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Page 1: Novo bispo · 04 - Editorial: Octávio Carmo 06 - Foto da semana 07 - Citações 08 - Nacional 14 - Internacional 24 - Opinião: D. José Cordeiro 28 - Opinião: LOC/MTC
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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional24 - Opinião: D. José Cordeiro28 - Opinião: LOC/MTC30 - Semana de.. Sónia Neves32 - Dossier Luto e Santidade

34 - Entrevista D. José Saraiva Martins56- Multimédia58- Estante60 - Concílio Vaticano II62- Agenda64 - Por estes dias66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Ano da Vida Consagrada74 - Fundação AIS76 - Lusofonias Tony Neves

Foto da capa: D. R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Sínodo deixa

desafios à Igreja[ver+]

Novo bispoordenado emSetúbal[ver+]

Luto e santidade[ver+]

D. José Cordeiro| Octávio Carmo Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony

Neves |LOC/MTC | FernandoCassola Marques| Sónia Neves

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O Sínodo e o futuro

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O Sínodo dos Bispos sobre a família chegou aofim, após um processo de dois anos queenvolveu centenas de milhares de pessoasdesde que foram enviados os questionários àscomunidades católicas, em 2013. O relatório finalfoi aprovado, ponto a ponto, depois de trêssemanas em que muitas vezes houvedesinformação e mesmo calúnia no confrontomediático - algo que deixou o Papa visivelmenteincomodado, como se viu no seu discursoconclusivo.A ideia de que um processo tão longo, sobre umtema amplo e delicado, com várias sensibilidades- teológicas e geográficas -, poderia serconduzido sem sobressaltos é pouco menos doque ingénua. Francisco tem vocação de líder,sem medo da confusão ou do imprevisível, masnem todos somos capazes do mesmo e foi nestecontexto que muitos se viram apanhados emcontramão - não só entre os participantes,confesse-se.Este Sínodo, nos seus novos moldes, teve váriosméritos, a começar pelo facto de ter obrigado aIgreja Católica, no seu todo, a discutir a família, aaprender com outros contextos e a reafirmar osseus princípios fundamentais, procurando umalinguagem que os torne compreensíveis noscinco continentes. A assembleia sinodal seráhoje, talvez, uma experiência menos formal, masa opinião dominante é que se trata de umavivência mais rica, partilhada e desafiante. Olema ‘falar com coragem e ouvir com humildade’que o Papa foi repetindo parece ser agora amarca da atividade

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desta reunião global de bispos -veremos quais serão as suasetapas seguintes.É inegável que o debate sobre afamília gerou tensões,potencialmente fraturantes, queparecem persistir nalguns temas.Resta saber como se comportarãoas comunidades católicas noacolhimento das propostas sinodaise se estas vão mesmo seranalisadas à luz do que está escritoe da reflexão que foi feita - mais doque debatendo o mérito desta ouaquela figura, deste

ou daquele grupo linguístico.Um sinal particularmente inquietantedestes dias foi o regresso dojornalismo ‘vatileaks’, feito na lama esem preocupações de verdade, aoserviço de interesses particulares enuma subserviência cega às“fontes”. Para já, os mentores damais recente polémica não meparecem particularmente brilhantes:se a ideia era fragilizar a imagem deFrancisco, com a invenção de umadoença grave, estou certo de quesó conseguiram tornar o Papa aindamais forte.

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Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov para a Liberdade dePensamento ao escritor e blogger saudita Raif Badawi condenado a 10 anosde prisão e mil chicotadas – ao ritmo de 50 por semana – na Arábia Saudita,

por alegado insulto ao islão.

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"Badawi é um homem muito corajoso,exemplar, a quem foi infligido uma daspenas mais brutais." Presidente doParlamento Europeu, Martin Schulz, emPúblico, 29 out 2015 “Por causa da violência e do terrorismo,difundiu-se uma atitude de suspeita oumesmo de condenação das religiões.Ainda que nenhuma religião esteja imuneao risco de derivações fundamentalistasou extremistas em indivíduos ou grupos,é preciso olhar para os valores positivosque elas vivem e propõem." PapaFrancisco numa audiência geral inter-religiosa; em Agência Eccclesia, 28 out2015 “A China vai permitir que todos os casaistenham dois filhos, abandonando apolítica do filho único”, divulgou aagência oficial noticiosa chinesa Xinhuasobre uma decisão da direção do PartidoComunista Chinês; em Jornal de Negócio,29 out 2015 "Aquilo que havia a dizer sobre esseassunto já disse na intervenção que euproduzi que foi muito clara e não estouarrependido nem de uma única linha detudo aquilo que eu disse", Presidente daRepública, Aníbal Cavaco Silva, sobre aindigitação do Primeiro-Ministrorecusando a ideia de um discurso de"seita ou partidário" , em RTP, 28 out2015.

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Novo bispo foi ordenado em SetúbalD. José Ornelas, novo bispo deSetúbal, afirmou na primeirasaudação aos diocesanos quedeseja ser acolhido “como irmão ecomo um dom”, numa novacomunidade que “não é nem querser” uma “organização fechada”.“Peço, pois, que me aceiteis comoirmão e como um dom. Esses são ossentimentos mais verdadeiros paraconvosco”, disse este domingo, nofim da celebração de ordenaçãoepiscopal.“A vós, pois, caros irmãos e irmãsdesta Igreja de Deus em Setúbal,peço licença! Peço-vos licença paraentrar e fazer parte da vossacomunidade. E peço igualmente queme acolhais como irmão”,acrescentou.Para D. José Ornelas, “Igreja não énem quer ser uma organizaçãofechada em si mesma”. “Temos ogosto de ser parte da Igreja deDeus que se estende pelo mundointeiro”, recordou o bispo deSetúbal.Para o novo bispo da região sadina,a Igreja enfrenta o desafio de nãopensar “apenas em si própria”, masabrir “os olhos e o coração” e sair“ao encontro dos que maisprecisam”. D. José Ornelasrecordou o encontro com o PapaFrancisco em que

lhe pediu para “ser missionário emSetúbal”.D. José Ornelas foi nomeado peloPapa Francisco com terceiro bispoda Diocese de Setúbal no dia 24 deagosto de 2015, sucedendo a D.Gilberto Reis, bispo desde 1998, e aD. Manuel Martins, responsável peladiocese deste o ano da criação,1975, até 1998.Superior geral dos Sacerdotes doCoração de Jesus (Dehonianos)entre 2013 e 2015, D. José Ornelastem 61 anos, é natural da Madeira,foi ordenado sacerdote em 1981 edepois foi professor de CiênciasBíblicas na Universidade CatólicaPortuguesa, área em que sedoutorou em 1997.O ouro que está no centro do anelepiscopal do novo bispo de Setúbalé das alianças do casamento dospais de D. José Ornelas, revelou opróprio à Agência ECCLESIA.Na homilia da celebração, o cardeal-patriarca de Lisboa disse que osdiocesanos de Setúbal podemcontar com os “comprovadostalentos” do novo bispo. D. ManuelClemente, ordenante principal nacerimónia que decorreu na Sé deSetúbal, assinalou os 40 anos desteterritório eclesial,

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afirmando que a Igreja sadinamantém uma “marca grande” que osbispos anteriores deixaram.Já na segunda-feira, D. ManuelMartins celebrou o 40.º aniversáriode ordenação episcopal e afirmouna homilia da Missa que tem“permanentemente” saudade dadiocese e que o desafio cristão é

construir fraternidade e cumprir osdireitos humanos.Nesse mesmo dia, centenas demilitares da Base Aérea do Montijo,na Diocese de Setúbal, acolheram aimagem peregrina de NossaSenhora de Fátima, no âmbito davisita que esta tem vindo a realizar atodas as regiões do país.

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Patriarca pede que políticosdecidam em consciênciaO cardeal-patriarca disse hoje queas decisões sobre o novo Governoforam tomadas “em consciência”pelo presidente da República,Aníbal Cavaco Silva, esperando quetodos os responsáveis político ofaçam, em favor do “bem comum”.“Ele é um protagonista muitoimportante da vida política. Háoutros protagonistas - a Assembleiada República, os tribunais, asinstituições em geral: tomemtambém as suas decisões emconsciência e sempre tendo emvista o bem comum”, apelou, emconferência de imprensa quedecorreu no Patriarcado de Lisboa.O presidente da República recebeuesta terça-feira, em audiência, oprimeiro-ministro indigitado, PedroPassos Coelho, tendo dado o seuacordo à proposta de constituiçãodo XX Governo Constitucional, quenão tem maioria absoluta noParlamento.Questionado sobre esta decisão, opatriarca de Lisboa sustentou queAníbal Cavaco Silva fez a “leitura”da atual situação “que emconsciência achou que devia fazer”. D. Manuel Clemente sustentou queaqueles que se dizem católicos, “em

todas as forças políticas”, e os queconfessam a sua admiração peloPapa Francisco devem apresentarpropostas inspiradas nestes valores.“Se há, neste momento e nasociedade portuguesa, em todas asforças políticas pessoas que sedizem admiradoras do PapaFrancisco e até católicas, levem issoà consequência, na perspetivapartidária de cada um, que élegítima”, sublinhou o presidente daConferência Episcopal Portuguesa(CEP).O cardeal-patriarca realçou que emtodos os quadrantes tem havidopessoas que “valorizam muito o queo Papa Francisco tem dito, tem feito”“Tomem mesmo em conta, emdevida conta e aplicação concreta oque o Papa Francisco tem dito”,pediu.

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Vidas à espera do fim da guerra

Numa das zonas onde se encontrammais refugiados, junto à fronteiracom a Síria - Vale de Bekka - aCáritas Portuguesa visitou Zahlé,cidade onde, no próximo ano, vaidesenvolver um projeto que resultado protocolo assinado com a CáritasLibanesa, integrado no âmbito doPrograma “PAR Linha da Frente”.Este projeto tem como objetivoapoiar 930 pessoas, entrerefugiados sírios e iraquianos ealgumas famílias libanesas, deforma a promover a sua estabilidadee dignidade, através da assistênciahumanitária.O presidente da Cáritas Libanesadisse à Agência ECCLESIA que acomunidade internacional devefazer “pressão” para que a guerratermine, pare o tráfico de armas einiciem negociações de paz quedevolvam

o sorriso às pessoas. “É preciso quea Comunidade Internacional tome assuas responsabilidades concretas efaça uma pressão sobre os Estadosque geram esta guerra”, afirmouPaul Karam em Beirute, capital doLíbano.“Antes de tudo é preciso parar aguerra. Depois é preciso parar otráfico de armas, é preciso encorajaras pessoas a se sentarem à volta deuma mesa e negociarem a paz, apaz que assenta na justiça, queaceita o outro”, insistiu o presidenteda Cáritas Libanesa.Para Paul Karam, a “emigração nãoresolve o problema”, antes a criaçãode condições para que as pessoaspermaneçam nas suas terras. “Oque resolve o problema é parar aguerra onde ela existe e tentardeixar as pessoas onde estão. Issoé mais importante”, sublinhou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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40.º aniversário de ordenação episcopal de D. Manuel Martins

Diocese de Setúbal, um novo bispo

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SINODO 2015

Uma Igreja para as famílias,ao lado de cada pessoaO Papa encerrou este sábado ostrabalhos do Sínodo dos Bispossobre a família e disse que asúltimas três semanas abriram“novos horizontes” na vida da Igreja,que recusam uma linguagemcondenatória. “Procuramos abrir oshorizontes para superar qualquerhermenêutica conspiratória ouperspetiva fechada, para defender edifundir a liberdade dos filhos deDeus, para transmitir a beleza daNovidade cristã, por vezes cobertapela ferrugem duma linguagemarcaica ou simplesmenteincompreensível”, declarouFrancisco, numa intervenção àporta fechada, posteriormentepublicada pela sala de imprensa daSanta Sé.Perante 265 participantes comdireito a voto, entre eles D. ManuelClemente e D. Antonino Dias, dePortugal, o Papa declarou que “oprimeiro dever da Igreja não éaplicar condenações ou anátemas,mas proclamar a misericórdia deDeus”.“A experiência do Sínodo fez-noscompreender melhor também queos verdadeiros defensores dadoutrina não são os que defendema letra, mas o espírito; não asideias, mas

o homem; não as fórmulas, mas agratuidade do amor de Deus e doseu perdão”, precisou.Francisco apresentou uma reflexãosobre o que deve significar para aIgreja “encerrar este Sínododedicado à família”, que desde 2013incluiu questionários àscomunidades católicas, uma reuniãoextraordinária de bispos (2014) e a14ª assembleia geral ordinária, quese concluiu oficialmente estedomingo, com a Missa na Basílicade São Pedro.Já nesta celebração, o Papa alertoupara a tentação de uma “fé pré-programada” que ignora osofrimento alheio em função da suaprópria agenda. "Uma fé que nãosabe radicar-se na vida daspessoas, permanece árida e, em vezde oásis, cria outros desertos",disse, na homilia da Missa.Francisco partiu do relato da curade um cego, por Jesus, pararecordar que perante o sofrimentode Bartimeu “nenhum dos discípulospara”, mas “continuam a caminhar,avançam como se nada fosse”. “SeBartimeu é cego, eles são surdos: oseu problema não é problema deles.Esse pode ser o nosso risco: faceaos problemas

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contínuos, o melhor é seguir emfrente, sem deixar-se perturbar”,advertiu.Neste contexto, a homilia falou numa“fé pré-programada”, em que cadaum já tem a sua agenda própria, “onde tudo está previsto”. “Sabemospara onde ir e quanto tempo gastar;todos devem respeitar os nossosritmos e qualquer inconvenienteperturba-nos. Corremos o risco denos tornarmos como «muitos» doEvangelho que perdem a paciênciae repreendem Bartimeu”, precisou.

Em vez de rejeitar quem incomoda,Jesus quer “incluir, sobretudo quemestá relegado para a margem e gritapor Ele”.Perante os “irmãos sinodais”,cardeais, patriarcas, arcebispos,bispos e padres que participaram na14ª assembleia geral do Sínodo, oPapa elogiou o caminho que todosfizeram “juntos”.“Sem nos deixarmos jamais ofuscarpelo pessimismo e pelo pecado,procuremos e vejamos a glória deDeus que resplandece no homemvivo”, apelou.

foto: Ricardo Perna

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SINODO 2015

As propostas do Sínodo ao Papa

Os participantes no Sínodo dosBispos propuseram um “caminho dediscernimento” para os católicosdivorciados que voltaram a casarcivilmente, no relatório final dostrabalhos. O texto entregue ao Paparefere que é missão dos padres“acompanhar as pessoas nocaminho do discernimento segundoo

ensinamento da Igreja e asorientações do bispo”.Na conclusão de três semanas detrabalho sobre a família, 178 dos265 participantes que votaram estatarde (mais um voto do que osnecessários para a maioria de doisterços), aprovaram o número 85, emque se apela a um “exame deconsciência”

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das pessoas em causa sobre aforma como trataram os seus filhosou como viveram a “crise conjugal”.O documento questiona ainda sehouve “tentativas de reconciliação”,qual a situação do “cônjugeabandonado” e quais asconsequências da nova relação“sobre o resto da família e acomunidade dos fiéis”. “Umareflexão sincera pode reforçar amisericórdia de Deus, que não énegada a ninguém”.Este relatório não abordadiretamente a possibilidade deacesso à Comunhão pelosdivorciados recasados, que énegada pela Igreja Católica.O texto apresenta os “grandesvalores” do matrimónio e da famíliacristã como respostas aos anseiosda humanidade num tempo de“individualismo” e “hedonismo”. “Afamília baseada sobre o matrimóniodo homem e da mulher é o lugarmagnífico e insubstituível do amorpessoal que transmite a vida”,refere o documento conclusivo, com94 pontos.Ali se propõe uma aposta mais sériana ação da Igreja Católica arespeito da preparação para oMatrimónio e dos jovens casais. “OMatrimónio cristão não se podereduzir a uma

tradição cultural ou a umasimples convenção jurídica: é umverdadeiro chamamento de Deusque exige discernimento atento,oração constante e amadurecimentoadequado”.Os participantes na assembleiasinodal propõem a criação de“percursos formativos” queacompanhem os jovens católicos,tanto numa preparação “remota”para o casamento, que começa emcada família, como na catequese“pré-matrimonial” e a preparação“próxima” para a celebração dosacramento.O relatório final contesta ainda aspolíticas e os sistemas económicoscontrários às famílias, em particularas que vivem em situações depobreza e exclusão. “A hegemoniacrescente da lógica do mercado,que mortifica os espaços e ostempos de uma verdadeira vidafamiliar, concorre para agravardiscriminações, pobrezas, exclusõese violência”, alerta.O Sínodo dos Bispos sobre a famíliadeixou uma mensagem desolidariedade às vítimas de violênciadoméstica e de maus-tratos, alémde reafirmar “tolerância zero” paracasos de abusos sexuais.

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SINODO 2015

Trabalhos valorizaramacompanhamento das famíliasO cardeal-patriarca de Lisboamostrou-se “muito satisfeito” com ostrabalhos do Sínodo dos Bispos,que chegaram ao fim com aapresentação ao Papa de umrelatório que aposta noacompanhamento de cada família.“Temos de dar muito maisimportância às famílias, àpreparação para o matrimónio, aoacompanhamento das famíliascristãs, mesmo aquelas que vivemem rutura, para vermos o quepodemos consertar com a ajuda detodos”, disse no Vaticano, após avotação do relatório final, com 94pontos aprovados na sua totalidadepor maioria de dois terços.Segundo o presidente daConferência Episcopal Portuguesa,nas situações em que não sejapossível “recuperar” a relaçãoanterior, a Igreja deve continuar aconsiderar as pessoas envolvidascomo “irmãos e irmãs, batizados quetêm o seu lugar na comunidadecristã”. A respeito do possível acesso àComunhão dos católicosdivorciados

que voltaram a casar civilmente, D.Manuel Clemente observou que otema não foi tão tratado como nareunião extraordinário do Sínodo,em 2014, porque “a comunhãosacramental tem a ver com avalidade do vínculo e a atenção aesse nexo é que fica aqui maisvincada e mais redobrada”.“Se realmente a família é assim tãoimportante, vamos dar-lhe aimportância que ela tem, quer napreparação, quer noacompanhamento daqueles que jánão vivem a família como acomeçaram dantes, para todos umaatenção redobrada porque o seupapel é indispensável para a Igrejae para a sociedade”, prosseguiu.

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Preparação para o Matrimónioé prioridade depois do SínodoO presidente da ComissãoEpiscopal do Laicado e Família(CELF), D. Antonino Dias, escolhe apreparação “mais insistente epermanente” para o Matrimóniocomo uma das prioridades depoisdo Sínodo dos Bispos que decorreuno Vaticano. “É uma área ondeprecisamos de investir muito,porque muita gente se aproxima dosacramento sem fazer ideia do queisso é. Não podemos supor, temosde formar”, disse o bispo dePortalegre-Castelo Branco, noVaticano.Depois de ter participado nas trêssemanas de trabalho da assembleiasinodal sobre a vocação e a missãoda família, o prelado sustenta queos debates “não foram para ganharou perder”, mas para procurar“caminhos de pastoral”. “Não é tantona doutrina, mas como levar adoutrina à prática”, precisa.

A este respeito, o presidente daCELF, organismo do episcopadocatólico português, sublinha aimportância de acompanhar quemfaz a opção de casar e “reestruturara preparação para o Matrimónio.“Esse é o grande desafio. Aspessoas não podem aproximar-separa celebrar um sacramento sesaberem o que ele implica, semessa consciência. E não só osacramento, mas saber que têm defazer da família uma comunidade devida e de amor”, assinala.O bispo de Portalegre-CasteloBranco defende que o maisimportante é que “as pessoas sejamfelizes” e, assim, entendam que aindissolubilidade matrimonial “não éum jugo, é um dom”.O responsável admite que nemsempre tem sido possível fazer umapreparação “remota” para oMatrimónio, pelo que muitos noivoschegam à Igreja sem saber o quevão fazer. “Tem de haver aí umapedagogia muito importante”,reforça.“É importante que aqueles que sepreparam para o matrimónio seinsiram nas suas comunidades comalegria, com responsabilidade”,acrescenta o prelado.

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Papa quer trabalho conjunto das religiões para superar «desconfiança»provocada pelo terrorismo

Refugiados: Entrevista ao presidente da Cáritas do Líbano

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Peregrinos na santidade e naMisericórdia

D. José Cordeiro Bispo de Bragança Miranda

A santidade da Palavra ilumina os passos daIgreja peregrina em Bragança-Miranda e S. Paulorecorda-nos: «Esta é a vontade de Deus: a vossasantificação» (1Ts 4,3). Então, uma pessoa quefaz a vontade de Deus é santa. A admonição deS. Paulo na carta aos Tessalonicenses, oprimeiro escrito do Novo Testamento, servirá demote neste ano dedicado à santidade, parasituar a santidade, que se funda na vontade deDeus em Jesus Cristo, na vida de todos os diasna alegria, no trabalho, na oração, na gratidão ena ação de graças (cf. 1 Ts 5, 16-18). Para sersanto não é preciso fazer coisas estranhas. Avontade de Deus é expressa em toda a Bíblia,desde o Génesis ao Apocalipse, bem saliente naafirmação «criou-os à Sua imagem e semelhança» (Gn 1, 26). 1. PROGREDIR SEMPRE MAISA Igreja é comunhão dos santos, não obstante onosso egocentrismo, orgulho, individualismo eresistências. «Hoje como nunca, urge que todosos cristãos retomem o caminho da renovaçãoevangélica, acolhendo com generosidade oconvite apostólico de “ser santos em todas asações”» (J. Paulo II).S. Paulo exorta os fiéis da comunidade grega deTessalonica a crescer no amor e na santidade,propondo a atitude de «progredir sempre mais, ater como ponto de honra viver em paz, a ocupar-vos das próprias atividades, a trabalhar com asvossas mãos». Quando Paulo escreveu aprimeira

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carta aos Tessalonicenses, osevangelhos ainda não tinham sidoescritos, sendo uma palavra oral.Por isso, Jesus Cristo é Ele mesmoo Evangelho de Deus.Em S. Paulo, o Evangelho é sempreentendido como a ação de anunciarno Espírito Santo. «O acolhimentodo Evangelho transforma osTessalonicenses: passam dosdeuses ao Deus de Israel, vivem nafé, no amor e na esperança (1Ts1,3.10; 3,12; 4,9-10; 2Ts 1, 3-4);eles

próprios tornam-se anunciadores doEvangelho (1Ts 1, 7-8). A ação doEspírito manifesta-se na alegria nomeio das adversidades (1,6), nasantificação (4,3-8), nas profecias(5,19-20)» (F. Manini).A vocação à santidade é otestemunho maior da dignidadecristã e conduz à perfeição dacaridade ou da misericórdia.Igualmente a vocação à santidadeanda de mãos dadas com a Palavrade Deus e com a missão.

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2. CAMINHAR E AGRADARA DEUSA finalidade é a de agradar a Deus,que significa fazer a sua vontade,praticando os ensinamentos deJesus. Deus tem o seu agrado e asua alegria na santificação e noamor que lhe dá o homem e que ohomem acolhe no seu coração.Uma nota da Bíblia de Jerusalém dizassim: «a vontade de Deus (cf. Mt6,10) é realizadora da santidade (vv.3.7; 2Ts 2,13; Ef 1,4). É Deus quesantifica (5,23; 1Cor 6,11; cf. Jo17,17; At 20,32); Cristo se fez nossasantificação (1Cor 1,30), para aqual também o Espírito colabora (v.8; 2Ts 2,13; 1 Cor 6,11). Os cristãosdevem pô-la em prática (Rm 6,19+).Eles, habitualmente, são chamados“santos” (At 9,13+)». 3. SANTIFICAR –CONSAGRADOS A DEUSA santidade é o máximodesenvolvimento da graça doBatismo. S. João Paulo II, na cartaapostólica Novo MillennioIneunte escreveu: «Em primeirolugar, não hesito em dizer que ohorizonte

para que deve tender todo ocaminho pastoral é a santidade. (…)Assim, é preciso redescobrir, emtodo o seu valor programático, ocapítulo V da Constituiçãodogmática Lumen Gentium,intitulado “vocação universal àsantidade”. (…) Pode-se porventura“programar” a santidade? Que podesignificar esta realidade na lógicadum plano pastoral? Na verdade,colocar a programação pastoral sobo signo da santidade é uma opçãocarregada de consequências.Significa exprimir a convicção deque, se o Batismo é uma verdadeiraentrada na santidade de Deusatravés da inserção em Cristo e dahabitação do seu Espírito, seria umcontrassenso contentar-se com umavida medíocre, pautada por umaética minimalista e uma religiosidadesuperficial. Perguntar a umcatecúmeno: “Queres receber oBatismo?” Significa ao mesmo tempopedir-lhe: “Queres fazer-te santo?”Significa colocar na sua estrada oradicalismo do Sermão daMontanha: “Sede perfeitos, como éperfeito vosso Pai celeste”(Mt 5,48)» (nn. 30-31).A santidade é um caminho e não umestado. A confiança no caminhonasce da fonte da santidade, isto é,a misericórdia de Deus.

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Flexibilidade laboral aumenta as desigualdades

Flexibilidade laboral favorece osricos

LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos

O trabalho deixou de considerar-se como meioque acrescenta valor às coisas e de ser criadorde riqueza para passar a ser considerado, comoa causa de a produção ser lenta e mais cara. Porisso, o único caminho que se nos apresenta paraque o trabalho seja fator de competitividade ebenefícios é que seja flexível.A flexibilidade apresenta-se como modernidade,mas substitui o emprego estável e fixo (que é agarantia da coesão social), pela instabilidade doemprego precário (para incrementar a segurançada economia à custa das pessoas).O objetivo é dispor de mão-de-obra só quandose necessite e quando resulte mais rentável. Eprescindir dela, sem custos, quando seja menosrentável. Descer os custos laborais e submetermuito mais facilmente os trabalhadores. Habitualmente, apresenta-se a flexibilidadelaboral como resposta ao desemprego.Mas destruição do emprego e precarização domesmo são os dois caminhos complementares deum mesmo objetivo: descer os custos laborais esubmeter os trabalhadores a uma maiorexploraçãoO discurso neoliberal sobre a flexibilidade foiassumido pela quase totalidade dos governos epartidos políticos, e também se estabeleceu nasociedade: por um lado generalizou-se o medoao desemprego que faz com que ponhamos em

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segundo lugar a qualidade e ascondições de trabalho, por outrolado as necessidades vitais danossa sociedade consumista, fazemcom que muitas pessoas valorizempositivamente qualquer empregopara poderem viver ou para nãoperder a roda do consumo. Um estudo publicado em 15.06.2015pelo Fundo Monetário Internacional- Causes and Consequences ofIncome Inequality: A GlobalPerspective afirma que o impacto daflexibilização do mercado detrabalho incide nos níveis dedesigualdade. O FMI diz que "asuavização da regulação nosmercados de trabalho estáassociada a uma desigualdade nomercado e a um peso dorendimento dos 10% mais ricos maiselevada", explicando que "aflexibilidade do mercado de trabalhobeneficia os ricos e reduz o preçode negociação dos trabalhadoresde mais baixos rendimentos". Afirma ainda que a desigualdadeestá ao "mais alto nível emdécadas" e que uma maiordesigualdade tem comoconsequência um abrandamento docrescimento da economia. Como seconclui, algumas das causaspara este resultado estão empolíticas já aconselhadas pelopróprio FMI em diversos países,como a flexibilização dos mercadosde trabalho.

Vivemos num modelo social que seenfrenta com um terrível paradoxo:A vida das pessoas e das famíliasdepende do emprego (que garantea integração na sociedade e queserve para adquirir um conjunto dedireitos sociais como o salário, asegurança social, a aposentação)… mas ao mesmo tempo estemodelo social, nega a muitaspessoas o acesso a um emprego oua um emprego que garanta umavida digna. A Igreja, e todos os cristãos que aformamos, não podemos serindiferentes diante desta situaçãodo trabalho e das condições de vidade tantos trabalhadores etrabalhadoras. A nossapreocupação pela vida humana e,especialmente pelos pobres nosquais vemos Jesus Cristo, develevar-nos a ocupar-nos epreocupar-nos pela realidade dotrabalho. “Os pobres são em muitos casos oresultado da violação da dignidadedo trabalho humano, seja porque selimitam as suas possibilidades(desocupação, subocupação), sejaporque se lhes retiram os direitosque fluem do mesmo, especialmenteo direito ao justo salário, àsegurança da pessoa dotrabalhador e da sua família” (Caritas in veritate, 63).

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A última a morrer…

Sónia Neves Agência ECCLESIA

Há nascer, há crescer e há morrer / E emcada chegada, uma partida.Mas importa que em cada acontecer/ Hajasempre um caminho para a vida. Inicia assim uma canção bem difundida no meioda juventude e que hoje trago para esta reflexãoda semana. Dias que antecipam a santidade e areflexão/oração sobre os fiéis defuntos.Há nascer, há crescer e há morrer – também aBiologia aponta o ciclo da vida como Nascer,Crescer, Reproduzir, envelhecer e Morrer.Outros dizem que a vida é curta, “nascemos sempedir e morremos sem querer, temos deaproveitar o intervalo”. Tal como as folhas caemdas folhas em todas as estações de Outonotambém o ser humano sabe que passa por estesestados.Aproveitar o intervalo? Pode ser uma forma deapelar para dar valor à vida, às pequenas coisasque acontecem, aos episódios e marcas de cadadia, ao afeto de quem se gosta, a um beijo ou umabraço.E em cada chegada, uma partida. – A chegadaé pois uma palavra que não diz muito, mas se forrelacionada com hospitalidade pode ser umverdadeiro acolhimento, onde o calor setransmite até num olhar. Em certas fases da vida“é necessário chegar bem para se partir em paz”.Assim me era dito num serviço de cuidadospaliativos, onde a morte acontece quase todosos dias e é necessário preparar “a partida”.Para quem parte há sempre últimos pedidos,

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pois “não se sabe o dia nem ahora”. Para quem fica, importa estarpreparado e fazer o luto para podersair restaurado.Mas importa que em cadaacontecer – E tantas coisas queacontecem a cada dia, cadamomento que não se espera, cadadoença que surge, cada alegria quese espelha no rosto, cada gesto…A conversa que pareceu não terimportância, a forma como mederam a mão, o olhar profundo comque me focaram, a gargalhada quese soltou, a vida que nasce e amorte que espreita.Haja sempre um caminho para avida – Este é o propósito… umcaminho para vida.Mesmo com a morte a ser aindatabu

na sociedade é necessário falar,tratar e preparar. Depois de umamorte de um ente-querido ninguémfica igual, na mesma… A vida, osdias e as horas ganham outrosentido e valor.O luto é o tempo que é necessáriopara nós “arranjarmos” estratégiaspara encontrar um novo bem-estar,um novo equilíbrio.Nas vésperas de recordar todos ossantos e os fiéis defuntos, deacender velas e visitar cemitérios, avida parece abrandar.Para quem crê a palavra Esperançaganha outra dimensão e força, umbálsamo que ajuda a secar aslágrimas e “empurra” para uma novavida. Afinal a esperança é a ultima amorrer…

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A Igreja propõe no primeiro dia de Novembro,a celebração de Todos os Santos. Um convite

à universal vocação à santidade que é explicadoneste semanário pelo cardeal português

D. José Saraiva Martins, antigo responsávelpelos processos de canonização na Santa Sé.

A este tema soma-se outra reflexão,antecipando a comemoração

dos fiéis defuntos, sobre o lutoe a forma de comunicar a morte.

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Santidade, a vocação universalde todos os batizados O cardeal português D. José Saraiva Martins, que presidiu à Congregaçãopara as Causas dos Santos (Santa Sé), tem um conhecimento particular eaprofundado de muitos exemplos de fiéis católicos que viveram o ideal desantidade ao longo da história. Uma experiência e conhecimento partilhadoscom a Agência ECCLESIA em Roma, onde está há mais de 50 anos, nocontexto do próximo domingo, 1 de novembro, quando os católicos celebramo Dia de Todos os Santos, uma data significativa que recorda não apenas aspessoas que foram beatificadas e canonizadas. Agência Ecclesia (AE) – Asolenidade do Dia de Todos osSantos, é uma celebração particulare especial para a Igreja Católica, é-se chamado a refletir sobre asantidade e o que significa na vidade cada batizado. Como é que seapresenta esta ideia e objetivo devida a quem pensa que os santospensam figuras excecionais e queno quotidiano é quase impossívelrepetir o seu exemplo?D. José Saraiva Martins (JSM) – Asantidade naturalmente consiste,essencialmente, na imitação deCristo, que é a santidade de Deusencarnada no tempo e na história,em viver segundo o Evangelho. Emdarmos conta e sermos coerentescom a nossa fé, nós somos filhos deDeus e, portanto, devemos imitá-Lo

que é três vezes santo. O filho deDeus encarnado, que é Cristo, queé a santidade do Pai encarnada notempo e na história, e naturalmenteo Espírito Santo que é guia nocaminho da santidade.A santidade não é uma coisaextraordinária, é muito comum, nãotem nada de extraordinário, não é oprivilégio de alguns é uma vocaçãouniversal, o Concílio vaticano II foimuito claro: “Todos estão chamadosà santidade.”Os santos não foram pessoasextraordinárias, eram homens,pessoas como nós maspropuseram-se a viver emprofundidade, na sua vida comum,ordinária, no exercício da suaprofissão a imitar a Cristo parapuderem dizer como São Paulo:

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“Eu vivo mas não sou eu que vivo, éCristo que vive em mim.”A santidade consiste em viver de talmodo que seja Cristo que vive emmim. Somos irmãos de cristo, Cristoé nosso irmão. Como referi, Cristo éa santidade do Pai encarnada notempo e na história, portanto énormal, não é extraordinário.Os santos canonizados oubeatificados não são heróisdiferentes de nós mas pessoascomuns. É Deus que quer sejamossantos, que imitemos Jesus Cristo asantidade encarnada. Naturalmentehá um processo muito

rigoroso para saber se aquelapessoa, candidata aos altares, viveuou não viveu segundo essesprincípios. O processo tem duasfases fundamentais, uma local noâmbito da Igreja local à qualpertence e a segunda fase emRoma.Na primeira fase, a Igreja localrecolhe toda a documentaçãorelativa à vida do candidato aosaltares, depois em Roma, naCongregação para as Causas dosSantos, na Curia Romana, estuda-se a documentação que o bispo daIgreja local enviou para queexaminássemos, para ver serealmente daquela documentaçãoaparece claro a heroicidade daquelapessoa porque foi consideradasanta pelos seus concidadãos.

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AE –A fama de santidade nasceentre as pessoas e o processoreconhece essa santidade, não éinventado. Há quem conhece deperto determinada pessoa, tem essaintuição que houve uma vidaexemplar e move-se esse processo?JSM – É verdade. Todos osprocessos de beatificação começamna Igreja local e se o candidato aosaltares não tiver fama de santidadena sua comunidade, ou seja, se osmembros daquela Igreja não oconsideravam como santo (05:53)enão o bispo pode começar oprocesso na Igreja local. Tem de seraprovada a fama de santidade nasua Igreja local, o bispo tem deformar uma comissão para avaliarse realmente é considerado santona Igreja local, pelos seus irmãosdaquela comunidade.Nesta fase o papel da comunidadelocal é fundamental, a convicçãodos cristãos da comunidade queaquela pessoa é realmente umsanto é uma condição essencialpara poder

começar um processo debeatificação.A Congregação para as Causas dosSantos examina a documentaçãoque o prelado enviou e aquiprocede-se de uma formarigorosíssima do ponto de vistacientífico e teológico. Há umacomissão para provar as virtudes,para analisar se na documentação éclara a heroicidade daquela pessoa.Depois há uma consulta médicapara apurar o milagre necessáriopara a beatificação e para acanonização. Para estudar estacura, considerada milagrosa naIgreja local, temos uma comissão de70 médicos especialistas nos váriossetores da medicina atual. Muitasdoenças que hoje são curáveis

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naturalmente antigamente não erame os médicos têm de dizer se existeuma explicação científica ou não àluz da ciência médica atual. Éfundamental.Naturalmente, quando chega àcongregação a informação de umacura considerada milagreescolhemos cerca de oito médicosespecialistas no campo da curapara verificarem se existe explicaçãonatural ou não, explicação científicaou não. A fé dos médicos não nosinteressa e, algumas vezes,convidamos não-cristãos, nãocrentes, mas profissionaisfamosíssimos porque o que nos

interessa é saber o que ele pensacomo cientista, não como cristão.Eles têm de dar um parecer comoespecialistas naquela área, seencontram alguma explicaçãonatural ou não. Para ser inexplicávelcientificamente é preciso verificar sea cura foi instantânea, completa eduradoura.É um processo muito rigorosocientificamente, não é umainvenção. A Igreja procede comseriedade a respeitos dos milagresnecessários para a canonização ebeatificação.

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AE – Nas nossas comunidadesdesde todos os tempos existempessoas que ficam na memória dosseus familiares e vizinhos comotendo vivido uma vida de santidade,de quem nunca ninguém iniciou oprocesso pelos mais diversosmotivos. Este dia também serve paralembrar os que viveram uma vida desantidade e são conhecidos porisso?JSM – Sem dúvida. Nós celebramosa memória dos santos mas não osque foram beatificados oucanonizados mas de todos ossantos, também os não beatificadosnem canonizados. Sabemos queexistem muitíssimas pessoas santasque não passaram esse processo.A Igreja canoniza e beatificaalgumas destas pessoas parapropor um modelo de santidade.Modelos que põe no calendáriopara que os fiéis os conheçam eimitem. Na festa de todos os santos,e sublinho todos, celebramostambém todos os que não forambeatificados nem canonizados.

AE – Historicamente existem muitossantos que foram membros do clero,de institutos religiosos, muitosmártires, muitos teólogos, mastambém existem exemplos propostosdo quotidiano das pessoas, leigoscomprometidos, casais. Éimportante que os exemplos eprocessos que são comprovadossejam próximos do quotidiano damaioria dos católicos, até parareforçar a ideia que a santidade éuma proposta para todos?JSM – Não há nenhuma dúvida,ainda que não tenham sidobeatificados ou canonizados nãosão menos santos do que os outros.De facto, na minha prefeitura naCongregação para as Causas dosSantos dei relevo à santidade laicaldos leigos e beatificamos, entrebeatos e santos, 521 pessoas leigospara colocar em relevo que asantidade é universal.Não só os padres, bispos, freirasmas todos os batizados estãochamados a ser santos. “Sedesantos, como eu sou santo”, disseCristo e eu considerava quetínhamos de oferecer ao povocristão modelos leigos de santidade.Foram beatificados leigos de todosos quadrantes, por exemplo, umlimpa-chaminés, um pele vermelhado

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Canadá, para todos terem ummodelo de santidade que possamimitar. É a universalidade dasantidade.Como referi, a vocação à santidadenão é um privilégio para alguns, éuma obrigação batismal. Umaobrigação que deriva do batismoquando nos tornamos membros deCristo que é a santidade do Paiencarnada no tempo. Todos osbatizados têm obrigação de tender àsantidade, não num convento masno modo de viver normal, natural,na sua profissão, no lado maissocial e humano.Os que acreditam realmente noEvangelho, em Deus, em Cristo,todos têm obrigação fundamental detender à santidade, no seu caminhopróprio, na sua profissão, no seumodo de agira, somos todosdiferentes, casados ou solteiros. Eufiz questão de propor como modelosdois casais porque o matrimónionão é uma objeção à santidade, nãoé um impedimento. O ConcilioVaticano II diz que é um mododiferente, e João Paulo II foi muitoclaro e mais do que uma vezsublinhou a santidade no seio dasfamílias, a santidade dos pais.Nós também alargamos a geografia

da santidade porque, até há poucotempo, os santos eram todoseuropeus, dos paísesmediterrâneos. Alargamos ageografia a todos os continentes eprocuramos fazer santos e beatosse realmente o eram, procuramoselevar aos altares cristãos de todosos continentes. Por isso referi o queera limpa-chaminés e índio doCanadá para sublinhar que todossão chamados à santidade.Naturalmente tem de ser provadohistoricamente e, por isso, osestudos que fazem os médicos emtodos e cada um dos casos em quese fala de milagres. Têm de ser osmédicos a confirmar se a cura é ounão inexplicável à luz da ciênciamédica atual.

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AE – Vamos viver o Jubileu da Misericórdia. Que oportunidade é esta para aIgreja e para cada católico em particular?JSM – O Ano Santo é uma ocasião ótima para refletir sobre a nossa fé, onosso modo de ser cristãos, de viver o Evangelho na nossa vida quotidiana,na nossa peregrinação terrena. Temos de agradecer ao Papa Francisco porter proposto este Ano Santo sobre a Divina Misericórdia que é sinónimo deamor. A misericórdia é fruto e encarnação do amor.A nossa misericórdia para com os fiéis, os pobres, os mais necessitados éfruto do nosso amor que tem duas dimensões. Uma vertical, o amor de Deus,e horizontal, o nosso amor aos nossos irmãos.

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Gerir a esperançaNo sexto piso da Clínica São Joãode Ávila, do Instituto São João deDeus, em Lisboa, funciona umaunidade de cuidados paliativos quepresta apoio a utentes e respetivasfamílias a lidarem com a realidadeda morte e do luto.Em entrevista à Agência ECCLESIA,Hugo Lucas, que integra a equipada unidade, destaca a importânciade trabalhar com base nas“expetativas” dos utentes “face aoseu processo de doença e ao seuinternamento”, o modo como elesencaram a “continuidade ou finitudeda sua vida”, quer do ponto de vista“interior” quer “existencial”.“Há utentes que não estãodisponíveis para isso, e expressam-no de uma forma simples que é ‘eusei que isso vai acontecer mas nãoquero falar sobre isso, até lá queroviver’. Então o que fazemos é focarneste viver, no controlo sintomático,no bem-estar, no alívio destaansiedade, desta angústia que secomeça a instalar num momentomais próximo do fim da vida e emque temos utentes maisconscientes”, explica o psicólogoclínico.Movida pelo “espírito de São Joãode Deus” e da congregaçãoHospitaleira,

a unidade de cuidados paliativosprocura sobretudo ajudar aspessoas que ali chegam aencararem a perspetiva da morte edo luto com um coraçãoreconciliado. “Aqui damos abraços, aquiperdoamos, aqui pedimos desculpase aqui somos família e temosesperança porque não é porestarmos numa unidade decuidados paliativos que se perde aesperança, as pessoas acabamtambém por aqui fazerem umagestão da sua esperança”, apontaHugo Lucas.Num espaço que para muitaspessoas funciona como uma últimapassagem, a luz é uma constante,brotando das janelas viradas para osol, e o ambiente procura ser o maisdescontraído possível, pontuado poruma música suave.Das janelas dos quartos, os utentespodem ver o claustro do InstitutoSão João de Deus, mais o seujardim interno, mas também osaviões que chegam, a azáfama doscarros no Eixo Norte-Sul e mesmo oJardim Zoológico de Lisboa, com osseus animais a passear.A ideia, frisa Hugo Lucas, é dar àspessoas o “poder de se aproximar”,

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quer do mundo interior quer doexterior, de permitir “este confrontoreal quando se passa e se dizadeus”.“É muito importante porquepermitimos que a vida sejacontinuadamente vivida, e que hajauma adaptação a este momento devivência de uma fase que seaproxima do fim da vida”,complementa.Nos quartos destacam-se tambémas fotos de família, pedaços de vidaque os utentes da clínica levamconsigo para também os ajudaremna sua viagem.“Ajudar a adaptar uma família” ao“processo de perda”, antecipar esse“momento”, é também parteintegrante da missão da unidade decuidados paliativos da Clínica SãoJoão de Ávila.Hugo Lucas realça a “dimensão” deajudar as famílias a “restaurarem” oseu percurso, depois de passarempela morte de um ente querido.Isto porque há sempre a dificuldadee o medo de “não se saber comoperpetuar a memória do outro,como atribuir um significadoà sua partida, ao luto quehá-de ser vivido”.

Na clínica há uma sala que asfamílias podem utilizar “como espaçode recolhimento e reflexão”.Uma ala aberta a “qualquer tipo dereligião ou credo”, onde quem querpode rezar, meditar ou simplesmenteestar sozinho “num momento demaior introspeção e tranquilidade”.Uma reportagem que vai ser temacentral do programa Ecclesia naAntena 1 da rádio pública nopróximo dia 03 de novembro, pelas22h45.

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A morte ainda é um «tabu»José Eduardo Rebelo investiga hámais de 20 anos a questão do lutoem Portugal, tendo contribuído paratrazer o tema para a área social eacadémica.À Agência ECCLESIA, aqueleresponsável frisa que a morte aindaé um tema “tabu” no plano social, oque faz com que muitas pessoasatingidas pela perda de um entequerido vivam esse drama sozinhas,sem apoios.“Quando somos afetados pelaperda de um ente querido, issosignifica perdermos segurança,porque aquela pessoa nos dásegurança e bem-estar e entramosnum processo de desequilíbrioprofundo, porque há o medo do quenos irá acontecer sem aquelealicerce, sem aquelas estacas quenos dão parte do nosso equilíbrio”,refere José Eduardo Rebelo.“Então o luto é o tempo que énecessário para nós “arranjarmos”estratégias para encontrar um novobem-estar, uma nova experiência debem-estar, um novo equilíbrio”,acrescenta ainda.Foi com o intuito de ajudar aspessoas nessa recuperação queJosé Eduardo Rebelo se empenhouna promoção

do debate à volta do luto,convidando para isso “colegas dediferentes universidades”.Na sequência desta aposta,nasceram dois organismos deinvestigação dedicados ao tema, aSociedade Portuguesa de Estudo eIntervenção do Luto, bem como oObservatório do Luto em Portugal.José Eduardo Rebelo está envolvidotambém na “formação deconselheiros e luto” e empenhou-setambém na formação de “terapeutasde luto”, para os casos mais difíceis,do foro “psicopatológico”, trabalhoque está a ser assumido pelaFaculdade de Medicina de Lisboa.Com o aprofundamento deste temasurgiu a ideia de lançar umcongresso para o debate científicodo “luto em Portugal”, iniciativa queno próximo ano vai decorrer emAveiro, nos dias 20 e 21 de maio.Biólogo de formação, José EduardoRebelo começou a investigar aproblemática do luto há mais de 20anos e na sequência de uma“tragédia” pessoal.“O luto veio até mim e então em facedisso decidi que era importanterefletir sobre o meu próprio

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processo de luto”, explica aqueleresponsável.Foi nesse contexto que oinvestigador decidiu fazer ummestrado em psicologia, queconcluiu com “uma dissertação”sobre o luto, “talvez uma dasprimeiras no país”.Mais tarde, criou em Aveiro aassociação “Apelo”, de Apoio àPessoa em Luto, uma instituiçãoque “tinha

e continua a ter como objetivo oapoio a pessoas, famílias ecomunidades em luto”, através de“sessões de aconselhamento, degrupos de entreajuda”, entre outrosprojetos.A conversa com o fundador daAPELO vai ser tema do programaEcclesia da Antena 1 da rádiopública no próximo dia 6 denovembro, pelas 22h45.

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A morte prepara-se todos os dias

O padre Paulo Malícia abraçou amissão de pároco da comunidadede Santo António do Estoril, doPatriarcado de Lisboa,prosseguindo a caminhada pastoraldo seu amigo padre Ricardo Neves,que faleceu há três meses, vítimade doença prolongada.À Agência ECCLESIA, o sacerdotede 48 anos recordou os momentosmais difíceis dessa jornada, desde o“diagnóstico exato” da doença até àmorte, mas também a memória de

alguém com quem viveu alguns dosmomentos mais importantes da suavida.Quase seis anos mais velho do queo padre Ricardo Neves, o atualpároco do Estoril conheceu o amigoainda no seminário.Juntos fizeram o seu percurso deformação e foram ordenadostambém no mesmo dia, 29 de junhode 1997.“O que mais me custou foi sentir queia perder alguém de quem euprecisava para dar estabilidade à

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minha vida. É um sentimento umbocado egoísta, um sacerdoterevolta-se, pergunta porquê, àsvezes até vacila e muitas vezestreme na fé. Mas isso não é deestranhar, a fé também passa poresses abanões”, admite o padrePaulo Malícia.Sobre o processo da doença, osacerdote guarda na memória a“esperança” que marcou osprimeiros tempos, quando asituação ainda não estava definida.“O padre Ricardo Neves era umapessoa muito alegre e otimista, não

digo falta de preocupação mas deuma certa ligeireza”, aponta.Mesmo quando o diagnóstico veio,“ele não deixou a alegria maspassámos a partilhar um bocadinhoo mistério da cruz e isso, porestranho que pareça, foi um tempomuito rico para ele e para aquelesque o rodeavam”, refere o padrePaulo Malícia, não deixando noentanto de salientar o desafio queeste tempo constituiu, não só emtermos humanos mas tambémespirituais.“Nós, padres, falamos muito do

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mistério da cruz mas depois quandoo temos que viver na nossa vida oupartilhá-lo na nossa vida é muitomais difícil”, reconhece.Para o padre Paulo Malícia, “amorte prepara-se e até se devepreparar todos os dias”.E no caso do padre Ricardo Neves,“ele preparou-a na forma comoviveu antes da doença e na formacomo viveu a doença”.A fase mais complicada foi já nohospital, desde que o amigo foiinternado até aos “últimos tempos”,já “inconsciente”.“O não poder falar, não poder dizernada, o não se saber o que é quese estava a passar ali, foi uma fasede sofrimento”, lembra.No seu gabinete, o padre PauloMalícia guarda uma fotografia doamigo Ricardo Neves e recordauma das muitas conversas epartilhas

padre Ricardo Neves que foram fazendo, ao longo dosanos.“Não é politicamente correto dizeristo, mas quando nos juntávamosera mais para falar do que pararezar, e assim

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também continuou nesta fase davida”, complementa.Nos últimos dias, antes da suamorte, as conversas versavamsobretudo à volta da “Igreja e dosdesafios da Igreja”.“Ele queria também arrumar um ououtro assunto da vida que estavapor arrumar e pediu-me para eu oajudar”, revela o padre PauloMalícia.Foi nesse espírito, e tambémimpulsionado pelo cardeal-patriarcade Lisboa, que o sacerdote assumiua paróquia de Santo António doEstoril, tendo o amigo comoreferência para o seu trabalhopastoral no futuro.“Olhar para a frente, é o que estamemória nos pode ajudar, darpassos em frente e é isso que aquitemos tentado fazer, agora não éum caminho fácil”, salienta.O padre Ricardo Neves estava hácerca de quatro anos à frente daparóquia de Santo António doEstoril, era também vigário deCascais

e antes disso tinha assumido, entreoutras, a missão de prefeito e vice-reitor do Seminário de S. José deCaparide, sendo responsável pelaformação de sacerdotes doPatriarcado de Lisboa.Numa comunidade ainda a viver oluto, o padre Paulo Malícia procuraque o quotidiano das pessoas sejamarcado pela esperança e olhapara o seu trabalho com umaresponsabilidade acrescida.“Substituir alguém que era muitoquerido não é fácil, porque o padreRicardo era uma referência paramuita gente”, enfatiza o sacerdote,para quem poder estar agora namesma paróquia que o amigo é“especial, sem dúvida”.Um testemunho que pode serescutado no programa de rádioEcclesia, na Antena 1 da rádiopública, no próximo dia 02 denovembro, pelas 22h45.

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25 anos a lidar com a morteno interior algarvioAlbino Martins é diácono nafreguesia do Cachopo, em plenaSerra do Caldeirão, no interioralgarvio.Uma missão que teve origem há 25anos, quando a pedido do bispoalgarvio, foi com a sua esposaCláudia em missão para uma terraque já chegou a ter “cerca de 1200habitantes” mas que hoje ésobretudo habitada por idosos querepresentam um desafio pastoralacrescido.“A comunidade paroquial foiconfiada a um padre e a um casal, opadre vivia relativamente distante,16 quilómetros, e portanto logoalgum desse trabalho pastoralcomeçou a ser assumido por mim,concretamente as celebraçõesexequiais”, explica o diácono àAgência ECCLESIA.Numa terra marcada peladesertificação e peloenvelhecimento populacional, ajudaras pessoas a lidarem com a morte,com a partida dos entes queridos, éfundamental.“Uma expressão que costumo utilizarnos funerais é que a memória é operfume da alma”, refere o diáconoAlbino, destacando a forma“impressionante” como as

pessoas conseguem “guardar”consigo a “memória” daqueles quejá partiram.Depois de já ter “feito funerais deduas ou três gerações de pessoas”,Albino Martins sente que já é vistopela comunidade do Cachopo “comoum dos seus”.“Por isso elas querem que um dosseus esteja presente naquelemomento em que se despedemdesse ente querido”, realça odiácono.Grande parte da população dafreguesia está espalhada pormontes, sendo que muitas daspessoas, devido à idade, estãomuito “dependentes” e requeremuma atenção “quase diária”.Para conseguir responder àsnecessidades, e uma vez que muitosdesses montes estão separados porvários quilómetros, o diácono Albinoapostou na criação do complexosocial D. Manuel Madureira Dias.Uma valência que atualmente prestaauxílio a cerca de 120 idosos, entrecentro do dia, lar e apoiodomiciliário.Não obstante haver pessoas amorarem em montes a “25quilómetros” de distância,

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no interior da serra, elas sãovisitadas pelo menos “três vezes”por semana.“Só o facto de chegar umcolaborador da instituição é umasegurança para os utentes e paraas suas famílias. Muitos deles é aúnica visita que têm”, frisa odiácono.“A população do interior tem muitomedo da noite, do que lhes possaacontecer, de não terem alguémque os socorra”, acrescenta ainda.No meio destes desafios há umaspeto que aquele responsávelaponta como fundamental para osucesso do seu trabalho.

A “entreajuda” que existe entre todaa população e que faz com que aajuda chegue de forma mais eficaz aquem precisa.“Mesmo quando o centro nãoconsegue chegar as vezes que serianecessário, depois da hora detrabalho, há uma relação de boavizinhança entre a população”,enaltece o diácono.A temática vai estar em destaque noprograma Ecclesia na Antena 1 darádio pública no próximo dia 5 denovembro, pelas 22h45.

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Viver o Luto

Cristina FelizardoConselheira do LutoDiretora e Vice-Presidente da APELO

O luto é definido como um processo de reação auma perda pessoal profunda, mais ou menosprolongado no tempo.As causas do luto podem ter origem noafastamento definitivo ou provisório, anunciadoou súbito, de um ente querido, por morte,separação conjugal, emigração, encarceramento;no dano ao amor-próprio, provocado pelaablação do seio, outras amputações oualterações patológicas do corpo; na perda deexpectativa de afeto, como o aborto e onascimento de um filho deficiente; e nadesvalorização social e/ou económica,nomeadamente resultante do desemprego ou donão reconhecimento de qualificações ecompetências.Embora o luto seja um fenómeno tão natural efrequente como a própria existência humana,durante o seu decurso, a pessoa que o vivencia,a família que o experiencia ou a comunidade queo sofre veem o seu comportamento afetado deforma intensamente nefasta. As experiênciasemocionais vividas durante o tempo do luto,decorrem no tempo e manifestam-se através devivências tais como o choque, a descrença e oreconhecimento, todas estas necessárias paraatingir a harmonia interior, a pacificaçãoemocional, ou seja, a superação do processo deluto. No entanto, estas vivências não são inócuasno enlutado, provocando-lhe um sofrimentomental intenso, desorganização emocional,vulnerabilidade física, isolamento social esolidão.

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Estes efeitos decorrentes doprocesso tornam penosos e maisdemorados os passos aempreender para a superação doprocesso.Num primeiro momento, o enlutadoprocura conforto e segurança juntoda família e amigos. Estes sãosolidários e disponíveis. No entanto,o tempo impõe-se e a vida continua.Família e amigos, sem darem conta,regressam às suas rotinas e oenlutado experiencia a piorsensação: a solidão. Nestemomento, surgem as respostasformais e institucionais,disponibilizadas por organizaçõesque, de forma profissional ouvoluntária, promovem o apoio aoluto. É o caso da APELO-Apoio aoLuto, associação de âmbitonacional, que dinamiza

sessões de apoio ao luto e facilitagrupos de entreajuda, parapessoas, famílias e comunidades emluto. Todo o trabalho desenvolvidopela APELO é realizado porConselheiros do Luto (únicos nopaís), que são especialistas,eficazes e empáticos, no apoio aenlutados. O Conselheiro do Luto éuma pessoa com formaçãoespecializada em aconselhamentono luto, com experiências pessoaisde perdas pessoais profundas. Temvindo a assumir, na última década,um papel fundamental no apoio aoluto, a nível nacional, comdelegações em Aveiro e Lisboa. Saiba mais em www.apelo.pt

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A Igreja e a cremaçãoA Igreja prefere que se conserve ocostume tradicional de sepultar oscorpos dos cristãos, porque “comeste gesto se imita melhor asepultura do Senhor”. Os fiéis têm,contudo, a liberdade de preferir acremação do seu próprio corpo,sem que esta escolha impeça acelebração dos ritos cristãos.Em 2006 foi publicado em Portugalo novo Ritual das Exéquias, com aprincipal novidade da presença deum capítulo especialmenteorientado para o caso em que se faza cremação do cadáver. Àquelesque tiverem optado pela cremaçãodo próprio cadáver pode conceder-se a possibilidade de celebrarem asExéquias cristãs - evitando práticascomo as de espalhar as cinzas ouconservá-las fora do cemitério ou deuma igreja.Os ritos previstos para a capela docemitério ou junto da sepulturapodem realizar-se na própria salacrematória, se não houver outrolugar apto, evitando “com a devidaprudência todo o perigo deescândalo e de indiferentismoreligioso”.

Se as exéquias se celebram depoisda cremação do cadáver, perante aurna, esta será levada, no fim dacelebração, ao lugar – cemitério oucolumbário – destinado para esteefeito. “Em caso algum a urna comas cinzas do defunto poderá levar-se de novo à igreja para acomemoração do aniversário ounoutras ocasiões”.As celebrações exequiais decorremexclusivamente na igreja, com a“última encomendação e despedida,não existindo acompanhamentoreligioso para o forno crematório oupara o lugar de deposição dascinzas”.O Código de Direito Canónico, noseu cânone 1176 (parágrafo 3)refere

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que "a Igreja recomenda vivamenteque se conserve o piedoso costumede sepultar os corpos dos defuntos,mas não proíbe a cremação, a nãoser que tenha sido preferida porrazões contrárias à doutrina cristã".Já o cânone 1184 afirma que“devem

ser privados de exéquiaseclesiásticas, a não ser que antesda morte tenham dado algum sinalde arrependimento” os queescolheram a cremação do corpopróprio, “por razões contrárias à fécristã”.

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Liga Contra o Cancro online

http://www.ligacontracancro.pt/ A Liga Portuguesa Contra o Cancro(LPCC) é “uma Organização NãoGovernamental com vários objetivosdirigidos para a problemáticaoncológica. A efetividade da suaação advém, por um lado, do papelfundamental do seu voluntariado,que intervém quer na comunidade,quer na humanização da assistênciaao doente oncológico e, por outro,das contribuições recebidas dasociedade civil, através dosdonativos que permitem custear osaspetos materiais de apoio aodoente e o desenvolvimento dasiniciativas de promoção da saúde ede prevenção da doença”. É entãodentro deste espírito que decorreentre 30 de outubro e 2 denovembro, um pouco por todo opaís, mais um peditório a favor daLPCC. Assim, esta semana, a minhasugestão passa por uma visita aoseu sítio na internet.Ao digitarmos o endereçowww.ligacontracancro.ptencontramos um espaçoeminentemente informativo sendoque, na página inicial, estão os

principais destaques, notícias ecalendarização dos eventos.Na opção “sobre o cancro”,podemos saber o que é o cancro,quais os principais fatores de risco esintomas, que opções alimentaresdeveremos tomar, como o podemosdetetar, que métodos de tratamentoexistem e ainda como é que seencontra a investigação nesta área.Se quiser saber que espécies decancro existem, basta que aceda aoitem “tipos de cancro”. Aqui dispõede informação bastantepormenorizada sobre mais de vintediferentes tipos. Desde o cancro damama ao do colo do útero somospresenteados com esclarecimentosdetalhados sobre cada tipo.No item “sobre a liga”, ficamos asaber, entre outras coisas, que “porproposta do Prof. Doutor FranciscoGentil, a 4 de Abril de 1941, éfundada legalmente (portaria n.º9772) a LPCC, assente em doisprincípios fundamentais: aHumanização e a Solidariedade”.Em “o que fazemos”, somosinformados sobre as principaisáreas de atuação da LPCC. Desdea

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educação para a saúde, ao rastreiodo cancro da mama, do voluntariadoem oncologia à linha cancro, nãoesquecendo também o apoio àinvestigação e formação.Caso pretenda cooperar com estaorganização, na opção “comocolaborar”, fica a conhecer asdiversas formas do que poderáfazer. Pode inscrever-se comovoluntário para o peditório, comosócio, enviado um donativo,consignado 0,5% do seu IRS,através de parcerias ou aindaligando

para o número 760 304 304 e assimcontribuindo com o valor dachamada de valor acrescentado.Por último sugiro ainda dê uma vistade olhos nos itens “quero sabermais” e “testemunhos” paraaprofundar e conhecer melhor oextraordinário trabalho realizado poresta entidade de referência nacionalno apoio ao doente oncológico efamília.Não se esqueça que “contra ocancro todos contam”!

Fernando Cassola Marques

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Livro inédito com homiliasde D. Manuel MartinsO primeiro bispo de Setúbal, D.Manuel Martins, foi homenageadoem Almada pela diocese sadina, porocasião dos seus 40 anos deordenação, com o lançamento deum livro inédito com algumas dassuas principais homilias.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o padre Marco Luís, coordenadordo projeto, destacou uma obra quemais do que “para a diocese, é paratodo o país”. “Estamos a falar de umbispo conhecido, interventivo eapreciado no país todo”, que pela“variedade de temáticas” que temabordado, ao longo da sua vida,sobretudo ao nível social, na defesados mais pobres e carenciados,deixará um “legado” essencial paraas “novas gerações”, apontou osacerdote.Convidado a destacar alguns dostópicos mais marcantes do discursode D. Manuel Martins, o padreMarco Luís sublinhou o modo comosempre foi capaz de apontar umcaminho de “esperança” àspessoas, e ainda “hoje num mundocom tantas dificuldades”. “Mas aomesmo tempo é um homem

que parte do realismo e isso agradaà vida de cada um de nós porqueresponde para a vida de cada umde nós. Um homem de atenção aosdetalhes, à vida das pessoas”,complementou.Intitulado “Cantar a Vida”, uma dasexpressões “mais conhecidas” de D.Manuel Martins, o livro foi compiladodurante vários meses, “a pedido deD. Gilberto Canavarro dos Reis”,que sucedeu a D. Manuel Martins àfrente da Diocese de Setúbal.Através da colaboração de váriaspessoas, e a partir dos arquivos daCasa Episcopal, foram“selecionadas várias homiliasescritas à mão” e posteriormente“transcritas e digitalizadas”. “Eramsobretudo tópicos que D. ManuelMartins desenvolvia”, explicou opadre Marco Luís, consciente do“risco” que foi editar uma obra “semser revista pelo autor”.“Não podíamos deixar de o correr”pois tinha “de ser uma surpresa”,salientou.

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Com a chancela daPaulinas Editora, apublicação reúneintervenções feitas por D.Manuel Martins desde asua entrada na diocesesadina, em 1975, até àsua resignação em 1998.Na capa, podemos ver aimagem de um encontroentre D. Manuel Martins eo Papa Paulo VI, jábeatificado, que foi quemcriou a Diocese de Setúbale quem o nomeou bispo.Já na contracapa,encontramos umapequena reflexão de D.Manuel Martins sobreNossa Senhora e adiocese.

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II Concílio do Vaticano: Uma basílicatransformada em aula magna

Com o aproximar do encerramento do II Concílio doVaticano (1962-65) convém recordar a disposição e aforma dada à nave central e aos espaços da Basílicade São Pedro. As arcadas laterais, por cima dastribunas elevadas que nelas ficam encastradas, foramtapadas com grandes panejamentos para delimitaremo espaço da sala.Ao consultar a planta da sala (Boletim de InformaçãoPastoral; Julho-Agosto 1962, Nº 18) verifica-se que aestátua de bronze de São Pedro ficou revestida dasvestes pontifícias para “simbolizar a presença dopríncipe dos apóstolos e a proteção que dispensa àigreja”.Em frente à estátua de são Pedro estava situado oaltar móvel (dito do cardeal Rampola, seu doador)com o livro dos santos evangelhos. Para a celebraçãoda missa, o altar podia ser deslocado até ao centro dapassagem central, de forma a ser visto por todos ospadres conciliares.O trono papal estava colocado junto da confissão deSão Pedro sobre um estrado elevado de forma a nãoser ocultado por quem passar pela sua frente e oacesso ao estrado fazia-se por duas escadas lateraisde onze degraus cada. Muito perto do trono papalficava a mesa para os cardeais que formavam oconselho da presidência e ao lado estavam as mesaspara o secretário-geral do concílio e os membros doseu secretariado.Em frente ao altar móvel e à estátua de São Pedroficaram os cardeais. Estes tinham uma pequena mesae genuflexório, dispostos em 8 filas de onze lugares(ao todo eram 88) e estavam separados por duaspassagens.

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Os lugares dos patriarcas situavam-se logo a seguir (no lado esquerdoda nave central) e tinham tambémuma pequena mesa e genuflexório(6 lugares) semelhantes aoscardeais. Os cadeirais dospatriarcas estavam cobertos detecido verde enquanto os doscardeais estavam revestidos devermelho.Os lugares dos padres do concílioestavam dispostos em bancadasdivididas em sectores separadospor escadas de acesso, com seislugares em cada fila. Havia 16sectores de cada lado, tendo cadaum o mínimo de 60 e o máximo de84 lugares. O número total delugares para os

padres do concílio era de 2265 e asduas bancadas laterais estavamseparadas por uma faixa centralcom 5 metros e 30 centímetros.Junto à estátua de Santo Andréestava uma tribuna com 120 lugaressentados, para as missõesestrangeiras. Junto à estátua deSão Louguinhos, com 200 lugarespara o corpo diplomático.Os jornalistas acreditados estavamsituados diante da estátua de SantaHelena, com 250 lugaresreservados. Os operadores de rádioe de televisão estavam colocados(cerca de 40 lugares) numa tribunadiante da estátua de SantaVerónica.

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outubro/novembro 2015 30 de outubro- Braga - Colunata de eventos doSantuário do Bom Jesus -Jornadas nacionais da Pastoral doTurismo - Évora - Galeria da Casa de Burgos- Encerramento da exposição de«Antifonários do Mosteiro daCartuxa de Santa Maria de ScalaCoeli» - Lisboa – UCP - Colóquio sobre «AFamília: Narrativa Sinodal»promovido pela Faculdade deTeologia, da Universidade CatólicaPortuguesa - Lisboa – Turcifal - Encontro dapastoral sociocaritativa doPatriarcado de Lisboa, no CentroDiocesano de EspiritualidadeImaculado Coração de Maria noTurcifal, com o tema “O Amor agapécomo fonte da dádiva” - Lisboa - Póvoa de Santo Adrião(Salão do Centro Paroquial)-Conferência sobre «A família e anova evangelização à luz do Sínododos Bipos» por monsenhor VictorFeytor Pinto

- Vila Real - Auditório do Semináriode Vila Real -Mesa redonda sobre o«Sínodo dos Bispos e os seusdesafios à família, à Igreja e àsociedade», moderada por AntónioFrancisco Caseiro Marques e com aparticipação de: Helena Pavão,Emília Sarmento, José CarlosCarvalho, e José Carlos Gomes daCosta. 31 de outubro- Lisboa -Jornadas Corais deMúsica Sacra promovidas pelaEscola Diocesana de Música Sacrado Patriarcado de Lisboa - Porto- Iniciativa «Holywins»promovida pelo setor da vidaconsagrada - Leiria- Encontro interdiocesano deformação de docentes de EMRC - Aveiro- Assembleia Diocesana deDiáconos com a presença de D.António Moiteiro - Aveiro - Assembleia de gruposcáritas com a presença de D.António Moiteiro

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- Lisboa - Colégio São João de Brito-Seminário da Rede de Campos deFérias Católicos- Aveiro - Hotel Moliceiro-Apresentação do livro «SãoGonçalo de Aveiro: A ermida, aIgreja paroquial, a capela...» daautoria do historiador Amaro Neves 02 de novembro- Porto - Gondomar (cripta daIgreja) -Semana Bíblica deGondomar com o tema«Santificados pela Palavra» (adecorrer de 02 a 07 de novembro) 03 de novembro- Lançamento do CD multimédia«Pope Francis. Wake up» comtrechos dos discursos do PapaFrancisco em várias línguas - Lisboa - Biblioteca Nacional - Colóquio internacional sobre a«Bíblia Medieval - Do Românico aoGótico» (dias 03 e 04 de novembro) - Açores - Angra do Heroísmo - D.Antonio SousaBraga condecorado como cidadãohonorário de Angra do Heroísmo

- Lisboa - Torres Vedras (CentroSocial Paroquial) - Jornada Sinodaldo Clero com intervenção de D.Manuel Clemente sobre ostrabalhos do Sínodo dos Bispos. 04 de novembro- Fátima-Peregrinação internacionalda Ordem do Carmo (04 e 05 denovembro) - Lisboa - Biblioteca Nacional dePortugal - Apresentação docatálogo das bíblias portáteis doséculo XIII «Sacra Pagina» porJosé Mattoso - Lisboa - Salão Paroquial de NossaSenhora do Amparo (Benfica) - Conferência sobre «O dom docasal» integrada no ciclo «O amornão cansa nem se cansa»promovida pela Paróquia de NossaSenhora do Amparo de Benfica - Lisboa - Capela doRato-Conversa de Marcelo Rebelode Sousa com Maria João Avillezsobre a relação com Deus

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A Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT)

promove as suas jornadas tendo presente o binómioIgreja-Turismo a 30 e 31 de outubro na Colunata deeventos do Santuário do Bom Jesus, Braga.Os conteúdos temáticos do encontro são três: “Igreja eTurismo”; “Património Religioso e Turismo” e“Operadores Turísticos e Peregrinações”, divididos emquatro mesas e uma conferência. A Fraternidade dos Capuchinhos organiza, de 02 a 07de novembro, a XVI Semana Bíblica de Gondomar(Diocese do Porto) com o tema «Santificados pelaPalavra». D. Francisco Senra; José Carlos Miranda;frei Bernardo de Almeida; frei Herculano Alves e opadre Rui Santiago são alguns dos conferencistasdesta iniciativa que vai ser encerrada por D. JoãoLavrador, bispo eleito da Diocese de Angra. ‘Pope Francis. Wake up” é o CD multimédia comtrechos dos discursos do Papa Francisco em váriaslínguas, cujo lançamento mundial está previsto para 3de novembro.O CD, distribuído pela Believe Digital, com autorizaçãoda Paulus, inclui 11 faixas da tradição musical cristã,reelaboradas por compositores contemporâneos quefazem o acompanhamento sonoro da voz do Papa. Os candidatos presidenciais, Maria de Belém eMarcelo Rebelo de Sousa, vão estar, no mês denovembro, na Capela do Rato, em Lisboa, parafalarem da sua relação com Deus. Dia 4 de novembro,no ciclo de conversas de Maria João Avillez intitulado«Deus», Marcelo Rebelo de Sousa vai falar da suarelação com Deus. Uma semana depois, a 11 denovembro, Maria de Belém, responde às perguntas dajornalista e o selecionador nacional, Fernando Santos,é o convidado de 18 de novembro.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, 01 de novembro- Cristãos perseguidos:mártires contemporâneos. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 02-Entrevista ao psicólogoclínico Terça-feira, dia 03 -Informação e entrevista aopadre José Manuel pereira deAlmeida Quarta-feira, dia 04- Informação e entrevista ao FreiJosé Nunes sobre os 800 anos da Ordem dosPregadores Quinta-feira, dia 05 - Informação e entrevista aopadre José Carlos Nunes sobre a Coleção Oficial doJubileu da Misericórdia Sexta-feira, dia 06 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo pelos padres Armindo Vaz e FreiJosé Nunes Antena 1Domingo, dia 01 de novembro - 06h00 - Asolenidade de todos os Santos com o cardeal SaraivaMartins Segunda a sexta-feira, 02 a 06 de novembro - 22h45 - A morte e o luto: padre Paulo Malícia (dia02); Psicólogo Hugo Lucas (dia 03); conselheira doluto Cristina Felizardo (dia 04); diácono Albino Martins(dia 05) e José Eduardo Rebelo (dia 06).

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Ano B - Solenidade de todos osSantos Todoschamados aser santos

Todos são chamados a ser filhos de Deus e a viver nasantidade de Deus: aí reside a nossa felicidade, noespírito das leituras desta Solenidade de Todos osSantos, particularmente no Evangelho das Bem-aventuranças.Há cinquenta anos, o Concílio Vaticano II veio reporaquilo que está bem presente na Sagrada Escritura: asantidade é para todos, não apenas para algunsconsagrados; todos devem procurar esse essencialcaminho de vida eterna já nos andamentos da vidaperegrina.Essa referência tão fundamental está bem presente nomagistério de Papas como João Paulo II, Paulo VI,Bento XVI e Francisco. Quero referir nesta meditaçãoapenas algumas passagens da catequese do PapaFrancisco na audiência geral de 19 de novembro de2014.«Um grande dom do Concílio Vaticano II foi terrecuperado uma visão de Igreja fundada na comunhãoe ter voltado a entender também o princípio daautoridade e da hierarquia em tal perspetiva. Istoajudou-nos a compreender melhor que, enquantobatizados, todos os cristãos têm igual dignidade diantedo Senhor e são irmanados pela mesma vocação, queé a santidade. Agora, interroguemo-nos: em queconsiste esta vocação universal a sermos santos? Ecomo a podemos realizar?»«Antes de tudo, devemos ter bem presente que asantidade não é algo que nos propomos sozinhos, quenós obtemos com as nossas qualidades ecapacidades. A santidade é um dom, é a dádiva que oSenhor Jesus nos oferece, quando nos toma consigoe nos reveste de Si mesmo, tornando-nos como Ele é.É um dom oferecido a todos, sem excluir ninguém, epor isso constitui

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o cunho distintivo de cada cristão.Tudo isto nos leva a compreenderque, para ser santo, não é precisoser bispo, sacerdote ou religioso:não, todos somos chamados a sersantos! Somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendocom amor e oferecendo otestemunho cristão nas ocupaçõesdiárias».Depois de explicar de modo muitoconcreto como se pode realizar asantidade nos diversos estados devida, assim termina o PapaFrancisco: «Eis o convite àsantidade! Aceitemo-lo com alegriae sustentemo-nos uns aos outrosporque o caminho para a santidadenão o percorremos

sozinhos, cada qual por sua conta,mas juntos, no único corpo que é aIgreja, amada e santificada peloSenhor Jesus Cristo. Vamos emfrente com ânimo, neste caminho dasantidade».Que este breve aceno do PapaFrancisco, tão presente na suaexortação apostólica «A Alegria doEvangelho», programática para ospróximos anos da vida da Igreja, nosestimule a ir sempre à fonte damontanha das bem-aventuranças,onde Jesus nos enche o coração daautêntica felicidade.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Celebrar e praticar a misericórdia

A Editorial Apostolado de Oração(AO) publicou o livro ‘Celebrar epraticar a misericórdia’ onde opadre Manuel Morujão, daCompanhia de Jesus (Jesuítas),oferece subsídios para “viver” o AnoJubilar da Misericórdia.“Procurei ser simples, prático eacessível. Trata-se de um livropastoral, para ajudar as pessoas a

aprofundar o mistério damisericórdia de Deus e para nosdinamizar a sermos sempre maismisericordiosos nas relações comtodos”, explica o padre ManuelMorujão, na apresentação da obra.O sacerdote jesuíta informa que olivro ‘Celebrar e praticar amisericórdia’ pode servir para“leitura espiritual”,

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para apresentação de um temarelacionado com a misericórdia,“num encontro de reflexão ou numretiro espiritual”.O autor indica ainda que apublicação pode ser usada como“informação” sobre os Anos Santosem geral e sobre o Jubileu daMisericórdia em particular (8 dedezembro - 20 de novembro de2016) bem como para animar umacelebração penitencial ou umaadoração ao Santíssimo, “centradosno tema inesgotável damisericórdia”.Desta forma, a publicação, doanterior secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, divide-se emquatro capítulos, onde apresenta:“Textos introdutórios; documentosoficiais do Ano Santo daMisericórdia; Temas relacionadoscom a Misericórdia Divina eHumana” e “celebrar a misericórdiadivina”, com duas propostas decelebração comunitária.Segundo o padre Manuel Morujão, aBula “Misericordia vultus” (‘O Rostoda Misericórdia’) do Papa Franciscoque convocou o Ano Santo, é o“texto fundamental” do livro‘Celebrar e praticar a misericórdia’.O prólogo, do presidente daComissão Episcopal de Liturgia eEspiritualidade, destaca que opadre Manuel Morujão oferece “umcontributo precioso” para celebrar

e praticar a Misericórdia no AnoSanto Extraordinário tornando cadauma “peregrinos da santidade”.“Alegramo-nos com mais estetrabalho e felicitamos a tãoinestimável ação pastoral eespiritual”, acrescenta D. JoséCordeiro, também bispo da Diocesede Bragança-Miranda, sobre o livro“escrito com muita inteligência,devoção, paciência e sensibilidadeeclesial”.

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Dar visibilidade à vida consagradaatravés dos doces conventuais

No contexto das celebrações dos750 anos da morte de São frei Gil, oMuseu Diocesano de Santarémorganizou, de sexta a domingo, umamostra de doces conventuais.Apesar de São frei Gil “não terdoceiro”, a cidade de Santarémtinha “uma grande tradiçãomonástica”, mas que “desapareceue agora apenas resta

o mosteiro das clarissas”, disse àAgência ECCLESIA o padreJoaquim Ganhão, diretor do museudiocesano.“Saborear as iguarias conventuaisque ainda perduram na cidade” e“visitar o museu diocesano deSantarém” foi um dos objetivosdesta iniciativa, que recebeu maisde mil visitantes.

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Por outro lado, esta atividade deuoportunidade às pessoas deestarem em contato comconsagrados, de “colocar os maisnovos e mais velhos em contactocom a realidade da vida monástica”,referiu o padre Joaquim Ganhão.Para “muitas crianças, os mongesapenas fazem parte do imaginárioou da banda desenhada”,confessou o diretor do MuseuDiocesano de Santarém.Centenas de crianças da Diocese

de Santarém desfilaram com trajesantigos, na sexta-feira, nas ruas dacidade e confecionaram um docepara toda comunidade.O cortejo histórico «Os religiososdoceiros» contou com a participaçãode 250 crianças do 1º ciclo,“trajadas de monges e freiras” quepercorram algumas artérias docentro histórico da cidade deSantarém, disse à AgênciaECCLESIA Alexandra Xisto,coordenadora das atividades damostra de doces conventuais.

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Egipto: Impossível esquecer o dia 12 de Fevereiro

As últimas palavrasEstavam todos ajoelhados juntoà água, numa praia da Líbia.Foram todos degolados apenaspor serem cristãos. O mundoviu, chocado, as imagens destecrime bárbaro. Numa pequenaaldeia do Egipto ainda hoje sechora a memória destes filhosda terra, mas é com orgulho quefalam deles: São mártires, “agoraestão no Céu”. Foi em Fevereiro. Ninguém esqueceo dia em que a notícia chegou,como um vendaval. Houve gritos elágrimas que ainda não secaram.Nesse dia 12, a aldeia ficouenlutada para sempre. Treze dosfilhos da terra, da pequena aldeiade El-Aour, foram assassinadosnuma praia da Líbia. Caminhavamdobrados junto à água até queforam forçados a ajoelhar. Antes deserem degolados, naquelesinstantes que sabiam ser os últimos,alguns destes cristãos egípciosestavam a rezar. Há um vídeo quemostra isso. No instante em que afaca começa a deixar uma linhavermelha de sangue, os lábios deYousef estão a dizer “Jesus”, comoquem entrega todo o seu ser, toda asua vida, nas mãos de Deus.

O irmão de Yousef, Malak Shoukry,quando viu o filme pela primeira vezficou chocado. Aqueles 13 homenstinham sido decapitados apenas porserem cristãos. Depois, apercebeu-se do enorme testemunho de fé queacabara de presenciar.Assassinaram Yousef por sercristão. Morreu como mártir. “Estouorgulhoso dele”, diz agora. “É ummártir de Cristo.”Terra de ninguémA aldeia de El-Aour fica numa regiãomuito pobre. Aqueles 13 homensdecapitados estavam na Líbia atrabalhar. Abraham Bashr deveriater sido o décimo quarto homem daaldeia a ser decapitado. Quando osjihadistas entraram na casa ondetodos viviam, conseguiu esconder-se. Está vivo mas a sua vida, dealguma forma também acabounaquele dia. “Ouvi-os a perguntarpelos cristãos. Eles vieram só pararaptar os cristãos. Estava cheio demedo.” Há dias, a Fundação AISesteve na aldeia de El-Aour. Por lá,continua a sombra desse dia 12 deFevereiro. Não deverá haver dormaior do que uma mãe perder umfilho. Uma dessas mães apenasreclama o corpo do seu filho devolta.

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Já se resignou com tudo o resto. Sóquer o corpo do filho para oenterrar, para lhe fazer o funeral.Para poder chorá-lo. “Se eles odeitaram ao mar, quero-o de volta.Se o queimaram, quero o seu pó.”Maria Lozano, da Fundação AIS,esteve nesta aldeia e encontrou-secom alguns dos filhos destescristãos decapitados na Líbia. Agorasão órfãos, mas dizem-seorgulhosos pelo facto de os seuspais nunca terem renegado a fé emCristo. “Claro que estou triste, masestou

também orgulhoso porque o meu paifoi morto por causa da sua fé. Ele foium exemplo para mim e para toda aIgreja.” Um destes jovens, jáadolescente, acrescentou ainda:“Agora, ele está no Céu!” Nestapobre aldeia, estes cristãosasseguram que não há nada maisvalioso do que a fé em Cristo.“Perder a vida, sim, podemos perdê-la: mas perder a fé, nunca!”

Paulo Aido

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A Missão da ONU

Tony Neves Espiritano

A Organização das Nações Unidas (ONU) nasceuem 1945, no fim da Segunda Grande GuerraMundial. Os objetivos pareciam claros, apósacontecimento catastrófico que gerou milhões demortos, feridos, deslocados e arrasou cidades,vilas e aldeias.70 anos depois, as comemorações obrigam aavaliar. Há muito a agradecer à ONU pela suaMissão, mas também não faltam preocupações eurgências de mudança.O Papa Francisco, na sua visita recente aosEstados Unidos, discursou nas Nações Unidas,sempre a insistir na dignidade da pessoahumana. Saliento algumas das ideias aliproclamadas ao mundo inteiro.Pediu a re-estruturação do Conselho deSegurança e organismos financeirosinternacionais, dizendo: “Há constantenecessidade de reforma e adaptação aostempos, avançando rumo ao objectivo final que éconceder a todos os países, sem excepção, umaparticipação e uma incidência reais e equitativasnas decisões.” Tudo isto para ajudar a “limitarqualquer espécie de abuso ou usura,especialmente sobre países em vias dedesenvolvimento.”Também abordou a delicada e complexa questãoda exclusão social: “O mundo pede vivamente atodos os governantes uma vontade efectiva,prática, constante, feita de passos concretos emedidas imediatas, para preservar e melhorar oambiente natural e superar o mais rapidamentepossível o fenómeno da exclusão social

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e económica, com suas tristesconsequências de tráfico de sereshumanos, tráfico de órgãos etecidos humanos, exploração sexualde meninos e meninas, trabalhoescravo, incluindo a prostituição,tráfico de drogas e de armas,terrorismo e criminalidadeinternacional organizada.”Ao falar do Desenvolvimento, oPapa Francisco pediu um combatesem tréguas à pobreza, insistindoem alguns direitos humanosfundamentais.As questões ecológicas e amediação de conflitos foram temastambém abordados pelo PapaFrancisco.A última palavra foi de denúncia dasperseguições religiosas: “não possodeixar de reiterar os meus apelosque venho repetidamente fazendoem

relação à dolorosa situação de todoo Médio Oriente, do Norte de Áfricae de outros países africanos, ondeos cristãos, juntamente com outrosgrupos culturais ou étnicos etambém com aquela parte dosmembros da religião maioritária quenão quer deixar-se envolver peloódio e a loucura, foram obrigados aser testemunhas da destruição dosseus lugares de culto, do seupatrimónio cultural e religioso, dassuas casas e haveres, e forampostos perante a alternativa deescapar ou pagar a adesão ao beme à paz com a sua própria vida oucom a escravidão.”A ONU tem pela frente uma grandeMissão, mas precisa de uma enormereforma. A celebração dos seus 70anos de vida são um bom pretextopara se repensar.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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