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ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS
Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216
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NOTA TÉCNICA
ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS – APE/AL
Comentários sobre o PLC 78/2019 (PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR QUE
REORGANIZA O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS
SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE ALAGOAS, ATENDE DISPOSITIVOS
DA EMENDA CONSTITUCIONAL FEDERAL Nº 103, DE 12 DE NOVEMBRO DE
2019, ESTABELECE O ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE DÉBITOS
PREVIDENCIÁRIOS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS).
Cuida-se de projeto de lei – PLC 78/2019, encaminhado à Assembleia Legislativa
do Estado de Alagoas, cuja mensagem fora publicada no DOE/AL, no dia 04/12/2019, sem
passar pelo crivo da Procuradoria Geral do Estado, que é, institucionalmente, o órgão de
controle da legalidade e moralidade dos atos administrativos, conforme expressamente prevê o
art. 132 da Constituição Federal, c/c Art. 151 e ss da Magna Carta Estadual, c/c Lei
Complementar Estadual nº 07/1991.
2. Conforme veremos no decorrer da presente exposição, o PLC 78/2019, chega à
Casa de Tavares Bastos eivado de inconstitucionalidades e ilegalidades, e caso seja aprovado
estas poderão ser questionadas via judicial.
3. Em preliminar, a Procuradoria Geral do Estado não emitiu qualquer
pronunciamento sobre o PLC antes de ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Tal fato
contraria as disposições contidas no art. 132 da Constituição Federal, Art. 152, II, da
Constituição Estadual, bem como da Lei Complementar Estadual nº 07/1991, notadamente art.
3º, II c/c art. 4º, III e IX, “a”, este último com a seguinte dicção:
Art. 3º São funções institucionais da Advocacia-Geral do Estado:
.....
II – a prestação de consultoria jurídica ao Chefe do Poder Executivo, aos órgãos
da administração direta e aos entes da administração indireta e fundacional
pública estadual;
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Art. 4º Compete à Procuradoria Geral do Estado: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 22, de 30.04.2002).
............
III – a execução das atividades de consultoria jurídica e de assessoramento
jurídico ao Governador do Estado e aos órgãos da administração direta, às
entidades autárquicas e fundacionais a que se refere o inciso I e a aprovação de
pareceres dos serviços jurídicos das demais autarquias e fundações públicas;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 26, de 24.07.2009).
...............
IX – o controle interno da legalidade e da moralidade administrativa dos atos
praticados em nome da administração pública estadual, sem prejuízo da
competência dos órgãos técnicos específicos cumprindo-lhe:
a) proceder o exame de todo e qualquer documento público, processo
administrativo, editais de licitação, proposta, anteprojeto, projeto, minuta de
contrato e contrato preliminar ou definitivo, no âmbito da administração estadual.
4. Neste contexto, frise-se, houve uma burla às competências institucionais da
Procuradoria Geral do Estado, posto que ao órgão de consultoria e representação judicial do
Estado, foi encaminhado minuta de projeto de lei para apreciação (nos termos legais). O PLC
chegou na Assessoria Especial do gabinete do Procurador Geral em 07/11/2019. Em
08/11/2019, através do DESPACHO PGE/ GAB. N° 3310/2019, o Procurador Geral do Estado
designou procuradores para comporem comissão para análise conjunta da matéria, dada a
complexidade do PLC, culminando na PORTARIA/PGE Nº 519/2019. EM 19/11/2019 a
comissão instituída exarou o DESPACHO PGE/COMISSÃO (PORTARIA PGE Nº 519/2019)
Nº 001/2019 (cópia anexa), requisitando uma série de informações e dados sobre o PLC,
notadamente cálculos atuariais para embasamento das alíquotas de contribuição. No entanto,
em data de 14/11/2019, outro projeto foi encaminhado, passando pelo Gabinete Civil,
SEPLAG, SEFAZ e finalmente sendo encaminhado à Assembleia Legislativa, sem em nenhum
momento ser de conhecimento da Procuradoria Geral do Estado (vide espelhos das tramitações
em anexo).
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5. Houve, portanto, violação gritante às competências institucionais da Procuradoria
Geral do Estado, convalidadas pelo Supremo Tribunal Federal (ex vis ADI 5262, ADI 5109,
ADI 4843 – cujas ementas foram anexadas à presente Nota Técnica).
6. Nesta direção, vale deixar registrado que a Diretoria Jurídica da ALAGOAS
PREVIDÊNCIA ou de qualquer outro órgão da Administração Pública tem funções apenas de
gestão, não podendo usurpar as competências institucionais da Procuradoria Geral do Estado.
Tal usurpação é totalmente inconstitucional, posto que o Supremo Tribunal Federal já declarou
a inconstitucionalidade de mudança legislativa nesse sentido.
7. No mérito da proposição, temos, de acordo com a NOTA TÉCNICA SEI Nº
12212/2019/ME, da Secretaria de Previdência no Ministério da Economia, que dispõe sobre
APLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103 DE 2019, AOS RPPS DOS
ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS, as normas sobre APOSENTADORIAS
criadas pela EC nº 103/2019, não são auto-aplicáveis e dependem: i) de emendas às
respectivas Constituições Estaduais; e b) lei complementar do respectivo ente federativo.
8. Neste contexto, vale colacionar trecho da EC 103/2019, que modificou, dentre
outros, o Art. 40 da CF/88, e que corrobora com a assertiva:
"Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos
efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será
aposentado:
[...]
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às
respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição
e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente
federativo.
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9. Com base no texto da EC nº 103/2019, temos que os dispositivos do PLC 78/2019,
que majoram idade mínima para aposentação de servidores públicos, são
inconstitucionais, posto que são tratadas via projeto de lei complementar e não de emendas à
Constituição Estadual.
10. O § 1º do Art. 57 da Constituição Estadual, abre exceção ao que pode ser disposto
por meio de lei complementar: Lei Complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no
inciso III, a e c no caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres e
perigosas.
11. Ou seja, a Constituição Estadual, tal como vem inserto no texto da EC nº
103/2019, precisa sofrer modificações para majoração da idade mínima dos servidores públicos
civis para aposentação.
12. Nesta liça, juntamente com o PLC 78/2019, que ora se examina, deveria ter sido
encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado, proposta de emenda à Constituição Estadual,
de forma a modificar o conteúdo da mesma onde são tratados os direitos dos servidores
relativos à forma de aposentação. Assim, o texto do PLC 78/2019, que trata da matéria (em
diversos momentos) é flagrantemente INCONSTITUCIONAL, tanto por afronta à
Constitucional Federal de 1988 (na redação trazida pela EC 103/2019), como por ofensa à
Constituição Estadual de 1989.
13. Em relação à cobrança de alíquotas nos proventos que superem um salário
mínimo e não mais o limite do regime geral de previdência social, de acordo com a NOTA
TÉCNICA SEI Nº 12212/2019/ME, da Secretaria de Previdência no Ministério da Economia,
que dispõe sobre APLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103 DE 2019 AOS
RPPS DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS:
Ausência de aplicabilidade para Estados, Distrito Federal e Municípios da
possibilidade de instituir alíquotas de contribuição para o custeio do RPPS de
forma progressiva e de fazer incidir contribuição ordinária dos aposentados e
pensionistas sobre o valor dos proventos e pensões que superem o salário mínimo –
em caso de déficit atuarial – enquanto não houver o referendo mediante lei que
trata o inciso II do art. 36 da Emenda Constitucional nº 103/20191.
1 Art. 36. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:
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14. Pela EC 103, a redação do § 1º-A do art. 149 da CF/88, fica assim: § 1º-A. Quando
houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá
incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-
mínimo.
15. No entanto, o Art. 14, II, do PLC 78/2019, as alíquotas de contribuição são
majoradas, tanto para servidores ativos, como inativos e pensionistas. Contudo, não foram
apresentados cálculos atuariais para fundamentar a majoração das alíquotas. Eis o teor do
dispositivo questionado:
Art. 14. As contribuições previdenciárias dos segurados ativos, aposentados e
pensionistas dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público
do Estado de Alagoas MPE/AL, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas –
TCE/AL e da Defensoria Pública do Estado de Alagoas – DPE/AL, Autarquias e
Fundações, atendendo ao que determina o § 1º do art. 149 da Constituição
Federal, relativamente ao RPPS/AL, vertidas em favor da ALAGOAS
PREVIDÊNCIA, serão realizadas da seguinte forma:
I – os servidores ativos contribuirão, mensalmente, com o percentual de 14%
(catorze por cento) a incidir sobre a totalidade da remuneração;
II – os servidores aposentados e pensionistas contribuirão, mensalmente, com o
percentual de 14% (catorze por cento) a incidir sobre a parcela dos proventos ou
pensão que for superior ao valor do salário mínimo vigente no país.
16. Ou seja, no caso dos aposentados e pensionistas, somente podem ser instituídas
alíquotas ordinárias de contribuição sobre o valor dos proventos e pensões que superem o
salário mínimo, no caso de haver déficit atuarial de forma comprovada.
I - no primeiro dia do quarto mês subsequente ao da data de publicação desta Emenda Constitucional, quanto ao
disposto nos arts. 11, 28 e 32;
II - para os regimes próprios de previdência social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quanto à
alteração promovida pelo art. 1º desta Emenda Constitucional no art. 149 da Constituição Federal e às revogações
previstas na alínea "a" do inciso I e nos incisos III e IV do art. 35, na data de publicação de lei de iniciativa
privativa do respectivo Poder Executivo que as referende integralmente;
III - nos demais casos, na data de sua publicação.
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17. A questão aqui debatida já foi inclusive judicializada. Vale dizer que um dos
questionamentos constantes do Processo nº 1040034-53.2019.4.01.3400, Procedimento Comum
Cível, 9ª Vara Federal Cível da SJDF, com obtenção de limar, decisão em 02/12/2019, foi
justamente a imposição de alíquota ordinária incidente sobre o salário mínimo.
18. Neste sentido, segue trecho da decisão – tutela de urgência:
“Pelo exposto, DEFIRO A TUTELA DE URGÊNCIA, para suspender, em favor
dos servidores/pensionistas representados pelo Sindicato autor, a cobrança da
contribuição extraordinária dos servidores ativos, aposentados e pensionistas,
prevista pelo art. 149, § 1º-B, da CRFB, e da contribuição ordinária sobre o valor
que ultrapasse o salário mínimo de aposentados e pensionistas, instituída pelo art.
149, § 1º-A, da CRFB, enquanto não realizada avaliação atuarial por
órgão/unidade gestora do Regime Próprio de Servidores Civis da União”. (Os grifos
são nossos).
19. Nesta liça, e como a Constituição Federal de 1988 expressamente dispõe em seu
Art. 66, § 2º (§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de
inciso ou de alínea) e a Constituição Estadual, em seu Art. 89, § 2º, pelo princípio da simetria
repete o comando constitucional, não se pode haver qualquer disposição sem que haja
posicionamento fundamentado através de dados e relatórios.
20. Continuando, temos que o PLC 78/2019 é manifestamente contrário aos princípios
que regem à Previdência Pública, uma vez que vem desacompanhado de base atuarial.
21. As alíquotas patronais ficaram estabelecidas no PLC 78/2019: I) 28% (vinte e oito
por cento) ao fundo financeiro; e ii) 14% (quatorze por cento) ao fundo previdenciário.
22. No entanto, não há base atuarial que fundamente as alíquotas servidores e patronais.
Neste sentido, vê-se através do PLC 78/2019, que o fundo de previdência do Estado,
capitalizado, não tem déficit atuarial, posto que a sua alíquota vem projetada a menor. No
entanto, o PLC 78/2019, é omisso no que tange à apresentação de cálculos atuariais, o que gera
como conseqüência, indagação quanto à necessidade de majoração da alíquota no fundo que
não apresenta déficit atuarial. Também resta interrogação no tocante à porcentagem da alíquota,
uma vez que a proposição legislativa não vem embasada em dados concretos.
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23. Com relação ao disciplinamento do corpo diretivo da ALAGOAS PREVIDÊNCIA
buscado pelo PLC 78/2019, temos que com a revogação do art. 7º da LE nº 7.751/15, este
corpo deixará de ter existência no mundo jurídico, uma vez que SOMENTE POR LEI e não por
referência a um dispositivo de lei revogado, é legítimo a criação e manutenção de cargos
públicos.
24. Vale informar que o Ministério da Economia, através da Secretaria de Previdência,
está elaborando portaria para disciplinar as exigências para assunção dos cargos (segue cópia
da minuta da portaria). Desta forma, não pode haver qualquer inserção em projeto de lei antes
da deliberação da SPS.
25. Neste sentido, o que temos no PLC é uma tentativa de perpetuação nos cargos
dos diretores que hoje os ocupam, ressaltando-se que os cargos da Diretoria Jurídica e da
Diretoria de Benefícios estão sendo indevida e ilegalmente ocupados, posto que contrariam os
ditames esculpidos no art. 7º da Lei Estadual nº 7.751/2015, que o PLC QUER REVOGAR
JUSTAMENTE PARA DAR LEGALIDADE À ILEGALIDADE. Vejamos o teor do
dispositivo:
Art. 7º O Conselho Diretor terá a seguinte composição:
................
§ 2º Os membros do Conselho Diretor deverão possuir formação superior em
ciências jurídicas, contábeis, econômicas, administrativas ou correlatas, inscrição
no respectivo conselho de classe, desde que não haja incompatibilidades e
impedimentos, e reconhecida capacidade, experiência e atuação anterior na mesma
área ou outra afim.
§ 3º O Diretor de Benefícios Previdenciários deverá ser escolhido,
preferencialmente, dentre segurados do RPPS/AL, ativos ou inativos, com
formação superior.
§ 4º O Diretor Jurídico deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre segurados
do RPPS/AL, ativos ou inativos, e integrantes das Carreiras Jurídicas do Estado de
Alagoas.
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26. O conteúdo do art. 4º é de aberrante antinomia com o art. 37, ambos do PLC
78/2019. Para melhor visualização, desenhamos a seguinte tabela:
PLC
Art. 4º Os membros do Conselho Diretor
da ALAGOAS PREVIDÊNCIA,
nomeados pelo Chefe do Poder
Executivo para um mandato de 2 (dois)
anos, podendo haver recondução com a
mesma composição de que trata o art. 7º,
incisos I a V, da Lei Estadual nº 7.751,
de 9 de novembro de 2015, deverão
comprovar formação superior e
experiência profissional mínima de 3
(três) anos na área previdenciária,
financeira, administrativa, contábil,
jurídica, de fiscalização, atuarial ou de
auditoria.
Art. 37. Revogam-se as disposições em
contrário, em especial os §§ 2º e 4º do art. 4º,
arts. 6º, 7º, 8º, 11, 15, 32, 37, 38, 46, 48, 60,
70, 71, 72, 73 e 77, todos da lei estadual nº
7.751, de 9 de novembro de 2015.
Art. 7º da Lei Estadual nº 7.751/2019
Art. 7º O Conselho Diretor terá a seguinte composição:
I – Diretor-Presidente;
II – Diretor de Administração e Patrimônio;
III – Diretoria de Finanças;
IV – Diretor de Benefícios Previdenciários; e
V – Diretor Jurídico.
§ 1º Compete aos Diretores planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar as atividades
de sua área de atuação, desempenhar as atribuições previstas em Regimento Interno, além
daquelas que lhes forem delegadas pelo Diretor-Presidente.
§ 2º Os membros do Conselho Diretor deverão possuir formação superior em ciências
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jurídicas, contábeis, econômicas, administrativas ou correlatas, inscrição no respectivo
conselho de classe, desde que não haja incompatibilidades e impedimentos, e reconhecida
capacidade, experiência e atuação anterior na mesma área ou outra afim.
§ 3º O Diretor de Benefícios Previdenciários deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre
segurados do RPPS/AL, ativos ou inativos, com formação superior.
§ 4º O Diretor Jurídico deverá ser escolhido, preferencialmente, dentre segurados do
RPPS/AL, ativos ou inativos, e integrantes das Carreiras Jurídicas do Estado de Alagoas.
§ 5º O Diretor-Presidente será indicado pelo Chefe do Poder Executivo.
§ 6º No ato da posse do Conselho Diretor, os seus membros ficarão obrigados a assinar
Termo de Compromisso com a Instituição, para no prazo de 30 (trinta) dias estabelecer o
Plano de Metas Anual que deverá ter sua execução iniciada 15 (quinze) dias após a validação
da proposta pela Presidência da ALAGOAS PREVIDÊNCIA.
§ 7º O Diretor-Presidente será substituído nas suas ausências e impedimentos, pelo Diretor
de Administração e Patrimônio, e na falta deste, por um dos Diretores por ele designado.
§ 8º A substituição dos demais Diretores será feita por Assessor Especial ou Assessor
Especial Previdenciário vinculado à respectiva Diretoria.
§ 9º Os Assessores Especiais, os Assessores Especiais Previdenciários e os Supervisores
Gerais deverão ser escolhidos dentre profissionais com formação de nível superior,
reconhecida capacidade, preferencialmente, com experiência e atuação anterior na mesma
área ou outra afim
27. Ao revogar o Art. 7º da LE nº 7.751/2015, a ALAGOAS PREVIDÊNCIA fica sem
estrutura de gestão, posto que todo o Conselho Diretor, onde são previstos os cargos, com a
revogação e sem nova criação expressa, perdem existência no mundo jurídico, o que inviabiliza
a gestão.
28. Neste diapasão, temos que o PLC merece reparos, não podendo ser aprovado sem
revisão de seu conteúdo.
29. Continuando com nossa linha exegética, temos que o PLC 78/2019 traz a
majoração do percentual da taxa de administração, de 1% (hum por cento) previsto na Lei
Estadual nº 7.751/2015, para 1,5% (hum vírgula cinco por cento) sem, contudo, mostrar
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embasamento gráfico das despesas e como são efetivamente realizadas. De fato, não foram
apresentados dados concretos que justifiquem o aumento da taxa de administração em 50%,
nem tampouco histórico das despesas efetuadas durante a atual gestão.
30. Outra questão que merece análise é a redação posta no Art. 4º, § 3º, do PLC
78/2019:
Art. 4º...........
........
§ 3º A ALAGOAS PREVIDÊNCIA deve utilizar as sobras dos recursos oriundos da
Taxa de Administração para pagamentos de benefícios previdenciários ou
constituir um fundo para ser utilizado no exercício financeiro subseqüente.
§ 4º Não serão utilizados recursos da taxa de administração para pagamento dos
gastos envolvidos na aplicação de recursos em ativos financeiros, devendo essas
despesas serem custeadas com os próprios rendimentos dessas aplicações.
31. Ocorre que o dispositivo não fala da finalidade do fundo, nem como os recursos
serão aplicados, deixando margem para interpretações dúbias quanto a aplicabilidade dos
recursos.
32. O fundo tem que ser criado, POR LEI com destinação específica e não de forma
genérica, como apresentado no PLC 78/2019, e conforme as prescrições contidas na Lei
Federal nº 4.320/64 (Cf. arts. 71 a 74).
33. Matéria ventilada no PLC 78/2019 que merece questionamento é a redação
proposta do Art. 8º, VI:
Art. 8º Ao Conselho Deliberativo da ALAGOAS PREVIDÊNCIA compete:
.......
VI – acatar a Política de Investimentos, estabelecendo normas para a aplicação de
recursos previdenciários disponíveis.
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34. Segundo o dicionário sinônimos2, acatar significa obedecer ordens, indicações,
leis. Atender, adotar, cumprir, obedecer, observar, seguir, sujeitar-se. Neste contexto, o
Conselho Deliberativo, nessa questão, perde a função de deliberar e passa a exercer a função
de simplesmente acatar a Política de Investimentos (leia-se inclusive operações de risco), sem
contudo poder se manifestar e/ou questioná-la.
35. Nesta linha, vale dizer que, apesar do PLC 78/2019, falar expressamente em
paridade nos conselhos, fazendo-se uma comparação com os ditames da Lei Estadual nº
7.551/2015, temos que o PLC 78/2019, acaba sumariamente com a representatividade nos
conselhos dos Poderes Legislativo, Judiciário, e do Ministério Público e da Defensoria.
36. Para melhor entendimento, vale ilustrar com outra tabela:
LEI ESTADUAL Nº 7.751/2015 PLC 78/2019
Art. 6º O Conselho Deliberativo será
composto por 11 (onze) membros titulares e
seus respectivos suplentes, os quais serão
nomeados pelo Governador do Estado de
Alagoas, devendo ser escolhidos
preferencialmente dentre segurados do
RPPS/AL com formação superior e
comprovada experiência profissional em uma
das seguintes áreas: seguridade social,
administração, economia, finanças, direito,
contabilidade e atuária, observado o seguinte:
I – 02 (dois) membros efetivos e seus
respectivos suplentes serão indicados pelo
Governador do Estado de Alagoas, devendo
um deles e seu respectivo suplente ser
escolhidos dentre os militares do Estado de
Alagoas;
Art. 2º O Conselho Deliberativo da
ALAGOAS PREVIDÊNCIA, nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo para um mandato
de 2 (dois) anos, podendo haver recondução,
como última instância de alçada das decisões
relativas à gestão do Regime Próprio de
Previdência Social dos Servidores Públicos do
Estado de Alagoas – RPPS/AL, passa a ser
paritário entre os representantes dos
segurados e do Governo do Estado de
Alagoas composto por 8 (oito) membros
titulares e seus respectivos suplentes, com
formação superior e comprovada experiência
profissional mínima de 3 (três) anos na área
previdenciária, financeira, administrativa,
contábil, jurídica, de fiscalização, atuarial ou
de auditoria, observado o seguinte:
2 https://www.sinonimos.com.br/acatar/
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II – 01 (um) membro efetivo e seu respectivo
suplente serão indicados pelo Tribunal de
Justiça do Estado de Alagoas;
III – 01 (um) membro efetivo e seu respectivo
suplente serão indicados pelo Ministério
Público;
IV – 03 (três) membros efetivos e seus
respectivos suplentes do Poder Legislativo,
sendo 02 (dois) membros da Assembleia
Legislativa Estadual, escolhidos entre os
parlamentares, que indicarão os seus
respectivos suplentes, e 01 (um) membro do
Tribunal de Contas, indicados pelo Presidente
da Assembleia Legislativa, aprovados pelo
Plenário da Assembleia Legislativa Estadual;
e
V – o conjunto das entidades representativas
dos servidores públicos estaduais e dos
militares do Estado de Alagoas procederá à
indicação de 03 (três) membros efetivos e
seus respectivos suplentes, os quais deverão
ser segurados do Regime Próprio da
Previdência do Estado de Alagoas.
VI – 01 (um) membro titular e o respectivo
suplente, indicados pela Defensoria Pública.
...........
Art. 8º O Conselho Fiscal será composto por
09 (nove) membros titulares e seus
respectivos suplentes, os quais serão
nomeados pelo Governador do Estado de
Alagoas com formação superior, observado o
I –4 (quatro) membros efetivos e seus
respectivos suplentes, representantes do
Governo do Estado de Alagoas; e
II – 4 (quatro) membros efetivos e seus
respectivos suplentes, representantes dos
segurados, indicados pelas entidades
representativas dos servidores ativos,
aposentados ou pensionistas do Estado de
Alagoas.
...................
Art. 3º O Conselho Fiscal da ALAGOAS
PREVIDÊNCIA, nomeado pelo Chefe do
Poder Executivo, para um mandato de 2
(dois) anos, podendo haver recondução, passa
a ser paritário e composto por 8 (oito)
membros titulares e seus respectivos
suplentes, com formação superior e
comprovada experiência profissional mínima
de 3 (três) anos na área previdenciária,
financeira, administrativa, contábil, jurídica,
de fiscalização, atuarial ou de auditoria,
observado o seguinte:
I – 4 (quatro) membros efetivos e seus
respectivos suplentes, representantes do
Governo do Estado de Alagoas; e
II – 4 (quatro) membros efetivos e seus
respectivos suplentes, representantes dos
segurados, indicados pelas entidades
representativas dos servidores ativos,
aposentados ou pensionistas do Estado de
Alagoas.
ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE ALAGOAS
Av. Assis Chateaubriand, nº 2578A – Prado – Maceió/AL – 57010-070 – Fones: (82)3221.7293 / (82)3221.0216
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seguinte:
I – o Poder Executivo indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente;
II – o Poder Judiciário indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente;
III – o Poder Legislativo indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente;
IV – o Ministério Público indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente;
V – o Tribunal de Contas indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente;
VI – a Defensoria Pública indicará 01 (um)
membro titular e seu respectivo suplente; e
VII – o Poder Executivo indicará 03 (três)
membros titulares e seus respectivos
suplentes, obrigatoriamente do quadro de
segurados, para representar cada categoria dos
servidores: ativos, inativos e pensionistas do
RPPS/AL.
37. Com base no desenho comparativo acima, temos que se o PLC 78/2019 for
aprovado, as decisões estarão concentradas no âmbito do Poder Executivo, quando a EC
103/2019 reforça a obrigatoriedade de todos os estados federados terem uma única Unidade
Gestora, conforme nova redação dada ao § 20, do Art. 40, da CF: § 20. É vedada a existência
de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou entidade
gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades
autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os
critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o §
22.
38. Não há, portanto, substrato que fundamente a modificação da composição dos
Conselhos tal como vem inserto no PLC 78/2019.
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39. Seguindo a análise, temos outra questão que merece ser amplamente debatida
através de diálogo social é o não recolhimento dos repasses referentes às contribuições
previdenciárias.
40. De acordo com o art. 17 do PLC 78/2019:
Art. 17. As contribuições da parte patronal e as dos segurados ativos, aposentados e
pensionistas do Poder Executivo, incluindo suas Autarquias e Fundações, do Poder
Legislativo, do Poder Judiciário, do MPE/AL, do TCE/AL e da DPE/AL, não
recolhidas até o prazo estabelecido devem ser atualizadas monetariamente pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, acrescidos de juros de
0,5% (zero vírgula cinco por cento) ao mês e multa de 2% (dois por cento)
aplicados sobre o montante apurado.
Parágrafo único. Qualquer dívida previdenciária, tanto dos segurados e
pensionistas, quanto do Estado com o RPPS/AL, deve ser atualizado
monetariamente na forma do caput deste artigo e o seu parcelamento fica limitado
ao prazo a que se refere o § 11 do art. 195 da Constituição.
41. Ocorre que o dispositivo não guarda consonância com o Art. 196 da Constituição
do Estado de Alagoas, que assim expressamente prevê:
Art. 196. O retardamento pelo Estado, quanto ao recolhimento de suas
contribuições mensais ou ainda quanto à transferência dos valores
correspondentes às retenções a que se obriga, implicará responsabilidade do
Governador do Estado e demissão, a bem do serviço público, do Secretário da
Fazenda, mediante iniciativa da Assembleia Legislativa Estadual.
Parágrafo único. A partir da data da deliberação da Assembleia Legislativa
Estadual, ficará o Secretário da Fazenda automaticamente afastado de suas
funções.
42. À vista do dispositivo constitucional estadual, o PLC obrigatoriamente deveria ter
sido acompanhado com as informações das regularidades dos repasses, notadamente
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quando do Estado de Alagoas não possui o Certificado de Regularidade Previdenciária –
CRP, de forma administrativa, possuindo-o de forma judicial, por força da Ação Cível
Originária – ACO nº 1875, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.
43. Vale dizer que o Certificado de Regularidade Previdenciária - CRP é o
documento que atesta a adequação do RPPS às disposições da Constituição Federal de 1988,
da Lei nº 9.717, de 1998, da Lei nº 10.887, de 2004, da Portaria MPS nº 402, de 2008, e de
acordo com os critérios definidos na Portaria MPS nº 204, de 2008.
44. Para comprovação, segue em anexo pesquisa efetuada no portal CADPREV
https://cadprev.previdencia.gov.br/Cadprev/pages/publico/crp/visualizarCrp.xhtml?id=177690,
(data de 04/12/2019) em nenhum quesito, o Governo do Estado de Alagoas está regular no
sistema do CRP. Ou seja, em todos os quesitos, o Estado de Alagoas encontra-se irregular
sendo amparado por decisão judicial, inclusive no que diz respeito aos repasses.
45. A título de alerta e cônscios das novas regras inseridas no corpo da Constituição
Federal de 1988, vale deixar registrado que a novel emenda constitucional trouxe uma série de
conseqüências para o ente federado que esteja em descumprimento com as regras gerais de
organização e de funcionamento do RPPS respectivo. Para firmar a alegação, eis a nova
redação dada aos incisos XII e XIII, do Art. 167, da Constituição Federal de 1988, na redação
dada pela EC nº 103/2019:
"Art. 167. ................................................................................................................
XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a
utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos os valores
integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas distintas
do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele
regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento;
XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias
e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de financiamentos
por instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organização e
de funcionamento de regime próprio de previdência social.
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46. Vê-se, portanto, Senhores Deputados, que a MAIOR PREOCUPAÇÃO DO
GOVERNO DO ESTADO deveria ser com seu CERTIFICADO DE REGULARIDADE
PREVIDENCIÁRIA - CRP e não com aumento de arrecadação de forma açodada e contrária
aos ditames constitucionais e legais vigentes.
47. Como alerta deixamos aqui registrado que se a atual situação em que se encontra o
Regime Próprio de Previdência dos Servidores do Estado de Alagoas persistir, ou seja, com
CRP obtido de forma judicial (o que será dificultado com a EC 103/2019) o Estado de Alagoas
correrá sérios riscos atinentes à suas finanças, posto as implicâncias contidas no inciso XIII do
Art. 167, da CF/88, na redação dada pela EC 103/2019.
48. Por fim, vale ressaltar que a própria Secretaria de Previdência Social do Ministério
da Economia, exarou a Portaria nº 1.348, de 3 de dezembro de 2019 (cópia da Portaria em
anexo), onde dispõe sobre parâmetros e prazos para atendimento das disposições do art. 9º da
EC nº 103/2019 para Estados, DF e Municípios comprovarem a adequação de seus RPPSs.
Assim dispõe Art. 1º da Portaria nº 1.348, de 3 de dezembro de 2019:
Art. 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios terão o prazo até 31 de julho
de 2020 para adoção das seguintes medidas em cumprimento das normas constantes
da Lei nº 9.717, de 1998, e da Emenda Constitucional nº 103, de 2019:
I – Comprovação à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho:
a) da vigência de lei que evidencie a adequação das alíquotas de contribuição
ordinária devida ao RPPS, para atendimento ao disposto no § 4º, do art. 9º da
Emenda Constitucional nº 103, de 2019, aos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.717, de 1998, e
ao inciso XIV do art. 5º da Portaria MPS nº 204 de 2008;
b) da vigência de norma dispondo sobre a transferência do RPPS para o ente
federativo da responsabilidade pelo pagamento dos benefícios de incapacidade
temporária para o trabalho, salário-maternidade, salário-família e auxílio-reclusão,
para atendimento ao disposto no § 3º do art. 9º da Emenda Constitucional nº 103,
de 2019, no inciso III do art. 1º da Lei nº 9.717, de 1998, e no inciso VI do art. 5º
da Portaria MPS nº 204, de 2008.
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49. Em relação ao auxílio-reclusão, acaso inadvertidamente aprovado o PLC 78/2019,
ele deixará de existir, posto que o Art. 37 do PLC3 promove sua revogação expressa (o
benefício está previsto no Art. 70 da Lei Estadual nº 7.751/2015).
50. Por todo o exposto, é forçoso concluir que todo o PLC 78/2019 não encontra
amparo legal, feito de forma açodada, sem revisão e sem análise de constitucionalidade pela
Procuradoria Geral do Estado. Ao ser aprovado da forma como está, há caracterização de
violação à Constituição Federal, à Constituição Estadual, à Lei Complementar nº 07/1991 e
demais normas de regência, federais e estaduais. Há ainda a possibilidade do Estado de Alagoas
sofrer sérias sanções, pela forma duvidosa como vem sendo gerido o seu sistema de
previdência estadual, que envolve todos os poderes e órgãos estaduais e é o responsável direto
pelo futuro dos servidores públicos civis estaduais.
51. Questão importante a ser considerada é o disposto no Art. 15 e Art. 16 do PLC
78/2019, que estabelecem que a Contribuição Patronal será de 28% a ser depositada no Fundo
Financeiro (Art. 15) e 14% para o Fundo Previdenciário (Art. 16). Não há cálculo atuarial
algum ou de projeção financeira a comprovar a necessidade dessa distinção.
52. E a PEC 133/20194, ainda nem foi resolvida (votação final) no Congresso
Nacional!
53. É o que tínhamos para dizer analiticamente e como alerta.
Maceió, 05 de dezembro de 2019.
FLÁVIO GOMES DE BARROS
Presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas
3 Art. 37. Revogam-se as disposições em contrário, em especial os §§ 2º e 4º, do art. 4º, arts. 6º, 7º, 8º, 11. 15, 32,
37, 38, 46, 48, 60, 70, 71, 72, 73 e 77, todos da Lei Estadual nº 7.751, de 9 de novembro de 2015.
4 Ementa: Permite que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotem em seus regimes próprios de
previdência social as mesmas regras aplicáveis ao regime próprio da União; modifica renúncias previdenciárias;
prevê benefício da Seguridade Social à criança vivendo em situação de pobreza; e dá outras providências.