num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. num espaÇo geogrÁfico cada vez...

23
Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor qualidade de vida para todos? Lucilene de Souza Lima Corrêa PDE – 2007 SEED/UFPR Resumo A idéia de um sujeito crítico, conhecedor da realidade que o cerca, entendedor das dinâmicas de como se produz as relações no espaço geográfico, conduz-nos à formação de um aluno pesquisador/investigador. Analisar o crescimento econômico enquanto idéia de quantidade e a sua relação com o desenvolvimento ligado à idéia de qualidade, bem-estar é a questão central do presente trabalho. É o desenvolvimento das populações, através da evolução do Índice de Desenvolvimento Humano-IDH numa perspectiva de vinculação com o avanço industrial como principal agente do crescimento econômico. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar as relações entre o investimento produtivo e a melhoria das condições de vida das populações, observadas pelo IDH. O enfoque adotado é o de que desenvolvimento dos povos esteve sempre vinculado ao crescimento econômico. Assim, conforme a economia apresentava avanços, também a população sentia e vivenciava uma melhora em suas condições de vida. Palavras-chaves: Desenvolvimento. Industrialização. Crescimento econômico. Bem-estar social. Qualidade de vida. Abstract The idea of a critical citizen, expert of the reality that the fence, intended of the dynamic of as if produces the relations in the geographic space, leads to the formation of investigating a searching pupil/. To analyze the economic growth while amount idea and its relation with on development to the quality idea, well-being is the central question of the present work. It is the development of the populations, through

Upload: others

Post on 31-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor qualidade de

vida para todos?

Lucilene de Souza Lima Corrêa

PDE – 2007

SEED/UFPR

Resumo

A idéia de um sujeito crítico, conhecedor da realidade que o cerca, entendedor das

dinâmicas de como se produz as relações no espaço geográfico, conduz-nos à

formação de um aluno pesquisador/investigador. Analisar o crescimento econômico

enquanto idéia de quantidade e a sua relação com o desenvolvimento ligado à idéia

de qualidade, bem-estar é a questão central do presente trabalho. É

o desenvolvimento das populações, através da evolução do Índice de

Desenvolvimento Humano-IDH numa perspectiva de vinculação com o avanço

industrial como principal agente do crescimento econômico. Assim, o objetivo deste

trabalho é analisar as relações entre o investimento produtivo e a melhoria das

condições de vida das populações, observadas pelo IDH. O enfoque adotado é o de

que desenvolvimento dos povos esteve sempre vinculado ao crescimento

econômico. Assim, conforme a economia apresentava avanços, também a

população sentia e vivenciava uma melhora em suas condições de vida.

Palavras-chaves : Desenvolvimento. Industrialização. Crescimento econômico.

Bem-estar social. Qualidade de vida.

Abstract

The idea of a critical citizen, expert of the reality that the fence, intended of the

dynamic of as if produces the relations in the geographic space, leads to the

formation of investigating a searching pupil/. To analyze the economic growth while

amount idea and its relation with on development to the quality idea, well-being is the

central question of the present work. It is the development of the populations, through

Page 2: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

2

the evolution of the Index of Development Human being in a perspective of entailing

with the industrial advance as main agent of the economic growth. Thus, the

objective of this work is to analyze the relations between the productive investment

and the improvement of the conditions of life of the populations, observed for the

IDH. The adopted approach is of that development of the peoples always was tied

with the economic growth. Thus, as the economy presented advances, also the

population felt and lived deeply an improvement in its conditions of life.

Word keys : Development. Industrialization. Economic growth. Social welfare.

Quality of life.

1. INTRODUÇÃO

Na sociedade moderna à qual pertencemos, o universo virtual proporciona

acesso às informações de forma rápida e estas chegam em profusão e na maioria

das vezes sem oferecer maiores análises. Fica a informação pela informação não

revelando os interesses ou idéias que estão por trás das mesmas e por vezes

oferecem um panorama parcial de um todo mais complexo.

Formar um cidadão crítico e reflexivo, que participe da sociedade de forma

consciente é a função da escola. Porém, de que forma acontece a sua formação do

aluno dentro do ambiente escolar? A quem cabe a função de preparar este aluno

para o exercício da cidadania, na escola? Como os materiais didáticos fornecidos

pelos governos federal e estadual para a preparação dos alunos são utilizados?

Como a Geografia, na escola, através de seus professores tem sido uma disciplina

de análise, crítica e reflexão sobre a realidade vivida?

Refletindo sobre isto, foi que se resolveu desenvolver um plano de trabalho

dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE oferecido pela SEED –

Secretaria de Estado da Educação do Paraná tendo como tema: bem-estar social X

crescimento econômico: reflexões e análises. O objetivo é o de analisar a

dinamicidade da sociedade no espaço geográfico numa constante relação dialógica

em diferentes escalas espaciais e temporais. As relações entre o lugar – com a idéia

de espaço vivido - e o mundo numa perspectiva de entrelaçamento e interação com

Page 3: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

3

as dinâmicas locais. Analisar a economia atual, a evolução dos Índices de

Desenvolvimento Humano - IDH, assim como refletir sobre as formas de preencher

lacunas causadas por uma leitura fragmentada da realidade feita através da

transmissão de visões idealizadas de mundo propostas em livros didáticos.

Percebe-se uma Geografia escolar que muitas vezes se enquadra dentro de

uma postura de ciência desinteressada, mera repassadora de conteúdos, carente de

informações atualizadas – principalmente porque através do livro didático os dados

são anteriores ao período de estudo (o mesmo livro deve atender alunos em anos

consecutivos), aliado a uma visão limitada que o professor possui das concepções e

ideologias que estão inseridas nos materiais utilizados em sala de aula. Acaba vindo

revestida de um manto particular ou a serviço de certos interesses nem sempre

percebido pelo professor.

Desta forma, faz-se necessário oferecer aos educandos e professores a

possibilidade de exercitar a sua capacidade de pesquisadores, refletindo

criticamente sobre as informações, dados e índices de forma a pensar sobre o

espaço e suas transformações como um espaço dinâmico, de conflitos e

contradições capacitando os envolvidos a atuarem como cidadãos conscientes da

sociedade em que vivem.

Para efetivar este propósito no desenvolvimento do plano de trabalho foi

idealizado e realizado como parte da proposta de intervenção no Colégio Estadual

“Desembargador Clotário Portugal – Ensino Fundamental e Médio, município de

Campo Largo, a aplicação de um material didático - o FOLHAS, fundamentado nas

Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná – DCE nas turmas de 2ªs séries A, B e

C do período matutino. O FOLHAS desenvolvido com as respectivas turmas

trabalhou com o tema: Num espaço geográfico mundial cada vez mais rico, há

melhor qualidade de vida para todos?

Ainda como parte da proposta de intervenção foram realizadas reuniões de

área da disciplina, no respectivo colégio, acerca dos conteúdos veiculados pelos

livros e materiais didáticos utilizados em sala de aula por nós professores de

Geografia. As discussões levaram em consideração as abordagens utilizadas, os

dados fornecidos por estes materiais, bem como as nossas próprias concepções

geográficas pessoais e de formação acadêmica.

Page 4: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

4

Como uma das funções do programa PDE é a formação em rede e

continuada dos professores foi adotado o Grupo de Trabalho em Rede - GTR, onde

professores da escola pública de todo o Estado tiveram a oportunidade de trocar e

partilhar conhecimentos sobre a disciplina, sobre os conteúdos trabalhados em sala,

sobre as abordagens utilizadas em sala de aula e nos livros e materiais didáticos e

refletir sobre suas próprias práticas pedagógicas.

2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR

QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS?

2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

2.1.1 Facilidade de acesso à informação melhora o c onhecimento do espaço

geográfico ou o que acontece é a informação pela in formação?

A Geografia nunca foi tão importante para a sociedade como no momento

atual onde a quantidade e qualidade das informações veiculadas pelo globo ganham

proporções nunca antes imaginadas. Quanto à quantidade das informações não há

questionamento, porém a qualidade, a parcialidade e os interesses existentes por

trás de cada novo assunto leva-nos a enfatizar a importância desta disciplina como

saber acadêmico, como geografia escolar.

Existir, viver no mundo atual conclamado o tempo todo pela mídia e pelo

mundo virtual como “globalizado” - o caso aqui não é a definição do conceito em si,

mas sim como uma palavra de moda traz a idéia de que a sociedade como um todo

tem acesso as informações e, portanto vivenciam suas cidadanias de forma crítica e

participativa – não corresponde exatamente a realidade. Cabe este papel de ligação

entre as informações recebidas pelo aluno através da mídia e o saber acadêmico,

científico à escola e, ainda mais especificamente a disciplina de Geografia.

2.1.2 Saber geográfico – saber para a formação da c idadania

Oferecer ao educando a oportunidade de ampliar o seu repertório, seu

conhecimento tácito sobre determinado assunto, ultrapassando o limite da

Page 5: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

5

informação para o de formação cidadã, de modo que este cidadão possa ser um

agente de transformação do espaço em que vive é a principal função da disciplina

de Geografia. Porém, ofertar uma educação com qualidade, coerência,

discernimento acerca dos papéis dos diferentes atores e mais, proporcionar uma

análise geográfica que esteja o mais isenta possível das influências “ideológicas” é a

tarefa mais difícil e desafiadora da Geografia dentro do âmbito escolar.

Essa ciência geográfica deve oportunizar a articulação entre a realidade

vivida pela sociedade e o conhecimento construído e sistematizado de forma que

este aluno possa “ler” o mundo e seus territórios de sorte que “conhecer o espaço é

conhecer a rede de relações a qual se está sujeito, da qual se é sujeito” (DAMIANI,

2007) e assim, poder assumir uma posição mais consciente e coerente perante as

infinitas contradições e conflitos pertinentes ao espaço geográfico.

Os conflitos e contradições do espaço geográfico manifestam os conflitos de

interesses, as manipulações e induções de determinadas informações veiculadas

pelas redes de comunicação e informação e estão materializadas nas contradições

das relações sociais e econômicas.

É possível dizer que, se espaço é poder, os caminhos para que a sociedade

viva e conviva de forma harmônica e justa passa pelo conhecimento que se tem

sobre a realidade posta de forma a buscar soluções e posicionamentos.

Se as mediações entre o conhecimento e a prática, a informação e o saber

precisam ser concretizados é por meio do ensino e da pesquisa que se deve abrir

caminho para a formação de uma cidadania efetiva onde o “achar” não é suficiente,

é preciso ir mais além, é preciso buscar dados, analisar informações, comparar

mapas e estatísticas, refletir.

O incentivo à pesquisa, portanto, é o ponto de partida para uma leitura mais

crítica do espaço geográfico.

2.1.3 Pela cabeça de quem pensam os professores de geografia

Parafraseando Kaercher, fazer um saber científico, ser educador, formar

mentes reflexivas e pensantes implica em que se faça a relação entre a escola e a

vida, entre a Geografia e outras áreas, de forma a que se apresente um mundo mais

Page 6: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

6

real, ligado, orgânico. Porém, para que se analise e discuta uma realidade para

superar este mundo irreal construído pela sociedade é necessário que se façam

alguns questionamentos: como ensinar uma Geografia com seus conceitos e

embasamento teórico, se muitas vezes, nem nós professores a conhecemos bem?

Que concepções estavam presente na formação acadêmica dos professores? Que

novas concepções circulam pelo mundo acadêmico da qual o professor de sala de

aula do ensino básico está distante? Quantas das concepções chegam ao professor

pelo livro didático e ele simplesmente “engole”, sem maiores questionamentos?

Temos criticidade para formar um cidadão crítico?

Dessa forma será que o professor que se propõe a praticar uma Geografia

crítica é, ou teve uma formação nesta linha? Se não teve esta formação, o livro

didático supriu a lacuna na construção dessa idéia? Um professor que não teve

formação de pesquisador consegue desenvolver um trabalho para desenvolver um

aluno investigador, pesquisador, questionador?

A superação destes e de outros questionamentos passa por uma constante e

continuada formação do professor, por uma capacidade de estar sempre em busca

de novos conhecimentos, metodologias e fundamentação que dêem suporte ao

trabalho de sala de aula.

2.1.4 O livro didático como suporte teórico em Geog rafia

A distância espaço-temporal entre a formação acadêmica do professor de

Geografia e a realidade da sua vivência de trabalho manifesta-se nas diferentes

metodologias, concepções e fundamentações teóricas que são aplicadas em sala de

aula. Além disso, e não menos importante, é necessário acrescentar que existe um

abismo que separa a pesquisa e produção acadêmica das instituições de ensino

superior das escolas de ensino básico.

O livro didático é um recurso que pode, na maioria das vezes, fazer o papel

de sustentação teórica e atualização do professor por uma simples questão de que é

o único material a que o professor do chão da escola tem acesso grátis e de certa

forma mais atualizado do que os materiais que este possua por conta de sua

formação acadêmica.

Page 7: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

7

As novas tendências, ou concepções, ou ideologias chegam às salas de aula

através das publicações destes livros didáticos. A escolha do livro didático implica

em uma “disputa” entre editoras com campanhas, propagandas em cima do

professor de forma que um material seja considerado mais atraente e propício ao

desenvolvimento dos conteúdos planejados pela disciplina para as diversas

realidades que o material de uma outra editora. A falta de tempo do professor, a

dificuldade de análise coletiva dos livros enviados para avaliação favorece uma

escolha mais prática e fácil sem maiores aprofundamentos conceituais e teóricos.

Para que o livro didático não seja por si só o fornecedor do embasamento

teórico do professor não seria o caso de que a aproximação entre as universidades

e a escola básica acontecesse de forma mais efetiva?

2.1.5 A produção do espaço geográfico gerando cresc imento e/ou

desenvolvimento

O espaço produz e reproduz as relações entre sociedade e natureza que está

materializado nas paisagens. Conhecer esses processos de produção/reprodução

do espaço implica em uma análise e reflexão sobre a realidade que se vive, as

informações que se obtém sobre esta realidade e os dados que mostram as diversas

faces deste processo.

A Geografia, portanto, ao se apresentar como disciplina que se propõe a

oferecer subsídios para que se entendam as dinâmicas da produção do espaço teve

um longo caminho a percorrer em sua evolução como ciência.

O caminho percorrido por esta disciplina até chegar ao momento atual, que

sustenta uma Geografia crítica, relacional entendida aqui como aquela em que um

objeto só pode existir na medida em que ele contém e representa dentro de si

relações com outros objetos e não um espaço absoluto, cartesiano, exato, foi longo

e passou por inúmeras mudanças ao longo de seu processo de evolução enquanto

ciência.

Inicialmente cabe apresentar a conceituação do objeto de estudo da

geografia: o Espaço Geográfico - entendido como um espaço produzido e

apropriado pela sociedade, composto por objetos (naturais, culturais e técnicos) e

ações (relações sociais, culturais, políticas e econômica) inter-relacionados.

Page 8: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

8

(LEFEVRE; SANTOS, 1996). Espaço que como produto da sociedade reflete as

ações e contradições resultado de processos das relações sociais, políticas,

econômico e cultural da sociedade/natureza.

2.2 PLANO DE TRABALHO

2.2.1Desenvolvimento X crescimento

Primeiramente cabe especificar o significado de algumas palavras chaves.

Seria crescimento e desenvolvimento: simples sinônimos?

O desenvolvimento das sociedades esteve diretamente vinculado ao

crescimento econômico. Assim, conforme a economia apresentava avanços,

também a população sentia e vivenciava uma melhora em suas condições de vida.

Apesar de alguns períodos ter apresentado surtos de crescimento econômico sem

que o avanço desenvolvimentista conseguisse acompanhar.

Ao longo da história humana os meios de trabalho vão se alterando até que a

chamada Revolução Industrial provoca um impacto tão grande na produção do

espaço que as conseqüências se fazem sentir até os dias de hoje. As

transformações do espaço bem como a evolução dos meios de produção continuam

e a indústria apresenta um papel fundamental nesse processo como força motriz

para o crescimento econômico.

Apesar de a indústria estar perdendo parte do valor de produção na formação

do Produto Interno Bruto (PIB) dos países para o setor do comércio e serviços ela

ainda é destaque como um elemento de transformação do espaço em seu entorno e

das sociedades que a circundam como nos diz BECKOUCHE (1998, p. 15): ”A

indústria continua sendo a chave do desenvolvimento econômico. (...) Há uma

relação direta entre o grau de desenvolvimento econômico e a produção industrial:

os países ricos são industrializados, os países pobres são menos”.

ARAÚJO JÚNIOR (2007) faz uma relação entre o crescimento econômico e a

introdução de novas tecnologias onde quem alavanca este crescimento são as

indústrias de bens de capital – aquelas que fornecem os meios (máquinas,

equipamentos, inovações tecnológicas) para a produção de variados produtos em

todos os outros setores industriais. “Dessa forma, está ligada (a indústria de bens de

capital) diretamente com o crescimento e desenvolvimento econômico”.

Page 9: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

9

Utiliza-se o Produto Interno Bruto (PIB) per capita –- como índice de cálculo

do crescimento econômico e por conseqüência disto credita-se um maior

desenvolvimento humano: aumentando o PIB, aumenta o desenvolvimento (pois

aumenta a renda per capita de cada cidadão). Só que aumentar a renda dos pobres

não é condição suficiente para o desenvolvimento. Amartya Sen afirma que “o

desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as

escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição

de cidadão”.

Percebe-se, assim, que medir o desenvolvimento de uma população baseado

apenas no desempenho de sua economia não é adequado, já que a correlação entre

esses conceitos, embora direta não é linear e automática. Idéia esta, defendida por

Amartya Sen, um dos criadores do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, onde

crescimento econômico e desenvolvimento humano não são sinônimos.

Pode-se dizer que crescimento e desenvolvimento são meio e fim:

crescimento é um dos “meios” para se atingir o desenvolvimento – “fim”.

Segundo o instituto de Desenvolvimento Sustentável crescimento é um

fenômeno de natureza quantitativa que define a evolução da atividade econômica.

Ligada ao conceito de crescimento está a quantidade de bens e serviços produzidos

numa determinada sociedade e posta à disposição das pessoas. Inclui progresso

técnico, implica aumento de investimentos e consumo assim como o

desenvolvimento do comércio e não se preocupa com a redução das desigualdades

nem com a preservação do meio ambiente. Desenvolvimento envolve além dos

elementos econômicos, alterações qualitativas. Implica a combinação de

transformações sociais e mentais de uma população, tornando-a apta a fazer

crescer em termos evolutivos o seu produto real global. Assim, apesar de ser preciso

crescimento econômico para que um país se desenvolva, este desenvolvimento só

acontece se houver também a redução das desigualdades, melhoria da qualidade de

vida, satisfação das necessidades básicas da população, respeito aos direitos...

O Produto Interno Bruto (PIB) é o indicador utilizado para avaliar o

crescimento econômico dos países baseado no dinamismo das suas economias.

Este valor transformado em PIB per capita classifica os países de acordo com o seu

nível econômico e até pouco tempo utilizado também para classificar os países em

desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Page 10: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

10

2.2.2 Desenvolvimento humano, qualidade de vida, be m-estar

O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano e o Relatório de

Desenvolvimento Humano RDH, é publicado anualmente pelo PNUD – Programa

das Nações Unidas para o Desenvolvimento, desde 1990. O relatório foi idealizado

pelo economista paquistanês Mahbub Ul Haq e pelo economista indiano Amartya

Sen – ganhador do prêmio Nobel de Economia de1998. Em contraposição ao PIB

per capita que leva em consideração apenas a dimensão econômica do

desenvolvimento o IDH pretende ser uma medida sintética, do desenvolvimento

humano. Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pela paridade do

poder de compra (PPC – que elimina as diferenças de custo de vida entre os

países), o IDH leva em conta também a longevidade – que indica o número de

expectativa de vida ao nascer e a educação – avaliado pelo índice de analfabetismo

e pela taxa de matricula em todos os níveis de ensino. Essas três dimensões têm a

mesma importância no índice que varia de zero a um.

A substituição do PIB pelo IDH na classificação das localidades quanto ao

desenvolvimento vem sendo uma realidade nos últimos anos, pois oferece um

contraponto à análise do desenvolvimento visto anteriormente apenas pelo

desempenho econômico. O IDH “não abrange todos os aspectos do

desenvolvimento e não é uma representação da ‘felicidade’ das pessoas, nem indica

o ‘melhor lugar do mundo para se viver” coloca Sen no prefácio de abertura do RDH

de 1999. Pode-se colocar que a noção de qualidade de vida/bem-estar mudou e

evoluiu das noções de consumo de bens materiais para áreas como saúde,

educação, segurança, ambiente, liberdade, participação política.

Para os neoliberais, bem-estar é aquilo que se escolhe, aquilo que as

pessoas preferem, é, portanto subjetivo. Então como saber o que é bem-estar que é

o próprio fundamento da economia? Se as preferências são meramente subjetivas,

como utilizá-las como ponto teórico de referência? Utiliza-se o Teorema de Arrow,

segundo o qual é impossível comparar de maneira interpessoal e objetiva as

múltiplas preferências subjetivas – fica, portanto um conceito, indeterminado e

aberto a múltiplas interpretações.

Um ponto a se destacar é a posição de Amartya Sen sobre bem-estar que é

contrária à dos economistas neoliberais que se utilizam do Teorema de Arrow. Sen

afirma que é possível sim, determinar objetivamente certas preferências básicas,

que são parte constituinte de todo e qualquer ser humano – dessas preferências o

Page 11: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

11

livre exercício de escolha de seu modo de viver. Sem liberdade, não há bem-estar e

como o bem-estar é o próprio fundamento da economia, sem liberdade não há

economia.

2.2.3 Desigualdades e igualdades

As desigualdades provocadas pelo sistema econômico são evidentes, porém

faz-se necessário uma análise séria acerca do fato de que o crescimento econômico

de certa forma altera as condições de vida das populações de seu entorno trazendo

algum tipo de melhoria. Não se pode explicar os problemas de desigualdade e

qualidade de vida das sociedades apenas por uma única via: a de que a lógica do

capitalismo é a responsável exclusiva por estas questões sem levar em conta outros

dados que podem mostrar as realidades com outros olhos.

Os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-M, por exemplo,

mostram que as maiores melhorias em índice são nas localidades em que os

mesmos estavam entre os menores e que o aumento do IDH-M menor são

exatamente onde os índices já eram mais altos o que acarreta um aumento menos

significativo do que para aqueles cujos índices já eram baixos. Se os menores

índices aumentam e os maiores estacionam ou crescem menos significativamente,

até se chegar a um ideal, visualiza-se num horizonte a longo prazo uma equiparação

entre as populações quanto a qualidade de vida e não uma desigualdade ainda

maior.

Buscar diferentes pontos de vista para ler analiticamente o mundo, ser capaz

de refletir e proporcionar ambiente de aprendizagem pressupõe que se ofereça

variadas fontes de pesquisa. O livro didático que pode ser uma ferramenta

fundamental no ensino da Geografia como em qualquer disciplina precisa se

utilizado pelo professor de maneira coerente. É preciso que o professor esteja muito

atento e constantemente pesquisando para identificar as possíveis linhas adotadas

pelos livros didáticos e como é feita a abordagem de determinado conteúdo, qual a

proposta de análise socioterritorial que assume.

Uma visão fragmentada e idealizada da realidade proposta por uma única

fonte não formará um educando integralmente leitor e ator hegemônico do espaço

geográfico ao qual pertence.

Page 12: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

12

2.3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO NA ESCO LA

2.3.1 Material didático - FOLHAS

O projeto Folhas é uma forma de aprimoramento profissional do professor da

rede pública do Estado do Paraná, dentro do projeto de formação continuada e

oportuniza ao professor uma reflexão sobre sua concepção de ciência,

conhecimento e disciplina de forma a influenciar e melhorar sua prática docente. O

projeto consiste na pesquisa, elaboração e produção de um material didático para

uso em sala de aula com os alunos. Este material é fruto de pesquisa e

aprofundamento teórico do professor sobre determinado assunto a partir do

diagnóstico de fragilidade de conteúdos em livros didáticos, ou pela dificuldade de

acesso a materiais ou dados sobre algum tema.

Um dos aspectos mais importantes desta produção didático-pedagógica

consiste no fato de que ela proporciona a implementação das Diretrizes Curriculares

para a Educação Básica através de um posicionamento mais próximo da realidade

local, uma vez que é elaborado especificamente para uma realidade escolar a partir

dos conteúdos básicos previstos para cada ciclo escolar. Ainda assim, carrega a

possibilidade de ser um material coletivo a partir do momento que é disponibilizado

na rede, através da página da Secretaria Estadual de Educação – SEED, para

consulta e uso de outros profissionais da área.

O material didático-pedagógico aqui elaborado buscou preencher uma lacuna

entre os conteúdos oferecidos nos livros didáticos disponíveis, os dados estatísticos

de órgãos públicos e os saberes trazidos pelos alunos sobre a realidade que os

cercam. Dessa forma, a utilização de uma linguagem adequada ao nível do aluno de

ensino médio, numa perspectiva contemporânea do assunto levando-o a pesquisar,

analisar e refletir em diversas escalas e espacialidades.

No programa PDE aqui desenvolvido optou-se pela elaboração de um Folhas,

ligado ao objeto de estudo/problematização com enfoque na sala de aula, no aluno

diretamente, como parte do projeto de intervenção. A formatação deste FOLHAS,

dentro do programa, sofreu algumas alterações com relação a formatação original

previsto no manual do FOLHAS: a produção foi validada pelo orientador da IES e

não por colegas professores de disciplinas que estariam ligadas ao conteúdo

desenvolvido.

Page 13: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

13

A utilização e aplicação do material didático FOLHAS deu-se no Colégio

Estadual Desembargador Clotário Portugal – EFM de Campo Largo e aconteceu no

período de 21/04/2008 a 23/05/2008 envolvendo 120 alunos das turmas de segunda

série A, B e C do período matutino.

O tema escolhido para o trabalho: Num espaço geográfico mundial cada vez

mais rico, há melhor qualidade de vida para todos? buscou despertar no aluno a

vontade de encontrar respostas, avaliar se suas concepções pessoais sobre o

assunto correspondiam às informações, dados e mapas pesquisados, verificar se as

respostas encontradas por cada aluno satisfaziam à sua própria.

Seguindo a linha de abordagem da disciplina de Geografia nas Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná - DCE, assumiu-se, para o presente material

didático a orientação da adoção de uma concepção crítica de educação, em que

considere a reflexão dialógica, os conflitos e contradições sociais, políticas,

econômicas e culturais de cada espaço. Essa abordagem se deu numa cooperação

e diálogo permanente com outras concepções geográficas que se fizeram

importantes neste trabalho, uma vez que se incorporam elementos da própria

geografia quantitativa enquanto apresente mais coerência com as relações entre

mercado e estado, da geografia cultural que busca compreender as transformações

dos territórios, das identidades das sociedades numa busca de reflexão sobre a

definição de bem-estar social.

O ponto de partida para a execução do material didático partiu da idéia de que

uma das principais formas de análise para entender como se constitui o espaço

geográfico é como se dá a produção de toda materialidade necessária para a

existência humana e pelas relações sociais e de trabalho que organizam essa

produção, dessa forma, como relacionar o crescimento econômico com o bem-estar

social, tomando por base os Índices de desenvolvimento Humano – IDH e os dados

sobre investimento industrial? Os livros didáticos apresentam os índices de IDH

trazendo uma reflexão crítica acerca das séries históricas dos mesmos ou apenas

coloca o ranking dos melhores e piores do mundo em qualidade de vida? Quem ou

que são responsáveis para explicar os problemas de desigualdade de um país ou

região?

Como orientação para a elaboração do FOLHAS foi utilizado as Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná – DCE, documento base na elaboração e

construção dos Projetos Políticos Pedagógicos de cada escola pública do estado

Page 14: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

14

que orienta a organização dos conteúdos básicos de cada disciplina. As diretrizes

para Geografia estão organizadas a partir de quatro conteúdos estruturantes:

Dimensão econômica da produção do espaço geográfico, Dimensão política do

espaço geográfico, Dimensão socioambiental do espaço geográfico e Dimensão

cultural e demográfica do espaço geográfico.

Estes conteúdos estruturantes são abordados a partir das categorias de

análise: relações espaço-temporal, relações sociedade-natureza e relações de poder

e do quadro conceitual de referência: lugar, território, paisagem, natureza, região,

sociedade. Embora o presente trabalho tenha sua colocação na dimensão

econômica da produção do espaço geográfico ele está em permanente relação com

as outras dimensões numa “conversa constante”, nunca estando separados.

A orientação na escolha da dimensão econômica da produção do espaço

geográfico como aquela que servirá de base para o trabalho parte da própria

fundamentação das DCE, “Assim a apropriação da natureza e sua transformação

em produtos de consumo humano envolvem as sociedades em relações

geopolíticas, ambientais e culturais fortemente direcionas por interesses

socioeconômicos locais, regionais, nacionais e globais. A instalação de uma

indústria ou um parque industrial em determinado lugar, por exemplo, pressupõe

alterações ambientais, mudanças culturais e sociais, como também podem gerar

conflitos geopolíticos, movidos por interesses econômicos e pelas novas relações de

poder geradas por essa transformação” (DCE, 2006).

Numa abordagem em que se pesou a análise crítica de uma realidade fez-se

necessário recorrer à pesquisa e busca de informações e conteúdos em áreas

outras que não apenas a geográfica no estudo do objeto em questão: relações entre

crescimento econômico e bem-estar social.

Os objetivos propostos aos alunos na implementação do material didático

FOLHAS foram:

• Compreender a relação entre crescimento econômico e bem-estar social.

• Pesquisar os dados e relatórios sobre IDH e crescimento econômico.

• Mapear as espacializações dos fenômenos: bem-estar, IDH, IDH –m,

crescimento industrial.

Page 15: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

15

• Realizar constante pesquisa bibliográfica sobre o tema buscando

fundamentação para acompanhar o processo de implementação do plano de

trabalho proposto.

• Construir gráficos e tabelas, mapas.

• Refletir sobre o objeto estudado.

• Comparar e analisar índices e dados variados de economia, população,

indústria.

• Exercitar a capacidade de usar tecnologias como a Internet, revistas, boletins,

Atlas, de forma educativa.

Organização do material:

• Despertar o interesse do aluno para o tema utilizando como recurso uma

imagem, uma frase de efeito ou um questionamento pessoal, de forma a que

o mesmo se prontificasse a interagir com o assunto de forma dinâmica.

• Como primeira atividade foi solicitado um parecer pessoal sobre o que é

qualidade de vida, bem-estar e boas condições econômicas, que foi

registrado para utilizar posteriormente em comparações.

• Posteriormente foi realizada a leitura de textos, correspondente ao “corpo” do

material didático proposto que foi usada como fonte de informações e

formação de alguns conceitos: espaço geográfico, sociedade,

industrialização, qualidade de vida, economia. Concomitante foi proposto

como atividade uma pesquisa/entrevista com pessoas mais velhas (familiares

e/ou da comunidade) que teve como objetivo verificar as noções individuais

sobre qualidade de vida, sobre crescimento econômico, sobre a sociedade e

economia baseada na indústria.

• Organizaram-se a partir das leituras diferentes situações de ensino e de

aprendizagem através da coleta e análise de dados, mapas e informações

integrando o maior número possível de aspectos pertinentes ao objeto

geográfico em estudo: como se apresenta a aplicação de investimento em

capitais produtivos com dados do IPEA – Instituto de Pesquisas econômicas

Aplicadas, do IBGE, - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IPARDES

Page 16: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

16

– Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, bem como

dados dos Relatórios de Desenvolvimento Humano - RDH, e de outras fontes

que se mostraram importantes.

• Apresentou-se e discutiu-se dos dados resultantes das entrevistas, tabulação

das informações sobre o que é qualidade de vida, bem-estar, como a

economia pode modificar as condições sociais e econômicas da sociedade ao

redor.

• A avaliação se deu através de uma produção de texto: mais riqueza significa

mais qualidade de vida? As informações e as idéias amadurecidas durante as

discussões, pesquisas e análises foram verificadas nas colocações feitas

pelos alunos num texto de opinião.

Recursos:

Os recursos necessários para a implementação do projeto de intervenção

execução do plano de trabalho em sala de aula foram:

• Laboratório de informática da escola para realizar pesquisa de dados,

índices, relatórios de forma a obter informações atualizadas.

• Jornais, revistas, boletins, informativos de órgãos estatais de pesquisa.

2.3.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS CONTEÚDOS DOS LIVROS DIDÁTICOS

Como parte integrante da proposta de intervenção sugerida no Plano de

Trabalho no projeto PDE, foi previsto a discussão e análise dos conteúdos

trabalhados nos livros didáticos e suas formas de abordagem, pelos professores de

Geografia da escola de lotação e na qual o trabalho de intervenção pelo material

didático FOLHAS estava sendo desenvolvido.

As conversas/reuniões para discussão e reflexão sobre os conteúdos e

abordagens dos livros didáticos e as possibilidades de “aplicar”, “desenvolver” um

material didático próprio em sala de aula foi o foco principal desta parte do projeto de

intervenção. Estes encontros aconteceram no período de 03/03/2008 a 30/04/2008,

no Colégio Estadual “Desembargador Clotário Portugal” – Campo Largo e contaram

com a co-participação dos colegas de disciplina, além de em alguns momentos

contar com a presença, opinião e parecer da equipe pedagógica do respectivo

colégio.

Page 17: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

17

As discussões, análises e reflexões sobre os conteúdos em livros didáticos se

deram num momento oportuno: estava sendo realizada a escolha de livro didático de

Geografia para o ensino médio e naquele período do ano as horas-atividades da

disciplina eram feitas simultaneamente permitindo o encontro e a troca entre os

professores de forma mais efetiva.

As idéias sobre os conteúdos apresentados pelos livros didáticos se deram a

partir do enfoque: distância do professor em sala de aula das atualizações didáticas,

teóricas e conceituais da disciplina produzidas pelas instituições científicas de

formação, o uso do livro didático como único meio de atualização de conteúdos

disciplinares, a distância de tempo e de concepções teóricas na formação

acadêmica do profissional e a realidade de trabalho atual (distância entre o ensino

superior e a educação básica) dando origem a uma modalidade de “formação

continuada” feita através do livro didático, a “ciência e consciência” de que existem

interesses por trás dos conteúdos ofertados, porém a dificuldade de acesso a outros

materiais é uma realidade.

2.3.3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM REDE – Grupo de Tr abalho em Rede –

GTR

O Grupo de Trabalho em Rede – GTR é uma forma de capacitação

continuada dentro do projeto de formação continuada do estado do Paraná que

consiste na inscrição e participação dos professores da rede pública de todo o

Estado em cursos “virtuais” dentro de cada disciplina ou áreas afins.

O GTR é parte integrante do Plano Integrado de Formação Continuada do

PDE e foi desenvolvido no 2º e 3º períodos do Programa, com carga horária para o

professor PDE/Tutor de 64 horas. Para os demais professores da Rede, inscritos no

GTR como participantes, uma carga horária de 60 horas.

Conforme fundamentação da SEED, o GTR possibilita a inclusão virtual dos

professores da rede nos estudos, reflexões, discussões e sugestões de melhoria nos

trabalhos realizados pelo professor PDE. É forma de democratização do acesso aos

conhecimentos teórico-práticos específicos das áreas/disciplinas do Programa.

Os objetivos do GTR são principalmente, oferecer novas alternativas de

formação continuada aos professores da Rede Estadual; possibilitar um espaço de

estudo e pesquisa onde as diversidades possam ser partilhadas entre os

Page 18: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

18

professores; ligar a teoria à prática de forma a resgatar o processo de formação

acadêmica com a realidade do chão da escola visando a melhoria didático-

pedagógico, por meio de leituras, reflexões, troca de idéias e experiências; socializar

o Plano de Trabalho do professor PDE, com os demais professores da Rede.

Metodologia

• O professor PDE foi tutor de apenas um Grupo de Trabalho em Rede onde

socializou o Plano de Trabalho elaborado;

• As atividades do Grupo de Trabalho em Rede foram desenvolvidas à

distância, utilizando a via digital e informatizada do Portal Educacional do

Estado do Paraná ;

• A organização e encaminhamentos do Grupo de Trabalho em Rede - GTR foi

realizada pelo professor PDE, que para ter condições de gerenciar um grupo

de professores à distância participou de um curso de Instrumentação em

Moodle e SACIR.

Registro das atividades

As atividades propostas pelo professor tutor PDE foram realizadas e postadas

a partir da utilização na Plataforma MOODLE pelos professores da rede estadual,

participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR.

O acompanhamento e assessoramento aos participantes do GTR, foram feito

basicamente pelo professor tutor PDE e deve-se pontuar que houve muitos

problemas técnicos no decorrer do processo dos cursos em andamento.

No Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, o Grupo de Trabalho

em Rede foi pioneiro nesta modalidade de cursos a distância e ocorreu no período

de 23/07/2007 a 18/12/2007 e de 04/02/2008 a 04/07/2008.

A sistemática de funcionamento do GTR consistia na inscrição do professor

da rede via digital num determinado curso oferecido pelos professores PDE. Nesta

primeira participação do Grupo de Trabalho em Rede, os professores não tiveram a

oportunidade de escolher o tema que mais lhes interessasse e apenas confirmavam

suas inscrições.

A dinâmica do curso virtual consistia em seis módulos, cada qual com uma

tarefa específica a ser realizada e com prazos definidos para realização e

apresentação nos fóruns de discussão.

Como tudo que é novidade passa por um processo de aprendizado,

incertezas, dúvidas, não foi diferente com o GTR. Por um lado, nós, professores no

Page 19: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

19

programa PDE, nos primórdios da utilização de uma nova ferramenta: a internet,

tivemos que encarar as nossas próprias limitações para oferecer segurança ao

professor da rede que contava com o nosso apoio. Por outro lado, problemas de

ordem técnica, de capacitação e até mesmo de calendário quanto a realização dos

módulos de atividades causaram certo desconforto, quando não, até mesmo a

desistência de muitos professores que não conseguiram ter sucesso na utilização da

plataforma Moodle ou não conseguirem enviar as atividades realizadas.

O fato de o Grupo de Trabalho em Rede ter início em um ano letivo e terminar

no ano letivo seguinte, causou de certa forma, uma ruptura no processo de

realização das atividades uma vez que a realização de uma atividade interrompida

pelo período de férias deixa dois pontos em aberto: saber que ficou um trabalho

inacabado o ano letivo e ter que retomar as leituras e discussões para se inteirar

novamente do andamento do curso.

3. CONCLUSÃO

A clareza, o conhecimento, o discernimento acerca do mundo que nos rodeia

e que nos permite participar e interagir na sociedade de forma consciente e cidadã

passa por nossa formação escolar. As contradições expressas e impressas no

espaço geográfico a partir da relação sociedade/natureza só são possíveis de serem

compreendidas através de uma leitura crítica em como se dá a materialização deste

espaço.

Relacionar conceitos e idéias implica em que os agentes envolvidos no

processo de análise se posicionem numa perspectiva dialética, onde o que se pensa

sobre o assunto possa ser posto em contraposição com dados apresentados por

instituições de credibilidade e ofereça dúvida o suficiente para que se repense sobre

o assunto e se tome uma posição.

A opção por elaborar e trabalhar em sala de aula com o material didático-

pedagógico FOLHAS: num espaço geográfico mundial cada vez mais rico, há mais

qualidade de vida para todos?, de certa forma ofereceu a oportunidade de

experimentar, professor e aluno, a condição de pesquisador para além do

conhecimento pronto e posto, seja pela mídia, seja pelo viver de cada um.

É possível verificar, pela qualidade das produções de texto, da excepcional

participação na entrega e apresentação das entrevistas sobre qualidade de vida,

bem-estar e economia que houve um ganho de conhecimento e de postura crítica

Page 20: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

20

por parte dos alunos. Este fato pode ser comprovado pelo resultado da avaliação do

processo e finalização do FOLHAS onde dos 120 alunos apenas 5 conseguiram

rendimento insatisfatório.

Como avaliar o conhecimento adquirido, para além da nota, só é possível

através do posicionamento em discussões, na capacidade de argumentação, na

qualidade das informações fornecidas ao interlocutor, o resultado da aplicação do

material didático se mostrou extremamente eficiente e produtivo de forma imediata,

pois ao se avançar para outros conteúdos observou-se uma participação muito mais

crítica e coerente por parte dos alunos nas discussões.

Os diálogos com os colegas da disciplina de Geografia sobre os conteúdos

dos livros didáticos, bem como das linhas de abordagem seguidas por autores ou

editoras, foram extremamente produtivos nos encontros. Percebeu-se a clareza dos

professores com relação à utilização de forma coerente e crítica dos livros didáticos

– embora possa não ser o melhor modo de formação escolar, os mesmos oferecem

a possibilidade de ampliar os conhecimentos trazidos pelo aluno e cabe ao professor

provocar a reflexão e análise de cada conteúdo. A questão da formação acadêmica

de cada um ganha contornos mais complexos pela consciência de que ela é

extremamente diversa e que a troca e a “conversa” constante pode permitir um

trabalho mais coerente e consciente.

A ampliação desse diálogo e discussão sobre a fundamentação teórica do

professor, dos métodos e metodologias utilizadas, da formação pessoal e acadêmica

de cada um, as dificuldades e sucessos do trabalho no chão da escola, ganha novos

contornos ao partilhar do Plano de Trabalho do PDE, bem como o material didático

FOLHAS através do curso virtual, o Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Do qual

fomos tutor. Foi um passo importante na caminhada por uma formação continuada

em rede. Reunir um grupo de professores de vários cantos do Estado,

espacialidades diferentes, formações diversas, experiências profissionais variadas,

no mínimo proporciona um universo de conhecimento muito rico e percebe-se a

qualidade e o posicionamento crítico que deve permear a educação.

O contato com professores da rede pública de todo estado adquire uma

importância fundamental na medida em que as diversas realidades, regionalidades e

conhecimentos são partilhados, discutidos, analisadas, adaptadas e de certa forma

cria-se uma rede integrada de formação e capacitação continuada.

Page 21: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

21

O programa de formação continuada realizado através do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE, foi de grande valia uma vez que proporcionou

um ganho significativo à todos os envolvidos; à educação de todo o estado do

Paraná por conta de que a participação e o contato com professores de todo canto

do estado se fizeram presentes e aconteceu a partilha e aprimoramento das

vivências de cada um , o que se manifesta no dia-a-dia da sala de aula; do professor

PDE que teve a oportunidade de voltar aos bancos escolares, rever e conhecer

novos conceitos postos à disciplina, aprimorar seus conhecimentos, questionar-se

sobre seu papel como educador e formação de cidadãos críticos e participativos,

aos alunos que puderam, de alguma forma, participar além de uma nova postura do

professor que retorna de um período de estudos, também de fazer parte da

implementação da proposta de um material didático usando uma abordagem

diferente da que estavam acostumados; enfim, como a formação continuada se

propõe a ser em rede, os ganhos e avanços se multiplicam pelos espaços de uma

forma ou de outra.

A continuação do PDE é uma necessidade e uma possibilidade de melhoria

na educação oferecida pela escola pública, assim, deve se manter como tal,

buscando sempre o aprimoramento do Programa, corrigindo falhas e inovando, de

forma que a cada novo grupo de professores que adentram ao programa novos

horizontes e perspectivas sejam oferecidos.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO JÚNIOR, A. M. A importância e a dinâmica da indústria de bens de

capital para o desenvolvimento econômico brasileiro . In: Cadernos

Geográficos/UFSC. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de

Geociências. N.16. Florianópolis: Imprensa do Departamento de Geociências, 2007.

CAVALCANTI, L. S. Geografia e práticas de Ensino . Goiânia: Alternativa, 2002.

127p.

CLAVAL, P. A revolução pós-funcionalista e as concepções atuai s da

geografia . In: MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (orgs). Elementos de epistemologia da

Geografia contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. P.11-43.

DAMIANI. AMÉLIA LUISA. A geografia e a construção da cidadania . In: CARLOS.

ANA FANI A. A geografia na sala de aula. (org). 8.ed., 1ª reimpressão – São Paulo:

Contexto, 2007. P.50-61.

Page 22: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

22

DINIZ FILHO, L.L. Certa má herança marxista: elementos para repensar a

geografia crítica . In: MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (orgs). Elementos de

epistemologia da geografia contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. P. 77-

108.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práti ca educativa .

35ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (coleção leitura)

KAERCHER, N. A. Ler e escrever a geografia para dizer a sua palavra e

construir o seu espaço . In: NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N.O.;

GUEDES, P. C.; KLÜSENER, R. (orgs). Ler e Escrever: compromisso de todas as

áreas. 7ª ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. P.73-85.

MOREIRA, R. Velhos temas, novas formas . In: MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (orgs).

Elementos de epistemologia da Geografia contemporânea. Curitiba: Editora da

UFPR, 2002. P.47-62.

REICHWALD JUNIOR, G. Leitura e escrita na geografia ontem e hoje . In:

NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N.O.; GUEDES, P. C.; KLÜSENER, R.

(orgs). Ler e Escrever: compromisso de todas as áreas. 7ª ed. Porto Alegre: Editora

da UFRGS, 2006. P. 67-72.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à co nsciência

universal . 6ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SCHÄFFER, N.O. Ler a paisagem, o mapa, o livro... Escrever nas lin guagens da

geografia . In: NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N.O.; GUEDES, P. C.;

KLÜSENER, R. (orgs). Ler e Escrever: compromisso de todas as áreas. 7ª ed. Porto

Alegre: Editora da UFRGS, 2006. P. 86-103.

SPOSITO, E. S. pequenas argumentações para uma temática complexa . In:

MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (orgs). Elementos de epistemologia da Geografia

contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002. P. 63-76.

SUERTEGARAY, D. M. A. Notas sobre epistemologia de Geografia . In: Cadernos

Geográficos/UFSC. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de

Geociências. N.12. Florianópolis: Imprensa do departamento de Geociências, 2005.

VÓLKOV, G.N. Fundamentos da doutrina Marxista - Leninista. Moscou: edições

Progresso, 1984.

Page 23: Num espaço geográfico cada vez mais rico, há melhor ... · 2. NUM ESPAÇO GEOGRÁFICO CADA VEZ MAIS RICO, HÁ MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS? 2.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO

23

DOCUMENTOS CONSULTADOS ON-LINE

HOUAISS. Dicionário de Língua Portuguesa . Disponível em:

http//www.uol.com.br/educação. Acesso em 10/07/2007.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Textos, mapas, índices,

relatórios diversos: economia, população . Disponível em http//www.ibge.org.br.

Acesso nos meses de abril-julho/2007.

IDES – Instituto de Desenvolvimento Sustentável. Revisões de IDES. Disponível em

http//www.fundaçaoodebrecht.org.br. Acesso em 05/05/2007.

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Paraná:

Diagnóstico social e econômico/sumário executivo . Curitiba: IPARDES. 2003.

29p. Acesso em 24/04/2007.

IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. Boletins e Relatórios

diversos: economia, indústr ia. Disponível em http//www.ipea.gov.br. Acesso de

abril-julho/2007