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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A Prado Maceió/AL 57010-070 Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216 1 NOTA TÉCNICA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS APE/AL Comentários sobre o PLC 78/2019 (PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR QUE REORGANIZA O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE ALAGOAS, ATENDE DISPOSITIVOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL FEDERAL Nº 103, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019, ESTABELECE O ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE DÉBITOS PREVIDENCIÁRIOS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS). Cuida-se de projeto de lei PLC 78/2019, encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, cuja mensagem fora publicada no DOE/AL, no dia 04/12/2019, sem passar pelo crivo da Procuradoria Geral do Estado, que é, institucionalmente, o órgão de controle da legalidade e moralidade dos atos administrativos, conforme expressamente prevê o art. 132 da Constituição Federal, c/c Art. 151 e ss da Magna Carta Estadual, c/c Lei Complementar Estadual nº 07/1991. 2. Conforme veremos no decorrer da presente exposição, o PLC 78/2019, chega à Casa de Tavares Bastos eivado de inconstitucionalidades e ilegalidades, e caso seja aprovado estas poderão ser questionadas via judicial. 3. Em preliminar, a Procuradoria Geral do Estado não emitiu qualquer pronunciamento sobre o PLC antes de ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Tal fato contraria as disposições contidas no art. 132 da Constituição Federal, Art. 152, II, da Constituição Estadual, bem como da Lei Complementar Estadual nº 07/1991, notadamente art. 3º, II c/c art. 4º, III e IX, “a”, este último com a seguinte dicção: Art. 3º São funções institucionais da Advocacia-Geral do Estado: ..... II a prestação de consultoria jurídica ao Chefe do Poder Executivo, aos órgãos da administração direta e aos entes da administração indireta e fundacional pública estadual;

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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS

Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216

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NOTA TÉCNICA

ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS – APE/AL

Comentários sobre o PLC 78/2019 (PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR QUE

REORGANIZA O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS

SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE ALAGOAS, ATENDE DISPOSITIVOS

DA EMENDA CONSTITUCIONAL FEDERAL Nº 103, DE 12 DE NOVEMBRO DE

2019, ESTABELECE O ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE DÉBITOS

PREVIDENCIÁRIOS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS).

Cuida-se de projeto de lei – PLC 78/2019, encaminhado à Assembleia Legislativa

do Estado de Alagoas, cuja mensagem fora publicada no DOE/AL, no dia 04/12/2019, sem

passar pelo crivo da Procuradoria Geral do Estado, que é, institucionalmente, o órgão de

controle da legalidade e moralidade dos atos administrativos, conforme expressamente prevê o

art. 132 da Constituição Federal, c/c Art. 151 e ss da Magna Carta Estadual, c/c Lei

Complementar Estadual nº 07/1991.

2. Conforme veremos no decorrer da presente exposição, o PLC 78/2019, chega à

Casa de Tavares Bastos eivado de inconstitucionalidades e ilegalidades, e caso seja aprovado

estas poderão ser questionadas via judicial.

3. Em preliminar, a Procuradoria Geral do Estado não emitiu qualquer

pronunciamento sobre o PLC antes de ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Tal fato

contraria as disposições contidas no art. 132 da Constituição Federal, Art. 152, II, da

Constituição Estadual, bem como da Lei Complementar Estadual nº 07/1991, notadamente art.

3º, II c/c art. 4º, III e IX, “a”, este último com a seguinte dicção:

Art. 3º São funções institucionais da Advocacia-Geral do Estado:

.....

II – a prestação de consultoria jurídica ao Chefe do Poder Executivo, aos órgãos

da administração direta e aos entes da administração indireta e fundacional

pública estadual;

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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS

Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216

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Art. 4º Compete à Procuradoria Geral do Estado: (Redação dada pela Lei

Complementar nº 22, de 30.04.2002).

............

III – a execução das atividades de consultoria jurídica e de assessoramento

jurídico ao Governador do Estado e aos órgãos da administração direta, às

entidades autárquicas e fundacionais a que se refere o inciso I e a aprovação de

pareceres dos serviços jurídicos das demais autarquias e fundações públicas;

(Redação dada pela Lei Complementar nº 26, de 24.07.2009).

...............

IX – o controle interno da legalidade e da moralidade administrativa dos atos

praticados em nome da administração pública estadual, sem prejuízo da

competência dos órgãos técnicos específicos cumprindo-lhe:

a) proceder o exame de todo e qualquer documento público, processo

administrativo, editais de licitação, proposta, anteprojeto, projeto, minuta de

contrato e contrato preliminar ou definitivo, no âmbito da administração estadual.

4. Neste contexto, frise-se, houve uma burla às competências institucionais da

Procuradoria Geral do Estado, posto que ao órgão de consultoria e representação judicial do

Estado, foi encaminhado minuta de projeto de lei para apreciação (nos termos legais). O PLC

chegou na Assessoria Especial do gabinete do Procurador Geral em 07/11/2019. Em

08/11/2019, através do DESPACHO PGE/ GAB. N° 3310/2019, o Procurador Geral do Estado

designou procuradores para comporem comissão para análise conjunta da matéria, dada a

complexidade do PLC, culminando na PORTARIA/PGE Nº 519/2019. EM 19/11/2019 a

comissão instituída exarou o DESPACHO PGE/COMISSÃO (PORTARIA PGE Nº 519/2019)

Nº 001/2019 (cópia anexa), requisitando uma série de informações e dados sobre o PLC,

notadamente cálculos atuariais para embasamento das alíquotas de contribuição. No entanto,

em data de 14/11/2019, outro projeto foi encaminhado, passando pelo Gabinete Civil,

SEPLAG, SEFAZ e finalmente sendo encaminhado à Assembleia Legislativa, sem em nenhum

momento ser de conhecimento da Procuradoria Geral do Estado (vide espelhos das tramitações

em anexo).

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Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216

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5. Houve, portanto, violação gritante às competências institucionais da Procuradoria

Geral do Estado, convalidadas pelo Supremo Tribunal Federal (ex vis ADI 5262, ADI 5109,

ADI 4843 – cujas ementas foram anexadas à presente Nota Técnica).

6. Nesta direção, vale deixar registrado que a Diretoria Jurídica da ALAGOAS

PREVIDÊNCIA ou de qualquer outro órgão da Administração Pública tem funções apenas de

gestão, não podendo usurpar as competências institucionais da Procuradoria Geral do Estado.

Tal usurpação é totalmente inconstitucional, posto que o Supremo Tribunal Federal já declarou

a inconstitucionalidade de mudança legislativa nesse sentido.

7. No mérito da proposição, temos, de acordo com a NOTA TÉCNICA SEI Nº

12212/2019/ME, da Secretaria de Previdência no Ministério da Economia, que dispõe sobre

APLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103 DE 2019, AOS RPPS DOS

ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS, as normas sobre APOSENTADORIAS

criadas pela EC nº 103/2019, não são auto-aplicáveis e dependem: i) de emendas às

respectivas Constituições Estaduais; e b) lei complementar do respectivo ente federativo.

8. Neste contexto, vale colacionar trecho da EC 103/2019, que modificou, dentre

outros, o Art. 40 da CF/88, e que corrobora com a assertiva:

"Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos

efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo

ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados

critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será

aposentado:

[...]

III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65

(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às

respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição

e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente

federativo.

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9. Com base no texto da EC nº 103/2019, temos que os dispositivos do PLC 78/2019,

que majoram idade mínima para aposentação de servidores públicos, são

inconstitucionais, posto que são tratadas via projeto de lei complementar e não de emendas à

Constituição Estadual.

10. O § 1º do Art. 57 da Constituição Estadual, abre exceção ao que pode ser disposto

por meio de lei complementar: Lei Complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no

inciso III, a e c no caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres e

perigosas.

11. Ou seja, a Constituição Estadual, tal como vem inserto no texto da EC nº

103/2019, precisa sofrer modificações para majoração da idade mínima dos servidores públicos

civis para aposentação.

12. Nesta liça, juntamente com o PLC 78/2019, que ora se examina, deveria ter sido

encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado, proposta de emenda à Constituição Estadual,

de forma a modificar o conteúdo da mesma onde são tratados os direitos dos servidores

relativos à forma de aposentação. Assim, o texto do PLC 78/2019, que trata da matéria (em

diversos momentos) é flagrantemente INCONSTITUCIONAL, tanto por afronta à

Constitucional Federal de 1988 (na redação trazida pela EC 103/2019), como por ofensa à

Constituição Estadual de 1989.

13. Em relação à cobrança de alíquotas nos proventos que superem um salário

mínimo e não mais o limite do regime geral de previdência social, de acordo com a NOTA

TÉCNICA SEI Nº 12212/2019/ME, da Secretaria de Previdência no Ministério da Economia,

que dispõe sobre APLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103 DE 2019 AOS

RPPS DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS:

Ausência de aplicabilidade para Estados, Distrito Federal e Municípios da

possibilidade de instituir alíquotas de contribuição para o custeio do RPPS de

forma progressiva e de fazer incidir contribuição ordinária dos aposentados e

pensionistas sobre o valor dos proventos e pensões que superem o salário mínimo –

em caso de déficit atuarial – enquanto não houver o referendo mediante lei que

trata o inciso II do art. 36 da Emenda Constitucional nº 103/20191.

1 Art. 36. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:

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14. Pela EC 103, a redação do § 1º-A do art. 149 da CF/88, fica assim: § 1º-A. Quando

houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá

incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-

mínimo.

15. No entanto, o Art. 14, II, do PLC 78/2019, as alíquotas de contribuição são

majoradas, tanto para servidores ativos, como inativos e pensionistas. Contudo, não foram

apresentados cálculos atuariais para fundamentar a majoração das alíquotas. Eis o teor do

dispositivo questionado:

Art. 14. As contribuições previdenciárias dos segurados ativos, aposentados e

pensionistas dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público

do Estado de Alagoas MPE/AL, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas –

TCE/AL e da Defensoria Pública do Estado de Alagoas – DPE/AL, Autarquias e

Fundações, atendendo ao que determina o § 1º do art. 149 da Constituição

Federal, relativamente ao RPPS/AL, vertidas em favor da ALAGOAS

PREVIDÊNCIA, serão realizadas da seguinte forma:

I – os servidores ativos contribuirão, mensalmente, com o percentual de 14%

(catorze por cento) a incidir sobre a totalidade da remuneração;

II – os servidores aposentados e pensionistas contribuirão, mensalmente, com o

percentual de 14% (catorze por cento) a incidir sobre a parcela dos proventos ou

pensão que for superior ao valor do salário mínimo vigente no país.

16. Ou seja, no caso dos aposentados e pensionistas, somente podem ser instituídas

alíquotas ordinárias de contribuição sobre o valor dos proventos e pensões que superem o

salário mínimo, no caso de haver déficit atuarial de forma comprovada.

I - no primeiro dia do quarto mês subsequente ao da data de publicação desta Emenda Constitucional, quanto ao

disposto nos arts. 11, 28 e 32;

II - para os regimes próprios de previdência social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quanto à

alteração promovida pelo art. 1º desta Emenda Constitucional no art. 149 da Constituição Federal e às revogações

previstas na alínea "a" do inciso I e nos incisos III e IV do art. 35, na data de publicação de lei de iniciativa

privativa do respectivo Poder Executivo que as referende integralmente;

III - nos demais casos, na data de sua publicação.

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17. A questão aqui debatida já foi inclusive judicializada. Vale dizer que um dos

questionamentos constantes do Processo nº 1040034-53.2019.4.01.3400, Procedimento Comum

Cível, 9ª Vara Federal Cível da SJDF, com obtenção de limar, decisão em 02/12/2019, foi

justamente a imposição de alíquota ordinária incidente sobre o salário mínimo.

18. Neste sentido, segue trecho da decisão – tutela de urgência:

“Pelo exposto, DEFIRO A TUTELA DE URGÊNCIA, para suspender, em favor

dos servidores/pensionistas representados pelo Sindicato autor, a cobrança da

contribuição extraordinária dos servidores ativos, aposentados e pensionistas,

prevista pelo art. 149, § 1º-B, da CRFB, e da contribuição ordinária sobre o valor

que ultrapasse o salário mínimo de aposentados e pensionistas, instituída pelo art.

149, § 1º-A, da CRFB, enquanto não realizada avaliação atuarial por

órgão/unidade gestora do Regime Próprio de Servidores Civis da União”. (Os grifos

são nossos).

19. Nesta liça, e como a Constituição Federal de 1988 expressamente dispõe em seu

Art. 66, § 2º (§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de

inciso ou de alínea) e a Constituição Estadual, em seu Art. 89, § 2º, pelo princípio da simetria

repete o comando constitucional, não se pode haver qualquer disposição sem que haja

posicionamento fundamentado através de dados e relatórios.

20. Continuando, temos que o PLC 78/2019 é manifestamente contrário aos princípios

que regem à Previdência Pública, uma vez que vem desacompanhado de base atuarial.

21. As alíquotas patronais ficaram estabelecidas no PLC 78/2019: I) 28% (vinte e oito

por cento) ao fundo financeiro; e ii) 14% (quatorze por cento) ao fundo previdenciário.

22. No entanto, não há base atuarial que fundamente as alíquotas servidores e patronais.

Neste sentido, vê-se através do PLC 78/2019, que o fundo de previdência do Estado,

capitalizado, não tem déficit atuarial, posto que a sua alíquota vem projetada a menor. No

entanto, o PLC 78/2019, é omisso no que tange à apresentação de cálculos atuariais, o que gera

como conseqüência, indagação quanto à necessidade de majoração da alíquota no fundo que

não apresenta déficit atuarial. Também resta interrogação no tocante à porcentagem da alíquota,

uma vez que a proposição legislativa não vem embasada em dados concretos.

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23. Com relação ao disciplinamento do corpo diretivo da ALAGOAS PREVIDÊNCIA

buscado pelo PLC 78/2019, temos que com a revogação do art. 7º da LE nº 7.751/15, este

corpo deixará de ter existência no mundo jurídico, uma vez que SOMENTE POR LEI e não por

referência a um dispositivo de lei revogado, é legítimo a criação e manutenção de cargos

públicos.

24. Vale informar que o Ministério da Economia, através da Secretaria de Previdência,

está elaborando portaria para disciplinar as exigências para assunção dos cargos (segue cópia

da minuta da portaria). Desta forma, não pode haver qualquer inserção em projeto de lei antes

da deliberação da SPS.

25. Neste sentido, o que temos no PLC é uma tentativa de perpetuação nos cargos

dos diretores que hoje os ocupam, ressaltando-se que os cargos da Diretoria Jurídica e da

Diretoria de Benefícios estão sendo indevida e ilegalmente ocupados, posto que contrariam os

ditames esculpidos no art. 7º da Lei Estadual nº 7.751/2015, que o PLC QUER REVOGAR

JUSTAMENTE PARA DAR LEGALIDADE À ILEGALIDADE. Vejamos o teor do

dispositivo:

Art. 7º O Conselho Diretor terá a seguinte composição:

................

§ 2º Os membros do Conselho Diretor deverão possuir formação superior em

ciências jurídicas, contábeis, econômicas, administrativas ou correlatas, inscrição

no respectivo conselho de classe, desde que não haja incompatibilidades e

impedimentos, e reconhecida capacidade, experiência e atuação anterior na mesma

área ou outra afim.

§ 3º O Diretor de Benefícios Previdenciários deverá ser escolhido,

preferencialmente, dentre segurados do RPPS/AL, ativos ou inativos, com

formação superior.

§ 4º O Diretor Jurídico deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre segurados

do RPPS/AL, ativos ou inativos, e integrantes das Carreiras Jurídicas do Estado de

Alagoas.

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26. O conteúdo do art. 4º é de aberrante antinomia com o art. 37, ambos do PLC

78/2019. Para melhor visualização, desenhamos a seguinte tabela:

PLC

Art. 4º Os membros do Conselho Diretor

da ALAGOAS PREVIDÊNCIA,

nomeados pelo Chefe do Poder

Executivo para um mandato de 2 (dois)

anos, podendo haver recondução com a

mesma composição de que trata o art. 7º,

incisos I a V, da Lei Estadual nº 7.751,

de 9 de novembro de 2015, deverão

comprovar formação superior e

experiência profissional mínima de 3

(três) anos na área previdenciária,

financeira, administrativa, contábil,

jurídica, de fiscalização, atuarial ou de

auditoria.

Art. 37. Revogam-se as disposições em

contrário, em especial os §§ 2º e 4º do art. 4º,

arts. 6º, 7º, 8º, 11, 15, 32, 37, 38, 46, 48, 60,

70, 71, 72, 73 e 77, todos da lei estadual nº

7.751, de 9 de novembro de 2015.

Art. 7º da Lei Estadual nº 7.751/2019

Art. 7º O Conselho Diretor terá a seguinte composição:

I – Diretor-Presidente;

II – Diretor de Administração e Patrimônio;

III – Diretoria de Finanças;

IV – Diretor de Benefícios Previdenciários; e

V – Diretor Jurídico.

§ 1º Compete aos Diretores planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar as atividades

de sua área de atuação, desempenhar as atribuições previstas em Regimento Interno, além

daquelas que lhes forem delegadas pelo Diretor-Presidente.

§ 2º Os membros do Conselho Diretor deverão possuir formação superior em ciências

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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS

Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216

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jurídicas, contábeis, econômicas, administrativas ou correlatas, inscrição no respectivo

conselho de classe, desde que não haja incompatibilidades e impedimentos, e reconhecida

capacidade, experiência e atuação anterior na mesma área ou outra afim.

§ 3º O Diretor de Benefícios Previdenciários deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre

segurados do RPPS/AL, ativos ou inativos, com formação superior.

§ 4º O Diretor Jurídico deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre segurados do

RPPS/AL, ativos ou inativos, e integrantes das Carreiras Jurídicas do Estado de Alagoas.

§ 5º O Diretor-Presidente será indicado pelo Chefe do Poder Executivo.

§ 6º No ato da posse do Conselho Diretor, os seus membros ficarão obrigados a assinar

Termo de Compromisso com a Instituição, para no prazo de 30 (trinta) dias estabelecer o

Plano de Metas Anual que deverá ter sua execução iniciada 15 (quinze) dias após a validação

da proposta pela Presidência da ALAGOAS PREVIDÊNCIA.

§ 7º O Diretor-Presidente será substituído nas suas ausências e impedimentos, pelo Diretor

de Administração e Patrimônio, e na falta deste, por um dos Diretores por ele designado.

§ 8º A substituição dos demais Diretores será feita por Assessor Especial ou Assessor

Especial Previdenciário vinculado à respectiva Diretoria.

§ 9º Os Assessores Especiais, os Assessores Especiais Previdenciários e os Supervisores

Gerais deverão ser escolhidos dentre profissionais com formação de nível superior,

reconhecida capacidade, preferencialmente, com experiência e atuação anterior na mesma

área ou outra afim

27. Ao revogar o Art. 7º da LE nº 7.751/2015, a ALAGOAS PREVIDÊNCIA fica sem

estrutura de gestão, posto que todo o Conselho Diretor, onde são previstos os cargos, com a

revogação e sem nova criação expressa, perdem existência no mundo jurídico, o que inviabiliza

a gestão.

28. Neste diapasão, temos que o PLC merece reparos, não podendo ser aprovado sem

revisão de seu conteúdo.

29. Continuando com nossa linha exegética, temos que o PLC 78/2019 traz a

majoração do percentual da taxa de administração, de 1% (hum por cento) previsto na Lei

Estadual nº 7.751/2015, para 1,5% (hum vírgula cinco por cento) sem, contudo, mostrar

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embasamento gráfico das despesas e como são efetivamente realizadas. De fato, não foram

apresentados dados concretos que justifiquem o aumento da taxa de administração em 50%,

nem tampouco histórico das despesas efetuadas durante a atual gestão.

30. Outra questão que merece análise é a redação posta no Art. 4º, § 3º, do PLC

78/2019:

Art. 4º...........

........

§ 3º A ALAGOAS PREVIDÊNCIA deve utilizar as sobras dos recursos oriundos da

Taxa de Administração para pagamentos de benefícios previdenciários ou

constituir um fundo para ser utilizado no exercício financeiro subseqüente.

§ 4º Não serão utilizados recursos da taxa de administração para pagamento dos

gastos envolvidos na aplicação de recursos em ativos financeiros, devendo essas

despesas serem custeadas com os próprios rendimentos dessas aplicações.

31. Ocorre que o dispositivo não fala da finalidade do fundo, nem como os recursos

serão aplicados, deixando margem para interpretações dúbias quanto a aplicabilidade dos

recursos.

32. O fundo tem que ser criado, POR LEI com destinação específica e não de forma

genérica, como apresentado no PLC 78/2019, e conforme as prescrições contidas na Lei

Federal nº 4.320/64 (Cf. arts. 71 a 74).

33. Matéria ventilada no PLC 78/2019 que merece questionamento é a redação

proposta do Art. 8º, VI:

Art. 8º Ao Conselho Deliberativo da ALAGOAS PREVIDÊNCIA compete:

.......

VI – acatar a Política de Investimentos, estabelecendo normas para a aplicação de

recursos previdenciários disponíveis.

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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS

Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216

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34. Segundo o dicionário sinônimos2, acatar significa obedecer ordens, indicações,

leis. Atender, adotar, cumprir, obedecer, observar, seguir, sujeitar-se. Neste contexto, o

Conselho Deliberativo, nessa questão, perde a função de deliberar e passa a exercer a função

de simplesmente acatar a Política de Investimentos (leia-se inclusive operações de risco), sem

contudo poder se manifestar e/ou questioná-la.

35. Nesta linha, vale dizer que, apesar do PLC 78/2019, falar expressamente em

paridade nos conselhos, fazendo-se uma comparação com os ditames da Lei Estadual nº

7.551/2015, temos que o PLC 78/2019, acaba sumariamente com a representatividade nos

conselhos dos Poderes Legislativo, Judiciário, e do Ministério Público e da Defensoria.

36. Para melhor entendimento, vale ilustrar com outra tabela:

LEI ESTADUAL Nº 7.751/2015 PLC 78/2019

Art. 6º O Conselho Deliberativo será

composto por 11 (onze) membros titulares e

seus respectivos suplentes, os quais serão

nomeados pelo Governador do Estado de

Alagoas, devendo ser escolhidos

preferencialmente dentre segurados do

RPPS/AL com formação superior e

comprovada experiência profissional em uma

das seguintes áreas: seguridade social,

administração, economia, finanças, direito,

contabilidade e atuária, observado o seguinte:

I – 02 (dois) membros efetivos e seus

respectivos suplentes serão indicados pelo

Governador do Estado de Alagoas, devendo

um deles e seu respectivo suplente ser

escolhidos dentre os militares do Estado de

Alagoas;

Art. 2º O Conselho Deliberativo da

ALAGOAS PREVIDÊNCIA, nomeado pelo

Chefe do Poder Executivo para um mandato

de 2 (dois) anos, podendo haver recondução,

como última instância de alçada das decisões

relativas à gestão do Regime Próprio de

Previdência Social dos Servidores Públicos do

Estado de Alagoas – RPPS/AL, passa a ser

paritário entre os representantes dos

segurados e do Governo do Estado de

Alagoas composto por 8 (oito) membros

titulares e seus respectivos suplentes, com

formação superior e comprovada experiência

profissional mínima de 3 (três) anos na área

previdenciária, financeira, administrativa,

contábil, jurídica, de fiscalização, atuarial ou

de auditoria, observado o seguinte:

2 https://www.sinonimos.com.br/acatar/

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II – 01 (um) membro efetivo e seu respectivo

suplente serão indicados pelo Tribunal de

Justiça do Estado de Alagoas;

III – 01 (um) membro efetivo e seu respectivo

suplente serão indicados pelo Ministério

Público;

IV – 03 (três) membros efetivos e seus

respectivos suplentes do Poder Legislativo,

sendo 02 (dois) membros da Assembleia

Legislativa Estadual, escolhidos entre os

parlamentares, que indicarão os seus

respectivos suplentes, e 01 (um) membro do

Tribunal de Contas, indicados pelo Presidente

da Assembleia Legislativa, aprovados pelo

Plenário da Assembleia Legislativa Estadual;

e

V – o conjunto das entidades representativas

dos servidores públicos estaduais e dos

militares do Estado de Alagoas procederá à

indicação de 03 (três) membros efetivos e

seus respectivos suplentes, os quais deverão

ser segurados do Regime Próprio da

Previdência do Estado de Alagoas.

VI – 01 (um) membro titular e o respectivo

suplente, indicados pela Defensoria Pública.

...........

Art. 8º O Conselho Fiscal será composto por

09 (nove) membros titulares e seus

respectivos suplentes, os quais serão

nomeados pelo Governador do Estado de

Alagoas com formação superior, observado o

I –4 (quatro) membros efetivos e seus

respectivos suplentes, representantes do

Governo do Estado de Alagoas; e

II – 4 (quatro) membros efetivos e seus

respectivos suplentes, representantes dos

segurados, indicados pelas entidades

representativas dos servidores ativos,

aposentados ou pensionistas do Estado de

Alagoas.

...................

Art. 3º O Conselho Fiscal da ALAGOAS

PREVIDÊNCIA, nomeado pelo Chefe do

Poder Executivo, para um mandato de 2

(dois) anos, podendo haver recondução, passa

a ser paritário e composto por 8 (oito)

membros titulares e seus respectivos

suplentes, com formação superior e

comprovada experiência profissional mínima

de 3 (três) anos na área previdenciária,

financeira, administrativa, contábil, jurídica,

de fiscalização, atuarial ou de auditoria,

observado o seguinte:

I – 4 (quatro) membros efetivos e seus

respectivos suplentes, representantes do

Governo do Estado de Alagoas; e

II – 4 (quatro) membros efetivos e seus

respectivos suplentes, representantes dos

segurados, indicados pelas entidades

representativas dos servidores ativos,

aposentados ou pensionistas do Estado de

Alagoas.

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seguinte:

I – o Poder Executivo indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente;

II – o Poder Judiciário indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente;

III – o Poder Legislativo indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente;

IV – o Ministério Público indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente;

V – o Tribunal de Contas indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente;

VI – a Defensoria Pública indicará 01 (um)

membro titular e seu respectivo suplente; e

VII – o Poder Executivo indicará 03 (três)

membros titulares e seus respectivos

suplentes, obrigatoriamente do quadro de

segurados, para representar cada categoria dos

servidores: ativos, inativos e pensionistas do

RPPS/AL.

37. Com base no desenho comparativo acima, temos que se o PLC 78/2019 for

aprovado, as decisões estarão concentradas no âmbito do Poder Executivo, quando a EC

103/2019 reforça a obrigatoriedade de todos os estados federados terem uma única Unidade

Gestora, conforme nova redação dada ao § 20, do Art. 40, da CF: § 20. É vedada a existência

de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou entidade

gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades

autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os

critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o §

22.

38. Não há, portanto, substrato que fundamente a modificação da composição dos

Conselhos tal como vem inserto no PLC 78/2019.

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39. Seguindo a análise, temos outra questão que merece ser amplamente debatida

através de diálogo social é o não recolhimento dos repasses referentes às contribuições

previdenciárias.

40. De acordo com o art. 17 do PLC 78/2019:

Art. 17. As contribuições da parte patronal e as dos segurados ativos, aposentados e

pensionistas do Poder Executivo, incluindo suas Autarquias e Fundações, do Poder

Legislativo, do Poder Judiciário, do MPE/AL, do TCE/AL e da DPE/AL, não

recolhidas até o prazo estabelecido devem ser atualizadas monetariamente pelo

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, acrescidos de juros de

0,5% (zero vírgula cinco por cento) ao mês e multa de 2% (dois por cento)

aplicados sobre o montante apurado.

Parágrafo único. Qualquer dívida previdenciária, tanto dos segurados e

pensionistas, quanto do Estado com o RPPS/AL, deve ser atualizado

monetariamente na forma do caput deste artigo e o seu parcelamento fica limitado

ao prazo a que se refere o § 11 do art. 195 da Constituição.

41. Ocorre que o dispositivo não guarda consonância com o Art. 196 da Constituição

do Estado de Alagoas, que assim expressamente prevê:

Art. 196. O retardamento pelo Estado, quanto ao recolhimento de suas

contribuições mensais ou ainda quanto à transferência dos valores

correspondentes às retenções a que se obriga, implicará responsabilidade do

Governador do Estado e demissão, a bem do serviço público, do Secretário da

Fazenda, mediante iniciativa da Assembleia Legislativa Estadual.

Parágrafo único. A partir da data da deliberação da Assembleia Legislativa

Estadual, ficará o Secretário da Fazenda automaticamente afastado de suas

funções.

42. À vista do dispositivo constitucional estadual, o PLC obrigatoriamente deveria ter

sido acompanhado com as informações das regularidades dos repasses, notadamente

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quando do Estado de Alagoas não possui o Certificado de Regularidade Previdenciária –

CRP, de forma administrativa, possuindo-o de forma judicial, por força da Ação Cível

Originária – ACO nº 1875, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

43. Vale dizer que o Certificado de Regularidade Previdenciária - CRP é o

documento que atesta a adequação do RPPS às disposições da Constituição Federal de 1988,

da Lei nº 9.717, de 1998, da Lei nº 10.887, de 2004, da Portaria MPS nº 402, de 2008, e de

acordo com os critérios definidos na Portaria MPS nº 204, de 2008.

44. Para comprovação, segue em anexo pesquisa efetuada no portal CADPREV

https://cadprev.previdencia.gov.br/Cadprev/pages/publico/crp/visualizarCrp.xhtml?id=177690,

(data de 04/12/2019) em nenhum quesito, o Governo do Estado de Alagoas está regular no

sistema do CRP. Ou seja, em todos os quesitos, o Estado de Alagoas encontra-se irregular

sendo amparado por decisão judicial, inclusive no que diz respeito aos repasses.

45. A título de alerta e cônscios das novas regras inseridas no corpo da Constituição

Federal de 1988, vale deixar registrado que a novel emenda constitucional trouxe uma série de

conseqüências para o ente federado que esteja em descumprimento com as regras gerais de

organização e de funcionamento do RPPS respectivo. Para firmar a alegação, eis a nova

redação dada aos incisos XII e XIII, do Art. 167, da Constituição Federal de 1988, na redação

dada pela EC nº 103/2019:

"Art. 167. ................................................................................................................

XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a

utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos os valores

integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas distintas

do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele

regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento;

XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias

e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de financiamentos

por instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organização e

de funcionamento de regime próprio de previdência social.

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46. Vê-se, portanto, Senhores Deputados, que a MAIOR PREOCUPAÇÃO DO

GOVERNO DO ESTADO deveria ser com seu CERTIFICADO DE REGULARIDADE

PREVIDENCIÁRIA - CRP e não com aumento de arrecadação de forma açodada e contrária

aos ditames constitucionais e legais vigentes.

47. Como alerta deixamos aqui registrado que se a atual situação em que se encontra o

Regime Próprio de Previdência dos Servidores do Estado de Alagoas persistir, ou seja, com

CRP obtido de forma judicial (o que será dificultado com a EC 103/2019) o Estado de Alagoas

correrá sérios riscos atinentes à suas finanças, posto as implicâncias contidas no inciso XIII do

Art. 167, da CF/88, na redação dada pela EC 103/2019.

48. Por fim, vale ressaltar que a própria Secretaria de Previdência Social do Ministério

da Economia, exarou a Portaria nº 1.348, de 3 de dezembro de 2019 (cópia da Portaria em

anexo), onde dispõe sobre parâmetros e prazos para atendimento das disposições do art. 9º da

EC nº 103/2019 para Estados, DF e Municípios comprovarem a adequação de seus RPPSs.

Assim dispõe Art. 1º da Portaria nº 1.348, de 3 de dezembro de 2019:

Art. 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios terão o prazo até 31 de julho

de 2020 para adoção das seguintes medidas em cumprimento das normas constantes

da Lei nº 9.717, de 1998, e da Emenda Constitucional nº 103, de 2019:

I – Comprovação à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho:

a) da vigência de lei que evidencie a adequação das alíquotas de contribuição

ordinária devida ao RPPS, para atendimento ao disposto no § 4º, do art. 9º da

Emenda Constitucional nº 103, de 2019, aos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.717, de 1998, e

ao inciso XIV do art. 5º da Portaria MPS nº 204 de 2008;

b) da vigência de norma dispondo sobre a transferência do RPPS para o ente

federativo da responsabilidade pelo pagamento dos benefícios de incapacidade

temporária para o trabalho, salário-maternidade, salário-família e auxílio-reclusão,

para atendimento ao disposto no § 3º do art. 9º da Emenda Constitucional nº 103,

de 2019, no inciso III do art. 1º da Lei nº 9.717, de 1998, e no inciso VI do art. 5º

da Portaria MPS nº 204, de 2008.

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49. Em relação ao auxílio-reclusão, acaso inadvertidamente aprovado o PLC 78/2019,

ele deixará de existir, posto que o Art. 37 do PLC3 promove sua revogação expressa (o

benefício está previsto no Art. 70 da Lei Estadual nº 7.751/2015).

50. Por todo o exposto, é forçoso concluir que todo o PLC 78/2019 não encontra

amparo legal, feito de forma açodada, sem revisão e sem análise de constitucionalidade pela

Procuradoria Geral do Estado. Ao ser aprovado da forma como está, há caracterização de

violação à Constituição Federal, à Constituição Estadual, à Lei Complementar nº 07/1991 e

demais normas de regência, federais e estaduais. Há ainda a possibilidade do Estado de Alagoas

sofrer sérias sanções, pela forma duvidosa como vem sendo gerido o seu sistema de

previdência estadual, que envolve todos os poderes e órgãos estaduais e é o responsável direto

pelo futuro dos servidores públicos civis estaduais.

51. Questão importante a ser considerada é o disposto no Art. 15 e Art. 16 do PLC

78/2019, que estabelecem que a Contribuição Patronal será de 28% a ser depositada no Fundo

Financeiro (Art. 15) e 14% para o Fundo Previdenciário (Art. 16). Não há cálculo atuarial

algum ou de projeção financeira a comprovar a necessidade dessa distinção.

52. E a PEC 133/20194, ainda nem foi resolvida (votação final) no Congresso

Nacional!

53. É o que tínhamos para dizer analiticamente e como alerta.

Maceió, 05 de dezembro de 2019.

FLÁVIO GOMES DE BARROS

Presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas

3 Art. 37. Revogam-se as disposições em contrário, em especial os §§ 2º e 4º, do art. 4º, arts. 6º, 7º, 8º, 11. 15, 32,

37, 38, 46, 48, 60, 70, 71, 72, 73 e 77, todos da Lei Estadual nº 7.751, de 9 de novembro de 2015.

4 Ementa: Permite que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotem em seus regimes próprios de

previdência social as mesmas regras aplicáveis ao regime próprio da União; modifica renúncias previdenciárias;

prevê benefício da Seguridade Social à criança vivendo em situação de pobreza; e dá outras providências.