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Razão e Emoção Capítulo 51 Pág: 1

RAZÃO E EMOÇÃO

Novela de

Rômulo Guilherme

Criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

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CENA 01. RUA. EXTERIOR. DIA

Carro capotado. O corpo de Lívia foi retirado de

dentro do carro e está coberto na rua. Policiais

isolam a área. Peritos trabalham. Trânsito complicado.

Curiosos olhando, comentando.

Corta para:

CENA 02. AP. INÊS E LÍVIA. SALA. INT. DIA

Inês, agoniada, no celular.

Inês - (cel.) Atende, Lívia... Atende.

Corta rápido para:

CENA 03. RUA. EXTERIOR. DIA

Um dos peritos pega a bolsa de Lívia e retira de lá

seu celular que está tocando. Na tela aparece o nome

de INÊS.

Corta para:

CENA 04. AP. INÊS E LÍVIA. SALA. INT. DIA

Inês no celular. Anima-se, quando alguém atende,

achando que é Lívia.

Inês - Alô? (estranha) Quem está falando?

(desesperada, chorando) Não, não

pode ser. A Lívia não!

Corta para:

CENA 05. MANSÃO RAUL. SALA. INT. DIA

Carolina e Luíza no sofá. Um vento mexe com a cortina.

Carolina sente um arrepio, uma sensação ruim,

estranha. Luíza percebe.

Luíza - Que foi?

Carolina não dá importância.

Carolina - Nada, não... (t) Então, qual era a

grande novidade que você queria me

contar.

Luíza - Fiz o exame de farmácia e deu

positivo.

Carolina - Parabéns, minha querida.

Luíza - Estou me sentindo realizada, nas

nuvens, Carolina.

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Carolina - Mesmo tendo sido de uma maneira,

digamos, diferente do tradicional,

você conseguiu engravidar.

Luíza - Como sempre consigo tudo o que

quero na vida. E com essa gravidez

não seria diferente.

Carolina - Sempre admirei essa sua

obstinação, determinação, Luíza. Só

vence na vida os que são fortes e

determinados.

Luíza - A sensação que estou tendo agora é

a mesma que tenho quando venço uma

causa no tribunal.

Carolina - Vai contar pro doador que te

proporcionou esse filho?

Luíza - Vou. Ele pediu pra dar notícias...

Carolina - Mudando de assunto, Luíza. Queria

pedir sua opinião sincera e

verdadeira de amiga.

Luíza - Claro. Que foi?

Carolina - Acha que o Raul seria capaz de me

trair?

Reação de Luíza.

Corta para:

CENA 06. BOATE. ESCRITÓRIO. INT. DIA

Leonel reage diante da novidade que Sílvia.

Leonel - (surpreso) O Théo, meu filho?

Sílvia - Tudo leva a crer que sim. Seu

sangue é compatível com o dele,

Leonel.

Leonel - Mas isso não significa nada.

Sílvia - Diante do meu tipo sanguíneo e do

tipo sanguíneo do Ricardo, significa

sim.

Leonel - (confuso) Não entendi. Nunca fui

bom nessa matéria na época da

escola.

Sílvia - É simples: eu sou A positivo, o

Ricardo AB positivo. Nesse

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cruzamento, não tem possibilidade do

Théo ser O negativo, como ele é.

Diferente do nosso cruzamento

sanguíneo, que diante do seu tipo O

negativo e do meu, tem como

resultado o tipo sanguíneo que o

Théo possui, igual ao seu.

Leonel levanta, se serve de uma bebida, que toma de

uma golada, ainda muito confuso, tentando entender.

Leonel - Mas sempre usamos camisinha.

Sílvia - Lembra daquela vez?... Essas

coisas sempre acontecem num único

descuido.

Leonel - (sem acreditar) Eu, pai?!

Sílvia - Tô vendo que essa novidade não te

abalou muito. Parece até que gostou.

Leonel - Me deixou surpreso, isso sim.

Sílvia - Como a vida brinca com a gente:

sempre desprezei o Théo, por achar

que ele fosse filho do Ricardo,

quando na verdade ele é seu filho.

Leonel - (gostando da novidade) Confesso

que até estou gostando de saber que

tenho um filho, um moleque, uma

continuação de mim...

Sílvia - Agora chega de papo e vamos. O

Théo precisa do seu sangue.

Corta para:

CENA 07. HOSPITAL. CAPELA. INT. DIA

Ricardo está diante do altar, de cabeça baixa,

rezando, concentrado.

Ricardo - (inconformado) Por que isso, Meu

Deus? O que fiz de tão grave pro

Senhor estar me punindo desse jeito?

Dora entra e se aproxima.

Ricardo - Alguma novidade?

Dora - Ainda não.

Ricardo - (abalado) Essa agonia está me

matando...

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Dora - Não podemos perder a fé.

Ricardo - Acho que Deus virou as costas pra

mim, está me punindo. Só posso ter

cometido um pecado muito grande pra

justificar tudo o que está

acontecendo.

Dora - Posso imaginar como deve estar

sendo complicado e doloroso lidar

com tudo isso, mas não esmoreça, meu

amigo. Não perca a fé. Tudo vai se

ajeitar, você vai ver.

Ricardo - (pra baixo) Estou sem chão, Dora.

Descobrir que o Théo não é meu

filho, foi como se eu tivesse

recebido uma punhalada certeira,

direto no coração.

Ricardo arrasado. Corta para:


Carolina e Luíza. Luíza sem jeito.

Carolina - Seja franca comigo, Luíza. Pode

falar o que acha sem medo e receio.

É de uma opinião de uma amiga leal e

verdadeira que estou precisando

nesse momento.

Luíza - Bom, pelo que eu conheço do Raul,

pelo que vejo da relação de vocês,

acho que não. Mas homem é homem,

minha amiga. Não dá pra se confiar

muito, mesmo casada há anos.

Carolina - (preocupada) Estou com essa

desconfiança, com uma pulguinha

atrás da orelha, que está me

incomodando, sabe?!

Luíza - Não é querendo colocar lenha na

fogueira não, mas se você está

desconfiada, vai atrás, investigue,

tire a limpo o que está te

incomodando.

Carolina - (decidida) É isso que vou fazer.

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Luíza - Mas me conta melhor de onde que

surgiu essa desconfiança.

Carolina - Não tenho nada de muito concreto.

Só que meu sexto sentindo nunca

falhou. E ele está me dizendo que

tem algo acontecendo nas minhas

costas.

Cleide aparece, indo abrir a porta.

Carolina - Quem é?

Cleide - Inês.

Carolina leva um grande susto ao saber que Inês está

viva. Cleide abre a porta. Inês, com os olhos inchados

de tanto chorar, completamente desestabilizada,

arrasada, entra.

Carolina - (chocada) Inês? O que aconteceu?

Com voz embargada, muito emocionada, com dificuldade,

Inês fala:

Inês - A Lívia...

Carolina - (ansiosa) O que tem minha filha?

Fala logo.

Luíza - Calma, Carolina.

Inês - Ela sofreu um acidente e não

resistiu.

Carolina desmaia com a notícia que recebe.

Corta para:

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INTERVALO COMERCIAL 1


Inês de cabeça baixa numa poltrona arrasada; Luíza ao

lado de Carolina, em choque, paralisada, muda,

congelada.

Luíza - Fala alguma coisa, Carolina.

Grita, chora... reage!

Cleide vem com um copo de água, controlando o choro.

Luíza pega o copo e tenta fazer Carolina beber um

pouco, mas não consegue.

Cleide - Não é melhor chamar um médico?

Inês - Não sei o que vai ser da minha

vida sem a Inês.

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De rompante, Carolina, volta a si, começa a chorar

copiosamente, abaladíssima.

Carolina - Minha filha não...

Luíza - (consolando) Isso, minha amiga.

Chora. Coloca pra fora.

Carolina - (revoltada) Eu não aceito que a

Lívia esteja morta. Não pode ser

verdade...

Inês - Temos que ser forte, Carolina.

Carolina - Não era pra ter sido assim...

(referindo-se ao fato de Inês estar

viva)

Luíza - (estranha) Do que está falando?

Carolina - (improvisa) Não é a ordem natural

da vida uma mãe enterrar um filho.

Inês - (levanta) Vou tratar do enterro,

mesmo sem cabeça nenhuma pra isso.

Luíza - Se quiser eu cuido disso, Inês.

Inês - Eu agradeço, Luíza. De coração.

Carolina chora no ombro de Luíza, que tenta lhe

consolar.

Corta para:

CENA 10. MANSÃO. COZINHA. INT. DIA

Cleide está sentada, segurando um terço, rezando,

chorando. Roberto entra. Estranha.

Roberto - Que foi, Cleide?

Cleide - A Lívia morreu, Roberto. Sofreu um

acidente de carro.

Roberto fica chocado.

Roberto - (sem acreditar) A Lívia?

Corta para:

CENA 11. MANSÃO. JARDIM. EXT. DIA

Roberto acaba de sair de dentro da mansão, preocupado.

Roberto - (em pânico) Que merda! Deu

errado... Ferrou!

Corta para:

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CENA 12. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT. TARDE

Imagens da cidade. Música triste. Corta para:

CENA 13. AP. LÍVIA E INÊS. SALA. INT. TARDE

Ligar na música da cena anterior. Inês está sentada,

encolhida no sofá, segurando a foto que foi tirada no

aniversário de Eduardo, no momento em que ela, Lívia e

Eduardo apagam a vela do bolo. As lágrimas rolam por

seu rosto. Inês passa o dedo na imagem de Lívia. A

campainha toca. Inês levanta e abre a porta. É Nico,

visivelmente triste, que já lhe abraça. Inês desmonta.

Corta para:

CENA 14. CONSTRUTORA. ANTE-SALA. INT. TARDE

Suelen conversa com a secretária de Raul.

Suelen - Precisava muito falar com ele. É

um assunto urgente.

Secretária - Eu sinto muito, mas ele viajou.

Suelen, com raiva, bate a mão na bancada da recepção.

Suelen - Droga!

Corta para:

CENA 15. BARCO DE LUCAS. INT. TARDE

Barco atracado. Lucas e Chico mexendo no seu interior,

arrumando algo. Conversa a meio.

Lucas - Parecia cena de novela. Eu mesmo

me surpreendi com meu romantismo.

Chico - O amor nos inspira.

Lucas - Estou me sentindo com uns vinte

anos a menos. Cheio de energia,

vitalidade.

Chico - Temos que comemorar esse noivado e

futuro casamento.

Lucas - Uma pena que acordamos com a

notícia de que o sobrinho dela foi

atropelado. Tenho que até ligar pra

Dora pra saber como ele está.

Corta para:

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CENA 16. COLETA DE SANGUE. INT. TARDE

Leonel está coletando sangue, pra doar pra Théo.

Instantes. Corta para:

CENA 17. PRONTO-SOCORRO. CORREDOR. INT. TARDE

Ricardo e Dora se abraçam, felizes e mais aliviados,

diante da notícia que correu tudo bem na cirurgia,

dada pelo médico.

Dora - Não falei que ficaria tudo bem. O

Théo é forte!

Ricardo - Correu tudo bem mesmo, doutor?

Médico - A cirurgia foi um sucesso. Fica

tranqüilo, pai. Seu filho vai ficar

bem.

Ricardo fica mexido com o que escuta do médico.

Médico - Ele está no CTI e assim que

possível vai pro quarto.

Ricardo - (aliviado) Graças a Deus!

O celular de Dora começa a tocar. Ela pega e se

afasta, deixando Ricardo com o médico.

Dora - (atendendo) Oi, Lucas?... Terminou

sim. Graças a Deus correu tudo bem.

(t) Pra mim o Théo é como um

filho...

Corta para:

CENA 18. CASA LUCAS. INT. TARDE

Lucas no celular. Intercalar com Dora no celular.

Lucas - (cel.) Eu vi como você ficou

abalada. Mas que bom que tudo

terminou bem.

Dora - (cel.) Adorei nossa noite juntos,

acordar do seu lado...

Lucas - (cel.) Logo isso seria rotina na

nossa vida quando casarmos. E isso

não vai demorar. Quero logo tratar

de marcar nosso casamento, antes que

você mude de idéia, desista...

Dora - (cel.) Largar o homem que eu amo?

Só se eu estivesse louca.

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Lucas - (cel.) Te amo.

Corta para:

CENA 19. TERESÓPOLIS. GERAIS. EXT. TARDE

Planos belíssimos da cidade.

Letreiro: Teresópolis

Corta para:

CENA 20. TERESÓPOLIS. POUSADA. EXT. TARDE

Corta para:

CENA 21. POUSADA. QUARTO. INT. TARDE

Lareira acesa. Clima aconchegante. Música ao fundo.

Mafalda e Raul brindam e bebem champagne, felizes,

cúmplices.

Raul - Nem acredito que estamos aqui

juntos. Que deu tudo certo.

Mafalda - Verdade. Tinha tanto tempo que eu

não viajava. Minha rotina sempre foi

do trabalho pra casa, da casa pro

trabalho.

Raul - Até que começamos a nos envolver,

e você quebrou essa rotina com

nossos encontros.

Mafalda - Aconteceu tudo tão de repente...

Nunca tinha me dado conta de suas

investidas.

Raul - Passei a te olhar com outros

olhos, Mafalda. Vendo a mulher

linda, incrível, atraente que você

é.

Mafalda - Assim vou ficar sem graça, Raul.

Raul - Uma mulher sempre deve ser

elogiada.

Mafalda - É bom mesmo. Quem não gosta de um

afago na alma, de saber que é

desejada...

Raul - (malicioso) E eu te desejo muito,

Mafalda. Te quero mais e mais.

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Raul envolve Mafalda nos seus braços e eles começam a

se beijarem de forma ardente.

Corta para:

CENA 22. MANSÃO. QUARTO. INT. TARDE

Carolina, arrasada, está recostada na cama. Luíza lhe

dá um calmante, junto com um copo de água.

Luíza - Toma. Vai te fazer bem.

Carolina toma o calmante.

Carolina - O que me faria bem é se me

falassem que isso não é verdade. Que

foi um engano. Que a Lívia está bem.

Luíza - Sei que é doloroso, mas é preciso

encarar a verdade do fato, Carolina.

Carolina - Eu e a Lívia nunca nos demos muito

bem. Mas ela era minha filha, Luíza.

Saiu de dentro de mim. Estou

sentindo um vazio tão grande, uma

dor no coração.

Luíza - Você precisará ser forte, minha

amiga.

Carolina - Só consigo pensar no meu neto...

Luíza - Vou tratar do enterro e da

burocracia. Você, a Inês, estão sem

cabeça pra mexer com isso.

Carolina - Justo agora o Raul está viajando.

Luíza - Temos que avisá-lo.

Corta para:

CENA 23. POUSADA. QUARTO. INT. DIA

Raul e Mafalda recostados na cama, depois de se

amarem.

Raul - Por mim o mundo parava com nos

dois assim: juntos, pelados, num

lugar lindo, felizes, sem nenhum

problema...

Mafalda - Seria perfeito. Pena que a

realidade nos tira do mundo da

fantasia.

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Raul - Vamos manter a realidade lá fora,

distante de nos, mesmo que por pouco

tempo.

O celular de Raul toca. Ele ignora.

Mafalda - Não vai atender?

Raul - Deixa tocar. O que me interessa é

apenas você, nos dois juntos.

Raul beija Mafalda. O celular continua tocando.

Mafalda fica incomodada.

Mafalda - Atende, Raul. Deve ser importante.

Raul - Tá bom.

Raul pega o celular. No visor aparece: CAROLINA.

Raul - É a Carolina.

Clima tenso. Raul fica sério.

Mafalda - Atende logo.

Raul - (cel.) Oi, Carolina... (estranha)

Luíza? Aconteceu alguma coisa com a

Carolina?

A expressão de Raul muda com a notícia da morte de

Lívia, que senta na cama, abalado, chocado com o que

escuta. As lágrimas rolam. Mafalda, assustada ao ver

como Raul está, fica querendo saber o que está

acontecendo.

Raul - (cel./desesperado) Não pode ser.

Minha filha não... Estou voltando

pro Rio.

Raul desliga, desolado. Mafalda preocupada.

Mafalda - Que foi, Raul?

Raul - (em choque) A Lívia, a minha

filha, morreu!

Mafalda reage horrorizada.

Corta para:

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INTERVALO COMERCIAL 2

CENA 24. HOSPITAL. CTI. INT. TARDE

Ricardo, muito emocionado, observa Théo apagado,

ligado aos aparelhos.

Ricardo - Meu filho! Nunca deixarei de ser

seu pai, Théo.

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Sílvia aparece do seu lado. Ricardo lhe encara sério,

frio.

Sílvia - Que bom que tudo terminou bem.

Ricardo - Agradece seu amante pela doação de

sangue.

Sílvia - Você não vai deixar de ser o pai

do Théo, Ricardo. Ele te ama!

Ricardo - Pai é quem cria, quem dá amor. Eu

e o Théo temos uma história de pai e

filho. E isso nem você, nem ninguém,

vai tirar de mim.

Corta para:

CENA 25. AP. DORA. COZINHA. INT. TARDE

Dora e Nancy. Dora se serve de um copo de água gelado

enquanto conversam.

Nancy - Rezei tanto, pedi tanto pro Anjo

da Guarda do Théo...

Dora - Os céus ouviram nossas preces,

minha amiga. Terminou tudo bem.

Nancy - Que susto que ele nos deu.

Dora - E tem mais.

Nancy - Como assim?

Dora - Como esse acidente, descobrimos

que o Théo não é filho de sangue do

Ricardo.

Nancy - (surpresa) Não? Que loucura é

essa, Dora?

Dora - Ele é filho da Sílvia e do amante

dela.

Nancy - Me conta isso melhor...

Corta para:

CENA 26. RESTAURANTE LUCAS. ESCRITÓRIO. INT. TARDE

Lucas trabalha, verificando planilhas, papéis. Porta

entreaberta. Suelen aparece.

Suelen - Atrapalho?

Sem olhar pra Suelen, Lucas fala:

Lucas - Atrapalha. Sempre.

Suelen - (entrando) Mesmo assim vou entrar.

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Lucas para o que faz e encara Suelen.

Lucas - Eu ainda te suporto, falo com

você, só em consideração e respeito

ao seu pai, por quem tenho um grande

carinho.

Suelen - Só vim pra te perguntar se você já

soube o que aconteceu com seu arqui-

rival. Ou, melhor dizendo, com a

filha dele.

Lucas - O que aconteceu?

Suelen - A filha dele sofreu um grave

acidente e morreu.

Lucas - Deus me perdoe pelo que vou falar,

mas deve ser castigo.

Suelen - Credo, Lucas. Que coisa horrível

de dizer. A filha não tem culpa pelo

pai que tem.

Lucas - Não tenho pena desse homem,

Suelen. Lamento pela morte da filha

dele, mas pra mim, quem deveria ter

morrido era esse desgraçado.

Corta para:

CENA 27. AP. LÍVIA E INÊS. QUARTO. INT. TARDE

Inês está deitada, triste, absorta. Insert de imagens

de Lívia e Inês juntas, como num clipe, embalado por

uma música super romântica. Nico entra, segurando

Eduardo. Inês sorri e vai pegar Eduardo, abraçando bem

forte o filho.

Corta para:

CENA 28. AP. LÍVIA E INÊS. SALA. INT. TARDE

Inês, abatida, recebendo carinho de Nico.

Nico - Não preciso nem te perguntar pra

saber como você está, minha amiga.

Inês - (inconformado) Não consigo

acreditar que eu perdi minha

companheira, Nico. O meu grande

amor. Com quem fiz planos de passar

o resto da vida juntas, unidas,

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felizes. Parece que é um pesadelo,

do qual não consigo acordar.

Nico - Você tem que ser forte, Inês. Sei

que é complicado, mas o Eduardo vai

precisar muito de você.

Inês - Acho que é por ele que eu ainda

estou de pé, que não me entreguei.

Inês deita no colo de Nico.

Inês - (arrasada) Está doendo tanto,

Nico... Tanto!

Nico lhe acaricia, dá um beijo em sua testa, super

carinhoso, tentando lhe confortar.

Corta para:

CENA 29. CASA CAZÉ. COZINHA. INT. TARDE

Cazé e Lupe chegam com as compras de supermercado que

fizeram. Colocam as sacolas na mesa e vão tirando os

produtos que compraram.

Cazé - É muita sorte tu esbarrar com o

cara de novo.

Lupe - É a justiça divina sendo feita,

Cazé. Deus é grande e não ia me

deixar ficar queimado como

traficante igual eu fiquei, tanto

pra justiça, como pra Nicole.

Cazé - Vai fazer o que, agora que sabe

onde o cara mora?

Lupe - Vou dar uma prensa nele, pra que

ele diga a verdade, que abra o bico

e conte o que fez.

Cazé - E acha que ele vai contar tudo

fácil assim?

Lupe - Dou um jeito. (firme) Mas que ele

vai confessar o que faz vai. E

principalmente, contar que o

responsável pela armação é aquele

playboy desgraçado do Jeferson.

Corta para:

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CENA 30. RESTAURANTE. INT. TARDE

Maurício e Antônio almoçam.

Maurício - Tava com saudade de você, meu

amigo. Achei que não ia mais voltar

pro Brasil, depois desse tempo que

passou na Europa.

Antônio - Vou pra onde o trabalho me chama,

Maurício. Aqui, na Europa, no

Japão..., sempre cuidando da

carreira de vocês, jogadores.

Maurício - E enchendo o bolso, né?

Antônio - Tenho que fazer meu pé de meio.

Nunca se sabe o dia de amanhã, o que

o futuro nos reserva.

Maurício - Do futuro realmente ninguém sabe

nada.

Antônio - (provoca) Como é seu herdeiro? É

parecido com o pai?

Maurício - (invocado) Nem toca nesse assunto,

que me deixa pé da vida.

Antônio - Sempre falei pra tu ficar esperta

com esse tipo de mulher, Maurício

Maurício - Eu, que sempre me julguei esperto,

acabei sendo enganado por aquela

golpista, que me aplicou o velho

golpe da barriga e me ferrou bonito!

Antônio - Maria Chuteira igual essa, não

perde a oportunidade de se dar bem

as custas de jogador famoso.

Maurício - (raiva) Vadia, piranha. Ela acabou

com meu casamento. (armando) Mas não

vai ficar barato não.

Antônio - O que tu tá planejando?

Maurício - Minha vontade era fazer igual

aquele outro fez...

Antônio - Não vai arruinar sua carreira, sua

vida, Maurício. Não vale a pena.

Maurício - Vou enganá-la, como ela me

enganou. Vou fazer com que ela

acredite que eu me apaixonei, que

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quero construir uma família ao lado

dela, com a criança. Levá-la pro

altar e no fim, lhe dar um grande e

certeiro pé na bunda, pra que ela

fique arrasada, no chão, humilhada!

Antônio - Que plano maquiavélico. Acha que

vai dar certo?

Maurício - Vai. Essa pilantra que se prepare

pro que está por vir.

Maurício determinado. Corta para:

CENA 31. ANGRA. GERAIS. EXTERIOR. NOITE.

Planos gerais. Corta para:

CENA 32. CASA LUCAS. INT. NOITE

Lucas e Chico brindam com copo de cerveja.

Chico - Um brinde ao seu futuro, a sua

felicidade e da Dora.

Lucas - Obrigado, meu amigo.

Chico - De coração que desejo que você

seja muito feliz ao lado da mulher

que você ama.

Lucas - É essa mesma felicidade que desejo

pra Suelen. Que ela encontre o

caminho dela, que seja feliz com

quem realmente goste dela.

Chico - Meu coração ficaria tão mais

aliviado se isso acontecesse. Tenho

tanto medo das besteiras que ela

possa fazer.

Corta para:

CENA 33. QUARTO SUELEN. INT. NOITE

Suelen esta na cama, olhando uma foto de Lucas no seu

celular.

Suelen - (ardilosa) Assim que o Raul chegar

eu conto a bomba que sei sobre você,

Lucas. Vai ser um prato cheio pra

esse tubarão, que está doido pra te

abocanhar. E consigo te separar em

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definitivo da Dora, que não vai

querer casar com o pai do sujeito

que matou sua filha.

Suelen satisfeita com o que planeja. Corta para:

CENA 34. BAR. SINUCA. INT. NOITE

Marcos e Túlio jogam sinuca, tomando uma cerveja.

Marcos - Acho que estou apaixonado pela

Amanda, cara.

Túlio - A psicóloga?

Marcos - É.

Túlio - Gata. Mas não acha que ela seja

muito certinha não?

Marcos - Vai ver que é de uma mulher assim

que estou precisando na minha vida.

Sempre fiquei com as erradas, quem

sabe agora não está na hora deu

ficar com a certa, comportada.

Túlio - Eu que não quero me apaixonar, me

envolver mais. Você sempre acaba se

ferrando.

Marcos - Tu ficou assim depois que

descobriu que era chifrado.

Túlio - Assumo mesmo que já fui traído por

aquela vagabunda da Isabela. Mas

também me vinguei, pegando a melhor

amiga dela.

Marcos - Vou investir, Túlio. A Amanda

gosta de mim. Senti isso quando nos

beijamos, no jeito que ela ficou. Me

sinto bem ao lado dela.

Túlio - Se vocês ficarem mesmo, nem vai

poder curtir uma onda legal com ela,

já que careta igual deve ser, não

curte as paradas que curtimos.

Marcos - Ela não precisa saber. Só eu

continuar mantendo a discrição,

usando no sigilo, que fica tudo

certo.

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Túlio - Só de falar da parada já bateu a

vontade... Vamos lá pra casa puxar

uma carreira?

Corta para:

CENA 35. QUARTO AMANDA E CÍNARA. INT. NOITE

Amanda está recostada na cama, lendo um artigo

científico. Cínara entra.

Cínara - Tá fazendo o quê?

Amanda - Lendo um artigo, mostrando os

danos que o uso de drogas ilícitas

traz pro corpo.

Corta para:

CENA 36. AP. TÚLIO. INT. NOITE

Túlio e Marcos usando cocaína, cheirando o pó em cima

da mesinha da sala. Sobre as imagens:

Amanda - (off) A pessoa vai se destruindo

aos poucos, achando que está no

controle, que para quando quer, sem

perceber que já está viciada.

Corta para:

CENA 37. QUARTO AMANDA E CÍNARA. INT. NOITE

Cínara e Amanda.

Cínara - Larga isso aí e vamos jantar. A

mãe está chamando.

Amanda - Já vou. Só acabar aqui que estou

indo.

Cínara saí. Amanda continua lendo.

Corta para:

CENA 38. CASA VIRGÍNIA. COZINHA. INT. NOITE

Clóvis, Virgínia, Amanda e Cínara estão jantando.

Virgínia - Marquei com o padre o dia do

batizado do Matheus.

Cínara - Pra quando?

Virgínia - Próximo domingo.

Clóvis - Vai convidar o pai do seu filho,

Cínara?

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Cínara - O Maurício não quer saber do

Matheus, pai. Não faz sentindo

chamá-lo.

Clóvis - Mesmo assim acho que você deveria

avisá-lo. Se ele não for, aí já é um

problema dele.

Virgínia - Não insista, Clóvis. Se ele não

quer saber do nosso neto, não

compensa forçar uma aproximação.

Amanda - É melhor deixar tudo como está.

Cada um no seu canto.

Virgínia - (pra Amanda) Quando vai trazer o

Marcos aqui pra conhecermos melhor?

Cínara - (achando graça) Que coisa fora de

moda, mãe.

Virgínia - Tem coisas que nunca saí de moda.

Eu quero conhecer o rapaz com quem

minha filha está saindo.

Amanda - Estamos nos conhecendo melhor. O

Marcos é um cara muito legal.

Clóvis - Pena que não está na sua melhor

fase no futebol. Já não marca um gol

a varias partidas.

Virgínia - Estou torcendo pra que de tudo

certo entres vocês. Só te peço pra

que se cuide, minha filha. (crítica)

Já me basta uma filha perdida na

vida...

Cínara - Tava demorando pra me cutucar. A

senhora não cansa, não é, mãe?

Clóvis - Não vamos discutir na hora do

jantar.

Cínara, atingida, levanta.

Cínara - Perdi a fome!

Corta para:

CENA 39. MANSÃO. QUARTO LÍVIA. INT. NOITE

Carolina entra, muito emocionada. Caminha pelo quarto,

toca em alguns objetos. Pega um porta-retrato com a

foto de Lívia.

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Carolina - (lamentando) Não era pra você ter

morrido, minha filha. O plano não

era esse.

Raul aparece na porta. Carolina lhe olha desolada.

Raul, abalado, aproxima-se e os dois se abraçam.

Instantes.

Corta para:

CENA 40. QUARTO MARCOS. INT. NOITE

Cíntia entra. Roupas jogada pelo quarto bagunçado.

Marcos na suíte, tomando banho. Som do chuveiro.

Cíntia dá uma olhada superficial no quarto, até que

começa a mexer nos objetos, abrir gavetas. Pega uma

calça, que Marcos estava usando quando chegou, e

verifica no bolso. Pra sua surpresa e desespero

encontra um pino de cocaína. Fica chocada. Marcos, de

banho tomado, enrolado numa toalha, aparece. Vê o

papelote de cocaína na mão de Cíntia. Close alternado.

Corta para:

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FIM DO CAPÍTULO

novela destatic.recantodasletras.com.br/arquivos/6142759.pdf · sílvia - tudo leva a crer que sim....

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