nossa escola nº 9 - educação no campo

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E N O S S A s c o l a A educação, finalmente, chega às crianças, jovens e adultos que vivem nas mais distantes localidades da Bahia. Fruto da parceria entre os governos federal, estadual e dos municípios, e também com a participação da sociedade. O Estado, que tem a maior população rural do país, ampliou o orçamento, criou políticas específicas e investiu em programas para garantir à população o acesso à educação no campo. O resultado já se observa em colégios como o Casa Jovem II (foto), em Igrapiúna, vencedor do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar. E d u c a ç ã o a v a n ç a n o c a m p o Informativo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia Ano III Nº9 Novembro de 2010

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Page 1: Nossa escola Nº 9 - Educação no campo

Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia

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A educação, finalmente, chega às crianças, jovens e adultos que vivem nasmais distantes localidades da Bahia. Fruto da parceria entre os

governos federal, estadual e dos municípios, e também com a participaçãoda sociedade. O Estado, que tem a maior população rural do país, ampliou o

orçamento, criou políticas específicas e investiu em programas paragarantir à população o acesso à educação no campo.

O resultado já se observa em colégios como o Casa Jovem II (foto), em Igrapiúna, vencedor do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar.

Educação avança no campo

Informativo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia Ano III Nº9 Novembro de 2010

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Escolas Novas na Zona Rural

Informativo produzido pela Assessoria de Comunicação da Secretaria da Educação da Bahia.Contato: (71) 3115-9026 | [email protected]ção: Shirley Pinheiro (DRT 836) | Projeto e Editoração: Marvin KennedyRevisão de textos: Lucília Coimbra | Fotografias: Claudionor Jr.Textos: Perla Ribeiro, Claudia Lessa e Livia OrgeEx

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Parceria para o semiárido

Escolas Famílias AgrícolasAs 32 Escolas Famílias Agrícolas (EFAs)

já integram a rede estadual de educação. Resultado do convênio de cooperação técnica da Secretaria da Educação do Estado da Bahia com a Associação das Comunidades e Escolas Famílias Agrícolas da Bahia (Aecofaba) e com a Rede das Escolas Famílias Agrícolas do Semiárido (Refaisa). A meta é assegurar o atendimento a quase três mil alunos com a proposta da pedagogia da alternância, que concilia o tempo na escola com o tempo de trabalho na comunidade.

Cerca de 60% dos baianos que participam do programa Todos pela Alfabetização (Topa) es-tão na zona rural. Em três anos, o programa es-tadual, que é referência nacional, já alfabetizou 700 mil baianos e mais de 300 mil estão em sala de aula.

Todos pela Alfabetização

As escolas do campo do semiárido têm material didático e currículo diferenciados e contextualiza-dos na realidade local, construídos de forma partici-pativa e com o envolvimento dos educadores. Esse projeto se tornou realidade a partir de parceria da Secretaria da Educação do Estado com a Rede de Educação do Semiarido Brasileiro (Resab), com os municípios e movimentos sociais da região, e ainda com o incentivo da Unicef, através do Pacto Na-cional Um Mundo para Criança e Adolescente do Semiarido.

Escola índigenaProfessores e alunos indígenas, juntamente com uma equipe pedagógica da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, produzem o con-teúdo do material didático adotado nas escolas indígenas. Já foram contemplados os povos Pa-taxó, Pataxó Hã Hã Hãe, Kiriri e Kaimbé. Ainda este ano, devem ser entregues os livros das tri-bos Tupinambá, Pankararé, Kantaruré e Xucuru Kariri. O material utiliza a linguagem própria da aldeia, com desenhos e figuras do cotidiano dos jovens. A formação de professores também é prioridade. Do total de 423 em processo de for-mação, 108 professores indígenas estão cursan-do Licenciatura Intercultural.

QuilombolasO trabalho educacional desenvolvido em co-munidades quilombolas já cumpre o Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em 20 de julho de 2010, pelo presidente Lula. A Secretaria da Educação da Bahia vem discutindo o projeto educacional com as próprias comunidades e ca-pacitando professores para o ensino da história afro-brasileira. “A secretaria desenvolveu ações afirmativas e, pela primeira vez, o professor é ouvido. Participei dos fóruns e o resultado foi muito produtivo. Já estamos desenvolvendo ofi-cinas com o que foi assimilado nos encontros”, ressalta a professora quilombola Jailde Lima da Silva, do município de Antônio Gonçalves.

Em 2010 já são 16 cursos técnicos voltados ao meio rural, como os de Agroecologia, Zootéc-nica, Pesca, Biotecnologia, Ecoturismo e Agro-indústria. Ao todo, a rede estadual já tem mais de 43 mil estudantes e oferta 69 cursos técnicos de nível médio.

Educação Profissional

A Secretaria da Educação do Estado da Ba-hia priorizou construir escolas na zona rural para assegurar o acesso e a permanência dos estudantes no campo. Do total de 113 escolas construídas, 52 foram edificadas nas zonas rurais. As novas unidades transformam a reali-dade de milhares de baianos que, no passado, estudavam em sedes improvisadas ou precisa-vam se deslocar quilômetros para ir à escola na zona urbana.

Exemplo disso ocorreu em Barra Nova, dis-trito de Barra do Choça, distante 500 quilôme-tros de Salvador. Lá, a sede improvisada ficou para trás e os estudantes usufruem agora de uma infraestrutura novinha: o Colégio Estadual Vitória Lima de Oliveira, com seis salas de aula, sala de leitura e laboratório de informática. A unidade tem capacidade para atender 720 estudantes, distribuídos nos três turnos e de-mandou investimento de quase R$ 1 milhão.

As mudanças tiveram um impacto positivo na vida de pessoas, como a da funcionária mu-nicipal, Alvani Rocha da Silva, 42 anos. Mãe, trabalhadora e estudante, ela diz que agora tem mais motivação para ir à escola. “Mudou para melhor. Agora a gente sabe que a escola é nossa”, conta Alvani.

Os recursos estaduais destinados para trans-porte escolar cresceram em quase 400% nos

últimos quatro anos. O montante saltou de R$ 9.6 milhões, em 2006, para R$ 35 milhões pre-vistos para este ano, atendendo 140 mil estu-dantes residentes em localidades rurais. Além

do aumento do investimento, foi ampliado, também, o número de municípios, que saltou

de 147 para 399, em 2010. Esta é mais uma iniciativa do governo para garantir o acesso e

a permanência dos baianos na escola.

Transporte Escolar

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A educação avança no campo e já atende cer-ca de 200 mil estudantes em mais de cinco mil localidades da Bahia, estado que tem a maior população rural do país. Nos últimos três anos, a educação no campo passou a contar com dotação orçamentária própria (mais de R$ 5 milhões) e teve os recursos ampliados em 200%. A Secretaria da Educação do Estado da Bahia criou a Coorde-nação de Educação do Campo, fez parceria com o Ministério da Educação, com os municípios e in-vestiu em programas estruturantes para garantir à população rural o direito à educação.

Programas como o Escola Ativa, Intermediação Tecnológica e Projovem Campo - Saberes da Terra estão assegurando aos jovens o acesso à educa-ção no próprio campo, e mostram, na prática, que,

juntos, o saber informal aliado ao conhecimento formal são capazes de promover muitas transfor-mações na vida das pessoas.

Exemplo disso é o agricultor Marcos Barreto, 48 anos, mais conhecido como Miudinho. Mora-dor da Fazenda Tiririca, região de Lajinha, no mu-nicípio de Conceição do Coité, ele só tinha a 1ª série do ensino fundamental quando ingressou no pro-grama ProJovem Saberes da Terra e conta orgu-lhoso que este ano vai concluir o ensino médio. “O Saberes da Terra deu uma alavancada em minha vida. Tinha uma rotina ativa, mas sem conhecimen-tos. Depois do programa, as coisas começaram a fluir. Sou uma pessoa do campo, vivo o dia a dia do campo na prática e com o programa aprendi as técnicas para lidar com a terra”, conta.

Educação avança no campo

Escola AtivaVoltado à população do campo, o Escola Ativa saltou de 18 mil estu-dantes atendidos em 2007 para mais de 180 mil e conta com adesão de 328 municípios. A metodologia é específica para quem vive no campo, garantindo a todos os estudantes a igualdade de condições para acesso, permanência e sucesso na escola. Bastou a primeira aula de plantio de horta na Escola Municipal Manoel Evangelista, em Simões Filho, para a estudante da 1ª série, Elisa Borges da Silva, compartilhar o conhecimento com a família. “Minha mãe tinha um pedaço de terra, mas não fazia da forma correta. Eu ensinei a ela e hoje temos couve, cebolinha, coentro, salsa e hortelã grosso em casa”, conta.

Saberes da TerraVoltado para jovens e adultos na faixa etária de 18 a 29 anos, o programa Projovem Campo - Saberes da Terra busca proporcionar a formação integral aos agricultores familiares. No início de 2007, o programa tinha apenas 300 vagas em três municípios. Com a nova política de Educação do Campo, ampliou para 5,7 mil vagas e passou a atender 71 municípios. Os estudantes contam, também, com uma bolsa auxílio bimestral no valor de R$ 100,00.

Intermediação TecnológicaO programa Ensino Médio com Intermediação Tecnológica vem contribuindo para levar a edu-cação aos jovens que vivem nos locais mais re-motos do Estado. Com transmissão de aulas via satélite, o professor fica no estúdio, em Salvador, e os alunos assistem às aulas, através da Internet por sinal de TV, nas escolas de suas localidades. Em cada sala tem um monitor mediando a co-municação com os estudantes, que podem fazer perguntas e expor suas dúvidas em tempo real. O programa atende a cerca de nove mil estudantes do 1º e 2º ano do ensino médio da zona rural dis-tribuídos em 400 salas de aula conectadas.

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Casa Jovem II é Referência Nacional O Colégio Estadual Casa Jovem II é campeão do Destaque Brasil, concedido pelo Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar. O primeiro lugar coroa o sucesso de um sistema de gestão democrático que compreende, especial-mente, a importância da participação da família e da integração entre escola e co-munidade no processo de escolarização.Situado na zona rural do município de Igrapiúna (a 322 km de Salvador), o Casa Jovem II abre, todos os dias, as suas portas para cerca de 700 estudantes. Esta unidade escolar oferece, em regime de educação em tempo integral, ensino fundamental e curso de Educação Pro-fissional em Agroecologia integrado ao ensino médio, além de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite.Francisco Nascimento, diretor do colégio, afirma que estudantes, pais, professores e representantes da comunidade local par-ticipam ativamente do planejamento e da execução dos projetos educacionais que envolvem o esporte, a cultura, a música, a agricultura e a ecologia. Ele destaca a criação do I Conselho Comu-nitário do Campo com o qual “nós con-seguimos monitorar tanto o desempenho dos estudantes na escola, quanto a sua convivência familiar e comunitária”.

Aulas Práticas A convivência está bem melhor na casa de

Vanessa Caroba dos Santos, de 17 anos, estudante do 2º ano do curso técnico de

Agroecologia, do Casa Jovem II. A família da adolescente cultiva pupunheira, cujo fruto, a

pupunha, pode ser consumido cozido com sal, na forma de farinha ou óleo e também serve

de matéria-prima para fabricar geleias. “É tipo uma palmeira”, explica Vanessa. “Agora, com

o curso, eu levo informações para casa. Sei como cuidar para a plantação ficar melhor e

maior”, acrescenta a adolescente.Na horta, além da alface, os estudantes

cuidam da plantação de repolho, couve e brócolis, que são utilizados na alimentação

escolar, e ainda cultivam ervas medicinais como hortelã-japonesa, cravo-da-índia e

capim santo.

O Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar é uma iniciativa conjunta do Consed (Conselho Nacional de Secretários

de Educação), Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação),

Unesco (Organização das Nações Uni-das para a Educação, Ciência e Cultura) e Fundação Roberto Marinho. Além disso, tem o apoio da Embaixada dos Estados

Unidos da América, do movimento “Todos pela Educação”, MBC (Movimento Brasil

Competitivo), Grupo Gol, Gerdau e Instituto Razão Social.

Prêmio Destaque BrasilFrancisco Nascimento, diretor do Casa Jovem II

Foto: Carlos Fernando/Fundação Roberto Marinho