nÚcleo de acessiblidade e apoio...
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NÚCLEO DE ACESSIBLIDADE E APOIO PEDAGÓGICO
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS E ATITUDINAIS PARA ATENDIMENTO
ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
PETRÓPOLIS
2016
atualizado em 2017
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SUMÁRIO:
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................04
1.1. ORIENTAÇÕES ATITUDINAIS GERAIS......................................................05
1.2. ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS..................................................................06
2. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS RELACIONADAS ÀS DEFICIÊNCIAS........06
2.1. PESSOAS CEGAS OU COM DEFICIÊNCIA VISUAL.................................06
2.1.1. Orientações Atitudinais.................................................................07
2.1.2. Orientações Pedagógicas...............................................................08
2.2. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOTORA, E COM
MOBILIDADE REDUZIDA................................................................................09
2.2.1. Orientações Atitudinais................................................................09
2.2.2. Orientações Pedagógicas...............................................................10
2.3. PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA.........................11
2.3.1. Orientações Atitudinais................................................................11
2.3.2. Orientações Pedagógicas...............................................................12
2.4. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COGNITIVA OU INTELECTUAL...........12
2.4.1. Orientações Atitudinais................................................................13
2.4.2. Orientações Pedagógicas...............................................................13
2.5. ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ...........13
2.5.1. Orientações Atitudinais.................................................................14
2.5.2. Orientações Pedagógicas...............................................................15
2.6. ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO.................15
2.6.1. Orientações Atitudinais................................................................ 15
2.6.2. Orientações Pedagógicas...............................................................16
3. APOIO PEDAGÓGICO: ...........................................................................................17
3.1. DISLEXIA
3
3.1.1. Orientações Atitudinais
3.1.2. Orientações Pedagógicas
3.2. TRANSTORNOS DO DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE..22
3.2.1. Orientações Atitudinais
3.2.2. Orientações Pedagógicas
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................21
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1. INTRODUÇÃO:
A educação brasileira vive um intenso processo de transformação, devido à
concepção da educação inclusiva. Hoje, há base legal solidamente construída, que garante
o acesso e desnaturaliza a exclusão/segregacão.
No intuito de garantir o direito à educação de todos os estudantes que apresentam
deficiência, a Universidade Católica de Petrópolis disponibiliza o Núcleo de
Acessibilidade e Apoio Pedagógico como forma de garantir a aprendizagem efetiva do
sujeito e sua participação como cidadão crítico na sociedade.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual,
em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas. (BRASIL, Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com
deficiência, artigo 2º)
Com o objetivo de estabelecer uma comunicação eficiente com as pessoas com
deficiência, respeitando as especificidades e a diversidade de alunos que estão em nossa
Universidade, foi elaborada uma série de sugestões apresentadas a seguir, que poderão
servir como instrumentos facilitadores aos professores, ao estabelecerem contato com os
alunos.
O material apresentado aqui, convida também o corpo docente a oferecer sugestões
que contribuam para que o aluno possa potencializar o próprio desempenho tanto em aula
como também nas avaliações, tendo em vista que o trabalho de apoio ao estudante com
deficiência não é papel apenas de um grupo específico, mas de toda a comunidade
universitária.
Vale frisar que, os coordenadores de curso e os professores, receberão no início de
cada semestre informações sobre as necessidades específicas de cada aluno matriculado
em sua unidade, o que não impede que ocorra um contato entre o professor e o aluno, para
que sejam retiradas todas as dúvidas e que se estabeleça um plano individualizado,
colaborando desta forma para a plena participação e independência na vida universitária.
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1.1. ORIENTAÇÕES ATITUDINAIS GERAIS:
• Inicialmente é importante destacar que a forma como nos referimos ou nos
referenciamos às pessoas demonstra o que pensamos, e com pessoas com deficiência não
é diferente. Por muito tempo, as pessoas com deficiência eram consideradas com inválidas
(sem valor), incapacitadas (sem capacidade ou potencial) ou ainda como excepcionais. Para
Sassaki (2002) a utilização de termos inadequados gera informações e ideias incorretas que
reforçam e perpetuam estigmas e preconceitos que são perpetuados, inadvertidamente.
Assim, de acordo com a Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência,
aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 2004 e ratificada pelo Brasil em 2008, a
expressão “pessoa com deficiência” se tornou a terminologia a ser utilizada.
Expressões como “portador de deficiência”, “o deficiente”, “especial”,
“excepcional” entre outras, não devem ser utilizadas. E a melhor maneira em chamar as
pessoas que têm deficiência, é simplesmente pelo seu próprio nome.
• As se relacionar com uma pessoa com deficiência, não faça de conta que a
deficiência não exista, pois assim você irá desconhecer as características que a compõe.
Não valorize as dificuldades e nem desconsidere o potencial que a pessoa possui. A
diversidade é uma característica humana.
• Pessoas com deficiência não são melhores nem piores do que as outras pessoas.
Elas apresentam talvez mais dificuldade em desempenhar algumas atividades, porém em
outras poderão ter facilidade.
• Todas as pessoas – com ou sem deficiência – têm o direito, na maioria das vezes
desejam tomar as próprias decisões e devem se responsabilizar pelas escolhas. Atualmente,
o termo usado é empoderamento, ou melhor, tomar o poder de decidir sobre a própria vida.
• Ao querer ajudar, pergunte a forma mais adequada para fazê-lo e não se ofenda se
seu oferecimento for recusado, pois, às vezes, uma determinada atividade pode ser mais
bem desenvolvida sem auxílio. A maior parte das pessoas com deficiência não se incomoda
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em responder sobre algumas perguntas relacionadas às dificuldades que possuem, e
procure sempre falar diretamente com ela, e não por intermédio de outra pessoa, como pais,
familiares ou acompanhantes.
1.2. ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS GERAIS:
• Se você não se sentir seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa com
deficiência, procure o Núcleo de Acessibilidade e Apoio Pedagógico para intermediar as
solicitações realizadas.
• Procure não ficar receoso ao dizer alguma coisa errada e se ocorrer, aja
naturalmente, delicadamente. O comportamento esperado de um professor é o de ser
natural, sem protecionismo ou rejeição.
• Você deve procurar manter em sigilo, não só sobre o conteúdo enviado por e-mail
sobre as necessidades específicas de cada aluno, como também sobre o que foi discutido e
acordado nas conversas particulares realizadas com os alunos.
• Alunos com um mesmo diagnóstico poderão apresentar necessidades diferenciadas.
Um projeto pedagógico individual poderá minimizar e atender as dificuldades específicas.
• O professor deve sempre oferecer cópia do material de projeções visuais usados em
sala; produzir e disponibilizar material em base virtual (internet, pen drive); permitir que
suas aulas sejam gravadas.
• Todo o material a ser utilizado com o aluno deve ser adaptado previamente para e
então ser disponibilizado.
2. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS RELACIONADAS ÀS DEFICIÊNCIAS:
2.1. PESSOAS CEGAS OU COM DEFICIÊNCIA VISUAL:
Deficiência visual é definida como perda de visão, total ou parcial, congênita ou
adquirida. Na cegueira, há perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o
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que leva a pessoa a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita. Na baixa
visão ou visão subnormal, há 30% ou menos de visão no melhor olho, após os
procedimentos clínicos, cirúrgicos e correção em óculos comum. As pessoas apresentam
dificuldades no dia a dia de ver detalhes: veem pessoas, mas não reconhecem a feição; as
crianças enxergam o quadro, mas não identificam as palavras. As pessoas com baixa visão
podem ler textos impressos ampliados ou com recursos óticos especiais. (Fundação Dorina
Nowill)
2.1.1. Orientações Atitudinais:
1. Ao relacionar-se com pessoas cegas ou com deficiência visual, identifique-se.
Faça-a perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio. Caso seja necessária
sua ajuda como guia, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado ou em seu ombro,
conforme a preferência da pessoa a ser guiada. Além disso, é sempre bom avisar
antecipadamente a existência de degraus, escadas rolantes, pisos escorregadios, buracos e
obstáculos durante o trajeto. Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma
pessoa, coloque o seu braço ou ombro para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar
seguindo você.
2. Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, basta colocar a mão dela sobre o encosto
da cadeira, informar se a mesma tem braço e ela será capaz de sentar-se sozinha.
3. Frequentemente algumas pessoas falam mais alto ao conversarem com pessoas
cegas. A não ser que ela tenha um déficit auditivo e necessite, procure falar num tom usual.
4. Ao conversar com uma pessoa cega, fique atento aos gestos, e evite apontar os
lugares. Se for necessário realizar alguma orientação sobre direção, procure ser claro e
específico.
5. A bengala utilizada por algumas pessoas cegas, é uma extensão tátil e cinestésica,
e tem como objetivo dar segurança, proteção. É um meio informativo sobre a natureza e
condições do solo, como também sobre os obstáculos do ambiente.
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6. No convívio social, não exclua as pessoas com deficiência visual de qualquer
atividade pelo fato de não enxergarem. Deixe que elas decidam como podem ou querem
participar.
9. As palavras “veja” e “olhe” podem ser usadas com as pessoas cegas, naturalmente.
10. Sempre que se afastar, avise a pessoa cega, pois ela pode não perceber a sua saída.
2.1.2. Orientações Pedagógicas:
1. Cuidado ao planejar o uso de filmes. Eles deverão ser adaptados com dublagem.
2. Ao trabalhar com imagens elas deverão ser descritas.
3. O material disponibilizado aos alunos deverá ser adaptado, com ampliação de
letras. Inclusive as provas.
4. Disponibilizamos em nossa biblioteca computadores que possuem o programa Dos
Vox que realiza a leitura dos conteúdos para os alunos com deficiência visual ou com
dislexia. Possuímos também o equipamento Scan Snap SV 2006, que é um scanner capaz
de digitalizar cadernos e livros em documentos PDF, com letras ampliadas, sem tocar a
superfície do documento original, eliminando automaticamente as distorções que ocorrem
na digitalização. O scanner digitaliza documentos encadernados ou grampeados até o
tamanho A3, reproduzindo também imagens. O equipamento digitaliza vários documentos
ou objetos em uma única digitalização e vem equipado com Adobe Acrobat. São incluídos
no pacote o Sistema de Reconhecimento Ótico de Caracteres ABBYY, o
ScansnapOrganizer e o ScansanpManager, que permite a conversão de documentos para
PDF, imagens, Word, Excel, Power Point e envio para serviços de nuvem, como Evernote,
Dropbox, Google Docs, bem como por e-mail e outros aplicativos.
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2.2. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOTORA E COM MOBILIDADE
REDUZIDA.
São aquelas que possuem uma alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia1, paraparesia.2, monoplegia, monoparesia,
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia3,
amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não
produzam dificuldades para o desempenho de funções. (BRASIL. Decreto 5.296/04. Art.5º,
&1).
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), Lei 13.146 de 6 de julho de 2015, também instituiu que pessoa com
mobilidade reduzida é aquela que tem, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da
coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com
criança de colo e obeso. Estas pessoas também requerem atenção e adaptações específicas,
referenciados como atendimento preferencial.
2.2.1. Orientações Atitudinais:
1. Procure se colocar na mesma altura da pessoa sentada na cadeira de rodas pois, é
difícil ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo
que alguns minutos com uma pessoa em cadeira de rodas, sente-se, para que você e ela
fiquem no mesmo nível.
1. Plegia: sufixo: Exprime a noção de paralisia.
2. Paresia: sufixo: Paralisia leve ou parcial, com perda de força muscular.
3. Ostomia: abertura ou canal geralmente realizado através de cirurgia, para ligar uma víscera e o exterior
do corpo (Dicionário Priberan, 2008)
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2. A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal
da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou se apoiar nela é como se apoiar
na própria pessoa.
3.Não movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa.
4. Ao conduzir uma pessoa de cadeira de rodas e precisar parar para conversar,
lembre-se em virar a cadeira para que a pessoa sentada também possa participar.
5. Ao conduzir uma pessoa em cadeira de rodas, tenha os seguintes cuidados: Preste
atenção para não bater nas pessoas que caminham à frente; para subir degraus, incline a
cadeira para trás para elevar as rodinhas da frente e apoiá-las sobre a elevação; para descer
um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha à ré, sempre apoiando para que a descida seja
sem movimentos bruscos.
6. Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência.
8. Não se acanhe em usar palavras como “andar” e “correr”. As pessoas com
deficiência física as empregam naturalmente.
9. Pessoas com Paralisia Cerebral podem apresentar também Deficiência Cognitiva,
porém não é obrigatório.
2.2.2. Orientações Pedagógicas:
1. Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, falar e podem
fazer movimentos involuntários com pernas e braços. Se a pessoa tiver dificuldade na fala
e você não compreender imediatamente o que ela está dizendo, peça para que repita. Se
ainda não entender, peça auxilio a quem pode ajudar, porém não se esqueça de sempre se
dirigir diretamente ao (a) aluno (a).
2. Se você tiver um aluno cadeirante, procure manter um acesso facilitado nas salas
de aula.
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2.3. PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA.
São aqueles que apresentam perda bilateral, parcial ou total, da capacidade de ouvir
ou perceber sinais sonoros. Podem apresentar uma Perda Leve, em que há a dificuldade em
ouvir discursos, especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo; Perda Moderada
em que há a necessidade de aparelhos ou próteses auditivas; Perda Severa em que as
próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas insuficientes em outros e há a necessidade
de linguagem gestual – Libras e leitura labial; a língua Portuguesa será utilizada como
segunda língua, e Perda Profunda, em que há ausência da capacidade de ouvir.
2.3.1. Orientações Atitudinais:
1. Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam
porque não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras usam a Língua
Brasileira de Sinais - Libras.
2. A deficiência auditiva, como as outras deficiências, não compromete a função
cognitiva e intelectual. Então, não julgue que toda pessoa surda possua também deficiência
intelectual, a não ser que ela apresente múltiplas deficiências.
3. Caso a pessoa surda esteja acompanhada por um intérprete, procure sempre dirigir-
se à pessoa surda, não ao intérprete.
4. Nem todos os surdos se expressam em libras, muitos são oralizados. Existem
surdos oralizados e surdos sinalizados, ou melhor, que se expressam pela língua de sinais.
Os surdos oralizados usam aparelhos auditivos ou implante coclear, ou até nenhum deles e
fazem leitura labial. Eles podem conhecer Libras e são considerados bilíngues. Surdos
oralizados tem fluência no português falado e escrito e não necessitam de intérprete.
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2.3.2. Orientações Pedagógicas:
1. Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção
em você, acene para ela ou toque, levemente, em seu braço. Ao conversar com uma pessoa
surda, fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas não exagere. Use a sua
velocidade e tom normais, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar ou mais alto.
Não grite. Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Faça com que a sua
boca esteja bem visível, pois gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível
a leitura labial. Fique num lugar iluminado e evite ficar contra a luz, pois isso dificulta ver
o seu rosto.
2. Caso você saiba alguma linguagem de sinais e quiser usá-la, faça-o, pois se a
pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará.
3. Seja expressivo ao falar., pois algumas pessoas surdas não conseguem ouvir
variações de tom de voz que demonstram os sentimentos e as expressões faciais ajudam a
expressar o que queremos dizer.
4. Mantenha o contato visual enquanto conversa, pois se você desviar o olhar, pode
dar a entender que a conversa está encerrada. Ao ministrar as aulas não fale de costas para
os alunos. Esse é um hábito comum ao escrever no quadro explicando ao mesmo tempo, e
ocorre também ao utilizar projeções.
5. Frequentemente a pessoa surda não tem boa dicção, e se você não compreender
não se incomode em pedir que repita. Se for necessário, tente usar bilhetes, porque o que
mais importa é a comunicação.
6. Ao realizar as avaliações de aprendizagem em um aluno surdo ou com deficiência
auditiva, considere que libras é a primeira língua e português a segunda língua da pessoa
surda. Nas provas discursivas e de redação procure valorizar o aspecto semântico do texto
produzido.
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2.4. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COGNITIVA OU INTELECTUAL
A deficiência cognitiva ou intelectual, de acordo com a American Association on
Intellectual and Development Disabilities, consiste em um:
(...) funcionamento intelectual significativamente abaixo da média,
devido a lesões neurológicas ocorridas na infância, concomitante com
limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa, nos
seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades
sociais, desempenho na família e comodidade, independência na
locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
(AAIDD)
Frequentemente confunde-se deficiência intelectual com doença mental. Doença
mental corresponde a uma dificuldade da percepção individual e da realidade, o que, nem
sempre acontece com pessoas com déficit intelectual. Os sintomas apresentados pelas
pessoas com doenças mentais ou psiquiátricas correspondem às neuroses graves e psicoses
agudas, entre outros.
2.4.1. Orientações Atitudinais:
1. Pessoas com deficiência intelectual não devem ser tratadas como doentes. Isso
pode prejudicá-los, comprometendo seu desenvolvimento.
2. Não seja superprotetor e permita que o aluno com deficiência intelectual tente
fazer sozinho tudo o que puder, auxiliando no que for necessário. Cada um tem seu próprio
tempo e ritmo.
2.4.2. Orientações Pedagógicas:
1. As pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender e
compreender solicitações. Porém não adiantar insistir em repetir a mesma coisa várias
vezes, pois elas precisam desenvolver uma estratégia própria, diferenciada para entender.
2. As pessoas com deficiência intelectual também levam mais tempo para executar
determinadas tarefas. Desta forma, repita a orientação de forma clara e simples até que seja
compreendida.
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3. Não desanime caso haja retornos negativos, o importante é favorecer a
comunicação, sempre estimulando para que elas possam cooperar e se relacionar.
2.5. ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)
O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens do desenvolvimento do
cerebral. Se caracterizam pela dificuldade na comunicação, interação social e
comportamentos repetitivos.
Essas características ocorrem em todas as pessoas com TEA, porém com
intensidades diferentes. Desta forma, as diferenças podem ser claras para todos desde o
nascimento, ou podem se evidenciar somente durante o desenvolvimento.
O TEA pode ser associado a outras condições., tais como: deficiência intelectual,
dificuldades de coordenação motora e de atenção, distúrbios do sono, distúrbios
gastrointestinais e ainda, ao Transtorno de déficit de atenção, como ou sem hiperatividade
(TDA/H), dislexia ou dispraxia.4.
Algumas pessoas deste espectro poderão ser autônomas, porém outras necessitarão
de auxílio especializado durante suas vidas. Necessariamente não terão um déficit
cognitivo e muitos possuem essa capacidade preservada.
Por ser um transtorno permanente, as crianças ao nascerem com TEA irão torna-se
adultos com TEA.
Em 28/12/2012 foi sancionada a Lei nº12.764 que institui a Política Nacional dos
direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), a “Lei Berenice Piana”.
4. Dispraxia: perturbação na planificação de movimentos intencionais, volitivos e aprendidos.
(Fonseca, V. 2008)
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Esta lei garante que pessoas com TEA sejam consideradas pessoa com deficiência, para
todos os efeitos legais.
O TEA envolve os seguintes quadros: Transtorno Autista, Transtorno Asperger,
Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento sem outra Especificação.
2.5.1. Orientações Atitudinais:
1. Pessoas com TEA podem tender a apresentar comportamentos estranhos diante das
mais diferentes situações. Estes comportamentos são características e não devem ser
generalizados e transformados como uma limitação em sua totalidade, reduzindo o sujeito
aos seus traços limitantes. Ex: Se uma pessoa com TEA grita diante de algumas situações,
então autistas são aqueles que gritam.
2. Com a intenção de proteger ou com a ideia de que as dificuldades apresentadas
pelas pessoas do TEA são definitivas, muitas vezes elas não são estimuladas ou as intenções
de interação e de desenvolvimento são bloqueadas.
3. Consideradas também como resultado de uma educação permissiva e em limites,
pessoas com TEA podem ser privadas de experiências sociais ou até expostas a situações
discriminatórias por serem constantemente excluídas.
2.5.2. Orientações Pedagógicas:
1. Ao orientar uma tarefa, procure ser simples e claro.
2. Diante de modificações de comportamento e atitudes, procure por meio do reforço
positivo valorizar a nova demanda.
3. Procure entender o que ocorre antes e depois de um comportamento diferenciado.
Desta forma pode-se minimizar a probabilidade de uma ocorrência futura de um mesmo
comportamento indesejado.
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2.6. ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO
Considera-se alunos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam
grande facilidade de aprendizagem, ao dominar conceitos, procedimentos e atitudes com
rapidez.
Protegidos pela lei 13.234/15, alunos com altas habilidades, deverão ser
identificados, cadastrados e atendidos na educação básica e no ensino superior, por meio
de enriquecimento de programas.
2.6.1. Orientações atitudinais:
1. Cuidado ao considerar que alunos superdotados não necessitam de apoio ou
orientação.
2. Alunos que possuem altas habilidades/superdotação não são: egoístas e solitários,
metidos a sabichões. Não provem de classes socioeconômicas privilegiadas e não existem
mais homens que mulheres neste grupo.
3. Não há risco que se unam, e seu atendimento específico não criará uma elite.
2.6.2. Orientações pedagógicas:
1. Permitir ao aluno um maior desenvolvimento da criatividade e de sensibilidade;
2. Desenvolver as capacidades, habilidades e potencialidades do aluno, fortalecendo
suas características produtivas.
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3. APOIO PEDAGÓGICO
Pessoas com Dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com/sem Hiperatividade
(TDA/H) não são consideradas Pessoas com Deficiência, portanto não há legislação
específica em âmbito nacional que contemplem esses alunos.
Elas fazem parte de um grupo que corresponde aos transtornos de aprendizagem e,
apresentam como característica, a inabilidade específica para leitura, escrita ou matemática
sem que exista déficit intelectual ou sensorial.
Mesmo que não esteja enquadrada como deficiência, desde 2012 as provas do ENEM
estão adaptadas com medidas específicas para alunos disléxicos.
Desta forma iremos adotar também medidas de acompanhamento e orientação para
alunos com dislexia e TDA/H, como a seguir:
3.1. DISLEXIA
Refere-se a dificuldades na leitura, ou dificuldades na linguagem. Caracteriza-se
por dificuldade no reconhecimento correto e fluente na leitura e escrita das palavras. A
dislexia e os demais transtornos de aprendizagem não são devidamente conhecidos por
professores do ensino básico e/ou professores universitários, causando dificuldades nas
relações entre eles e seus alunos. Muitos professores não imaginam que um aluno possa
ser disléxico ou sofrer com outro transtorno de aprendizagem, já que alguns chegam ao
ensino superior sem serem diagnosticados.
Assim, é importante que o professor fique atento aos seguintes sinais:
a) Leitura pouco fluente
b) Erros ortográficos
c) Pobreza de vocabulário
d) Dificuldades em cálculos simples (Discalculia)
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3.1.1. Orientações:
• Como a pessoa com dislexia apresenta dificuldade de organização e déficit de atenção,
as avaliações deverão ser claras, diretivas, sem dupla interpretação e as perguntas
devem ser objetivas.
• As avaliações escritas poderão ser reduzidas em número de questões, bem como
apresentar testes de múltipla escolha.
• Ao corrigir avaliações teóricas, considere que a pessoa com dislexia comete erros em
questões teóricas por dificuldade de interpretação. Indicamos, neste sentido, um
processo contínuo de avaliação – onde as notas sejam compostas por um somatório
de atividades como por exemplo, provas práticas, seminários, trabalhos em grupo
entre outros.
• Considerando as dificuldades da pessoa com dislexia (atenção, concentração,
memorização e organização), indica-se um tempo maior para a realização das
avaliações, por volta de 20% a mais de tempo.
3.2. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM OU SEM
HIPERATIVIDADE (TDA/H)
É um transtorno neurobiológico, de origem genética, cujas principais características
quais são desatenção, inquietude e impulsividade. Surge na infância, e geralmente
acompanha a pessoa por toda vida.
De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais), o TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino. Geralmente
as pessoas do sexo feminino tendem a apresentar apenas desatenção, classificada como
Distúrbio ou Transtorno do Déficit de Atenção (DDA ou TDA).
Os principais sintomas da desatenção são:
• Não prestar atenção em detalhes e cometer erros por descuido em atividades e
trabalhos;
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• Não atender ou escutar quando lhe dirigem a palavra;
• Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades; não seguir instruções e não
terminar atividades;
• Evitar, não gostar ou relutar em se envolver em atividades que exijam esforço
mental prolongado;
• Perder objetos necessários às tarefas ou atividades e ser facilmente distraído por
estímulos externos; ser esquecido em relação as atividades cotidianas.
Os principais sintomas da hiperatividade e impulsividade:
• Remexer ou batucar mãos e pés, ou se contorcer na cadeira;
• Ter sensações de inquietude;
• Não conseguir ou se sentir desconfortável em ficar parado por muito tempo; não
permanece em sala de aula, levantando-se e saindo;
• Falar demais; não conseguir aguardar sua vez de falar; ter dificuldade de esperar
sua vez;
• Interromper ou adentrar em conversas e atividades, tentar assumir o controle do que
os outros estão fazendo ou usar objetos de outros sem permissão.
Quando o transtorno não é identificado ou tratado pode causar diversas
consequências na vida do indivíduo, seja ele criança, adolescente ou adulto, pois quando
não existe diagnóstico há a probabilidade da pessoa ser rotulada como preguiçosa,
desinteressadas, entre outros, quando na verdade ela apresenta um comportamento
biologicamente determinado. Muitas vezes é necessário acompanhamento
psicopedagógico e reforço. Uma intervenção facilita o convívio e busca impedir o
desinteresse.
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3.2.1. Orientações:
1.Demonstrar compreensão sobre o comportamento e o desempenho acadêmico do
estudante;
2. Buscar conscientizar e orientar o aluno sobre o melhor local em que o mesmo deve
sentar na sala de aula, que será aquele em que menos lhe será tirada a atenção;
3. Incentivar a destacar as partes mais importantes de uma tarefa, texto ou prova,
evitando que passe sem perceber;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
American Association on Intellectual and Developmental Disease (AAIDD).
Disponível em: https://aaidd.org/intellectual-disability/definition#.WIIG_PkrLIU.
Acessado em 20/01/17.
ARAGAKI, B. Vestibulares permitem tempo extra e acompanhante para disléxicos
em prova. Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/vestibulares-
permitem-tempo-extra-e-acompanhante-para-dislexicos-em-prova/ Acessado em:
20/01/17.
BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acessado em
22/12/2016
BRASIL. Decreto 5296/04. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art4iii.
Acessado em 22/12/2016
DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA [em linha], 2008-
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