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NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE EM ESPAÇOS CONFINADOS INTRODUÇÃO A trigésima terceira Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego denominada Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados tem por objetivo garantir a segurança nas operações realizadas em espaços confinados. DOCUMENTOS COMPLEMENTARES Decreto - Lei 5.452, de 01/05/1943 - Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho - Capítulo V do Título II da CLT - Segurança e Medicina do Trabalho. Decreto 2.657 , de 03/07/98 - Aprovou a Convenção OIT 170 - Segurança na Utilização de Produtos Químicos Decreto 4.085, de 15/02/02 - Promulgou a Convenção OIT 174 – Prevenção de Acidentes Industriais Maiores. Portaria MTE 20 , de 13/07/01 - Quadro de atividades ou serviços perigosos e insalubres proibidos aos menores de 18 anos segundo Art. 405 da CLT. Portaria SIT 202 , de 22/12/06 - Aprova a Norma Regulamentadora n.º 33, que trata de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. Portaria MTE 38/2008 – Inclui no Anexo II da NR-28 os códigos de ementa e respectivas gradações de infração da NR-33. DOU 25/02/08. Portaria MTE 39/2008 – Inclui no “Ementário - Elementos para Lavratura de Autos de Infração” as ementas referentes à NR-33. DOU 25/02/08. ABNT NBR 5410 - Sistema Elétrico ABNT NBR 5.418 – Instalações elétricas em ambientes com líquidos e gases inflamáveis. ABNT NBR 6.493 – Emprego de Cores para Identificação de Tubulações. ABNT NBR 10898 - Sistema de Iluminação de Emergência. ABNT NBR 12.176 - Cilindros para gases - Identificação do conteúdo. ABNT NBR 5414 - Sistema de Pára-raios. ABNT NBR 14.606 - Estabelece os procedimentos de segurança para a entrada em espaço confinado em postos de serviço em em tanques subterrâneos; ABNT NBR 14.787 - Estabelece os requisitos mínimos para proteção dos trabalhadores e do local de trabalho contra os riscos de entrada em espaços confinados. TRANSCRIÇÃO DA NR 33 A seguir serão apresentados os comentários da NR 33 indicando os itens e subitens do texto legal publicado no Volume 1 - Legislação de Segurança e Saúde Ocupacional. Referências - Ítem 33.1/ Subitem 33.1.1 - Objetivo e Definição Antes da publicação da NR 33 existiam na legislação brasileira, as seguintes referências: NR 18 (item 18.20) , Norma ABNT NBR 14.606 e ABNT NBR 14.787. Esta NR deverá estar integrada com as demais NR como, por exemplo, a NR 6 (EPI), NR 7 (PCMSO), NR 9 (PPRA) e NR 10 (Riscos Elétricos), NR 18 (Segurança e Saúde na Indústria da Construção) e NR 22 (Segurança e Saúde no Trabalho de Mineração) visando garantir a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais no trabalho. Referência - Subitem 33.1.2 - Objetivo e Definição Nem sempre é fácilo o reconhecimento de espaços confinados, tanques abertos podem ser considerados como espaços confinados, pois a ventilalão natural inexiste, o potencia de acumulo de fontes geradoras ou de escape de gás torna a atmosfera perigosa. A definição é idêntica à dada pela NBR 14.787/01 (www.abnt.org.br ), com a diferença que nesta Norma é acrescida à palavra “existir” a expressão “ou se desenvolver”. A aparente sutileza, na verdade, torna o termo mais abrangente. É que um espaço que ao ser inspecionado e liberado pode não apresentar deficiência ou excesso de oxigênio nem presença de gases/vapores tóxicos e/ou combustíveis, porém, poderá ter esta condição alterada durante a execução do trabalho, em razão da própria atividade ou de atividades externas. É o caso, por exemplo, de soldagens, pinturas, limpeza de superfícies com solventes etc, que só provocarão alterações no ambiente no momento de sua execução. Mais importante ainda é a compreensão do enunciado do item 33.1.2. Da forma como está redigido, pode haver o entendimento que um espaço só será considerado “confinado” se todas as condições existirem simultaneamente: que não seja projetado para ocupação humana contínua (e) que possua meios limitados de entrada e saída (e) cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. A definição dada pela OSHA e pelo NIOSH, entretanto parece mais apropriada e talvez possa melhor esclarecer o entendimento. Entre as diversas definições sobre espaço confinado, a definiçao apresentada na NR 33 é similar à da Norma ABNT 14.787 que apresenta a seguinte definição: Qualquer área não projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver. O Ministério do Trabalho Norte Americano (OSHA) utiliza o Código 29 CFR 1910.146 para estabelecer requisitos de segurança a entrada em espaços confinados, com atenção para: procedimentos, permissão de entrada, treinamento e conscientização, emergência. Este documento apresenta a seguinte definição: Espaço como aquele cuja entrada ou saída é limitada ou restrita, permitindo somente que um trabalhador entre e execute uma determinada atividade, não sendo projetado para ocupação contínua. Desta forma um espaço confinado é um local que: É grande o suficiente e possui uma configuração que um trabalhador consegue entrar fisicamente em seu interior e executar um trabalho designado, e; Possui restrições ou limitações para entrada e saída de uma pessoa, como, por exemplo: tanques de armazenamento, vasos, porões de navios, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão, túneis, valetas, tubulações etc., e; Não foi projetado para ocupação continua de trabalhadores. A NIOSH define espaço confinado da seguinte forma: Espaço confinado é aquele que, em função do projeto, possui aberturas limitadas para entrada e saída; a ventilação natural é desfavorável, o ar ambiente pode conter ou produzir contaminantes perigosos e o local não se destina a ocupação contínua de um trabalhador”. Espaços confinados incluem, porém não se limitam a: tanques de armazenamento, porões de navios, vasos, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão, túneis, valetas, tubulações etc. A NIOSH ainda subdivide os espaços confinados em: Classe “A” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Imediatamente perigoso à vida; Nível de oxigênio igual ou menor que 16% (122mmHg) ou maior que 25% (190mmHg); Inflamabilidade igual ou maior que 20% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII); Socorro a eventuais vítimas requer a entrada de mais de uma pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; A comunicação exige a presença de mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado. Classe “B” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Perigoso à vida, porém, não imediatamente; Nível de oxigênio de 16,1% à 19,4% (122 – 147mmHg) ou 21,5% à 25% (163 - 190mmHg); Socorro a eventuais vítimas requer a entrada de não mais de uma pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; Inflamabilidade entre 10% e 19% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII); A comunicação é possível através de meios indiretos ou visuais, sem a presença de mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado. Classe “C” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Potencialmente perigoso à vida, porém, não exige modificações nos procedimentos habituais de trabalho normal nem socorro e a comunicação com os trabalhadores pode ser feita diretamente do lado de fora do espaço confinado;

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Page 1: NR 33

NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE EM ESPAÇOS CONFINADOS

INTRODUÇÃO

A trigésima terceira Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego denominada Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados tem por objetivo garantir a segurança nas operações realizadas em espaços confinados.

DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

Decreto-Lei 5.452, de 01/05/1943 - Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho - Capítulo V do Título II da CLT - Segurança e Medicina do Trabalho. Decreto 2.657, de 03/07/98 - Aprovou a Convenção OIT 170 - Segurança na Utilização de Produtos Químicos Decreto 4.085, de 15/02/02 - Promulgou a Convenção OIT 174 – Prevenção de Acidentes Industriais Maiores. Portaria MTE 20 , de 13/07/01 - Quadro de atividades ou serviços perigosos e insalubres proibidos aos menores de 18 anos segundo Art. 405 da CLT. Portaria SIT 202 , de 22/12/06 - Aprova a Norma Regulamentadora n.º 33, que trata de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. Portaria MTE 38/2008 – Inclui no Anexo II da NR-28 os códigos de ementa e respectivas gradações de infração da NR-33. DOU 25/02/08. Portaria MTE 39/2008 – Inclui no “Ementário - Elementos para Lavratura de Autos de Infração” as ementas referentes à NR-33. DOU 25/02/08. ABNT NBR 5410 - Sistema Elétrico ABNT NBR 5.418 – Instalações elétricas em ambientes com líquidos e gases inflamáveis. ABNT NBR 6.493 – Emprego de Cores para Identificação de Tubulações. ABNT NBR 10898 - Sistema de Iluminação de Emergência. ABNT NBR 12.176 - Cilindros para gases - Identificação do conteúdo. ABNT NBR 5414 - Sistema de Pára-raios. ABNT NBR 14.606 - Estabelece os procedimentos de segurança para a entrada em espaço confinado em postos de serviço em em tanques subterrâneos; ABNT NBR 14.787 - Estabelece os requisitos mínimos para proteção dos trabalhadores e do local de trabalho contra os riscos de entrada em espaços confinados.

TRANSCRIÇÃO DA NR 33

A seguir serão apresentados os comentários da NR 33 indicando os itens e subitens do texto legal publicado no Volume 1 - Legislação de Segurança e Saúde Ocupacional.

Referências - Ítem 33.1/ Subitem 33.1.1 - Objetivo e Definição

Antes da publicação da NR 33 existiam na legislação brasileira, as seguintes referências: NR 18 (item 18.20) , Norma ABNT NBR 14.606 e ABNT NBR 14.787.

Esta NR deverá estar integrada com as demais NR como, por exemplo, a NR 6 (EPI), NR 7 (PCMSO), NR 9 (PPRA) e NR 10 (Riscos Elétricos), NR 18 (Segurança e Saúde na Indústria da Construção) e NR 22 (Segurança e Saúde no Trabalho de Mineração) visando garantir a preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais no trabalho.

Referência - Subitem 33.1.2 - Objetivo e Definição

Nem sempre é fácilo o reconhecimento de espaços confinados, tanques abertos podem ser considerados como espaços confinados, pois a ventilalão natural inexiste, o potencia de acumulo de fontes geradoras ou de escape de gás torna a atmosfera perigosa.

A definição é idêntica à dada pela NBR 14.787/01 (www.abnt.org.br), com a diferença que nesta Norma é acrescida à palavra “existir” a expressão “ou se desenvolver”. A aparente sutileza, na verdade, torna o termo mais abrangente. É que um espaço que ao ser inspecionado e liberado pode não apresentar deficiência ou excesso de oxigênio nem presença de gases/vapores tóxicos e/ou combustíveis, porém, poderá ter esta condição alterada durante a execução do trabalho, em razão da própria atividade ou de atividades externas. É o caso, por exemplo, de soldagens, pinturas, limpeza de superfícies com solventes etc, que só provocarão alterações no ambiente no momento de sua execução.

Mais importante ainda é a compreensão do enunciado do item 33.1.2. Da forma como está redigido, pode haver o entendimento que um espaço só será considerado “confinado” se todas as condições existirem simultaneamente: que não seja projetado para ocupação humana contínua (e) que possua meios limitados de entrada e saída (e) cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. A definição dada pela OSHA e pelo NIOSH, entretanto parece mais apropriada e talvez possa melhor esclarecer o entendimento.

Entre as diversas definições sobre espaço confinado, a definiçao apresentada na NR 33 é similar à da Norma ABNT 14.787 que apresenta a seguinte definição:

Qualquer área não projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver.

O Ministério do Trabalho Norte Americano (OSHA) utiliza o Código 29 CFR 1910.146 para estabelecer requisitos de segurança a entrada em espaços confinados, com atenção para: procedimentos, permissão de entrada, treinamento e conscientização, emergência. Este documento apresenta a seguinte definição:

Espaço como aquele cuja entrada ou saída é limitada ou restrita, permitindo somente que um trabalhador entre e execute uma determinada atividade, não sendo projetado para ocupação contínua.Desta forma um espaço confinado é um local que:

É grande o suficiente e possui uma configuração que um trabalhador consegue entrar fisicamente em seu interior e executar um trabalho designado, e; Possui restrições ou limitações para entrada e saída de uma pessoa, como, por exemplo: tanques de armazenamento, vasos, porões de navios, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão, túneis, valetas, tubulações etc., e;

Não foi projetado para ocupação continua de trabalhadores. A NIOSH define espaço confinado da seguinte forma:

Espaço confinado é aquele que, em função do projeto, possui aberturas limitadas para entrada e saída; a ventilação natural é desfavorável, o ar ambiente pode conter ou produzir contaminantes perigosos e o local não se destina a ocupação contínua de um trabalhador”. Espaços confinados incluem, porém não se limitam a: tanques de armazenamento, porões de navios, vasos, torres, silos, caldeiras, dutos de ventilação e exaustão, túneis, valetas, tubulações etc. A NIOSH ainda subdivide os espaços confinados em:

Classe “A” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Imediatamente perigoso à vida; Nível de oxigênio igual ou menor que 16% (122mmHg) ou maior que 25% (190mmHg); Inflamabilidade igual ou maior que 20% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII); Socorro a eventuais vítimas requer a entrada de mais de uma pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; A comunicação exige a presença de mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado.

Classe “B” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Perigoso à vida, porém, não imediatamente; Nível de oxigênio de 16,1% à 19,4% (122 – 147mmHg) ou 21,5% à 25% (163 - 190mmHg); Socorro a eventuais vítimas requer a entrada de não mais de uma pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; Inflamabilidade entre 10% e 19% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII); A comunicação é possível através de meios indiretos ou visuais, sem a presença de mais uma pessoa de prontidão dentro do espaço confinado.

Classe “C” - Locais com uma ou mais das características abaixo: Potencialmente perigoso à vida, porém, não exige modificações nos procedimentos habituais de trabalho normal nem socorro e a comunicação com os trabalhadores pode ser feita diretamente do lado de fora do espaço confinado;

Page 2: NR 33

Nível de oxigênio de 19,5% à 21,4% (148 – 163mmHg); Socorro a eventuais vítimas requer a entrada de não mais de uma pessoa equipada com máscara e/ou roupas especiais; Inflamabilidade de 10% do Limite Inferior de Inflamabilidade (LII) ou menor.

Assim, parece que, independente da interpretação puramente semântica, para os fins de prevenção e controle da saúde e integridade de um trabalhador, um espaço confinado deve ser entendido como qualquer local que apresente uma ou mais das condições acima detalhadas. A existência simultânea de mais de uma ou todas as condições de risco só mudaria sua classificação (A, B ou C). Portanto, basta que um local permita a entrada de uma pessoa, apresente restrições de entrada e saída e não tenha sido projetado para ocupação continua de um trabalhador para se configurar como um espaço confinado, independente de apresentar as demais condições: presença de contaminantes; deficiência ou excesso de oxigênio; concentração de misturas combustíveis etc.

Num evaporador de caldo de cana, por exemplo, dificilmente haverá deficiência ou excesso de oxigênio e/ou presença de gases ou vapores tóxicos ou inflamáveis, porém, haverá sempre a dificuldade de entrada e saída, além do risco evidente de entrada de caldo quente e vapor vegetal e choque elétrico. Tudo isso, sem contar que o interior de um evaporador não foi projetado para ocupação humana contínua. Uma forma prática para identificação de um espaço e seu enquadramento como “confinado” em uma usina é apresentada na tabela 1.

Baseado nestas definições é possível identificar muitos locais onde são realizadas atividades de manutenção e inspeção em locais do tipo: tubulações, galerias subterrâneas, tanques, fossos e valas, silos entre outros. Independente das definições existentes pode-se definir espaço confinado o local com uma ou mais das seguintes características:

a) Possui atmosfera perigosa à vida e à saúde com possibilidade real de deficiência de oxigênio;

b) Possui contaminantes que podem intoxicar ou asfixiar quem estiver dentro do local sem uma proteção respiratória adequada;

c) Apresenta acessos com dificuldades por causa de paredes convergentes, inclinação de piso e afunilado de seções.

Muitos acidentes graves ocorrem simplesmente porque os procedimentos internos não previam controles preventivos, entre eles a permissão para trabalho e/ou permissão de entrada com monitoramento das condições ambientais. A seguir estão relacionadas as principais causas de morte em espaços confinados:

a) Espaço Confinado não Reconhecido: O local não é reconhecido e/ou identificado como um espaço confinado;

b) Confiança nos Sentidos: Os riscos, às vezes, são imperceptíveis ao sentido natural das pessoas, não se pode ver ou sentir, como, por exemplo, a presença de gases inertes como o nitrogênio e o argônio;

c) Sub-avaliação dos Riscos: As pessoas acreditam que podem entrar e sair do local sem serem afetadas pelos riscos do ambiente, não possuem a percepção da rapidez com que podem ser surpreendidas por uma atmosfera mortal e serem sepultadas vivas.

d) Baixa Percepção de Risco: Duvidam que o acidente aconteça após a entrada no espaço e simplesmente ignoram os procedimentos de segurança;

e) Resgate de Pessoas: Muitos socorristas sem treinamento geralmente morrem junto com a vitima nestas situações.

Referência - Subitem 33.2/Subitem 33.2.1 - Das Reponsabilidades

Existem muitas responsabilidades caso a empresa possua atividades a serem realizadas em espaços confinados. Os trabalhadores expostos devem ser informados sobre localização e os perigos através de sinalização; além disso devem ser tomadas ações para impedir que trabalhadores não preparados acessem ou trabalhem nestes espaços.

Os especialistas estimam que 85% dos acidentes envolvendo espaço confinado poderiam ser evitados se o local e/ou atividade tivessem sido identificados os riscos. Por isso, o empregador deve avaliar a existência de espaços confinados, para que sejam identificados através de sinalização de advertência e barreiras de proteção. É da responsabilidade do empregador treinar os trabalhadores informando sobre os riscos e mecanismos de controles a serem estabelecidos para a realização de atividades em espaços confinados.

Podem existir outros perigos associados aos espaços confinados ou atividades a serem realizadas, como, por exemplo: presença de gases ou vapores tóxicos, riscos físicos e ergonômicos (iluminação deficiente, ruído, vibrações, radiações, queda de nível, outros) e biológicos (presença de animais peçonhentos), entre outros.

O ordenamento jurídico entende que o empregador deve se manter atualizado sobre os documentos legais existentes. O desconhecimento de aspectos técnicos e legais não isenta nem exclui seu cumprimento por quem quer que seja. Em sociedade, todos devem seguir preceitos jurídicos.

Por isso os gestores devem conhecer a legislação aplicável às atividades laborativas, bem como as implicações legais a que estão sujeitos por acidentes ou doenças ocupacionais provocadas pelas

LOCAL NÃO PROJETADO PARA OCUPAÇÃO

HUMANA CONTÍNUA?

MEIOS LIMITADOS PARA ENTRADA OU

SAÍDA?

VENTILAÇÃO NATURAL INSUFICIENTE PARA

REMOVER CONTAMINANTES?

DEFICIÊNCIA OU EXCESSO DE O2 – EXISTENTE OU QUE POSSA EXISTIR?

MISTURA INFLAMÁVEL –

EXISTENTE OU QUE POSSA EXISTIR?

1 PENEIRA ROTATIVA S S S N ? 2 DECANTADOR DE CALDO S S S N ?

3 EVAPORADOR E PRÉ S S S N ?

4 TANQUES DE PROCESSO E ARMAZENAGEM DE XAROPE, MELAÇO, ÁGUA

S S S N ?

5 SECADOR DE AÇÚCAR S S S N ?

6 DORNAS DE FERMENTAÇÃO S S S S S

7 COLUNAS DE DESTILAÇÃO S S S ? S

8 TANQUES DE PROCESSO E ARMAZENAGEM DE ÁLCOOL

S S S N S

9 CALDEIRA – Limpeza e/ou manutenção Interna

S S S ? ?

10 TANQUE DE COMBOIO S S S ? S

11 GALERIAS E SUBTERRÂNEOS S S S S S

12 CANAIS DE VINHAÇA E/OU ÁGUA S S N N S

S = SIM; N = NÃO; ? = Pode existir em determinadas condições. Para o caso de fermentação anaeróbia, pode estar presente o gás Metano (inflamável e asfixiante) e Dióxido de Carbono (asfixiante).

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condições inadequadas de trabalho, devendo dedicar atenção ao Capitulo V, Titulo II, da CLT e as Normas Regulamentadoras (MTE) além dos documentos técnicos aplicáveis, da qual podem derivar ações de responsabilidade civil por ato ilícito, vejam o Ar. 159 do Código Civil:

"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano."

A NR 1 determina a obrigatoriedade de procedimentos internos visando informar e instruir os trabalhadores quanto à forma segura de executar as atividades. Procedimentos são Fontes de Direito, daí a importâcia do empregador em identificar os riscos e apresentar os mecanismos preventivos para garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro. Procedimentos mal elaborados, que omitam os riscos do trabalho e possam induzir o trabalhador ao erro de interpretação equivocada dos riscos, podem gerar ações penais contra o empregador.

Os subitens “b” a “i” serão tratados mais a frente. Já, para o subitem “a”, a própria definição da NR 33 especifica que "Responsável Técnico" habilitado para identificar os espaços confinados existentes na empresa e elaborar as medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e resgate”. Uma consulta à NR 4 – item 4.12, NR 29 – item 29.2.1 e NR 31 – item 31.6.2 leva a conclusão que aos Serviços Especializados em Segurança e Saúde do Trabalho compete: “identificar e avaliar os riscos”; “estudar e propor medidas preventivas e corretivas”; “assessorar tecnicamente o empregador e os trabalhadores”; “treinar e orientar os trabalhadores”; “manter registros de ocorrências de acidentes”; “elaborar programas de controle de emergência”.......Apesar da extensa lista, as atribuições apontam para a figura genérica do SESMT, SESSTP e SESTR, não havendo em nenhuma destas NRs a determinação explicita da figura do "Profissional Responsável".

Em contrapartida, quando se analisa a Resolução do CONFEA nº 359, verifica-se que em seu artigo 4º - subitens 1 a 18, aparece explicitamente a figura do Engenheiro de Segurança do Trabalho como o "Profissional Responsável"pelas atribuições previstas pela NR 33 para o "Responsável Técnico". Assim, parece lógico e “inevitável” que o responsável técnico previsto na NR 33 seja o Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Por ser uma responsabilidade do empregador imposta pela norma e uma atribuição inalienável do profissional, a indicação do RESPONSÁVEL TÉCNICO deve ser revestida de certa formalidade, tendo em vista prevenir desvios futuros e omissões e/ou responsabilizações indevidas. Assim, deve ser gerado um documento formal assinado pelo preposto da direção da empresa onde constarão, obrigatoriamente o seguinte:

Local e data da nomeação; Nome, cargo e função do responsável técnico nomeado; Empresas ou estabelecimentos sob responsabilidade do responsável técnico; Menção ao item 33.2.1 –“a” da NR 33 e Resolução CONFEA nº 359 – artigo 4º - 1 a 18; Atribuições do responsável técnico, que deverão abranger e limitar-se a:

Identificação de Espaços Confinados na empresa; Antecipação e avaliação de risco e definição de medidas preventivas, corretivas e de emergência; Elaboração e revisão periódica de Programa de Prevenção de Acidentes em Espaços Confinados; Especificação e indicação de fornecedores de instrumentos de medição e equipamentos de proteção coletiva e individual; Elaboração e revisão periódica de procedimentos de trabalho e de segurança, em conjunto com a Supervisão das áreas e Supervisores de entrada; Elaboração e aplicação de programa de treinamento inicial e periódico para os Supervisores de entrada, Vigias e trabalhadores em espaços confinados; Auditoria de todo o sistema previsto no programa; Elaboração de relatórios periódicos sobre todo o sistema.

Para as empresa que porventura sejam dispensadas da obrigatoriedade de contratação de Engenheiro de Segurança, parece inevitável que contrate um profissional na forma de consultoria e que obtenha deste toda a documentação pertinente, acompanhada da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica – ART.

Referência - Subitem 33.2.2 - Das Reponsabilidades

A responsabilidade pela implementação do programa de segurança é do empregador. Cabe aos trabalhadores atender os procedimentos, desde que os mesmos não coloquem sua integridade física em perigo. A legislação prevê o direito de recusa. Isto é, ninguém é obrigado a realizar um trabalho em condições de risco.

Referência - Ítem 33.3/ Subitem 33.3.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Os requisitos de SSO para atividades em espaços confinados devem estar integrados ao processo de identificação e avaliação de riscos existente na organização. Entretanto, devem ser estabelecidos procedimentos e controles específicos contendo, no mínimo, as seguintes ações:

a) Ferramenta para antecipar, reconhecer e identificar os espaços confinados para evitar o acesso de pessoas não autorizadas;

b) Estabelecer medidas para isolar, sinalizar, eliminar ou controlar os riscos do espaço confinado;

c) Controlar o acesso aos espaços confinados através de travas e bloqueios;

d) Desenvolver e implementar procedimentos de coordenação de entrada que garantam informações a todos os trabalhadores;

e) Sistematizar, preparar, emitir, usar e cancelar permissões de entrada;

f) Supervisão das atividades e trabalhadores dentro de espaços confinados;

g) Monitorar a atmosfera nos espaços confinados para verificar se as condições de acesso e permanência são seguras.

Referência - Subitem 33.3.2 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Podem ocorrer danos irreversíveis em função dos acidentes em espaços confinados, em função da falta de oxigenação do cérebro, resultando na perda de orientação e perda dos sentidos. Numa atmosfera rica em nitrogênio, por exemplo, basta duas respiradas para que a pessoa perca os sentidos. Não haverá tempo para pedir ajuda ou, até mesmo, gritar por socorro.

Para realizar uma avaliação e reconhecimento adequados é necessário identificar os riscos presentes no local onde será realizado o trabalho e os riscos que alguns trabalhos podem gerar em espaço confinado, seguem abaixo os riscos mais comuns encontrados em espaços confinados:

A deficiencia de oxigênio em espaços confinados causados pelo deslocamento do ar por gás ou vapor devido a inertização, desvaporização, elevada concentração de gases e vapores e do incêndio; a digestão de matéria orgânica por microorganismos e; oxidação do ferro (ferrugem).

Dentre as atividades onde há a exposição do trabalhador aos agentes químicos (aerodispersóides, poeiras, fumaças, fumos, gases e vapores) e físicos (ruído, vibração, radiação, pressão e temperatura anormais) podem ser citadas: inspeção, manutenção, limpeza e até mesmo a de construção do espaço confinado. Essas atividades podem envolver solda, corte oxi-gás, radiografia, gamagrafia, corte com abrasivos, pintura e tratamento mecânico de superfícies (esmerilhamento e jateamento).

A presença de gás, vapores e pós inflamáveis em espaços confinados constituem duas situações de risco: a explosão/incêndio e a exposição do trabalhador a concentrações perigosas.

Os riscos que estão relacionados a explosões e incêndios são a presença de gases, vapores e pós em concentrações que formem misturas inflamáveis, devido a ausência ou deficiência da remoção desses agentes.

Os riscos proporcionados por fatores elétricos e mecânicos em espaços confinados dependem diretamente das atividades desenvolvidas. Ambos os fatores podem oferecer riscos como fonte de ignição ou até mesmo ocasionar acidentes em função do mau estado de conservação.

Outro risco enfrentado é o ergonômico como os espaços confinados não são projetados para a ocupação humana, as dificuldades de adentrar, permanecer e executar atividades são as piores possíveis.

É importante também mencionar o risco oferecido pela eletricidade estática no processo de ignição, e recomendar o aterramento.

A atmosfera em um espaço confinado deve conter de forma constante um mínimo de 18% de oxigênio para que o mesmo seja liberado para trabalho humano, sem a necessidade de utilização de equipamento autônomo ou ar induzido para respiração. A concentração normal de oxigênio no ar atmosférico é de aproximadamente 20,9%. Concentrações de oxigênio inferiores a 18% e superiores a 23% representam perigo imediato para o homem.

Uma avaliação criteriosa e responsável é necessária antes da liberação do trabalho no espaço confinado. Uma pessoa habilitada conhecedora dos procedimentos deve efetuar as medições da concentração de oxigênio utilizando um aparelho conhecido como “oxímetro”. Esse aparelho deve ser previamente aferido.

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As medições de concentrações dos gases, vapores e pós devem ser feitas imediatamente antes da liberação do trabalho. Muitas explosões e incêndios ocorreram devido ao tempo decorrido entre as medições e a realização do trabalho, motivadas pela alteração das condições ocorridas nesse período.

Muitos acidentes têm ocorrido durante o procedimento de avaliação ambiental do espaço confinado, pois neste locais podem ter ocorrido acúmulo de CO2, H2S, CO, CH4 entre outros gases e vapores

tóxicos e/ou inflamáveis. Ao abrir as duas tampas e contra-tampas do espaço confinado, recomenda-se o seguinte procedimento básico:

Fazer uma leitura do mesmo, projetando um explosímetro nesse espaço confinado seguro com uma corda por uns 30 segundos; Dependendo do equipamento utilizado ele poderá dar leitura imediata de até quatro tipos de gases: H2S, CH4, O2 e CO;

Dentro de um espaço confinado existe uma probabilidade real de que a concentração dos contaminantes esteja acima dos limites de tolerância ou até mesmo do IDLH (Imediatamente Perigoso a Vida e a Saúde) e que a concentraçao de oxigênio esteja abaixo dos 19,5%;

No caso da presença de gases tóxicos, mesmo que a concentração de oxigênio esteja dentro dos limites aceitáveis, a presença de contaminantes tóxicos poderá resultar em perda da consciência e até mesmo a morte;

O próximo passo será fazer uma ventilação forçada por uma das bocas do espaço confinado expulsando os contaminantes tóxicos, fazendo que o O2 volte para a faixa de 19,5% e 21%, criando

uma condição segura para a entrada no espaço confinado; A pessoa que adentrar no espaço confinado terá que entrar com cinto tipo pára-quedista, seguro com uma corda e monitorado por um "Vigia" que ficará o tempo todo em uma das bocas de entrada/saída desse espaço confinado controlando o colega;

A avaliaçao do espaço confinado deve ser feita continuamente de forma a identificar o retorno de contaminates atmosféricos e/ou deficiência de oxigêncio. Caso isto ocorra, o operador deve ser retirado imediatamente do espaço confinado até que o procedimento de limpeza e descontaminação seja revisto;

Em alguns casos a pessoa que adentrar em espaços confinados, terá que estar provida com máscara positiva interligada com mangueira recebendo ar mandado de garrafa ou compressor, isolando-o completamente dos contaminantes atmosféricos existentes dentro do espaço confinado.

Para identificação e classificação dos espaços confinados na empresa pode ser adotado o critério descrito nos comentários do item 33.1.2 e tabela 1. Uma vez identificado e estabelecida a classe (“a”, “b” ou “c”), cada espaço confinado deve receber uma sinalização nos moldes da figura constante no anexo 1 da NR 33. Complementando a sinalização, pode ser acrescido um número de identificação, a classe e a frase “Solicite sua permissão para entrar”.

A antecipação, reconhecimento e análise dos riscos pode ser feita na forma de uma planilha contendo uma matriz para cada equipamento onde constará no mínimo o seguinte:

Etapa da tarefa ou atividade; Perigos identificados; Causa provável; Efeito esperado; Medida de controle.

Na fase de antecipação, reconhecimento, análise e recomendação de controle devem ser previstos os riscos, mecânicos, elétricos, químicos, físicos e ergonômicos. Uma forma prática para identificar os riscos de uma atividade em espaços confinados é a divisão de todo o trabalho em grandes blocos, tais como: abertura das bocas de visitas; entrada e inspeção visual; montagem de sistemas de iluminação e andaimes; preparação de soldas para inspeção; inspeção de soldas; correção de defeitos; colocação de material; limpeza; interrupção de atividades; retirada dos materiais e equipamentos; fechamento das bocas de visitas; entrega do serviço. Para cada bloco ou etapa, devem ser feitas as seguintes perguntas:

As pessoas podem:

Bater contra algo que cause ferimento? Serem atingidas por algo que cause ferimento? Ficar presas dentro, sobre ou entre objetos que causem ferimento? Cair no mesmo nível ou em níveis diferentes? Entrar em contato com temperaturas extremas – produtos quentes, fogo etc.? Entrar em contato com corrente elétrica? Inalar, absorver, engolir substância perigosa – tóxica, irritante, asfixiante? Sofrer sobrecarga muscular ao levantar, abaixar, puxar, empurrar, alcançar?

Para cada resposta “sim” deve ser definida uma ou várias ações de controle.

As condições de projeto, das instalações, dos processos e produtos utilizados, bem como as práticas adotadas para o trabalho que está sendo analisado, podem apresentar riscos já evidentes e outros que serão criados em diferentes etapas. Dentre os riscos mais comuns, atenção especial deve ser dada ao seguinte:

Solventes utilizados para inspeção ou limpeza, tais como: líquido penetrante, removedor, revelador, solventes de tintas e outros, mesmo em pequenas quantidades, podem evaporar no interior de espaços confinados criando atmosferas tóxicas e/ou inflamáveis;

Do mesmo modo, tintas e solventes ou gases para corte e solda, quando usados ou deixados dentro de espaços confinados podem evaporar e criar atmosferas tóxicas e/ou explosivas; Ácido Clorídrico, utilizado para limpeza de chapas de aço pode reagir com o Sulfeto de Ferro, presente como resíduo em tanques, por exemplo, liberando Sulfeto de Hidrogênio (H2S), que é um gás altamente tóxico e inflamável;

Enxofre ou Sulfeto de Hidrogênio, em contato com chapas de ferro pode produzir Sulfeto de Ferro que, quando exposto ao ar, reage com o Oxigênio elevando a temperatura podendo inflamar materiais combustíveis, devendo, portanto, ser mantido coberto com água ou outro meio que impeça o contato com o ar;

Mangueiras utilizadas para insuflação de ar para dentro de espaços confinados, principalmente para suprimento de equipamento de respiração pessoal, devem ser limpos previamente e testados fora do espaço confinado, uma vez que podem conter resíduos de materiais tóxicos ou asfixiantes remanescentes de utilizações anteriores. Além disso, estas mangueiras devem transitar por locais onde não seja possível a entrada acidental de produtos tóxicos, estrangulamento ou ruptura durante o uso;

O ar utilizado para suprimento de sistemas de proteção respiratória deve ser captado em local onde seja assegurado que o compressor ou ventilador não aspire gases de combustão ou outras substâncias tóxicas ou asfixiantes para as pessoas;

Equipamentos de proteção respiratória filtrante não asseguram o suprimento de ar, razão pela qual não devem ser utilizados em espaços confinados onde sejam possíveis altas concentrações de contaminantes e/ou deficiência de oxigênio;

Tanques que permaneceram fechados por muito tempo podem conter baixa concentração de oxigênio, uma vez que o processo de oxidação das chapas metálicas consome o oxigênio na reação com o ferro formando o óxido de ferro;

Resíduos de matéria orgânica, como açúcares, vinhaça, ou mesmo água bruta com alta carga de resíduos orgânicos, podem desenvolver processos fermentativos que resultam na produção de Metano, (inflamável e asfixiante), Sulfeto de Hidrogênio (tóxico e inflamável) ou Dióxido de Carbono (asfixiante);

Ácidos fortes em contato com chapas de aço carbono de tanques reagem liberando Hidrogênio que pode ficar acumulado e entrar em combustão durante trabalhos a quente; Grande quantidade de pessoas dentro de espaços confinados de dimensões limitadas pode provocar a redução da concentração de oxigênio, devido seu consumo, e a elevação da de Dióxido de Carbono, devido a exalação deste gás, decorrente do processo metabólico do organismo das pessoas;

Insuflação de oxigênio para “melhorar o ar” dentro de espaços confinados pode enriquecer a atmosfera aumentando o potencial de inflamabilidade dos materiais ali presentes, principalmente óleos, tecidos e até os cabelos das pessoas;

Tanques de armazenamento ou de consumo dos veículos retêm líquidos e gases na camada de óxido de ferro interna e nos poros do metal das chapas e que continuam evaporando e formando misturas explosivas, mesmo após esvaziados. A remoção total dos combustíveis, principalmente os não solúveis em água, como gasolina, diesel e solventes, só é conseguida com a ventilação forçada ou a passagem de vapor saturado por várias horas;

O uso de válvulas simples, chaves de comando de circuitos elétricos desligados, fusíveis retirados, colocação de etiquetas de advertência, embora aparentemente seguros e muito utilizados, jamais devem ser considerados como bloqueio confiável, uma vez que podem ser operados acidentalmente. O único bloqueio admitido como seguro é a desconexão de tubos ou colocação de flange cega ou raquete, ou ainda válvulas duplas com dreno intermediário com diâmetro igual ao da tubulação bloqueada, e colocação de cadeados individuais em todas as válvulas, chaves, comportas etc.;

Equipamentos e ferramentas manuais com acionamento elétrico devem ser alimentados por circuito com proteção de corrente de fuga do tipo “FI” ou “DR”(ELÉTRICA); Atenção especial deve ser dada aos resíduos e efluentes gerados no serviço em questão; Por tratar-se de condições especiais, as pessoas que serão empregadas em trabalhos em espaços confinadas devem ser selecionadas por especialista da área médica e receber treinamento específico. Toda a documentação relativa ao controle médico, bem como o treinamento, deve ser conservada por tempo indeterminado;

Finalmente, deve ser preparado um plano de intervenção para a hipótese de uma falha nas prevenções previstas, notadamente quanto ao socorro de pessoas e combate a incêndio;

Uma das medidas para o cumprimento do item "e" é a exaustão e/ou insuflamento dos ambientes confinados tem como objetivo principal reduzir a concentração de substâncias tóxicas e/ou perigosas presentes na atmosfera do ambiente confinado, seja antes do início dos trabalhos seja no decorrer destes. Uma função secundária do insuflamento é melhorar as condições de conforto térmico dentro do local confinado.

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Há diversas maneiras de se utilizar os exaustores/insufladores sendo as principais as seguintes:

Equipamento posicionado fora do local de trabalho:

Insuflamento: exaustor captando ar limpo diretamente pela boca de sucção e insuflando o local confinado via mangueira Exaustão: exaustor captando ar contaminado de dentro do local confinado através de mangueiras e descarregando diretamente no ambiente externo. Neste caso o local confinado deve ter aberturas que permitam a entrada de ar limpo.

Equipamento posicionado dentro do local confinado:

Insuflamento: exaustor captando ar limpo do ambiente externo via mangueira e insuflando o local confinado com ou sem mangueira na descarga.

Exaustão: exaustor captando ar contaminado diretamente do local confinado e descarregando no ambiente externo através de mangueiras.

Os exaustores/insufladores também podem ser utilizados para exaustão localizada, ou seja, captando poluentes próximo ao ponto de geração.

O dimensionamento do equipamento (exaustor/insuflador) a ser utilizado deve levar em conta o número de trocas de ar necessárias dentro do local confinado para que se atinja as concentrações mínimas necessárias para a execução dos trabalhos, em condições seguras, dentro de um tempo desejado.

Essas concentrações são determinadas com base no limite de tolerância das substâncias tóxicas/perigosas á diluir. Desta forma a vazão necessária para promover a diluição de uma substância dentro de um tempo pré-determinado é:

Q = CL x V

LT x T

Onde: Q = Vazão requerida do equipamento (m3/h). CL = Concentração da substância tóxica e/ou perigosa na atmosfera do local confinado*. V = Volume do local confinado (m3). LT = Limite de tolerância da substância tóxica ou perigosa*. T = Tempo desejado para obtenção da diluição necessária (h).

*OBS.: ambas as grandezas deverão estar expressas na mesma unidade.

A vazão assim encontrada é a vazão recomendada para o equipamento de exaustão ou insuflamento, porém deve-se considerar que, no caso de substâncias com emissão contínua, o tempo necessário para diluição pode ser maior.

Além da vazão, é muito importante também que a pressão de trabalho do exaustor/insuflador seja adequada para o serviço a ser realizado. Para tanto, deve-se analisar não só a vazão nominal do equipamento mas a vazão de trabalho, quando este está sujeito às pressões (perda de carga) decorrentes de uso de mangueiras, tubulações e do próprio local confinado. Assim sendo, a menos que o local confinado ofereça boas condições de circulação do ar insuflado ou exaurido, recomenda-se usar exaustores centrífugos que oferecem maior pressão de trabalho.

Com relação aos sistemas de bloqueio e etiquetagem, previstos no item 33.3.2 acima, é importante destacar que devem ter um mínimo de planejamento para garantir que funcionem. Para tanto é necessário o seguinte:

Identificação de todos os pontos de bloqueio que serão necessários para isolamento de cada espaço confinado – válvulas, flanges, chaves, disjuntores, comportas etc; Análise do modo de falha de cada tipo de bloqueio, previsão e instalação de meios físicos ou implantação de procedimento de trabalho; Definição dos tipos e quantidades de cadeados e etiquetas; Aquisição dos cadeados e etiquetas, em quantidade para uso inicial mais um percentual para as reposições que ocorrerão ao longo do tempo; Preparação dos pontos para instalação dos cadeados em chaves, válvulas, painéis elétricos etc; Criação de regra de procedimento para instalação, retirada e/ou violação de cadeados e etiquetas.

Exemplos de Bloqueio, Trava e Etiquetagem

Utilização de exaustores e/ou insufladores em espaços confinados

Esquema de exaustão de fumos do espaço

confinado.

Utilização de exaustão localizada no processo de solda, capitando o poluente no exato momento de sua geração.

Exaustor e/ou insuflador Centrífugo

Page 6: NR 33

Para a avaliação inicial e o monitoramento previstos no item 33.3.2 acima, devem ser especificados e adquiridos instrumentos que possuam aprovação para áreas classificadas e que atinjam níveis de precisão de resposta compatíveis com a necessidade. Como os sensores dos medidores de gases tóxicos, combustíveis e oxigênio sofrem alterações e desgastes ao longo do tempo, devem ser previstas e realizadas calibrações periódicas e aferição anual, com substituição das partes desgastadas.

Espaços confinados onde é esperada a variação na concentração de oxigênio, gases tóxicos ou inflamáveis durante o tempo de permanência de pessoas, é indispensável o emprego de monitoradores dotados de sensores específicos e sistema de alarme sonoro, visual e vibratório e que deve ficar preso ao corpo das pessoas que permanecem na posição de maior risco.

Com relação ao monitoramento contínuo, da forma como está redigido o item 33.3.2 “h” acima, parece estar implícito que qualquer espaço confinado exigirá tal providência. Por outro lado, é preciso considerar que, se a análise preliminar de risco e as avaliações feitas antes da emissão da permissão de entrada e trabalho indicarem que não haverá a possibilidade de ocorrer a presença de contaminantes perigosos, vapores inflamáveis e/ou combustíveis, nem deficiência ou excesso de oxigênio, o monitoramento contínuo poderá ser dispensado. Na tabela 2 é apresentado um roteiro de decisão, em função da classe do espaço.

Tabela 2 – Exigência de Teste de Gás e Monitoramento

Para maior entendimento dos controles operacionais em espaços confinados sugere a leitura do livro Segurança na Armazenagem, Manuseio e Transporte de Produtos Perigosos do autor Giovanni Moraes (ver www.gerenciamentoverde.com.br)

Referência - Subitem 33.3.2.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Na maioria dos casos, a comunicação visual não será suficiente, sendo necessário utllizar rádios de comunicação. Existem situações em que o cabo de segurança poderá ser utilizado como forma de emitir sinais entre o trabalhador dentro do espaço e o observador externo.

Os rádios de comunicação usam baterias, desta forma, deve-se verificar junto ao fabricante se os mesmos são intrinsecamente seguros para que não se tornem uma fonte de ignição.

Como os rádios e acessórios são certificados como equipamento único, intercambiar peças de fabricantes diferentes poderá invalidar a sua aprovação como intrinsecamente seguro. Isto significa que peças de fabricantes diferentes não devem ser intercambiados.

Uma exceção pode ocorrer com alguns acessórios que são fabricados com certificados independentes permitindo que sejam utilizados em diversos modelos de rádios. O fabricante deverá identificar e m que tipo de equipamento o acessório poderá ser utilizado.

Equipamentos utilizados na movimentação vertical em espaços confinados

Referência - Subitem 33.3.2.2 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

ITEM CLASSE A CLASSE B CLASSE C 1 Teste de Gás Inicial X X X 2 Monitoramento X O O X = Exigido; O = Definido por Pessoa Qualificada

Tripe. Indicado para uso sobre bocais de acesso com até 1,1 m de diâmetro

Tripé. Indicado para uso sobre bocais de acesso com diâmetro superior a 1,1 m ou em beirais.

Monopé. Indicado para uso em bases previamente fixadas em beirais.

Cinto tipo Paraquedista Trava quedas com manivela de resgate

desativada Trava quedas com nmanivela de resgate

ativada

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Quando falamos em atmosferas inflamáveis, devemos mencionar imediatamente as técnicas de proteção que garantam um nível de segurança aceitável para as instalações em função da classificação das áreas que representam uma avaliação do risco devido à presença de misturas inflamáveis presentes no local de trabalho.

A classificação de área pode ser realizada através de uma representação gráfica, definindo o grau de risco em cada local. Essas recomendações são baseadas em normas internacionais, como, por exemplo, a IEC 79.10 e a NFPA 497. Os equipamentos elétricos para as áreas classificadas podem ser afetados pelas condições ambientais, como, por exemplo: umidade, acúmulo de poeira, corrosão, temperatura, pancadas mecânicas, ataque químico e radiação ultravioleta.

Os equipamentos e instrumentos acionados por corrente elétrica alternada ou contínua, quando aprovados para uso em áreas classificadas, recebem etiquetas ou gravações em seu corpo onde aparecem a Norma de referência, a classe, o grupo e divisão ou zona de risco para a qual foi homologado. Nas tabelas 3 e 4 é ilustrada a comparação entre os organismos mais referenciados internacionalmente (API/NEC1); (ABNT2); (IEC3). Na tabela 3 é ilustrada a classificação feita pelo API/NEC, em função do combustível envolvido na área classificada. [1] American Petroleum Institute/National Eletrical Code (USA) [2] NBR 5.418 – Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas

[3] International Eletrotechnical Commission - Norma 60079-10 - Classification of Hazardous Areas

Tabela 3 – Classificação da Área em Função do Combustível Presente (API/NEC)

Tabela 4 –Grupo e Zona - Comparativo Entre Classificação API/NEC e ABNT/IEC

As informações acima e o aparente excessivo detalhamento é, na verdade, muito importante para a especificação de instrumentos e a interpretação de dados fornecidos pelos fabricantes. Assim, a aquisição, recebimento e uso de instrumentos devem der condicionadas às especificações e os ambientes em que serão utilizados. Para a maioria dos ambientes das empresas, um instrumento aprovado para Classe I, Grupo D, Divisão I, ou zona equivalente, pode ser utilizado com segurança, exceto quando na atmosfera a ser testada podem estar presentes o Acetileno e o Hidrogênio.

É importante lembrar que um instrumento aprovado para uma Classe e um Grupo menor (API/NEC), pode ser utilizado nos maiores, ou seja: instrumentos aprovados para Classe I, Grupo A, pode ser utilizado no Grupo B, C etc.; aprovado para o Grupo B, pode ser utilizado no Grupo D e assim sucessivamente. Nas especificações e nas plaquetas colocadas nos instrumentos pelos fabricantes, aparecem as identificações constantes das tabelas acima e o nome de órgãos homologadores, tais como:

FM - Factory Mutual Research; CSA- Canadian Standards Association; UL - Underwrites Laboratories; ETL - Electrical Testing Laboratories; MSHA – Mine Safety and Health Administration: Além desses dados, aparecem nas plaquetas e especificações siglas que tem os significados da tabela 5.

Tabela 5– Tipo de Proteção e Simbologia

Todo trabalhador cuja função seja operar ou usar equipamento em serviço de manutenção, ou que esteja trabalhando próximo ou dentro do espaço confinado, deve ser envolvido e estar consciente dos procedimentos de bloqueio (lockout) e sinalização (tagout). A organização deve possuir procedimentos específicos e manter o pessoal treinado para este tipo de operação.

A entrada em espaços confinados somente deve ser liberada mediante o bloqueio dos dispositivos de religamento automático do sistema de válvulas de alimentação ou movimentação mecânica de equipamentos, como, por exemplo, sistemas de transferência, misturadores entre outros.

No caso de tubulações, as válvulas e conexões devem ser bloqueadas com cadeados e, caso seja necessário, deve ser utilizado sistema de raqueteamento nas tubulações. Apenas sinalizar o equipamento não elimina os riscos, o sistema deve ser impedido de qualquer movimentação acidental com as pessoas dentro do espaço confinado. Os procedimentos padrões para isolamento de sistemas energizados e equipamentos mecânicos são:

Referência - Subitem 33.3.2.3 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Nenhuma permissão de entrada deve ser liberada sem que ocorra um monitoramento e registro dos contaminantes atmosféricos. Os seguintes aspectos devem ser considerados:

Classe Grupo Substância A Acetileno B Hidrogênio, Butadieno, Óxido de Eteno, Óxido de Propileno, Gases

Manufaturados contendo mais de 30% em volume de Hidrogênio I C Acetaldeido, Éter Dietílico, Eteno, Dimetil Hidrazina, Hidrazina Assimétrica,

Ciclopropano, Monóxido de Carbono etc. D Acetona, Acrilonitrila, Amônia, Benzeno, Butano, Butanol, Gasolina, Nafta,

Propano, Propanol, Cloreto de Vinila, Metano, Hexano, Gás Natural etc. E Poeiras metálicas combustíveis, independentemente de sua resistividade.

II F Poeiras carbonáceas – carvão mineral, hulha ou poeira de coque, que tenha mais de 8% de material volátil total e tendo resistividade entre 102 e 108 Ω.cm

G Poeira combustível, com resistividade superior ou igual a 105 Ω.cm – farinha de trigo, ovo em pó, açúcar, goma arábica, celulose, vitamina B1 e C etc.

III - Fibras combustíveis – rayon, sisal, juta, fibras de madeira etc.

NORMA GAS OU VAPOR Grupo do Acetileno Grupo do

Hidrogênio Grupo do Eteno Grupo do Propano

ABNT/IEC Grupo II C Grupo II C Grupo II B Grupo II A API/NEC Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D

NORMA OCORRÊNCIA DE MISTURA INFLAMÁVEL Continuamente Em Operação Normal Sob Condição Anormal

ABNT/IEC Zona 0 Zona 1 Zona 2 API/NEC Divisão I Divisão II

Tipo de Proteção Simbologia Equipamento à Prova de Explosão Ex d Equipamento Pressurizado Ex p Equipamento Imerso em Óleo Ex o Equipamento Imerso em Areia Ex q Equipamento Imerso em Resina Ex m Equipamento de Segurança Aumentada Ex e Equipamento Não Acendível Ex n Equipamento Hermético Ex h Equipamento de Segurança Intrínseca Ex i Equipamento Especial Ex s

a) Desconectar ou isolaras tubulações que entram no espaço (raqueteamento);

b) Fechar e identificar as válvulas;

c) Usar bloqueio duplo e drenar o sistema;

d) Bloquear e sinalizar os circuitos elétricos existentes.

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Em algumas situações o monitoramento deverá ser contínuo, pois sempre deve ser considerada a possibilidade de um vazamento através das mangueiras de oxigênio e gás combustível dos equipamentos de solda ou corte, falhas no sistema de bloqueio do equipamento (raqueteamento), ar descontaminado pode ser acidentalmente trocado por gás inerte (nitrogênio) ou contaminantes tóxicos podem entrar dentro do espaço ou serem formados em função do aquecimento de borra s, dentre outras situações indesejáveis e nem sempre identificadas na reunião de planejamento de entrada.

Como as situações acima podem resultar em condições de risco grave e iminente deve constar do procedimento de entrada a reavaliação das condições de entrada através de avaliações periódicas ou monitoramento contínuo.

A melhor alternativa é usar instrumentos de leitura contínua e, desta forma, identificar e alertar imediatamente a ocorrência de alguns destes eventos indesejáveis, pois estes equipamentos possuem alarmes. Os aspectos complementares sobre moni-toramento serão abordados com mais profundidade nos ítens seguintes.

Referência - Subitem 33.3.2.4 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Os trabalhos a quente, tais como solda, queima, esmerilhamento, corte ou outros que liberem chama aberta, faíscas ou calor, somente poderão ser autorizados após a implantação de medidas especiais de controle.

Espaços confinados são encontrados numa grande variedade de tipo de atividades industriais, o que torna impossível listar todas as possibilidades. Na listagem abaixo, é possível relacionar uma série de atividades envolvendo espaços confinados onde os riscos mecânicos poderão estar presentes. São elas:

a) Limpeza para remoção de borra ou resíduos;

b) Inspeção da integridade física de equipamentos de processo;

c) Manutenção com aplicação de jateamento de material abrasivo ou pintura industrial;

d) Instalação, inspeção ou troca de válvulas, tubulações e bombas dentro de tanques de processo;

e) Reparo com solda ou corte oxi-combustível;

f) Ajustamento ou alinhamento dos dispositivos mecânicos dentro de tanques;

g) Verificação da leitura de nível, manômetros e outros indicadores de processo;

h) Resgate de trabalhadores acidentados dentro do espaço.

Um erro conceitual é considerar que a deficiência de oxigênio irá ocorrer apenas num espaço confinado fechado. Apesar das normas definirem um espaço confinado como um local com dificuldades de acesso, normalmente, existindo um local para a entrada e saída dos trabalhadores, podem existir ocasiões em que a deficiência de oxigênio pode ocorrer em local aberto.

Como exemplo, é possível citar uma despressurização de tanque de nitrogênio altamente refrigerado em área aberta. O nitrogênio líquido gera 700 vezes o seu volume quando evaporado. Nesta situação, bastará que o trabalhador respire duas vezes e desmaie, sem tempo para pedir por socorro.

Alguns locais abertos, como tanques de tratamento d´água, limpeza cáustica e ácida e entrada em poços de água, normalmente, não são considerados como espaços confinados. Da mesma forma, algumas atividades, como limpeza de grandes caixas d´água, são ignoradas quanto aos riscos de deficiência de oxigênio pelo simples fato de serem realizadas com o local aberto.

Mesmo numa galeria subterrânea, pode apresentar riscos envolvendo a concentração de gases ou vapores inflamáveis provenientes de vazamentos de tanques de estocagem existentes nos postos de gasolina ou tubulações de gás natural que seguem para as casas e condomínios de apartamentos.

A água da chuva pode carregar resíduos de gasolina dos postos para as caneletas de águas pluviais, acumulando vapores que podem se inflamar, resultando numa explosão confinada perigosa.

Em tubulações onde correm os cabos elétricos e de telecomunicações, além dos riscos oriundos das tubulações de gases, pode ocorrer a concentração de contaminantes atmosféricos provenientes da decomposição de matéria orgânica.

Referência - Subitem 33.3.2.5 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

Os riscos físicos, químicos, biológicos e mecânicos podem surgir nos espaços confinados durante as realizações dos trabalhos em seu interior. Muitas pessoas têm morrido asfixiadas, intoxicadas, soterradas, esmagadas ou eletrocutadas em função de um acionamento inadvertido de um sensor, abertura de uma válvula ou até mesmo devido a uma falha no raqueteamento (bloqueio).

Os extintores devem estar disponíveis no local para uso imediato em caso de uma emergência. A quantidade deve ser adequada ao risco existente no local e devem ser usados somente por pessoas treinadas em prevenção de combate a incêndio.

Na fase de antecipação, análise e controle dos riscos, descrita nos comentários do item 33.3.2 acima já foram descritos os principais riscos e as medidas de controle. Não devem ser esquecidos os riscos de inundação e soterramento, que normalmente são negligenciados, em função da maior atenção dedicada aos demais – incêndio, explosão, intoxicações etc.

Referência - Subitem 33.3.3 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

Não há dúvidas que o empregador deve estabelecer controles operacionais para garantir a segurança dos trabalhadores que realizam atividades em espaços confinados. De uma forma geral, estes controles operacionais podem ser identificados a partir da elaboração dos estudos de riscos feitos previamente. Os controles operacionais poderão evitar e/ou minimizar a possibilidade de ocorrência do acidente no espaço confinado. São exemplos de controles operacionais para espaços confinados:

a) Identificação e sinalização do espaço confinado;

b) Permissão para trabalho de risco e/ou permissão de entrada;

c) Reuniões de planejamento antes da entrada;

d) Reuniões informativas com a equipe de entrada;

a) Realizar os testes de liberação de área com oxímetro, explosímetro, e detectores de gases ou vapores tóxicos;

b) Isolar e ventilar o local para garantir os limites seguros de trabalho;

c) O monitoramento contínuo deve utilizar como parâmetro: percentual de oxigênio, limite inferior de inflamabilidade, presença de gases e vapores tóxicos;

d) Realizar testes e calibração dos instrumentos antes do monito-ramento;

e) Identificar a hora do teste e a assinatura da pessoa responsável.

Medição dos gases da atmosféra no espaço

confinado

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e) Sinalização e bloqueio de equipamento;

f) Monitoramento de contaminantes atmosféricos;

g) Limpeza e ventilação;

h) Treinamento e qualificação;

i) Plano de Emergência;

j) Trabalhos envolvendo Empresas Terceirizadas (Contratados).

A IN 01/94 que trata do PPR - Programa de Proteção Respiratória determina a realização de avaliação médica e psicológica para aqueles trabalhadores que irão usar EPR, de modo a identificar algum tipo de restrição de ordem médica. As diretrizes para garantir a segurança pessoal dos trabalhadores estão listadas abaixo:

a) Treinar e orientar os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco;

b) Identificar as responsabilidades do supervisor e do trabalhador envolvidos diretamente na operação;

c) Garantir que os trabalhadores tenham acesso aos seguintes equipamentos: EPI, ventilação, iluminação, rádio de comunicação, barreiras físicas, escada;

d) Identificar medidas necessárias para evitar a entrada não autorizada nos espaços confinados;

e) Garantir que pelo menos um trabalhador permaneça do lado de fora do espaço confinado, controlando a operação;

f) Monitorar continuamente as substâncias que causem asfixia, explosão, intoxicação no local confinado. Este monitoramento dever ser realizado por pessoa qualificada, sob supervisão de responsável técnico;

Detectando condições de risco durante a entrada no espaço, os trabalhadores devem ser retirados imediatamente. O empregador deve garantir o bloqueio destes locais para evitar a entrada de pessoas não autorizadas. O processo de identificação e controle dos riscos deve conter, no mínimo os seguintes aspectos:

a) Identificar: Reconhecer e identificar os espaços confinados. Os procedimentos de segurança que possam garantir que o ambiente propicia a presença humana devem ser seguidos;

b) Conferir: Monitorar o ambiente com instrumentos é a única maneira de saber se é possível a entrada com segurança em um espaço confinado. O equipamento deve estar calibrado, funcionando perfeitamente e ser usado de acordo com as instruções do fabricante;

c) Avaliar: Estar consciente dos riscos existentes e dos que podem se formar no ambiente, assegurando que os procedimentos de emergência são conhecidos por todos os envolvidos;

d) Resgatar: Nunca entrar ou tentar um resgate num espaço confinado sem o equipamento de resgate e individual, e sem a existência de um assistente.

Procedimentos de entrada em espaços confinados devem ser revistos quando da ocorrência das circunstâncias abaixo:

a) Entrada não autorizada num espaço confinado;

b) Identificação de riscos não descritos na Permissão de Entrada;

c) Acidente, incidente ou condição imprevista durante a entrada;

d) Qualquer mudança na atividade ou na configuração do espaço confinado;

e) Identificação de condição de trabalho mais segura.

O Programa de Prevenção de Acidentes em Espaços Confinados deve ser estruturado na forma de um documento onde constarão os objetivos, as atribuições e responsabilidades de cada área e/ou profissional envolvido. Além disso, deve integrar este documento a relação dos espaços confinados com suas respectivas identificações e localizações, classificação e tipo de sinalização. Para cada espaço e tipo de intervenção deve haver um procedimento ou instrução de trabalho prevendo todos os passos para execução, as atribuições e responsabilidades de cada envolvido e meios técnicos de controle.

Como o conteúdo dos procedimentos ou instruções de trabalho deve ser produzido inicialmente, revisado periodicamente e passado formalmente para todos os envolvidos, devem ser geradas cópias de todas as suas versões que ficarão arquivadas pelo prazo de 5 anos após sua geração. O conteúdo de todas as versões dos procedimentos ou instruções de trabalho deve ser passado formalmente aos envolvidos e, como comprovação, devem ser geradas listas de freqüência onde constarão o nome do programa, conteúdo, datas de execução, nomes e assinaturas dos instrutores e dos participantes. Estas listas devem ser guardadas pelo prazo mínimo de 5 anos, sendo recomendável que este prazo seja indeterminado. Para o caso dos instrumentos de medição e monitoramento, devem ser realizadas calibragens e aferições periódicas e guardados os certificados comprobatórios.

Como o subitem “L” acima explicita o termo “capacitação”, é recomendável que todos os trabalhadores que forem treinados respondam um questionário como prova de que compreenderam o assunto transmitido. Também é recomendável que uma cópia deste questionario seja arquivada na empresa no prontuário individual do trabalhador.

Finalmente, conforme previsto no subitem “p” acima, deve ser implementado um programa de proteção respiratória para todos os envolvidos que utilizarão este tipo de proteção. A Instrução Normativa nº 01 pode ser adotada como referência para execução de tal programa.

Referência - Subitem 33.3.3.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

A Permissão de Entrada e Trabalho de Risco ou simples Permissão para Trabalho (PT) é uma das rotinas mais importantes dentro do sistema de gestão de SMS, pois identificam a necessidade de determinados controles específicos para trabalhos não-rotineiros de alto risco foram implementados visando garantir a segurança da operação.

Este documento irá apresentar uma série de controles que irão minimizar a probabilidade de ocorrência de um acidente ou quase-acidente nos locais onde as atividades não rotineiras de risco estão sendo realizados. São exemplos de controles normalmente encontrados nestes documentos:

a) Sinalização e bloqueio de tubulações, equipamentos mecânicos e elétricos;

b) Utilização de equipamento de proteção respiratória;

c) Limpeza e descontaminação por inertização, lavagem, ventilação ou exaustão;

d) Disponibilidade de equipamentos para emergência e prevenção de incêndio;

e) Presença de observador externo, vigilante de solda, equipe de resgate e primeiros socorros;

f) Montagem de andaimes e uso de cinto de segurança;

g) Monitoramento de contaminantes atmosféricos e deficiência de oxigênio;

h) Reunião informativa sobre os riscos existentes;

i) Limitação do tempo de validade da permissão para trabalho com revalidação diária feita pelo supervisor responsável pela área.

A Permissão de Entrada e Trabalho é um documento formal, constituído por uma lista de verificação, de modo a garantir que nada será esquecido. Este controle deve informar aos trabalhadores não apenas os riscos esperados de estarem presentes, mas também as ações de bloqueio para minimizar a probabilidade de ocorrência das causas.

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Por ser um documento deve existir uma pessoa responsável pela sua elaboração e aprovação, normalmente o supervisor ou coordenador operacional responsável pela área. O responsável pela execução do trabalho deve participar do processo de preenchimento e aprovação. Este documento deve ficar postada no local onde o serviço será realizado.

A permissão de entrada e trabalho deve ser adaptada para a empresa e possuir 3 vias, sendo que uma delas necessariamente ficará no bloco e outra com o executante do trabalho. Antes da execução, todos os campos da permissão devem ser preenchidos e a autorização de execução deve ser feita através da colocação das assinaturas nos campos respectivos. Ao término ou nas interrupções prolongadas do trabalho a permissão deve ser encerrada, com a colocação de assinatura do executante na via do emitente e do emitente na via do executante. O bloco contendo pelo menos 1 das vias das permissões deve ser arquivado na empresa pelo prazo mínimo de 5 anos.

Referência - Subitem 33.3.3.2 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

No Brasil, as Normas da ABNT e o MTE têm caminhado para a padronização de uma lista de verificação, estabelecendo um conteúdo mínimo a ser considerado. Muitas empresas usam a Permissão Trabalho de Risco, incluindo os requisitos necessários para entrada em espaços confinados. Embora a prática não seja inadequada, a tendência é que sejam estabelecidos controles específicos, inseridos num documento chamado de Permissão de Entrada.

Referência - Subitem 33.3.3.3 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

A exposição aos contaminantes atmosféricos tem causado muitos acidentes fatais nos espaços confinados. Com exceção de alguns tipos de poeiras, a maioria dos contaminantes atmosféricos são invisíveis e causam efeitos nocivos também a saúde das pessoas expostas acima dos limites permitidos.

Estes riscos podem envolver deficiência ou excesso de oxigênio e/ou exposição aos gases e vapores inflamáveis e/ou tóxicos. A estratégia de amostragem deve incluir três aspectos básicos:

a) Identificar os contaminantes existentes no espaço;

b) Assegurar que os riscos foram eliminados antes da entrada no espaço;

c) Assegurar que novos riscos não estão presentes, após os controles adotados, através de um monitoramento contínuo.

O monitoramento deve ser realizado por uma pessoa treinada e familiarizada com os instrumentos e a metodologia de amostragem, baseado em normas reconhecidas, como por exemplo, as NHO13 (FUNDACENTRO), NIOSH, entre outras.

Referência - Subitem 33.3.3.4 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

A Permissão de Entrada deva ser válida somente para uma entrada, devendo ser revalidada para uma outra atividade, passagem de turno ou qualquer situação em que exista a possibilidade de mudança das condições iniciais em que o trabalho foi liberado. De uma forma geral, os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) Seguir o procedimento de emissão, uso e cancelamento de permissões de entrada;

b) Deve ser expedida para uma determinada atividade, para um local de trabalho específico e por um período de tempo determinado, não podendo exceder o tempo exigido para completar a tarefa;

c) Deve ser mantida na entrada do espaço ou, então, colocada à disposição de quem entrar nele;

d) Ser assinada, finalizada e/ou cancelada pelo supervisor. A permissão deve ser renovada no surgimento de novas condições;

e) Manter arquivada as permissões canceladas durante um determinado período não menor que um ano;

f) Garantir que todos os procedimentos de limpeza, ventilação e isolamento, foram realizados;

g) Assegurar a existência de um documento assinado por pessoas responsáveis pela realização do monitoramento ambiental;

h) Assegurar que todo o equipamento de emergência e de proteção individual esteja disponível e funcionando corretamente;

i) Planejar previamente todos os procedimentos de resgate.

Normalmente, as empresas usam formulários, em algumas vias, para garantir a implementação dos controles antes da entrada num espaço confinado. Este documento possui uma lista de verificação com situações de risco e controle previamente definidos.

O supervisor ou o responsável pelas ações de segurança podem estabelecer outras medidas preventivas que julgar necessárias para garantir a segurança da operação, além daquelas previamente estabelecidas na Permissão de Entrada. Seja qual for o caso, a entrada num espaço confinado deve ser precedida de requisitos básicos de segurança.

Referência - Subitem 33.3.3.5 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Administrativas

Os riscos em espaços confinados podem ser separados didaticamente em dois grandes grupos: riscos dinâmicos e estáticos. Os riscos estáticos são identificados previamente na permissão de entrada em espaços confinados. Em algumas organizações a permissão de entrada pode fazer parte da Permissão para Trabalho de Risco (PTR).

Os riscos dinâmicos são aqueles que podem ocorrer em função de aspectos não previstos e identificados na permissão para trabalho de risco. A forma mais eficaz para identificar os riscos dinâmicos é realizar uma análise preliminar de perigos (APP), muitas vezes chamadas de análise preliminar de risco (APR). A elaboração dos estudos de riscos visa auxiliar o preenchimento da PT, buscando identificar situações inerentes à atividade que será realizada.

Referência - Subitens 33.3.4 e 33.3.4.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

Como em toda atividade “industrial”, aplicam-se aqui os critérios previstos nos itens 9.1.3 e 9.3.5.6 da NR 9 – PPRA, ou seja: o Médico Examinador deve receber da área especializada (SESMT ou SESTR) a descrição dos locais de trabalho e dos riscos a que estão ou estarão expostos os trabalhadores. Os exames clínico e complementares devem contemplar o mínimo previsto para cada risco e o ASO deve conter todos os dados especificados na NR 7 e NR 31, ou seja;

Nome completo do trabalhador, número de sua identidade e sua função; Riscos ocupacionais a que está, esteve ou estará exposto; Indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido e a data em que foram realizados; Definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu; Data, nome, número de inscrição no Conselho Regional de Medicina e assinatura e carimbo do médico que realizou o exame.

A primeira via do ASO deverá ficar arquivada no estabelecimento, à disposição da fiscalização e a segunda será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via. Além das dosagens que normalmente são feitas como exames complementares, não podem ser esquecidos os riscos ergonômicos e os problemas relacionados a claustrofobia. Como é previsto que as pessoas utilizarão respiradores, parece inevitável que sejam submetidos também a espirometria e demais exames complementares.

Referência - Subitem 33.3.4.2 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

A seleção adequada do suprimento de primeiros socorros irá depender do tipo de cenário possível de ocorrer durante a entrada e/ou tipo de trabalho a ser realizado dentro do espaço confinado.

Nas empresas em que existe um rápido sistema de transporte do acidentado para um hospital especializado, os recursos de primeiros socorros poderão estar limitados a um nível mais elementar. Caso contrário estes recursos devem ser dimensionados para procedimentos médicos mais complexos, desde que a empresa possua médico e equipamentos ambulatoriais adequados.

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O dimensionamento destes recursos deve estar sob a responsabilidade de um médico do trabalho a serviço da empresa e familiarizado com os cenários de acidentes possíveis de ocorrer nos espaços confinados. O treinamento de primeiros socorros deve ser feito periodicamente por pessoal qualificado.

O empregador, ou seu representante legal, deverá providenciar treinamento inicial e periódico de tal forma que todos os trabalhadores envolvidos com a questão do espaço confinado adquiram capacitação, conhecimento e habilidades necessárias para o desempenho seguro de suas obrigações designadas;

Deverá ser realizado o trainamento sempre que houver uma razão para acreditar que existam desvios nos procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos dos trabalhadores não sejam adequados (insuficientes ou impróprios) ou no uso destes procedimentos.

O treinamento deverá estabelecer para o trabalhador proficiência nos deveres requeridos e introduzirá procedimentos novos ou revisados, sempre que necessário.

O empregador, ou seu representante legal, deverá assegurar que todos os Trabalhadores Autorizados conheçam os riscos e as medidas de prevenção que possam encontrar durante a entrada, incluindo informações sobre o modo, sinais ou sintomas e conseqüências da exposição, usem adequadamente os equipamentos e saibam operar os recursos de comunicação para permitir que o Vigia monitore a atuação dos trabalhadores e os alerte da necessidade de abandonar o espaço confinado;

Referência - Subitens 33.3.4.3 e 33.3.4.4 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

Os estudos de riscos operacionais (Análise de Risco da Tarefa e/ou Levantamento de Aspectos e Impactos) devem ser utilizados para identificar quais tarefas envolvem operações em espaços confinados visando estabelecer um programa de treinamento bem como estabelecer a implementação da permissão para trabalho e outras ferramentas de avaliação dos riscos.

Esta regra aplica-se a todo espaço identificado e/ou sinalizado que existir na empresa, mesmo que a entrada seja apenas para simples verificação ou inspeção.

Referência - Subitem 33.3.4.5 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

A organização deve manter sistema de reuniões de planejamento antes de liberar o trabalho em espaços confinados. A reunião de planejamento pode ocorrer em dias anteriores ao trabalho e deve contar com a presença do executante, caso este seja uma empresa contratada (terceirizada).

Nesta ocasião, podem ser realizados estudos de riscos (APR ou APP) antes da emissão da Permissão de Entrada. Os seguintes aspectos devem ser considerados nas reuniões de planejamento:

a) Identificar o local e o espaço confinado;

b) Justificar a realização do trabalho a ser executado;

c) Avaliar os riscos existentes no tipo de atividade a ser realizada;

d) Documentar as condições de entrada;

e) Definir a equipe de trabalho e verificar se todos possuem treinamento;

f) Limitar a validade da permissão de entrada e função da duração dos trabalhos;

g) Emitir permissão de trabalho adicional para atividades envolvendo solda e corte e trabalho em altura;

h) Informar os procedimentos adicionais necessários para garantir a segurança dos trabalhadores.

Segundo a ABNT os deveres do Supervisor de Entrada são:

Conhecer os riscos que possam ser encontrados durante a entrada, incluindo informação sobre o modo, sinais ou sintomas e conseqüências da exposição;

Conferir que tenham sido feitas entradas apropriadas segundo a Permissão de Entrada e que todos os testes especificados na permissão tenham sidoexecutados e que todos os procedimentos e equipamentos listados na permissão estejam no local antes que ocorra o endosso da permissão e permita que se inicie a entrada;

Cancelar os procedimentos de entrada e a Permissão de Entrada quando necessário;

Verificar se os Serviços de Emergência e Resgate estão disponíveis e que os meios para acioná-los estejam operantes;

Determinar, no caso de troca de turno do Vigia, que a responsabilidade pela continuidade da operação seja transferida para o próximo vigia.

Referência - Subitens 33.3.4.6 e 33.3.4.7 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

O observador externo não deve apenas saber quantas pessoas estão dentro do espaço confinado, mas, também, estabelecer um controle de entrada e saída, de modo a identificar quem ainda está no espaço. Uma das razões principais é garantir que os recursos humanos e materiais disponíveis são adequados e necessários para um eventual resgate.

Embora este tipo de controle possa parecer um pouco primário, numa situação de estresse durante uma emergência é possível que se perca o controle de quantas pessoas ainda permanecem dentro do espaço. Por isso, deve ser implementadas uma sistemática formal de controle com uma lista de verificação com o nome das pessoas. Outro motivo deste controle é não expor sem necessidade a equipe de resgate a entrar num espaço onde todas as pessoas já saíram por conta própria.

O controle de pessoas não autorizadas irá evitar que um determinado espaço seja liberado após uma emergência em função de uma lista de pessoas autorizadas previamente estabelecidas. Este tipo de erro fatalmente irá resultar em lesões graves ou morte.

As atribuições do supervisor de entrada e do vigia devem constar do procedimento ou instruções de trabalho.

Deveres dos Vigias segundo a ABNT:

Conhecer os riscos e as medidas de prevenção que possam ser enfrentados durante a entrada, incluindo informação sobre o modo, sinais ou sintomas e conseqüências da exposição.

Estar ciente dos riscos de exposição nos Trabalhadores Autorizados;

Manter continuamente uma contagem precisa do número de Trabalhadores Autorizados no espaço confinado e assegurar que os meios usados para identificar os trabalhadores autorizados sejam exatos na identificação dos trabalhadores que estão no espaço confinado;

Permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, durante as operações até que seja substituído por um outro Vigia;

Acionar a equipe de resgate quando necessário;

Operar os movimentadores de pessoas em situações normais ou de emergência;

Manter comunicação com os Trabalhadores para monitorar o estado deles e para alertá-los quanto à necessidade de abandonar o espaço confinado;

Não realizar outras tarefas que possam comprometer o dever primordial, que é o de monitorar e proteger os trabalhadores.

As atividades de monitoração dentro e fora do espaço determinam se há segurança para os trabalhadores permanecerem no interior do mesmo.

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Referência - Subitem 33.3.4.8 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

O maior problema envolvendo resgate dentro dos espaços confinados é que as pessoas localizadas fora do espaço não podem identificar o nível de incapacidade do acidentado.

Dependendo da gravidade da lesão, o trabalhador poderá morrer antes que alguém possa identificar o que realmente está ocorrendo de errado. Nos casos extremos, os acidentados não são achados a tempo de serem socorridos evitando a fatalidade.

Ao executar um trabalho em um espaço confinado, deve ser adotado, como princípio básico de segurança, a presença de um acompanhamento externo, de modo a manter um contato permanente durante todos os momentos em que houver presença humana dentro do local. Este observador externo deve:

a) Controlar quem está no espaço;

b) Manter as pessoas não autorizadas longe da área;

c) Manter contato verbal ou visual com os que estão dentro do espaço;

d) Reconhecer os primeiros sintomas de exposição a atmosferas perigosas;

e) Estar atento aos riscos dentro e fora do espaço confinado;

f) Manter livre o acesso dentro e fora do espaço confinado.

Referência - Subitem 33.3.4.9 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

A especificação dos equipamentos necessários para atendimento de emergência irá depender do tipo de acidente esperado de ocorrer. Por isso, mais uma vez, é fundamental a utilização de ferramentas e antecipação e identificação dos riscos para que seja possível não apenas especificar, mas, também, dimensionar os recursos adequadamente.

Os equipamentos para atendimento a emergência normalmente incluem, proteção autônoma, suprimento de primeiros socorros, extintores de incêndio, equipamento de comunicação e dispositivos para resgate de pessoas. Estes equipamentos devem estar separados e de fácil acesso em pequenas caixas fixas ou móveis.

Algumas organizações otimizam o uso destes equipamentos mobilizando-os de outras áreas quando for necessário entrar dentro do espaço confinado. Embora não exista nada que impeça a empresa de proceder desta forma, deve-se tomar o cuidado de não retirar estes equipamentos de locais onde eles são fundamentais para garantir a segurança de uma operação ou que possam ser usados em caso de emergência.

Por exemplo, não se deve retirar um equipamento de proteção autônoma de uma área onde existe a possibilidade de ocorrência de vazamento de um gás tóxico, pois deixará em descoberto os operadores no local. Da mesma forma, não se deve retirar um extintor de incêndio de uma área de estocagem de gases inflamáveis para ser utilizado durante uma atividade no espaço confinado.

Para serem eficazes, os equipamentos de resgate devem possuir dispositivos mecânicos que permitam a sua operação por apenas uma pessoa localizada fora do espaço. Estes dispositivos são constituídos por cabos e roldanas que distribuem a carga, tornando mais fácil o içamento do acidentado.

Na tabela 6 abaixo é apresentado um roteiro de decisões contendo os requisitos mínimos em função da classe do espaço confinado.

Tabela 6 – Requisitos Mínimos para Entrada e Trabalho em Espaços Confinados

Referência - Subitem 33.3.4.10 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Medidas Pessoais

Caso seja necessário entrar numa atmosfera IPVS é fundamental que um equipamento de proteção autônoma esteja disponível no local para cada uma das pessoas da equipe que irá entrar no espaço confinado. Em alguns casos, será necessário disponibilizar proteção autônoma com pequenos cilindros para abandono do local ou entrar apenas com mangueiras

Independente da forma como a empresa irá disponibilizar estes recursos, deve existir uma rotina de inspeção periódica destes equipamentos, bem como antes do seu uso, de modo a garantir que estejam em boas condições operacionais.

Para isso deve ser elaborada uma lista de verificação para estes equipamentos. Outra prática adotada é colocar uma lista de conteúdo nas caixas ou locais onde os mesmos são guardados.

Existem vários dispositivos especiais para resgate em espaços confinados, como, por exemplo, macas, ganchos de içamento dos cabos de segurança, entre outros. As macas normalmente são fabricadas de material plástico resistente com diversas cintas para manter a vítima bem fixada, permitindo o içamento na posição mais adequada, dependendo do tipo e forma do espaço.

REQUISITO CLASSE A CLASSE B CLASSE C 1 Permissão Escrita X X X

2 Teste de Gás X X X 3 Monitoramento X O O 4 Exames Médicos X X O 5 Pessoal Treinado X X X 6 Rotulagem e Avisos X X X 7 Preparação

• Isolamento, Bloqueio e Etiquetagem. X X O

• Drenagem e Ventilação X X O

• Limpeza Interna O O O

• Equipamentos e Ferramentas Especiais X X O

8 Procedimentos: • Plano Inicial X X X

• Prontidão X X O

• Comunicação e Observação X X X

• Salvamento X X X

• Trabalho X X X

9 EPI e Roupas • Cabeça O O O

• Ouvidos O O O

• Mãos O O O

• Pés O O O

• Corpo O O O

• Sistema Respiratório O O -

• Cinto de Segurança X X X

• Cinto e Corda X O -

10 Meios de Resgate X X X 11 Registros das Condições e Exposição X X - X = Exigido O = Definido por Pessoa Qualificada

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de ar mandado em locais apertados e/ou de difícil movimentação.

A inspeção destes equipamentos deve incluir: certificado do ar comprimido, inspeção e teste hidrostático dos cilindros, teste de vazamento das mangueiras e reguladores, limpeza da máscara facial, verificação do conteúdo de ar dentro do cilindro, operacionalidade do manômetro, integridade dos acessórios de fixação do equipamento, entre outros.

No caso das máscaras com filtro químico deve ser verificado o tipo adequado ao contaminante, validade colocação da máscara. Equipamentos utilizados por mais de uma pessoa devem ser higienizados e guardados em sacos plásticos.

Para o correto atendimento deste item é necessário, em primeiro lugar, entender o significado de “Atmosfera IPVS”. Conforme a própria definição dada pela NR 33, atmosfera IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde) é qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida ou produza imediato efeito debilitante à saúde. No Brasil não estão disponíveis valores de concentração de substâncias que caracterizariam uma atmosfera como IPVS. Como referência, pode ser consultada a base do NIOSH onde aparece a relação dos valores denominados IDLH – Immediately Dangerous to Life or Health (http://www.cdc.gov/Niosh/idlh/intridl4.html).

Outra condição que pode caracterizar uma atmosfera como IPVS é a deficiência de oxigênio. Como referência, pode ser consultado o resumo no arquivo Deficiência de Oxigênio. Finalmente, deve ser destacada a exigência de uso de cilindro auxiliar para escape, quando o entrante estiver utilizando respirador com linha de ar. Esta providência visa assegurar que, em caso de ruptura ou bloqueio da mangueira ou qualquer falha no sistema de suprimento de ar, o usuário tenha uma reserva suficiente para deixar o espaço sem risco.

Referência - Subitens 33.3.5 e 33.3.5.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

Qualquer programa de treinamento para espaço confinado deve ir além de uma reunião informativa, pois isso devem ser estabelecidas métodos e estratégias diferenciadas. Como o objetivo do treinamento não é apenas informar, mas garantir que as pessoas possam aplicar os novos conceitos, a verificação do aprendizado deve ser avaliada através de exercícios práticos.

A qualificação é uma forma especial de treinamento visando o atendimento de um requisito legal. Busca o desenvolvimento de habilidades capacitando o trabalhador para o exercício de uma atividade específica podendo utilizar os mesmos requisitos didáticos usados no treinamento convencional. A qualificação pode exigir uma avaliação do trabalhador visando garantir um nível de habilidade para a prática operacional.

Referência - Subitem 33.3.5.2 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

As reuniões informativas (Diálogos de Segurança - DDS) com a equipe de entrada podem ser utilizadas para repassar procedimentos operacionais e verificar se os controles existentes estão adequados aos riscos existentes no local. Nesta ocasião, o supervisor deve destacar que os aspectos de segurança não podem ser colocados em segundo plano. Os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) Nome e assinatura do supervisor que autorizou a entrada;

b) Verificar o nome das pessoas autorizadas a entrar no espaço, assistentes e supervisores de entrada;

c) Verificar se todos os presentes possuem treinamento para entrada em espaço confinado;

d) Nome e telefone dos serviços de resgate e de emergência, tais como ambulância, bombeiros e segurança;

e) Isolar o local, eliminar ou controlar os seus riscos;

f) Verificar com equipamento se foi realizado trabalho de limpeza e ventilação;

g) Especificar os recursos envolvendo: EPI, EPR, cabo guia, dispositivos de resgate, ferramentas não condutoras de eletricidade, aterramento (NBR 5410), iluminação à prova de explosão, extintores de incêndio, acompanhamento externo, equipamentos de comunicação portátil, entre outros;

h) Informações adicionais, a critério do empregador, específicas ao local ou ao trabalho.

Referência - Subitem 33.3.5.3 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

O treinamento teórico em sala é necessário para apresentar os assuntos sobre os riscos envolvendo os espaços confinados, programa de proteção respiratória, uso de equi-pamento de resgate e individual, bem como aspectos relacionados a primeiros socorros.

Referência - Subitem 33.3.5.4 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

Máscara com respirador de linha de ar

comprimido com cilíndro auxiliar para escape

Máscara autonôma de demanda com pressão positiva

Entretanto, como o treinamento busca desenvolver habilidades para atender emergências é fundamental que existam treinamentos práticos em campo.

Os trabalhadores precisam testar os equipamentos de emergência nos locais onde os mesmos poderiam ser utilizados para que possam sentir as dificuldades na prática. A maior dificuldade de aplicar os exercícios práticos está no fato das empresas não possuírem tanques de processo sem uso para treinamento. Algumas empresas têm optado por realizar estes treinamentos em e mpresas especializadas.

Os simulados do plano de emergência são importantes para descobrir erros de interpretação das pessoas, bem como identificar aspectos comportamentais que possam caracterizar limitações físicas e psicológicas relacionados ao uso de proteção respiratória, roupas protetoras e entrada nos espaços confinados, como, por exemplo, a existência de pessoas claustofóbicas.

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Independente dos controles existentes, somente trabalhadores treinados para resgate devem ser autorizados para realizar qualquer tipo de atividade em espaços confinados, seja como assistente, operador, supervisor de entrada ou equipe de resgate.

O instrutor deve usar recursos didáticos para garantir a máxima fixação das informações, envolvendo: reunião informativa, leitura de procedimentos, identificação das sinalizações, preenchimento conjunto da permissão de entrada, explicação sobre uso dos equipamentos de emergência e individual, explicação sobre os possíveis cenários de acidentes em função dos riscos das tarefas a serem realizadas, entre outros.

Referência - Subitem 33.3.5.5 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

Os trabalhadores designados para tarefas em espaço confinado devem ser treinados antes de serem destacados para este tipo de trabalho. O empregador deve ter a garantia da qualificação deles para o desempenho das tarefas de forma segura, bem como verificar a consciência sobre os riscos esperados em um espaço confinado.

As diferenças dos procedimentos entre as empresas irão influenciar na forma de estruturar o programa de treinamento. Em muitas organizações o supervisor será o responsável por realizar o sistema de sinalização e bloqueio de equipamentos elétricos ou mecânicos. Nestes casos, o treinamento deve incluir a apresentação destes procedimentos.

Nos casos em que o supervisor não é o responsável pelo processo de liberação do equipamento, ele deve ser capaz de identificar se o procedimento foi realizado adequadamente conforme os procedimentos internos.

Referência - Subitem 33.3.5.6 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

O supervisor de entrada deve verificar se a permissão de entrada foi preenchida corretamente e assinada pelos trabalhadores. Ele deve constatar que todas as medidas preventivas e/ou recomendações foram seguidas, além disso, deve verificar se os trabalhadores conhecem os procedimentos, métodos e práticas operacionais aplicáveis.

Os observadores externos devem estar conscientes que não devem entrar dentro do espaço confinado para prestar socorro até que a equipe de resgate chegue ao local com recursos apropriados. Mesmo assim, eles somente poder ão entrar no espaço caso sejam qualificados para atendimento a este tipo de emergência.

A reciclagem dos treinamentos se faz necessária em função das possíveis alterações nas tarefas a serem executadas, do sistema de emissão da permissão, da identificação de um novo risco, entre outros.

Referência - Subitens 33.3.5.7 a 33.3.5.8.1 - Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Capacitação para Trabalhos em Espaços Confinados

O empregador deve guardar as evidências do treinamento, na forma de lista de presença ou certificado. Estas evidências devem ficar disponíveis para futuras auditorias e/ou fiscalização. Recomenda-se emitir um certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo programático, a especificação do tipo de trabalho e espaço confinado, data e local do treinamento, assinaturas dos instrutores e do responsável técnico. Uma cópia do certificado deverá ser entregue ao trabalhador e outra arquivada na empresa.

A empresa contratante deve exigir o mesmo da empresa contratada. Quando esta não tiver recursos para ministrar os treinamentos, o contratante deve assumir esta responsabilidade. A capacitação deve ser assegurada pelo Responsável Técnico diretamente, ou por meio de pessoa por ele designada, desde que garantida a real proficiência dos instrutores.

Por se tratar de “capacitação”, cuja atribuição é do Responsável Técnico, é recomendável que sejam aplicados testes de verificação escrita com exigência de acerto de 100% das respostas. Os testes devem ser guardados por tempo indeterminado. Como conteúdo da prova de conhecimento devem ser incluídos todos os aspectos relevantes que permitam realmente comprovar que o treinando aprendeu e está “capacitado”.

Como a carga horária prevista para treinamento, tanto para os trabalhadores, quanto para os Vigias e Supervisores de Entrada, parece ser “exaustiva”, é desejável que o tempo seja distribuído entre discussões teóricas e “muita” prática nas condições reais de campo nos próprios espaços onde estes terão que entrar e trabalhar. Devem ser incluídas nas práticas de campo simulações de providências preliminares de isolamento e bloqueios, uso de instrumentos de medição e monitoramento, uso, cuidado e limitações de EPIs e resgate de vítimas. Para o caso do Supervisor de Entrada devem ser incluídos ainda exercícios práticos de preenchimento, encaminhamento e arquivo de permissão de entrada e trabalho e uso, cuidados, manutenção e limitações de medidores e monitoradores de gases e EPIs.

Referência - Ítem 33.4/Subitem 33.4.1 - Emergência e Salvamento

Independente dos controles sempre existirá a possibilidade de falha, seja humana ou de equipamento. Por isso, nunca deve ser descartada a necessidade de existir um plano de emergência com recursos humanos e materiais compatíveis com os riscos existentes no local ou na atividade a ser executada.

O plano de emergência deve prever controle dos riscos mecânicos, bloqueio de linhas de alimentação de fluidos, ventilação, uso de equipamento de emergência e individual, e monitoramento de ambiente. A primeira preocupação numa situação de emergência é garantir a segurança do pessoal de resgate e apoio à emergência.

Ninguém poderá ajudar outra pessoa se não tiver com a sua segurança garantida. Muitos acidentes fatais ocorrem com socorristas porque não possuíam recursos humanos e materiais para atuar com segurança na emergência.

A existência de uma equipe treinada para resgate em espaços confinados irá garantir um atendimento rápido e eficaz em caso de acidente. Lembre-se que o fator tempo é fundamental para evitar fatalidades ou seqüelas irreversíveis. Uma equipe treinada estará familiarizada com os espaços confinados existentes na unidade e saberá usar com, habilidade os equipamentos de resgate existentes para o resgate de pessoas acidentadas.

Lembre-se, o objetivo principal da equipe de emergência é garantir sua integridade física antes de socorrer as pessoas acidentadas, ninguém poderá ajudar alguém se não possuir equipamentos adequados para um resgate seguro. O treinamento da equipe de resgate deve incluir:

a) Apresentação dos riscos existentes nos espaços confinados;

b) Uso do sistema de comunicação;

c) Identificação das situações de abandono do local em caso de ocorrência de situações anormais que possam colocar em risco a equipe de emergência;

d) Uso adequado dos equipamentos de emergência;

e) Uso e limitações do EPR, em especial o equipamento de proteção autônoma;

f) Primeiros socorros com ressuscitação cardio-pulmonar, bem como prevenção de contaminação com sangue.

O supervisor deve verificar se o sistema de comunicação é entendido entre os membros da equipe e está funcionando a contento. Os trabalhadores devem reconhecer os sintomas de uma exposição aos contaminantes atmosféricos existentes.

O treinamento dos supervisores deve ser consistente com o nível de autoridade e responsabilidade estabelecido. Desta forma, o treinamento deve permitir a eles verificarem se a permissão de entrada foi preenchida corretamente, se os monitoramentos foram realizados por pessoal qualificado e se os equipamentos necessários estão disponíveis no local. As responsabilidades do supervisor de entrada devem ser reforçadas durante o treinamento.

Os observadores externos devem ser capazes de usar os equipamentos de resgate, por isso, são realizados exercícios práticos para desenvolver habilidades específicas no seu manuseio. Como regra geral, eles devem ser treinados em primeiros socorros com ressuscitamento cardiovascular e prevenção e combate a incêndios.

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O programa de treinamento deve incluir, pelo menos, um simulado anual com bonecos e pessoas a serem resgatadas em locais preparados. A equipe tem que sentir na prática as dificuldades que poderão ser encontradas. Podem ser fabricados réplicas de espaços confinados existentes na empresa para que a equipe desenvolva habilidades no uso dos equipamentos de resgate.

Referência - Subitem 33.4.2 - Emergência e Salvamento

Esta é a situação mais crítica, pois envolve espaços confinados, cuja a forma, tipo ou configuração irá impedir que o acidentado seja resgatado pelo cabo de segurança. Há situações em que existem vários acidentados dentro do espaço confinado, em que todos, ou somente alguns, poderão estar inconscientes.

Referência - Subitem 33.4.3 - Emergência e Salvamento

O risco permanecerá se a equipe de resgate não estiver consciente dos procedimentos a serem seguidos. A equipe de emergência deve estar consciente de que a emergência ocorreu porque algumas etapas de identificação dos riscos e procedimentos de entrada em espaços não foram atendidos. Os seguintes aspectos devem ser considerados baseado nas exigências da NR 18 (item 10.20.1).

Como os tipos de acidentes esperados e suas conseqüências serão identificados na fase de antecipação e análise de risco, devem ser previstos os procedimentos e recursos para resgate, primeiros socorros e remoção das possíveis vítimas. Devem ser esperadas queimaduras químicas e físicas, cortes e sangramentos, contusões simples e fraturas, choques elétricos, sufocações, afogamentos, parada respiratória e cardíaca etc.

Além das ocorrências esperadas devem ser avaliados os locais prováveis destas ocorrências. É necessário prever a seqüência do resgate, aplicação dos primeiros socorros e a remoção para o ambulatório da empresa ou para unidade de atendimento externo. Para tanto, devem ser verificadas e ajustadas as condições para entrada de socorristas e a saída do acidentado do espaço confinado. Bocas de visita estreitas demais não permitem a passagem de macas rígidas, pisos e passadiços elevados e estreitos dificultam a retirada e remoção de um acidentado e, portanto, devem ser preparados previamente para garantir a eficácia do atendimento.

Devem ser previstos os locais externos para encaminhamento de acidentados, tais como unidades especializadas para queimados, fraturas, problemas cardio-respiratórios etc. Deve ser preparada uma lista que deve ser atualizada permanentemente contendo os nomes, endereços e roteiros de acesso para cada entidade por especialidade. Finalmente, por tratar-se de matéria especializada, deve ser convocado um médico para definição dos procedimentos e especificação dos meios para resgate, atendimento e remoção, além do conteúdo teórico e prático do treinamento. Deve ser exigido também deste profissional a supervisão e/ou realização do próprio treinamento.

Conforme já detalhado no comentário após o item 33.5.8.1 acima, o treinamento deve ser realizado de forma teórica, acompanhado de exercícios em condições reais de campo ao final do qual deve ser aplicado um teste de conhecimento onde seja possível comprovar que o treinando entendeu o assunto ministrado. Cópia dos testes devem ficar arquivada por prazo indeterminado.

Referência - Ítem 33.5/Subitens 33.5.1 a 33.5.3 - Disposições Gerais

Estudos realizados pela OSHA e NIOSH sugerem que a maioria dos acidentes fatais envolvendo o resgate de acidentados dentro de espaços confinados poderiam ser evitados se uma ou várias das situações abaixo tivessem sido seguidas:

a) Não entrar no espaço a menos que seja estritamente necessário. Não existe situação que justifique expor mais uma pessoa ao risco se o resgate poderá ser feito pelo lado externo. Existem diversos acessórios de emergência que podem ser utilizados com segurança;

b) Esperar por ajuda da equipe de resgate. Caso seja realmente necessário entrar no espaço, os socorristas devem entrar apenas quando existir um número de pessoas necessário para efetuar a retirada do acidentado com segurança para todos;

c) Assumir que a atmosfera dentro do espaço é IPVS, a menos que exista um sistema de monitoramento contínuo do ambiente. Neste caso, deve ser utilizado equipamento de proteção autônoma;

d) Estabelecer um limite de pessoas que entrarão dentro do espaço, sempre considerando o mínimo de pessoas expostas possíveis;

e) Nunca confiar na capacidade de segurar a respiração, um sistema de ar mandado deverá estar disponível no local.

Os espaços confinados apresentam diversos riscos, por isso, o equipamento de proteção deve ser específico. Quando existirem dúvidas sobre os riscos deve-se estar preparado para as condições mais adversas.

Após o monitoramento é possível minimizar ou eliminar os riscos atmosféricos usando apenas a ventilação localizada e máscara com filtro químico. Em outros casos, será necessário o equipamento de proteção autônoma, luminárias à prova de explosão, cordas salva-vidas e roupas de proteção completas.

Mesmo que os riscos tenham sido eliminados é fundamental a existência de uma permissão de entrada para identificar a possibilidade de modificação do ambiente em função de uma fuga ou novos riscos gerados pela atividade a ser executada no espaço confinado.

ANEXO I

SINALIZAÇÃO

Sinalização para identificação de espaço confinado

Caso as vítimas não estejam respirando, o tempo para o resgate será fundamental, pois a deficiência de oxigênio de quatro a seis minutos poderá deixar seqüelas irreversíveis. Neste caso a equipe de emergência estará exposta aos riscos existentes dentro do espaço confinado da mesma forma que o acidentado.

A equipe de resgate estará submetida a um forte estresse, pois sabe que está correndo contra o tempo. Entretanto, não apenas o tempo é um fator limitante para o sucesso desta operação, mas também a existência de recursos humanos para ajudar a retirar a vítima do local.

A segunda categoria de emergência está relacionada com aquelas em que o trabalhador sofreu algum tipo de lesão, exigindo atendimento médico, mesmo a nível de primeiros socorros, como, por exemplo, contusões, cortes, torções ou pequenas fraturas. Nestes casos, o acidentado continua consciente e a gravidade de lesão não o impede de se movimentar e abandonar o local sem ajuda de terceiros.

a) Manter procedimento para acionamento de equipe de resgate em emergência em espaços confinados;

b) Procedimentos a serem seguidos pelo encarregado do monitoramento de vários espaços durante uma emergência em um ou mais desses espaços;

c) Para cada grupo de 20 trabalhadores, dois devem ser treinados para resgate;

d) Manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento de respiração autônoma para resgate;

e) Utilizar cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que possibilite meios seguros de resgate.

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ANEXO II

Permissão de Entrada e Trabalho - PET

Modelo de caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço Confinado

ANEXO III

Glossário

Abertura de linha: abertura intencional de um duto, tubo, linha, tubulação que está sendo utilizada ou foi utilizada para transportar materiais tóxicos, inflamáveis, corrosivos, gás, ou qualquer fluido em pressões ou temperaturas capazes de causar danos materiais ou pessoais visando a eliminar energias perigosas para o trabalho seguro em espaços confinados.

Alívio: o mesmo que abertura de linha.

Análise Preliminar de Risco (APR): avaliação inicial dos riscos potenciais, suas causas, conseqüências e medidas de controle.

Área Classificada: área potencialmente explosiva ou com risco de explosão.

Atmosfera IPVS - Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde: qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida ou produza imediato efeito debilitante à saúde.

Avaliações iniciais da atmosfera: conjunto de medições preliminares realizadas na atmosfera do espaço confinado.

Base técnica: conjunto de normas, artigos, livros, procedimentos de segurança de trabalho, e demais documentos técnicos utilizados para implementar o Sistema de Permissão de Entrada e Trabalho em espaços confinados.

Bloqueio: dispositivo que impede a liberação de energias perigosas tais como: pressão, vapor, fluidos, combustíveis, água e outros visando à contenção de energias perigosas para trabalho seguro em espaços confinados.

Chama aberta: mistura de gases incandescentes emitindo energia, que é também denominada chama ou fogo.

Condição IPVS: Qualquer condição que coloque um risco imediato de morte ou que possa resultar em efeitos à saúde irreversíveis ou imediatamente severos ou que possa resultar em dano ocular, irritação ou outras condições que possam impedir a saída de um espaço confinado.

Contaminantes: gases, vapores, névoas, fumos e poeiras presentes na atmosfera do espaço confinado.

Deficiência de Oxigênio: atmosfera contendo menos de 20,9% de oxigênio em volume na pressão atmosférica normal, a não ser que a redução do percentual seja devidamente monitorada e controlada.

Engolfamento: é o envolvimento e a captura de uma pessoa por líquidos ou sólidos finamente divididos.

Enriquecimento de Oxigênio: atmosfera contendo mais de 23% de oxigênio em volume.

Etiquetagem: colocação de rótulo num dispositivo isolador de energia para indicar que o dispositivo e o equipamento a ser controlado não podem ser utilizados até a sua remoção.

Faísca: partícula candente gerada no processo de esmerilhamento, polimento, corte ou solda.

Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados: conjunto de medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e coletivas necessárias para garantir o trabalho seguro em espaços confinados.

Inertização: deslocamento da atmosfera existente em um espaço confinado por um gás inerte, resultando numa atmosfera não combustível e com deficiência de oxigênio.

Intrinsecamente Seguro: situação em que o equipamento não pode liberar energia elétrica ou térmica suficientes para, em condições normais ou anormais, causar a ignição de uma dada atmosfera explosiva, conforme expresso no certificado de conformidade do equipamento.

Lacre: braçadeira ou outro dispositivo que precise ser rompido para abrir um equipamento.

Leitura direta: dispositivo ou equipamento que permite realizar leituras de contaminantes em tempo real.

Medidas especiais de controle: medidas adicionais de controle necessárias para permitir a entrada e o trabalho em espaços confinados em situações peculiares, tais como trabalhos a quente, atmosferas IPVS ou outras.

Ordem de Bloqueio: ordem de suspensão de operação normal do espaço confinado.

Ordem de Liberação: ordem de reativação de operação normal do espaço confinado.

Oxigênio puro: atmosfera contendo somente oxigênio (100%).

Permissão de Entrada e Trabalho (PET): documento escrito contendo o conjunto de medidas de controle visando à entrada e desenvolvimento de trabalho seguro, além de medidas de emergência e resgate em espaços confinados.

Proficiência: competência, aptidão, capacitação e habilidade aliadas à experiência.

Programa de Proteção Respiratória: conjunto de medidas práticas e administrativas necessárias para proteger a saúde do trabalhador pela seleção adequada e uso correto dos respiradores.

Purga: método de limpeza que torna a atmosfera interior do espaço confinado isenta de gases, vapores e outras impurezas indesejáveis através de ventilação ou lavagem com água ou vapor.

Quase-acidente: qualquer evento não programado que possa indicar a possibilidade de ocorrência de acidente.

Responsável Técnico: profissional habilitado para identificar os espaços confinados existentes na empresa e elaborar as medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e resgate.

Risco Grave e Iminente: Qualquer condição que possa causar acidente de trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do trabalhador.

Riscos psicossociais: influência na saúde mental dos trabalhadores, provocada pelas tensões da vida diária, pressão do trabalho e outros fatores adversos.

Salvamento: procedimento operacional padronizado, realizado por equipe com conhecimento técnico especializado, para resgatar e prestar os primeiros socorros a trabalhadores em caso de emergência.

Sistema de Permissão de Entrada em Espaços Confinados: procedimento escrito para preparar uma Permissão de Entrada e Trabalho (PET).

Supervisor de Entrada: pessoa capacitada para operar a permissão de entrada com responsabilidade para preencher e assinar a Permissão de Entrada e Trabalho (PET) para o desenvolvimento de entrada e

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trabalho seguro no interior de espaços confinados.

Trabalhador autorizado: trabalhador capacitado para entrar no espaço confinado, ciente dos seus direitos e deveres e com conhecimento dos riscos e das medidas de controle existentes.

Trava: dispositivo (como chave ou cadeado) utilizado para garantir isolamento de dispositivos que possam liberar energia elétrica ou mecânica de forma acidental.

Vigia: trabalhador designado para permanecer fora do espaço confinado e que é responsável pelo acompanhamento, comunicação e ordem de abandono para os trabalhadores.

(D.O. 27/12/2006)