten Berezovsky

Conselho Científico e de AdministraçãoAldo Baccarin – Presidente do ILSI BrasilAlexandre Novachi – Mead Johnson NutritionalsAna Meisel - Kraft Foods Brasil Ltda.Arlinda Evaristo – Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.Ary Bucione - Danisco Brasil S.ADra. Bernadette Franco - Fac. de Ciências Farmacêuticas/USPDra. Elizabeth de Souza Nascimento – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPEugênio Ulian – Monsanto do Brasil Ltda.Dr. Felix G. Reyes – Fac. Eng. Alimentos/UNICAMPDr. Flávio Zambrone – Fac. Ciências Med./UNICAMPDr. Franco Lajolo – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPGottfried Stützer Jr. – Bayer S/ADra. Ione P. Lemonica – UNESP/Campus BotucatuJoão Alberto Bordignon – Nutrimental S/A Ind. e Com. de AlimentosJoão Henrique Alarcon Alegro – Milênia Agro Ciências S/AJosé Mauro de Moraes – Recofarma Ind. do Amazonas Ltda. (Coca-Cola)Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMPDr. Mauro Fisberg – Univ. Federal de São PauloDra. Silvia Berlanga de Moraes Barros – Fac. Ciências Farmacêuticas/USP

Expediente

ILSI no mundo e no BrasilA manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para a saúde da população e são de interesse comum às empresas, governos, universidades e institutos de pesquisa. Este é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI), associação sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e seções regionais na América do Norte, Argentina, Austrália, Brasil, Europa, Japão, México e Sudeste Asiático. É afiliado à Organização Mundial da Saúde (OMS), como entidade não-governamental e órgão consultivo da ONU para Alimentação

e Agricultura (FAO).No Brasil, o ILSI colabora para o melhor entendimento de assuntos ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria.

INTRODUÇÃO

urano, um possível carcinógeno humano (IARC, 1995), faz parte de uma classe de substâncias que se formam durante o processamento de alimentos, especialmente em condições de

altas temperaturas.A ocorrência de furano em alimentos foi primeiramente verificada entre

os componentes voláteis do café em 1938 e confirmada somente algumas décadas mais tarde (MERRITT et al., 1963). Estudos subseqüentes indi-caram sua presença em outros alimentos, como carne bovina enlatada, carne de frango cozida e pão, tendo sido sua formação inicialmente associada à degradação térmica de carboidratos (MAGA, 1979).

Embora a presença de furano em alguns alimentos já tenha sido repor-tada no passado, um importante estudo divulgado em maio de 2004 por cientistas da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) mostrou que este contaminante pode ser formado em diversos produtos processados, além daqueles identificados anteriormente. Níveis significativos foram encontrados em alimentos infantis e produtos enlata-dos e em conserva, o que levantou pela primeira vez uma preocupação em relação à saúde humana (FDA, 2004).

I. OCORRÊNCIA E FORMAÇÃO DE FURANO EMALIMENTOSFurano (C4H4O, CAS 110-00-9) é um éter cíclico com propriedades

aromáticas e baixo ponto de ebulição (31ºC), produzido industrialmente por descarbonilação do furfural (IARC, 1995). Sua estrutura molecular está representada na Figura 1.

A pesquisa realizada em 2004 pelos cientistas da FDA mostrou a presença de furano em amostras de alimentos infantis, molhos, sopas e vegetais enlatados e em conserva, em níveis de até 125 μg/kg (FDA, 2004). Após a divulgação do estudo, a Agência de Segurança Alimentar Européia (EFSA) iniciou a coleta de informações sobre a presença de furano em alimentos nos países europeus, confirmando os resultados reportados pela

ILSI BrasilN O T Í C I A S 4

CAdriana Pavesi Arisseto1 e Maria Cecília de Figueiredo Toledo2

1Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos, Instituto de Tecnologia de Alimentos (CCQA/ITAL)2Departamento de Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (FEA/UNICAMP)

FDA para os alimentos já investigados e fornecendo novos dados para produtos que ainda não haviam sido analisados (EFSA, 2004).

Baixos teores de furano (<15 μg/kg) foram observados em amostras de bala e chocolate, cerveja, fruta e peixe em lata, e sobremesa pronta. Níveis moderados (até 40 μg/kg) foram encontrados em alimentos processados termicamente que são largamente consumidos pela população, incluindo pão, biscoito salgado, torrada, batata frita, geléia e suco de fruta. Por outro lado, concentrações acima de 100 μg/kg foram encontradas em amostras de alimento infantil, café, feijão em lata, malte, snacks e molhos e sopas em lata. O teor máximo de furano observado foi 5050 μg/kg, detectado em uma amostra de café, alimento que pode ser considerado o mais impor-tante em relação à sua ocorrência (CREWS & CASTLE, 2007; ZOLLER et al., 2007).

A ocorrência de furano em uma grande variedade de alimentos sugere a existência de múltiplas rotas de formação ao invés de um único mecanismo (EFSA, 2004). Embora o mecanismo exato de sua formação não esteja completamente definido, os caminhos propostos para elucidar a origem deste contaminante em alimentos são baseados, principalmente, na decomposição térmica do ácido ascórbico e produtos derivados, na degradação térmica de carboidratos pela reação de Maillard e na oxidação térmica de ácidos graxos poliinsaturados (LOCAS & YAYLAYAN, 2004). Tem sido constatado que as hipóteses assumidas para a formação de furano em alimentos exibem grande complexidade e necessitam de muitos estudos para que estratégias de mitigação sejam definidas (BECALSKI & SEAMAN, 2005; MÄRK et al., 2006; LIMACHER et al., 2007).

II. METABOLISMO E TOXICIDADEEstudos realizados com animais experimentais demonstraram que o

furano é facilmente absorvido pelo organismo, devido à sua baixa polari-dade. É rapidamente metabolizado pelas enzimas do sistema P-450, sendo o cis-2-buteno-1,4-dial considerado o seu principal metabólito, podendo se ligar irreversivelmente a proteínas e nucleosídeos (EFSA, 2004).

Pesquisas sobre o potencial carcinogênico do furano foram conduzi-das pelo Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (NTP). Verificou-se que doses de 2 mg/kg de peso corpóreo (pc) provocaram um aumento significativo na incidência de colangiocarcinoma do fígado, e doses de 4 mg/kg pc aumentaram significativamente a incidência de neoplasia hepatocelular e leucemia celular mononuclear em animais experimentais. Observou-se também uma clara evidência de carcinogenicidade em ca-mundongos, baseada no aumento da incidência de neoplasia hepatocelular e feocromocitomas da glândula supra-renal, em animais expostos a uma dose de 8 mg/kg pc (NTP, 1993).

F

cados & Suplementos) pelas excelentes realizações em eventos, workshops e pelas importantes publicações científicas. Graças às sugestões e participações, já pudemos delinear com otimismo nosso plano de ação para 2009.

Seguem também meus agradeci-mentos ao Comitê de Avaliação de Risco. À força-tarefa Agroquímicos que

organizou um importante encontro em parceria com a Associação Latinoa-mericana de Patologia e Toxicologia – ALAPT e à força-tarefa Food Sa-fety, que manteve suas enriquecedoras reuniões temáticas durante o ano, apresentando temas in-teressantes e palestrantes

altamente qualificados. Posso garantir que em 2008 co-

lhemos bons frutos graças a um esforço conjunto da direção do ILSI Brasil, das forças-tarefas, dos nossos colaboradores científicos e de nossas empresas associa-das. Juntos já estamos traçando belos rumos para 2009 e almejamos que não se faça diferente.

Não deixem de ler nesta edição o artigo sobre FURANO.

Desejo a todos Feliz Natal e um Ano Novo repleto de grandes realizações e conquistas.

m dos destaques do evento da série de Workshops Internacionais sobre Alegações de Propriedades Funcionais

e/ou Saúde, além do alto nível dos debates, foram as novidades apresentadas pelos especialistas.

Na palestra “Descobertas recentes em nutrição e imunidade infantil”, o Dr. Bruno Paes Barreto, da Universidade do Estado do Pará, apresentou uma pesquisa recente sobre a introdução de alimentos sólidos a bebês recém-nascidos e sua correlação com alergia alimentar. A pesquisa apresentou uma descoberta da janela imunológica (4-6 meses) e a importância da introdução de alimentos neste período, além de outras informações relevantes como a introdução precoce de probióticos, a tole-rância oral e a pesquisa cutânea.

Já a palestra sobre “Ácidos graxos e inflamação” proferida pela Dra. Elaine Hatanaka, da Univer-sidade Cruzeiro do Sul demonstrou por meio de estudos atuais a ação dos ácidos graxos na cicatri-zação. Os ácidos graxos induzem a migração de sangue na resposta pré-inflamatória e ajudam no processo de cicatrização.

O evento também contou com a presença de palestrantes internacionais, como o Dr. Arthur Ouwehand, da Universidade de Turku (Finlândia), Dr. Antonio Mantoan, da Mead Johnson (México) e a Dra. Gabriela Perdigón, da Cerela (Argentina). Dra. Perdigón, apresentou a palestra “Probióticos: identificação de cepas e seus efeitos clínicos”, que têm comprovado, por meio de evidências cientí-ficas, o efeito positivo na resposta imunológica, reduzindo a ocorrência de infecções comuns.

Nosso objetivo, de mostrar o resultado de pesquisas recentes e estimular a discussão entre médicos, especialistas e autoridades governamen-tais sobre a relação entre o consumo de determi-nados tipos de alimentos e o impacto no sistema imunológico foi atingido com êxito.

Especialistas apresentam novidades

Tese premiada

U

II Prêmio para Pesquisa em Alimentos e Ingredientes com Proprie-dades Funcionais, criado pelo ILSI para identificar, reconhecer e encorajar novos talentos da pesquisa científica na área de alimentos/

ingredientes com propriedades funcionais e/ou de saúde foi entregue. Emília Yasuko Ishimoto, da Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, apresentou sua tese de Doutorado: “Efeito hipolipimiante e antioxidante de sub-produtos da uva em hamsters” que trata dos subprodutos da uva com potencial biológico e sensorial para serem utilizados como ingredientes funcionais. Além do certificado, a vencedora recebeu um bônus no valor de R$ 5 mil.

Mais um vencedor om grande satisfação a força-tarefa Estilos de Vida Saudáveis do ILSI Brasil anunciou no dia 06/11/08, o projeto selecionado como primeiro colocado, entre quatro finalistas, da segunda edição da

“Chamada para Projeto de Pesquisa ILSI Brasil – Estilos de Vida Saudáveis – 2008.

Obedecendo rigorosamente ao regulamento amplamente divulgado quanto aos critérios de seleção, a comissão julgadora formada por quatro integrantes renomados e alheios ao programa, indicou o projeto: “Impacto de uma inter-venção nutricional baseada em materiais educativos para a melhoria das práticas alimentares entre adolescentes”, como vencedor. Investigador principal: Dra. Betzabeth Slater (Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); Co-investigador: Maria Natacha Toral Bertolin (Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Além de receberem um certificado, a pesquisa foi apresentada durante o III Encontro de Especialistas ILSI Brasil e será contemplada com apoio / financia-mento no valor de até R$ 50 mil.

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C

Figura 1.

Estrutura molecular do furano.

Franco Lajolo e Emília Yasuko Ishimoto

Editorial

Sementes plantadas, frutos colhidoshegamos ao fim de mais um ano marcado por inúmeras ações que intensificaram o

debate, a reflexão e a troca de infor-mações sobre os temas relacionados à saúde, alimentação, nutrição, enfim, à qualidade de vida, que esperamos que seja cada vez mais saudável para todos. Os diversos cursos, seminários in-ternacionais e workshops contribuíram para en-riquecer nossa prática profissional e nos garan-tir engrandecimento de conhecimentos sempre.

Na área de Biotec-nologia, tivemos a honra de contar com parce-rias importantes como: EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e CTNBio (Comissão Técnica Nacio-nal de Biossegurança). Gostaríamos também de destacar a grande recepti-vidade de apoio do IFBiC (ILSI Food Biotechnology Committee) e o ILSI Research Foundation nos eventos Ava-liação de Segurança Ambiental (ERA) e Segurança de Produtos Derivados de OGMs.

Agradeço ainda a participação dos membros do Comitê de Nutrição (Funcionais, Estilos de Vida Saudáveis, Nutrição Clínica e Alimentos Fortifi-

Artigo

Contaminantes formados durante o processamento: FURANO

ILSI BrasilN O T Í C I A S 3

Vale lembrar

ILSI BrasilN O T Í C I A S 2 outubro – dezembro 2008

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Redação: Cristina Saquetin

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DiretoriaDr. Franco LajoloDr. Felix G. ReyesDr. Flávio A. D. ZambroneDra. Ione P. LemônicaAna Meisel Ary BucioneJosé Mauro de MoraesSilvia Mine Yokoyama

Diretoria ExecutivaMariela Weingarten Berezovsky

Conselho Científico e de AdministraçãoAldo Baccarin – Presidente do ILSI BrasilAlexandre Novachi – Mead Johnson NutritionalsAna Meisel - Kraft Foods Brasil Ltda.Arlinda Evaristo – Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.Ary Bucione - Danisco Brasil S.ADra. Bernadette Franco - Fac. de Ciências Farmacêuticas/USPDra. Elizabeth de Souza Nascimento – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPEugênio Ulian – Monsanto do Brasil Ltda.Dr. Felix G. Reyes – Fac. Eng. Alimentos/UNICAMPDr. Flávio Zambrone – Fac. Ciências Med./UNICAMPDr. Franco Lajolo – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPGottfried Stützer Jr. – Bayer S/ADra. Ione P. Lemonica – UNESP/Campus BotucatuJoão Alberto Bordignon – Nutrimental S/A Ind. e Com. de AlimentosJoão Henrique Alarcon Alegro – Milênia Agro Ciências S/AJosé Mauro de Moraes – Recofarma Ind. do Amazonas Ltda. (Coca-Cola)Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMPDr. Mauro Fisberg – Univ. Federal de São PauloDra. Silvia Berlanga de Moraes Barros – Fac. Ciências Farmacêuticas/USP

Expediente

ILSI no mundo e no BrasilA manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para a saúde da população e são de interesse comum às empresas, governos, universidades e institutos de pesquisa. Este é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI), associação sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e seções regionais na América do Norte, Argentina, Austrália, Brasil, Europa, Japão, México e Sudeste Asiático. É afiliado à Organização Mundial da Saúde (OMS), como entidade não-governamental e órgão consultivo da ONU para Alimentação

e Agricultura (FAO).No Brasil, o ILSI colabora para o melhor entendimento de assuntos ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria.

INTRODUÇÃO

urano, um possível carcinógeno humano (IARC, 1995), faz parte de uma classe de substâncias que se formam durante o processamento de alimentos, especialmente em condições de

altas temperaturas.A ocorrência de furano em alimentos foi primeiramente verificada entre

os componentes voláteis do café em 1938 e confirmada somente algumas décadas mais tarde (MERRITT et al., 1963). Estudos subseqüentes indi-caram sua presença em outros alimentos, como carne bovina enlatada, carne de frango cozida e pão, tendo sido sua formação inicialmente associada à degradação térmica de carboidratos (MAGA, 1979).

Embora a presença de furano em alguns alimentos já tenha sido repor-tada no passado, um importante estudo divulgado em maio de 2004 por cientistas da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) mostrou que este contaminante pode ser formado em diversos produtos processados, além daqueles identificados anteriormente. Níveis significativos foram encontrados em alimentos infantis e produtos enlata-dos e em conserva, o que levantou pela primeira vez uma preocupação em relação à saúde humana (FDA, 2004).

I. OCORRÊNCIA E FORMAÇÃO DE FURANO EMALIMENTOSFurano (C4H4O, CAS 110-00-9) é um éter cíclico com propriedades

aromáticas e baixo ponto de ebulição (31ºC), produzido industrialmente por descarbonilação do furfural (IARC, 1995). Sua estrutura molecular está representada na Figura 1.

A pesquisa realizada em 2004 pelos cientistas da FDA mostrou a presença de furano em amostras de alimentos infantis, molhos, sopas e vegetais enlatados e em conserva, em níveis de até 125 μg/kg (FDA, 2004). Após a divulgação do estudo, a Agência de Segurança Alimentar Européia (EFSA) iniciou a coleta de informações sobre a presença de furano em alimentos nos países europeus, confirmando os resultados reportados pela

ILSI BrasilN O T Í C I A S 4

CAdriana Pavesi Arisseto1 e Maria Cecília de Figueiredo Toledo2

1Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos, Instituto de Tecnologia de Alimentos (CCQA/ITAL)2Departamento de Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (FEA/UNICAMP)

FDA para os alimentos já investigados e fornecendo novos dados para produtos que ainda não haviam sido analisados (EFSA, 2004).

Baixos teores de furano (<15 μg/kg) foram observados em amostras de bala e chocolate, cerveja, fruta e peixe em lata, e sobremesa pronta. Níveis moderados (até 40 μg/kg) foram encontrados em alimentos processados termicamente que são largamente consumidos pela população, incluindo pão, biscoito salgado, torrada, batata frita, geléia e suco de fruta. Por outro lado, concentrações acima de 100 μg/kg foram encontradas em amostras de alimento infantil, café, feijão em lata, malte, snacks e molhos e sopas em lata. O teor máximo de furano observado foi 5050 μg/kg, detectado em uma amostra de café, alimento que pode ser considerado o mais impor-tante em relação à sua ocorrência (CREWS & CASTLE, 2007; ZOLLER et al., 2007).

A ocorrência de furano em uma grande variedade de alimentos sugere a existência de múltiplas rotas de formação ao invés de um único mecanismo (EFSA, 2004). Embora o mecanismo exato de sua formação não esteja completamente definido, os caminhos propostos para elucidar a origem deste contaminante em alimentos são baseados, principalmente, na decomposição térmica do ácido ascórbico e produtos derivados, na degradação térmica de carboidratos pela reação de Maillard e na oxidação térmica de ácidos graxos poliinsaturados (LOCAS & YAYLAYAN, 2004). Tem sido constatado que as hipóteses assumidas para a formação de furano em alimentos exibem grande complexidade e necessitam de muitos estudos para que estratégias de mitigação sejam definidas (BECALSKI & SEAMAN, 2005; MÄRK et al., 2006; LIMACHER et al., 2007).

II. METABOLISMO E TOXICIDADEEstudos realizados com animais experimentais demonstraram que o

furano é facilmente absorvido pelo organismo, devido à sua baixa polari-dade. É rapidamente metabolizado pelas enzimas do sistema P-450, sendo o cis-2-buteno-1,4-dial considerado o seu principal metabólito, podendo se ligar irreversivelmente a proteínas e nucleosídeos (EFSA, 2004).

Pesquisas sobre o potencial carcinogênico do furano foram conduzi-das pelo Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (NTP). Verificou-se que doses de 2 mg/kg de peso corpóreo (pc) provocaram um aumento significativo na incidência de colangiocarcinoma do fígado, e doses de 4 mg/kg pc aumentaram significativamente a incidência de neoplasia hepatocelular e leucemia celular mononuclear em animais experimentais. Observou-se também uma clara evidência de carcinogenicidade em ca-mundongos, baseada no aumento da incidência de neoplasia hepatocelular e feocromocitomas da glândula supra-renal, em animais expostos a uma dose de 8 mg/kg pc (NTP, 1993).

F

cados & Suplementos) pelas excelentes realizações em eventos, workshops e pelas importantes publicações científicas. Graças às sugestões e participações, já pudemos delinear com otimismo nosso plano de ação para 2009.

Seguem também meus agradeci-mentos ao Comitê de Avaliação de Risco. À força-tarefa Agroquímicos que

organizou um importante encontro em parceria com a Associação Latinoa-mericana de Patologia e Toxicologia – ALAPT e à força-tarefa Food Sa-fety, que manteve suas enriquecedoras reuniões temáticas durante o ano, apresentando temas in-teressantes e palestrantes

altamente qualificados. Posso garantir que em 2008 co-

lhemos bons frutos graças a um esforço conjunto da direção do ILSI Brasil, das forças-tarefas, dos nossos colaboradores científicos e de nossas empresas associa-das. Juntos já estamos traçando belos rumos para 2009 e almejamos que não se faça diferente.

Não deixem de ler nesta edição o artigo sobre FURANO.

Desejo a todos Feliz Natal e um Ano Novo repleto de grandes realizações e conquistas.

m dos destaques do evento da série de Workshops Internacionais sobre Alegações de Propriedades Funcionais

e/ou Saúde, além do alto nível dos debates, foram as novidades apresentadas pelos especialistas.

Na palestra “Descobertas recentes em nutrição e imunidade infantil”, o Dr. Bruno Paes Barreto, da Universidade do Estado do Pará, apresentou uma pesquisa recente sobre a introdução de alimentos sólidos a bebês recém-nascidos e sua correlação com alergia alimentar. A pesquisa apresentou uma descoberta da janela imunológica (4-6 meses) e a importância da introdução de alimentos neste período, além de outras informações relevantes como a introdução precoce de probióticos, a tole-rância oral e a pesquisa cutânea.

Já a palestra sobre “Ácidos graxos e inflamação” proferida pela Dra. Elaine Hatanaka, da Univer-sidade Cruzeiro do Sul demonstrou por meio de estudos atuais a ação dos ácidos graxos na cicatri-zação. Os ácidos graxos induzem a migração de sangue na resposta pré-inflamatória e ajudam no processo de cicatrização.

O evento também contou com a presença de palestrantes internacionais, como o Dr. Arthur Ouwehand, da Universidade de Turku (Finlândia), Dr. Antonio Mantoan, da Mead Johnson (México) e a Dra. Gabriela Perdigón, da Cerela (Argentina). Dra. Perdigón, apresentou a palestra “Probióticos: identificação de cepas e seus efeitos clínicos”, que têm comprovado, por meio de evidências cientí-ficas, o efeito positivo na resposta imunológica, reduzindo a ocorrência de infecções comuns.

Nosso objetivo, de mostrar o resultado de pesquisas recentes e estimular a discussão entre médicos, especialistas e autoridades governamen-tais sobre a relação entre o consumo de determi-nados tipos de alimentos e o impacto no sistema imunológico foi atingido com êxito.

Especialistas apresentam novidades

Tese premiada

U

II Prêmio para Pesquisa em Alimentos e Ingredientes com Proprie-dades Funcionais, criado pelo ILSI para identificar, reconhecer e encorajar novos talentos da pesquisa científica na área de alimentos/

ingredientes com propriedades funcionais e/ou de saúde foi entregue. Emília Yasuko Ishimoto, da Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, apresentou sua tese de Doutorado: “Efeito hipolipimiante e antioxidante de sub-produtos da uva em hamsters” que trata dos subprodutos da uva com potencial biológico e sensorial para serem utilizados como ingredientes funcionais. Além do certificado, a vencedora recebeu um bônus no valor de R$ 5 mil.

Mais um vencedor om grande satisfação a força-tarefa Estilos de Vida Saudáveis do ILSI Brasil anunciou no dia 06/11/08, o projeto selecionado como primeiro colocado, entre quatro finalistas, da segunda edição da

“Chamada para Projeto de Pesquisa ILSI Brasil – Estilos de Vida Saudáveis – 2008.

Obedecendo rigorosamente ao regulamento amplamente divulgado quanto aos critérios de seleção, a comissão julgadora formada por quatro integrantes renomados e alheios ao programa, indicou o projeto: “Impacto de uma inter-venção nutricional baseada em materiais educativos para a melhoria das práticas alimentares entre adolescentes”, como vencedor. Investigador principal: Dra. Betzabeth Slater (Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); Co-investigador: Maria Natacha Toral Bertolin (Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Além de receberem um certificado, a pesquisa foi apresentada durante o III Encontro de Especialistas ILSI Brasil e será contemplada com apoio / financia-mento no valor de até R$ 50 mil.

O

C

Figura 1.

Estrutura molecular do furano.

Franco Lajolo e Emília Yasuko Ishimoto

Editorial

Sementes plantadas, frutos colhidoshegamos ao fim de mais um ano marcado por inúmeras ações que intensificaram o

debate, a reflexão e a troca de infor-mações sobre os temas relacionados à saúde, alimentação, nutrição, enfim, à qualidade de vida, que esperamos que seja cada vez mais saudável para todos. Os diversos cursos, seminários in-ternacionais e workshops contribuíram para en-riquecer nossa prática profissional e nos garan-tir engrandecimento de conhecimentos sempre.

Na área de Biotec-nologia, tivemos a honra de contar com parce-rias importantes como: EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e CTNBio (Comissão Técnica Nacio-nal de Biossegurança). Gostaríamos também de destacar a grande recepti-vidade de apoio do IFBiC (ILSI Food Biotechnology Committee) e o ILSI Research Foundation nos eventos Ava-liação de Segurança Ambiental (ERA) e Segurança de Produtos Derivados de OGMs.

Agradeço ainda a participação dos membros do Comitê de Nutrição (Funcionais, Estilos de Vida Saudáveis, Nutrição Clínica e Alimentos Fortifi-

Artigo

Contaminantes formados durante o processamento: FURANO

ILSI BrasilN O T Í C I A S 3

Vale lembrar

ILSI BrasilN O T Í C I A S 2 outubro – dezembro 2008

ILSI

Bra

sil

Publicação do:International Life Sciences Institute ILSI BrasilRua Hungria, 664 Cj. 113 – 01455-904 – São Paulo-SPtel.: (11) 3035-5585 – e-mail: [email protected]

Conselho Editorial: Clarice Tonato, Felix G. Reyes e Mariela Weingarten Berezovsky

Editora Executiva: Mariela Weingarten Berezovsky

Redação: Cristina Saquetin

Produção: DPI Studio e EditoraTel./Fax: (11) 3207-1617 – [email protected]

Circulação externa – Tiragem de 4.500 exemplares

Direitos reservados ao ILSI Brasil

Diretoria/ConselhoPresidenteAldo Baccarin

DiretoriaDr. Franco LajoloDr. Felix G. ReyesDr. Flávio A. D. ZambroneDra. Ione P. LemônicaAna Meisel Ary BucioneJosé Mauro de MoraesSilvia Mine Yokoyama

Diretoria ExecutivaMariela Weingarten Berezovsky

Conselho Científico e de AdministraçãoAldo Baccarin – Presidente do ILSI BrasilAlexandre Novachi – Mead Johnson NutritionalsAna Meisel - Kraft Foods Brasil Ltda.Arlinda Evaristo – Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.Ary Bucione - Danisco Brasil S.ADra. Bernadette Franco - Fac. de Ciências Farmacêuticas/USPDra. Elizabeth de Souza Nascimento – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPEugênio Ulian – Monsanto do Brasil Ltda.Dr. Felix G. Reyes – Fac. Eng. Alimentos/UNICAMPDr. Flávio Zambrone – Fac. Ciências Med./UNICAMPDr. Franco Lajolo – Fac. Ciências Farmacêuticas/USPGottfried Stützer Jr. – Bayer S/ADra. Ione P. Lemonica – UNESP/Campus BotucatuJoão Alberto Bordignon – Nutrimental S/A Ind. e Com. de AlimentosJoão Henrique Alarcon Alegro – Milênia Agro Ciências S/AJosé Mauro de Moraes – Recofarma Ind. do Amazonas Ltda. (Coca-Cola)Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMPDr. Mauro Fisberg – Univ. Federal de São PauloDra. Silvia Berlanga de Moraes Barros – Fac. Ciências Farmacêuticas/USP

Expediente

ILSI no mundo e no BrasilA manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para a saúde da população e são de interesse comum às empresas, governos, universidades e institutos de pesquisa. Este é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI), associação sem fins lucrativos, com sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e seções regionais na América do Norte, Argentina, Austrália, Brasil, Europa, Japão, México e Sudeste Asiático. É afiliado à Organização Mundial da Saúde (OMS), como entidade não-governamental e órgão consultivo da ONU para Alimentação

e Agricultura (FAO).No Brasil, o ILSI colabora para o melhor entendimento de assuntos ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria.

INTRODUÇÃO

urano, um possível carcinógeno humano (IARC, 1995), faz parte de uma classe de substâncias que se formam durante o processamento de alimentos, especialmente em condições de

altas temperaturas.A ocorrência de furano em alimentos foi primeiramente verificada entre

os componentes voláteis do café em 1938 e confirmada somente algumas décadas mais tarde (MERRITT et al., 1963). Estudos subseqüentes indi-caram sua presença em outros alimentos, como carne bovina enlatada, carne de frango cozida e pão, tendo sido sua formação inicialmente associada à degradação térmica de carboidratos (MAGA, 1979).

Embora a presença de furano em alguns alimentos já tenha sido repor-tada no passado, um importante estudo divulgado em maio de 2004 por cientistas da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) mostrou que este contaminante pode ser formado em diversos produtos processados, além daqueles identificados anteriormente. Níveis significativos foram encontrados em alimentos infantis e produtos enlata-dos e em conserva, o que levantou pela primeira vez uma preocupação em relação à saúde humana (FDA, 2004).

I. OCORRÊNCIA E FORMAÇÃO DE FURANO EMALIMENTOSFurano (C4H4O, CAS 110-00-9) é um éter cíclico com propriedades

aromáticas e baixo ponto de ebulição (31ºC), produzido industrialmente por descarbonilação do furfural (IARC, 1995). Sua estrutura molecular está representada na Figura 1.

A pesquisa realizada em 2004 pelos cientistas da FDA mostrou a presença de furano em amostras de alimentos infantis, molhos, sopas e vegetais enlatados e em conserva, em níveis de até 125 μg/kg (FDA, 2004). Após a divulgação do estudo, a Agência de Segurança Alimentar Européia (EFSA) iniciou a coleta de informações sobre a presença de furano em alimentos nos países europeus, confirmando os resultados reportados pela

ILSI BrasilN O T Í C I A S 4

CAdriana Pavesi Arisseto1 e Maria Cecília de Figueiredo Toledo2

1Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos, Instituto de Tecnologia de Alimentos (CCQA/ITAL)2Departamento de Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (FEA/UNICAMP)

FDA para os alimentos já investigados e fornecendo novos dados para produtos que ainda não haviam sido analisados (EFSA, 2004).

Baixos teores de furano (<15 μg/kg) foram observados em amostras de bala e chocolate, cerveja, fruta e peixe em lata, e sobremesa pronta. Níveis moderados (até 40 μg/kg) foram encontrados em alimentos processados termicamente que são largamente consumidos pela população, incluindo pão, biscoito salgado, torrada, batata frita, geléia e suco de fruta. Por outro lado, concentrações acima de 100 μg/kg foram encontradas em amostras de alimento infantil, café, feijão em lata, malte, snacks e molhos e sopas em lata. O teor máximo de furano observado foi 5050 μg/kg, detectado em uma amostra de café, alimento que pode ser considerado o mais impor-tante em relação à sua ocorrência (CREWS & CASTLE, 2007; ZOLLER et al., 2007).

A ocorrência de furano em uma grande variedade de alimentos sugere a existência de múltiplas rotas de formação ao invés de um único mecanismo (EFSA, 2004). Embora o mecanismo exato de sua formação não esteja completamente definido, os caminhos propostos para elucidar a origem deste contaminante em alimentos são baseados, principalmente, na decomposição térmica do ácido ascórbico e produtos derivados, na degradação térmica de carboidratos pela reação de Maillard e na oxidação térmica de ácidos graxos poliinsaturados (LOCAS & YAYLAYAN, 2004). Tem sido constatado que as hipóteses assumidas para a formação de furano em alimentos exibem grande complexidade e necessitam de muitos estudos para que estratégias de mitigação sejam definidas (BECALSKI & SEAMAN, 2005; MÄRK et al., 2006; LIMACHER et al., 2007).

II. METABOLISMO E TOXICIDADEEstudos realizados com animais experimentais demonstraram que o

furano é facilmente absorvido pelo organismo, devido à sua baixa polari-dade. É rapidamente metabolizado pelas enzimas do sistema P-450, sendo o cis-2-buteno-1,4-dial considerado o seu principal metabólito, podendo se ligar irreversivelmente a proteínas e nucleosídeos (EFSA, 2004).

Pesquisas sobre o potencial carcinogênico do furano foram conduzi-das pelo Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (NTP). Verificou-se que doses de 2 mg/kg de peso corpóreo (pc) provocaram um aumento significativo na incidência de colangiocarcinoma do fígado, e doses de 4 mg/kg pc aumentaram significativamente a incidência de neoplasia hepatocelular e leucemia celular mononuclear em animais experimentais. Observou-se também uma clara evidência de carcinogenicidade em ca-mundongos, baseada no aumento da incidência de neoplasia hepatocelular e feocromocitomas da glândula supra-renal, em animais expostos a uma dose de 8 mg/kg pc (NTP, 1993).

F

cados & Suplementos) pelas excelentes realizações em eventos, workshops e pelas importantes publicações científicas. Graças às sugestões e participações, já pudemos delinear com otimismo nosso plano de ação para 2009.

Seguem também meus agradeci-mentos ao Comitê de Avaliação de Risco. À força-tarefa Agroquímicos que

organizou um importante encontro em parceria com a Associação Latinoa-mericana de Patologia e Toxicologia – ALAPT e à força-tarefa Food Sa-fety, que manteve suas enriquecedoras reuniões temáticas durante o ano, apresentando temas in-teressantes e palestrantes

altamente qualificados. Posso garantir que em 2008 co-

lhemos bons frutos graças a um esforço conjunto da direção do ILSI Brasil, das forças-tarefas, dos nossos colaboradores científicos e de nossas empresas associa-das. Juntos já estamos traçando belos rumos para 2009 e almejamos que não se faça diferente.

Não deixem de ler nesta edição o artigo sobre FURANO.

Desejo a todos Feliz Natal e um Ano Novo repleto de grandes realizações e conquistas.

m dos destaques do evento da série de Workshops Internacionais sobre Alegações de Propriedades Funcionais

e/ou Saúde, além do alto nível dos debates, foram as novidades apresentadas pelos especialistas.

Na palestra “Descobertas recentes em nutrição e imunidade infantil”, o Dr. Bruno Paes Barreto, da Universidade do Estado do Pará, apresentou uma pesquisa recente sobre a introdução de alimentos sólidos a bebês recém-nascidos e sua correlação com alergia alimentar. A pesquisa apresentou uma descoberta da janela imunológica (4-6 meses) e a importância da introdução de alimentos neste período, além de outras informações relevantes como a introdução precoce de probióticos, a tole-rância oral e a pesquisa cutânea.

Já a palestra sobre “Ácidos graxos e inflamação” proferida pela Dra. Elaine Hatanaka, da Univer-sidade Cruzeiro do Sul demonstrou por meio de estudos atuais a ação dos ácidos graxos na cicatri-zação. Os ácidos graxos induzem a migração de sangue na resposta pré-inflamatória e ajudam no processo de cicatrização.

O evento também contou com a presença de palestrantes internacionais, como o Dr. Arthur Ouwehand, da Universidade de Turku (Finlândia), Dr. Antonio Mantoan, da Mead Johnson (México) e a Dra. Gabriela Perdigón, da Cerela (Argentina). Dra. Perdigón, apresentou a palestra “Probióticos: identificação de cepas e seus efeitos clínicos”, que têm comprovado, por meio de evidências cientí-ficas, o efeito positivo na resposta imunológica, reduzindo a ocorrência de infecções comuns.

Nosso objetivo, de mostrar o resultado de pesquisas recentes e estimular a discussão entre médicos, especialistas e autoridades governamen-tais sobre a relação entre o consumo de determi-nados tipos de alimentos e o impacto no sistema imunológico foi atingido com êxito.

Especialistas apresentam novidades

Tese premiada

U

II Prêmio para Pesquisa em Alimentos e Ingredientes com Proprie-dades Funcionais, criado pelo ILSI para identificar, reconhecer e encorajar novos talentos da pesquisa científica na área de alimentos/

ingredientes com propriedades funcionais e/ou de saúde foi entregue. Emília Yasuko Ishimoto, da Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, apresentou sua tese de Doutorado: “Efeito hipolipimiante e antioxidante de sub-produtos da uva em hamsters” que trata dos subprodutos da uva com potencial biológico e sensorial para serem utilizados como ingredientes funcionais. Além do certificado, a vencedora recebeu um bônus no valor de R$ 5 mil.

Mais um vencedor om grande satisfação a força-tarefa Estilos de Vida Saudáveis do ILSI Brasil anunciou no dia 06/11/08, o projeto selecionado como primeiro colocado, entre quatro finalistas, da segunda edição da

“Chamada para Projeto de Pesquisa ILSI Brasil – Estilos de Vida Saudáveis – 2008.

Obedecendo rigorosamente ao regulamento amplamente divulgado quanto aos critérios de seleção, a comissão julgadora formada por quatro integrantes renomados e alheios ao programa, indicou o projeto: “Impacto de uma inter-venção nutricional baseada em materiais educativos para a melhoria das práticas alimentares entre adolescentes”, como vencedor. Investigador principal: Dra. Betzabeth Slater (Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); Co-investigador: Maria Natacha Toral Bertolin (Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Além de receberem um certificado, a pesquisa foi apresentada durante o III Encontro de Especialistas ILSI Brasil e será contemplada com apoio / financia-mento no valor de até R$ 50 mil.

O

C

Figura 1.

Estrutura molecular do furano.

Nesta Edição:EDITORIALSementes plantadas, frutos colhidos 2VALE LEMBRARTrês eventos importantes marcaramo final do ano para o ILSI Brasil 3ARTIGO CIENTÍFICOContaminantes formados durante o processamento: FURANO 4DESTAQUEObesidade exige ação imediatana América Latina 6

DestaqueArtigo

ILSI BrasilN O T Í C I A S 5outubro – dezembro 2008 ILSI Brasil

N O T Í C I A S 6

Ano 16 Nº 4 ou tubro a d e z embro de 2008

Evidências de citotoxicidade (necrose/apoptose) e aumento da proliferação hepatocelular foram observados após a administração de 15 mg/kg pc de furano a ratos e camundongos, durante 6 semanas (WILSON et al., 1992).

O furano é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) como possível carcinógeno humano (Grupo 2B) (IARC, 1995). De acordo com as informações disponíveis, não é possível afirmar se seu potencial carcinogênico é atribuído a um mecanismo direto (genotóxico) ou indireto. Enquanto alguns estudos mostram que o furano e/ou seu metabólito cis-2-buteno-1,4-dial podem reagir diretamente com o DNA e iniciar um processo de carcinogênese (BYRNS et al., 2002), outros trabalhos sustentam o envolvimento de seu potencial citotóxico no desenvolvimento de tumores (WILSON et al., 1992; DURLING et al., 2007).

III. RISCOS ASSOCIADOS À INGESTÃO DE FURANOCom base nos dados disponibilizados por alguns países sobre a ocor-

rência de furano em alimentos,o Painel de Contaminantes da EFSA estimou que a ingestão diária do contaminante por bebês de seis meses de idade, decorrente do consumo de alimentos infantis, variava de <0,2 a 26 &#956;g.

Como conseqüência, a Comissão Européia recomendou a execução de planos de monitoramento dos níveis de furano, em todos os países membros, durante três anos (2007, 2008 e 2009), para fornecer à EFSA dados de ocorrência que deverão contribuir significativamente aos cálculos de estimativa de exposição e avaliação do risco (EC, 2007). Adicionalmente, o Comitê do Codex sobre Contaminantes em Alimentos (CCCF), em sua última reunião (2ª Sessão, Haia, Holanda, de 31 de março a 4 de abril de 2008), incluiu o furano como alta prioridade na lista de contaminantes a serem avaliados toxicologicamente pelo JECFA (CCCF, 2008).

Informações sobre os níveis de furano em alimentos produzidos nos países em desenvolvimento são escassas, o que impossibilita que sejam estimados a exposição das respectivas populações ao contaminante e o risco a ele associado. É desejável, portanto, que sejam disponibilizados na literatura dados de ocorrência de furano em alimentos de diferentes origens, e que sejam estimuladas pesquisas sobre a variabilidade dos níveis de furano entre diferentes marcas e lotes, sua formação em alimentos preparados domesticamente e sua estabilidade nos produtos processados (HEPPNER & SCHLATTER, 2007).

Em conclusão, nota-se que após a divulgação dos resultados da FDA em 2004, diversos grupos internacionais de pesquisa passaram a se dedicar ao estudo da formação de furano em alimentos. Embora informações importantes já tenham sido disponibilizadas, evidencia-se a necessidade de realização de mais pesquisas, principalmente sobre mecanismos de carcinogenicidade, estimativa de ingestão e estratégias de mitigação, além da participação de países em desenvolvimento nesta área de estudo. Até o presente não é possível avaliar se a exposição ao furano através dos alimentos representa um risco aceitável à saúde humana.

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taminants, 24: 122-135.

Locas CP, Yaylayan VA (2004). Origin and mechanistic pathways of formation

of the parent furan - a food toxicant. Journal of Agriculture and Food Chemistry, 52:

6830-6383.

Maga JA (1979). Furans in foods. Critical Reviews in Food Science and Nutri-

tion, 11: 355-400.

Märk J, Pollien P, Lindinger C, Blank I, Mark T (2006). Quantitation of furan

and methylfuran formed in different precursor systems by proton transfer reaction mass

spectrometry. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 54: 2786-2793.

Merritt C, Bazinet ML, Sullivan JH, Robertson DH (1963). Mass spectrometric

determination on the volatile components from ground coffee. Journal of Agricultural

and Food Chemistry, 11:152-155.

NTP (United State National Toxicology Program). Toxicology and carcinogenesis

studies of furan (CAS No. 110-00-9) in F344 rats and B6C3F1 mice (gavage stud-

ies). Abstract for TR - 402 – Furan (1993). Disponível em: <http://ntp.niehs.nih.

gov/?objectid=070963E6-98E1-F729-1D2FC64DB99D24CC>.

Wilson DM, Goldsworthy JT, Popp JA, Butterworth BE (1992). Evaluation of

genotoxicity, pathological lesions, and cell proliferation in livers of rats and mice treated

with furan. Environmental and Molecular Mutagenesis, 19: 209-222.

Zoller O, Sager F, Reinhard H (2007). Furan in food: headspace method and

product survey. Food Additives and Contaminants, 24: 91-107.

Obesidade exige ação imediata na América Latina

contecerá no Grande Hotel de Águas de São Pedro (São Paulo), entre os dias 01 e 03 de abril de 2009, a tradicional Reunião Anual do ILSI Brasil que tem como objetivo apresentar os resultados das atividades de 2008, planejar os próximos

passos para 2009 e compartilhar estudos, projetos e trabalhos propostos e desenvolvidos sobre os temas de interesse.

Repetindo o modelo do ano passado, cada comitê do ILSI Brasil – Nutrição, Avaliação de Risco e Biotecnologia – organizará um simpósio. Não percam a palestra de abertura a ser apresentada durante o evento abordando o tema: “Aquecimento Global e o Impacto na Agricultura Brasileira”. A apresentação será realizada pelo Dr. Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp).

Ainda, e de acordo com os estatutos sociais do ILSI Brasil que determinam a realização de Assembléia Geral Ordinária anual, realizaremos a Assembléia Geral de 2009, no dia 02 de abril de 2009, das 17 às 18 horas.

Além das presenças de praxe de todos aqueles relacionados às atividades do ILSI Brasil, neste ano também abriremos espaço para um número limitado de vagas para outros participantes. Para informações sobre como inscrever-se para a Reunião Anual, entre em contato com: [email protected]

Agende-seBrasil está deixando de ser um país de desnutridos para ser um país de obesos. E se considerarmos a doença na América Latina, já há evidências claras

e suficientes do problema para se traçar planos e agir, de ime-diato, em ações que envolvam uma mobilização onde governo, academia e indústrias trabalhem juntos, mesmo que se comece por comunidades locais.

Estas são algumas das conclusões apresentadas durante o encontro “Estilos de Vida Saudáveis, Gente Saudável: Revisão de Programas de Intervenção e Ciência na América Latina”, realizado de 3 a 5 dezembro, em Itu, interior de São Paulo. Promovido pelo ILSI Brasil e ILSI Research Foundation, com apoio da OPAS (Organização Pan Americana de Saúde) e do CDC de Atlanta (EUA), o evento contou com a presença de palestrantes dos Estados Unidos, México, Chile e Argentina, além do Brasil.

Os resultados dos projetos e das discussões dos profis-sionais permitiram delinear o ritmo crescente da obesidade no continente. Se for considerado o grau de avaliação da OMS (Organização Mundial de Saúde) o Brasil já atingiu o percentual ideal, que é de ter menos de 5% de desnutridos. Por outro lado, a população está cada vez mais “pesada” e 40% dos brasileiros adultos acumulam sobrepeso. Em outros países, este índice já atinge mais da metade da população, confirmando-se a tendên-cia de crescimento da doença em todas as faixas etárias e classes sociais, principalmente entre crianças e adolescentes.

Muitos trabalhos apresentados no encontro foram desen-volvidos no ambiente escolar, reconhecido pela própria OMS como propício para ações preventivas de intervenção. O desafio, porém, é não apenas traçar estratégias, mas colocá-las em prática, alocando recursos e profissionais capacitados. Um dos caminhos sugeridos pelos participantes passa pelo uso de novas ferramen-tas e métodos de investigação, como recursos da internet, que possam “falar”, principalmente com os jovens, cada vez com maior índice de sobrepeso e mais resistentes a mudanças em seus hábitos alimentares que as crianças.

A tecnologia deve sim ser utilizada não só a favor da pesquisa, mas para criar um maior intercâmbio entre os especialistas na troca de experiências de projetos com resultados positivos e fomentar parcerias, numa luta sem fronteiras contra a obesi-dade. Outras barreiras a serem ultrapassadas são as impostas

pelo próprio sistema das escolas, clínicas e comunidades, no apoio e viabilização das pesquisas, dificuldades constatadas em diferentes países.

Apesar dos esforços dos pesquisadores, na América Latina ainda há poucos números consolidados, mas os que existem apontam que a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante e que – descartados os fatores genéticos – a vida contemporânea, a industrialização e todas as suas facilidades têm contribuído para um dia-a-dia mais sedentário e uma alimentação mais desequilibrada, rica em gorduras e pobre em frutas, legumes e verduras, essenciais para uma vida sau-dável.

Nesta direção, Michael Pratt (EUA) – principal investi-gador do CDC’s World Health Organization Collaborating Center for Physical Activity and Health Promotion e conse-lheiro sênior para o Robert Wood Johnson Foundation – foi extremamente objetivo ao encerrar o encontro e afirmar que a obesidade é um problema definido, universal e reconhecível. Por isso, é fundamental aproveitar as evidências existentes para implementar projetos testados com sucesso em outros países. “Não é necessário reinventar a roda. É preciso disseminar bons achados e traduzi-los em algo prático”, defendeu.

Em sua terceira edição, foi a primeira vez que o evento teve abrangência latino-americana. Foram cerca de 100 partici-pantes entre nutricionistas, pediatras, nutrólogos, professores de educação física e pesquisadores.

O A

Debra Kibbe, John Ruff, Aldo Baccarin e Mauro Fisberg

Nesta Edição:EDITORIALSementes plantadas, frutos colhidos 2VALE LEMBRARTrês eventos importantes marcaramo final do ano para o ILSI Brasil 3ARTIGO CIENTÍFICOContaminantes formados durante o processamento: FURANO 4DESTAQUEObesidade exige ação imediatana América Latina 6

DestaqueArtigo

ILSI BrasilN O T Í C I A S 5outubro – dezembro 2008 ILSI Brasil

N O T Í C I A S 6

Ano 16 Nº 4 ou tubro a d e z embro de 2008

Evidências de citotoxicidade (necrose/apoptose) e aumento da proliferação hepatocelular foram observados após a administração de 15 mg/kg pc de furano a ratos e camundongos, durante 6 semanas (WILSON et al., 1992).

O furano é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) como possível carcinógeno humano (Grupo 2B) (IARC, 1995). De acordo com as informações disponíveis, não é possível afirmar se seu potencial carcinogênico é atribuído a um mecanismo direto (genotóxico) ou indireto. Enquanto alguns estudos mostram que o furano e/ou seu metabólito cis-2-buteno-1,4-dial podem reagir diretamente com o DNA e iniciar um processo de carcinogênese (BYRNS et al., 2002), outros trabalhos sustentam o envolvimento de seu potencial citotóxico no desenvolvimento de tumores (WILSON et al., 1992; DURLING et al., 2007).

III. RISCOS ASSOCIADOS À INGESTÃO DE FURANOCom base nos dados disponibilizados por alguns países sobre a ocor-

rência de furano em alimentos,o Painel de Contaminantes da EFSA estimou que a ingestão diária do contaminante por bebês de seis meses de idade, decorrente do consumo de alimentos infantis, variava de <0,2 a 26 &#956;g.

Como conseqüência, a Comissão Européia recomendou a execução de planos de monitoramento dos níveis de furano, em todos os países membros, durante três anos (2007, 2008 e 2009), para fornecer à EFSA dados de ocorrência que deverão contribuir significativamente aos cálculos de estimativa de exposição e avaliação do risco (EC, 2007). Adicionalmente, o Comitê do Codex sobre Contaminantes em Alimentos (CCCF), em sua última reunião (2ª Sessão, Haia, Holanda, de 31 de março a 4 de abril de 2008), incluiu o furano como alta prioridade na lista de contaminantes a serem avaliados toxicologicamente pelo JECFA (CCCF, 2008).

Informações sobre os níveis de furano em alimentos produzidos nos países em desenvolvimento são escassas, o que impossibilita que sejam estimados a exposição das respectivas populações ao contaminante e o risco a ele associado. É desejável, portanto, que sejam disponibilizados na literatura dados de ocorrência de furano em alimentos de diferentes origens, e que sejam estimuladas pesquisas sobre a variabilidade dos níveis de furano entre diferentes marcas e lotes, sua formação em alimentos preparados domesticamente e sua estabilidade nos produtos processados (HEPPNER & SCHLATTER, 2007).

Em conclusão, nota-se que após a divulgação dos resultados da FDA em 2004, diversos grupos internacionais de pesquisa passaram a se dedicar ao estudo da formação de furano em alimentos. Embora informações importantes já tenham sido disponibilizadas, evidencia-se a necessidade de realização de mais pesquisas, principalmente sobre mecanismos de carcinogenicidade, estimativa de ingestão e estratégias de mitigação, além da participação de países em desenvolvimento nesta área de estudo. Até o presente não é possível avaliar se a exposição ao furano através dos alimentos representa um risco aceitável à saúde humana.

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passos para 2009 e compartilhar estudos, projetos e trabalhos propostos e desenvolvidos sobre os temas de interesse.

Repetindo o modelo do ano passado, cada comitê do ILSI Brasil – Nutrição, Avaliação de Risco e Biotecnologia – organizará um simpósio. Não percam a palestra de abertura a ser apresentada durante o evento abordando o tema: “Aquecimento Global e o Impacto na Agricultura Brasileira”. A apresentação será realizada pelo Dr. Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp).

Ainda, e de acordo com os estatutos sociais do ILSI Brasil que determinam a realização de Assembléia Geral Ordinária anual, realizaremos a Assembléia Geral de 2009, no dia 02 de abril de 2009, das 17 às 18 horas.

Além das presenças de praxe de todos aqueles relacionados às atividades do ILSI Brasil, neste ano também abriremos espaço para um número limitado de vagas para outros participantes. Para informações sobre como inscrever-se para a Reunião Anual, entre em contato com: [email protected]

Agende-seBrasil está deixando de ser um país de desnutridos para ser um país de obesos. E se considerarmos a doença na América Latina, já há evidências claras

e suficientes do problema para se traçar planos e agir, de ime-diato, em ações que envolvam uma mobilização onde governo, academia e indústrias trabalhem juntos, mesmo que se comece por comunidades locais.

Estas são algumas das conclusões apresentadas durante o encontro “Estilos de Vida Saudáveis, Gente Saudável: Revisão de Programas de Intervenção e Ciência na América Latina”, realizado de 3 a 5 dezembro, em Itu, interior de São Paulo. Promovido pelo ILSI Brasil e ILSI Research Foundation, com apoio da OPAS (Organização Pan Americana de Saúde) e do CDC de Atlanta (EUA), o evento contou com a presença de palestrantes dos Estados Unidos, México, Chile e Argentina, além do Brasil.

Os resultados dos projetos e das discussões dos profis-sionais permitiram delinear o ritmo crescente da obesidade no continente. Se for considerado o grau de avaliação da OMS (Organização Mundial de Saúde) o Brasil já atingiu o percentual ideal, que é de ter menos de 5% de desnutridos. Por outro lado, a população está cada vez mais “pesada” e 40% dos brasileiros adultos acumulam sobrepeso. Em outros países, este índice já atinge mais da metade da população, confirmando-se a tendên-cia de crescimento da doença em todas as faixas etárias e classes sociais, principalmente entre crianças e adolescentes.

Muitos trabalhos apresentados no encontro foram desen-volvidos no ambiente escolar, reconhecido pela própria OMS como propício para ações preventivas de intervenção. O desafio, porém, é não apenas traçar estratégias, mas colocá-las em prática, alocando recursos e profissionais capacitados. Um dos caminhos sugeridos pelos participantes passa pelo uso de novas ferramen-tas e métodos de investigação, como recursos da internet, que possam “falar”, principalmente com os jovens, cada vez com maior índice de sobrepeso e mais resistentes a mudanças em seus hábitos alimentares que as crianças.

A tecnologia deve sim ser utilizada não só a favor da pesquisa, mas para criar um maior intercâmbio entre os especialistas na troca de experiências de projetos com resultados positivos e fomentar parcerias, numa luta sem fronteiras contra a obesi-dade. Outras barreiras a serem ultrapassadas são as impostas

pelo próprio sistema das escolas, clínicas e comunidades, no apoio e viabilização das pesquisas, dificuldades constatadas em diferentes países.

Apesar dos esforços dos pesquisadores, na América Latina ainda há poucos números consolidados, mas os que existem apontam que a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante e que – descartados os fatores genéticos – a vida contemporânea, a industrialização e todas as suas facilidades têm contribuído para um dia-a-dia mais sedentário e uma alimentação mais desequilibrada, rica em gorduras e pobre em frutas, legumes e verduras, essenciais para uma vida sau-dável.

Nesta direção, Michael Pratt (EUA) – principal investi-gador do CDC’s World Health Organization Collaborating Center for Physical Activity and Health Promotion e conse-lheiro sênior para o Robert Wood Johnson Foundation – foi extremamente objetivo ao encerrar o encontro e afirmar que a obesidade é um problema definido, universal e reconhecível. Por isso, é fundamental aproveitar as evidências existentes para implementar projetos testados com sucesso em outros países. “Não é necessário reinventar a roda. É preciso disseminar bons achados e traduzi-los em algo prático”, defendeu.

Em sua terceira edição, foi a primeira vez que o evento teve abrangência latino-americana. Foram cerca de 100 partici-pantes entre nutricionistas, pediatras, nutrólogos, professores de educação física e pesquisadores.

O A

Debra Kibbe, John Ruff, Aldo Baccarin e Mauro Fisberg