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Marcelo Silva, Ph.D. Especialista em produto inorgânica PerkinElmer Brasil. NOVAS TECNOLOGIAS E FUNDAMENTOS PRÁTICOS RELACIONADOS COM A TÉCNICA DE ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA COM PLASMA INDUTIVAMENTE AOCPLADO Marcelo Anselmo Oseas da Silva, Ph.D. Especialista em Produto, PerkinElmer do Brasil A espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado apresenta-se como uma das principais técnicas analíticas para proceder à determinação quantitativa elementar em matrizes biológicas, tanto para amostras de origem animal como vegetal, clínicas, geológicas, ambientais, ligas metálicas e orgânicas. Dentre as principais vantagens apresentadas pela técnica pode-se considerar os limites de detecção inferiores àqueles obtidos com a técnica de absorção atômica com atomização por chama; robustez, apresentando-se tolerante a matrizes com diferentes graus de complexidade; e possibilidade de realizar determinações multielementares, resultando em aumento da frequência analítica e redução de custos. Aspectos gerais Dentre as principais alterações apresentadas pelos equipamentos pode- se ressaltar como a mais significativa, sob o ponto de vista instrumental, a eliminação da bobina de radiofrequência, cuja função consiste em promover o processo de acoplamento indutivo, responsável por fornecer energia aos elétrons que darão origem a uma série de reações para formação do plasma. A Figura 1 apresenta uma ilustração exibindo o novo sistema para geração de plasma patenteado pela PerkinElmer. O referido sistema adota a tecnologia denominada FlatPlate TM , onde duas placas paralelas de alumínio são responsáveis por manter os processos para formação do plasma. Dentre as vantagens que podem ser enfatizadas para o sistema em questão pode-se destacar:

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Marcelo Silva, Ph.D.

Especialista em produto – inorgânica

PerkinElmer Brasil.

NOVAS TECNOLOGIAS E FUNDAMENTOS PRÁTICOS RELACIONADOS

COM A TÉCNICA DE ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA COM

PLASMA INDUTIVAMENTE AOCPLADO

Marcelo Anselmo Oseas da Silva, Ph.D.

Especialista em Produto, PerkinElmer do Brasil

A espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente

acoplado apresenta-se como uma das principais técnicas analíticas para

proceder à determinação quantitativa elementar em matrizes biológicas, tanto

para amostras de origem animal como vegetal, clínicas, geológicas,

ambientais, ligas metálicas e orgânicas. Dentre as principais vantagens

apresentadas pela técnica pode-se considerar os limites de detecção inferiores

àqueles obtidos com a técnica de absorção atômica com atomização por

chama; robustez, apresentando-se tolerante a matrizes com diferentes graus

de complexidade; e possibilidade de realizar determinações multielementares,

resultando em aumento da frequência analítica e redução de custos.

Aspectos gerais

Dentre as principais alterações apresentadas pelos equipamentos pode-

se ressaltar como a mais significativa, sob o ponto de vista instrumental, a

eliminação da bobina de radiofrequência, cuja função consiste em promover o

processo de acoplamento indutivo, responsável por fornecer energia aos

elétrons que darão origem a uma série de reações para formação do plasma.

A Figura 1 apresenta uma ilustração exibindo o novo sistema para

geração de plasma patenteado pela PerkinElmer. O referido sistema adota a

tecnologia denominada FlatPlateTM, onde duas placas paralelas de alumínio

são responsáveis por manter os processos para formação do plasma. Dentre

as vantagens que podem ser enfatizadas para o sistema em questão pode-se

destacar:

Marcelo Silva, Ph.D.

Especialista em produto – inorgânica

PerkinElmer Brasil.

Redução do consumo de argônio: dentre os diferenciais apresentados

pelo emprego do sistema FlatPlateTM pode-se citar a redução do

consumo de argônio como um dos principais aspectos relacionados com

a tecnologia em questão. Sistemas convencionais, os quais empregam

bobina de radiofrequência, consomem cerca de 15 L min-1 de argônio

para formação do plasma, permitindo nesta condição análises em

matrizes com baixa complexidade. A nova tecnologia FlatPlateTM permite

redução deste consumo para 8 L min-1, resultando em excelente

desempenho em termos de estabilidade e precisão mesmo com o

emprego de fluxos reduzidos de argônio.

Figura 1. Sistema FlatePlateTM para geração de plasma, onde a tradicional

bobina de radiofrequência é substituída, resultando em redução de custos para

operação e melhora no desempenho analítico.

Redução de manutenção: as placas empregadas para formação do

plasma no sistema FlatePlateTM são constituídas de alumino. Desta

forma, elimina-se o problema referente à oxidação e eventual

necessidade de substituição.

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Refrigeração: devido a maior área superficial, a nova tecnologia elimina

a necessidade de refrigeração das placas de indução. Isto resulta em

aumento no tempo de vida útil do sistema.

Vistas de observação

Dependendo das concentrações dos elementos que se deseja

quantificar, duas vistas de observação podem ser empregadas em uma

determinação. As duas opões consistem nas vistas axial e radial, como pode

ser observado na Figura 2. Nos equipamentos da PerkinElmer da série Optima

8x00 as duas vistas apresentam-se integradas em um mesmo equipamento.

Figura 2. Diagrama exibindo as duas vistas de observação para os

equipamentos de ICP OES.

A utilização da vista axial apresenta aplicabilidade para amostras com

concentrações do analito na faixa de sub-ppm, pois é possível monitorar a

emissão proveniente do plasma que ocorre em um mesmo plano.

Já a vista radial permite a determinação de maiores concentrações

(ppm), visto que permite a observação de apenas uma fração do plasma,

possibilitando a construção de curvas de calibração em mais elevadas faixas

de trabalho.

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A grande vantagem de se trabalhar com duas vistas de observação em

um mesmo método consiste no fato de se eliminar a necessidade de reanálise

devido às diferentes faixas de trabalho. Pode-se, por exemplo, determinar em

uma amostra vegetal um macro-nutriente e na mesma análise buscar a

determinação de um micronutriente ou contaminante. Reduz-se, assim, o

trabalho do analista para preparo da amostra e o tempo necessário para

obtenção dos resultados, uma vez que em uma única diluição pode-se

determinar elementos presentes em diferentes níveis de concentração, bem

como se minimiza os custos referentes à operação do ICP OES no que diz

respeito ao consumo de gases e consumíveis como tochas, nebulizadores e

injetores.

Sistema Óptico

Referente ao sistema óptico, diferentes configurações podem ser

avaliadas, de acordo com cada aplicação. A primeira configuração,

apresentada na Figura 3, consiste no sistema simultâneo, presente no modelo

PerkinElmer Optima 8300, o qual pode ser empregado em situações que

exigem uma frequência analítica elevada. Nestes sistemas, mais de 13000

linhas de emissão podem ser monitoradas de maneira simultânea,

proporcionando rapidez para análises multielementares. Nesta configuração,

dois detectores, desenvolvidos especificamente para espectrometria de

emissão atômica, realizam o monitoramento dos comprimentos de onda, sendo

um deles para comprimentos de onda localizados na região visível e outro para

comprimentos de onda na região do ultravioleta.

A segunda configuração óptica, presente no modelo PerkinElmer Optima

8000, consiste em um sistema óptico híbrido. Nesta configuração, tem-se um

monocromador duplo, onde cada comprimento de onda é monitorado em

instantes distintos por um detector SCD. Neste sistema, emprega-se uma

lâmpada de neônio como referencia, sendo que a radiação emitida pela mesma

é monitorada de maneira simultânea ao comprimento de onda do analito,

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empregando uma região específica do detector. Tal sistema pode ser aplicado

para laboratórios que possuem menores volumes de amostra ou para pesquisa

acadêmica, com o diferencial de necessitar de um menor tempo para

estabilização do sistema óptico.

Figura 3. Diagrama esquemático para o sistema óptico do ICP OES modelo

Optima 8300. Observa-se a presença de dois detectores para monitoramento

simultâneo de comprimentos de onda na região do espectro eletromagnético do

visível e ultravioleta.

Sistema de introdução de amostras

O sistema de introdução de amostras consiste em um ponto fundamental

para equipamentos de ICP OES. Diferentes sistemas podem ser encontrados,

buscando explorar diversos aspectos analíticos. Dentre os pontos que devem

ser considerados pode-se citar a complexidade da matriz da amostra, solvente

utilizado na análise e velocidade do sistema de introdução.

Sistemas que requerem maior sensibilidade exigem a aplicação de

câmaras ciclônicas e nebulizadores do tipo concêntrico, como apresentado nas

imagens da Figura 4.

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Figura 4. Câmara ciclônica (imagem do lado esquerdo) e nebulizador do tipo

concêntrico (imagem do lado direito), ambos empregados nos equipamentos de

ICP OES da PerkinElmer série 8x00.

O emprego de câmaras do tipo Scott e nebulizadores de fluxo cruzado,

apresentados na Figura 5, também consistem em uma alternativa viável para

conduzir às determinações. Neste caso, tais sistemas apresentam maior

tolerância a matrizes com maiores concentrações salinas, bem como, maior

resistência química, podendo-se trabalhar com amostras contendo ácido

fluorídrico.

Figura 5. Câmara de nebulização do tipo Scott (imagem do lado esquerdo) e

nebulizador de fluxo cruzado (imagem do lado direito) empregados no sistema

de introdução de amostras dos equipamentos de ICP OES da PerkinElmer da

série 8x00.

A introdução de orgânicos também consiste em uma alternativa possível

nos equipamentos de ICP OES da série Optima. No entanto, dependendo da

composição das amostras e padrões, componentes específicos devem ser

empregados no sistema de introdução, permitindo a adequada operação do

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equipamento. De modo geral, deve-se empregar uma tocha específica para

introdução de orgânicos, injetor com menor diâmetro interno e câmaras de

nebulização e nebulizadores específicos para esta finalidade, com o objetivo de

se controlar, de maneira bastante rigorosa, a quantidade de material

introduzida no plasma. Em algumas situações, como por exemplo, para

introdução de solventes orgânicos como o etanol, o uso de câmaras de

nebulização refrigeradas consiste em uma estratégia fundamental para evitar a

extinção do plasma. Neste caso, a eficiência de transporte do solvente orgânico

é maior do que a da água, e devido a maior pressão de vapor tem-se o

deslocamento do plasma e consequente desestabilização do mesmo, podendo

acarretar na sua extinção. A Figura 6 exibe um acessório para resfriamento da

câmara de nebulização utilizado nos equipamento da série Optima 8x00, o qual

permite a refrigeração da câmara de nebulização empregando um sistema

Peltier.

Figura 6. Sistema para refrigeração da câmara de nebulização dos ICP OES

Optima 8x00. O acessório refrigera a câmara de nebulização por meio de um

sistema Peltier.

Sistemas avançados de introdução de amostras também podem

contribuir para facilitar o trabalho do analista. Dentre os sistemas que

apresentam destaque na atualidade pode-se destacar os sistemas

denominados FAST. Tais acessórios permitem reduzir o tempo de análise

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devido ao emprego de sistemas mais eficientes para realizar a introdução de

amostras, pois fazem uso de vácuo para realizar a sucção da amostra desde o

auto-amostrador até uma alça de amostragem localizada próxima ao detector.

Uma válvula de 6 vias é comutada e permite realizar, de maneira simultânea, a

condução da amostra contida na alça de amostragem até o nebulizador bem

como a lavagem da sonda do auto-amostrador utilizando uma solução para

lavagem.

A Figura 7 exibe tempos típicos de análise comparando um mesmo

método para diferentes aplicações. Observa-se que para os sistemas

convencionais de análise têm-se tempos superiores de análise, como

consequência de um maior tempo para realizar a injeção da amostra e lavagem

de todo o sistema para uma nova injeção.

Figura 7. Comparativo do método tradicional de introdução de amostras e do

método empregando o sistema FAST para análises de diferentes tipos de

amostra empregando um mesmo método.

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A Figura 8 exibe o diagrama esquemático para o sistema descrito

anteriormente. Pode-se propor métodos onde a amostragem e injeção da

solução que será analisada ocorre em até 10 segundos, seguido da leitura

simultânea dos analitos.

Figura 8. Sistema avançado para introdução de amostras empregado nos ICP

OES da PerkinElmer Optima 8x00. O sistema apresentado exibe o diagrama

esquemático para introdução rápida de amostras e emprega um auto-

amostrador e uma válvula de seis vias. O diagrama exibido na parte superior

evidencia a posição de injeção da amostra no sistema de introdução do ICP,

enquanto realiza de maneira simultânea a lavagem da sonda do auto-

amostrador. O diagrama exibido na parte inferior destaca a posição para

carregamento da alça de amostragem e lavagem do sistema de introdução de

amostras com solução adequada. Neste caso, a injeção de amostras pode

ocorrer em cerca de apenas 10 segundos.

Marcelo Silva, Ph.D.

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Configurações mais elaboradas também podem ser empregadas e

automatizam ainda mais as análises, fazendo com que os sistemas se

apresentem cada vez mais independentes da ação de um operador. Pode-se

citar, por exemplo, a possibilidade de utilização de sistemas que realizam a

diluição automática da amostra caso algum elemento apresente concentração

localizada fora da faixa de calibração estabelecida para o método.

Correções de interferências

Dependendo da composição das amostras analisadas, pode-se deparar

com seguinte situação: dois elementos podem apresentar linhas de emissão

em comprimentos de onda muito próximos ou idênticos, sendo que o sistema

óptico pode não se apresentar eficiente para resolver os mesmos, como pode

ser observado na Figura 9. Tem-se, neste caso, o que se conhece por uma

interferência espectral.

Figura 9. Sobreposição dos picos de arsênio e cádmio para as linhas de

emissão em 228,812 nm e 228,802 nm, respectivamente.

Muitas vezes, a simples alteração de um método de análise para leitura

em outro comprimento de onda não se apresenta como uma alternativa viável,

visto que existe a possibilidade de não se atingir os limites de detecção.

Marcelo Silva, Ph.D.

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Desta forma, diferentes alternativas estão presentes no software de um

ICP para possibilitar ajustar os resultados por meio de artifícios matemáticos. O

mais amplamente empregado consiste na Inter-Element Correction (IEC), onde

um fator de correção é aplicado para subtrair a intensidade do interferente no

comprimento de onda de análise.

A aplicação do método de IEC para eliminação de interferentes

apresenta-se como uma alternativa interessante para análise de amostras onde

a matriz não apresenta variações significativas de composição.

Para amostras em que se tem uma maior variação da composição de

matriz pode-se empregar uma técnica de correção mais elaborada denominada

Multi-Component Spectral Fitting (MSF). Neste caso, tem-se um modelo

matemático que busca a deconvolução dos picos do interferente e analito a

partir da análise do interferente, amostra e posterior elaboração de um modelo

matemático com auxílio do software do equipamento, conforme pode ser

observado na imagem apresentada na Figura 10.

.

Figura 10. Deconvolução dos picos referentes às linhas de emissão de arsênio

em 228,812 nm e cádmio em 228,802 nm, permitindo a determinação destes

elementos após ajuste do método matemático empregado no método de

análise.

Marcelo Silva, Ph.D.

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PerkinElmer Brasil.

Referência

Boss, C.B. Freeden, K.J.; Concepts, instrumentation, and techniques in

inductively coupled plasma optical emission spectrometry, PerkinElmer, 1997,

USA.