novela destatic.recantodasletras.com.br/arquivos/6143925.pdf · 2017-10-16 · bem não... (pausa...
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 1
RAZÃO E EMOÇÃO
Novela de
Rômulo Guilherme
Criada e escrita por:
Rômulo Guilherme
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 2
CENA 01. QUARTO MARCOS. INT. NOITE
Continuação imediata da última cena do capítulo
anterior. Marcos pega o pino de cocaína da mão de
Cíntia de uma maneira truculenta. Cíntia arrasada.
Marcos - (nervoso) Já disse pra não mexer
nas minhas coisas, mãe. Que saco!
Cíntia - (abalada) Me diz que não é
verdade, Marcos. Que isso não é
droga...
Marcos - Posso trocar de roupa?
Cíntia - (tom) Responde!
Marcos - Quer mesmo saber? É droga sim, pó.
E é meu. Tá satisfeita agora?
O mundo de Cíntia vem abaixo. Perde o chão. Fica
perplexa, horrorizada.
Marcos - Agora me dá licença pra que eu
troque de roupa.
Cíntia encara Marcos, desolada. Corta para:
CENA 02. AP. CÍNTIA. CORREDOR. INT. NOITE
Cíntia saí do quarto, muito abalada. Fica ali na
porta, chorando, desolada. Corta para:
CENA 03. QUARTO MARCOS. INT. NOITE
Marcos anda de um lado pro outro, transtornado.
Marcos - Que merda! Que merda!
Corta para:
CENA 04. QUARTO CAROLINA E RAUL. INT. NOITE
Carolina aconchegada, abraçada em Raul, na cama.
Carolina - Que bom que você está aqui comigo.
Estava me sentindo tão sozinha...
Raul - Vim o mais rápido que pude, quando
a Luíza me deu a notícia.
Carolina - A Luíza está cuidando do enterro.
Raul - Estou em choque, Carolina. A ficha
ainda não caiu.
Carolina - É assim que também me sinto. Como
se fosse um pesadelo. Que não é
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verdade que nossa filha se foi dessa
maneira tão horrível.
Raul - Uma tragédia.
Carolina - Temos que avisar o Gustavo.
Raul - Vou ligar pra ele e contar o que
aconteceu com a Lívia.
Carolina abraça mais forte Raul. Ficam assim juntos,
unidos pela dor, pela tristeza da perda da filha.
Corta para:
CENA 05. MANSÃO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE
Raul toma uma dose de uísque, criando força e coragem
pra ligar pro Gustavo. Quando se sente preparado, pega
seu celular, procura o número do filho nos contatos e
liga.
Raul - (cel.) Gustavo? (t) Não está tudo
bem não... (pausa dramática) A Lívia
sofreu um grave acidente e não
resistiu...
Corta para:
CENA 06. AP. CÍNTIA. SALA. INT. NOITE
Cíntia de cabeça baixa. Marcos chega. Cíntia lhe
encara, com olhar desolado.
Marcos - Para de me olhar desse jeito, como
se eu fosse um viciado. Uso e paro
quando eu quero, mãe.
Cíntia - É essa falsa ilusão que a droga
provoca em que usa, meu filho. Achar
que está no controle, quando na
verdade não está.
Marcos - Só uso pra relaxar. Não precisa se
preocupar.
Cíntia - Como você não quer que eu não me
preocupe, sabendo que você está se
drogando, Marcos.
Marcos - Não estou matando, roubando, nem
nada disso. Qual o problema? Tem
tanta gente fazendo coisa pior nesse
país. É só abrir o jornal.
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Cíntia - Mas você está se destruindo,
Marcos.
Marcos - Eu sei me cuidar.
Cíntia - Não parece. Se soubesse mesmo não
tinha começado a usar essa porcaria.
Marcos - Tá tudo bem, mãe. Já sou grandinho
pra saber o que faço.
Cíntia - Desde quando você está se
drogando, Marcos?
Marcos - Não sei, mãe. Não lembro. Isso faz
alguma diferença?
Cíntia - (inconformada) Sempre conversei
tanto sobre drogas com você e sua
irmã, desde quando passaram a
entender o que era, pra ter cuidado,
pra não experimentarem nem que seja
por curiosidade. E você me apronta
uma dessas, Marcos? Você não tem
idéia de como estou me sinto.
Marcos - Que drama, mãe.
Cíntia - Estou sem chão, arrasada, me
sentindo um fracasso de mãe.
Marcos - (incomodado) Para de me tratar
como se eu fosse um viciado, mãe. Já
disse que eu paro quando eu quero.
Cíntia - E você quer parar?
Marcos - (explode) Chega de tantas
perguntas, questionamentos,
vigilância... Cansei. Pra mim já
deu!
Marcos, alterado, vai pro quarto. Cíntia vai atrás.
Corta para:
CENA 07. QUARTO MARCOS. INT. NOITE
Marcos entra, pega uma mochila e começa a colocar umas
roupas, objetos pessoais, dentro dela de qualquer
jeito. Cíntia chega.
Cíntia - O que você está fazendo, Marcos?
Marcos - Vou dar o fora daqui. Cansei de
ficar sendo controlado, como se eu
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ainda fosse um adolescente, que tem
que dar satisfação do que faz e
deixa de fazer.
Cíntia - É assim, indo embora, que você
mostra sua maturidade?
Marcos - Estou é te fazendo um favor
metendo o pé daqui, pra evitar que
fique se preocupando comigo.
Cíntia - (justificando) Uma mãe que ama um
filho sempre se preocupa. Não
entendo que só quero seu bem, meu
filho. Não quero te perder pras
drogas.
Marcos - (seco) Se quer me bem, me deixa em
paz, tá bem! Vou viver minha vida do
meu jeito, bem longe daqui, da sua
vigilância, da sua encheção de saco.
Marcos fecha sua mochila, olha pra Cíntia, que tenta
acariciar seu rosto, mas ele saí antes. Cíntia desaba
no choro.
Corta para:
CENA 08. RIO DE JANEIRO. RUAS. EXT. NOITE
Marcos dirige seu carro, em alta velocidade. Já
escutamos o inicio da cena seguinte.
Lucas - (off/surpreso) Cocaína?
Corta para:
CENA 09. CASA LUCAS. INT. NOITE
Lucas no celular, falando com Cíntia.
Lucas - (cel.) Bem que você estava
desconfiada.
Corta para:
CENA 10. AP. CÍNTIA. SALA. INT. NOITE
Cíntia sentada no sofá, no telefone.
Cíntia - (tel.) Estou perdida, sem rumo,
sem chão, Lucas. E pra piorar tudo,
ele saiu de casa.
Lucas - (cel.) Quer que eu vá praí?
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Cíntia - (tel.) Não vai adiantar nada. O
Marcos não quer assumir o vício. E
isso que me deixa ainda mais
apavorada.
Corta para:
CENA 11. QUARTO LETÍCIA. INT. NOITE
Dora brincando com Letícia.
Dora - Logo, logo, o Théo vai estar de
volta. Não precisa ficar assustada,
que agora está tudo bem.
Letícia - Vou fazer um desenho bem bonito
pra ele.
Dora - Faz sim. Quer que eu te ajude?
Letícia concorda, gostando da idéia e elas começam a
desenhar. Tempo.
Corta para:
CENA 12. AP. CÍNTIA. SALA. INT. NOITE
Cíntia segura um porta retrato onde tem uma foto de
Marcos e Nicole juntos.
Cíntia - Mãe dá conselho, tenta evitar que
os filhos sigam pelos caminhos
errados da vida, mas não tem jeito.
Quando tem que acontecer, acontece.
Aí fica esse misto de sensação: de
fracasso, de culpa, de medo,
preocupação e aquela pergunta: onde
foi que eu errei?
Corta para:
CENA 13. PRÉDIO CÍNTIA. RUA. EXT. NOITE
Carro de Jeferson parado em frente à entrada do
prédio. Corta para:
CENA 14. CARRO JEFERSON. INT. NOITE
Jeferson faz um carinho no rosto de Nicole.
Jeferson - Não quer mesmo passar a noite
comigo?
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Nicole - Não é que eu não queira, Jeferson.
Amanhã tenho prova. E hoje ainda
quero dar mais uma lida na matéria.
Jeferson - Quer que eu te ajude?
Nicole - Se ficarmos juntos sei que a
última coisa que vou fazer é
estudar.
Jeferson - Prometo que vou me comportar.
Nicole - Não vou cair nessa. Preciso ir
agora.
Nicole dá um beijo em Jeferson e saí do carro.
Jeferson fica contrariado.
Corta para:
CENA 15. AP. CÍNTIA. INT. NOITE
Nicole chega da rua. Estranha ver o jeito de Cíntia,
ainda no sofá, segurando o porta retrato.
Nicole - (preocupada) Que foi, mãe?
Cíntia - Descobri, filha: seu irmão está
usando droga.
Nicole fica chocada.
Corta para:
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INTERVALO COMERCIAL 1
CENA 16. AP. CÍNTIA. INT. NOITE
Continuação imediata. Nicole e Cíntia.
Nicole - Mas como assim? Ele te contou?
Cíntia - Eu encontrei na calça dele,
seguindo meu faro, e ele confessou
tudo naturalmente, como se não
tivesse fazendo nada de errado.
Nicole fica sem saber o que falar. Tenta passar forças
pra Cíntia, arrasada.
Nicole - Nossa, mãe. Nem sei o que falar.
Posso imaginar sua decepção.
Cíntia - E meu pânico, minha filha. Estou
morrendo de medo do que pode
acontecer com seu irmão, se
enveredando por esse mundo.
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Nicole - O Marcos está no quarto?
Cíntia - Foi embora. Saiu de casa.
Nicole - (reage) Como assim? Que doidera é
essa?
Cíntia - Disse que quer viver a dele do
jeito que bem entender, bem longe
daqui.
Corta para:
CENA 17. AP. TÚLIO. INT. NOITE
Túlio abre a porta. É Marcos.
Marcos - Posso ficar aqui, Túlio?
Corte descontínuo para Marcos e Túlio no sofá.
Túlio - É claro que você pode ficar aqui,
o tempo que quiser.
Marcos - Sabia que podia contar com você,
Túlio.
Túlio - Você é como um irmão pra mim e não
te deixaria na mão numa hora dessas.
Mas como sua mãe descobriu?
Marcos - Dei bobeira deixando o pino de
cocaína na calça. Deveria ter
chegado e escondido, como sempre
fiz, sabendo das incertas que minha
mãe dava no meu quarto.
Túlio - Que barra, cara. Brigar com mãe é
complicado.
Marcos - Até que foi bom que ela tenha
descoberto logo e acabado com a
dúvida que tinha, se eu usava ou não
usava droga, que pairava em sua
cabeça e a fez ficar igual um cão
farejador pra cima de mim,
procurando, vigiando...
Túlio - Acha que ela vai contar pra
Amanda, com o intuito de pedir ajuda
pra que você pare de usar?
Marcos - Não sou um viciado, Túlio. Não
preciso de ajuda, de tratamento, nem
nada. Uso apenas pra relaxar.
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Túlio - Se a Amanda souber, duvido que ela
vai querer alguma coisa com você,
Marcos.
Marcos - É um risco que vou correr, meu
amigo. Mas igual eu falei com minha
mãe, não sou um viciado. Tenho
controle. Quando eu quiser parar de
usar droga eu paro, sem problema
algum.
Túlio - Quer usar?
Marcos - Quero. Pena que deixei no meu
quarto o pino que minha mãe achou.
Túlio - Preocupa não. Tenho aqui que dá
pra nos dois usarmos tranquilamente.
Corta para:
CENA 18. AP. CÍNTIA. BANHEIRO. INT. NOITE
Cíntia joga o pino de cocaína no vaso sanitário e dá
descarga.
Corta para:
CENA 19. QUARTO NICOLE. INT. NOITE
Nicole está estudando, concentrada. Cíntia aparece na
porta, abatida.
Cíntia - Conseguiu falar com seu irmão?
Nicole - Ele está na casa do Túlio.
Cíntia - Aposto que o Túlio também deve se
drogar, assim como seu irmão.
Nicole - Provavelmente. Os dois são como
unha e cutícula, estão sempre
juntos.
Cíntia - Se é que não foi ele quem levou o
Marcos pra esse caminho.
Nicole - Para né, mãe! O Marcos não é
nenhuma criancinha. Usou sabendo bem
o que era e dos riscos.
Cíntia - Minha vontade é de ir lá, lhe dar
uma boa surra, extravasar minha
raiva, revolta, por ele ter se
envolvido com essa porcaria, depois
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de tantos conselhos que sempre dei
pra vocês dois.
Nicole - Bater, brigar não adianta. Vai é
ser pior. Deixa a poeira baixar.
Cíntia - Enquanto isso eu fico nessa
incerteza, preocupação...
Nicole abraça Cíntia, lhe confortando.
Nicole - (carinhosa) Estou aqui com você,
mãe. Vamos tirar o Marcos dessa.
Cíntia - Obrigada, filha. Já falei com seu
pai, amanhã eu falo com a Amanda,
que se tornou mais que uma
psicóloga, e sim uma grande amiga,
com que posso contar.
Corta para:
CENA 20. QUARTO CAROLINA E RAUL. INT. NOITE
Carolina na cama, tristonha; Raul acaba de desligar o
celular.
Raul - A Luíza disse que já resolveu tudo
do enterro.
Carolina - Essa é uma amiga de verdade, ficou
do meu lado o tempo todo. Diferente
do que a Mafalda está demonstrando
ser. Nem um telefonema ela me deu.
Raul - Vai ver que ela não sabe.
Carolina - Deu na televisão, na internet e
tudo mais, Raul.
Raul - Não tire conclusões precipitadas,
Carolina.
Carolina - Mas deixa estar. É em momentos
como esse que a gente vê com quem
podemos contar de verdade. E pelo
visto, diferente do que eu
imaginava, não posso contar com ela.
Corta para:
CENA 21. QUARTO MAFALDA. INT. NOITE
Mafalda no celular.
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Mafalda - (cel.) Achei melhor agir assim,
Raul. Quero que a Carolina vá se
afastando de mim. Estou trocando uma
amiga por sua causa, já que manter
os dois pra mim não está dando, não
tenho estômago pra ser falsa,
sustentar uma mentira.
Corta para:
CENA 22. AP. INÊS E LÍVIA. SALA. INT. NOITE
Inês e Nico na porta se despedindo.
Nico - Não quer mesmo que eu passe essa
noite aqui com você, minha amiga.
Inês - Te agradeço muito, mas não
precisa, Nico. Tenho que ir me
acostumando com a solidão...
Nico pega na mão de Inês.
Nico - Você não esta sozinha. Pode sempre
contar comigo.
Inês - Obrigada pela força que você está
me dando. Nem sei como te agradecer
por tudo o que você fez e ainda faz
por mim, Nico. Só Deus pra te pagar
tudo isso.
Nico - Qualquer coisa você me liga. Pode
ser a hora que for.
Inês - Tá bom.
Eles se despendem e Nico vai embora. Inês fecha a
porta.
Corta para:
CENA 23. AP. INÊS E LÍVIA. QUARTO EDUARDO. INT. NOITE
Eduardo dorme. Inês está debruçada no berço,
observando seu pequeno dormindo, inocente, sem
imaginar a tragédia que aconteceu.
Corta para:
CENA 24. QUARTO CAROLINA E RAUL.
Carolina na cama; Raul sentado na cama, se preparando
pra deitar.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 12
Carolina - O que vai ser do nosso neto agora
que perdeu a mãe, Raul? Tão pequeno
e já órfão de mãe.
Raul - A Inês é mãe dele também,
Carolina.
Carolina - Quem engravidou, quem gerou nosso
neto, foi a Lívia. Ela que é a mãe
dele.
Raul - Não é hora e nem o momento de
pensarmos nisso, Carolina. Vamos
enterrar nossa filha primeiro,
depois pensamos na situação do nosso
neto.
Carolina - (firme, pra si) Com a Inês o
Eduardo não vai ficar!
Raul deita e se ajeita.
Raul - Acho que não vou consegui dormir.
Fico pensando na Lívia a todo o
momento.
Carolina - Como o Gustavo reagiu?
Raul - Está arrasado como todos nos
estamos. No meio da ligação sua voz
ficou embargada, ficou mudo por uns
instantes, senti que ele estava se
controlando pra não chorar. Disse
que vai pegar o primeiro vôo pro
Brasil.
Carolina - Tomará que ele consiga chegar a
tempo pro enterro da irmã.
Corta para:
CENA 25. QUARTO AMANDA E CÍNARA. INT. NOITE
Cínara acaba de colocar Matheus no berço. Amanda, já
vestida pra dormir, se ajeitando na cama.
Amanda - Não liga, Cínara. Mamãe não fala
isso por mal, pra te machucar.
Cínara - Mas machuca sim. Não perde nenhuma
oportunidade pra ficar me jogando na
cara que meu filho vai crescer sem
pai, que fui irresponsável...
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 13
Amanda - O problema é que ela não se
conforma, entende?
Cínara - Tem horas que me dá vontade de
pegar o Matheus, juntar nossas
coisas e sumir, sem deixar rastros.
Corta para:
CENA 26. QUARTO VIRGÍNIA. INT. NOITE
Virgínia arruma a cama pra deitar. Clóvis veste seu
pijama. Conversa à meio.
Virgínia - Eu tento me controlar, mas quando
vejo já saiu.
Clóvis - Mas você tem que aprender a frear
sua língua, Virgínia. O que
aconteceu, aconteceu. Não dá pra
voltar no passado.
Virgínia - Nas minhas orações peço muito pra
que um homem bom, ajuizado, apareça
na vida da Cínara, pra que ela possa
criar juízo e se aprumar na vida.
Clóvis - Quem sabe um milagre aconteça e o
Maurício resolva assumir nosso neto
e até a Cíntia.
Virgínia - Deus podia tanto te ouvir e os
anjos dizerem amém. Seria um alivio
pro meu coração.
Corta para:
CENA 27. RIO. LAGOA. EXT. DIA
Música tema (continua na cena seguinte). Lucas e Dora
estão em um dos pedalinho na lagoa. Cena romântica. Se
divertem, riem, felizes, aproveitando o passeio, a
companhia um do outro, o dia bonito que está fazendo.
Corta para:
CENA 28. JARDIM BOTÂNICO. EXT. DIA
Dora e Lucas caminham de mãos dadas, como um casal
unido e apaixonado que são. Até que eles param, num
lugar muito romântico e se beijam. Momento.
Corta para:
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CENA 29. CEMITÉRIO. EXT. DIA
Cortejo com o corpo de Lívia. Seguem atrás do caixão:
Inês, segurando uma rosa, Nico do seu lado; Carolina,
Raul e Gustavo juntos; Cínara e Bárbara; Luíza e
Mafalda; Cleide e os figurantes. Tristeza de todos.
Clima fúnebre. Corte descontínuo para Inês, Carolina,
Raul e Gustavo em torno da cova, onde o caixão já
está. Os personagens presentes estão mais afastados,
deixando claro que é um momento de despedida dos
familiares. Inês se aproxima mais da cova, beija a
rosa que trouxe consigo.
Inês - Adeus, meu amor!
Inês joga a rosa em cima do caixão.
Fusão para:
CENA 30. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT. DIA/NOITE
Dia seguinte. Imagens da cidade. Corta para:
CENA 31. MANSÃO. QUARTO CAROLINA. INT. DIA
Carolina dá um tapa no rosto de Roberto, pego de
surpreso com o gesto.
Carolina - (tom) Incompetente!
Corta para:
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INTERVALO COMERCIAL 2
CENA 32. MANSÃO. QUARTO CAROLINA. INT. DIA
Continuação imediata. Carolina, nervosa, encara
Roberto.
Carolina - (acusa) Você matou minha filha!
Roberto - Eu fiz o que combinamos. Agora eu
não tive culpa se elas trocaram de
carro justamente nesse dia.
Carolina pega um envelope com dinheiro e entrega pra
Roberto, que confere seu conteúdo.
Carolina - Não precisa conferir. Está tudo
certo. Agora saí!
Roberto saí do quarto. Carolina se recompondo.
Corta para:
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CENA 33. MANSÃO. CORREDOR. INT. DIA
Roberto saí do quarto e leva um grande susto ao topar
com Cleide.
Roberto - Que susto, Cleide.
Roberto esconde o envelope na roupa, mas Cleide nota.
Cleide - Algum problema?
Roberto - Nenhum. E para de ser enxerida.
Roberto saí. Cleide fica desconfiada.
Corta para:
CENA 34. AP. INÊS. SALA. INT. DIA
Inês e Gustavo tomam café, enquanto conversam.
Inês - O que mais me impressiona e me
assusta, é que eu previ o que ia
acontecer com a Lívia.
Gustavo - (sem entender) Como assim?
Inês - Eu sonhei que esse acidente,
Gustavo. Vi a Lívia morta no carro!
Gustavo - (assustado, impressionado) Nossa,
Inês.
Inês - Não foi uma, nem duas vezes. Esse
sonho, melhor dizendo, pesadelo,
passou a me atormentar de uns tempos
pra cá.
Gustavo - Posso imaginar como você deve ter
ficado. Só de você falando já me
deixou arrepiado.
Inês - Mas nunca poderia imaginar que não
era um sonho, mas sim uma premonição
que eu ignorei.
Gustavo - Não se culpe, Inês. Foi um
acidente, que infelizmente tirou a
Lívia de nos.
Inês - Fico com aquela sensação de que a
qualquer momento a Lívia vai entrar
por essa porta, com aquele sorriso
no rosto, sempre feliz...
Gustavo - Essa é uma dor que vamos ter que
nos acostumar. Levá-la lado a lado,
como uma indesejada companhia.
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Inês - Éramos um só corpo, uma só alma.
Nossa ligação era algo inexplicável,
Gustavo.
Corta para:
CENA 35. CONSTRUTORA. SALA RAUL. INT. DIA
Raul e Suelen. Conversa a meio.
Suelen - Achei que era uma novidade pro
senhor.
Raul - Já sabia que o Lucas é o pai do
Marcos, que foi o responsável pelo
acidente que matou a filha da Dora.
Suelen - (surpresa) Enquanto eu venho com a
fubá, o senhor já está comendo a
broa.
Raul - Mandei levar um dossiê completo
sobre a vida do Lucas.
Suelen - E ainda não usou essa informação?
Raul - Não sei se você sabe, mas minha
filha morreu e eu fiquei sem cabeça
pra lidar com negócios. Mesmo assim
eu agradeço pela informação, que
será muito valida e útil pros meus
planos.
Suelen - Além de contar essa novidade, que
não era novidade, vim pedir um
favor.
Raul - Se eu puder ajudar.
Suelen - Estou precisando arrumar um
emprego. E como sei que o senhor é
um homem influente, cheio de
contatos, achei que poderia me
ajudar.
Raul - Sabe fazer o que dá vida?
Suelen - Eu cozinho muito bem, modéstia a
parte.
Corta para:
CENA 36. AP. INÊS. SALA. INT. DIA
Inês no celular. Gustavo do seu lado.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 17
Inês - (cel.) Manda ela me procurar no
restaurante que conversamos melhor.
(T) Pode ser amanhã, às oito... Tudo
bem então.
Inês desliga.
Gustavo - Assunto de trabalho?
Inês - Era seu pai.
Gustavo - (surpreso) O que ele queria?
Inês - Indicou uma jovem pra trabalhar no
meu restaurante. Disse que ela tem
experiência e tudo mais.
Gustavo fica intrigado. Inês percebe como ele ficou.
Inês - Que cara é essa?
Gustavo - (desconversa) Nada não.
Inês - A Lívia me contou que você
descobriu que seu pai está traindo
sua mãe.
Gustavo - Espero que ele tenha colocado um
ponto final nessa palhaçada.
Inês - Com a cara que você fez, aposto
que está achando que é essa mulher,
não é?
Gustavo - Meu pai não seria cara de pau a
esse ponto, Inês. Pelo menos acho
que não. Colocar no meio da família
dele, no seu restaurante, sua
amante? Seria o cúmulo da falta de
vergonha na cara.
Corta para:
CENA 37. CONSTRUTORA. SALA RAUL. INT. DIA
Suelen diante de Raul, que escreve num papel o
endereço do restaurante de Inês e lhe entrega.
Raul - Minha nora vai estar te esperando
pra vocês conversarem.
Suelen - Não sei como te agradecer.
Raul - Sendo uma aliada com quem posso
contar, que me deixa informada de
tudo relevante pra mim sobre o
Lucas.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 18
Corta para:
CENA 38. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA
Théo recostado na cama. Ricardo do seu lado.
Théo - Quando vou embora, pai? Ficar aqui
é muito chato.
Ricardo - Logo, logo, o médico te da alta e
vamos pra casa.
Théo - A Letícia não pode vir brincar
comigo?
Ricardo - Hospital não é lugar de criança,
Théo. A não ser daquelas que dão um
susto nos pais, como você nos deu.
Théo - Vou pro seu apartamento ou pro
apartamento da tia Dora?
Ricardo - Você vai ficar no apartamento da
tia Dora. Mas vou continuar te vendo
sempre, filho.
Théo - Sinto tanta sua falta pai. Das
histórias que você lia pra mim antes
de dormir.
Ricardo - (emocionado) Eu também sinto,
Théo. Te prometo que vou resolver
essa situação e não vamos mais ficar
longe um do outro, tá bom?
Théo concorda. Ricardo lhe dá um beijo carinhoso na
sua testa e eles ficam ali juntos.
Corta para:
CENA 39. ESCRITÓRIO LUÍZA E HEITOR. INT. DIA
Heitor trabalha concentrado. Luíza estende em sua
direção uma caixinha embrulhada de presente (se trata
de uma caneta de pena, luxuosa).
Luíza - (entregando) É pra você.
Heitor - (sem esperar) Presente? Mas nem é
meu aniversário.
Luíza - Estou grávida, Heitor. Com sua
ajuda eu consegui realizar meu sonho
de finalmente ser mãe.
Heitor levanta, feliz e eles se abraçam.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 19
Heitor - Parabéns, Luíza. Fico muito feliz
por você.
Luíza - É só uma lembrança, demonstrando
minha gratidão.
Heitor - Não precisa ter se incomodado,
Luíza. Como já te disse, fiz isso de
coração.
Luíza - Mesmo assim, Heitor. Nada que eu
disser, que eu te der, vai pagar o
que você fez por mim. Uma dívida
eterna que terei com você.
Heitor abre a caixa e tira de lá a caneta.
Heitor - Obrigado, Luíza. (sorrindo) É
estranho saber que vou ser pai, mas
ao mesmo tempo não vou ser. Ter um
filho que não vou poder chamar de
meu, que não vou poder cuidar.
Sempre quis um filho, mas a vida me
negou isso.
Luíza - A vida realmente brinca com a
gente. Você querendo ser pai, eu
querendo ser mãe. (solta) Seriamos
um casal perfeito...
Eles riem.
Corta para:
CENA 40. PRAIA. QUIOSQUE. EXT. DIA
O garçom acaba de servir Amanda e Marcos (suco, água
de coco), sentados em uma das mesas do quiosque.
Marcos percebe Amanda preocupada.
Marcos - Que cara é essa?
Amanda - Sua mãe me contou que você está
usando droga, Marcos.
Marcos fica incomodado.
Marcos - Sabia que ela ia te contar.
(debocha) Pra quem mais será que ela
vai contar isso? Pro papa? Publica
no jornal, na internet de uma vez.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 20
Amanda - Para, Marcos. Cíntia só me contou
isso, porque ela sabe que me
preocupo com você.
Marcos - Minha mãe está fazendo o maior
carnaval com isso, Amanda. Está
achando que sou um viciado, quando
não sou. Acredita em mim.
Amanda - Não vim pra te julgar, te
condenar, nem nada disso.
Marcos - Uso pra relaxar e paro quando
quero. Não tem problema nisso.
Amanda - Antes de mais nada, queria que
você soubesse que pra mim você se
tornou mais que um simples paciente,
Marcos. Tornou-se um amigo. E
descobri que essa amizade se tornou
algo maior e mais bonito pra mim: eu
me apaixonei por você!
Marcos pega de forma carinhosa na mão de Amanda.
Marcos - Eu também me apaixonei por você,
Amanda. Você despertou em mim esse
sentimento, que experimentei apenas
uma vez e você sabe com quem.
Amanda - Fico feliz em saber disso, que sou
retribuída no que sinto, Marcos.
Marcos - Ao seu lado eu me sinto bem,
Amanda. Você me traz paz,
tranqüilidade com seu jeito doce,
sereno, delicado.
Amanda - É por gostar de você, por estar
apaixonada, que queria que soubesse
que estarei sempre do seu lado,
principalmente quando resolver parar
de usar droga.
Marcos - Não vamos falar mais disso. Vamos
falar de sentimentos. Dos nossos
sentimentos. (animado) Vamos ficar
juntos? Quero você comigo, Amanda,
mais do que uma amiga, mas sim como
minha namorada.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 21
Amanda - Queria muito, Marcos. Mas não
quero me envolver com alguém que usa
droga e que não vê nada de errado
nisso, entende? Não vou conseguir
lidar com essa situação.
Marcos - Mas isso não interfere no que
sinto por você.
Amanda - Pra mim interfere sim, Marcos. É
algo que foge dos meus princípios.
Você terá que escolher entre
ficarmos juntos e você parar de se
drogar.
Marcos - É uma escolha que tenho que fazer?
Amanda - Isso.
Marcos reage surpreso.
Amanda - Se você realmente gosta de mim
como está dizendo, vai saber tomar
essa decisão. (levanta) Preciso ir
agora. Tenho um paciente pra atender
daqui a pouco.
Amanda tira uma nota da carteira e deixa em cima da
mesa.
Marcos - Espera. Vamos conversar direito,
Amanda.
Amanda - Tome essa decisão primeiro, depois
conversamos, Marcos. Preciso mesmo
ir. Só te peço pra ter cuidado com o
caminho que você está trilhando.
Pode ser um caminho onde você terá
várias perdas e poderá ser sem
volta.
Amanda solta um leve sorriso pra Marcos e vai embora.
Marcos fica ali, com a cabeça a mil.
Corta para:
CENA 41. AP. INÊS. QUARTO EDUARDO. INT. DIA
Inês observa Gustavo brincando com Eduardo.
Inês - Você leva o maior jeito em ser
pai, Gustavo.
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Razão e Emoção Capítulo 52 Pág: 22
Gustavo - Quero muito mesmo, Inês. Mas
enquanto não tenho os meus, vou
curtindo o dos outros, meu sobrinho.
Olhar pra ele é como se eu estivesse
vendo a Lívia. os traças dela.
Lembra muito minha irmã.
Inês - O Eduardo agora é tudo o que tenho
na vida. É por ele que tenho que ter
forças, levantar a cabeça e
continuar vivendo.
A campainha toca. Inês sai do quarto. Gustavo continua
ali com Eduardo.
Corta para:
CENA 42. AP. INÊS. SALA. INT. DIA
Inês abre a porta. É Carolina, que tira seu óculos e
encara Inês.
Inês - Carolina?
Carolina - Oi, Inês. Posso entrar?
Inês - Claro.
Inês entra e fecha a porta. Carolina vê um porta
retrato com uma foto de Lívia. Pega e fica saudosa.
Inês - Ela vai nos fazer muito falta...
Carolina - Onde meu neto está?
Inês - Está lá dentro, com o Gustavo.
Carolina - (surpresa) Meu filho está aqui?
Gustavo aparece segurando Eduardo.
Gustavo - Oi, mãe.
Carolina - Nem sabia que você estava aqui,
filho.
Gustavo - Passei pra ver como a Inês e o meu
sobrinho estavam.
Carolina mexe com Eduardo e o pega no colo.
Carolina - (direta) Faça as malas dele, Inês.
Meu neto vai morar comigo!
Inês - (chocada) Como é?
Close alternado das duas.
Corta para:
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FIM DO CAPÍTULO