nota de repúdio do ebmp - sobre a criminalizaÇÃo das lutas sociais

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NOTA DE REPÚDIO DO ENCONTRO BRASILEIRO DE MOVIMENTOS POPULARES EM DIÁLOGO COM O PAPA, SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS E DA PRISÃO DO MILITANTE JOSÉ VALDIR MISNEROVICZ Nós, mais de 300 homens e mulheres de 20 estados brasileiros, representantes dos movimentos populares, pastorais sociais e organizações sindicais, reunidos em Mariana, Minas Gerais, no Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em diálogo com o Papa Francisco, recebemos com profundo pesar e indignação a notícia da prisão injusta de nosso companheiro e militante José Valdir Misnerovicz, educador popular, camponês e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Sua prisão foi efetuada no dia 30 de maio de 2016, enquanto ministrava uma aula de cooperativismo para jovens camponeses na cidade de Veranópolis (RS). O pedido faz parte do mais recente processo de criminalização dos movimentos sociais realizado pelo judiciário do Estado de Goiás. Faz parte desse mesmo processo de repressão a reclusão do agricultor Sem-Terra Luiz Batista Borges, desde o dia 14 de abril, no centro de detenção de Rio Verde (GO; além da outros quatro militantes do MST de Goiás que se encontram com pedido de prisão decretada. Repudiamos tal atitude como perseguição política e ataque à Constituição Federal. Sinaliza os tempos sombrios, inaugurados com o Golpe à democracia efetuado pelo Congresso Nacional e com instalação de um governo provisório ilegítimo. Neste sentido, o governo do golpista Michel Temer faz os seus primeiros presos políticos. Perseguir e prender lutadores e lutadoras do povo é um ato de desrespeito à vida, pois fere os princípios éticos da dignidade humana dos povos, que são excluídos do acesso à terra, à moradia e ao trabalho com dignidade. Denunciamos os opressores do povo, que criminalizam os movimentos sociais e são coniventes com um sistema que fere e mata a vida no campo e na cidade. Anunciamos a necessidade de um novo sistema social, justo e solidário onde não haverá “nenhum camponês sem terra, nenhuma família sem teto e nenhum trabalhador sem direitos”, tal é o ensinamento de nosso irmão e companheiro, Papa Francisco. Lutar por esses direitos, não pode ser considerado um crime. Criminosas são as ações das elites que provocam misérias e impedem que os pobres da terra vivam com dignidade. Não nos calaremos enquanto essas injustiças não forem corrigidas, e denunciaremos cotidianamente a ganância dos opressores que agem somente em benefício próprio. Não haverá justiça se não pudermos sonhar e lutar por nossos sonhos. Lutar não é crime! Não ao Golpe, Fora Temer! Mariana, 04 de Junho de 2016

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Page 1: Nota de Repúdio do EBMP -  SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS

NOTA DE REPÚDIO DO ENCONTRO BRASILEIRO DE MOVIMENTOS POPULARES

EM DIÁLOGO COM O PAPA, SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS E DA PRISÃO DO

MILITANTE JOSÉ VALDIR MISNEROVICZ

Nós, mais de 300 homens e mulheres de 20 estados brasileiros, representantes dos

movimentos populares, pastorais sociais e organizações sindicais, reunidos em Mariana,

Minas Gerais, no Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em diálogo com o Papa

Francisco, recebemos com profundo pesar e indignação a notícia da prisão injusta de nosso

companheiro e militante José Valdir Misnerovicz, educador popular, camponês e dirigente

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Sua prisão foi efetuada no dia 30 de maio de 2016, enquanto ministrava uma aula de

cooperativismo para jovens camponeses na cidade de Veranópolis (RS). O pedido faz parte

do mais recente processo de criminalização dos movimentos sociais realizado pelo

judiciário do Estado de Goiás. Faz parte desse mesmo processo de repressão a reclusão do

agricultor Sem-Terra Luiz Batista Borges, desde o dia 14 de abril, no centro de detenção de

Rio Verde (GO; além da outros quatro militantes do MST de Goiás que se encontram com

pedido de prisão decretada.

Repudiamos tal atitude como perseguição política e ataque à Constituição Federal. Sinaliza

os tempos sombrios, inaugurados com o Golpe à democracia efetuado pelo Congresso

Nacional e com instalação de um governo provisório ilegítimo. Neste sentido, o governo do

golpista Michel Temer faz os seus primeiros presos políticos. Perseguir e prender lutadores

e lutadoras do povo é um ato de desrespeito à vida, pois fere os princípios éticos da

dignidade humana dos povos, que são excluídos do acesso à terra, à moradia e ao trabalho

com dignidade. Denunciamos os opressores do povo, que criminalizam os movimentos

sociais e são coniventes com um sistema que fere e mata a vida no campo e na cidade.

Anunciamos a necessidade de um novo sistema social, justo e solidário onde não haverá

“nenhum camponês sem terra, nenhuma família sem teto e nenhum trabalhador sem

direitos”, tal é o ensinamento de nosso irmão e companheiro, Papa Francisco. Lutar por

esses direitos, não pode ser considerado um crime. Criminosas são as ações das elites que

provocam misérias e impedem que os pobres da terra vivam com dignidade. Não nos

calaremos enquanto essas injustiças não forem corrigidas, e denunciaremos

cotidianamente a ganância dos opressores que agem somente em benefício próprio. Não

haverá justiça se não pudermos sonhar e lutar por nossos sonhos.

Lutar não é crime!

Não ao Golpe, Fora Temer!

Mariana, 04 de Junho de 2016