novas medidas em situação de calamidade e com novas regras...2020/10/19  · de uma casa de banho,...

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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2020 Suplemento Desportivo África do Sul Governo “sem certezas” de como angariar 10,5 biliões para a SAA Revisão orçamental de Mboweni adiada Comunidade Portugal reentrou em situação de calamidade e com novas regras Comendador Gilberto Martins exerce em Pretória funções de administrador municipal SCP e FC Porto empataram em Alvalade página 3 página 7 última página página 5 Costa diz que novas medidas são para abanar o País e alterar comportamentos Plano de recuperação económica de Ramaphosa promete 800.000 empregos

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Page 1: novas medidas em situação de calamidade e com novas regras...2020/10/19  · de uma casa de banho, uma mesa, seis cadei-ras, cobertores e muletas para o menor deficien-te. No decurso

Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St.

Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2020

Suplemento Desportivo

África do Sul

Governo “sem certezas” de comoangariar 10,5 biliões para a SAA

Revisão orçamental de Mboweni adiada

Comunidade

Portugal reentrouem situaçãode calamidadee comnovas regras

Comendador Gilberto Martins exerce em Pretória funções de administradormunicipal

SCP e FC Portoempataram em Alvalade

página 3

página 7

última página

página 5

Costa diz quenovas medidas

são para abanaro País e alterar

comportamentos

Plano de recuperaçãoeconómica de Ramaphosa

promete 800.000 empregos

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2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

É uma das coisas que me deixa a pen-sar, são as várias campanhas levadas acabo por várias organizações não-gover-namentais. Ia no carro e reparei, na auto-estrada, um placard que dizia “salvem osnossos rinocerontes”. Ora, é uma cam-panha de louvar!

Contra isso não tenho nada. Mas, seráque não é um bocado chover no molhadomostrar estes placards e levar a caboestas campanhas nas nossas cidades?Levanto a questão porque não somos nósque andamos no meio do mato, a fazercaça furtiva e a matar elefantes, rinoce-rontes, capturar pangolins, matar leopar-dos, tigres e a caçar tubarões só para lhestirar as barbatanas. Caçar baleias ou mer-gulhar e apanhar abalone até à extinção.

Estes placards não farão mais sentidonas ruas, aeroportos e locais públicosvários na Ásia? Porque nós não acredita-mos nos poderes afrodisíacos e curativosdas patas de tigres ou da língua de urso.É claro, nós é que financiamos estes mo-vimentos todos, estas campanhas de sen-sibilização. Aqui na África do Sul até há helicópteros

e brigadas especiais anti-caça furtiva quepatrulham os parques naturais do país. Ascampanhas de comprar cornos de rino-cerontes em plástico vermelho e colocarnas grelhas dos nossos carros, de com-prar autocolantes são sempre bem acei-tes e de grande sucesso.A questão que levanto é qual é o propósi-

to de nos alertar? Não será melhor colo-car placards diante das barracas dos ca-çadores furtivos? A protecção dos nossosanimais é tão vital como a protecção dasminas pois é um recurso tão ou mais im-portante.

Porque ninguém – à excepção do GoldReef City – vai lá abaixo a uma mina veras galerias e como se extrai o minério. Aopasso que fazer safaris aquáticos ou sa-faris no Kruger National Park, acontecemtodos os dias. São recursos que a serembem geridos, são praticamente inesgo-táveis.

Ir ao Jardim Zoológico em Lisboa é umacoisa, ir ao Badoca Park no Alentejo éoutra. Mas vir ao Kruger ou ao Pilanes-burg ver os animais ao vivo é totalmenteoutra coisa! É uma experiência única emágica.

Estas campanhas são muito válidas,mas têm de ser aplicadas de forma efi-ciente e nos locais próprios. Se calhar in-comodará muito mais os japoneses se emTóquio tiverem placards “salvem as nos-sas baleias” e se calhar fará algum efeito.O mesmo se passa se em Pequim tiverem“outdoors” a pedir “deixem os nossos rino-cerontes viver”.

São campanhas boas, mas devem serdirigidas a quem não recicla, não valorizaa natureza ou a vida animal. Nós aqui játemos consciência disso tudo e das con-sequências negativas!

Campanhas no sofánão ajudam no terreno!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

OS DJ SMALL PAUL E DJ LATINOS ANIMARAM O CONVÍVIO QUE CONTOU NA SUA MAIORIA COM JOVENS DA COMUNIDADE NO PENÚLTIMOSÁBADO, DIA 10 DE OUTUBRO, NO LUSO-ÁFRICA, EM PRIMROSE. A INICIATIVA SERVIU TAMBÉM DE RETOMA ÀS ACTIVIDADES NO CLUBE

PORTUGUÊS APÓS SEIS MESES SEM EVENTOS, DEVIDO ÀS RESTRIÇÕES CAUSADAS POR COVID-19 (FOTO CARLOS SILVA)

Festa latina no Luso-África

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

COMUNIDADE

O comendador Gilberto Martins, figura bem co-nhecida e respeitada na nossa comunidade, éactualmente administrador municipal do Tshwa-ne, prestigioso cargo que exerce desde 26 deMarço último, no município de Pretória, que nos

lembre o primeiro português a desempenhar fun-ções que pela sua importância não deixam de tero seu cunho de prestigiante e orgulhoso paratodos os seus compatriotas radicados neste paísde acolhimento.

A sua missão no cargo que presentementeexerce na Administração Municipal do Tshwane,

é no desenvolvimento de infraestruturas em ur-banização, assim como supervisionar o controlona evolução do “coronavírus”, e tudo o que serelacione em combater a pandemia, nomeada-mente equipas médicas e enfermagem deemergência designadas para testes à “covid-19”nas várias áreas rurais, assim como de ambulân-cias para transportes dos considerados casosprioritários.

A par destas funções, Gilberto Martins é tam-bém incumbido de avaliar o grau de necessidadedos radicados nessas áreas suburbanas, incluin-do higiene, problemas de habitação, e outrasnecessidades prioritárias, assim como paralela-mente tentar sensibilizar e incutir na populaçãoum nível de civismo, de maneira a que as próxi-mas eleições, tanto municipais do Tshwane,como outras a nível do país, venham a decorrersem incidentes e dentro da maior normalidade,por nele serem reconhecidos nesse aspecto,óptimos dons de sensibilização junto das popula-ções.Aliás, a reforçar a sua competência, de lembrar

não ser a primeira vez que Gilberto Martins é es-colhido para liderar cargos que pela sua impor-tância são atribuídos a pessoas de reconhecidovalor, como o de director do Ministério de Infra-estruturas e Desenvolvimento da África do Sul,que ocupou de 2006 a 2019, por aqui se avalian-do a competência e conceito com que este nossocompatriota é tido pelas altas patentes e gover-nantes deste país.Nascido a 10 de Julho de 1958 na África do Sul,

Gilberto Pereira Martins de seu nome completo,tem residido praticamente sempre em Joanes-burgo, cidade onde fez toda a sua vida estudan-til, incluindo o ensino superior na WitwatersrandUniversity, onde se graduou em Arquitectura, apar dos desportos que praticou em modalidadesde ciclismo, atletismo e hóquei em patins em co-lectividades lusas da capital económica, comoACPJ, Malhanga e União Cultural, Recreativa eDesportiva Portuguesa.

Como figura muito conhecida, respeitada e tida

de grande valor na comunidade lusa, GilbertoMartins tem sido incumbido a desempenhar cer-tos cargos no meio associativo e cultural, algunsdos quais na Sociedade Portuguesa de Benefi-cência de Joanesburgo, onde actualmente épresidente do Lar de Idosos Rainha Santa Isabel,instituição de que por sinal também sua esposaLuísa Martins faz parte do mesmo executivo.

De recordar que em reconhecimento ao muitoque este nosso compatriota tem feito pela nossacomunidade, onde frequentemente é visto a par-

ticipar e colaborar em certos eventos organiza-dos pelos nossos clubes e instituições, tanto deJoanesburgo, como de Pretória, a par do prestí-gio e valor com que é tido a nível governamentalsul-africano, Gilberto Martins foi agraciado em1997 pelo Governo Português, com a comendada Ordem de Mérito.

CONVOCATÓRIA

Comendador Gilberto Martins exerce em Pretóriafunções de administrador municipal de Tshwane

COMENDADOR GILBERTO MARTINS

COMENDADOR GILBERTO MARTINS COM SUA ESPOSA LUÍSA, EMBAIXADOR MANUEL CARVALHO E OUTRAS DESTACADAS FIGURAS DA COMUNIDADE

COMENDADOR GILBERTO MARTINS E ESPOSA LUÍSA MARTINS

COMENDADOR GILBERTO MARTINS LADEADO PELO COMENDADOR IVO DE SOUSAE DAMIÃO DE FREITAS

Texto e fotos de Vicente Dias

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4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

COMUNIDADE

Esteve bastante concorrido o primeiro almoçode convívio promovido no penúltimo sábado, 10de Outubro, pela Casa do Benfica, em Pretória,depois da paralisação verificada a partir de Mar-ço último, originada pela pandemia do “corona-vírus”.

Contava-se entre as 70 presenças, o comen-dador Ivo de Sousa, o presidente honorário daACPP, Manuel José, que neste preciso dia alifestejava mais um aniversário natalício, o actuallíder directivo da Associação da ComunidadePortuguesa de Pretória, Tony Oliveira, e os ex-presidentes desta representação benfiquista nacapital, José Lobo Vieira, Elídio Cardoso e LinoFaria.Este último que com Quintino e João Serradinho

confeccionaram a saborosa espetada, que comgalinha assada, a deliciosa “paella” preparadapor Paulo Ferreira, e a respectiva sobremesaconstituíram a ementa da refeição servidanaquele dia.

Antes de ser iniciado o almoço, foi pelo presi-dente do executivo da Casa do Benfica, JoséBrunido, pedido um minuto de silêncio à memóriade possíveis familiares, amigos ou simples cole-gas de serviço dos presentes ao almoço, queporventura tenham perdido a vida originada pelapandemia.

Como referiu, teima em não nos querer deixar,sem contudo perder a esperança de a seu tempotudo poder voltar à normalidade, tendo incum-bido a seguir sua neta Adriana de Caires, a pro-

ceder à oração em termos de bênção da refei-ção.

Depois da refeição, José Brunido voltou a diri-gir-se aos presentes, para agradecer a presençade cada um ali naquela tarde, esperando voltá-los a ver em próximos convívios, com o reconhe-cimento aos que consigo prepararam o convívio,e serviram ao bar.

Teceu depois rasgados elogios ao seu homólo-go da ACPP, Tony Oliveira, pelas boas condiçõesque apresentava a lapa onde se convivia, recen-temente remodelada, não faltando os privativossanitários devidamente assinalados para mas-culinos e femininos, por conseguinte, com todas

as comodidades para qualquer tipo de convívioque ali venha a ser realizado.A encerrar a sua intervenção, José Brunido deu

ali conhecimento do festival de gastronomia, combarracas de comes e bebes, e uma prova de“rally”, que a 31 de Outubro, último sábado destemês, iria decorrer nas instalações da Casa Socialda Madeira.

Os fundos conseguidos no festival revertem afavor da caridade, daí apelar aos que o ouviam,a marcar presença neste certame, e com o seusimples contributo ajudarem nestes tempos difí-ceis, provocados pela pandemia, quem mais pre-cisa na comunidade.

Vicente Dias

Iniciando com observação de um minuto de si-lêncio em memória dos compadres que perde-ram a vida devido à covid-19, caso dos benfei-tores Domingos Manuel de Jesus Paulino, fun-dador, e Manuel José, a Academia do Bacalhaude Maputo levou a efeito o seu primeiro jantar,após meio ano sem actividades. Foi ainda lem-brado o aniversário do falecido compadre Pe. ZéMaria

O convívio dos compadres e comadres de Ma-puto, que obedeceu às regras de restrições,

como registo dos participantes, constou de umvasto programa, tendo sido feita uma restrospec-tiva do trabalho desenvolvido antes da pande-mia.

No seu discurso, o presidente da Academia doBacalhau de Maputo, Sérgio Rebelo de Oliveira,agredeceu o apoio de todos os compadres ecomadres à Casa do Gaiato, em vários produtos,como 2 mil pintos e respectivas rações.

Também no Dia da Criança a Academia conse-guiu angariar 125 quilos de arroz, 20 quilos de

Açúcar, 15 quilos de farinha, 15 litros de óleo ali-mentar e 150 pacotes de bolachas.

Em conjunto com a Associação Portuguesa, aAcademia do Bacalhau de Maputo ajudou trêsirmãos menores que foram abandonados pelosfamiliares, um deles paralítico, com a construçãode uma casa de banho, uma mesa, seis cadei-ras, cobertores e muletas para o menor deficien-te.

No decurso do jantar foram discutidos temascomo pagamento de quotas, apresentação de

convidados e candidaturas à presidência da Aca-demia, já que Outubro é de apresentação deconcorrentes.

Foi leiloada uma garrafa especial, oferecidapelo Miradouro Bottle Store, que foi compradapelo compadre Davide por Mt 15.000,00, quantiaque entrou nas contas de apoio aos carenciados.

O jantar encerrou com o habitual gavião depenacho e estiveram presentes 37 dos 40 ins-critos.

Casa do Benfica volta a fazer almoços mensais

ASSIM ERA PREPARADA A ESPETADA PAULO FERREIRA NA CONFECÇÃO DA “PAELLA”.

ASPECTO GERAL DO CONVÍVIO PRESIDENTE JOSÉ BRUNIDO

Academia do Bacalhau de Maputo retomou convívios

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

ÁFRICA DO SUL

COMUNIDADE

NA RETOMA AOS SEUS ALMOÇOS SEMANAIS NA ADEGA DE BEDFORDVIEW, ‘SANTO E PECADORES’ REUNIRAM NA TERÇA-FEIRA PASSADA,COM A PRESENÇA DE SETE MEMBROS ASSÍDUOS DA TERTÚLIA, SOB A PRESIDÊNCIA DE JOSÉ SANTOS. O PRÓXIMO CONVÍVIO SERÁ

NA TERÇA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO, ÀS 13 HORAS, NO MESMO LOCAL (Foto de Carlos Silva)

Almoço semanal de Santo e Pecadores

Os trabalhadores do Gautrain regressaram aotrabalho na quinta-feira, 15 de Outubro, depoisdo sindicado nacional de trabalhadores metalúr-gicos (NUMSA) ter concordado com a adminis-tração do Gautrain sob o aumento faseado desalários. Trabalhadores, representados pela NUMSA, es-

tavam em greve desde a segunda-feira quandonão chegaram a acordo sobre o aumento de or-denados com a Bombela Operating Company,empresa que opera o Gautrain.

O secretário-geral da NUMSA, Irvin Jim, infor-mou que o sindicato concordou com um incre-mento faseado e hierárquico dos ordenados. Istosignifica que quem aufere um ordenado abaixode 8500 randes por mês, irá receber um aumen-to de 900 randes. Ao passo que aqueles que re-cebem um ordenado abaixo dos 20 mil randes,irão receber um aumento de 850 randes. Traba-lhadores que auferem um salário superior a 20mil randes, recebem um aumento de 4.1%. Estesaumentos serão com retroactivos de Julho desteano.

O comité de programação da Assembleia Na-cional concordou com o pedido de Mboweni parao adiamento da revisão orçamental do Estado.

O ministro das Finanças Tito Mboweni pediu oadiamento devido a complexas decisões a seremtomadas pelo governo sul-africano para o reajus-tamento das estimativas do actual ano finan-ceiro.

O ministro das Finanças também aludiu à con-clusão do plano de recuperação económica dogoverno e o impacto que isso terá na revisão doorçamento de Estado.

O governo declarou que não tem a certeza deonde provirão os 10 biliões e meio de randespara o resgate urgente da South African Airways(SAA).

A companhia de bandeira sul-africana precisacerca de 20 biliões de randes, dos quais metadesão necessários urgentemente.

O Departamento de Empresas Públicas infor-mou o Parlamento na quarta-feira 14 de Outubro,das capacidades de várias empresas estatais, - aSAA e a SAA Express.

O ministro das Empresas Públicas, PhumuloMasualle, informou os deputados que aindaestão a decorrer conversações em como anga-riar os fundos. O departamento de Estado está atentar assegurar fundos para implementar o pla-no de resgate e reformulação da linha aérea, oque também inclui o financiamento de váriassubsidiárias desta.

A empresa de produção de electricidade estatalEskom, afirmou que está a fazer tudo o que épossível para evitar mais “loadshedding” e quepara isso está a cortar o fornecimento de electri-cidade a partes da capital do país.

A Eskom está a implementar aquilo a que cha-ma de “redução de carga” às 5 da manhã e queiria repor o fornecimento de luz às 9 horas.

A empresa pediu ainda à população para darparte às autoridades qualquer actividade illegal,vandalismo, ligações ilegais às infraestruturasestatais.

UNIDADE ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO VAITENTAR RECUPERAR 8 BILIÕES DE RANDES

A Unidade Especial de Investigação actualizu oComité de Contas Publicas (Scopa) no decorrerdas investigações à Eskom, que o governo ini-ciou há dois anos. O Comité foi informado queestá prevista a recuperação de cerca de oito bi-liões de randes através de litígio civil com liga-ções de fraude, corrupção e outras formas degestão danosa da Eskom.

A Unidade Especial de Investigação incidiu so-bre os cerca de 5 500 responsáveis na Eskomque estavam sobre processos disciplinares, de-pois de terem sido culpados de terem conflitos deinteresses, fizeram trasacções com a entidadeou foram apontados como suspeitos em audito-rias de estilo de vida.

A Unidade informou que 135 empregados daEskom tiveram trocas comerciais com a empresaestatal, no valor de seis biliões de randes. Tam-bém descobriu pagamentos suspeitos no valorde 136 milhões de randes a quatro empreiteirosno projecto de Kusile, quatro responsáveis rece-beram pagamentos na ordem dos 44 milhões derandes ao todo.

A investigadora chefe, Claudia O’Brien, decla-rou que os processos de investigação a três dosempreiteiros está num estado muito avançado.“Encontrámos provas de fraude, contravençõesda Lei de Prevenção e Combate a Actividades deCorrupção, corrupção e lavagem de dinheiro”.

O’Brien afirmou ainda que existem provas depagamentos ilícitos na ordem dos 100 milhõesde randes, pagos a sub-empreiteiros para asse-gurar contratos para armazenamento de dadosna “cloud”, software e licenças várias.

Trinta e nove casos já foram enviados para aProcuradoria-Geral da República para serem in-vestigados, enquanto que 32 foram referidos à

Agência de Arrestos de Bens. A Unidade de Investigação Especial está a pre-

parar litígio civil sob contratos no valor de quatrobiliões de randes e recuperar mais de oito biliões.

ESKOM corta fornecimento de electricidade a áreas de Pretória

Governo “sem certezas” de como angariar 10,5 biliões de randes para resgate da SAA

NUMSA pôsfim à grevedo Gautrain

Parlamento aprovapedido de adiamentode Mboweni pararevisão orçamental

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6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

ÁFRICA DO SUL

O ministro da Saúde da África do Sul, o dr ZweliMkhize e a esposa drª May testaram positivo àCovid-19. Foi o próprio ministro que fez o anún-cio num comunicado de imprensa ontem, domin-go 18 de Outubro, ao princípio do serão.

O ministro da Saúde Mkhize informou a naçãoque tanto ele como a esposa submeteram-se aoteste da Covid-19 após terem começado a sentirsintomas ligeiros do novo coronavírus.

“Estava-me a sentir anormalmente exausto àmedida que o dia se desenrolou e comecei a

perder o apetite. A minha esposa tinha tosse, es-tava zonza e extremamente exausta. Dados ossintomas que apresentava, os médicos aconse-lharam que deveria ser internada para obser-vação e rehidratação”, afirmou o ministro da Saú-de.

Zweli Mkhize está a cumprir quarentena emcasa e apelou a que todos os sul-africanos con-tinuassem a cumprir com as regras de distancia-mento social e de prevenção da Covid-19.

Ministro da Saúde e esposatestam positivo à Covid-19

MINISTRO DA SAÚDE DA ÁFRICA DO SUL, DR ZWELI MKHIZE

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

PORTUGAL

Depois de um mês em situação de contingên-cia, o nível de alerta em Portugal continentalaumentou para calamidade e vai manter-se, pelomenos, até 31 de Outubro, altura em que o Go-verno fará uma reavaliação.

Com a declaração de situação de alerta, nívelmáximo de intervenção previsto na Lei de Basesde Protecção Civil, entram em vigor oito novasregras e medidas aprovadas na quarta-feira peloGoverno.

Os ajuntamentos estão limitados a cinco pes-soas na via pública e em outros espaços de na-tureza comercial e de restauração, excepto sepertencerem todos ao mesmo agregado familiar.

Os eventos de natureza familiar, como casa-mentos ou baptizados, marcados a partir dequinta-feira, passam a estar limitados a um má-ximo de 50 participantes.

Nas universidades e politécnicos são agora

proibidas festas que não tenham a ver com asaulas, nomeadamente recepções aos novos es-tudantes e praxes.A PSP, GNR e ASAE vão reforçar a fiscalização

das regras de controlo da pandemia de covid-19na via pública e junto dos estabelecimentos co-merciais e de restauração.

Os valores das coimas para estabelecimentoscomerciais e de restauração que não cumpramas regras quanto à lotação e ao afastamento se-rão aumentados para um teto máximo de dez mileuros.

O Governo recomenda ainda o uso de másca-ras na rua, sempre que não for possível manter odistanciamento social necessário, assim como ainstalação da aplicação Stayaway Covid e acomunicação de teste positivo através desta.A intenção do Governo é que o uso da máscara

na rua e a utilização da aplicação stayaway covidem contexto laboral e escolar passe a ser obriga-tório, tendo, para tal, enviado para o parlamentouma proposta urgente.

A Região Autónoma da Madeira tem estado jáem situação de calamidade, bem como as cincoilhas dos Açores com ligações aéreas ao exteriordo arquipélago (São Miguel, Santa Maria, Ter-ceira, Faial e Pico). As restantes quatro ilhas aço-rianas (Graciosa, São Jorge, Flores e Corvo)estão em situação de alerta.

Portugal alcançou na quarta-feira o número decasos de covid-19 diário mais elevado desde oinício da pandemia de covid-19, num total de2.072.

Numa entrevista que foi publicada na sexta-feirana íntegra no jornal Público, António Costa revelaainda que estão a ser preparadas unidades decampanha em Lisboa para estender a capacida-de do Serviço Nacional de Saúde, à semelhançado que acontece no Porto e que o hospital decampanha de Santa Maria será reactivado.Na entrevista, parte da qual o Púbico antecipou,

o primeiro-ministro diz que o executivo sentiu ne-cessidade de “enviar um sinal claro” aos portu-gueses de que é preciso alterar comportamen-tos.

Rejeitou que as medidas tivessem a ver com “onúmero mágico” das duas mil infecções diárias,ultrapassado na quarta-feira, e preferiu justificara decisão com a “situação grave que o país estáa viver de subida consistente dos casos” desdemeados de Agosto.

“Senti muito claramente que era preciso haverum abanão na sociedade”, reconheceu AntónioCosta, acrescentando: “O tempo foi passando,as pessoas foram ficando saturadas, foram-sehabituando ao risco ou desvalorizando o riscoporque a faixa etária [dos contágios] foi mudan-do”.

Questionado sobre a possibilidade de Portugalregressar, no futuro, a um confinamento geral,António Costa resistiu à ideia pelos custos so-ciais e económicos que lhe estão associados einsistiu que, nesta fase, “é no comportamento in-dividual” que está a chave da questão.

“Se posso jurar a pés juntos que não serão da-dos passos dramáticos? Não posso. É uma

questão de bom senso. Mas temos de o evitar”,afirmou.O primeiro-ministro elogiou o SNS, dizendo que

hoje “está mais bem preparado para lidar com adoença” e que o sistema está pronto para cres-cer consoante as necessidades.

Adiantou que “estão a ser accionadas exten-sões de campanha” em Lisboa, à semelhança doque acontece no Porto, explicando: “o Hospitaldas Forças Armadas já foi reactivado e está a serpreparado outro hospital de campanha, em fren-te ao Santa Maria, na Cidade Universitária”.

“Temos capacidade de resposta. Os hospitaisfuncionam em rede, é possível gerir fluxos emfunção das necessidades variáveis de um hospi-tal para outro”, disse.

António Costa anunciou na quarta-feira novasmedidas para travar o aumento do número decasos de covid-19, entre as quais a situação decalamidade para todo o território nacional, que semanterá pelo menos até final do mês.

O Governo vai ainda tentar tornar, através deum projecto-lei, que o parlamento torne obriga-tória em contexto laborar e escolar a aplicaçãoStayAway Covid.Ao Público, Costa adiantou não houve nenhuma

conversa prévia com os partidos sobre a matéria.No texto entregue pelo Governo na Assembleia

da República, prevê-se um regime de multasentre os 100 e os 500 euros para os casos deincumprimento da lei.

O artigo 4.º da lei define que “é obrigatória, nocontexto laboral ou equiparado, escolar e aca-démico, a utilização da aplicação Stayaway Co-vid pelos possuidores de equipamento que a per-mita”.

E determina-se que esta obrigatoriedade“abrange em especial os trabalhadores em fun-ções públicas, funcionários e agentes da Admi-nistração Pública, incluindo o setor empresarialdo Estado, regional e local, profissionais dasForças Armadas e de forças de segurança”.Já sobre o uso de máscara nas ruas, o texto de-

fine que será obrigatório sempre “se mostre im-praticável” manter a distância física entre pes-soas.A lei fixa três excepções para esta obrigação, no

caso de “se tratar de pessoas com deficiênciacognitiva, do desenvolvimento e perturbaçõespsíquicas”, que devem ter um atestado médicode incapacidade multiusos ou declaração médi-ca.

Está igualmente prevista a excepção para pes-soas com “condição clínica” que “não se coadu-na com o uso de máscaras”, atestada através dedeclaração médica.

A Comissão Nacional de Protecção de Dados(CNPD) considera que tornar o uso da aplicação'StayAway Covid' obrigatória “suscita gravesquestões relativas à privacidade dos cidadãos” eaguarda pela oportunidade de se pronunciar noParlamento.Num comunicado, enviado a várias redacções e

publicado na íntegra pelo Observador, a CNPDrefere que “pugnou desde sempre pelo caráctervoluntário da aplicação de rastreamento de pro-ximidade (contact tracing)”.

“Impor por lei a utilização da aplicação Stay-away, seja em que contexto for, suscita gravesquestões relativas à privacidade dos cidadãos,retirando-lhes a possibilidade de escolher, se as-sim entenderem, não ceder o controlo da sua lo-calização e dos seus movimentos a terceiros, se-jam estes empresas multinacionais fora da juris-dição nacional, seja o Estado”, disse a CNPD.

A entidade reagia assim ao anúncio de quarta-feira do primeiro-ministro, António Costa de queo Governo ia apresentar à Assembleia da Re-pública uma proposta de lei a que solicitou “umatramitação de urgência, para que seja imposta aobrigatoriedade” da utilização “da aplicação'StayAway Covid' em contexto laboral, escolar eacadémico, nas Forças Armadas e nas Forçasde Segurança e no conjunto da administraçãopública", anunciou.A CNPD está frontalmente contra esta iniciativa,

indicando que “a obrigatoriedade de uso destaaplicação desencadeia igualmente fortes reser-vas no plano ético, por acentuar em particular adiscriminação de cidadãos, pois a maioria daspessoas não consegue ter acesso a este tipo deaplicação”.O organismo recordou que “esta aplicação ape-

nas funciona em modelos muito avançados dealguns telefones inteligentes”.

A Comissão considera, por isso, “que a aplica-ção de uma legislação desta natureza dificilmen-te será exequível”, sublinhando que “de acordocom um relatório apresentado esta semana peloConselho da Europa, nenhum país, de um totalde 55 países aderentes à Convenção de Pro-tecção de Dados (Convenção 108), implementoucom carácter obrigatório este tipo de aplicação”.

Por fim, a Comissão assegurou que “terá segu-ramente oportunidade de se pronunciar sobre oteor da referida proposta de lei no contexto doprocedimento parlamentar”.

Portugal entrou quinta-feira em situaçãode calamidade e com novas regras

Portugal continental entrou quinta-feira em situação de calamidadedevido ao aumento do número de casos de covid-19, com novas regrasrestritivas para travar a expansão da pandemia.

O PRIMEIRO-MINISTRO ANTÓNIO COSTA ANUNCIOU NA QUARTA A ENTRADA DE PORTUGALEM SITUAÇÃO DE CALAMIDADE E NOVAS REGRAS

Costa diz que novas medidas são paraabanar o país e alterar comportamentos

O primeiro-ministro diz que as novas medidas decretadas na quarta-feira por causa da pandemia, que incluem a declaração do estado decalamidade, surgiram porque era preciso dar um abanão ao país paraque se alterem comportamentos.

StayAway Covidobrigatória abre“graves questões" de privacidade” - CNPD

Leia e divulgue O Século de Joanesburgo

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8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

PROPOSTA DE ORÇAMENTO DE ESTADO

PORTUGAL

João Leão entrou no gabinete do presidente daAssembleia da República acompanhado pela se-cretária de Estado do Orçamento, Cláudia Joa-quim, e pelo secretário de Estado dos AssuntosParlamentares, Duarte Cordeiro, entregando aFerro Rodrigues exemplares da proposta orça-mental em formato digital e em papel.

Este é o primeiro Orçamento de João Leão en-quanto ministro das Finanças, cargo que passoua desempenhar em junho passado, depois de tersubstituído nessas funções o actual governadordo Banco de Portugal, Mário Centeno.

A conferência de imprensa para apresentaçãopública da proposta de Orçamento do Estadopara 2021 teve lugar na terça-feira de manhã, nosalão nobre do Ministério das Finanças.A proposta de Orçamento do Estado para 2021

agora entregue na Assembleia da República, quenão tem ainda assegurado um princípio de acor-do com o Bloco de Esquerda ou com o PCP paraa sua viabilização, aponta para uma recuperaçãoda economia portuguesa na ordem dos 5,4%,após uma quebra na ordem dos 8,5% este ano.O défice no próximo ano, de acordo com as pro-

jeções apresentadas pelo executivo aos partidos,deverá atingir os 4,3% em 2021, ficando em7,3% em 2020.

Para procurar responder a uma exigência doBloco de Esquerda, a proposta de Orçamento,cuja votação na generalidade está marcada parao próximo dia 28, não contempla qualquer verbapara injetar no Novo Banco. Em alternativa,serão bancos como a Caixa Geral de Depósitos),BCP, Santander e BPI a financiarem o fundo deresolução, à margem do Orçamento do Estado.

Em matéria de prestações sociais, prevê-se naproposta do Governo um aumento até 10 euros apagar em agosto para as pensões mais baixas,sendo ainda criado um novo apoio social queterá um custo de cerca de 450 milhões euros.Este novo apoio social deverá abranger 170 milas pessoas, tendo em vista garantir que os rendi-mentos dos cidadãos não ficam abaixo dos 502euros do actual limiar da pobreza, e terá ainda anovidade de abarcar parte dos denominados tra-balhadores independentes.Também para procurar responder às exigências

do Bloco de Esquerda, o Governo promete avan-çar com a contratação de 261 profissionais parao Instituto Nacional de Emergência Médica

(INEM) e 4200 para o Serviço Nacional de Saúde(SNS).

Segundo uma versão preliminar da proposta deOrçamento do Estado para 2021, os profissio-nais de saúde que trabalhem em áreas dedi-cadas à covid-19 vão receber um subsídio extra-ordinário de risco no valor máximo de 219 euros.Na proposta de Orçamento, prevê-se ainda que

o IVA pago pelos consumidores com alojamento,cultura e restauração realizadas durante um tri-mestre vai poder ser descontado nos consumosrealizados nestes mesmos sectores durante o tri-mestre seguinte. Por outro lado, o IVA pago comatividades desportivas e em ginásios vai passara ser descontado parcialmente no IRS em mol-des semelhantes à dedução que atualmente éconferida aos gastos em restaurantes, oficinas,

cabeleireiros e veterinários.Pela proposta do Governo de Orçamento, as

freguesias vão dispor de 237 milhões de eurosno próximo ano, mais 8,7 milhões de euros do

que este ano, e os municípios irão receber 2,3mil milhões de euros através do Fundo deEquilíbrio Financeiro, mais 180 milhões do queem 2020.

Ministro das Finanças entregou proposta do Governo na Assembleia da República

O ministro de Estado e das Finanças, João Leão, entregou na segun-da-feira ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, aproposta de Orçamento do Estado para 2021, que será votada na gene-ralidade no próximo dia 28.

O ministro de Estado e das Finanças, JoãoLeão, admitiu que a companhia aérea TAP pode-rá precisar de mais do que os 500 milhões deeuros inscritos na proposta do Orçamento do Es-tado para 2021 (OE2021).

Questionado acerca do valor inscrito pelo Go-verno na proposta do OE2021 destinado à TAP(500 milhões de euros), João Leão afirmou que"é um valor ainda indicativo e referencial"."Não é o pior cenário, é o cenário indicativo que

temos, é o cenário base. Pressupõe sempre a

possibilidade de haver cenários mais negativos emenos negativos", admitiu o ministro na confe-rência de imprensa de apresentação do OE2021,que decorreu no Ministério das Finanças, emLisboa.

O Governo reservou um valor de 500 milhõesde euros em garantias para a TAP, para que aempresa se possa eventualmente financiar nomercado, a juntar aos 1.200 milhões de euros jáaprovados em empréstimos.

O ministro das Finanças estimou em 200 mi-lhões de euros o impacto nas contas públicas dainjecção de capital do Fundo de Resolução noNovo Banco e adiantou que há bancos disponí-veis para emprestarem dinheiro ao fundo.

"Pode ter no próximo ano uma previsão de im-pacto nas contas [públicas] de cerca de 200 mi-lhões de euros. Ainda não é certo que essa oper-ação se materialize, é o máximo que pode vir aatingir", afirmou João Leão na conferência deimprensa de apresentação da proposta orçamen-tal para o próximo ano, em Lisboa.

O governante reiterou que na proposta orça-mental para 2021 não está previsto qualquer em-préstimo do Tesouro público ao Fundo de Re-solução (ao contrário do que aconteceu nos últi-mos anos) para que este possa recapitalizar oNovo Banco e que há disponibilidade de bancoscomerciais para emprestarem 275 milhões deeuros ao Fundo de Resolução, a que este so-mará as suas receitas (que advêm sobretudo decontribuição do setor bancário) para chegar aovalor necessário para recapitalizar o Novo Ban-co.

Contudo, tendo em conta que o Fundo de Reso-lução conta para o perímetro orçamental, mesmocom empréstimo bancário (e não do Tesouro),qualquer injeção de capital no Novo Banco contapara o défice, tendo João Leão estimado, então,esse impacto no máximo de 200 milhões deeuros.Na segunda-feira, o relatório que acompanhava

a proposta orçamental, entregue na Assembleiada República, previa um "empréstimo de médio/-longo prazo" ao Fundo de Resolução de 468,6milhões de euros.

A inscrição deste valor causou perplexidade,uma vez que a injeção de capital no Novo Bancofoi um dos temas 'quentes' das negociações or-çamentais, depois da "linha vermelha" colocadapelo Bloco de Esquerda, e depois de há duas se-manas o Governo (através do secretário de Esta-do dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cor-deiro) ter assumido "o compromisso de procurarnão considerar nenhum empréstimo público doEstado ao Fundo de Resolução em 2021".

Ao final da noite de segunda-feira, em comuni-cado, o Ministério das Finanças esclareceu quetal se tratou de um erro e que esse valor de em-

préstimo é para CP - Comboios de Portugal.O Fundo de Resolução bancário (entidade da

esfera do Estado), além de ter 25% do NovoBanco, é responsável pelas injecções de capitalno banco, no âmbito do acordo feito na venda de75% da instituição financeira à Lone Star queprevê que o fundo cubra perdas do banco comactivos ‘tóxicos' com que ficou do BES até 3.890milhões de euros.

Até hoje, já foram injectados 2.976 milhões deeuros (dos quais 2.130 milhões de euros vieramde empréstimos do Tesouro), pelo que – pelocontrato - poderão ser transferidos mais 900 mi-lhões de euros nos próximos anos.Apenas referente ao primeiro semestre, o Novo

Banco estimou a injecção de capital que irá pedirao Fundo de Resolução em 176 milhões deeuros. Mas o valor final só será definido quandoeste ano terminar e deverá ser superior.

Mesmo que o Estado não empreste dinheiro aoFundo de Resolução, qualquer injeção de capitaldeste no Novo Banco contará para o défice, umavez que esta entidade está dentro do perímetrodas administrações públicas.

O MINISTRO DAS FINANÇAS, JOÃO LEÃO, ENTREGANDO AO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,FERRO RODRIGUES (D), O ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2021, NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,

O MINISTRO DAS FINANÇAS, JOÃO LEÃO (C), ACOMPANHADO PELO SECRETÁRIO DE ESTADO DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES, DUARTE CORDEIRO E PELA SECRETÁRIA DE ESTADO

DAS FINANÇAS, CLÁUDIA JOAQUIM (Fotos José Sena Goulão/Lusa)

João Leão admite que TAPpode precisar de mais que 500 milhões de euros

Injecção de capital no Novo Banco terá impacto orçamental máximo de 200 milhões de euros

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 9

PROPOSTA DE ORÇAMENTO DE ESTADO

PORTUGAL

O ministro de Estado e das Finanças conside-rou que é "absolutamente crucial manter as taxasde juro da dívida muito baixas", de forma a per-mitir menores custos de financiamento ao país.

"Com os níveis de endividamento que Portugale outros países europeus, e em particular do sul,têm, é absolutamente crucial manter taxas dejuro da dívida muito baixas", disse João Leão naconferência de imprensa de apresentação doOrçamento do Estado para 2021 (OE2021), quedecorreu no Ministério das Finanças, em Lisboa.

Segundo o ministro, os níveis "historicamentebaixos" do dinheiro nos mercados permitem ofinanciamento do Estado "sem custos com jurossignificativos"."Esta dívida é gerível sem sobrecarregar os por-

tugueses se conseguirmos manter estas taxas aníveis recorde, no sentido muito baixo", salientouo governante.

João Leão considera que valores como o customédio dos juros a 10 anos estar próximo dos0,2% permitem que "ano após ano o Estadotenha poupado centenas de milhões de euros empagamentos de juros da dívida", estimando umapoupança na ordem dos 300 milhões de eurosem 2021.

"Para isso, é importante sermos credíveis e de-monstrarmo-nos responsáveis. É preciso tomar-mos decisões que são equilibradas, que nestafase de crise vão ao encontro das necessidadesdo país na resposta à crise pandémica", mastambém devem ser decisões "responsáveis quepermitem, a prazo, voltar à sustentabilidade dasfinanças públicas", disse João Leão.

Relativamente a autorizações legislativas pre-sentes no Orçamento do Estado para fazer faceà pandemia, o ministro disse que dão "flexibili-dade adicional" para conseguir "responder deimediato" a eventuais necessidades.

"Houve este ano serviços públicos que ficaramsem a sua receita habitual própria e é preciso tercapacidade própria para injetar financiamentonesses serviços públicos", justificou o ministro,adiantando que "não coisas que não acontecemnum ano normal".

"E necessário, para evitar estrangulamentos edificuldades na gestão financeira do Estado",entende o ministro.

Na proposta de OE2021, entregue na segunda-feira no parlamento, o Governo prevê para esteano uma recessão de 8,5% e que a economiacresça 5,4% em 2021 e 3,4% em 2022, “ano emque se alcança um nível de PIB equivalente ao

registado no período pré-crise pandémica”.Segundo a proposta de Orçamento, também

será em 2022 que Portugal voltará a cumprir asregras impostas por Bruxelas relativas ao déficeorçamental, que deverá atingir 7,3% do PIB em2020, 4,3% em 2021 e 2,8% em 2022.

O Governo estima que o rácio da dívida públicaregiste uma melhoria em 2021, passando a rep-resentar 130,9% do PIB, depois de atingir os134,8% em 2020.

Quanto ao desemprego, este ano deverá subiraté uma taxa de 8,7%, descendo em 2021 paraos 8,2%.

A Assembleia da República informou que “tudoleva a crer” que a proposta de Orçamento do Es-tado pode conter uma duplicação da previsão dedespesas do parlamento para 2021, situação aque os serviços dizem ser “totalmente alheios”.

Depois de a Presidência da República ter con-firmado que a sua dotação orçamental para 2021é a mesma deste ano (16,8 milhões de euros), eque por erro o Orçamento do Estado para 2021indicava 32,6 milhões, a Lusa questionou a sec-retaria-geral da Assembleia da República se asverbas relativas ao parlamento estariam correc-tas.

De acordo com o Mapa IV do Orçamento doEstado para 2021, relativo à "classificação orgâ-nica das despesas do subsector da Administra-ção Central" e onde estão indicadas as dotaçõespara os órgãos de soberania, a dotação da As-sembleia da República - que no próximo ano teráde suportar subvenções com as campanhas elei-torais para as eleições presidenciais e autárqui-cas - passa de 115,8 milhões de euros para maisde 320 milhões de euros.

“Em resposta à sua pergunta, informa-se quetudo leva a crer que no mapa 4 da Proposta deLei do OE tenha havido uma duplicação da pre-visão total de despesas da Assembleia da Re-pública para 2021, situação a que somos total-mente alheios”, respondeu à Lusa o gabinete dosecretário-geral do Parlamento.

O Governo prevê que os cofres públicos arreca-dem 534,1 milhões de euros em 2021 com divi-dendos da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e doBanco de Portugal, segundo a proposta doOrçamento do Estado entregue no parlamento.No relatório que acompanha a proposta, o exec-

utivo prevê "a entrega de 374,5 milhões de eurospelo Banco de Portugal e 159,6 milhões de eurospela Caixa Geral de Depósitos".

Este ano, segundo o Orçamento do Estado de2020, o Governo esperava receber 705 milhõesde euros com dividendos da CGD (237 milhõesde euros) e do Banco de Portugal (468 milhõesde euros). Contudo, o valor recebido ficou abaixodo previsto devido ao banco público não ter até

agora pagado os dividendos.O Banco de Portugal entregou este ano, relati-

vamente a 2019, dividendos de 607 milhões deeuros ao Estado (líquidos de IRC), abaixo dos645 milhões de euros relativos a 2018.

Já a Caixa Geral de Depósitos não distribuiueste ano dividendos ao Estado, seguindo a reco-mendação do Banco Central Europeu (BCE) quepediu aos bancos para não entregarem dividen-dos aos acionistas até janeiro de 2021, devido àcrise desencadeada pela covid-19.

Em 2019, relativamente a 2018, a CGD tinhaentregado 200 milhões de euros (na primeira vezque o banco público pagou dividendos desde2010).

O primeiro-ministro afirmou que a proposta doGoverno de Orçamento vai deixar nos bolsos dasfamílias mais 550 milhões de euros só em medi-das fiscais, não apresenta aumento de impostos,nem recuos no plano social.Esta posição de António Costa consta de um ví-

deo publicado num microsite sobre o Orçamentodo Estado para 2021 (oe2021.gov.pt.), logo apóso Governo ter entregado a sua proposta na As-sembleia da República.

"Vamos continuar a promover o rendimento dosportugueses com o aumento das pensões maisbaixas e um apoio social extraordinário. O valormínimo do subsídio de desemprego vai tambémser majorado a título definitivo para impedir queos mais afetados por esta crise fiquem abaixo dolimiar da pobreza. No total, as medidas fiscaisprevistas neste Orçamento vão deixar nos bolsosdas famílias portuguesas, no próximo ano, mais550 milhões de euros", defende o líder do execu-tivo.

Na sua mensagem, António Costa frisa que acovid-19 alterou profundamente as vidas daspessoas "e impôs necessariamente ao Governonovas prioridades e uma reprogramação daquiloque tinha previsto para 2020 e para 2021".

"Contudo, nada daquilo que é essencial ficoupara trás, nem se alterou o rumo iniciado emNovembro de 2015. Não há recuos em nenhumdos progressos alcançados desde então. Não

ficámos a marcar passo e recusámos a respostaausteritária a esta crise", sustenta, aqui num pri-meiro recado dirigido aos parceiros parlamen-tares do PS: o Bloco de Esquerda, o PCP e oPEV.

Segundo o primeiro-ministro, uma das princi-pais prioridades da política orçamental será re-forçar a saúde, através da contratação de "mais4.200 profissionais para o Serviço Nacional deSaúde".

"Vamos criar um subsídio de risco para quemestá na linha da frente do combate à pandemia e,a par disto, faremos um forte investimento públi-co nos cuidados de saúde primários, nos cuida-dos continuados integrados para apoiar os nos-sos idosos, na saúde mental e nos novos hospi-tais", aponta.

O líder do executivo considera também que aproposta orçamental vai "proteger quem trabal-ha", com os apoios públicos a ficarem condi-cionados à manutenção do nível de empregoactual nas grandes empresas que tenham lucros.

"As políticas activas de emprego serão reforça-das para os jovens e para os desempregados eos direitos dos trabalhadores serão protegidoscom a suspensão da caducidade das conven-ções colectivas de trabalho ao longo destes doisanos", salienta em nova alusão a reivindicaçõesdo Bloco de Esquerda.

No plano da economia, além das medidas fis-

cais no valor de 550 milhões de euros em bene-fício da generalidade dos contribuintes, AntónioCosta acentua que "não haverá qualquer aumen-to de impostos, será eliminado o agravamentodas tributações autónomas para as micro,pequenas e médias empresas que retenham pre-juízos e será devolvido aos consumidores o IVApago nos setores da restauração do alojamentoe da cultura".Neste contexto, o primeiro-ministro defende que

a cultura "merece até uma atenção muito partic-ular neste Orçamento com mais 49 milhões deeuros, porque, apesar da crise, há determinaçãono sentido do Governo cumprir o seu objetivo dereforço ao longo da legislatura do Orçamento dacultura".

António Costa observa que a conjuntura mun-dial é de crise, mas afirma-se depois "certo" deque este é um Orçamento que à altura do desafioque se enfrenta.

"Só assim seremos capazes de juntos controlara pandemia, proteger as pessoas e recuperar aeconomia. Este é um bom Orçamento para oPortugal de 2021", acrescenta.

O Ministério das Finanças prevê que o ProdutoInterno Bruto (PIB) caia 8,5% este ano, uma pre-visão mais pessimista do que a divulgada peloBanco de Portugal (BdP) de 8,1%.

No relatório que a companha a proposta de leido Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), oGoverno fala de uma "forte contração" em 2020,e piora as previsões do Orçamento Suplementar(-6,9%) em termos de evolução económica,"resultado de uma quebra mais acentuada, faceao então estimado, nas componentes do con-sumo privado e exportações, assim como deuma contração do consumo público".As previsões divulgadas pelo ministério liderado

por João Leão contrastam com as divulgadaspelo Banco de Potugal, agora liderado pelo ex-ministro Mário Centeno, seu antecessor, queaponta para uma queda de 8,1% do PIB em2020.

Mais 550 milhões de euros nos bolsos dasfamílias e não há aumento de impostos

Ministro dasFinanças maispessimista queCenteno antecipa PIB nos8,5% este ano

"É absolutamente crucial manter as taxas de juro muito baixas" - João Leão

AR diz que "tudoleva a crer" que previsãode despesas esteja duplicada

Governo espera receber 534 ME com dividendos de CGD e Banco de Portugal

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10 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

MADEIRA

O presidente do PS/Madeira declarou que opartido “está totalmente disponível para colabo-rar com as autoridades judiciais” na investigaçãoque está em curso pela Polícia Judiciária envol-vendo quatro autarquias da região.

“O PS/Madeira está totalmente disponível paracolaborar com as autoridades judiciais no âmbitode uma investigação em curso que tem por baseuma denúncia ‘online’, que remonta a 2018”, dizPaulo Cafôfo num comunicado.Sem especificar os municípios em causa, o líder

dos socialistas madeirenses acrescenta que “oPS/Madeira tudo fará para contribuir para o céle-re apuramento dos factos em análise”.O dirigente vinca que a “actuação na vida públi-

ca do partido assenta nos valores da responsabi-lidade, ética e transparência e pelo estrito cum-primento da lei, valores democráticos e de cida-dania centrais desde a criação do partido, e dosquais não abdica em momento algum”.

Também em comunicado, a Polícia Judiciária(PJ) anunciou ter realizado diversas buscas aquatro autarquias da Região Autónoma da Ma-deira, para recolha de elementos de prova noâmbito de um processo-crime.

De acordo com a informação da PJ, o proces-so-crime, do qual não são adiantados mais por-menores (inclusive as autarquias em causa),corre termos no Departamento de Investigação eAcção Penal de Lisboa, e iniciou-se através de"denúncia anónima", efetuada na plataforma daProcuradoria-Geral da República.

As buscas, segundo a nota, foram realizadas

através da Unidade Nacional de Combate à Cor-rupção e do Departamento de Investigação Cri-minal da Madeira.Na quarta-feira, a Câmara do Funchal (governa-

da pela coligação Confiança, que reúne PS, BE,PDR e Nós, Cidadãos!) confirmou no portal daautarquia estar a “colaborar com a Polícia Judi-ciária” numa investigação “em curso a várias en-tidades”, admitindo que os inspetores estiveramnas instalações do município.

A investigação, referiu a autarquia, foi “suscita-da por denúncia ‘online’ que remonta a 2018”.A presidente do município da Ponta do Sol, Cé-

lia Pessegueiro (PS), confirmou hoje à Lusa quea PJ esteve também nas instalações do municí-pio, na quarta-feira, sem adiantar mais informa-ção.

O Governo da Madeira está a apoiar a criaçãode uma plataforma digital que vai permitir a ex-portação dos produtos regionais, atingindo umuniverso de mais de 6.000 milhões de potenciaisconsumidores, anunciou hoje o presidente doexecutivo.“Estamos neste momento a desenvolver um tra-

balho para criar uma plataforma digital com mo-tor de busca de primeira ordem, onde podemoscolocar todos os produtos regionais em venda nomercado mundial”, informou Miguel Albuquerque,durante a visita que efetuou à fábrica SantoAntónio.

Esta unidade fabril foi criada em 1893, no cen-tro do Funchal, sendo conhecida pela sua pro-dução artesanal de bolachas, biscoitos, rebuça-dos, bolos de mel, compotas e marmelada, e foiclassificada pelo líder madeirense como um “íco-ne na Madeira”.

Sobre a plataforma digital, o chefe do executivoinsular perspectivou que deve ser apresentadano final do primeiro semestre do próximo ano,estando o trabalho a ser “desenvolvido e conce-bido por empresas de ponta”.

“Acho que é uma possibilidade de colocarmosos produtos da Madeira, através de uma platafor-

ma digital de primeira ordem, apoiada pelo Go-verno Regional, cujo motor de busca tem de sermuito rápido no mercado mundial”, reforçou.

Miguel Albuquerque complementou que comesta ferramenta a “expectativa é atingir mais de6.000 milhões de consumidores” de produtos re-gionais.Ainda sobre a fábrica Santo António, afirmou ser

“um tipo loja cujos produtos madeirenses têm po-tencial de crescimento”, visto que “têm saída emqualquer parte e mercado”.

O governante salientou que o executivo madei-rense disponibilizou um conjunto de apoios, en-tre os quais “a linha exportação, que vai até ao fi-nal deste ano e será inscrita no próximo Orça-mento Regional”.

“A ideia é nós subsidiarmos os produtos de ex-portação até ao continente no transporte e sub-sidiar também a importação de produtos paratransformação e posterior exportação”, explicou.

Também apontou que a fábrica visitada, que écandidata a esta linha, também pode ser apoia-da para “continuar a melhorar a sua capacidadetecnológica, embora já esteja dotada de equipa-mentos de vanguarda para fazer face às neces-sidades do mercado”.

O actual presidente do PSD/Madeira, MiguelAlbuquerque, é o único candidato à presidênciadaquela estrutura regional nas eleições directasde 23 de Outubro, revelou o partido.

Num comunicado, o partido revela que, “tendoem conta as eleições directas no PSD/Madeira,marcadas para o dia 23 de Outubro de 2020, in-forma-se que as listas das candidaturas à Co-missão Política Regional e ao Secretariado doPSD/Madeira foram entregues, cumprindo o pra-zo definido”.“Trata-se de uma lista única, liderada por Miguel

Filipe Machado de Albuquerque”, lê-se no comu-nicado.

A tomada de posse da Comissão Política e doSecretariado do PSD/Madeira realizar-se-á noinício dos trabalhos do XVIII Congresso do PSD/-Madeira, agendado para os dias 21 e 22 do mêsde Novembro.

À Comissão Política Regional, o candidato apresidente é Miguel Albuquerque e a secretário-geral José Prada.

O Plano de Desenvolvimento Económico e So-cial da Madeira (PDES 2030) foi aprovado quin-ta-feira na generalidade, por maioria, no parla-mento regional, numa sessão em que o vice-pre-sidente do executivo, Pedro Calado, lamentou a"falta de diálogo" da República.

"O diálogo é da região para a República, masda República para a região não tem havido ne-nhum", afirmou durante o debate do PDES 2030,que foi aprovado com os votos do PSD e CDS-PP, contando com a abstenção das bancadas doPS e JPP e o voto contra do deputado único doPCP.

O plano envolve projectos a executar até 2030no valor de 5,7 biliões de euros.

O vice-presidente do governo, de coligaçãoPSD/CDS-PP, vincou que a região "não é inde-pendente", pelo que precisa do "apoio" e da "soli-dariedade" do Governo da República, mas não

recebeu ainda qualquer ajuda para fazer face àcrise gerada pela covid-19, embora tenha elabo-rado um plano de desenvolvimento que contem-pla "todas as áreas".

O PS/Madeira, o maior partido da oposição,considerou, no entanto, que o PDES não consti-tui novidade, sublinhando que as orientações eas prioridades são "as mesmas de sempre" e odiagnóstico é igual, mantendo-se "inalterados"todos os problemas estruturais da região.

"Temos falhado sistematicamente as metas es-tabelecidas", declarou o deputado e líder do PSregional Paulo Cafôfo, reforçando que "o modelode desenvolvimento da região vai sempre baterao sector da construção".O socialista sublinhou os elevados níveis de po-

breza, os baixos salários e as desigualdadescomo prova dos atrasos estruturais da Madeira,e afirmou haver uma "camuflagem das priorida-des" por parte do executivo.

"O desafio que esta crise nos lança é se quere-mos construir uma economia que seja maisresiliente e sustentável", alertou.Pedro Calado contestou as declarações do dep-

utado Paulo Cafôfo e considerou que o PS é um"exemplo paradigmático" de uma oposição quese limita a "dizer que está tudo igual".

"É preciso ter uma lata do tamanho do mundopara vir a esta casa referir que está tudo igual",disse, indicando que a região é uma referênciaao nível da aplicação de fundos comunitários,tendo investido quatro biliões de euros nas últi-mas décadas.

O vice-presidente do governo considerou, poroutro lado, que o PS foi o partido que mais prob-lemas criou ao nível do financiamento da regiãopor parte do Estado e lembrou que o Plano deRecuperação Económica e Social, elaboradopelo consultor António Costa Silva, não inclui aMadeira.

O deputado Élvio Sousa, do JPP, também criti-cou o PDES, afirmando que a Madeira continuaa não ter uma estratégia regional de combate àexclusão social e à pobreza, cuja taxa de risco é

de 27,5%.Élvio Sousa vincou ainda que o documento não

contempla propostas das autarquias, situaçãorebatida pelo vice-presidente, que afirmou havercontributos dos 11 municípios da região.

Por outro lado, o deputado do PCP Ricardo Lu-me alertou para a possibilidade de o executivoentregar setores estratégicos, como os portos, àgestão privada e, simultaneamente, descurar aestabilidade no emprego.

O vice-presidente realçou, no entanto, que oPDES é "estratégico e vital" para a região, criti-cando a postura da oposição "sem credibilidade","fraca e desorientada" que se revela incapaz demanter "um debate técnico sobre as matérias doplano, que foi zero", no parlamento madeirense.

O governante também criticou a discriminaçãoque o Governo da República faz entre as duasregiões autónomas, atribuindo sempre "verbasinferiores à Madeira" e recordando que os Açoresvão receber mais 198 milhões por terem tido ofuracão Lourenço há dois anos.O CDS-PP, parceiro do PSD no executivo de co-

ligação, defendeu, através do deputado Lopesda Fonseca, que o plano é "verdadeiramente am-bicioso" e revela as linhas estratégicas de desen-volvimento até 2030.

Por outro lado, o deputado social-democrataJaime Filipe Ramos sublinhou que o documentoevidencia a vontade que o governo tem em con-tinuar a "mudar a Madeira para melhor".

"Vamos continuar a fazer essa mudança todosos dias", disse, acusando os partidos daoposição de transformar o debate de um docu-mento estratégico, que conta com a concordân-cia das entidades sindicais, num "exercício dedemagogia".

"Sinto que há um receio [da oposição] em quevenham verbas para a Madeira, devido à visãocentralista e de beija-mão a Lisboa", afirmou,destacando, no entanto, que a região "vai ter ver-bas" e o governo "vai ter capacidade de as apli-car" em benefício da população.

PS/Madeira "disponível paracolaborar" na investigação da PJ que envolve autarquias

Governo Regional cria plataformadigital para exportar produtos

Parlamento aprova plano de desenvolvimentoe governo critica “falta de diálogo” da República

Miguel Albuquerqueé o único candidatoà presidênciado PSD/Madeira

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 11

MOÇAMBIQUE

Mais 326 antigos guerrilheiros da ResistênciaNacional Moçambicana (RENAMO) vão entregaras armas até Novembro, no âmbito do processode Desarmamento, Desmobilização e Reintegra-ção do braço armado do partido.

"Eles vão ser desmobilizados, o que significaque estão a deixar a parte armada de lado e vãoestar integrados na vida civil. Vão poder fazer assuas actividades na comunidade e com a esper-ança de que as pessoas na comunidade vão

recebê-los como deve ser", declarou o secretá-rio-geral da RENAMO.

André Magibire falava à margem do arranquedas inscrições para obtenção de documentospessoais do grupo de 326 antigos guerrilheirosda RENAMO na Gorongosa, na província deSofala, Centro de Moçambique.

Trata-se da quarta fase do processo de Desar-mamento, Desmobilização e Reintegração(DDR) do braço armado do principal partido deoposição, no âmbito dos entendimentos alcança-dos com o acordo de paz assinado em Agosto doano passadopelo chefe de Estado moçambicano,Filipe Nyusi e pelo presidente da RENAMO,Ossufo Momade.

Depois de um arranque simbólico no ano pas-sado, o DDR esteve paralisado durante váriosmeses e foi retomado a 4 de Junho.

MAIS DE MIL JÁ FORAM ABRANGIDOS PELO DDR

De um total de 5.000 elementos da RENAMO

que se espera que entreguem as armas, segun-do dados oficiais, 1.075 ex-guerrilheiros já foramabrangidos pelo DDR.

Apesar de progressos registados no processo,um grupo dissidente da RENAMO (autoprocla-mado como Junta Militar) contesta a liderança dopartido e o acordo de paz, sendo acusado deprotagonizar ataques visando forças de segu-rança e civis em aldeias e nalguns troços de es-tradas da região Centro do país.

A autoproclamada Junta Militar da RENAMO éliderada por Mariano Nhongo, um antigo dirigen-te de guerrilha, que exige melhores condições dereintegração e a demissão do actual presidentedo partido, Ossufo Momade, acusando-o de terdesviado o processo negocial dos ideais do seuantecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico quemorreu em Maio de 2018.Os ataques armados no Centro de Moçambique

têm afectado as províncias de Manica e Sofala ejá provocaram a morte a pelo menos 30 pessoasdesde Agosto do ano passado em estradas epovoações locais.

Moçambique foi tema de debate no Luxembur-go, após o anúncio feito pelo embaixador da UEem Maputo de que Bruxelas irá ajudar Moçam-bique no combate a grupos armados classifica-dos como "terroristas" em Cabo Delgado.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros daUnião Europeia (UE) reuniram-se na segunda-feira 12 de Outubro, no Luxemburgo, para deba-ter, entre outros temas, os ataques armados noNorte de Moçambique, as sanções à Bielorrússiae as relações com a Rússia.

No dia 9 de Outubro, o embaixador da UE emMaputo, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar,anunciou que Bruxelas irá ajudar Moçambiqueno combate a grupos armados classificadoscomo "terroristas" em Cabo Delgado, na sequên-cia de um pedido de apoio do governo moçambi-cano. "Os pedidos que foram feitos à UE rece-beram uma resposta positiva e agora temos detrabalhar nas diferentes questões que foramcolocadas", afirmou o embaixador.

A 16 de Setembro, a chefe da diplomacia mo-çambicana, Verónica Macamo, escreveu um ofí-cio ao Alto Representante da UE para a PolíticaExterna, Josep Borrell, pedindo apoio na logísti-ca e no treino especializado das forças governa-mentais para travar as incursões armadas degrupos classificados como terroristas em CaboDelgado. Antonio Sánchez-Benedito Gaspar explicou que

a ideia é fortalecer as capacidades de respostade Moçambique, esclarecendo, no entanto, que"não está na agenda a ida de militares europeusao país".

A província de Cabo Delgado é palco há trêsanos de ataques armados desencadeados porforças classificadas como terroristas. A violênciaprovocou uma grave e profunda crise human-itária com mais de mil mortos e cerca de 350.000deslocados internos.

A Organização Internacional das Migrações(OIM) estima que existam 7.780 deslocados noCentro de Moçambique, em fuga de ataques ar-mados em zonas por onde vagueiam dissidentesda Resistência Nacional Moçambicana(RENAMO).

"Um aumento dos ataques violentos em áreasdos distritos de Gôndola (província de Manica),Chibabava e Buzi (província de Sofala) desen-cadeou movimentos populacionais", sendo iden-

tificadas "cerca de 7.780 pessoas deslocadas(1.507 famílias) entre 20 e 22 de Setembro", lê-se num relatório da organização.

"A maioria dos deslocados internos ocupa abri-gos improvisados em locais escolhidos comozonas de acampamento, enquanto outros foramacolhidos por família e comunidades", acrescen-ta.

As autoridades estão a prestar ajuda a partedas famílias, se

O Presidente moçambicano e líder em exercícioda Comunidade de Desenvolvimento da ÁfricaAustral (SADC), Filipe Nyusi, manteve na terça-feira um contacto telefónico com o homólogo doBotsuana com quem abordou temas como terro-rismo e covid-19 na região.

Nyusi e Mokgweetsi Masisi "trocaram informa-ções sobre a situação da segurança prevalecen-te na SADC, com realce para o terrorismo e outras ameaças nos dois países e na região, emgeral", refere-se em comunicado.

Os dois chefes de Estado trocaram ainda infor-mações "sobre a situação da covid-19 e o im-

pacto socioeconómico das medidas de preven-ção e mitigação da pandemia nos dois países".

"Para fazer o devido acompanhamento dos as-suntos de cooperação bilateral e multilateral, osdois estadistas acordaram em trocar visitas dedelegações para trabalharem nos detalhes",acrescenta.

Os governantes "comprometeram-se em conti-nuar a manter consultas e a apoiar-se mutua-mente no exercício das suas funções, na quali-dade de Presidente em exercício da SADC e daTroika do Órgão para a Cooperação nas áreasde Política, Defesa e Segurança da SADC".

União Europeia debate ataques armadosno Norte

Mais 326 guerrilheiros da RENAMO entregam as armas

PRESIDENTE FILIPE NYUSI PRESIDENTE MOKGWEETSI MASISI

Presidentes de Moçambique e Botsuana discutem terrorismo e covid-19

Ataques no Centro provocam7.780 deslocados

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12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

MOÇAMBIQUE

Cerca de 500 casas, a maioria de cons-trução precária e serviços públicos so-freram danos no temporal em Chimoio,no Centro de Moçambique, que vitimoucinco pessoas, segundo o mais recentebalanço.

Um total de 10 famílias estão em abrigos tem-porários, criados pelo Governo e outras 29 re-cebem assistência alimentar.O temporal destruiu ainda três postos de saúde,

duas escolas e oito locais de culto religioso nosdistritos de Chimoio e Gondola, segundo o balan-ço do Instituto Nacional de Gestão de Calamida-des (INGC).

"Já há lições de eventos anteriores: estes fenó-menos repentinos vão ocorrer sempre em Mani-ca", região afectada, disse à Lusa Alexandre Ti-que, delegado provincial do Instituto Nacional deMeteorologia (INAM)."Precisamos de nos começar a adequar a estes

eventos com a manutenção das residências, pre-cárias ou convencionais", acrescentou.

DESTRUIÇÃO DE 2017 REPETE-SE

Em 2017, também a 10 de Outubro, um venda-val com as mesmas características provocoudestruição severa na cidade de Chimoio.

Cinco pessoas morreram no penúltimo sábado10 de Outubro, quatro devido ao desabamentode casas e muros e uma atingida por um raio, du-rante a passagem.

Outras cinco pessoas sofreram ferimentos de-pois de as suas residências terem desabado du-rante o fenómeno meteorológico, que juntou ven-tos fortes, trovoada e chuva com granizo.

O temporal movimentou-se para Norte e nodomingo 11 de Outubro, provocou 17 feridos nodistrito de Gurue, província da Zambézia. Na-quela zona houve também desabamento decasas e destruição de infraestruturas.

Temporal danifica postos de saúde, escolas e casas em Chimoio

Um grupo de 15 elefantes invadiu terrenos deuma comunidade no sul de Moçambique, des-truindo culturas, disse hna terça-feira à Lusafonte da Administração Nacional das Áreas deConservação (ANAC) do país.

Os animais têm circulado "há algum tempo" porMahele, distrito de Magude, junto à fronteira coma África do Sul, cerca de 150 quilómetros a no-roeste da capital, Maputo, disse Carlos Lopes,director de Protecção e Fiscalização da ANAC.

"Têm causado problemas nas 'machambas'(hortas)", acrescentou.Apesar de ainda não estar confirmada a origem

dos elefantes, as autoridades suspeitam que osanimais tenham escapado de uma fazenda bra-via, cuja vedação foi derrubada.

"As pessoas que vivem na comunidade rouba-ram painéis solares e baterias ao longo da ve-dação que protegia a área", disse Carlos Lopes.O material roubado, avançou, electrificava a ve-

dação e impedia a travessia dos animais."Queremos logo que possível fazer a captura e

realocação dos elefantes e isso depende dareparação da vedação", referiu.

Enquanto isso, foram distribuídos "kits de afu-gentamento" a pessoas treinadas no distrito e osanimais estão a ser seguidos.

"O nosso trabalho é mitigar, ou seja, avaliar asituação e afastar o perigo das pessoas", con-cluiu.

De acordo com dados da ANAC, Moçambiquetem uma população estimada de 10.800 ele-fantes, um número que tem permanecido estáveldesde 2014, apesar das ameaças à espécie.

Cada área residencial da cidade receberá águaapenas um dia em cada dois e durante nove ho-ras em vez de 13 horas por dia, anunciou InácioNhazombe, director da área operacional do Fun-do de Investimento e Património do Abasteci-mento de Água (FIPAG), citado pela Agência deInformação de Moçambique (AIM).

As restrições devem-se ao baixo nível de águana barragem local, no rio Monapo.

O FIPAG classifica como zonas críticas os bair-ros de Mutahuanha, onde já ocorreram surtos decólera, Marrere e Muhaivire-Expansão.

Hospitais, quartéis, prisões e escolas secundá-rias também serão considerados estabelecimen-tos prioritários para o abastecimento de água.

O abastecimento máximo diário deve cair de40.000 metros cúbicos "para cerca da metade”,disse Nhazombe.

Está ainda prevista a utilização de camiões-cis-terna e reforço de capacidade de alguns poços.

O reforço do abastecimento de água à capitalprovincial de Nampula é apontado há vários anoscomo uma necessidade, decorrendo negocia-ções com parceiros de cooperação para tentarrealizar obras de reforço da rede.

Uma albufeira prevista para o rio Mecubúri teriacapacidade de armazenar mais de sete biliõesde metros cúbicos de água, o dobro da dimensãomáxima actual.

O abastecimento a partir de Monapo foi criado

há cerca de 60 anos e consegue reter cerca de3,4 biliões de metros cúbicos de água.

A administração do serviço de águas apontapara uma explosão demográfica da cidade daNampula para justificar o empreendimento, que

poderia terminar com as restrições no abasteci-mento - que atualmente se impõem devido às li-mitações da albufeira de Monapo.

A província de Nampula é a mais populosa deMoçambique, com 5,7 milhões dos 28 milhões dehabitantes do país, segundo o censo popula-cional de 2017.

Água com restrições em Nampulaa segunda maior cidade moçambicana

Elefantes destroemculturas e assustamcomunidadesno Sul do país

Nampula, segunda maior cidade moçambicana (a seguir à zona de Maputo e Matola),vai ter novas restrições no abastecimento de água, anunciou a entidade gestora.

A Inspeção Nacional de Actividades Económi-cas (INAE) de Moçambique retirou do mercadotrês marcas de água engarrafada e fechou asrespectivas fábricas após detectar microrganis-mos prejudiciais à saúde, disse fonte da institu-ição.

“Os exames laboratoriais indicaram que trêsmarcas de água mineral eram impróprias paraconsumo devido à presença de microrganis-mos vivos, como coliformes fecais de minhocase baratas, pelo que encerrámos as unidades eretirámos os produtos do mercado”, disse oporta-voz da INAE, Tomás Timba.

A instituição não revelou quais as marcas emcausa.As empresas produziam água engarrafada em

várias medidas, desde embalagens de um litroa outras com capacidades várias vezes maio-res.As três indústrias, duas localizadas na provín-

cia de Maputo, no sul do país e uma na provín-cia de Nampula, no norte, foram encerradas por“falta de meios de teste e de limpeza automáti-ca das garrafas, falta de licença para o exercí-cio da actividade e falta de qualidade da água”.

No total foram inspecionadas 29 unidades in-dustriais de água mineral e purificada, tendo-seconstatado que “algumas funcionavam em máscondições de higiene e saneamento”.

“A água é um produto de consumo direto, épreciso cumprir com todo o protocolo paragarantir a qualidade”, referiu.

Inspecção retira do mercado três marcas de água mineral

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MOÇAMBIQUE

Moçambique e Maláui reactivaram a ComissãoConjunta Permanente, organismo que estavainoperacional há 12 anos e que vai coordenar acooperação económica entre os dois países vi-zinhos.

"Para dinamizar as acções, devemos instruir anossa Comissão Conjunta Permanente, paralisa-da desde 2012, a reiniciar as suas actividades,identificando formas práticas de impulsionar anossa cooperação, incluindo através do incentivoao setor privado dos dois países", declarou oPresidente moçambicano, Filipe Nyusi.

O chefe de Estado moçambicano falava na vilade Songo, na província de Tete, onde recebeu oseu homólogo do Maláui, Lazarus Chakwera,que efectuou uma visita de trabalho a Moçam-bique.

Moçambique e Maláui partilham uma longa li-nha de fronteira a norte de Moçambique e man-tém laços económicos e comerciais, principal-mente no campo energético.

Durante sua intervenção, Filipe Nyusi reafirmoua intenção de "maximizar a cooperação" entre osdois países através dos corredores da Beira eNacala, tendo em conta que o Maláui é um paíssem acesso direto ao mar e precisa destes doiscorredores para escoar os seus produtos atravésdo oceano Índico."Moçambique está a fazer tudo, introduzindo re-

formas profundas, para criar condições que per-mitam maior fluidez e rapidez na circulação depessoas e bens. Neste âmbito, consideramosessencial restabelecer a linha de Sena [no centrode Moçambique] com a linha ferroviária do Ma-

láui", declarou Filipe Nyusi.Também Lazarus Chakwera destacou a impor-

tância do reforço da ligação ferroviária entre osdois países, considerando que há potencialida-des entre os dois Estados que devem ser apro-veitadas.

Segundo o chefe de Estado do Maláui, além deassegurar a cooperação económica, no novo ca-pítulo, a ambição é garantir uma resposta con-

junta também contra o crime organizado na re-gião.

"Estou feliz por saber que as relações entre odois países continuam a crescer, razão pela qualreativamos também a comissão conjunta de de-fesa e segurança para garantir que entre os doispaíses haja um trabalho lado a lado de forma ter-mos maior segurança para o nosso desenvolvi-mento económico ", declarou.

A visita de Lazarus Chakwera foi a primeira doestadista malauiano a Moçambique, desde a suatomada de posse em Julho de 2020.

Maláui compra energia eléctrica de Moçambi-que e usa os corredores rodoviários moçambi-canos para o seu comércio internacional.

O administrador do Banco de MoçambiqueJamal Omar disse num encontro dos banqueiroscentrais lusófonos que as previsões macroeco-nómicas mais recentes apontam para uma re-cessão económica este ano, entre 0,5% e 1% doProduto Interno Bruto (PIB).

"Os desenvolvimentos mais recentes indicamque os 2,2% de crescimento económico paraeste ano estimados em abril podem não ocorrerporque no segundo trimestre, na sequência detodo o processo de confinamento, tivemos umcrescimento negativo de 3,3%, algo que nuncatínhamos visto na história recente do país", disseo administrador do banco central moçambicanona intervenção na sessão inicial dos XXX En-contros de Lisboa entre os governadores dospaíses de língua portuguesa, a decorrer em for-mato virtual.

"Há a indicação de que isto [o crescimento ne-gativo] pode continuar no terceiro e quarto tri-mestres, embora em magnitudes inferiores, oque a acontecer, significa que provavelmente po-demos terminar o ano com uma contração doPIB na ordem de 0,5% a 1%", apontou o admi-nistrador do banco central.

As novas estimativas confirmam a degradaçãoda atividade económica em Moçambique face aoinício da pandemia, quando a generalidade dasinstituições financeiras internacionais e consul-toras anteviam que Moçambique seria uma ex-cepção no panorama de recessão que atravessaa África subsaariana em geral, e a África Austral,em particular.

"Olhando para o que era a visão de quase todoo mundo no primeiro trimestre deste ano, haviaboas perspetivas para Moçambique, porque es-távamos com uma economia mais debilitadacomparativamente a outras, devido à catástrofedos ciclones de 2019, e havia todo um esforçoque estava a ser feito, com desembolsos interna-cionais, e antevíamos um ano de esperança e re-cuperação económica", lembrou Jamal Omar.

Abordando várias preocupações trazidas pelapandemia de covid-19 neste país lusófono afri-cano, o banqueiro central disse que há "perspec-tivas muito negativas em relação à dívida" e aocrédito malparado, apontando ainda "a insegu-rança militar, que acaba desaguando na econo-mia através da retração dos investimentos", massem prejudicar o o cronograma dos grandes in-vestimentos no norte do país, que continua a sercumprido.

Moçambique espera receber 96 biliões de dó-lares (81,4 biliões de euros) na vida útil do gás doRovuma, quase sete vezes o Produto InternoBruto (PIB) actual, anunciou o banco central naproposta de criação de um fundo soberano.

"Estima-se que o país venha a arrecadar cercade 96 biliões de dólares durante a vida útil dosprojectos de exploração do gás natural", refere aproposta do Banco de Moçambique - que não es-pecifica parcelas nem o prazo, mas o Governotem apontado para, pelo menos, 25 anos de ex-tração.

O documento foi colocado na segunda-feira emdiscussão pública.A auscultação visa "enriquecer a proposta técni-

ca, antes da sua submissão às entidades compe-tentes" e "conferir maior transparência, participa-ção e inclusão ao processo", refere nota do ban-co central.

Além de disponibilizar a proposta no seu portalna Internet, aquela entidade anuncia que vai pro-mover seminários e outras iniciativas.O documento revela a ambição de Moçambique

em "integrar o grupo dos dez maiores produtoresmundiais de gás natural e tornar-se no segundomaior produtor em África".

Em Junho, o ministro dos recursos Minerais eEnergia, Max Tonela, anunciou que a Área 1(consórcio liderado pela Total) devera obter gan-hos globais, ao longo de 25 anos, da ordem dos61.000 milhões de dólares (51.900 milhões deeuros).

Deste valor, "o Estado moçambicano, por via deimpostos, partilha de lucro e participação da ENHvai ficar com pouco mais de 50%, cerca de31.000 milhões de dólares (26.380 milhões deeuros)", referiu.

Esta será apenas uma parte das receitas, por-que, além da Área 1, outro projecto de desenvol-vimento de dimensão ligeiramente superior estáprevisto para a Área 4 (consórcio liderado pelaExxon Mobil e Eni).

O fundo conta ainda com o potencial em reser-vas de carvão, areias pesadas, titânio e outrosminérios de elevado valor de mercado.

A proposta do banco central prevê uma matu-ração do fundo até ao vigésimo ano.Até essa altura, deve receber metade das recei-

tas brutas provenientes da exploração de recur-sos naturais não renováveis (a outra metade vaipara o Orçamento do Estado, OE) e só libertá-lasem caso de "choque extremo" na economia oucalamidades.

Depois de completar 20 anos, o fundo deverácontribuir para o OE com 4% do seu saldo.

"Fica vedado o uso dos recursos do fundo paragarantias na contratação de empréstimos peloEstado ou por outras entidades", prevê ainda aproposta, considerando desde já "nulo" e "semefeitos" qualquer contrato que ainda assim sejafeito - numa altura em que Moçambique tenta li-bertar-se das dívidas ocultas de 2,2 biliões dedólares (1,8 milhões de euros) garantidas peloGoverno, à revelia do parlamento e parceiros,

entre 2013 e 2014.O fundo terá dois objectivos, "acumular poupan-

ça" e "contribuir para a estabilização fiscal dopaís", com regras de transparência e prestaçãode contas.

O Centro para a Democracia e Desenvolvimen-to (CDD), organização da sociedade civil mo-çambicana, criticou em setembro o que conside-rou como uma exclusão da sociedade civil doprocesso de criação do fundo.

Na altura, anunciou que vai produzir uma pro-posta de projecto de lei que pretende persuadir oGoverno e a Assembleia da República (AR) aalargar o leque de contribuições para a estruturae o funcionamento do mesmo.

Os projectos de gás liderados na Área 1 pelapetrolífera francesa Total e na Área 4 pela norte-americana Exxon Mobil e pela italiana Eni repre-sentam em conjunto cerca de 50 mil milhões dedólares de investimento na bacia do Rovuma, aolargo da província nortenha de Cabo Delgado.Só o projecto da Área 1 teve decisão final de in-

vestimento e tem obras no terreno, representan-do o maior investimento privado em África - aÁrea 4 lançou a construção de uma plataformaflutuante, mas o grosso do investimento continuapor decidir.

As petrolíferas têm de lidar com uma insurgên-cia armada que há três anos afeta Cabo Delgadonas zonas em redor do empreendimento de gáse que está a provocar uma crise humanitária commais de mil mortos e 350.000 deslocados.

Moçambique e Maláuiquerem novo capítulo na cooperação económica

À ESQUERDA O PRESIDENTE MALAUIANO, LAZARUS CHAKWERA, E À DIREITA O DE MOÇAMBIQUE,FILIPE NYUSI, DURANTE O ENCONTRO NO SONGO, EM TETE

Moçambique prevê 81.400 biliões de euros em receitas de gás

Banco centralprevê recessão de até 1% este ano

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14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

ANGOLA

O presidente de Angola estima que sejam cercade 24 biliões de dólares os prejuízos causadosao país pela delapidação dos cofres do Estadoangolano. O valor, que resulta dos processos deinvestigação patrimonial em curso no ServiçoNacional de Recuperação de Activos da Procu-radoria Geral da República de Angola, foi revela-do por João Lourenço numa entrevista concedi-da, por correio eletrónico, ao diário norte-ameri-cano Wall Sreet Journal. João Lourenço, cuja primeira parte da entrevista

ao jornal foi publicada, detalha que daquele mon-tante 13.515 milhões de dólares foram retiradosilicitamente através de contratos fraudulentoscom a petrolífera Sonangol (Sociedade Nacionalde Combustíveis de Angola), 5 biliões através daSociedade de Comercialização de Diamantes deAngola (Sodiam) e Empresa Nacional de Dia-mantes de Angola (Endiama) e os restantes 5 bi-liões através de outros sectores e empresas pú-blicas.

Relativamente aos números concretos do com-bate à corrupção e os seus resultados, o presi-dente de Angola fez saber, na sua extensa entre-vista, que mais 4 biliões de dólares é o valor, atéà data, dos bens móveis e imóveis apreendidosou arrestados no país."Isto inclui bens como fábricas, supermercados,

edifícios, imóveis residenciais, hotéis, participa-ções sociais em instituições financeiras e em di-

versas empresas rentáveis, além de material deelectricidade e outros activos", lê-se na notíciaavançada pela Angop, que cita o Wall StreetJournal.

ARRESTO DE BENS NO EXTERIOR

O presidente da República revelou ainda que oServiço Nacional de Recuperação de Activos daPGR solicitou às suas congéneres no exterior dopaís a apreensão ou arresto de bens e dinheirono valor de cinco biliões, quatrocentos e trinta equatro milhões e cem mil dólares(5.434.100.000,00), nomeadamente na Suíça,Holanda, Portugal, Luxemburgo, Chipre, Mónacoe Reino Unido, "lista que tende a alargar-se".Na entrevista ao The Wall Street journal, o Che-

fe de Estado angolano precisou que o Estadorecuperou, em dinheiro, dois biliões , setecentose nove milhões e sete mil e oitocentos e quarentae dois dólares e oitenta e dois cêntimos(2.709.007.842,82) e dois biliões , cento e noven-ta e quatro milhões, novecentos e noventa enove mil e novecentos e noventa e nove dólares(2.194.999.999,00) em imóveis, fábricas, termi-nais portuários, estações de Televisão e Rádio,em Angola, Portugal e no Brasil.Ainda no especto económico, principal foco des-

ta grande entrevista ao jornalista Benoit Faucon,João Lourenço assume que é sua previsão ter a

Sonangol cotada em bolsas como a de NovaIorque, Londres ou China, logo após a sua rees-truturação.

Entretanto, na entrevista foram ainda aborda-dos diversos outros temas, como o desafio da

melhoria do ambiente de negócios em Angola eo interesse de grandes operadores petrolíferaspelo "off shore” angolano. Estes e muitos outrosassuntos serão temas a abordar pelo Wall StreetJournal em próximas edições.

Presidente João Lourenço diz que Estadoperdeu quase 24 biliões de dólares

Em entrevista ao jornal norte-americano “The Wall Street Journal”, João Lourençorevelou que o Estado angolano terá perdido nos últimos anos, com a política de de-lapidação do erário, "quase 24 biliões de dólares".

PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO

Os preços em Angola aumentaram 1,79% entreAgosto e Setembro, segundo um relatório men-sal do Instituto Nacional de Estatística (INE) an-golano, ora divulgado, valor que coloca a inflaçãoacumulada a 12 meses no valor mais alto desdeNovembro de 2017.Segundo a Folha de Informação Rápida do Índi-

ce de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), avariação nos últimos 12 meses – entre outubrode 2019 e setembro deste ano – situa-se nos23,82%, o maior valor acumulado desde novem-bro de 2017, quando este indicador alcançou os24,70%.

A classe Lazer, Recreação e Cultura foi a que

registou o maior aumento de preços, com 3,30%,seguindo-se Bens e Serviços Diversos, com umcrescimento de 2,27%, Alimentação e Bebidasnão Alcoólicas, com 2,03%, e Vestuário e Cal-çado, com 1,75%.

A classe Alimentação e Bebidas não Alcoólicasfoi a que, segundo o INE angolano, “mais contri-buiu para o aumento do nível geral dos preços”,sendo responsável por 0,98 pontos percentuaisdo aumento de 1,79% em setembro.Em termos homólogos, o aumento de 1,79% em

Setembro deste ano representa um aumento de0,34 pontos percentuais face ao mesmo períododo ano passado.

Já desde o início do ano, a inflação em Angolasoma 18,04%, valor semelhante ao registadonos primeiros nove meses de 2017, quando al-cançou os 18,12%. Em relação a 2019, isto re-presenta um aumento de 6,6 pontos percentuaisface aos 11,44% então registados.

De acordo com o INE, as províncias angolanasque registaram maior aumento foram as deLunda Norte (2,11%), Luanda (1,91%), CuandoCubango (1,85%) e Malanje (1,72%).

Por outro lado, as províncias com menor varia-ção foram Cunene (1,30%), Lunda Sul (1,34%),Benguela (1,41%) e Cabinda (1,44%).

No início de Setembro, a agência de ‘rating’Fitch previu uma recessão de 4% em Angola euma subida da inflação para 24% durante esteano.

"A contração no sector petrolífero, combinadacom a falta de liquidez em dólares, vai manterAngola no quinto ano consecutivo de recessão,com uma contração de 4% e uma aceleração dainflação para 24% este ano, bem acima da médiados países com nota B, de 4,8%", afirmou entãoa agência, acrescentando que a economia an-golana “continua a ser limitada pelo alto nível dedependência de matérias-primas”.

Devido à pandemia de covid-19, verificou-seuma redução do preço do barril de petróleo, oque levou a que os Estados-membros da Orga-nização dos Países Exportadores de Petróleo eseus parceiros reduzissem a produção, de modoa equilibrarem o preço do barril de petróleo.

A ministra das Finanças angolana, Vera Daves,juntou-se a outros governantes africanos que de-fendem o prolongamento da iniciativa de suspen-são da dívida para 2021, posição expressa numencontro de alto nível com representantes doFMI e Banco Mundial.

O seminário que juntou a directora-geral doFundo Monetário Internacional, Kristalina Geor-gieva, e o presidente do Grupo Banco Mundial,David Malpass, a vários ministros africanos visouidentificar opções para ampliar o financiamento àregião africana nos próximos cinco anos, partil-har experiências com as políticas implementadaspelos vários países em resposta à pandemia e assuas consequências económicas e sociais,anunciou o ministério das Finanças (MINFIN).

No seminário sobre “Mobilização com África",os intervenientes “convergiram quanto à necessi-dade de mobilização de recursos internacionaisextraordinários para acudir à situação pós-pan-demia” e pediram um prolongamento até 2021 daIniciativa do G-20 para a Suspensão do Serviçoda Dívida (DSSI), destaca o MINFIN numa nota

publicada no seu portal.Vera Daves de Sousa referiu-se às medidas,

sobretudo em termos de sustentabilidade da dívi-da, para fazer face ao choque da pandemia so-bre a economia e sistemas de saúde.

“Gostaríamos de ver a extensão das iniciativasde alívio existentes, pelas quais agradecemos atodos os parceiros multilaterais e bilaterais, e en-fatizamos o nosso compromisso de tornar asnossas economias e sistemas de saúde maisresistentes a choques, manter a sustentabilidadeda dívida, melhorar o ambiente de negócios ecriar as condições para o investimento estran-geiro direto e a diversificação económica quepromova o crescimento”, afirmou a governanteangolana, citada pelo MINFIN.

O seminário sobre “Mobilização com África”,realizado de forma virtual, serviu de antecâmaradas reuniões anuais das instituições financeirasinternacionais que decorrem até 17 de Outubro.

No encontro, Kristalina Georgieva, citada nanota do MINFIN, salientou a necessidade de osEstados africanos intensificarem as reformaseconómicas que visam a melhoria da qualidade

da despesa em domínios fundamentais como aeducação, saúde, digitalização e infraestruturas,indicando que sem reformas, “a ajuda externanão será eficaz nem suficiente”.

David Malpass informou, por seu turno, que oConselho de Administração do Banco Mundialestá em vias de aprovar, nos próximos dias, umprograma de 12 biliões de dólares norte-ameri-canos destinados a aquisição de vacinas para aprevenção da covid-19.O presidente do Grupo Banco Mundial anunciou

também o lançamento da primeira edição dorelatório sobre o Estado Internacional da Dívida,“documento que reflecte a gravidade da situa-ção, particularmente entre os países africanos”.

Na mesma ocasião, o Presidente da RepúblicaFrancesa, Emmanuel Macron, anunciou a reali-zação, em Maio de 2021, em Paris, de uma Con-ferência Internacional de Alto Nível para o finan-ciamento de África, tendo em vista a mobilizaçãode recursos para o financiamento de grandesprojectos de investimento público, com envolvi-mento do sector privado.

Angola entre os países africanos que defendem suspensão da dívida para 2021

Inflação subiu em Setembro e acumulado a 12 meses atinge valor mais alto desde 2017

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

ANGOLA

A situação é tensa no enclave de Cabinda quecontinua a ser palco de conflitos armados entreforças do Governo e movimentos independentis-tas. O Executivo em Luanda insiste em descre-ver a província como um território em paz efecti-va, mas Carlos Vemba, presidente do MovimentoIndependentista de Cabinda (MIC), tem outraopinião.

"É claro que Cabinda é um território em guerra.Para quem vai do Cacongo ao Norte de Cabinda,sabe que há ataques uma vez ou outra... já nãoé em grande escala como há dez ou 15 anos,mas tem havido ataques onde muitos efectivosdas Forças Armadas de Angola (FAA) têm su-cumbido", adverte. "Cabinda vive uma instabili-dade", reitera o presidente do MIC. "Cabinda sevivesse uma estabilidade política, o Governo an-golano não ousaria em enviar tropas", comenta.

Carlos Vemba acusa as tropas angolanas deinvadirem campos de refugiados na RepúblicaDemocrática do Congo (RDC), junto à fronteiracom Cabinda e de matarem à queima roupaalguns civis. "Isto já demonstra que o territórionão goza de paz. Cabinda é um território sobfogo cruzado", garante.

REFERENDO, A ÚNICA SOLUÇÃO?

Para além da intolerância política, os indepen-

dentistas denunciam violações de direitos hu-manos por parte das FAA. Segundo o responsáv-el do MIC, só há uma solução: "Depois destes 45anos de ocupação militar de Cabinda por partedo Estado angolano, nós entendemos que a úni-ca forma de resolver esse problema é a realiza-ção de um referendo, mas um referendo supervi-sionado pela Organização das Nações Unidas(ONU) e outras organizações creditadas interna-cionalmente", sugere.

Carlos Vemba acusa também Luanda de su-primir direitos fundamentais, como a liberdade deexpressão. "O MIC, desde a sua criação e pro-clamação, tem vindo a realizar manifestações emarchas pacíficas, mas são actividades às quaisLuanda tem vindo a responder musculosa-mente", denuncia Carlos Vemba.

Mananga Padi, jurista e advogado, entende queo fim do conflito passa pelo diálogo. "Sempredisse de que não existirá uma solução melhor,em qualquer litígio que possa existir com quais-quer partes, do que a negociação, do que umaconversa franca, uma conversa aberta", consi-dera.

"No âmbito da negociação, ambas as partespodem tirarem proveitos dessa conversa", con-clui.

Movimento exige referendosobre independência de Cabinda

O Movimento Independentista de Cabinda (MIC) pede um referendo à desanexaçãodo enclave angolano face à escalada de tensão na região. Governo em Luanda nãoabre mão de Cabinda, um território rico em recursos naturais.

Os estudantes de Moçambique e Cabo Verderegressaram aos corredores das escolas, depoisde um hiato de quase sete meses. Em Moçam-bique, o 12.º ano retomou as suas actividades.Ao todo, 222 das 476 escolas secundárias dopaís reabriram, num processo de avaliação emcurso para cumprimento das medidas de preven-ção e combate à Covid-19, segundo anunciou oMinistério da Educação e DesenvolvimentoHumano.

O regresso às salas de aulas vai ser faseado.Além do 12.º ano, os outros níveis lectivos emque os alunos também são sujeitos a exame, o10.º e 7.º anos de escolaridade, têm arranquemarcado para 19 de Outubro e 2 de Novembro,respectivamente.

APROVAÇÃO DAS AUTORIDADES

A reabertura das turmas sem exame está condi-cionada à aprovação das autoridades de Saúdee Educação. Nos casos em que não houver con-dições, "os alunos vão progredir" para o nível se-guinte, anunciou a ministra da Educação e De-senvolvimento Humano, Carmelita Namashulua.

O encerramento do ano lectivo moçambicanoestá previsto para 26 de Fevereiro, ao invés determinar em Dezembro.

Por seu turno, Cabo Verde reabriu os estabele-cimentos de ensino de todo o país, excepto nacidade da Praia. O Governo decidiu adiar o iníciodas aulas presenciais na capital para "depois de31 de Outubro" devido à evolução da pandemiade Covid-19, optando pelas aulas à distância.

AULAS DE 25 MINUTOS

As turmas cabo-verdianas com mais de 20 alu-nos serão divididas. Metade terá aulas duranteum período, com interrupções de 30 minutos,para a entrada da outra metade, explicou a direc-tora nacional da Educação, Eleonora Sousa.As aulas serão de 25 minutos, com intervalos de

cinco minutos, em que os alunos não mudam desala, mas sim os professores, para diminuir a cir-culação dentro das escolas. Até ao 4.º ano de es-colaridade os alunos terão cerca de duas horasde aulas presenciais por dia, ou seja, quatroaulas.Para o segundo nível de ensino básico e secun-

dário (5.º ano ao 12.º ano), os alunos vão termais horas, mas metade da turma vai estar naescola às segundas, quartas e sextas-feiras,enquanto a outra metade vai ter aulas às terças,quintas e sábados.

Nos períodos de 30 minutos para troca de tur-mas, os espaços serão higienizados pelo pes-soal de limpeza. A directora assegurou que jáforam tomadas todas as medidas em termos dehigienização, distanciamento e utilização obri-gatória das máscaras nas escolas.

As orientações deixam em aberto a possibili-dade de cada concelho adequar os horários àssuas especificidades. Como complemento dasaulas presenciais, haverá aulas à distância,transmitidas pela rádio, televisão e Internet.

ANGOLA RETOMOU A 5 DE OUTUBRO

O regresso às aulas em Angola vai ser faseadoe em regime semi-presencial, como indicou a mi-nistra da Educação, Luísa Grilo. Nos dias em queos alunos não estão nas aulas, poderão acom-panhar os conteúdos pela televisão e pela rádio,acompanhando também as aulas através deexercícios.

A 5 de Outubro começaram as aulas para osalunos da 6.º, 9.º, 12.º e 13.º anos, bem comopara os universitários.

No dia 19 de Outubro, regressam às aulas osrestantes anos, mas só a 26 de Outubro está pre-visto o reinício das aulas para o ensino primárioe pré-escolar, com turmas repartidas em turnosrotativos e sem os intervalos habituais, emboracom "pequenas pausas".

Os estabelecimentos de ensino terão ainda deobedecer a um "conjunto mínimo de condições"que permitam o distanciamento físico entre estu-dantes e funcionários e submeter a docentes enão docentes a testagem aleatória. Está tambémproibida a utilização de zonas comuns das esco-las com forte possibilidade de aglomeração dealunos.

E o início dos próximos anos lectivos e acadé-micos passa de Fevereiro para Setembro, deacordo com o novo Calendário Escolar, aprovadopelo Conselho de Ministros, presidido pelo Pre-sidente João Lourenço.

A decisão de passar a iniciar as aulas em Se-tembro para terminar em Julho do ano seguinte,aplica-se a todas as instituições públicas e pri-vadas de educação e ensino, que funcionamcom o currículo oficial, segundo avançou a agên-cia de notícias de Angola, ANGOP.

SILÊNCIO NA GUINÉ-BISSAU

Os guineenses também regressam às salas deaula a 5 de outubro, mas até à data não foi divul-gada qualquer directriz para este retorno.

Sabe-se, contudo, que o Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (Unicef) deverá instalarpontos de água em 1.500 escolas da Guiné-Bis-sau no âmbito dos apoios dados ao combate àpandemia provocada pelo novo coronavírus.

COMO REGRESSOU SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE?

Em São Tomé e Príncipe já se vai às aulas des-de 1 de Setembro. O início do ano lectivo na Uni-versidade Pública de São Tomé e Príncipe foi nasegunda-feira, 12 Outubro.

O primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, afirmouque foi acautelado o estabelecimento de um rá-cio de 30 alunos por professor e sublinhou tam-bém que fica a cargo de cada professor cumprire "fazer cumprir" as recomendações da Orga-nização Mundial da Saúde (OMS) de higieniza-ção, distanciamento e uso das máscaras.

O regime de frequência lectiva foi reduzido epassou a haver a tripla rotação das turmas.

PALOP: O que muda no regresso às aulas?

Turmas repartidas e horários desfasados são medidas previstas para o regresso àsaulas presenciais em Cabo Verde, a 1 de Outubro. As aulas também retomaram emMoçambique na mesma data. Seguiram-se Angola e Guiné-Bissau a 5 de Outubro.

O líder da UNITA, maior partido da oposição an-golana, congratulou-se com a divulgação dos va-lores desviados do erário público, mas defendeuque estes estão “muito aquém dos númerosreais”, instando o Presidente da República aapresentar mais dados.

“Ainda bem que [João Lourenço] entendeu co-meçar a partilhar alguns dados numéricos que hámuito todos vínhamos exigindo. Há quem ques-tione a escolha deste 'timing', há quem especuletratar-se de uma tentativa de fazer esquecer oescândalo do seu diretor de gabinete [EdeltrudesCosta], há quem também fale da coincidência daproximidade do discurso do Estado da Nação.Independentemente da razão considero que foimuito importante conhecer estes números”, disseo líder da União Nacional para a IndependênciaTotal de Angola (UNITA), Adalberto Costa, numaconferência de imprensa, um dia depois de oPresidente da República angolano ter estimado adelapidação do erário publico em cerca de 24 bi-liões de dólares (20,2 biliões de euros) nos últi-mos tempos.

No entanto, para o dirigente da UNITA, os nú-meros “apesar de elevadíssimos, estão muitíssi-mo aquém dos números reais”, lembrando quesó a reserva estratégica de petróleo acumuladade 2011 a 2014 chegou a reter valores na ordemdos 93 biliões de dólares (78 biliões de euros).

“Se foram só 24 desviados onde estão os res-tantes, perguntamos nós?”, questionou, salien-tando que as contas do Presidentes estão “incor-retas” e perguntando “qual o propósito para terreduzido tanto este valor”.

O responsável da UNITA notou que desapare-ceram “valores astronómicos” em programas deabastecimento de água e obras públicas previs-

tas em programas de investimento públicos, masnão materializadas ou concluídas, muitas delascom recurso a financiamento chinês.Adalberto da Costa Júnior instou João Lourenço

a usar o seu discurso sobre o Estado da Naçãopara trazer mais dados aos angolanos e lamen-tou que a falta de transparência nos negócios doEstado continue a ser a regra.

O líder da UNITA, que convocou os jornalistasdois dias antes do discurso sobre o Estado daNação, que foi proferido por João Lourenço naquarta-feira, marcando o início do ano parlamen-tar, sublinhou que o partido do “galo negro” es-taria preparado para mostrar um “cartão verme-lho” ao chefe do executivo angolano face ao es-tado em que Angola se encontra, no seu enten-der bem pior do que há três anos, quando oPresidente iniciou o mandato.

Adalberto da Costa Júnior criticou a falta deacolhimento às propostas da UNITA, que têmsido “repetidamente ignoradas” e insistiu numarevisão constitucional que permita aos angolanoseleger diretamente o seu presidente e à As-sem-bleia Nacional exercer as suas competências defiscalização do executivo.Lamentou também as “demonstrações múltiplas

de censura” e monopólios no sector da comuni-cação social, classificando os fóruns de auscul-tação de cidadãos como manobras de marketing.

O presidente da UNITA reiterou que o combateà corrupção em Angola é selectivo, apontando ocaso de Edeltrudes Costa, chefe de gabinete doPresidente, que terá sido, segundo uma investi-gação da estação televisiva TVI, favorecido emcontratos públicos, caso que não foi noticiadopelos meios de comunicação social públicos an-golanos.

“Valores desviados do erário publicomuito aquém da realidade” - diz UNITA

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16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

GUINÉ-BISSAU

COMUNIDADE

O presidente da Liga Guineense dos DireitosHumanos, Augusto Mário Silva, acusou na se-gunda-feira 12 de Outubro, Umaro Sissoco Em-baló de defender a violência ao afirmar: "quemnão se cuidar, alguém há de cuidar dele".Mário Silva vai ainda mais longe e acusa o pres-

idente da Guiné-Bissau de criar um "esquadrãode repressão" para implantar o terror e limitar aliberdade dos cidadãos: "O presidente da Re-pública, Umaro Sissoco Embaló, tem adoptado,como método do seu consulado, a implantaçãode terror para controlar a mente e liberdade deexpressão dos cidadãos", afirmou."Para a materialização desta sua intenção malé-

fica emergiu em Bissau um esquadrão de re-pressão cuja referência moral é supostamente osenhor Umaro Sissoco Embaló, que, com a bên-ção deste, anda a espalhar terror em tudo quan-to é sítio", salientou.

O QUE ESTÁ EM CAUSA?

O presidente da Liga falava em conferência deimprensa realizada na Casa dos Direitos, emBissau, onde dois activistas do Movimento para aAlternância Democrática (Madem-G15, partidopolítico no Governo e o partido do Presidente)acusaram alegados membros elementos dobatalhão da Presidência de os terem espancado

na Presidência da República.Os dois activistas, Carlos Sambú e Queba Sani

(Kelly), especificaram que foram raptados nobairro da Ajuda, na capital guineense, por um mi-litar e por Tcherno Bari, mais conhecido por'Tcherninho', da segurança do chefe de Estado,Umaro Sissoco Embaló.

O Madem-G15 já condenou o ataque aos doisactivistas. Também o primeiro-ministro guineen-se, Nuno Nabian, afirmou que ninguém está aci-ma da Lei no país, nem o próprio, nem o presi-dente do país e que os autores dos alegados es-pancamentos de dois activistas políticos serãolevados à Justiça.

O chefe de Estado guineense já tinha lamenta-do o sucedido aos dois activistas. Em declara-ções feitas no aeroporto Osvaldo Vieira, após terregressado da sua visita oficial a Portugal, Uma-ro Sissoco Embaló transmitiu que os dois eramcomo filhos e que os iria receber em Bissau.

LIGA NEGA AGENDA

Em reacção às declarações de Sissoco Embaló,que acusou a Liga Guineense dos Direitos Hu-manos de ser parcial, Augosto Mário Silva recor-da que a Liga "foi a primeira organização a

denunciar o rapto do deputado Marciano Indi".Nota ainda que, no caso do Armando Dias, diri-gente do Partido Africano para a Independênciada Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a intervençãoda Liga permitiu que tivesse acesso a um advo-gado e medicamentos.

"Queremos garantir ao senhor presidente que aLiga Guineense dos Direitos Humanos não temuma agenda selectiva na sua luta pela consoli-dação do Estado de Direito democrático. Nuncao teve e nem nunca o terá", salientou.

Na declaração à imprensa, a organização não-governamental de defesa dos Direitos Humanosaconselhou também o chefe de Estado a ter uma"conduta republicana digna das funções queocupa, evitando deste modo proferir declaraçõesque instiguem à violência e ao ódio".

"ESQUADRÃO DO TERROR"NA PRESIDÊNCIA

A Liga Guineense dos Direitos Humanos relem-brou ainda ao presidente que os vários casos deataques contra activistas políticos e jornalistasque têm acontecido no país "evidenciam fortesindícios de que teriam sido materializados porhomens do tal esquadrão de terror que contacom o beneplácito do presidente".

Augusto Mário Silva sublinhou que a Liga tem

de condenar "tanta barbárie", que "visa criar umclima de terror e de medo generalizado" e que éum "retrocesso nas várias décadas de conquista"de um Estado de Direito.A Liga expôs também que na República da Gui-

né-Bissau "ninguém está acima da Lei" e quetodos os cidadãos têm o direito de "recorrer aosórgãos jurisdicionais para garantir a responsabi-lização do infractor".

Augusto Mário Silva deixou também críticas aoMinistério do Interior, que, em vez de proteger oscidadãos, passou a ser "símbolo de tortura e derepositório de cidadãos sequestrados".

ONG acusa Sissoco Embaló de ter "esquadrão de repressão" O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva, acusou

o presidente da Guiné-Bissau de adoptar a "implantação do terror" para limitar a liber-dade de expressão dos cidadãos.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, UMARO SISSOCO EMBALÓ

PRESIDENTE DA LIGA GUINEENSE DOS DIREITOS HUMANOS, AUGUSTO MÁRIO SILVA

O primeiro-ministro guineense, Nuno Nabian,afirmou que ninguém está acima da lei no país,nem o próprio, nem o Presidente do país, e queos autores dos alegados espancamentos de doisativistas políticos serão levados à Justiça.Nuno Nabian falava aos jornalistas durante uma

visita ao centro de treino militar em Cumeré, a 40quilómetros a norte de Bissau, onde foi question-ado sobre os incidentes com dois ativistas políti-cos.

Queba Sani, conhecido por RKelly, e CarlosSambu, dois jovens activistas políticos alegaram,numa conferência de imprensa, terem sido rapta-dos por elementos ligados à segurança pessoaldo Presidente guineense, e terem sido levadosao Palácio da Presidência, onde alegadamenteforam alvos de espancamentos.

Os dois activistas acusaram directamenteTcherno Bari, vulgarmente conhecido no país porTcherninho, um elemento do corpo de segurançado presidente guineense, Umaro Sissoco

Embaló, de os ter raptado e ordenado o seu es-pancamento.

"Como o Presidente da República já assumiupublicamente e eu concordo, ninguém está aci-ma da lei. Nós todos somos cidadãos. É um atoque todos nós repudiamos, porque não podemosaceitar", defendeu Nuno Nabian.

O primeiro-ministro disse que tem exortado aosmembros do seu Governo para a necessidade dese evitarem atos que possam pôr em causa"ainda mais a imagem" do país e que, a ser ver-dade o que os activistas denunciaram, a justiçatem de se pronunciar.

Nuno Nabian defendeu que tem feito apelos nosentido de todos trabalharem para "tirar o país doburaco em que se encontra atualmente", enfati-zou.

"Não se pode permitir que, num momento emque o país se está a reerguer, haja situações quecoloquem em causa outra vez o nome da Guiné-Bissau", sublinhou Nabian.

O Presidente Umaro Sissoco Embaló, exortouas empresas a pagarem impostos ao Estadopara ajudarem a desenvolver o país, que disseser o seu principal objectivo.

Sissoco Embaló falava na cerimónia de inaugu-ração do edifício sede da empresa de telecomu-nicações MTN, uma multinacional sul-africanaque opera em mais de 20 países entre África eMédio Oriente.A construção de raiz do edifício custou à empre-

sa sul-africana cinco biliõesde francos CFA(cerca de 7,6 milhões de euros), investimentoque o Presidente guineense saúda, ao mesmotempo que exortou a empresa a pagar impostosao Estado.

O novo edifício da MTN, situado na avenida

Combatentes da Liberdade da Pátria, a escassosquilómetros do aeroporto internacional OsvaldoVieira e Palácio do Governo, tem quatro pisos evai albergar todos os serviços da multinacionalsul-africana, isto é, cerca de 150 pessoas, entreadministradores e colaboradores.

"Estamos aqui a inaugurar uma grande obra, oque demonstra que a MTN é parceira da Guiné-Bissau, mas não se esqueçam também de pagaros vossos impostos", sublinhou o chefe deEstado.

Umaro Sissoco Embaló disse que estava alançar o mesmo repto a todas as empresas e tra-balhadores que operam na Guiné-Bissau,incluindo os colaboradores da MTN.

"Só com os impostos é que podemos desenvol-ver o país", observou Embaló, pedindo ainda àMTN que alargue os seus serviços de telemóveise Internet para toda a Guiné-Bissau para que"não haja localidades esquecidas".

O Presidente guineense enalteceu o investi-mento feito pela MTN, prometeu "ser implacável"no combate à corrupção no país e felicitou aempresa sul-africana por ter dado emprego tam-bém "a muitas mulheres".

Em representação do Governo, o ministro dosTransportes e Comunicações, Jorge Mandinga,pediu às outras empresas que "copiem o exemp-lo da MTN" construindo edifícios de raiz e destaforma ajudar a acelerar o desenvolvimento dopaís, disse.

Juelma Nazareth, do departamento de comuni-cação da MTN, disse à Lusa que a sua empresatem hoje na Guiné-Bissau cerca de 900 milclientes, entre utilizadores de telemóveis e In-ter-net.

A nível da rede móvel dos telefones, a MTN"tem a cobertura de todo o território" guineense,através de mais de 200 antenas e 80% de cober-tura do país com serviços de internet 4G, obser-vou Juelma Nazareth.

Ultimamente a MTN tem sido alvo de críticaspor parte dos clientes devido aos constantescortes no serviço de Internet. A responsável dacomunicação da empresa disse que compreendeas queixas e pede desculpa pela situação.

O ministro da Justiça da Guiné-Bissau, Fer-nando Mendonça, afirmou que a Justiça estápara a estabilidade do país como "pão para a bo-ca do povo".

"Estou convencido que a Justiça na Guiné-Bis-sau está para a estabilidade, a paz, a unidadenacional e o desenvolvimento como o pão para aboca do povo", disse Fernando Mendonça.

O ministro da Justiça discursava na cerimóniapara assinalar o Dia Nacional da Justiça no país,dedicada ao tema "Justiça ao Alcance de Todos",que contou com a presença do chefe de Estadoguineense, Umaro Sissoco Embaló, do presiden-te do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanha,e do Procurador-Geral da República, FernandoGomes, entre outros membros do Governo econvidados.

"Apelo, então, a que laboremos, despidos dequaisquer preconceitos, veleidades e preocupa-ções corporativistas no sentido de fazer com quea Justiça deixe de ser responsabilizada, emgrande medida, pelo actual estágio das coisas nopaís", afirmou.

Justiça no país está para a estabilidade como pão para a boca do povo

Presidente exorta empresas a pagaremimpostos para ajudar no desenvolvimento

Primeiro-ministro diz que ninguém está acima da Lei no país

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

CABO VERDE

LUSOFONIA

"Só em relação a 2020, olhando para a toda aintervenção do Estado - na educação, saúde,proteção dos empregos e produção dos rendi-mentos - estamos a falar de mais de 17 milhõesde escudos (154 milhões de euros), representacerca de 14% do PIB", declarou o ministro cabo-verdiano das Finanças Olavo Correia.

O ministro, que falava em conferência de im-prensa, na cidade da Praia, após ter apresenta-do a proposta de Orçamento do Estado para2021 ao presidente da Assembleia Nacional,Jorge Santos, afirmou que são gastos directosque o país continua a incorrer."E a cada dia que a economia continua confina-

da, os gastos tenderão a aumentar", prosseguiuo também vice-primeiro-ministro, que prevê uma"insustentabilidade futura", se o país não con-seguir controlar a pandemia.Neste sentido, Olavo Correia pediu a todos para

terem um "comportamento adequado", para colo-car a propagação do vírus a níveis que sejamsuportáveis e pagináveis com as recomendaçõesinternacionais.

CRISE ECONÓMICA

Cabo Verde vive já uma profunda crise econó-mi-ca provocada pela pandemia, com o sector doturismo, que garante 25% do PIB, parado desdeMarço, com perdas que podem chegar aos 70%.Para o próximo ano, o governo prevê o aumentodo número de turistas, entre 22% a 35%, depen-dendo do quadro epidemiológico, quer no país,quer no Mundo.A proposta de Orçamento de Estado para 2021

é de 706,4 milhões de euros, um aumento de27,3 milhões de euros em relação ao orçamentoainda em vigor e elaborado por causa da Covid-19.“Depois de uma recessão histórica entre 6,8% e

8,5% este ano, o instrumento de gestão prevêum crescimento de 4,5%, mas só se o país con-seguir controlar a pandemia da Covid-19”, decla-rou o ministro.

Para o próximo ano económico, o Governo ca-bo-verdiano prevê ainda uma inflacção de 1,2%,défice orçamental ainda negativo (-8,8), umataxa de desemprego a reduzir de 19,2% para17,2% e uma dívida pública de 145,9% do PIB.Além disso, no próximo ano, Cabo Verde prevê

gastar mais de 176 milhões de euros com o ser-viço da dívida, um máximo histórico, segundo aproposta de Orçamento do Estado para 2021.

PR DE CABO VERDE ALERTAQUE 2021 PODE AINDA SER PIOR

Jorge Carlos Fonseca pede um "exercício maisefectivo" das autoridades no combate à covid-19na Praia, alertando que 2021 pode ser ainda piorem termos económicos. Governo fala em "massi-ficação dos testes" à Covid-19.A posição do presidente cabo-verdiano e do Go-

verno surge após reunião do Conselho da Repú-blica, que analisou a situação epidemiológica doarquipélago, quando o país regista um acumula-do de 5.817 casos diagnosticados em seis me-ses e 59 mortos.

"Se não baixarmos [o nível de transmissão dadoença], não conseguiremos retomar minima-mente a economia, não poderemos iniciar a co-operação económica e as perspectivas – oscabo-verdianos têm de ter essa noção – não sãoboas (…). Não alterando este quadro, 2021 seráum ano ainda bem mais difícil do que o de 2020",enfatizou Jorge Carlos Fonseca.

Face às consequências económicas e sociaisque o país desde já antecipa, o chefe de Estadodefendeu que é possível fazer uma "reflexão" so-bre um "consenso nacional" para a recuperaçãodo país, envolvendo partidos, sindicatos e agen-tes económicos. Mas isto pode ser feito apenasdepois do actual ciclo eleitoral, que além dasautárquicas de 25 de Outubro ainda prevêeleições legislativas e presidenciais em 2021.

O Governo, através do primeiro-ministro, Ulis-ses Correia e Silva, comprometeu-se com oobjectivo de "massificação dos testes" à covid-19"para que se possa ter uma ideia mais precisa da

situação da epidemia", apesar de Cabo Verdeser já um dos países africanos "que mais testesfaz".

A intervenção do Governo ao nível dos testesvisa também a diminuição do tempo de esperapelos resultados, já que 54% das amostras ultra-passam as 72 horas, com "efeitos negativos depropagação".

Por isso, defendeu Jorge Carlos Fonseca, sãonecessárias medidas para "encurtar esse espaçode tempo", tal como acabar com a necessidadede deslocação aos locais de teste para conhecero resultado.

ALTO NÚMERO DE INFECÇÕES

Na reunião, foram ainda analisadas as condi-ções de retoma do ano lectivo em 1 de Outubro,num momento em que há um "número significa-tivo de casos de infecção" por Covid-19. Oscasos estão, entretanto, concentrados sobretudona ilha de Santiago, "e especialmente no conce-lho da Praia" - com 3.511 casos diagnosticados e38 mortos. Nas restantes ilhas a situação está"sob controlo" ou "com evolução positiva".

"Uma atenção especial deve continuar a mere-cer a situação da epidemia aqui na Praia. Issoimplica vários tipos de acções. Uma acção de es-forço de exercício mais efectivo das autoridadesdemocráticas", apelou, numa altura em que sãovisíveis sinais de relaxamento da população nas

medidas de prevenção da transmissão da doen-ça, como o distanciamento social ou o uso demáscara.

Defendeu, por isso, "mais e melhor comunica-ção" para explicar os riscos da doença aos váriosgrupos populacionais.

SITUAÇÃO ECONÓMICA

Com o país fechado ao turismo desde meadosde Março para conter a transmissão da pan-

demia, afectando um sector que garante directa-mente 25% do Produto Interno Bruto (PIB), asituação económica de Cabo Verde foi analisadacom a presença do vice-primeiro-ministro e mi-nistro das Finanças, Olavo Correia.

"A situação actual merece preocupação e sema criação de condições que permitam algumaretoma da economia, nomeadamente do turismo,haverá riscos de deterioração da situação actual,que já é preocupante", resumiu, no final, o presi-dente de Cabo Verde.

Governo já gastou mais de 154 milhões de euros com medidas de combate e mitigação da pandemia de Covid-19

Gastos com medidas de combate e mitigação dos efeitos da pandemia de Covid-19já representam cerca de 14% do PIB cabo-verdiano. Governo prevê "insustentabili-dade futura", caso não consiga controlar a pandemia.

A procura turística por Cabo Verde deverá recuareste ano a níveis de 2005 e levar à perda demais de 550 mil turistas. Uma quebra de 70%devido à pandemia de Covid-19, que levou aofecho das fronteiras há sete meses.

A previsão, que agrava a estimativa anterior,consta dos documentos de suporte à proposta deLei do Orçamento do Estado para 2021, consul-tados pela Lusa na segunda-feira 12 de Outubro,dia em que o arquipélago reabriu os quatro aero-portos internacionais a voos comerciais do exte-rior, suspensos desde 18 de Março para conter atransmissão da covid-19.

Em Julho, com a previsão de reabertura do ar-quipélago aos voos internacionais comerciais nomês seguinte - que não se concretizou, avançan-do apenas um corredor aéreo para voos essen-ciais a partir de Lisboa – o Governo estimava quea procura turística iria recuar este ano a níveis de2009, com a perda de 536 mil turistas, sendoeste um sector que garante 25% do Produto In-terno Bruto (PIB) cabo-verdiano.Tratava-se, conforme previsto no Orçamento do

Estado Retificativo para este ano, então aprova-do, de uma quebra de 58,8% na procura turísti-ca, face aos 819 mil turistas que o arquipélago

recebeu em 2019. O Governo estimava inicialmente, no arranque

do ano, antes da pandemia, um crescimento daprocura turística de 6,6%, aproximando-se dameta anual de um milhão de turistas, depois deum crescimento de 7% em 2019.

Contudo, na previsão do Governo em Julho,Cabo Verde deveria receber este ano apenas337.555 turistas. Deste total, 170.778 são turis-tas que já visitaram o país no primeiro trimestrede 2020, pelo que até final do ano Cabo Verdedeverá receber pouco mais de 165.000 turistas.

GOVERNO AGRAVA PREVISÕES

Esta quebra, depois de Agosto, Setembro e par-te de Outubro sem voos internacionais, é agoraagravada na previsão do governo. "Dado que afronteira para o mercado turístico continua fecha-da, a queda no número de turistas poderá chegara 70%, atingido os números de 2005", lê-se naproposta orçamental que deu entrada este mêsno Parlamento, apontando para uma procurapouco acima de 300 mil turistas este ano.

"Entretanto, em 2021, com a recuperação daactividade económica, ainda que de forma lenta,

a procura turística deverá aumentar entre 22,5%e 35%, melhorando a performance das dormidase das receitas do turismo, com os números asituarem-se em níveis similares aos de 2011",acrescenta-se no documento.

As receitas com o turismo renderam em 2019um máximo histórico de 43.103 milhões de escu-dos (389 milhões de euros), mas segundo a pre-visão do Governo feita em Julho deverão caireste ano para 15.086 milhões de escudos (136milhões de euros), número que também é revis-to, agora, em baixa.O anúncio do reinício dos voos comerciais inter-

nacionais, ao fim de quase sete meses, foi feitopelo ministro do Turismo e Transportes, CarlosSantos, indicando que os passageiros estão obri-gados a apresentar testes negativos para acovid-19 com pelo menos 72 horas de antece-dência da viagem.Também na segunda-feira 12 de Outubro foi re-

tomado o tráfego comercial marítimo de passa-geiros, bem como operações de escala técnica ede abastecimento de aeronaves nos aeroportosnacionais. Cabo Verde regista um acumulado de7.072 casos de Covid-19 no arquiélago, com 75mortos, desde 19 de Março 2020.

Procura turística por Cabo Verde recua 15 anos

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18 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

INTERNACIONAL

Reunidos por videoconferência numa cimeiraadiada duas vezes por motivos de segurança edevido à pandemia de Covid-19, os chefes deEstado concordaram na necessidade de comba-ter as "forças negativas", numa aparente alusãoàs milícias no leste da Republica Democrática doCongo (RDC).

"Os chefes de Estado dos quatro países anali-

saram a situação de segurança na região dosGrandes Lagos, condenaram a acção das forçasnegativas e reafirmaram a vontade de lutar peloreforço das capacidades dos mecanismos exis-tentes, a fim de cortar o acesso das forças nega-tivas às fontes de financiamento das suas activi-dades e lutar contra as redes criminosas regio-nais e internacionais.", anunciou a ministra con-

golesa dos Negócios Estrangeiros, Ntumba Nze-za, no final do encontro.

O presidente congolês, Félix Tshisekedi, partic-ipa na cimeira a partir de Goma, a capital de Kivudo Norte, que, juntamente com Kivu do Sul e Itu-ri, tem sido palco de violência levada a cabo porgrupos armados locais e estrangeiros há quase30 anos.

ATAQUES DE REBELDES NA RDC

Enquanto Tshisekedi era recebido em Goma pormilhares de apoiantes, na aldeia de Mamove, a40 quilómetros da cidade de Beni, homens arma-dos matavam onze pessoas.As suspeitas recaem sobre as Forças Democrá-

ticas Aliadas, o grupo rebelde que surgiu noUganda nos anos 90 e que opera agora na RDC.Desde 2013 que o exército congolês combate amilícia com o apoio da missão de paz da ONU, aMONUSCO. Ainda assim, desde o início da maisrecente ofensiva militar, em Outubro de 2019,estimativas apontam para a morte de quase milpessoas - só no distrito de Beni.A população local considera que Tshisekedi de-

veria também visitar Beni e as localidades vizin-has na província de Ituri. "Esperamos que hajauma solução e que as queixas da população se-jam ouvidas. Ele é o comandante supremo, tema última palavra: pode dizer aos soldados parairem combater o inimigo, as Forças Democráti-cas Aliadas e os vários grupos armados", defen-de o habitante Philemon Kitenge.Félix Tshisekedi manteve-se, no entanto, a uma

distância segura, reunindo com representantesda sociedade civil em Goma, na véspera da ci-meira.

RELAÇÕES TENSAS COM PAÍSES VIZINHOS

Com os países vizinhos, as relações estão,como sempre, tensas. O Burundi, por exemplo,recusou participar no encontro, exigindo antesconversações bilaterais com a RDC.Para Gesine Ames, da Rede Ecuménica da Áfri-

ca Central, o problema está na fraqueza políticado chefe de Estado congolês. "Tshisekedi é umpresidente sem poder suficiente. Não tem in-fluência suficiente sobre as principais organiza-ções, o Parlamento, o Exército, a Justiça. Paradesviar a atenção desta fraqueza, procura cadavez mais alianças, especialmente nos países vi-zinhos. Isto realça o problema da RDC", explica."A falta de influência política significa que confli-

tos antigos estão novamente em ebulição e no-vamente carregados de questões étnicas", alertaainda Gesine Ames.

De Angola, chegou uma garantia do presidenteJoão Lourenço: os países que integram a regiãodos Grandes Lagos sempre se mostraram solidá-rios com os "irmãos congoleses" na luta contraas forças negativas que desestabilizam o lestedo país.

O chefe de Estado angolano defendeu, no en-tanto, que a cooperação no domínio da defesa esegurança "só será eficaz" se for coordenada porum mecanismo no qual todos os Estados-mem-bros se revejam.

Insegurança na RDC em destaque na Cimeira de líderes dos Grandes LagosPresidentes de Angola, República Democrática do Congo, Ruanda e Uganda querem

aumentar os esforços para reforçar a segurança na região dos Grandes Lagos, faceaos ataques armados e à pilhagem dos recursos naturais.

O Banco Mundial estima que Angola irá sofreruma recessão de 4% este ano, mas projecta umarecuperação significativa para 2021, ano em quea economia deverá crescer cerca de 3,2%.

A crise da Covid-19 empurrou o país para oquinto ano de recessão, diz o relatório “Pulsar deÁfrica” apresentado na sede do banco, emWashington.

A recuperação parcial esperada em 2010 ba-seia-se na perspectiva do fortalecimento do sec-tor petrolífero, especialmente devido ao fim docorte da produção da Organização dos PaísesExportadores de Petróleo (OPEP) e na retomados investimentos.Embora a pandemia não tenha afectado a África

subsariana com a mesma virulência de outraspartes do planeta, a crise tem um impacto pro-fundo na sua economia, que deverá contrair em3,3% este anos. A pandemia deverá fazer regre-dir a produção económica per capita para os ní-veis de 2007 até ao final do próximo ano e ar-risca empurrar para a pobreza extrema cerca de40 milhões de africanos.

O Banco Mundial apelou aos governos da re-gião no sentido de tomarem medidas para impul-sionar a capacidade de recuperação do impactoda crise.

BANCO MUNDIAL PEDE A LUANDA MAISINVESTIMENTO NOS ANGOLANOS

Governo deve investir nas pessoas para asse-gurar empreendimentos futuros no país. É o quedefende o director regional para África do BancoMundial, que faz balanço positivo da primeiravisita que fez a Angola.

"Para o crescimento do país e diversificação daeconomia, nem sempre temos que investir emestradas, electricidade e construção de escolas(...) precisamos sempre investir no Homemporque se tivermos que atrair investimentos noFuturo ou agora terão que usar o capital humanopara que possam ser implementados no terreno".

Esta foi uma das mensagens transmitidas porJean-Christophe Carret, director regional paraÁfrica do Banco Mundial, ao governo angolanodurante a sua primeira visita a Luanda.

O director regional para África do Banco Mun-dial, que fez um balanço positivo da visita dequatro dias, passou em revista com o governoangolano a parceria existente entre as partes,"para perceber o que funciona, o que não funcio-na tão bem e o que ainda pode ser feito"."Numa só palavra redefinimos as estratégias na

parceria entre o governo de Angola e o BancoMundial", referiu.

SECTOR SOCIAL E APOIO TÉCNICO

Jean-Christophe Carret, afirmou ter ficado im-pressionado com a liderança do Ministério dasFinanças, declarou que os assuntos discutidoscentraram-se em dois temas: o sector social e oapoio técnico do Banco Mundial para acelerar asreformas que vêm sendo implementadas pelopaís para a diversificação da economia e menosdependência do sector petrolífero."Acho que há uma visão clara do governo sobre

o que quer fazer e quando há uma visão clara éfácil para o Banco Mundial sugerir possíveis pro-jectos, o diálogo à volta de importantes refor-mas", frisou.O responsável destacou que a questão principal

que o trouxe a Angola foi a redefinição de estra-tégias, "num Mundo que se encontra cada vezmais em mudanças".

ACTUAL CONTEXTO

Relativamente ao contexto actual, Jean-Chris-tophe Carret salientou que o Banco Mundial estáa proceder à adaptação do seu posicionamentosobre a pandemia e os seus efeitos colaterais,com a realização de ajustamentos graduais.Questionado se o Banco Mundial apoia a retira-

da do subsídio aos combustíveis, processo parao qual Angola se prepara, Carret afirmou queaquela instituição bancária está a apoiar naimplementação desse aspiração."Para o efeito, há que se pensar e tem estado a

ser implementado um programa que visa a alo-cação de recursos para os mais vulneráveis, oKwenda, falámos sobre isso ao longo da minhavisita e nas rondas efectuadas falou-se bastantesobre esse projecto, que vai certamente aliviar acarência dos que mais necessitam nesta altura",afirmou.

EXPECTATIVAS

Por sua vez, a ministra das Finanças de Angola,Vera Daves, declarou que o novo director doBanco Mundial deslocou-se ao país para seapresentar e também conhecer a carteira de pro-jectos existentes. "Saber o conjunto de cons-trangimentos que os beneficiários desses projec-tos entendem que podem ser superados e quaissão as expectativas relativamente à parceriaentre o governo de Angola e o Banco Mundial".

Vera Daves salientou ainda que a parceria como Banco Mundial está dividida em dois pilares. Oprimeiro relacionado com projectos e financia-mento de projectos, que estão a avançar a ritmonormal, nos domínios da agricultura familiar, edu-cação e saúde.

"Temos um outro pilar, não menos importante,que está relacionado com a implementação dereformas e assistência técnica, neste domíniotemos o Banco Mundial a apoiar-nos com o re-pensar do sector de águas, como é que as em-presas do sector de águas se tornam mais efi-cientes", expôs a ministra.A governante angolana adiantou que o governo

trabalha com o Banco Mundial no mesmo exercí-cio relativo ao sector das telecomunicações, paraque se torne mais aberto e "pujante" com o en-volvimento de agentes económicos privados."Estamos também a contar com assistência téc-

nica do Banco Mundial para a inclusão finan-ceira, assistência na implementação do progra-ma de privatizações, é o nosso consultor estra-tégico", acrescentou.

Banco Mundial alerta para impacto profundo da epidemia nas economias africanasO Banco Mundial alerta que a pandemia de Covid-19 poderá empurrar 40 milhões de

africanos para a extrema pobreza. A economia de Angola sofrerá uma contracção de4% em 2020.

O director do Centro de Prevenção e Controlode Doenças da União Africana (África CDC)estabeleceu como meta a imunização de 40 a60 por cento da população do continenteafricano com a futura vacina para a covid-19.

"O nosso objectivo para o continente é alcan-çar, pelo menos, entre 40 e 60 por cento daimunização da população para atingir a imu-nidade de grupo num continente de 1,2 biliõesde pessoas", disse John Nkengasong.

O diretor do África CDC falava durante a con-ferência do Financial Times sobre África, esteano em formato virtual, num painel sobre osdesafios médicos em África no contexto dapandemia de covid-19."Temos de chegar lá por fases. Começaremos

por vacinar as populações vulneráveis, no-meadamente os presos, depois os profission-ais de saúde e a seguir o resto da população",acrescentou, sublinhando que esta é aindauma discussão em aberto.

John Nkengasong adiantou que, através daplataforma Covax, foram prometidas a África220 milhões de doses de uma futura vacinapara a covid-19.

"Se assumirmos que para cada imunizaçãoprecisamos de duas doses, conseguiremosvacinar 110 milhões de pessoas", disse, apon-tando que, com estes dados, há ainda "muitotrabalho" a fazer nesta matéria.

África CDC quer entre 40 a 60% da população africana vacinada

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 19

LUSOFONIA

O Conselho de Administração, Directores e Pessoal do GrupoSéculo lamentam o falecimento de Sheila Dick, que desempenhavacom grande dedicação as funções de contabilista desde 1981, e apre-sentam sentidas condolências a toda a Família enlutada, em especialao filho Robert, também um empregado do Grupo

Que a sua alma descanse em paz.

Sheila MorelleDick

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O Brasil homenageou na segunda-feira a Vir-gem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira dopaís, embora sem as peregrinações maciças deoutros anos devido às restrições impostas pelapandemia do novo coronavírus.

Muitos peregrinos viajaram em romaria ao San-tuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, nacidade de Aparecida do Norte, a 170 quilómetrosde São Paulo, mas o número foi consideravel-mente inferior ao de anos anteriores, quando sereuniram mais de 170 mil fiéis.

Várias excursões organizadas a partir de dife-rentes partes do país foram canceladas devidoàs limitações estabelecidas pela crise sanitáriado novo coronavírus.

A maioria das comemorações previstas para oDia de Nossa Senhora Aparecida foram cance-ladas para os fiéis, enquanto a missa em home-nagem à Virgem, celebrada pelo arcebispo Or-lando Brandes, contou apenas com cerca de mildevotos.

Na homilia, que foi transmitida virtualmente, oarcebispo pediu a preservação do meio ambientepara que “o Brasil não se perca em chamas”,tendo em conta os incêndios que nos últimos me-

ses devastaram milhares de hectares na Ama-zónia e no Pantanal, a maior zona húmida doplaneta.

Antes do final da eucaristia, o arcebispo tam-bém pediu um minuto de silêncio para as vítimasdo novo coronavírus.

O país sul-americano ultrapassou esta semanaa barreira das 150 mil mortes, enquanto que onúmero de casos já passa de cinco milhões, oque coloca o Brasil como um dos países domundo mais afetados pela pandemia, juntamentecom Estados Unidos da América e Índia.

“Estamos mais alegres com menos pessoas,esperando que isto termine, mas é muito bomque aqui volte a multidão do povo de Deus”, fri-sou o arcebispo.

Brasil homenageou padroeira sem peregrinação massiva devido à pandemia

As instituições privadas de acolhimento de cri-anças vítimas de maus tratos, abusos ou aban-dono em Timor-Leste funcionam na quase totalausência de fiscalização, com potenciais riscosde “vulnerabilidades incontroláveis” para os me-nores, segundo o Ministério Público.

“Não é concebível que instituições privadas deacolhimento de crianças possam funcionar semo licenciamento ou prévia autorização do depar-tamento governamental que tutela a área de pro-teção social, o Ministério da Solidariedade Social(…), nem é admissível que o funcionamentodessas instituições privadas se processe à reve-lia dos organismos públicos com competênciaem matéria de proteção das crianças”, consideraa Procuradoria-Geral da República (PGR), numlivro que acaba de ser publicado.

A opinião está expressa no livro “O MinistérioPúblico e a protecção da família e dos menoresno contexto timorense”, que foi lançado na pas-sada sexta-feira em Díli, por ocasião do 20º ani-versário do Ministério Público (MP).

O texto nota que em Timor-Leste não há “insti-tuições públicas de acolhimento de crianças víti-mas de maus tratos, abusos, exploração ouabandono ou, por outros motivos, privadas decuidados parentais”.

Um “vazio” que “tem sido ocupado por institui-ções privadas de solidariedade social, comum-mente designadas de ‘casas abrigo'”, e que ape-sar de serem exemplo da solidariedade da comu-nidade, “não deve[m] fazer esquecer a respons-abilidade que cabe ao Estado e aos organismospúblicos”.Notando que “raros são os casos de casas abri-

go que obtiveram o estatuto jurídico de utilidadesocial”, a PGR considera que a institucionaliza-ção de crianças “não deve ser vista segundouma lógica meramente assistencialista”, apon-tando os riscos de o processo de protecção nãoser devidamente acompanhado.

“A institucionalização de crianças, desenqua-

drada da lógica de cuidados e dos critérios exigi-dos por lei, pode ensejar vulnerabilidades incon-troláveis e consequências nefastas para a vidadas crianças”, sustenta o MP.

Situações em que podem ocorrer “dramas hu-manos inimagináveis”, alerta o MP, lembrando apossibilidade de, “sob a aparência de atitudesaltruísticas”, poderem estar “propósitos profun-damente egoísticos ou mesmo criminosos”.

“Tudo isto é indicativo de uma ampla e intolerá-vel omissão do Estado, quando é certo que aconstituição lhe impôs o indeclinável dever deproteger as crianças onde a proteção familiardeixa de ser efetiva”, considera.

“Um sistema de proteção não se concebe semestruturas de apoio, sem equipamentos sociais esem recursos humanos especializados. E este éum compromisso que o Estado deve cumprir nolimite dos recursos disponíveis”, enfatiza.

Como exemplo dos riscos, o livro refere-se aocaso do orfanato Topu Honis, no enclave deOecusse-Ambeno, criado em 1993 por um reli-gioso, e que está agora no centro do caso do ex-padre Richard Daschbach, condenado peloVaticano por abuso de crianças, e que já foi acu-sado dos mesmos crimes e de pedofilia peloMinistério Público timorense.

O livro refere que as notícias já publicadas so-bre o caso – o próprio Vaticano confirmou à Lusaa condenação de Daschbach e a expulsão vitalí-cia do sacerdócio – “permitem inferir, com bas-tante segurança, que sucessivas gerações decrianças abrigadas nesse orfanato terão sido víti-mas de abusos sexuais, perpetrados pelo pro-motor e diretor dessa instituição”.

No texto, o MP dá conta das denúncias iniciaise dos indícios de que os crimes “talvez tenhamatingido a generalidade das crianças que pas-saram por esse orfanato”, explicando que duascrianças vítimas foram acolhidas por outras fa-mílias.

PGR timorense denuncia falta de fiscalização a instituições de acolhimento de menores

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FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

19 DE OUTUBRO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

A lama fétida da luta interna do ANC foiderramada mais uma vez no domíniopúblico - e desta vez é o ministro dosTransportes, Fikile Mbalula, a fazer arre-messo.

Numa série de mensagens escritas nasemana passada, o ministro dos Trans-portes, Fikile Mbalula, atacou o secre-tário-geral do partido, Ace Magashule, aliderança da Associação de VeteranosMilitares do Umkhonto we Sizwe(MKMVA) e outros opositores ao presi-dente do partido, Cyril Ramaphosa.Normalmente é surpreendente ver pes-

soas do mesmo partido político ataca-rem-se umas às outras como “bandi-dos”, embora não totalmente inespera-do para aqueles que seguiram o ANCmoderno.

Os comentários de Mbalula podem servistos como outro clarão da luz que bri-lhou sobre a possível prisão do secretá-rio-geral do partido, Ace Magashule,bem como sua contínua frustração como mesmo e seus próximos aliados, pes-soas como o porta-voz do MKMVA CarlNiehaus e seu presidente, Kebby Ma-phatsoe. E parece que Magashule é im-potente para parar a ‘barragem’ de Mba-lula.

Mesmo para os padrões das recentesguerras do ANC no ‘Twitter’, os comen-tários de Mbalula sobre Magashule eNiehaus eram insultuosos.

O contexto era um apelo do MKMVAem Gauteng para que Mbalula fossepreso, supostamente porque como mi-nistro dos transportes deveria assumir aresponsabilidade pelo mau estado dasferrovias na capital económica do país.Se por um lado, essa era a reivindica-ção, também pode ser por causa dopassado recente da Agência Ferroviáriade Passageiros da África do Sul(PRASA), e os saques generalizados ede longo prazo dentro da mesma queantecederam Mbalula.O actual ministro dos Transportes tem

uma história de linguagem directa e pes-soal. Mas mesmo para ele, isso foi ex-traordinariamente directo e pouco poli-do. As implicações e o que elas revelamsobre a sua leitura da paisagem políticasugerem a mudança da imagem no par-tido.Na sua conta do ‘Twitter’ talvez resuma

a sua avaliação: que ele está feliz emenfrentar o secretário-geral directamen-te.

Mas ele também parece ir mais longedo que qualquer outra pessoa no Comi-té Executivo Nacional (NEC) do ANC -com excepção do ministro de EmpresasPúblicas, Pravin Gordhan - ao afirmarque a protectora pública, BusisiweMkhwebane, está a desempenhar umpapel político.

Mkhwebane fez questão de interrogarMbalula sobre um feriado que ele tirouem 2016 (para Dubai ...), que foi pagopor um empresário desportivo, na épocaem que Mbalula era ministro do Des-porto. Até hoje, não recebeu nenhumapunição ou foi responsabilizado.

Em tempos “normais”, seria suicídiopolítico para qualquer ministro ir contrao secretário-geral do partido do gover-no. Mesmo quando a tensão no partidoera alta durante o tempo de GwedeMantashe como secretário-geral, eraimpensável que um membro do ANC oenfrentasse dessa forma. O facto de Mbalula sentir que pode (ou

deve) fazer isso em público demonstranão estar preocupado com uma conse-quência prejudicial na sua carreira.

Mbalula tem uma história recente, oque mostra que provavelmente estarácerto.

Em 2017, antes da conferência doCongresso Nacional Africano, que tevelugar em Nasrec, Mbalula notoriamenteescreveu nas redes sociais suas pre-ocupações de que Magashule pudessese tornar o secretário-geral, dizendo:“Ace Magashule é definitivamente nãonão não, o homem vai acabar com onosso movimento. Ele vai matá-lo”.

Esse comentário não impediu Mbalulade ser eleito para o Comité Executivo doANC seis meses depois. Os delegadosque votaram naquela eleição do NECtambém votaram em Magashule para sero secretário-geral.

Então, durante as eleições do ano pas-sado, Mbalula mostrou seu desprezo porMagashule novamente.No Centro de Operações de Resultados

eleitorais, poucas horas após o términoda votação, Mbalula afirmou que o ANCtinha alcançado a vitória por causa dopapel desempenhado por Ramaphosa.Na manhã seguinte, Magashule disseque não era esse o caso, que era porcausa “do partido, não do indivíduo”. Em seguida, Mbalula fez um comentário

no interior da sala dizendo a todos que“Magashule não devia ser ‘alérgico’ aRamaphosa”.

Perto do final do segundo dia de conta-gem de votos, Magashule apareceu nu-ma câmera de televisão da SABC a re-pudiar publicamente a sua anterior rei-vindicação e discutir a importância deRamaphosa na vitória eleitoral do ANC.

Estranhando o facto, Mbalula e agora oministro da Justiça, Ronald Lamola, fo-ram assisti-lo na entrevista, provavel-mente para garantir que Magashule afir-masse o que ele havia sido ordenado adizer.

Apesar disso, Mbalula foi nomeado mi-nistro dos Transportes dias após a elei-ção.

Isso demonstra que Mbalula não temnada a temer de Magashule. Em vez dis-so, ele pode sentir (segundo rumores deuma remodelação do gabinete) que oseu futuro político será melhor se ele ata-car publicamente o secretário-geralMbalula também trouxe ao círculo políti-

co a figura de Carl Niehaus, um ex-por-ta-voz do partido governamental sul-afri-cano, o Congresso Nacional Africano,ex-porta-voz de Nelson Mandela, um pri-sioneiro político que foi condenado portraição pelo regime de apartheid, eactualmente porta-voz da Associação deVeteranos Militares do Umkhonto weSizwe

Seus comentários sobre o passado deNiehaus são uma bronca de que alguémcom um rico histórico de mentiras e al-drabices foi contratado por Magashulepara trabalhar na sua equipa. Niehaus foidespedido como porta-voz do partidoem 2009, mas teve uma boa nota porparte de alguns destacados dirigentes, osuficiente para ser dado um cargo crucialno ANC.

Por que alguém empregaria um men-tiroso conhecido e vigarista? Só pode serporque eles precisam que essa pessoaminta e aplique a sua arte de aldrabicespara o bem deles.

É importante lembrar que Mbalula fezuma vasta campanha para Jacob Zumaser líder do ANC e então presidente, eque ele abandonou Julius Malema quan-do este foi expulso do partido por váriasatitudes de quebra de regras.

Mbalula mudou de tom ao longo dosanos que se seguiram, longe de Zuma.Ele certamente está ciente da dinâmicada festa, o que o torna um ‘agente’ útil.

É improvável que qualquer acção for-mal seja tomada contra Mbalula por seusataques a Magashule e companhia. Issopoderia encorajar muitos outros a segui-rem o exemplo.

Mbalula pode ver claramente uma tem-pestade no horizonte. Talvez agora sejaapenas uma questão de tempo até quechegue com força total.

O certo é que o Congresso NacionalAfricano está a viver, desde a saída deJocob Zuma da Presidência do país, emFevereiro de 2018, uma guerra internaenvolvendo quadros séniores do partido,com um grupo a apoiar Zuma e outro dolado de Ramaphosa.Um velho ditado africano diz que “quan-

do dois elefantes lutam quem sofre é ocapim”.

Eduardo Ouana

“Guerra política” do ANCEditorial

O Presidente Cyril Ramaphosa assumiu uma tarefa gi-gantesca na quinta-feira, durante o anúncio do seu Planode Reconstrução e Recuperação Económica da África doSul, numa sessão conjunta da Assembleia Nacional e doConselho Nacional das Províncias.

Ramaphosa apontou um conjunto de medidas extra-ordinárias para restaurar a confiança na economia dopaís, tendo como principais objectivos a criação de em-pregos por meio de investimentos agressivos em cons-trução, bem como a reindustrialização por meio do cres-cimento de pequenos negócios, ao mesmo tempo quefortalece as médias e grandes empresas.

Admitiu que, embora o país tenha enfrentado desafiosimensos durante muitos anos antes de coronavírus, écerto que a pandemia piorou o impacto desses desafios.O seu plano de recuperação é baseado em quatro inter-

venções prioritárias, a saber: Grandes implementaçõesnas obras em todo o país; expansão rápida da capaci-dade de fornecimento de energia; estímulo ao emprego,para criar pelo menos 800.000 postos de trabalho noprazo imediato e impulsionar o crescimento industrialrápido e sustentado.

Espera-se que o plano seja implementado imediata-mente, mas reconhecendo a terrível situação de pobrezaque a pandemia de covid-19 criou, Ramaphosa anunciouque os actuais subsídios da covid-19 seriam estendidospor mais três meses.Esta é apenas uma medida paliativa, no entanto, já que

o país não poderia se dar ao luxo de estender esse alíviopor mais de três meses, enquanto o verdadeiro trabalhode ressuscitar a economia está em curso.

A esperança final é que a implementação bem-sucedi-da do plano contribua com um adicional de 1,7% para alinha de base da África do Sul de 1,3% de crescimentoeconómico, o que levaria o crescimento médio do paíspara 3% ao ano.

O presidente prevê o desenvolvimento do sector deconstrução como um dos principais motores do estímuloe do crescimento económico, que desenvolverá outrasáreas da economia, ao mesmo tempo que criará empre-gos.

VÁRIOS PROJECTOS EM CURSO VÃO TRANSFORMAR A PAISAGEM DO PAÍS

Disse que há vários projectos em curso, que vão “trans-formar completamente a paisagem das cidades, vilas eáreas rurais.

O primeiro entre estes são 276 “projectos catalíticos”com um valor de investimento de 2,3 triliões de randes,que foram acordados até o final de Junho de 2020.Outros 50 “projectos estratégicos integrados e 12 espe-ciais foram publicados em Julho.

Esses projectos devem permitir mais de 340 biliões derandes em novos investimentos e foram priorizados paraimplementação imediata. Os processos regulatórios paratodos eles também serão acelerados.

O Presidente sublinhou que esta área prioritária terácomo foco escolas, água, saneamento e projectos habi-tacionais, bem como portos, estradas e caminhos-de-ferro, sectores fundamentais para a competitividade eco-nómica.

Vários projectos aparentemente já estão em constru-ção, incluindo assentamentos humanos que representamum valor de investimento de 44,5 biliões de randes.‘O Fundo Infrastructure SA’ fornecerá 100 biliões de ran-

des em financiamento catalizador na próxima década,alavancando até 1 trilião em novos investimentos paraprojectos estratégicos.”

EXPANSÃO RÁPIDA DA REDE ENERGÉTICA

Ainda mais ambicioso do plano de Ramaphosa é oanúncio de expansão maciça da capacidade de redeenergética do país nos próximos dois anos.

Isso inclui a implementação acelerada do Plano de Re-cursos Integrados, com um aumento na contribuição defontes de energia renováveis e produtores de energia in-dependentes para a rede nacional.

Por meio do aumento das energias renováveis, arma-zenamento de bateria e tecnologia de gás, o presidenteespera adicionar 11.800 MW na nova capacidade ao sis-tema até 2022, com mais da metade a vir de fontes reno-váveis.Em Junho do próximo ano, o presidente espera ver pro-

dutores independentes de energia adicionarem mais de2.000 MW à rede, com a estrutura regulatória actual aser adaptada para facilitar novos projectos, protegendo aintegridade da rede nacional.

Plano de recuperaçãoeconómica de Ramaphosapromete 800.000 postosde trabalho a curto prazoO presidente Cyril Ramaphosa apresentou na quinta-feira, 15 de Outubro, ao Par-

lamento, o plano de reconstrução e recuperação económica para a África do Sul,um plano do governo para ajudar a restaurar a economia do país após a pandemiado coronavírus. O plano inclui a criação de mais de 800.000 postos de trabalhoimediatos, garantindo o aumento do fornecimento de electricidade e tornando opaís competitivo no mercado de exportação.

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Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2020

Desportivo

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ClássicoSporting e FC Portoempataram a dois golosem Alvalade

Benfica continua 100%vitorioso e lidera comcinco pontos de avanço

Este fim-de-semana 24 anosdepois há GP de Portugal

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2 O SÉCULO DESPORTIVO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

SUB-21: QUALIFICAÇÃO PARA O EURO 2021

0-3Jogo no Victoria Stadium, em Gibraltar.Gibraltar - PortugalAo intervalo: 0-1.Marcadores:0-1, Jota, 16 minutos.0-2, Pedro Gonçalves, 50.0-3, Pedro Gonçalves, 80.

Equipas:

- Gibraltar: Banda, Valarino (Ronco, 83), Breed(Clinton, 55), Ethan Santos (Prescott, 84),Peacock, Andrew Hernandez, El Hmidi (Borge,68), De Barr (De Haro, 54), Olivero, Parkinson eRonan.

Suplentes: Lopez, Ronco, Clinton, De Haro,Bautista, Ruiz, Borge, Garcia e Prescott.SeleCcionador: David Ochello.

- Portugal: Luís Maximiano, Diogo Dalot (Ged-son Fernandes, 46), Diogo Leite, Diogo Queirós(Pedro Pereira, 63), Rúben Vinagre (TomásTavares, 23), Pedro Gonçalves, Vítor Ferreira(Pedro Neto, 63), Daniel Bragança, Fábio Vieira,Dany Mota e Jota (Joelson Fernandes, 46).Suplentes: João Virginia, Pedro Pereira, Floren-

tino Luís, Rafael Leão, Tomás Tavares, TiagoDjaló, Gedson Fernandes, Pedro Neto e JoelsonFernandes).Seleccionador: Rui Jorge.

Árbitro: Fyodor Zammit (Malta).Acção disciplinar: cartões amarelos para EthanSantos (33) e Ronan (77).

A selecção portuguesa de futebol de sub-21venceu terça-feira a congénere de Gibraltar, dogrupo 7 da fase de qualificação para o Euro2021,numa partida de sentido único e cujo resultadofoi escasso face à supremacia lusa.Com efeito, o guarda-redes de Gibraltar acabou

por ser a figura do jogo pelo punhado de defesasque realizou a evitar uma goleada histórica daseleção portuguesa por números muito desnive-lados, tal a diferença de nível entre as duasequipas.A selecção portuguesa, que efetuou 29 remates

à baliza de Gibraltar, 20 deles à baliza, crioumuitas oportunidades de golos, de tal modo queantes de inaugurar o marcador aos 16 minutospor Jota, com um remate com o pé esquerdo,após excelente abertura de Daniel Bragança, játinha criado quatro situações para golo, numadas quais Dany Mota rematou à trave.

Na segunda parte, Portugal conseguiu fazermais dois golos, graças a um bis de Pedro Gon-çalves, o primeiro aos 50 minutos, a dar a melhorsequência a uma assistência de Fábio Vieira, eaos 80, servido por Dany Mota.

O resultado não traduz o que se passou emcampo num jogo de sentido único perante a frag-ilidade dos jogadores da casa, e peca por escas-so, umas vezes por mérito do guarda-redesBanda, outras por falta de eficácia dos médios eavançados portugueses.

Com esta vitória, Portugal mantém-se no se-gundo lugar do grupo 7 da fase de qualificaçãopara o Euro2021, com 18 pontos, a seis dos Paí-ses Baixos, que lideram com 24, mas com me-nos um jogo do que os holandeses, que seráfrente à Bielorrússia, que está em atraso.

A Noruega ocupa o terceiro posto com 10 pon-tos em oito jogos, seguida da Bielorrússia, comoito, e menos um jogo, de Chipre, com sete, e deGibraltar, ainda sem qualquer ponto.

À selecção orientada por Rui Jorge faltam dis-putar três jogos, todos em casa, contra aBielorrússia, no dia 12 de novembro, com Chipre,no dia 15, e com a Holanda, no dia 18.

DECLARAÇÕES

Rui Jorge (treinador da selecção portuguesa

de sub-21): "Foi uma partida em que nãodemonstrámos a superioridade que temos sobrea equipa adversária. Obviamente fomos superio-res e tivemos mais oportunidades de golo, mas éum jogo do qual não saio totalmente satisfeito.Deveria ter ficado expresso frente a esta seleçãoque sabemos jogar melhor.Foi muito importante vencer os dois jogos, obvi-

amente. Neste jogo, os números poderiam tersido muito mais dilatados, atendendo ao númerode oportunidades. Contra a Noruega estivemosmuito bem e falhámos muito poucos passes.Neste jogo, falhámos muito mais.

Fizemos o que tínhamos para fazer em termosde resultados, vencendo os dois jogos. Temosmais três jogos pela frente, vamos tentar vencê-los e mostrar a qualidade dos nossos jogadores."

Jota (jogador da selecção portuguesa de sub-21): "Sabíamos que Gibraltar ia dar tudo e seruma equipa agressiva com e sem bola. O nossoobjectivo era circular bem [a bola]. Infelizmente,não conseguimos concretizar muitas das oportu-nidades de que dispusemos.Todos os adversários têm valências diferentes e

este tem um cariz mais defensivo. Compete ànossa selecção adaptar-se. Neste jogo, tínha-mos de atacar mais e procurar mais espaços.É muito gratificante marcar golos pelo meu país,

mas tenho de agradecer a todos os colegas porter sido possível marcar este golo."

Portugal falhou goleada histórica em Gibraltar

JORGADORES PORTUGUESES FESTEJANDO APÓS VENCER GIBRALTAR POR 3-0

João Henriques, de 47 anos, é o novo treinadordo Vitória de Guimarães, tendo assinado um con-trato de uma temporada, com outra de opção, in-formaram os vimaranenses na segunda-feira."A Vitória Sport Clube, Futebol SAD informa que

chegou a acordo com o treinador João Hen-riques, que assume o comando da equipa princi-pal de futebol a partir desta segunda-feira e queassinou com esta sociedade um contrato válidoaté final da presente temporada, salvaguardan-do-se uma opção de extensão até Junho de2022", lê-se na nota publicada no sítio oficial doclube minhoto.

Acompanhado pelos adjuntos Luís Morgado,Alberto Carvalho e Mauro Moderno, bem comoMoreno e Ricardo Leite, que já estavam no clu-be, o técnico orientou na segunda-feira o pri-meiro treino em Guimarães, enquadrado na pre-paração do duelo com o Boavista, que encerroua quarta jornada da I Liga, no Estádio do Bessa,no Porto.

Num vídeo de apresentação divulgado na pági-na oficial do Vitória na rede social Facebook,João Henriques prometeu uma equipa a "jogar

para ganhar em qualquer campo", com "umaidentidade muito própria", "organização" e uma"ambição com os pés bem assentes no chão",num desafio que classificou de "aliciante".

"O Vitória, só por si, é um desafio aliciante paraqualquer pessoa. É o melhor clube para estarnesta altura, porque gosta de ganhar", disse.Substituto de Tiago Mendes, técnico que deixou

os minhotos após as três primeiras jornadas docampeonato, numa experiência que duroumenos de dois meses, João Henriques vai ser o‘timoneiro' de um clube que habitualmente procu-ra apurar-se para a Liga Europa, desafio que seenquadra no rumo que queria dar à carreira apósa saída do Santa Clara.

Nas duas épocas anteriores, o treinador naturalde Tomar atingiu as melhores pontuações e clas-sificações da turma de Ponta Delgada na I Liga -10.º lugar, com 42 pontos, na temporada2018/19, e o nono, com 43, em 2019/20 - e assu-miu, numa entrevista à Lusa, em Julho, que dei-xou os Açores para assumir um projecto comambição europeia.

"O teste seguinte é olhar para equipas que lu-

tem pela Liga Europa, que andem naqueles pri-meiros sete, oito lugares. É o passo que deseja-va dar na minha carreira em Portugal", disseentão.

Ainda no principal campeonato nacional, o téc-nico já orientou o Paços de Ferreira, clube queassumiu após a 18.ª jornada da temporada2017/18, então na 14.ª posição, e que desceu àII Liga no final da época - terminou no 17.º e pe-núltimo lugar, após quatro triunfos nos 16 jogossob o seu comando.

João Henriques estreou-se a treinador principalna época 2004/05, no Atlético Riachense, daentão III Divisão, esteve ainda no Torres Novas eno União de Almeirim e orientou equipas de for-mação na Arábia Saudita e nos Emirados ÁrabesUnidos, entre 2012 e 2015, antes de regressar asolo luso.

O técnico liderou o Fátima entre 2015/16 e2016/17, tendo, na primeira época, alcançado asubida ao Campeonato de Portugal, e orientoudepois o Leixões, da II Liga, na primeira metadeda época 2017/18.

João Henriques é o novo treinador do Vitória de Guimarães

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

LIGA DAS NAÇÕES: FASE DE QUALIFICAÇÃO

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.Ao intervalo: 2-0.Marcadores:1-0, Bernardo Silva, 21 minutos.2-0, Diogo Jota, 44.3-0, Diogo Jota, 72.

Equipas:

- Portugal: Rui Patrício, João Cancelo, Pepe,Rúben Dias, Raphaël Guerreiro, Danilo, WilliamCarvalho (João Moutinho, 80), Bruno Fernandes(Renato Sanches, 88), Bernardo Silva (André Sil-va, 75), Diogo Jota (Rafa, 88) e João Félix (Da-niel Podence, 75).Suplentes: Bruno Varela, Rui Silva, Nélson Se-

medo, Rúben Semedo, Sérgio Oliveira, JoãoMoutinho, André Silva, Rafa, Renato Sanches,Trincão, Rúben Neves e Daniel Podence.Seleccionador: Fernando Santos.

- Suécia: Robin Olsen, Mikael Lustig (MattiasJohansson, 54), Pontus Jansson, Victor Lindelof,Pierre Bengtsson, Kristoffer Olsson, Albin Ekdal,Viktor Claesson, Dejan Kulusevski (SebastianLarsson, 88), Robin Quaison (Alexander Isak,63) e Marcus Berg (Martin Olsson, 88).

Suplentes: Karl-Johan Johnson, KristofferNordfeldt, Sebastian Holmén, Martin Olsson, Se-bastian Larsson, Jordan Larsson, Alexander Isak,Gustav Svensson, Mattias Svanberg, Emil Krafth,Mattias Johansson e Ken Sema).Seleccionador: Jan Andersson.

Árbitro: Srdjan Jovanoviç (Sérvia).

Acção disciplinar: Cartão amarelo para AlbinEkdal (36), Diogo Jota (52), Kristoffer Olsson(57), Pontus Jansson (62), Marcus Berg (79) eBruno Fernandes (85).Assistência: 5.000 espectadores (lotação limita-da devido à pandemia da covid-19).

Portugal manteve quarta-feira a liderança doGrupo 3 da Liga das Nações de futebol com umtriunfo eficaz sobre a Suécia, por 3-0, com DiogoJota, o substituto de Cristiano Ronaldo, em des-taque, na quarta jornada.No Estádio José Alvalade, em Lisboa, com 5000

adeptos nas bancadas, Jota foi a escolha doselecionador Fernando Santos para ocupar olugar de Ronaldo, ausente devido a estar infeta-do com o novo coronavírus, e o avançado do

Liverpool foi mesmo a grande figura da partida,com um ‘bis’, aos 44 e 72 minutos, depois de terassistido Bernardo Silva, aos 21, num primeirotento do jogo.

Portugal foi sobretudo eficaz naquela que foiapenas a segunda vitória em solo luso sobre aSuécia, em 10 duelos, com os escandinavos asomarem várias oportunidades durante toda apartida, sempre sem sucesso, enquanto os cam-peões europeus foram letais na altura de atirar àbaliza.

Com este triunfo, Portugal passa a somar 10pontos no Grupo 3 da Liga A da Liga das Naçõese continua na liderança, em igualdade com aFrança, que foi vencer à Croácia, por 2-1, embo-ra a equipa de Fernando Santos tenha vantagemna diferença de golos.

A quarta jornada confirmou Portugal, actual de-tentor do título, e França como os únicos can-didatos do grupo à fase final (Croácia e Suéciaficaram eliminados), com os dois países a de-frontarem-se na próxima ronda, em novembro,no Estádio da Luz, em Lisboa. Em Paris, as duasequipas empataram a zero.Além de Jota, Fernando Santos lançou também

João Cancelo no ‘onze’ inicial, efetuando apenasduas alterações em relação ao duelo do últimodomingo com os franceses.

O início do encontro do encontro foi algo atípi-co, com as duas equipas a darem muitos espa-ços, o que levou William Carvalho a acertar noposte logo aos quatro minutos e depois o suecoLustig, aos 13, a falhar uma grande oportunidadepara os escandinavos.A actuar em pressão alta, a Suécia criou muitas

dificuldades à seleção nacional na luta pelaposse de bola, mas acabou por ‘estender a pas-sadeira’ a Diogo Jota aos 21 minutos, no primeirogolo do jogo.

O avançado de 23 anos aproveitou a péssimacolocação da defensiva sueca para assistirBernardo Silva, que com frieza bateu RobinOlsen.

Em vantagem, Portugal acabou por relaxardemasiado e entregou o controlo da partida àSuécia, com Berg a acertar no poste aos 35 mi-nutos, perante um Rui Patrício desamparado.

Perante um rival nórdico e sem fazer grandecoisa para justificar novo golo, a frieza voltou aser portuguesa, com Diogo Jota, num lance ‘in-ventado’ por João Cancelo, a aumentar a van-tagem antes do intervalo, aos 44 minutos.Na segunda parte, a história manteve-se, com a

Suécia a criar perigo junto da baliza portuguesa,com Patrício a somar boas intervenções e Pepee Danilo a funcionarem como ‘bombeiros’ dadefesa, enquanto no ataque Portugal voltou a ter‘gelo nas veias’, com a única excepção a serJoão Félix.Aos 67 minutos, o avançado teve tudo para ‘ma-

tar’ o jogo, num lance em que ficou isolado apósexcelente passe de Bruno Fernandes, mas aca-bou por atirar por cima.

Contudo, pouco depois, aos 72 minutos, Jota‘mostrou’ a Félix como se faz e confirmou o triun-fo português, num lance em que fez lembrarCristiano Ronaldo. O jogador do Liverpool fugiupela esquerda, invadiu a área sueca e atirou como pé direto para as redes de Olsen.Até final, com o triunfo mais que garantido, Fer-

nando Santos avançou com várias substituiçõesna equipa, mas ainda houve tempo para Patríciofazer nova grande defesa, mantendo a balizalusa inquebrável.

DECLARAÇÕES

Fernando Santos (seleccionador de Portu-gal): "O resultado foi ótimo. A exibição teve coi-sas muito boas e outras não tão boas. Tivemos

20 minutos muito bons, com muita dinâmica eboa organização, reação à perda, imediata recu-peração posicional. A partir daí, tivemos algumadificuldade, mas também pelo tipo de futebolsueco, com bola longa e jogadores muito agres-sivos na segunda bola, a colocarem sempre qua-tro homens na frente.

Criou-nos alguns problemas. Voltámos a pegarmais no jogo, a sair mais e em contra-ataque.

Na segunda parte, o jogo naturalmente foi maisabaixo, mas é normal, com muito cansaço, trêsjogos em pouco tempo e os jogadores semgrandes ritmos de jogo. A Suécia tem menosproblemas no jogo com um jogo mais longo.

Controlámos o jogo, a Suécia podia ter feito umgolo, mas nós tínhamos feito mais um ou doisgolos. Não foi um jogo de ‘top’, mas foi um bom

jogo.[Sobre a dependência de Ronaldo] Não vamos

voltar outra vez a essa pergunta. A equipa serásempre melhor com o Cristiano Ronaldo, masesta equipa portuguesa vai continuar a jogar damesma forma, e com capacidade de lutar pelosobjetivos.

[Sobre as contas do grupo] Em termos ma-temáticos, está condicionado a dois. O próximojogo poderá ou não ser decisivo, para as duasequipas. Vamos ver, o jogo com a França serádecisivo.

[Sobre a covid-19] Vou gerir como pessoa, pri-meiro, ou seja, resguardo-me e tenho cuidado.Se todos os portugueses fizerem como eu, nãovamos ter muitos problemas. Mas o vírus anda aíe não podemos fazer nada contra ele. Na se-lecção fizemos isso bem, continuo com dúvidassobre um contágio dentro da seleção. Teria sidomuito forte. A única exceção foi um jantar ao arlivre. Tivemos sempre essa preocupação, e nosdois primeiros casos foi um contágio de fora".

Diogo Jota (jogador de Portugal): "Acho quefoi uma excelente noite, uma das melhores exibi-ções. Representar o meu país e fazer uma exibi-ção destas, com os meus colegas. Fizemos umgrande resultado, com uma Suécia que não éfácil.

[Sobre substituir Ronaldo] Dei o meu melhorpara representar o meu país. Somos jogadoresprofissionais e se o mister escolhe 11 para jogar,é com esses que se deve lutar pela vitória.É o momento mais alto [da minha carreira], sim.

Foi um grande passo em frente [ir para o Liver-pool], e hoje fiz o segundo jogo a titular pela se-lecção".

William (jogador de Portugal): "Foi um jogobem conseguido da nossa parte. Obviamente de-frontámos um adversário muito difícil, mas fi-ze-mos coisas fáceis no jogo e cumprimos o nossoobjetivo, que era ganhar.Portugal sente a falta do melhor do mundo, mas

conseguimos fazer uma grande partida sem oCristiano Ronaldo.

[Sobre o positivo a covid-19 dos vários - daseleção] É um momento difícil a que temos denos acostumar. Temos todos de nos precaver".

Bruno Fernandes (jogador de Portugal):"Acho que a selecção fez um grande jogo. Criá-mos muitas ocasiões e podíamos ter feito maisgolos, mas encontrámos uma equipa bem orga-nizada, defensivamente muito forte. Capaz de terbola, com muita qualidade no meio campo, comjogadores que conseguem fazer os outros correre muito agressiva, mas estivemos à altura dodesafio.

[Sobre a ausência de Ronaldo] Sabemos que amissão é sempre a mesma, é ganhar. Hoje nãotivemos o melhor do mundo, mas a selecção de-monstrou que tem grandes valores e podemosbater-nos com qualquer seleção, tendo ou não omelhor do mundo. Com ele é mais fácil.

[Sobre a possibilidade de quarentena em In-glaterra] Não me preocupo porque Portugal jáestá na lista negra do Reino Unido. Tivemosautorização, seremos testados como sempre”.

Jota em destaque no triunfo eficaz de Portugal sobre a Suécia

3-0

BRUNO FERNANDES EM ACÇÃO NO JOGO DE QUARTA-FEIRA ENTRE AS SELECÇÕES DE PORTUGAL E SUECIA EM ALVALADE

DIOGO JOTA FOI O HOMEM DO JOGO

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4 O SÉCULO DESPORTIVO . 19 DE OUTUBRO DE 2020

I LIGA PORTUGUESA

Jogo no Estádio José Alvalade, Lisboa.Ao intervalo: 1-2.Marcadores:1-0, Nuno Santos, 09 minutos.1-1, Uribe, 25.1-2, Corona, 45.2-2, Vietto, 87.

Equipas:

- Sporting: Adán, Neto (Gonzalo Plata, 62),Coates, Feddal, Pedro Porro (Sporar, 78), JoãoPalhinha, Matheus Nunes (João Mário, 78), NunoMendes, Nuno Santos (Tiago Tomás, 62), JovaneCabral (Vietto, 56) e Pedro Gonçalves.

Suplentes: Maximiano, Tabata, Sporar, Vietto,João Mário, Tiago Tomás, Gonzalo Plata, Gonça-lo Inácio e Antunes.Treinador: Rúben Amorim.

- FC Porto: Marchesín, Manafá (Nanu, 76),Mbemba, Pepe, Zaidu, Uribe (Taremi, 90+1),Sérgio Oliveira, Otávio (Romário Baró, 75),Corona, Marega (Toni Martínez, 59) e Luis Díaz(Felipe Anderson, 59).

Suplentes: Diogo Costa, Diogo Leite, Loum,Taremi, Nakajima, Romário Baró, Felipe Ander-son, Toni Martínez e Nanu.Treinador: Sérgio Conceição.

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora).Acção disciplinar: cartão amarelo para PedroGonçalves (11), Corona (19), Zaidu (20), Neto(45+6), Otávio (54), Feddal (61), Vietto (78),Coates (79) e Marchesín (86). Cartão vermelhopara o treinador do Sporting Rúben Amorim(45+5).Assistência: jogo realizado à porta fechada devi-do à pandemia da covid-19.

Sporting e FC Porto empataram sábado 2-2 noEstádio José Alvalade, em jogo da quarta jornadada I Liga de futebol, num primeiro ‘clássico’ datemporada marcado por muitas estreias, emo-ções fortes e incerteza até ao fim.Após os ajustes do mercado de transferências e

a pausa para os compromissos das selecções, aexpectativa recaía nas ‘novidades’ que o dueloentre leões e dragões poderia trazer.Assim, o Sporting, orientado por Rúben Amorim,

entrou com seis caras novas em relação à épocapassada – Adán, Feddal, Porro, Pedro Gonçal-ves, João Palhinha e Nuno Santos -, enquanto oFC Porto, de Sérgio Conceição, foi mais contidoe apostou de início apenas no ‘reforço’ Zaidu.Ainda o jogo não tinha completado um minuto e

já Adán brilhava com uma defesa difícil para tra-var um livre ‘traiçoeiro’ de Sérgio Oliveira. Os

campeões nacionais denotaram grande intensi-dade e personalidade nos primeiros minutos,empurrando os anfitriões para a sua defesa, masfoi precisamente contra essa tendência que oSporting acabou por inaugurar o marcador.

Depois de ver Marchesín negar o golo a Ma-theus Nunes, a equipa ‘leonina’ chegou mesmo àvantagem na jogada seguinte, aos oito minutos,com Nuno Santos a finalizar de primeira e emforça ao segundo poste, sem que o guardião por-tista conseguisse evitar o ‘tiro’. O golo foi um ‘bál-samo’ de tranquilidade para os jovens ‘leões’, quepassaram a exibir um futebol muito prático eobjectivo em saídas rápidas para o ataque.

No entanto, o FC Porto não se desuniu perantea adversidade e Uribe e Luís Diaz estiveram am-bos perto de marcar o golo que chegaria somenteaos 25 minutos. Ao cruzamento perfeito de Zaidu,Uribe surgiu a rematar de primeira de pé esquer-do no coração da área, assinando o empate comum golo vistoso.

A igualdade serenou um pouco o ritmo doencontro, que voltaria a atingir um pico em cimado intervalo. Primeiro, com o 2-1 para o FC Porto,por Corona, que aproveitou a sobra de um lanceindividual de Luís Diaz e mostrou arte e engenhopara enganar Adán.Depois, já nos descontos, o árbitro Luís Godinho

marcou grande penalidade sobre Pedro Gonçal-ves e expulsou Zaidu, com segundo amarelo,mas reverteu as decisões, alertado pelo VAR,após ver as imagens televisivas junto ao campo.Na sequência desta decisão, o técnico ‘leonino’,

Rúben Amorim, foi expulso do banco devido aprotestos, surgindo logo a seguir o apito para ointervalo.

Com o marcador do seu lado, o FC Porto mos-trou-se mais frio e competente na gestão dos es-paços e não permitiu tantas investidas ao Spor-ting como havia consentido durante o primeirotempo. O Sporting era agora uma equipa menosperigosa, apesar de até ter aparentemente maisposse de bola, só que inconsequente e inofensi-va.

Da bancada, Rúben Amorim ia sofrendo e gri-tando para o campo sem sinal de resposta. Con-tudo, a melhor resposta deu-se logo aos 56 mi-nutos com a entrada de Vietto, que viria a revelar-se decisiva para as contas do desafio, já que foio avançado argentino a marcar o golo do empateaos 87 minutos, na sequência de uma jogada deinsistência do ataque ‘leonino’.

O clássico teve ainda espaço para as estreiasde Toni Martinez, Felipe Anderson e Nanu entreos ‘dragões’, bem como de João Mário pelo Spor-ting. Nos derradeiros minutos, o jogo partiu-sepor completo e podia ter caído a favor de qual-quer uma das equipas, mas o equilíbrio acaboupor ser a nota dominante e prevaleceu, com jus-tiça, no empate final.Com este resultado, Sporting e FC Porto somam

ambos sete pontos ao fim de quatro jornadas,embora os ‘leões’ tenham um jogo em atraso. Nafrente da I Liga continua o líder Benfica, comnove pontos, que pode dilatar este domingo avantagem na partida com o Rio Ave.

DECLARAÇÕES

- Rúben Amorim (treinador do Sporting): “Faço‘mea culpa’, porque não deveria ter dito o quedisse e no momento antes ouviu-se bem pior,vindo de outro sítio. O que me revoltou foi a duali-dade de critérios. Estou sempre a aprender e acrescer.

Em relação ao jogo, o Sporting foi melhor e me-recia ter ganhado. Tenho uma equipa de leões.Deram tudo. Se tivéssemos perdido, estaria adizer aqui a mesma coisa. Foi um empate. OSporting empatou com FC Porto. Perdemos doispontos.

Claro que a arbitragem teve influência no resul-tado. Para mim é grande penalidade. Temos tidoazar com o VAR. Para mim é penálti. Teve in-fluência no resultado, não no jogo, porque o jogofoi sempre nosso.

É melhor para todos olharem para o jogo e nãopara o que se diz à volta. Estou muito orgulhosocom os meus jogadores. Parece que o outrotreinador não. Perdemos dois pontos.

Zaidu era expulso no lance da grande penali-dade. Não vou estar sempre a falar nisso.Não perdemos o controlo das posições. Foi uma

situação estudada. Trabalhamos o mesmo sis-tema todos os dias. Eles estavam preparados.Foi notório que a defender e a atacar os joga-dores não estavam perdidos. Muito pelo con-trário.

As substituições não foram tardias. Foi quandosentimos que precisávamos jogadores com out-ras características e mais frescos que nos permi-tissem fazer outras coisas.João Mário vê-se que tem experiência com bola.

Vai melhorar muito.Temos de ganhar o próximo jogo porque esta-

mos num clube de exigência máxima.Não temos de dar resposta a ninguém. Este é o

nosso trabalho. Os jogadores têm de sentir essapressão. Têm de ganhar e têm de viver com isso.Vai demorar tempo e todos juntos vamos chegarlá”.

- Sérgio Conceição (treinador do FC Porto):“Os jogadores têm de perceber que a concen-tração competitiva tem de ser ao máximo assimcomo a agressividade competitiva. Hoje vimosum jogo, principalmente na primeira parte, muitointenso e muito competitivo.

O Sporting entrou bem e fez um golo logo aabrir. Depois, fizemos dois golos, estivemosmuito bem. Na segunda parte, estávamos alerta-dos para a entrada forte do Sporting. O Sportingestava a dominar de forma consentida.

Depois, tivemos perdas de bola, em zonas emque a equipa está a sair para o ataque, que nãoé normal para a nossa equipa. Criámos uma ououtra oportunidade para fazer o 3-1. Na pontafinal, sofremos aquele golo fruto de alguma pas-sividade. Perdemos aqui dois pontos.

Acho que merecíamos mais do que o empate.Não podemos viver de uma vitória moral, nem euquero isso. Somos campeões nacionais, masisso já faz parte do passado. A equipa esteve emgrande parte do jogo bastante bem, mas houveali momentos que não gostei.

Empatámos. O Sporting provavelmente estácontente, mas eu não. Os jogadores têm de per-ceber e ter tempo para perceber o que é jogarpelo FC Porto.

Estou desiludido com o resultado. O FC Portonão pode vir a Alvalade e estar a jogar para oempate. A equipa sentiu algum cansaço, fruto dasviagens das selecções e de jogadores quechegaram no último dia. A responsabilidade é dotreinador. Sempre.

Faz parte do nosso trabalho mostrar aos novosjogadores o que é o FC Porto. Sobretudo na exi-gência e na paixão. Se não vivermos isso dessaforma, por muita qualidade que os jogadores pos-sam ter, nunca chegarão a esse patamar. Muitasvezes isso faz a diferença. Não é fácil para umjogador perceber o que é o FC Porto. Isso demo-ra o seu tempo. O tempo agora é mais curto. Mastem de haver essa adaptação

- Emanuel Ferro (treinador adjunto do Spor-ting): “Acreditámos sempre. Os jogadores foramsempre atrás de ganhar, e quem mostra intençãode estar por cima do jogo, como os jogadoresmostraram, só pode assumir que perdemos doispontos, mas fica uma grande exibição.

Houve contingências do jogo que obrigaram aalterações (e os jogadores) adaptaram-se rapida-mente a isso. Não jogámos de forma diferentecom esses jogadores, mas alguns jogavam oprimeiro clássico, outros estão há pouco tempo,mas vi todos com a mesma vontade e objectivo.Fica um ponto, mas sentimos mais que perdemosdois do que tenhamos ganho algo.

Nós estamos conscientes de que temos muitotrabalho pela frente, algumas coisas para melho-rar e uma equipa para crescer, e isso é feito todosos dias, na forma como toda a gente está emcomunhão em objetivos comuns. Mas, não bastaisso, é preciso perceber o que se quer melhorare chegar aos jogos com ambição desmedida deganhar.

Faltam alguns detalhes que nestes jogos sãofundamentais, é preciso algum tempo, mas en-quanto jogarmos desta forma e com esta am-bição, as coisas vão acontecer naturalmente”.

- João Palhinha (jogador do Sporting): “Foi umjogo difícil, complicado, muito intenso. Fizemosuma segunda parte muito boa, reagimos bem àdesvantagem. A equipa está de parabéns pelaatitude, não desistiu, adaptou-se ao jogo do FCPorto na segunda parte a melhoria foi clara.Esta época vai ser surpreendente, porque o clu-

be e a equipa tem muita qualidade. Vamos lutarpelos objectivos, dar o máximo. O resto acontecenaturalmente”.

- Corona (autor do segundo golo do FCPorto): “Não estamos contentes com o resultadofinal, merecíamos ganhar, mas temos de seguirem frente, ainda vai no começo.

Não acho justo, mas vamos analisar o que fize-mos bem e mal, e tentar corrigir.

Estou cá para ajudar e defender o que é nosso,que é o campeonato. Hoje (sábado), a minha mu-lher e o meu filho fazem anos, por isso o golo foipara eles”.

2-2

Sporting e FC Porto empataram em clássico aberto até ao fim

JOÃO MÁRIO E CORONA EM ACÇÃO NOJOGO DE SÁBADO EM ALVALADE

LUTA ENTRE “LEÃO” COATES E “DRAGÃO” ZAIDU NO JOGO DA 4.ª JORNADA DA I LIGA PORTUGUESADE FUTEBOL, EM ALVALADE (Fotos António Cotrim/Lusa)

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19 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 5

0-3

QUADRO DE RESULTADOS

1-1

2-1

0-0

2-1

1-2

3-3

CLASSIFICAÇÃO GERAL DA I LIGA

I LIGA PORTUGUESA

5.ª JORNADA

MELHORES MARCADORES

- Sexta-feira, 23 Out:Tondela – Portimonense, 21:30

- Sábado, 24 Out:Nacional - Paços de Ferreira, 16:30Santa Clara – Sporting, 18:00 locais

FC Porto - Gil Vicente, 21:30- Domingo, 25 Out:

Farense - Rio Ave, 16:00Moreirense – Marítimo, 16:00Famalicão – Boavista, 18:30

Vit. Guimarães - Sp.Braga, 21:00- Segunda-feira, 26 Out:

Benfica - Belenenses SAD, 21:15

- 5 Golos:RODRIGO PINHO (Marítimo)- 4 Golos:Luca WALDSCHMIDT (Benfica), THIAGOSANTANA (Santa Clara).- 3 Golos:Haris SEFEROVIC (Benfica), RÚBEN LA-MEIRAS (Famalicão)- 2 Golos:Gustavo “SAUER” Saubeck (Boavista), ALEXTELLES (FC Porto), Jesús CORONA (FCPorto), Moussa MAREGA (FC Porto), SÉRGIOOLIVEIRA (FC Porto), SAMUEL LINO (GilVicente), FÁBIO ABREU (Moreirense), BrayanRIASCOS (Nacional), Welderson GALENO(Sporting de Braga) , NUNO SANTOS (Spor-ting).

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Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila doConde.Ao intervalo:Marcadores:0-1, Waldschmidt, 06 minutos.0-2, Waldschmidt, 45+4.0-3, Gabriel, 84.

Equipas:

- Rio Ave: Kieszek, Ivo Pinto, Santos, Borevko-vic, Nélson Monte, Filipe Augusto, Tarantini(Gelson Dala, 62), Carlos Mané (Gabriel Sousa,76), Francisco Geraldes (Ronan, 62), LucasPiazón (Diego Lopes, 76) e Bruno Moreira (Pelé,62).

Suplentes: Leo Vieira, Gelson Dala, Diego Lo-pes, Pelé, Ronan, Jambor, Pedro Amaral, Meshi-no e Gabriel Sousa.Treinador: Mário Silva.

- Benfica: Vlachodimos, André Almeida (Gil-berto, 13), Otamendi, Vertonghen, Grimaldo, Ga-briel, Pizzi, Rafa (Nuno Tavares, 81), Everton(Weigl, 66), Waldschmidt e Darwin (Seferovic,81).

Suplentes: Helton Leite, Gilberto, Seferovic,Chiquinho, Weigl, Jardel, Pedrinho, Nuno Tava-res e Gonçalo Ramos.Treinador: Jorge Jesus.Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).

Acção disciplinar: Cartão amarelo para Gilberto(78), Otamendi (80), Ivo Pinto (81) e Weigl(90+2).Assistência: Jogo realizado à porta fechada devi-do à pandemia de covid-19.

O Benfica reforçou a liderança, ao vencer emVila do Conde o Rio Ave por 3-0, em partida da

quarta jornada da I Liga portuguesa de futebol,num triunfo embalado por um ‘bis' de Walds-chmidt.

Num jogo em que os lisboetas foram, quasesempre, superiores, o avançado internacionalalemão destacou-se, no primeiro tempo, ao mar-car aos seis e 45+4 minutos, tendo Gabriel fecha-do o triunfo, apontando o terceiro golo, já aos 84.

Com esta vitória, a quarta em igual número dejornadas, o Benfica passa a somar 12 pontos efica ainda mais isolado na liderança da I Liga, ca-pitalizando o empate, de sábado, entre FC Portoe Sporting, que estão agora cinco pontos de dis-tância, embora com os 'leões' a terem um jogo amenos.

Já o Rio Ave, que ainda não tinha perdido nocampeonato - somava três empates consecutivos-, ou na época, cai para o 13.º posto, com apenastrês pontos somados, ficando a um da zona dedescida.

Os ‘encarnados', com o central Verthongen deregresso ao ‘onze', entraram bem mais fortes nojogo, e, fruto de uma pressão inicial que o RioAve não conseguiu suster, demoram apenas seisminutos para chegar à vantagem, inaugurando omarcador por Waldschmidt.

O germânico surgiu no sítio certo para finalizaruma jogada trabalhada por Darwin Núñez eEverton Cebolinha, depois de um mau passe dodefesa dos vila-condenses Santos, momentosantes de André Almeida ter saído de campo (en-trou Gilberto, em estreia), muito queixoso do joe-lho direito, após choque com Carlos Mané.

Surpreendido pela entrada de rompante doadversário e com o golo madrugador sofrido, oconjunto nortenho demorou a reagir à contra-riedade, não conseguindo armar os seus contra-ataques, e passando por vários calafrios sempreque o Benfica acelerava.Um remate do lateral Ivo Pinto, numa incursão a

solo, que o guarda-redes Vlachodimos susteve,com facilidade, foi a única nota de registo do atre-vimento do Rio Ave durante toda a primeira parte,perante um adversário que não demorou aresponder.

Aos 19 e 29 minutos, os lisboetas voltaram aaproveitar a noite desastrada de Santos no eixoda defesa local, e por intermédio de DarwinNúñez e Waldschmidt, chegaram a introduzir abola na baliza do Rio Ave, mas, em ambas as ve-zes, com o VAR a intervir e a anular os lances,por fora de jogo.

Essas decisões ainda deram algum alento aosvila-condense, que até exploraram terrenos maisavançados com trocas de bola interessantes,mas nunca disfarçaram dificuldades no últimopasse, propiciando uma etapa inicial tranquila aVlachodimos.

Ainda assim, o volume de jogo do Benfica erasempre muito mais intenso, e acabou por nãosurpreender, quando, já aos 45+4 minutos,Waldschmidt ‘bisou', concluído, com desvio fácil,um bom trabalho de Darwin Núñez, que fixou o 0-2 ao intervalo.

No regresso do descanso, a toada do jogo nãomudou, com o Benfica a explorar os erros do RioAve, para exercer pressão, deixando um novoaviso aos 52 minutos, em novo remate de DarwinNúñez.

Os vila-condenses tentavam responder, intensi-ficando a velocidade das saídas para o contra-ataque, e, aos 55 minutos, tiveram a sua melhoroportunidade até então, quando Lucas Piazón,desmarcado por Tarantini, surgiu em boa posiçãona área ‘encarnada', mas rematou contra o guar-da-redes Vlachodimos.

Aos 68 minutos, e já depois do técnico da casaMário Silva ter lançado, de uma vez só, Ronan,Pelé e Gelson Dala, foi o Benfica a voltar a ver oVAR intervir e, desta feita, reverter uma grandepenalidade assinalada pelo árbitro João Pinheiro,após falta de Santos sobre Darwin Núñez, mascom o uruguaio a partir em fora de jogo para olance.

Com as alterações efetuadas, e complementa-das com as entradas de Gabrielzinho e Diego Lo-pes, o Rio Ave viveu o seu melhor período nojogo e não fosse, aos 78 minutos, um corte pro-videncial de Gilberto a um remate de Gabrielzi-nho, e teria reduzido e relançado o jogo.

No entanto, ao desperdício dos vila-condenses,respondeu o Benfica com eficácia, chegando aoterceiro golo num remate de Gabriel, após cruza-mento de Pizzi, que acabou por ser a estocadafinal num Rio Ave que não mais conseguiu reagir.

DECLARAÇÕES

- Mário Silva (treinador do Rio Ave): “Sabía-mos que ia ser um jogo difícil, mas, na primeiraparte, não conseguimos lidar com a pressão.Somos uma equipa que gosta de jogar curto, mashá momentos em que temos de saber jogar deoutra forma e hoje tínhamos espaços que não era

para jogar curto. Tentámos corrigir algumascoisas e na segunda parte quisemos melhoraralguma coisa.

Mas, não era uma noite para nós. O sentimentoé de tristeza, porque não conseguimos ter orendimento que desejávamos. Mas, já estamos apensar nos próximos jogos e temos de dar umaresposta coincidente com o que clube e os adep-tos desejam. Num passado recente, fizemoscoisas mais positivas e não pode ser um jogomenos conseguido que nos vai abalar.

Não conseguimos ter o sucesso que desejáva-mos. Perdemos muitas bolas aparentemente fá-ceis, precipitamo-nos e não conseguimos ter aconfiança que tivemos em jogos anteriores.

Hoje, acabou por ser uma noite difícil para nós,que nos serve para percebermos e aprender comesta lição. No futuro, vamos estar mais fortes".

- Jorge Jesus (treinador do Benfica): “Para-béns aos jogadores do Benfica por esta brilhanteexibição.

Sabíamos que esta equipa tinha muita qualida-de quando está em ataque posicional. Os joga-dores do Rio Ave gostam de ter bola. Não têmmedo de ter bola. Vínhamos preparados para asdificuldades que o Rio Ave ia colocar, mas nãodeixámos o Rio Ave disputar o jogo.

Durante os 94 minutos, o Rio Ave não teve umachance de golo, raramente deu um remate à ba-liza. Defensivamente, estivemos muito bem.

O Benfica é uma equipa em fase de aprendiza-gem, de crescimento. E hoje teve períodos aquibrilhantes e outros não tão brilhantes, mas com otempo vão ser melhores.

Dois jogadores que se completam muito bem, oWaldschmidt e o Darwin. Fazem dois em um. Aúnica linguagem que têm é a futebolística, porquefalar é zero. Não se entendem. Mas na linguagemdo futebol sabem-se exprimir no jogo.

A pontuação não quer dizer nada. O FC Portoperdeu cinco pontos em dois jogos, nós tambémpodemos perder. É uma pontuação que não temsignificado nenhum. Mais vale ter cinco à frentedo que cinco atrás, é certo. Mas não tem signifi-cado nenhum.Não sou médico. Não tive ‘feedback’ em relação

à lesão do André Almeida, mas, pela minhaexperiência, parece-me que a lesão será grave.Espero que os exames mostrem que não é nadade grave, mas não me parece”.

Benfica embalado por Waldschmidt venceu Rio Ave e reforçou liderança

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Desportivo

DESPORTO

Local: PortimãoData: 23 a 25 de OutubroPrimeiro Grande Prémio: 2020Comprimento do circuito: 4684 metrosNúmero de voltas: 66Distância de corrida: 306,825 quilómetrosVolta mais rápida: -

Quando é que a pista foi construída?O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) –coloquialmente conhecido por Portimão, homón-imo da cidade da qual está a meia-hora – foiinaugurado no Outono de 2008. A construçãodas infraestruturas permanentes levou apenassete meses e teve um custo de 195 milhões deeuros. Quando é que foi o primeiro Grande Prémio?O circuito de Portimão, tal como Mugello, Itália –outra pista que se estreou no calendário da F1 em 2020 – nunca foi palco deum evento do Campeonato do Mundo deFórmula 1. A pista foi utilizada como palco dos

testes de pré-temporada em 2008-2009. Noentanto, vários dos actuais pilotos na grelha departida – Daniel Ricciardo, Charles Leclerc eValtteri Bottas – tiveram oportunidade de experi-enciar o circuito durante as suas carreirasjuniores. Como é que o circuito?Como o Circuito das Américas em Austin, Texasnos Estados Unidos da América, Portimão é umcircuito moderno com mudanças de elevação notraçado. O desenho de Ricardo Pena do traçadoalgarvio leva os pilotos a subir uma colina e adescer até culminar numa descida acentuada emparabólica para a recta da meta. Porquê ir?A pista e todo o complexo são da mais alta qual-idade e de nível mundial. A pista está na região

do Algarve, região extremamente popular para oturismo. O Algarve é de tal forma popular e atrac-tivo, que o lendário tri-campeão do Mundo de F1,Ayrton Senna, comprou uma casa em Almancil, auma hora de Portimão.

Onde é que é o melhor local para ver?Ver os carros a percorrer a curva Portimão dedois pontos-de-corda (apex), eco da curva AcqueMinerali é verdadeiramente especial. As ban-cadas no fim da recta da meta também sãogarantia de acção, sendo um ponto de ultrapas-sagens garantido. Para quem não pode estar fisi-camente no Autódromo Internacional do Algarve,toda a acção pode ser seguida através do canaldedicado da cadeia desportiva SuperSport daDSTv, canal 215.

Tudo o que precisa saber sobre o GP de Portugal no AlgarveHorário da prova

23 de Outubro (Sexta-feira)Primeira Sessão de Treinos Livres

12:00 - 13:30Segunda Sessão de Treinos Livres

16:00 - 17:30

24 de Outubro (Sábado)Terceira Sessão de Treinos Livres

12:00 - 13:00

Qualificação15:00 - 16:00

25 de Outubro (Domingo)Corrida

15:10 - 17:10