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NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS 1 RELATÓRIO DE VISITA À UNIDADE PRISIONAL Data da fiscalização: 17 e 18 de Março de 2015 Unidade: Frederico Marques (Bangu X). I) INTRODUÇÃO Nos dia 17 e 18 de Março do corrente ano, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, através dos Núcleos de Direitos Humanos ( NUDEDH) e Sistema Penitenciário ( NUSPEN), esteve presente na unidade prisional masculina Frederico Marques, (Bangu X) localizada no complexo penitenciário de Bangu, na Estrada Gal. Emílio Maurell Filho, s/nº - CEP 21.854-010, telefone: 23335059, para realização de visita e fiscalização, em cumprimento ao disposto no artigo. 179, inciso III, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro; artigo 4º, inciso VIII, da Lei Complementar nº80/94; e artigo. 22, §4º, da Lei Complementar Estadual nº 06/77, e também para apurar denúncia de que mais de 200 detentos, transferidos da Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro (Campos dos Goytacazes), para a unidade no dia 15/3/2015, teriam sido torturados nesta unidade prisional. Compareceram no dia 17 de março de 2015 ao ato a Defensora Pública Roberta Fraenkel, titular do NUDEDH, a Defensora Pública Simone Estrellita, subcoordenadora Núcleo do Sistema Penitenciário (NUSPEN), o Defensor Público Daniel Lozoya Constant Lopes, Defensor Público em exercício no NUDEDH, o Assistente Social da Defensoria Pública Pedro Paulo Almeida e os estagiários do NUDEDH Gustavo Duarte de Souza,

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NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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RELATÓRIO DE VISITA À UNIDADE PRISIONAL

Data da fiscalização: 17 e 18 de Março de 2015

Unidade: Frederico Marques (Bangu X).

I) INTRODUÇÃO

Nos dia 17 e 18 de Março do corrente ano,

a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, através dos

Núcleos de Direitos Humanos ( NUDEDH) e Sistema Penitenciário

( NUSPEN), esteve presente na unidade prisional masculina

Frederico Marques, (Bangu X) localizada no complexo

penitenciário de Bangu, na Estrada Gal. Emílio Maurell Filho,

s/nº - CEP 21.854-010, telefone: 23335059, para realização de

visita e fiscalização, em cumprimento ao disposto no artigo.

179, inciso III, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro;

artigo 4º, inciso VIII, da Lei Complementar nº80/94; e artigo.

22, §4º, da Lei Complementar Estadual nº 06/77, e também para

apurar denúncia de que mais de 200 detentos, transferidos da

Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro (Campos dos

Goytacazes), para a unidade no dia 15/3/2015, teriam sido

torturados nesta unidade prisional.

Compareceram no dia 17 de março de 2015 ao

ato a Defensora Pública Roberta Fraenkel, titular do NUDEDH, a

Defensora Pública Simone Estrellita, subcoordenadora Núcleo do

Sistema Penitenciário (NUSPEN), o Defensor Público Daniel

Lozoya Constant Lopes, Defensor Público em exercício no

NUDEDH, o Assistente Social da Defensoria Pública Pedro Paulo

Almeida e os estagiários do NUDEDH Gustavo Duarte de Souza,

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Fernando Henrique Cardoso e Leonardo Duarte de Souza. No dia

seguinte, 18 de março, foi feita uma vistoria conjunta com o

Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e estiveram

presentes a Defensora Pública Roberta Fraenkel , o Promotor de

Justiça Tiago Joffily, da Promotoria de Justiça de Tutela

Coletiva do Sistema Prisional e Direitos Humanos e o Promotor

de Justiça Rodrigo Hermanson, titular da 40ª Vara Criminal da

Capital.

A equipe foi recepcionada nos dois dias pelo Diretor da

Unidade Constantino Cokotós, há três anos no cargo, que

prestou todas as informações solicitadas e franqueou

irrestrito acesso a todas as dependências da carceragem,

inclusive às galerias, onde a equipe pode conversar com os

detentos, inclusive com os que foram transferidos de Campos (e

estavam em duas galerias separadas).

II) CARACTERÍSTICAS DA UNIDADE

II. 1.) ASPECTO EXTERNO

A Cadeia Pública José Frederico Marques, localiza- se

dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó em Bangu. A

estrutura da unidade é de alvenaria, com muros altos.

A entrada se dá em um primeiro momento pela entrada

geral do complexo, que consiste em uma portaria com cancelas

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de entrada e saída e alguns agentes da SOE, fiscalizando o

ingresso.

Chegando à Unidade Prisional, fomos recepcionados e

devidamente identificados antes de adentrarmos nas demais

dependências da unidade, sendo os estagiários revistados. A

partir do local de identificação, caminha-se um curto trecho

até o prédio da unidade prisional e, novamente, caminha-se um

curto trecho até às galerias, passando por algumas salas que

abrigam equipamentos e local de trabalho do corpo

administrativo.

II. 2.) ASPECTO INTERNO.

O presídio Frederico Marques foi construído para

acautelar 532 detentos, no dia 18/3/15 estava coma 735

internos em razão da transferência de 222 detentos de Campos

dos Goytacazes em decorrência de suposta rebelião ocorrida na

madrugada do dia 14/3/15.

No dia 18/3/15, o Diretor informou que na noite

anterior chegaram mais 5 internos proveniente de Campos dos

Goytacazes, totalizando naquele momento 227 transferidos.

As celas e galerias estavam em estado deplorável com

grande acúmulo de sujeira.

Cada cela possui um balde do lado de fora onde é colocado

o lixo mas os cubículos estavam imundos. Não é fornecido aos

internos o material de limpeza necessário e constatamos a

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presença de teias de aranha, baratas, carrapatos, percevejos e

pernilongos, em um ambiente úmido e insalubre.

Foto 1

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Foto 2

A falta de água contribui para a sujeira e

proliferação de insetos e doenças

Apesar da situação encontrada e acima relatada, em

entrevista com o Diretor o mesmo foi categórico em afirmar que

a unidade não tem problema com fornecimento de água nem com

material de limpeza e de higiene.

O diretor apenas reconhece a deficiência no

fornecimento de camisas, colchões e chinelos.

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A Administração da unidade prisional fica localizada em

boas dependências, em local anexo às galerias. Segundo o

Diretor, não há falta de material de escritório.

O prédio destinado à custódia dos presos apresenta regular

aspecto físico. São 8 (oito) galerias, com 8 ( oito) celas.

Cada cela tem 6 (seis) vagas, em uma dimensão de

aproximadamente 2mx3mx4m. Porém cada cela possui atualmente de

10 a 12 internos.

Ou seja, um espaço originalmente projetado para 6 pessoas

passou a abrigar oficialmente o dobro!

Encontramos muitos internos sem camisa, sem chinelos e sem

colchão, chamando a atenção a situação do interno ADEILSON DOS

SANTOS MATIAS, que estava na galeria “E”, cela 4, que além de

ser paralítico e colostomizado, apresentava estado de saúde

deplorável estando “ em pele e osso” e sem nem ao menos um

colchão para deitar. A Defensoria Pública, solicitou

imediatamente o atendimento médico deste interno o que foi

atendido pelo diretor que também determinou de imediato que um

colchão fosse entregue a ele.

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Foto 3

As instalações hidráulicas da unidade estão em condições

normais.

No primeiro dia da visita ( dia 17/3/150) o diretor

informou que a água é aberta 5 vezes ao dia, por períodos de

duas horas cada, mas no dia seguinte mudou a informação e

afirmou que a água é aberta 5 vezes ao dia por 30 minutos.

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Entretanto, os detentos relataram que a água não é

fornecida todo dia e quando é, é aberta por 5 minutos ou menos

e apenas de 2 ou 3 vezes (sempre junto das refeições).

Em razão do fornecimento de água ser precário, os internos

utilizam copos de 250 ml para armazenar a água que será

utilizada para todas as suas necessidades ao longo de todo o

dia.

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Foto 4

III) TIPO DE ESTABELECIMENTO. CAPACIDADE. DIVISÃO INTERNA.

.

A Unidade Prisional José Frederico Marques é um

estabelecimento penal direcionado ao sexo masculino na

modalidade cadeia pública, conforme o artigo 1021 da Lei de

Execução Penal nº 7210/1984.

Hoje a unidade é a grande porta de entrada do sistema

penitenciário do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo informações do Diretor os internos passam apenas 2

ou 3 dias na unidade até serem transferidos o que é feito às

3ª e 6ª feiras, para outros presídios da SEAP.

Porem foi constatado que muitos presos estão na unidade há

muito mais tempo, tendo um interno afirmado que estava lá há

mais de 47 dias!!!

Foi constatado também presos temporários que estão no

estabelecimento prisional há mais de 30 dias.

Note-se que a unidade JFM não tem estrutura para acautelar

um detento por mais de 3 dias, pois o tempo que permanecem lá

os presos provisórios não possuem qualquer contato com a

família, não têm o direito o banho de sol diário, passam o

1 Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios.

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tempo todo dentro do cubículo sem qualquer informação de sua

prisão ou do seu processo, o que viola diversos direitos

Humanos e constitui tratamento desumano e degradante2

III.2.) CAPACIDADE.

A direção da unidade prisional informou que a capacidade

total do estabelecimento é de 532 internos, no entanto, no dia

da primeira vistoria 18/3/15, havia 735 internos na unidade.

Logo, a capacidade máxima se encontra demasiadamente

extrapolada, havendo superpopulação carcerária.

De acordo com a Direção, são várias facções presentes na

unidade, sendo as galerias divididas de forma a não misturar

presos de diferentes facções.

III.3.) DIVISÃO INTERNA. GALERIAS. CELAS.

A unidade possui 8 galerias, contendo cada uma cerca de

10/12 celas em suas laterais.. Cada cela com capacidade para

abrigar 6 detentos, mas estavam nos dias das vistorias com

10/12 presos em cada. Possui ainda 16 celas individuais e 8

celas para seguro.

Existe uma galeria para os “ faxinas” que trabalham no

presídio e são os únicos presos permanentes. O Diretor afirmou

2 2Art. 5° XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

2 Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da

liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e

moral. 2Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e

moral dos condenados e dos presos provisórios.

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que atualmente são apenas 10. Esses presos têm acesso ao banho

de sol uma vez por semana e trabalham diariamente no lado

externo do prédio.

As celas dos demais presos permanecem fechadas o tempo

todo, sem qualquer acesso dos detentos à galeria e ao banho de

sol, apesar de como já dito, ser comum presos ficarem muito

além do razoável neste estabelecimento prisional.

O teto da galeria é completamente coberto, tendo na

entrada de cada cela um balde onde é armazenado lixo, restos

de alimentos e fezes.

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Foto 5

O estado de higiene das galerias é deplorável, mas o

pior é visto no interior das celas.

Nos dois dias de visita as celas estavam molhadas e úmidas

pois estava chovendo e a água da chuva entrava diretamente nas

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celas em razão de não haver toldo ou qualquer proteção na

abertura que existe perto do teto.

Todos os internos reclamaram do frio e os que tinham

blusas estavam com elas molhadas ou úmidas.

Nos copos utilizados pelos internos para armazenar água

verificou-se a presença de larvas e sujeira, conforme foto

n°1.

Não foi encontrado qualquer tipo de material de

limpeza para a higienização das celas ou dos detentos. Muitos

reclamam que estão há dias sem tomar banho. As pias encontram-

se entupidas e imundas e algumas celas não tinha sequer um

chuveiro.

Foto 6

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Foto 7

Foi verificado que em quase todas as celas falta

colchão, tendo os internos que dormir diretamente no chão ou

diretamente na comarca, não vimos nenhuma roupa de cama.

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Foto 8

Foto 9

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Foto 10 e Foto 11

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IV) SERVIÇOS TÉCNICOS.

IV. 1.) PSIQUIATRIA.

Não há psiquiatras.

IV. 2.) PSICOLOGIA.

Há 2 psicólogos.

IV. 3.) ASSISTÊNCIA SOCIAL.

Há 1 assistente social lotado na unidade.

IV. 4.) MÉDICOS, ENFERMEIROS E DENTISTAS.

Há dois médicos, dois dentistas e seis enfermeiros.

Entretanto, foi constatado na vistoria presos com

diversos problemas de saúde e que nunca tinham recebido

atendimento médico. Os 20 casos mais graves foram encaminhados

ao Diretor da unidade, mediante ofício ao final das visitas e

o mesmo determinou que esses internos fossem imediatamente

encaminhados ao serviço médico.

IV. 5.) ASSISTÊNCIA JURÍDICA. DEFENSORIA PÚBLICA. ADVOGADOS.

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Há uma sala para os advogados e uma sala para

Defensoria Pública que não está sendo utilizada em razão da

inexistência de um Defensor Público fixo na unidade, desde que

ela virou “ porta de entrada” do sistema prisional.

V) EDUCAÇÃO. TRABALHO. LAZER.

Não há atividades culturais e de lazer na unidade. Os

únicos que possuem algum tipo de atividade são os chamados

presos “faxina”. Tais detentos são os únicos com direito a

banho de sol, apenas uma vez por semana. Todos os “faxinas”

são remunerados.

Segundo o diretor, não é possível respeitar o direito ao

banho de sol diário dos presos que permanecem lá por mais de 3

dias porque, o número de agentes da SEAP é insuficiente para

fornecer a segurança e ficam ocupados com o grande fluxo de

transferência de detentos.

VI) SERVIDORES E ORGÃOS ADMINISTRATIVOS.

Atualmente, a Unidade é composta por 28(vinte e oito)

agentes penitenciários, sendo 20(vinte) do setor

administrativo, (8) oito por turno.

Os funcionários têm alojamento próprio fora do

presídio e não há reclamação de qualquer tipo de falta de

material: para limpeza, higiene pessoal, escritório e etc. A

única reclamação feita pelo diretor foi de que, por vezes,

faltam lâmpadas na unidade.

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VII) VISITAÇÃO

Só os presos “ faxinas” têm direito a visita que ocorrem

aos domingo, no horário das 9h às 16h. Tais visitas se

realizam em pátio coberto. É permitido que o visitante leve

comida ao detento, mas a mesma tem que ser consumida no

próprio pátio. Há permissão para visitas íntimas em local.

VIII) ALIMENTAÇÃO

A Diretor informou que a alimentação da unidade

é fornecida cinco vezes ao dia e fica a cargo das empresas

Sublime Sabor e outra que ele não soube nos informar o nome -

a primeira responsável por almoço e jantar e a segunda por

café da manhã e lanche.

Neste ponto, uma questão nos chamou a atenção. Os detentos

relataram que o café da manhã (que geralmente é um café puro e

um pão seco) não foi fornecido no dia 17/3/15, e que isso é

comum. Fato este confirmado pelo Diretor, que apesar de ter

declarado que os detentos se alimentam cinco vezes ao dia,

depois de ser questionado pela informação dos detentos,

afirmou que a empresa – desconhecida até por ele – sempre

atrasa ou não entrega o café da manhã.

Ao levarmos tal reclamação ao diretor do presídio, o

mesmo, além de não lembrar o nome da empresa, ainda nos disse

que não sabia o porquê do café da manhã não estar sendo

fornecido corretamente e que tal fato era corriqueiro.

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IX) COLETA DE LIXO

O Diretor informou que a unidade possui coleta de lixo

satisfatória, e que não havia lixo acumulado nas galerias.

Contudo, podemos verificar a presença de baldes destampados,

enfrente a cada cela, com restos de comida, fezes e outros

dejetos. (Foto 5)

X) DISCIPLINA E SEGURANÇA.

Há câmeras de segurança, num total de 16, além de

detectores de metal, um banquinho, um portal e uma “raquete”.

A segurança da unidade é satisfatória, segundo a direção.

XI) ENTREVISTA COM OS PRESOS.

Na vistoria realizada pela Defensoria Pública,

houve conversa coletiva com presos das galerias A, E, F, G e

H.

Entrevista com as galerias “G” e “H”: nestas galerias estão os

227 presos transferidos no dia 15/3/15 após uma suposta

rebelião ocorrida na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro

(Campos dos Goytacazes):

No dia 17/3/15 a equipe da Defensoria Pública

conversou com TODOS os presos da galeria “G” e “H”. Os

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internos estavam muito assustados, nervosos e revoltados em

razão de tudo que estão sofrendo desde a entrada na Cadeia

Pública José Frederico Marques.

Ouvimos diversos relatos de espancamento,

tortura, humilhação e terror psicológico.

Os transferidos informaram que ao chegar

em Bangu X receberam uma espécie de “batismo” que consistia em

tapas, socos, chutes, pisões, gritos no ouvido, xingamentos e

cuspes na cara.

Mas as agressões não se esgotaram ao momento

da “recepção”, foram perpetuadas durante todo o dia seguinte

(16/3/15). E vários presos relataram que no dia 17/3/15 por

volta das 9:00hs da manhã um agente obrigou um interno a

engatinhar pelado por toda a galeria, 10 vezes ida e volta, e

era agredido durante todo trajeto, os relatos foram unânimes

em identificar o agressor como branco, grisalho, rosto oval e

que estava usando um tênis Nike branco com detalhes azuis.

Foto 12

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Foto 13

Foto 14

Todos os internos relataram que passaram o dia 16/3/15 todo

sem comer e que apenas receberam comida após a chegada da

Defensoria Pública no dia 17/3/15 pela manhã.

Muitos internos estão sem chinelo e passaram muito

frio à noite pois choveu bastante e molhou todas as celas.

Muitos reclamaram que não receberam material de higiene

pessoal e material de limpeza para limpar as celas e de fato

as celas estavam imundas e sem qualquer material de limpeza ou

higiene pessoal.

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Os internos relataram também que a agua só foi aberta

3 vezes por 5 minutos e que muitos estão sem tomar banho desde

que chegaram.

Todos os internos se mostraram muito apreensivos em

sofrerem novas agressões após a conversa com a Defensoria

Pública.

No dia 18/3/15, os internos transferidos de Campos

informaram que após a saída da equipe da Defensoria Pública

não houve mais espancamentos mais houve muito “ terror

psicológico”. Ouvimos diversos relatos de que os agentes

disseram que a Defensoria “não estava ao lado deles” e que

eles já estavam por dentro de tudo que havia sido conversado e

que eles podiam aguardar “ o troco”, entre outras coisas.

Fomos informados pelos internos, destas galerias,

neste dia que a alimentação não havia sido regularizada, que

no dia anterior o jantar foi servido por volta de meia noite e

em quantidade insatisfatória.

No dia 18/3/15 foi verificado a presença de 3

internos que não estavam nas celas no dia anterior e

apresentavam lesões que alegavam ter sido provocadas pelos

agentes de segurança para conter a suposta rebelião ocorrida

em Campos dos Goytacazes.

Ressalta-se que no dia anterior fomos informados por

vários internos que os que mais sofreram agressões foram

retirados das celas um pouco antes do início de nossa visita.

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Fato este comprovado no dia seguinte quando realizada a

vistoria conjunta com o Ministério Público.

Foto 15

Foto 16

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Foto 17

O Diretor ao ser indagado sobre a transferência desses

presos da Cadeia Pública Dalton Crespo, informou que acredita

que eles permanecerão ali por 30 dias em cumprimento de sanção

disciplinar.

Entrevista com as Galerias “ A”, “E” e “F”

Tempo de permanência na Cadeia Pública José Frederico Marques:

Encontramos nestas galerias pessoas presas há 47, 27, 10, 7,

e 6 dias, apesar do diretor afirmar que o tempo de permanência

é de 2 ou 3 .

Tortura e espancamento: Presos também das galeria ‘ A”, “ E” e

“F” relataram espancamentos frequentes por partes dos agentes,

principalmente no momento da chegada à unidade como uma

espécie de “ boas vindas” ao sistema prisional.

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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Palestra com assistente social e atendimento médico: Apesar do

diretor informar que todos os presos quando chegam participam

de uma palestra com assistente social e psicólogo e são

atendidos pelos médicos da unidade, apenas um preso

entrevistado tinha tido esse tratamento e como já relatado

encontramos 20 internos em situação grave de saúde que não

tinham ainda tido qualquer atendimento e que foram

encaminhados imediatamente através de ofício ao serviço

médico.

-Banho de Sol: O banho de sol ocorre uma vez por semana, sendo

restrito aos “faxinas”. Nenhum outro detento, a não ser os 10

que compõe o grupo classificado para o trabalho, tem direito a

banho de sol. O restante permanece o tempo todo confinado.

- Alimentação:. Os presos reclamaram que a comida é azeda e a

quantidade insuficiente. Alguns presos relataram que, por

conta da fome – seja por ficarem sem comida ou com pouca

comida – passaram a comer papel higiênico molhado. Narraram

que é comum faltar o café da manhã e o lanche.

- Água: os internos destas galerias informaram que a água é

aberta 3 vezes ao dia por apenas 10 minutos e que é

insuficiente.

- Lotação: A lotação está com aproximadamente 39% de

sobrecarga – 532 vagas, 735 internos -, logo, há superlotação.

E isso agrava vários outros problemas – a higiene precária, a

produção de sujeira, entre outros.

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-Material de Higiene e Limpeza: Não é distribuído em

quantidade suficiente.

- Cama: são insuficientes, visto que são 6 em cada cela que

abrigam de 10 a 12 internos.

- Colchões: Em todas as celas existe falta de colchões. Na

cela 12 da Galeria “ E” por exemplo tem 6 camas e apenas 1

colchão.

- Assistência Médica: Foi relatado que muitos internos estão

com pneumonia e outros com AIDS, entre outras doenças e que

nuca receberam atendimento médico.

- Funcionários: Reclamações acerca dos funcionários são

unânimes. Todos relatam tortura física ou psicológica por

parte destes.

XII) IRREGULARIDADES ENCONTRADAS NA ÁERA DO PARLATÓRIO

Apesar do Diretor informar que a área do Parlatório

(destinada a visita íntima apenas dos presos “ faxinas”),

estava praticamente desativada, não foi isso o constatado na

vistoria realizada em 18/3/15, em conjunto com o Ministério

Público.

Verificou-se a presença de um preso, Neílson Eduardo

Araújo de Paula, trancado em uma das celas ali existentes. A

cela não possuía qualquer tipo de iluminação e era ínfima a

abertura de luz e ar. Ao ser indagado sobre a situação deste

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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detento, o Diretor informou que o mesmo tinha sido colocado

ali no dia anterior, por ter tentado ingressar na unidade com

dinheiro em espécie. Após solicitação do Ministério Público, o

Diretor concordou com a retirada do referido interno deste

local flagrantemente inapropriado para acautelamento de seres

humanos.

Também na área do parlatório, encontramos uma cela com a porta

trancada com cadeado que escondia dezenas de colchões armazenados,

apesar deste ser o objeto mais escasso na unidade JFM. Ao ser

indagado sobre essa situação o Diretor informou que estava esperando

chegar mais colchões para todos serem distribuídos ao mesmo tempo,

para que nenhum preso fosse preterido. Porem, foi constatado nas

visitas que em quase todas as celas existia carência de colchão e

não ausência. .Na cela 12 da Galeria “ E” por exemplo tem 6

camas e apenas 1 colchão.

No final da vistoria os colchões que estavam armazenados

foram imediatamente distribuídos aos presos.

As outras celas do parlatório, apesar de estarem

vazias no momento da visita, os restos de comida ali

encontrados e a sujeira do vazo sanitário indicavam o uso do

local para fins diversos.

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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COLOCAR ESSAS FOTOS PEGAR DO MP

XIII) RECOMENDAÇÕES

Diante do conteúdo deste relatório e das constatações

verificadas pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos

(NUDEDH) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro na CADEIA

PÚBLICA JOSÉ FREDERICO MARQUES, alvitra-se a adoção das

seguintes recomendações:

1. Instauração de sindicância para Apurar as denúncias de

tortura e maus tratos contra os agentes que estavam de plantão

na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro (Campos dos

Goytacazes na madrugada do dia 15/3/15;

2. Instauração de sindicância para apurar a responsabilidade

do Diretor da Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro;

3. Afastamento imediato dos agentes que estavam de plantão na

Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro (Campos dos

Goytacazes na madrugada do dia 15/3/15;

4. Retorno imediato dos presos provenientes da Casa de

Custódia Dalton Crespo, em razão da proximidade da família e

também porque muitos relataram que não serão aceitos nos

presídios do Rio de janeiro, mesmo que da mesma facção;

5. Instauração de sindicância para apurar as denúncias de

tortura e maus tratos contra os agente que estavam de plantão

na unidade JFM nos dias 15, 16 e 18 de março.

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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6. Afastamento imediato dos agentes que estavam de plantão na

noite do dia 17/3/15 e na manhã do dia 18/3/15, da unidade JFM

7. Identificação imediata e afastamento do agente que estava

de plantão na manhã do dia 18/3/15 e que possui as seguintes

características:branco, grisalho, rosto fino e usava tênis da

marca Nike, branco com detalhes em azul.

8. Instauração de sindicância para apurar a responsabilidade

do Diretor da Unidade JFM, diante de da gravidade de tudo que

foi constatado nas vistorias realizadas nos dias 17 e 18 de

março de 2015;

9. Redução do número de presos privados de liberdade na

unidade até o limite máximo comportado, qual seja 532

internos, como orienta o Principio XVII dos Princípios e Boas

Práticas para a Proteção das Pessoas Privadas de Liberdade nas

Américas - Resolução nº 1/08 da Comissão Interamericana de

Direitos Humanos.

10. Fornecimento de colchões e camas a todos os presos,

conforme ao disposto no item 193 das Regras Mínimas para o

Tratamento dos Reclusos da ONU; Princípio XII.14, dos

Princípios e Boas Práticas para a Proteção das Pessoas

Privadas de Liberdade nas Américas – Resolução nº 1/08 da

Comissão Interamericana de Direitos Humanos; e art. 8º, § 2º5,

3 “Item 19, Regras ONU. Cada preso disporá, de acordo com os costumes locais ou nacionais, de uma

cama individual e de roupa de cama suficiente e própria, mantida em bom estado de conservação e trocada com uma freqüência capaz de garantir sua limpeza”. 4 “Princípio XII.1. Receberão a cama individual, roupa de cama adequada e às demais condições

climáticas para o descanso noturno”. 5 “art. 8º, CNPCP. Salvo razões especiais, os presos deverão ser alojados individualmente. § 2º. O

preso disporá de cama individual provida de roupas, mantidas e mudadas correta e regularmente, a

fim de assegurar condições básicas de limpeza e conforto”.

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da Resolução nº 14/94 do Conselho Nacional de Política

Criminal e Penitenciária;

11. Acesso a insumos de higiene pessoal, em observância ao

art. 11, inciso I c/c art. 12, e art. 41, inciso VII, da Lei

de Execução Penal; item 156 das Regras Mínimas para o

Tratamento dos Reclusos da ONU; Princípio XII.27, dos

Princípios e Boas Práticas para a Proteção das Pessoas

Privadas de Liberdade nas Américas – Resolução nº 1/08 da

Comissão Interamericana de Direitos Humanos;

12. Fornecimento de chinelos e camisas para todos os internos;

13. Fornecimento de água potável aos presos de forma CONTÍNUA

E ININTERRUPTA, inclusive nos horários das refeições, de

acordo com o item 20.28 das Regras Mínimas para o Tratamento

dos Reclusos da ONU; Princípio XI.19, dos Princípios e Boas

Práticas para a Proteção das Pessoas Privadas de Liberdade nas

Américas – Resolução nº 1/08 da Comissão Interamericana de

Direitos Humanos; e art. 1310 da Resolução nº 14, de 11.11.94,

do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;

6 “Item 15, Regras ONU. Será exigido que todos os presos mantenham-se limpos; para este fim, ser-

lhes-ão fornecidos água e os artigos de higiene necessários à sua saúde e limpeza”. 7 “Princípio XII.2. Terão acesso também a produtos básicos de higiene pessoal e a água para o asseio

pessoal, conforme as condições climáticas”. 8 “Item 20, Regras ONU. Todo preso deverá ter a possibilidade de dispor de água potável quando dela

necessitar”. 9 “Princípio XI. 1. Toda pessoa privada de liberdade terá acesso permanente a água potável suficiente

e adequada para consumo”. 10

“art. 13, CNPCP. A administração do estabelecimento fornecerá água potável e alimentação aos

presos”. 11

Art. 13, CNPCP. A administração do estabelecimento fornecerá água potável e alimentação aos

presos. Parágrafo Único – A alimentação será preparada de acordo com as normas de higiene e de

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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14. Injunção junto à empresa fornecedora da alimentação

visando a melhora na qualidade dos alimentos fornecidos aos

presos, com base no direito humano à alimentação adequada, em

especial o art. 13, parágrafo único11, da Resolução nº 14/94 do

Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;

15. Melhoria da prestação odontológico e serviço médico,

garantindo que sejam todos absolutamente gratuitos, em

conformidade com o art. 14 da Lei de Execução Penal; item

22.112 das Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos da

ONU; Princípio X13 dos Princípios e Boas Práticas para a

Proteção das Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas –

Resolução nº 1/08 da Comissão Interamericana de Direitos

Humanos; arts. 1514 e 17

15 da Resolução nº 14/94 do Conselho

Nacional de Política Criminal e Penitenciária;

dieta, controlada por nutricionista, devendo apresentar valor nutritivo suficiente para manutenção da

saúde e do vigor físico do preso.

11 Art. 13, CNPCP. A administração do estabelecimento fornecerá água potável e alimentação aos

presos. Parágrafo Único – A alimentação será preparada de acordo com as normas de higiene e de

dieta, controlada por nutricionista, devendo apresentar valor nutritivo suficiente para manutenção da

saúde e do vigor físico do preso.

12 “Item 22.1, Regras ONU. Cada estabelecimento penitenciário terá à sua disposição os serviços de

pelo menos um médico qualificado, que deverá ter certos conhecimentos de psiquiatria” 13

“Princípio X. As mulheres e meninas privadas de liberdade terão direito de acesso a atendimento médico especializado, que corresponda a sua características físicas e biológicas e que atenda

adequadamente a suas necessidades em matéria de saúde reprodutiva. Em especial, deverão dispor

de atendimento médico ginecológico e pediátrico.” 14

“Art. 15, CNPCP. A assistência à saúde do preso, de caráter preventivo curativo, compreenderá

atendimento médico, psicológico, farmacêutico e odontológico”. 15

“Art. 17, CNPCP. O estabelecimento prisional destina a mulheres disporá de dependência dotada de material obstétrico”.

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

34

16. Melhoria da prestação de serviços técnicos, principalmente

de assistência social e psicologia, destacando-se flagrante

desrespeito ao artigo 14, parágrafo 3º, da Lei de Execução

Penal; art. 1916 da Resolução nº 14/94 do Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária;

17. Implementação de atividades de lazer para os internos que

permanecerema na unidade por mais de 3 dias, , em

conformidade com o art. 17, 21, 41, incisos II, V e VI, da Lei

de Execução Penal; item 21.217 das Regras Mínimas para o

Tratamento dos Reclusos da ONU; Princípios XIII18 e XIV19 dos

16

Art. 19, CNPCP. Ao médico cumpre velar pela saúde física e mental do preso, devendo realizar

visitas diárias àqueles que necessitem.”

17 “Item 21.2, ONU. Os presos jovens e outros cuja idade e condição física o permitam, receberão

durante o período reservado ao exercício uma educação física e recreativa. Para este fim, serão colocados à disposição dos presos o espaço, as instalações e os equipamentos necessários. 18

“Princípio XIII. As pessoas privadas de liberdade terão direito à educação, que será acessível a todas elas, sem discriminação alguma, e levará em conta a diversidade cultural e suas necessidades especiais. O ensino fundamental ou básico será gratuito para as pessoas privadas de liberdade, especialmente as crianças e os adultos que não tenham recebido ou concluído o ciclo completo de instrução dos anos iniciais desse ensino. Os Estados membros da Organização dos Estados Americanos promoverão nos locais de privação de liberdade, de maneira progressiva e mediante a utilização máxima dos recursos de que disponham, o ensino médio, técnico, profissional e superior, igualmente acessível a todos, segundo a capacidade e aptidão de cada um. Os Estados membros deverão assegurar que os serviços de educação proporcionados nos locais de privação de liberdade funcionem em estreita coordenação e integração com o sistema de educação pública; e promoverão a cooperação da sociedade por meio da participação das associações civis, organizações não‐governamentais e instituições privadas de educação. Os locais de privação de liberdade disporão de bibliotecas, com número suficiente de livros, jornais e revistas educativas, equipamentos e tecnologia apropriada, de acordo com os recursos disponíveis. As pessoas privadas de liberdade terão direito a participar de atividades culturais, esportivas e sociais e a oportunidades de entretenimento sadio e construtivo. Os Estados membros incentivarão a participação da família, da comunidade e das organizações não-governamentais nessas atividades, a fim de promover a regeneração, a readaptação social e a reabilitação das pessoas privadas de liberdade”. 19

“Princípio XIV. Toda pessoa privada de liberdade terá direito a trabalhar, a oportunidades efetivas de trabalho e a receber remuneração adequada e eqüitativa, de acordo com sua capacidade física e mental, a fim de que se promova a regeneração, reabilitação e readaptação social dos condenados,

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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Princípios e Boas Práticas para a Proteção das Pessoas

Privadas de Liberdade nas Américas – Resolução nº 1/08 da

Comissão Interamericana de Direitos Humanos;

18. Implementação de banho se sol diário em local adequado a

prática de atividade física, aos internos que permanecerem na

unidade por mias de 3 dias, em respeito ao art. 21 das Regras

Mínimas para o Tratamento de Reclusos, adotada no 1º Congresso

das Nações Unidas sobre Prevenção do Delito e Tratamento do

Delinquente, celebrada em Genebra no ano de 1955 e aprovada

pelo e ao art. 14 da resolução nº 14/94 do Conselho Nacional

de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) do Mistério da

Justiça, que ao fixar as Regras Mínimas para o Tratamento do

Preso no Brasil20 Conselho Econômico e Social das Nações

Unidas, através das Resoluções 663C de 1957 e 2076 de 197721.

19. Realização de obras de infraestrutura de modo a permitir

maior circulação de ar, permitindo, com isso, a circulação de

ar natural e o fim do superaquecimento a fim de se serem

observadas as regras do art. 88, parágrafo único, letras “a” e

“b” c/c art. 104, da Lei de Execução Penal; aos itens nº 1022 e

1123 das Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos da ONU;

estimule e incentive a cultura do trabalho e combata o ócio nos locais de privação de liberdade. Em nenhum caso o trabalho terá caráter punitivo”. 21

“Art. 14. O preso que não se ocupar de tarefa ao ar livre deverá dispor de, pelo menos, uma hora ao dia para

realização de exercícios físicos adequados ao 22

“Item 10, Regras ONU. Todos os locais destinados aos presos, especialmente aqueles que se destinam ao alojamento dos presos durante a noite, deverão satisfazer as exigências de higiene, levando-se em conta o clima, especialmente no que concerne ao volume de ar, espaço mínimo, iluminação, aquecimento e ventilação”. 23

“Item 11, Regras ONU. Em todos os locais onde os presos devam viver ou trabalhar: A. as janelas

deverão ser suficientemente grandes para que os presos possam ler e trabalhar com luz natural, e deverão estar dispostas de modo a permitir a entrada de ar fresco, haja ou não ventilação artificial;

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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Princípio XII.124, dos Princípios e Boas Práticas para a

Proteção das Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas –

Resolução nº 1/08 da Comissão Interamericana de Direitos

Humanos; e art. 9º25 da Resolução nº 14/94 do Conselho Nacional

de Política Criminal e Penitenciária;]

20. A não utilização da área do parlatório para fins diversos

a que se destinam, ou seja, visita íntima dos presos “

faxinas”

21. Fiscalização por parte da Direção aos agentes

penitenciários, para que não haja mais casos de tortura e

tratamento desumano ao presos da unidade JFM. ( n sei se

coloco isso pq to pedindo sindicância x ele)

22. Colocação de toldo na abertura de todas as celas para evi-

tar que as celas seja molhadas em dias de chuva;

Mister consignar que o rol de recomendações

ora apresentado não exaure outras que porventura não tenham

sido mencionadas e/ou que se fizerem necessárias.

B. a luz artificial deverá ser suficiente para os presos poderem ler ou trabalhar sem prejudicar a visão”. 24

“Princípio XII.1. As pessoas privadas de liberdade deverão dispor de espaço suficiente, com

exposição diária à luz natural, ventilação e calefação apropriadas, segundo as condições climáticas do local de privação de liberdade”. 25

“art. 9º, CNPCP. Os locais destinados aos presos deverão satisfazer as exigências de higiene, de acordo com o clima, particularmente no que se refere à superfície mínima, volume de ar, calefação e

ventilação”.

NÚCLEO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

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Rio de Janeiro, 23 de março de 2015.

Roberta Fraenkel

Defensora Pública

Mat: 877.426-7