novaespecie de calathea g. mey (marantaceae) para...

4
Hoehnea 29(2): I 15-1 18, 13 rig., 2002 Nova especie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para 0 Brasil Maria das Gra<;as Lapa Wanderley 1,2 e Silvana Vieira I Recebido: 03.12.2001; aceito: 14.05.2002 ABSTRACT - (A new species of Calathea G. Mey (Marantaceae) for Brazil). During the study of Marantaceae for the Phanerogamlc Flora of the Sao Paulo (Brazil), a new species of Marantaceae, Calathea communis Wanderley & S. VieIra was discovered. DescnptlOn, Illustration and comments are included. Key words: Calathea, Marantaceae, flora of Sao Paulo RESUMO - (Nova especie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para 0 Brasil). Durante 0 desenvolvimento da monoorafia de para a Flora Fanerogiimica do Estado de Sao Paulo (Brasil), uma nova especie de Marantaceae, Calathea Wanderley & S. VieIra fOi descoberta. 0 trabalho contem descric;:ao, ilustrac;:ao e comentarios sobre a nova especle. Palavras-chave: Calathea, Marantaceae, flora de Sao Paulo IntrodU';ao Marantaceae possui distribui<;ao nas reglOes tropicais e subtropicais do mundo, porem a grande maioria das especies (80%) concentra-se na regiao tropical americana. Atualmente sao reconhecidos para a famflia 31 generos e cerca de 530 especies (Andersson 1986, Hammel 1986, Kennedy 1978, 1997,2000). Calathea e um genero exclusivamente neotropical, com cerca de 200 a 300 especies, que ocorrem predominantemente em ambientes umidos e sombreados como f1orestas, em geral proximas a cursos d'agua au locais alagaveis (Andersson 1986, Kennedy 1978,2000). o genera Calathea e caracterizado par apresentar sinflorescencia com flores e espatas congestas, com a presen<;a de profilos e intetfilos. A corola juntamente com 0 androceu e parte do gineceu formam um tubo. Os estaminodios sao petaloides e vistosos, sendo 0 externo em geral solitario. 0 ovario e 3-locular com um ovulo por loculo. Durante a prepara<;ao da monografia da famflia Marantaceae para a Flora de Sao Paulo foram enfrentados alguns problemas para identifica<;ao dos taxons. Para 0 genero Calathea foram encontradas 11 especies, sendo uma, ate a momenta, reconhecida como inedita para a ciencia. e Discussao Calathea communis Wanderley & S. Vieira, sp. nov. Figuras lA-M Differt a Calathea zehrina (Sims) Lind!. cui affinis et est: laminis folioribus concoloribus velleviter discoloribus, sed supernis non fasciatis; inflorescentia ellipsoidi, spathae fibrosi, deins rupens ad marginis erectis, quibus promit 5 cimulae. Typus: Brasil, Sao Paulo, Sao Paulo, Reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim BoUinico, M.G.L. Wanderley 294, ll-III-1981 (holotipo SP; isotipo SPF). Ervas perenes 0,5-2,0 malt. Folhas com bainha de 26-70 cm compr., puberula, tricomas mais densos ao longo das margens, base serfcea; pecfolo 2-27 cm, puberulo; pulvino 1,0-5,5 cm, puberulo ou glabro; lamina concolor, completamente verde au face abaxial levemente arroxeada, elfptica, 27,5-59,5 x 11-21 cm, apice agudo, acuminado, base levemente atenuada, puberula na face abaxial. Sinflorescencia terminal , composta par uma unica f1orescencia, elipsoide, 5,5-13,0 x 1,5-5,0 cm. Escapo 22-70 cm compr., densamente setoso, algumas vezes com um filoma espatiforme proximo a base da f1orescencia; espatas monomorfas, ca. 3x3 cm, verdes, passando a castanho-escuras quando secas, obovadas, apice arredondado, puberulas, densamente setosas na I. Instituto de Botanica, Caixa Postal 4005, 0 I061-970 Sao Paulo, SP. Brasil. 2. Autor para conespondencia: [email protected]

Upload: others

Post on 21-Jan-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Novaespecie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para Brasilarquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2015/07/292_T05_20... · 2017-11-24 · espata. Por outro lado, as folhas em C. communis

Hoehnea 29(2): I 15-1 18, 13 rig., 2002

Nova especie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para 0 Brasil

Maria das Gra<;as Lapa Wanderley 1,2 e Silvana Vieira I

Recebido: 03.12.2001; aceito: 14.05.2002

ABSTRACT - (A new species of Calathea G. Mey (Marantaceae) for Brazil). During the study of Marantaceae for thePhanerogamlc Flora of the Sta~e ~f Sao Paulo (Brazil), a new species of Marantaceae, Calathea communis Wanderley &S. VieIra was discovered. DescnptlOn, Illustration and comments are included.Key words: Calathea, Marantaceae, flora of Sao Paulo

RESUMO - (Nova especie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para 0 Brasil). Durante 0 desenvolvimento da monoorafia deMaranta~eae para a Flora Fanerogiimica do Estado de Sao Paulo (Brasil), uma nova especie de Marantaceae, CalatheaCOI~"lunls Wanderley & S. VieIra fOi descoberta. 0 trabalho contem descric;:ao, ilustrac;:ao e comentarios sobre a novaespecle.Palavras-chave: Calathea, Marantaceae, flora de Sao Paulo

IntrodU';ao

Marantaceae possui distribui<;ao nas reglOestropicais e subtropicais do mundo, porem a grandemaioria das especies (80%) concentra-se na regiaotropical americana. Atualmente sao reconhecidos paraa famflia 31 generos e cerca de 530 especies(Andersson 1986, Hammel 1986, Kennedy 1978,1997,2000).

Calathea e um genero exclusivamenteneotropical, com cerca de 200 a 300 especies, queocorrem predominantemente em ambientes umidos esombreados como f1orestas, em geral proximas acursos d'agua au locais alagaveis (Andersson 1986,Kennedy 1978,2000).

o genera Calathea e caracterizado parapresentar sinflorescencia com flores e espatascongestas, com a presen<;a de profilos e intetfilos. Acorola juntamente com 0 androceu e parte do gineceuformam um tubo. Os estaminodios sao petaloides evistosos, sendo 0 externo em geral solitario. 0 ovarioe 3-locular com um ovulo por loculo.

Durante a prepara<;ao da monografia da famfliaMarantaceae para a Flora de Sao Paulo foramenfrentados alguns problemas para identifica<;ao dostaxons. Para 0 genero Calathea foram encontradas11 especies, sendo uma, ate a momenta, reconhecidacomo inedita para a ciencia.

Descri~ao e Discussao

Calathea communis Wanderley & S. Vieira, sp. nov.Figuras lA-M

Differt a Calathea zehrina (Sims) Lind!. cuiaffinis et est: laminis folioribus concoloribus velleviterdiscoloribus, sed supernis non fasciatis; inflorescentiaellipsoidi, spathae fibrosi, deins rupens ad marginiserectis, quibus promit 5 cimulae. Typus: Brasil, SaoPaulo, Sao Paulo, Reserva do Parque Estadual dasFontes do Ipiranga, Jardim BoUinico, M.G.L.Wanderley 294, ll-III-1981 (holotipo SP; isotipo SPF).

Ervas perenes 0,5-2,0 malt. Folhas com bainhade 26-70 cm compr., puberula, tricomas mais densosao longo das margens, base serfcea; pecfolo 2-27 cm,puberulo; pulvino 1,0-5,5 cm, puberulo ou glabro;lamina concolor, completamente verde au face abaxiallevemente arroxeada, elfptica, 27,5-59,5 x 11-21 cm,apice agudo, acuminado, base levemente atenuada,puberula na face abaxial. Sinflorescencia terminal ,composta par uma unica f1orescencia, elipsoide,5,5-13,0 x 1,5-5,0 cm. Escapo 22-70 cm compr.,densamente setoso, algumas vezes com um filomaespatiforme proximo abase da f1orescencia; espatasmonomorfas, ca. 3x3 cm, verdes, passando acastanho-escuras quando secas, obovadas, apicearredondado, puberulas, densamente setosas na

I. Instituto de Botanica, Caixa Postal 4005, 0 I061-970 Sao Paulo, SP. Brasil.2. Autor para conespondencia: [email protected]

Page 2: Novaespecie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para Brasilarquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2015/07/292_T05_20... · 2017-11-24 · espata. Por outro lado, as folhas em C. communis

116 Hoehnea 29(2), 2002

~[

A ~[

~[

~[F

Figuras lA-M. Calathea communis Wanderley & S. Vieira. A. Habito. B. Sinflorescencia composta por uma unica florescencia mostrandodetalhes do indumento da espata e uma espata vazia abaixo. C. Espata integra em vista dorsal. D. Profilo em vista dorsal. E. Interfilo emvista ventral. F. Bracteola em vista dorsal. G. Sepala em vista dorsal. H. Flor aberta. I. Tubo formado pela corola, androceu e parte dogineceu. 1. Detal\le do androceu, mostrando os tres estamin6dios e 0 estame fertil. K. Estamin6dio extemo. L. Estamin6dio calosomostrando ruga lateral. M. Corte transversal do oviirio mostrando I 6vulo por 16culo.

Page 3: Novaespecie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para Brasilarquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2015/07/292_T05_20... · 2017-11-24 · espata. Por outro lado, as folhas em C. communis

M.G.L. Wanderley. S. Vieira: Uma nova especie de Cala/llea para 0 Brasil 117

porc;ao basal margens eretas ou as vezes onduladase mais escuras, rompendo-se a medida queenvelhecem, sustentando 5 cfmulas; profile2-3-carenado, elfptico a ovado, 2,0-2,6 x 1,0-1,5 cm,com carenas membramiceas, esparsamente puberulo;interfilo elfptico a ovado, concavo, 1,0-2,3 x 0,8-1,0 cm,membrallaceo, esparsamente puberulo; bracteola 1por f1or, carenada, lanceolada, assimetrica, 1,6-2,0 x0,2-0,4 cm, glabra, com apice mais escuro. Floresbrancas arroxeadas ou amarelo-palidas, tomando-seacinzentadas ap6s a polinizac;ao, ca. 3 cm compr.;sepalas elfptico-Ianceoladas 1,9 x 0,4 cm, concavas,supelffcie abaxial com tlicomas diminutos, mais longasou do mesmo tamanho do tubo da corola; tubo dacorola 2-3 cm compr., parcialmente unido na base como androceu e gineceu, glabro, lobos da corola elfpticos,0,8-1,0 cm compr.; estamin6dios 3, sendo um noverticilo extemo, obovado, emarginado, 0,6-0,7 cm;estamin6dio caloso obovado a oblongo, 1,0-1,4 x0,5-0,8 cm, com dois calos laterais rugosos, lobopetal6ide ca. 0,5 cm; estamin6dio cuculado 0,9 cm,apendice pr6ximo ao apice ca. 0,2 cm, com margensinvolutas; estame fertil ca. 0,4 cm, com apelldicepetal6ide; ovario globoso, glabro ou puberulo, ca 0,3cm. Fruto 0,8-1,0 x 0,5-0,6 cm, trfgono, glabro, comsepalas persistentes; sementes trigonais, rugosas,0,5-0,7 x 0,3-0,4 cm arilo 0,2-0,3 cm, em geral apenasduas sementes desenvolvidas, excepcionalmente tres.

Paratipos: RIo DE JANEIRO: Angra dos Reis, XI-1993,D. Santin et al. 29975 (VEC). SAo PAULO: Aruja,1-1991, G. Hashimoto (HGH 21038). Ban'a do Turvo,II-1995, J.P. Souza et al. 91 (SP). Biritiba Mirim,II-1984, A. Custodio Filho 2222 (SP); II-1984,A. Custodio Filho 2253 (SP); II-1984, A. CustodioFilho 2256 (SP); II-1984, A. Custodio Filho 2239 (SP);II-1984, A. Custodio Filho 2225 (SP). Cananeia,XII-1987, M. Kirizawa 1985 (SP); X-1982, e.FS.Muniz 439 (SP); 1-1982, M. Kirizawa et al. 676 (SP);XII-1990, F de Ban'os 2023 (SP); XI-1974,J. Luatto16163 (SP). Caraguatatuba, XII-2000, S. Vieira 58et al. (SPF). Cubatao, XII-1987, S. Pompeia(SP 252161). Cunha, II-1981, M.G.L. Wanderley 268(SP). Iguape, XII-1981, W.H. Stubblebine(VEC 31980). Iporanga, 1-1994, K.D. Barreto et al.1864 (SP). Itanhaem, 1-1940, G. Hashimoto (HGH21058). Perufbe, II-2000, S. Vieira & Y.S. Oliveira44(SP). Ribeirao Grande, II-2000, S. Vieira & RJ.FGarcia 37 (SP); II-2000, S. Vieira & RJ.F Garcia 31(SP); II-2000, S. Vieira & R.J.F Garcia 32 (SP);II-2000, S. Vieira & R.J.F Garcia 33 (SP); II-2000,

S. Vieira & R.lF Garcia 34 (SP); II-2000, S. Vieiraet al. 21 (SP); II-2000, S. Vieira et al. 28 (SP); II-2000,S. Vieira et al. 29 (SP). Sao Miguel Arcanjo, 1-1978,G. T Prance et al. 6884 (VEC). Sao Paulo, III-2000,S. Vieira & RJ.F Garcia 52 (SP); 1-1943, L. Rotts375 (SP); X-1979, M.G.L. Wanderley 144 (SP);XII-1996, M. Groppo Jr. 246 (SPF); X-1995,M. Groppo Jr. 70 (SPF); III-2000, S. Vieira & RJ.FGarcia 53 (SP); VII-1979, M.G.L. Wanderley &A. Custodio Filho 115 (SP); 1II-1981, M.G.L.Wanderley 295 (SP); III-1981, M.G.L. Wanderley 293(SP); XI-1980, N.A. Rosa & lM. Pires 3845 (SP);XII-1935, Fe. Hoehne (SP 332034); 1-1996, 1.Cordeiro 1627 (SP); XI-1979, M.G.L. Wanderley 146(SP); 1-1999, L.e.Q.M. Sampaio et al. 143 (PMSP);1-1999, P. Afonso et al. 316 (PMSP); 1-1932,FC. Hoehne (SP 28716); II-1995, RJ.F Garcia et al.551 (SP). Santo Andre, 1-2000, S. Vieira et al. 15 (SP);1-2000, M.G.L. Wanderley 2325 (SP); 1-2000, S. Vieiraet al. 17 (SP); 1-2000, S. Vieira et al. 19 (SP). Santos,XI-1935, H. Luederwaldt (SP 11104); III-1984,A. Custodio Filho 2314 (SP); VII-1984, TP. Guerra& M. Kirizawa 83 (SP); III-1986, TP. Guerra &M. Kirizawa (SP 249143); II-1984, M. Kirizawa et al.1165 (SP); III-1985, M. Kirizawa 1413 (SP); 1-1907,A. Usteri (SP 11113). Tapiraf, 1-1995, L.e. Bemacciet al. 952 (SP). Ubatuba, XI-1998, S. Vieira et al. 03(SP); XI-1998, S. Vieira et al. 01 (SP); S. Vieira 37(SP); S. Vieira 16 (SP); K.D. Barreto 1864 (SP);E.L.M. Catharino 682 (SP); D.M. Silva, 22631 (UBC);II-1996, H.F Leitao Filho et al. 34669 (SP); XI-1988,A. Furlan et al. 586 (HRCB); X-1996, Y.L.R Uliana(HRCB); XI-1993, M. Sanchez et al. 29974 (UBC);XI-1993,E. Martins etal. 29388 (UBC, SP); XII-1996,Y.L.R Uliana (SP 332034). PARANA.: Morretes, 1-2000,e. Kozera & M. Borgo 1372 (UPCB). SANTACATARI A: Brusque, III-1948 R Reitz 2159 (HBR).Palhoc;a, 1-1956, R Reitz & RM. Klein 2436 (HBR).Lauro MUller, XII-1958, R Reitz & RM. Klein 8100(HBR). Rio do SuI, XII-1958, R. Reitz 6090 (HBR).Sao Francisco do SuI, XII-1957, R Reitz & RM. Klein5734 (HBR).

Distribuic;ao e habitat: ocorre no sui e sudeste doBrasil, desde 0 Rio de Janeiro ate Santa Catarina.Comum na f10resta atlantica, em ambientes umidos esombreados, pr6ximos a cursos d' agua ou em locaisalagaveis.

Calathea communis pode ~er reconhecida pelasespatas com nervuras conspfcuas, com consistenciafibrosa e laceradas a medida que envelhecem,

Page 4: Novaespecie de Calathea G. Mey (Marantaceae) para Brasilarquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2015/07/292_T05_20... · 2017-11-24 · espata. Por outro lado, as folhas em C. communis

118 Hoehnea 29(2), 2002

formando uma massa desorganizada de fibras.Trata-se de uma especie polimorfa com grande

varia9ao em rela9ao aaltura da planta, tamanho dalamina e do pecfolo. As flores, que variam de brancas,arroxeadas ou amarelo-palidas, tomam-se acinzen­tadas apos a poliniza9ao.

Calathea communis, assim como outras especiesdo genero, apresenta-se com as folhas einflorescencias enegrescidas nas exsicatas deherbario, provavelmente pela presen9a de substanciastanfferas.

Observou-se em alguns indivfduos a presen9a deurn filoma vazio semelhante a uma espata, logo abaixoda f10rescencia (figura lB), possivelmente urn vestfgiode uma ramifica9ao (co-f1orescencia) naodesenvolvida, caracterfstica tambern observada emoutras especies do genero que, no entanto, portamf1ores. Urn padrao de inflorescencia mais ramificadoe observado em especies nao brasileiras de Calathea,com uma sinflorescencia formada por variasf10rescencias (f1orescencia principal e co-flores­cencias). Este fato refor9a a hipotese de que houveno genero a redu9ao do padrao muito ramificado parauma sinflorescencia reduzida (com uma sofJorescencia), como representado em Calatheacommunis e nas demais especies deste generoocorrentes no estado de Sao Paulo.

Calathea communis, segundo a classifica9aOproposta por Schumann (1902), enquadra-se nosubgenero Pseudophrynium pela presen9a denumerosas bracteas espiraJadas e na serieNudiscapae peJa presen9a de escapo afilo. Estaespecie e morfologicamente semelhante a Calatheazebrina (Sims.) Lindl., da qual difere peJa colora9aOdas folhas, morfoJogia da inflorescencia, morfologia econsistencia das espatas e numero de cfmulas.C. zebrina possui foJhas variegadas, superffcie adaxialcom faixas que variam do vinho, passando pelo verdeescuro ao verde mais claro e superffcie abaxialvinacea. A inflorescencia e gJobosa, as espatas saomais ou menos camosas e largo-ovais com nftidaondula9ao das margens e possuem tres cfmulas porespata. Por outro lado, as folhas em C. communissao freqUentemente concolores, nunca apresentadofaixas conspfcuas na face adaxial. A inflorescencia e

el ipsoide com espatas obovadas, coriaceas e laceradasquando velhas, com margens eretas ou levementeonduladas e cinco cfmulas por espata.

Outra especie vegetativamente semelhante aCalathea communis e c. iatimae H.A. Kenn. &I.M.A. Braga, cujas sinflorescencias sao subtendidaspor uma folha, sendo esta ausente em C. communis.

o epfteto especffico foi escolhido por se tratarde uma taxon muito comum nos locais de ocorrencia,especial mente no estado de Sao Paulo. PelafreqUencia na sua area de ocorrencia, esta especievern sendo identificada por diferentes epftetos,inclusive como C. camorimana, nome de herbarioindicado por Helen Kennedy, mas entretanto semnunca ter sido publicada.

Agradecimentos

A FAPESP pelo apoio ao projeto FloraFanerogamica do Estado de Sao Paulo, possibilitandoa execu9aO do presente trabalho (processo FAPESP95/04215-1). As ilustradoras botanicas Rita de CassiaPrando e Emiko Naruto pela confec9ao e arte finaldos desenhos. Ao Instituto de Botanica pelo estagioda segunda autora, local de desenvolvimento dopresente trabalho.

Literatura citada

Andersson, L. 1986. Revision of Maranta subgenusMarama (Marantaceae). Nordic Journal of Botany 6:729-756.

Hammel, RE. 1986. The vascular flora ofLa Selva BiologicalStation, Costa Rica. Marantaceae. Selbyana 9: 234-242.

Kennedy, H. 1978. Systematics and pollination of the"closed-flowered" species of Calathea (Marantaceae).University of Califomi a Publications in Botany 71: 1-90.

Kennedy, H. 1997. New species of Calathea (Marantaceae)endemic to Costa Rica. Canadian Journal of Botany75: 1356-1362.

Kennedy, H. 2000. Diversification in pollination mechanismsin the Marantaceae. In: K.L. Wilson & D.A. Morrisson(eds.), Monocots - Systematics and evolution. CSIRO,Melbourne, pp. 335-343.

Schumann, K.M. 1902. Marantaceae. In: A. Engler (ed.).Das Pflanzenreich. Wilhelm Engelmann, Leipzig. v. 4 (48),pp. 1-148.