notas sobre dados para a gestão do programa estadual de ... · 12/5/2015 · - coletar dados sobre...
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UNICAMP - Fóruns Permanentes – Perspectivas do governo eletrônico: desafios
para o aprimoramento da administração pública e das relações governo-sociedade
Limeira, 12/05/2015
Ramon Santoro Leonardi - Especialista em Políticas Públicas
Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (DETRAN-SP)
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Notas sobre dados para a gestão do
Programa Estadual de Segurança Viária de
São Paulo (2015-2025)
19/05/2015: 1ª Revisão – Rascunho
11/05/2015: 1ª Versão – Rascunho. Este artigo foi escrito para ser apresentado no Fórum
Permanente da UNICAMP - Perspectivas do Governo eletrônico: desafios para o
aprimoramento - 12/05/2015 - Limeira/SP
Seja qual for o tema, dados e informações compõem a matéria prima fundamental
para uma gestão de políticas publicas que busque resultados, ou seja, são essenciais para a
formulação, o acompanhamento da execução e a avaliação de seus efeitos. Portanto, a relação
entre “dados e informações” e “gestão da politica de segurança viária” não poderia ser diferente
da indispensabilidade.
No Brasil, apesar do elevado número de mortes causadas por acidentes de trânsito
- mais de 40.000 por ano - o tema segurança viária raramente ocupa uma posição
proeminente nas agendas políticas, independente do nível federativo analisado (nacional,
estadual, municipal). Contudo, recentemente é possível verificar uma tendência de ampliação
do destaque dado ao tema.
Parte dessa tendência é explicada pela relação do Brasil com o contexto
internacional de enfrentamento do problema. Acidentes de trânsito matam anualmente mais de
um milhão de pessoas em todo o mundo. Além disso, há uma tendência de crescimento do
número anual de mortes e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se nada for feito,
as mortes no trânsito serão a quinta principal causa de morte em 2030 (2013, p. vii). Foi diante
desse grave cenário e de prognósticos pouco otimistas que a Organização das Nações Unidas
declarou em assembleia que o período de 2011-2020 seria encarado como a Década de Ação
pela Segurança no Trânsito (Resolução da Assembleia Geral, 64/255 de 10 de maio de 2010).
O Brasil, além de ser um dos países signatários da resolução 64/255, sediará em novembro de
2015 a Segunda Conferência de Alto Nível Global sobre Segurança no Trânsito, em que será
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feito o balanço intermediário das ações da década, portanto; portanto a política nacional de
segurança estará no centro das atenções (Brasil, 2015).
Dentre o conjunto de ações planejadas e executadas durante a Década de Ação pela
Segurança no Trânsito pelos organismos internacionais, a OMS passou a elaborar e disseminar
uma série de relatórios e manuais de apoio aos técnicos e tomadores de decisão envolvidos no
enfrentamento do problema. Um dos principais manuais aborda justamente a coleta e o
aperfeiçoamento de dados para a gestão da segurança viária. De acordo com a OMS,
dados confiáveis e precisos também são necessários para identificar
corretamente problemas, fatores de risco e áreas prioritárias, e para formular
estratégias, definir metas e monitorar o desempenho. O diagnóstico e a gestão
dos principais problemas relacionados a acidentes de trânsito devem ser
continuados e baseados em dados reais, de maneira que ações adequadas sejam
tomadas e os recursos sejam alocados apropriadamente. Sem isso, é impossível
haver uma redução significativa e sustentável tanto do nível de exposição da
população ao risco de acidentes quanto da gravidade dos mesmos
(Organização Mundial da Saúde, 2012, p. viii).
No Estado de São Paulo, o tema da segurança viária repercutiu de maneira difusa e
não homogênea durante a primeira metade da década de ação. Contudo, recentemente foi
dado um passo importantíssimo em direção à coordenação de esforços entre diferentes órgãos e
agências do governo, com o objetivo da redução do número de mortos e feridos no trânsito: a
promulgação do Decreto 61.138 de 26 de fevereiro de 2015, que “Institui Grupo de Trabalho
para proceder à elaboração de Programa de Segurança Viária e dá providências” (São Paulo,
2015, caput). A criação de um grupo de trabalho intersetorial para a elaboração de um
Programa de Segurança Viária estadual reflete um amplo crescimento da importância do tema
na agenda governamental, ao passo que torna clara a influência da declaração da ONU na
agenda paulista, mencionando-a logo em suas considerações iniciais.
O texto do decreto paulista, por si só, permitiu um avanço essencial para o
enfrentamento do problema, ao aproximar órgãos estratégicos, como
I - a Secretaria de Governo, a quem caberá a coordenação dos trabalhos;
II - a Secretaria da Educação;
III - a Secretaria da Saúde;
IV - a Secretaria da Segurança Pública;
V - a Secretaria de Logística e Transportes;
VI - a Secretaria de Planejamento e Gestão, por meio do Departamento
Estadual de Trânsito - DETRAN;
VII - a Secretaria dos Transportes Metropolitanos;
VIII - a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
(id., ibid., Art. 2º)
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Além disso, o decreto definiu parâmetros mínimos, mas abrangentes, para a
confecção do plano, determinando ao grupo de trabalho instituído a missão de elaborar
propostas sobre:
1. metas de redução de óbitos e feridos em decorrência de acidentes de
trânsito e respectivas análises;
2. pilares de atuação;
3. desenho de fluxo e mapeamento de melhorias da segurança viária;
4. modelo de gestão da segurança viária;
5. parceiros apoiadores do Programa;
6. definição de plano de ação para os próximos 10 (dez) anos.
(São Paulo, Decreto 61.138/2015, Art. 1º, Parágrafo único)
O decreto ainda conta com o intrigante artigo 4º, que estipula um prazo deveras
otimista para a elaboração de um plano decenal: 90 dias a partir da promulgação do decreto, ou
seja, a elaboração de um plano a ser publicado até 27/05/2015. Por mais inadequado que possa
parecer, o efeito do estabelecimento de um prazo aparentemente curtíssimo só poderá ser
realmente avaliado após a divulgação do próprio plano.
Dados para a gestão da Segurança Viária no Estado de São
Paulo
Desde 2003, no Estado de São Paulo morrem anualmente mais de 7.000 pessoas
em decorrência de acidentes de trânsito, segundo dados do Ministério da Saúde1 (Brasil,
2015b). Contudo, apesar da gravidade do impacto social, não existe atualmente em São Paulo,
no nível estadual, um sistema de dados de segurança viária, assim como não há uma agência ou
órgão publico dedicado exclusivamente à questão. Na prática, a segurança viária é tratada
setorialmente, cada órgão trabalhando de maneira compartimentada, restringindo-se a sua
jurisdição e a suas atribuições legais, sem grandes articulações multissetoriais ou ações conjuntas
coordenadas.
Portanto, não é possível afirmar que em São Paulo não existem de dados úteis para
o estabelecimento de uma política ou de um sistema de segurança viária. Há, na verdade, uma
grande quantidade de informação, porém fragmentada entre diferentes órgãos e sistemas
concebidos para finalidades específicas de seus respectivos órgãos, nenhum cuja finalidade
principal seja segurança viária.
1 Considerando-se os Óbitos de Residentes no Estado de São Paulo, cuja causa básica foi codificada entre V01-
89, pela Classificação internacional de Doenças (CID 10).
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Sistemas de dados de trânsito, capazes de proporcionar condições adequadas para
formulação, execução e avaliação de resultados de políticas publicas de segurança viária, devem
atender a quatro requisitos mínimos, tal como sugerido na publicação da OMS, Sistemas de
dados: um manual de segurança viária para gestores e profissionais da área (2012):
- coletar dados sobre a maioria dos acidentes fatais e de uma proporção
significativa dos acidentes causadores de lesões graves;
- fornecer detalhes sobre o veículo, o usuário e do ambiente de trânsito para
auxiliar no processo de identificação das causas e das medidas corretivas
necessárias;
- incluir informações precisas sobre a localização exata do acidente;
- fornecer resultados confiáveis que subsidiem a tomada de decisão baseada
em evidências concretas. (p. 7)
Neste sentido, os órgãos públicos estaduais capazes de produzir e fornecer as
informações necessárias para atender aos requisitos da OMS estão distribuídos por cinco
secretarias: Gestão Pública e Planejamento; Governo; Logística e Transporte; Saúde; e
Segurança Pública. Estas abrigam órgãos como: Instituto Médico Legal (IML); Instituto de
Criminalística; Corpo de Bombeiros; Diretoria de Telemática da Policia Militar; Polícia Militar
Rodoviária; Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (DETRAN-SP); Agência
Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte de Estado de São Paulo (ARTESP);
Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de São Paulo (DER); e o Centro de
Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde. Confira o organograma na figura 1 abaixo,
para verificar a relação de subordinação entre os órgãos e secretarias.
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Figura 1 - Organograma das secretarias e órgãos públicos do Estado de São Paulo, produtores
de dados fundamentais para politicas de segurança viária.
O DETRAN-SP possui desde 2013 um órgão de assessoria ligado ao gabinete da
presidência chamado Observatório, cuja função principal é consolidar dados e gerar análises
que sirvam de subsídios para a formulação e avaliação de políticas públicas na área de trânsito.
Desde sua criação o Observatório estuda as possibilidades da integração de dados de diferentes
órgãos com o objetivo de compor um sistema de segurança viária (Oka; Sanda; Santoro
Leonardi, 2014). Até o presente momento, as análises do observatório permitem detalhar os
sistemas de seis dos órgãos detentores de dados úteis à segurança viária. O quadro 1 abaixo
sintetiza as características dos sistemas de seus respectivos órgãos, quanto a suas finalidades de
criação e às informações relativas a acidentes, bem como pessoas e veículos neles envolvidos, tal
como levantado pelo Observatório do DETRAN-SP
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Quadro 1 - Órgãos públicos e seus respectivos sistemas de dados, segundo finalidade de
desenvolvimento e informações de acidentes, pessoas e veículos neles envolvidos
Órgão Sistemas Finalidade Acidentes Pessoas Veículos
Polícia Civil (1) Registro Digital de
Ocorrência (RDO); (2)
Infocrim
Relatório de
ocorrência
policial
Condição de
luminosidade;
endereço da
ocorrência; data e
hora; descrição do
evento
Histórico
criminal; endereço
de residência;
detalhes
biográficos;
envolvimento no
acidente;
informações sobre
o motorista
Identificação;
características do
modelo; seguro
Diretoria de
Telemática da
Polícia Militar
Sistema de Informações
Operacionais da Polícia
Militar
(SIOPM)
Despacho de
viaturas para
atendimento
ocorrências de
emergência
Coleta de dados
no local da
ocorrência;
condições do local
de ocorrência;
localização da
ocorrência; data e
hora
Informações
básicas do estado
de saúde;
envolvimento;
informações sobre
o motorista
Identificação;
características do
modelo;
Comando do
Corpo de
Bombeiros
Sistema de Informações
Operacionais da Polícia
Militar (SIOPM) - Módulo
de ocorrências do Corpo de
Bombeiros
Despacho de
viaturas para
atendimento
ocorrências de
emergência;
Prevenção de
acidentes em
geral
Coleta de dados
no local da
ocorrência;
condições do local
de ocorrência;
localização da
ocorrência; data e
hora
Informações
básicas do estado
de saúde;
envolvimento;
informações sobre
o motorista; uso
de equipamento
de segurança
Identificação;
características do
modelo; danos;
avaliação de
condição; detalhes
do licenciamento;
seguro
Comando de
Policiamento
Rodoviário
Sistema de Informações
Operacionais da Polícia
Militar (SIOPM) - Módulo
de ocorrências da Polícia
Militar Rodoviária
Despacho de
viaturas para
atendimento
ocorrências de
emergência;
fornecimento de
dados para análise
de segurança nas
rodovias estaduais
Coleta de dados
no local da
ocorrência;
condições do local
de ocorrência;
localização da
ocorrência; data e
hora; croqui
detalhado
Informações
básicas do estado
de saúde;
envolvimento;
informações sobre
o motorista; uso
de equipamento
de segurança
Identificação;
características do
modelo; danos;
avaliação de
condição; detalhes
do licenciamento;
seguro
Departamento
Estadual de
Trânsito de
São Paulo
(DETRAN-
SP)
Sistemas estaduais de:
Registro Nacional de
Veículos Automotores
(RENAVAM), Registro
Nacional de Carteiras de
Habilitação (RENACH),
Registro Nacional de
Infrações (RENAINF)
Gestão de
registros; emissão
de documentos
Não coleta dados
sobre acidentes de
trânsito
Informação dos
condutores;
Histórico de
infrações
Identificação do
modelo;
Características do
modelo; detalhes
do licenciamento;
histórico de
infrações
Centro de
Informações
Estratégicas em
Vigilância em
Saúde
Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM)
Finalidades legais,
documentais e
epidemiológicas
ligadas ao evento
óbito
Endereço do local
e data e hora de
falecimento (não
da ocorrência em
si); modais
envolvidos;
Endereço de
residência;
envolvimento no
acidente (não
detalhado);
detalhes
biográficos;
sequência causal
do óbito
Não coleta dados
de veículos
Fonte: DETRAN/SP. Observatório
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A partir da leitura do quadro acima é possível verificar a viabilidade de extração de
informações valiosas, ou seja, localizar espacialmente os acidentes, contabilizar mortos e feridos
graves, identificar municípios ou regiões criticas, analisar os perfis das vítimas mais frequentes,
dentre tantas outras possibilidades.
O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é ligado ao Sistema Único de
Saúde (SUS) e, portanto, alimentado por todos os entes da federação; a partir de seus dados é
possível calcular o índice de mortalidade no trânsito por 100.000 habitantes para os municípios
de todo o Brasil. O exemplo abaixo é uma implementação de mapa interativo do Google
Maps, alimentados por dados do SIM sobre vítimas fatais de acidentes de transportes terrestres
(V01-89, CID10) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as
populações municipais. O mapa interativo exibe os índices de mortalidade por 100.000
habitantes residentes nos municípios com população acima de 50.000.
Figura 2: Taxa de óbitos de vítimas de acidentes de trânsito por 100.000 habitantes, segundo os
Municípios do Estado de São Paulo com populações maiores de 50.0002.
Uma característica importante dos dados do SIM é a possibilidade de download da
base de dados desidentificados em sua completude, sem agregação dos registros. Isso permite a
realização de análise multivariáveis, ou seja, a execução de análises básicas para a construção dos
2 Fonte: Sim/SUS; IBGE. Considera óbitos por local de residência codificados pelo SIM entre V01-89, segundo
a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), ocorridos em 2012. Considera a população estimada pelo
IBGE para o ano de 2012. Dados disponíveis via Google Fusion Table:
https://www.google.com/fusiontables/DataSource?docid=10Rb_Wn5YfSbOa8ykhsAN8aGOg8b1yo3YOk5Hu
3KJ . Confira mapa interativo em:
https://www.google.com/fusiontables/embedviz?q=select+col5+from+10Rb_Wn5YfSbOa8ykhsAN8aGOg8b1
yo3YOk5Hu3KJ&viz=MAP&h=false&lat=-22.872675699932028&lng=-
47.6954394453125&t=1&z=7&l=col5&y=3&tmplt=4&hml=KML
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perfis das vítimas fatais. Na tabela abaixo, usada como exemplo, é examinada a distribuição dos
casos segundo variáveis como escolaridade, sexo e faixa etária.
Tabela 1 - Vítimas fatais de acidentes de transportes terrestres, por escolaridade e sexo,
segundo faixa etária - 2012 - Estado de São Paulo.
Faixa etária
Escolaridade / Sexo
Nenhuma 01-03 04-07 08-11 12 ou mais s/i s/i Total
F M F M F M F M F M F M
Menor que 1 ano
8 13
21
01-05
1
32 32
65
06-10 4 10 11 27 4 5
11 13
85
11-15
1 1 13 20 56 9 8
1 18 25
152
16-20
8 27 38 185 60 245 13 22 35 141
774
21-30 1 5 14 59 44 371 87 613 52 105 83 410
1.844
31-40 1 14 18 96 50 305 60 311 23 101 58 386
1.423
41-50 3 25 22 135 47 248 34 165 18 53 57 313
1.120
51-60 8 13 25 98 40 184 17 117 8 40 56 245
851
61-70 8 18 25 74 29 105 10 52 12 20 45 131 2 531
Maior que 70 30 32 53 82 47 97 10 29 5 7 53 115 1 561
Sem informação
1
8 90 3 102
Total 55 120 177 611 319 1.556 287 1.540 131 349 464 1.914 6 7.529
Fonte: SIM/SUS
Nota-se que das vítimas fatais de acidentes de transporte terrestre residentes em
São Paulo, sobre as quais há informação disponível sobre escolaridade, 62,5% (3.216 / 5.144)
são homens entre 16-60 anos, cuja escolaridade varia de “nenhuma” até “11 anos de
escolaridade” (ensino médio incompleto). Essa informação é extremamente relevante, por
exemplo, para subsidiar campanhas de comunicação e confecção de material informativo.
Outro exemplo de análise imprescindível para políticas públicas de segurança viária
é a localização espacial dos acidentes, pois é a partir dela que se identificam os locais onde
ocorrem os acidentes e localizam-se os pontos críticos, ou seja, locais onde há maior
probabilidade de ocorrência de óbitos e ferimentos graves. A partir dos dados registrados pelo
resgate do Corpo de Bombeiros é possível produzir mapas de concentração de pontos ou de
“manchas de calor”. O exemplo abaixo apresenta as duas formas de visualização para os
acidentes de transito ocorridos no ano de 2013 no município de Limeira/SP. No primeiro
deles é possível verificar a concentração de acidentes com os diferentes tipos de modais:
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automóveis, motocicletas, bicicletas, veículos pesados, ônibus e pedestres. Nos outros mapas
seguintes é possível visualizar manchas de calor onde ocorrem as maiores concentrações de
acidentes, primeiramente com motocicletas (mais ocorrências, cores mais acentuadas) e, na
sequência, acidentes envolvendo pedestres (menos ocorrências, cores menos acentuadas).
Figura 3: Localização dos acidentes de trânsitos com vítimas atendidos pelo Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo – Mapa de Pontos - Limeira/SP – 20133
Figura 4: Localização dos acidentes de trânsitos com vítimas atendidos pelo Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, envolvendo motocicletas – Mapa de Calor - Limeira/SP
– 20134
3 Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Dados disponíveis via Google Fusion Table:
https://www.google.com/fusiontables/DataSource?docid=1ylrZio3_6W3o923cvvnjhlGko4IK0r4o-dvpT-1L .
Confira mapa interativo em: https://goo.gl/9mkGqx 4 Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Dados disponíveis via Google Fusion Table:
https://www.google.com/fusiontables/DataSource?docid=1ylrZio3_6W3o923cvvnjhlGko4IK0r4o-dvpT-1L
Confira mapa interativo em: https://goo.gl/0UnsNf
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Figura 5: Localização dos acidentes de trânsitos com vítimas atendidos pelo Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, envolvendo pedestres – Mapa de Calor - Limeira/SP –
20135
Apesar da importância, da alta qualidade e da relevância das analises que esses dados
possibilitam realizar, a não integração dos dados entre os sistemas deixa algumas lacunas. Por
um lado, o SIM registra todo o tipo de morte, seja por causa natural ou externa; mas, dentre as
causas externas registradas, há um percentual de mortes mal codificadas ou codificadas de forma
imprecisa. Portanto, algumas mortes no trânsito são registradas no SIM com códigos
“genéricos” para causas externas ou acidentes sem detalhamento de modal ou circunstância;
isso se deve ao fato de que, entre a ocorrência do acidente até a análise do óbito, a informação
sobre o evento causador foi perdida de alguma forma. Por outro lado, o Corpo de Bombeiros
não possui informações precisas sobre quais acidentes realmente geraram vitimas fatais, já que
não possuem um sistema com interface para o recebimento de dados hospitalares ou mesmo
diretamente do SIM. Portanto, geralmente, a maioria dos acidentes registrada pelo Corpo de
Bombeiros lista vítimas cujos ferimentos são classificados entre leves ou graves, dificilmente
registrando-se óbitos, a não ser por aqueles óbitos que ocorreram já no local do acidente, ou
por ventura, durante a remoção das vítimas. Uma vez que não há acompanhamento sistemático
da evolução das condições de saúde das pessoas resgatadas e encaminhadas a hospitais, as vitimas
resgatadas pelo corpo de bombeiros que eventualmente morrem durante o tratamento,
dificilmente são registradas como vítimas fatais.
O cruzamento das informações do SIM e do Corpo de Bombeiros pode preencher
em grande medida as lacunas de ambos os sistemas de informação. Por um lado o SIM se
tornaria mais preciso no detalhamento de óbitos de pessoas que foram resgatadas pelo Corpo de
5 Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Dados disponíveis via Google Fusion Table:
https://www.google.com/fusiontables/DataSource?docid=1ylrZio3_6W3o923cvvnjhlGko4IK0r4o-dvpT-1L .
Confira mapa interativo em: https://goo.gl/aIzuYd
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Bombeiros, ao passo que o Corpo de Bombeiros aperfeiçoaria suas informações sobre a eficácia
do sistema de resgate, bem como poderia fornecer informações extremamente precisas sobre a
ocorrência de acidentes fatais em geral. Com efeito, tal cruzamento de dados não beneficiaria
apenas a tomada de decisão em politicas de segurança viária, mas sim, quaisquer análises cujo
objeto fosse acidentes ou violências em geral.
O principal desafio nesse tipo de estudo, que envolve combinação de registros de
diferentes sistemas, é a necessidade do uso de técnicas avançadas de pareamento de registros
(linkage), uma vez que não há campo identificador comum entre as bases de dados. O SIM não
registra número de documentos de identificação, como carteira de identidade (RG), Cadastro
nacional de pessoa física (CPF) ou carteira nacional de habilitação (CNH), tal como são
registrados pelas autoridades policiais. Assim, torna-se fundamental a capacidade de comparar
de modo informalizado aqueles campos de identificação menos precisos, como “nome” e
“nome da mãe”, bem como informações biográficas, como data de nascimento, data de óbito,
local de residência. Com efeito, é importante ressaltar a necessidade de se manter uma equipe
dedicada, altamente capacitada e com profundos conhecimentos dos bancos de dados, já que
pareamentos requerem modelagem de dados e cruzamentos banco a banco.
Após um eventual pareamento entre dados do SIM e do Corpo de Bombeiros,
dados de outros sistemas podem ir sendo gradualmente incluídos nos estudos de pareamento,
aumentando ainda mais a qualidade da informação. Nesse sentido, uma vez que alterações nos
sistemas e bancos de dados dos órgãos são previsíveis, conforme aumenta o número de sistemas
manipulados, torna-se mais evidente a necessidade de capacitação contínua e do domínio dos
processos de pareamento pela equipe permanente.
Possibilidades da gestão da segurança viária no Estado de
São Paulo
O aprimoramento da qualidade das informações sobre segurança viária que os
órgãos estaduais já detêm significaria um avanço e ampliaria as capacidades desses órgãos em
formular, monitorar e avaliar políticas públicas nesse tema. No entanto, independente do
movimento de melhoria constante da qualidade e da disponibilidade de dados para a realização
de políticas de segurança viária, as linhas de ação que produzem resultados em termos de
redução no número de vítimas graves e fatais são amplamente conhecidas e estão registradas na
literatura. Os principais fatores de riscos que levam a acidentes com feridos e vítimas fatais no
mundo todo são conhecidos: dirigir em alta velocidade, dirigir sob o efeito de álcool, não usar
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o capacete em motocicletas, não usar cinto de segurança; e não usar de dispositivos de
contenção infantil (“cadeirinha”) (Organização Mundial da Saúde, 2013, p. 23).
Recomendações sobre as formas de abordar o problema, bem como fatores críticos
de sucesso também são conhecidas. A OMS lista cinco pilares fundamentais para orientar a ação
dos governos nacionais: (1) Gestão da segurança do trânsito; (2) Infraestrutura mais segura e
mobilidade; (3) Veículos mais seguros; (4) Usuários mais seguros; e (5) Atendimento às vítimas
(p. 2). Porém, em face ao gigantismo do Brasil e da estrutura institucional/normativa conferida
pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei 9.503/1997 (Brasil, 1997), traduções e
adaptações ao cenário nacional devem ser feitas.
O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) (id., ibid., Art. 1º, § 2º) fornece o
arcabouço para atuação dos três níveis federativos sobre a matéria trânsito, porém com algumas
imperfeições. Quanto à definição de atribuições aos órgãos que compõe o SNT, há algumas
sobreposições, desequilíbrios entre atribuição de responsabilidades e disponibilidade de recursos
para executá-las, e algumas imposições que acabam excluindo pequenas localidades do próprio
SNT, o que significa na prática a manter um cenário de incapacidade de fiscalização de
infrações nesses municípios com poucos recursos para se estruturarem e atingir as exigências do
sistema para integrá-lo. Cada uma dessas questões merece um estudo detalhado do SNT e uma
avaliação sistematizada dos resultados do desempenho dessa institucionalidade diante da
segurança viária que ela proporciona. No entanto isso foge ao escopo desse artigo. Cabe aqui
apenas apontar algumas sugestões de adaptação das recomendações internacionais para o
contexto federativo brasileiro.
Talvez o principal fator crítico para o sucesso apontado pelo Plano de Ação para a
Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2013) é a coordenação dos trabalhos através de
uma Agência Líder. Para a OMS,
Os países precisam de uma agência líder para a segurança viária, que deve ter
a autoridade para tomar decisões, gerenciar recursos e coordenar os esforços
de todos os setores governamentais participantes, incluindo os relativos à
saúde, transporte, educação e aplicação da lei. Agências líderes podem assumir
a forma de uma autarquia, ou de um comitê, ou de um gabinete
representando vários órgãos governamentais diferentes (p. 27, tradução
nossa6).
6 No original, em inglês: Countries need a lead agency for road safety, which should have the authority to make
decisions, manage resources and coordinate efforts of all participating governmental sectors, including those of
health, transport, education and law enforcement. Lead agencies may take the form of a designated stand-alone
bureau, or a committee or cabinet representing several different government agencies.
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Contudo, uma agência nacional brasileira seria inviável. O Conselho Nacional de
Trânsito (CNT) é o principal braço normativo do SNT e o Departamento Nacional de
Trânsito (DENATRAN) é seu núcleo executivo. Por atribuição legal deveriam coordenar os
órgãos no âmbito federal e articular todo o sistema através dos diferentes níveis federativos.
Contudo, avançar para além do cumprimento do papel normativo, ou seja, exercer um papel
de coordenação e articulação tem sido difícil de colocar em prática dede a criação o SNT em
1997.
No âmbito federal, mesmo que essa articulação fosse muito exitosa, seus efeitos
seriam limitados, se levarmos em conta o horizonte de atuação dos entes federais que compõem
ao SNT. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Departamento
de Polícia Rodoviária Federal (DPRF) possuem um escopo de atuação bem delimitado, restrito
às rodovias federais, que em alguns estados como São Paulo, representam algo em torno de
0,5% da malha rodoviária total (São Paulo, 2014). Por sua vez, a Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) tem um escopo de atuação que extrapola o trânsito, que inclui
a regulamentação e a fiscalização do transporte ferroviário, dutoviário, multimodal, bem como
a supervisão de terminais; no que compete ao transporte rodoviário, além da supervisão da
malha federal, supervisiona especificamente a prestação de serviços dos transportes de
passageiros e cargas.
Se no nível federal a articulação de atores tem um histórico de difícil
implementação e se limita em termos de abrangência, no nível intergovernamental ela continua
significando um desafio praticamente intransponível.
Portanto, faz pouco sentido pensar numa agência líder em nível federal, já que essa
não teria a governabilidade ou o ferramental para atuar em frentes de ação como fiscalização,
engenharia e infraestrutura, ou educação para o trânsito. Porém, se a adoção de uma agência
líder em nível central não aprece ser algo exequível e relevante, no nível estadual a
recomendação ganha novo sentido e parece ir de encontro aos benefícios apontados pela OMS.
São muitas as razões para essa recomendação ser adotada no nível estadual: (i) as
polícias militares, que são o principal órgão fiscalizador de trânsito, estão sob o comando direto
dos estados; (ii) sistemas de resgate as vítimas, como aqueles mantidos pelos Corpos de
Bombeiros, são de nível estadual; (iii) grande parte da malha rodoviária do país é estadual (em
especial, no caso de São Paulo); (iv) os Estados tem condição de prover fundos para engenharia
e obras estruturais em municípios pequenos, sem recursos próprios reservados para essa
finalidade; (v) os Estados tem condição de criar e manter grupos de profissionais altamente
especializados para fazer análises de políticas públicas, e com isso apoiar as demais localidades na
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formulação, execução e avaliação que visam diminuir o número de mortos e feridos no
trânsito. Portanto os elementos descritos pela literatura como eficazes estão em grande parte
sob a governabilidade do Governo do Estado. Se retomarmos os cinco pilares de atuação
recomendados pela a OMS (cf. acima) fica evidente como seria interessante pensar em Agências
Líderes Estaduais.
O decreto 61.138/2015 que cria o grupo de trabalho para a confecção do
Programa de Segurança Viária aponta na direção da criação de grupos de trabalho intersetoriais,
no formato de comitês, como sugere a recomendação da OMS. Todavia, o decreto determina
a confecção intersetorial do plano em si e não é claro quanto à perenidade de um grupo do
mesmo tipo para a execução do plano. Resta esperar que essa recomendação da OMS esteja
presente de algum modo no texto do plano decenal paulista.
Outro tópico não mencionado pelo decreto 61.138/2015 é a essencialidade da
existência de leis severas e da sua aplicação mediante a fiscalização, principalmente
(Organização Mundial da Saúde, 2013, p. 37). De acordo com o SNT, a fiscalização do
trânsito é basicamente bipartida entre “circulação e paradas em vias”, de atribuição dos entes
municipais e, os demais motivos de infração, como alcoolemia e documentação, são de
atribuição das polícias militares estaduais, mediante celebração de convênio com municípios.
Nesse sentido é crucial que o Programa de Segurança Viária reconheça o papel fundamental da
Polícia Militar na aplicação da lei, contemplando o direcionamento de recursos necessários para
a manutenção e expansão de seu papel-chave.
Outro aspecto interessante para a criação de uma agencia líder de segurança viária
no nível estadual é a possibilidade de contornar a ausência de uma normatização clara e
eficiente que aborde a troca de informações e dados entre órgãos públicos. A Lei de Acesso a
Informação representou um grande avanço no acesso a informações públicas por parte dos
cidadãos. Porém, nem essa lei ou as peças normativas que a regulamentam são claras quanto às
trocas de informações pessoais entre órgãos públicos (Brasil, Lei 12.527/2011, Decreto
7.724/2012; São Paulo, Decreto 58.052/2012). Esses intercâmbios de dados requerem
agilidade para que as informações possam ser usadas para a tomada de decisão em tempo hábil,
mas também exigem um tratamento especial que seja transparente quanto ao conteúdo e a
forma de trafego desses dados e, sobretudo, que assegure o direito à privacidade das pessoas
sobre as quais foram produzidos os dados.
Atualmente, essa troca de informações entre órgãos públicos - por mais corriqueira
que seja - é geralmente feita caso a caso, a partir de decisões hiper-centralizadas que envolvem
secretários, presidentes de autarquias, ou mesmo o próprio governador. Os instrumentos legais
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que dão suporte legal a esses fluxos são convênios ou termos de cooperação técnica (quando
não há repasse de recurso envolvido). As soluções de TI necessárias para viabilizar essas trocas
também são desenvolvidas ou custeadas caso a caso, o que deixa pouco espaço para
reaproveitamento de investimentos ou para a adoção de soluções escaláveis. Seria importante,
não apenas para as políticas de segurança viária, que a matéria fosse disciplinada pelo executivo
ou pelo legislativo, de forma a garantir procedimentos que asseguram confidencialidade,
privacidade e segurança dos dados, mas também celeridade e objetividade aos processos de
solicitação de informação e construção de rotinas de intercâmbio de dados mais duradouras. O
processo decisório poderia receber um enfoque mais técnico e caminhar na direção da
profissionalização da gestão de politicas públicas, conferindo e reconhecendo uma maior
autonomia dos centros de processamento e análise de informações.
Finalmente, o reconhecimento da importância dos municípios nas políticas de
segurança viária é um aspecto fundamental que deve constar no programa paulista de segurança
viária. A adesão ao SNT e a celebração de convênios com a polícia militar são prerrogativas
municipais, na prática elas viabilizam ou inviabilizam a existência da fiscalização de trânsito, ou
seja, da aplicação da lei. Além disso, em se tratando de vias urbanas, a atribuição de cuidar da
infraestrutura, da engenharia das vias e da sinalização é totalmente municipal. Nesse aspecto, é
interessante que o Estado possa dispor de seus recursos e apoiar os municípios; através da
criação ou disponibilização de um fundo para segurança viária seria possível fomentar e apoiar
municípios a margem do SNT que desejam integrar-se, apoiar aqueles já incluídos a
desenvolver seus programas municipais de segurança viária e apoiar iniciativas com potencial
para gerar resultados na redução de mortos e feridos.
A importância da ação em nível municipal tem sido demonstrada pelos resultados
apurados do Projeto Vida no Trânsito, uma iniciativa da Bloomberg Philanthropy e da Global
Road Safety Partnership (GRSP) da Cruz Vermelha, em parceria com o Ministério da Saúde.
As cinco cidades piloto da implementação Brasileira do projeto - Belo Horizonte/MG,
Campo Grande/MT, Curitiba/PR, Palmas/TO e Teresina/PI - em apresentado tendências de
redução constante no número de mortos, o que demonstra o impacto, a eficiência e a
sustentabilidade do projeto (Lima, 2014).
Nesse sentido, seria importante ao Governo do Estado conceber sua política de
segurança viária de forma assumir seu papel estratégico na fiscalização, na coordenação política
intersetorial e no provimento de dados que subsidiem a realização de projetos e ações que
visem à redução do número de vítimas e de mortos, além disso, é essencial que se crie uma
institucionalidade que permita ao Estado estimular e apoiar ações eficazes e sustentáveis nos
municípios. Considerados esses aspectos, o Governo do Estado de São Paulo iniciaria um
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processo contínuo e sustentável de preservação de milhares de vidas que são perdidas
anualmente no trânsito.
Referências
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de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Lei
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Oka, José Antonio; Sanda, Samuel Magoji; Santoro Leonardi, Ramon. (2014). São Paulo
Traffic Observatory. Artigo apresentado no evento 9th ICTCT Extra Workshop.
International Co-operation on Theories and Concepts in Traffic Safety (ICTCT),
Ribeirão Preto (SP). Resumo disponível
em: http://www.ictct.org/migrated_2014/ictct_document_nr_1066_Book_of_abs
tracts_Brazil_final.pdf