nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social...

38
O lema “aprender a aprender” nos ideários educacionais Conforme anunciamos, a conversa será longa!!! Neste bloco de slides refletiremos sobre o lema “aprender a aprender” que faz parte de muitos ideários educacionais contemporâneos. Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=D9hbXY7V Bbac5OUPloaemAc&q=aprender+a+fazer&oq=aprender+a+fazer

Upload: others

Post on 01-Nov-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O lema “aprender a aprender”

nos ideários educacionais

Conforme anunciamos, a conversa será longa!!!

Neste bloco de slides refletiremos sobre o lema

“aprender a aprender” que faz parte de muitos

ideários educacionais contemporâneos.

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=D9hbXY7V

Bbac5OUPloaemAc&q=aprender+a+fazer&oq=aprender+a+fazer

Page 2: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Para conseguirmos alcançar reflexões e discussões mais qualitativas e

coerentes com o embasamento teórico que alicerça nosso Currículo,

utilizaremos a obra do Prof. Dr. Newton Duarte:

“Vigotski e o 'Aprender a

Aprender'.

Crítica às Apropriações

Neoliberais e Pós-

Modernas da Teoria

Vigotskiana”

Estudo das teorias pedagógicas

a partir de uma teoria crítica.

Capa do livro – surrealismo

Duas cabeças num mesmo corpo.

Cabeças: neoliberais e pós-modernos

Corpo: capitalismo

Page 3: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O capítulo um da obra referida traz

questões importantes para pensarmos a educação:

O lema “aprender a aprender” nos

ideários educacionais

Vamos lá!!!

Livro “Cuidado escola!”

Page 4: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

De acordo com Duarte (2001, p. 32), é necessária uma

relação consciente para com o ideário pedagógico que

esteja mediatizando a leitura que os educadores

brasileiros vêm fazendo dos trabalhos da escola de

Vigotski.

O ato de ensinar é parte integrante

do trabalho educativo.

O trabalho educativo produz, nos indivíduos singulares,

a humanidade, isto é, o trabalho educativo alcança sua

finalidade quando cada indivíduo singular apropria-se

da humanidade produzida histórica e coletivamente,

quando o indivíduo apropria-se dos elementos culturais

necessários à sua formação como ser humano,

necessários à sua humanização (DUARTE, 1998).

Page 5: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

É preciso termos um posicionamento

afirmativo sobre o ato de ensinar!

O trabalho educativo posiciona-se, em primeiro lugar, em

relação à cultura humana, em relação às objetivações

produzidas historicamente.

Esse posicionamento, por sua vez, requer também um

posicionamento sobre o processo de formação dos indivíduos,

sobre o que seja a humanização dos indivíduos.

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1350&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=VhbXbvZC6rC5OUPvJaA2Ag&q=process

o+de+humaniza

Page 6: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O processo de humanização

O homem pertence a uma espécie animal – HOMO SAPIENS

Temos um conjunto de traços herdados. Todos nós dependemos dos

genes que recebemos de nossos ancestrais para formar o nosso

corpo, obedecendo as características de nossa espécie – filogenia filogénese (no grego: Phylo = raça e genetikos = relativo à génese = origem)

Seu surgimento se dá pela evolução do homem que se liberta

totalmente de sua dependência inicial das mudanças biológicas.

Ou seja, em determinado momento do processo evolutivo humano, os

fatores biológicos, até então preponderantes passam a ser

subordinados às leis sócio-históricas.

Page 7: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Espécie humana e Gênero humano

Espécie humana = características herdadas

geneticamente.

Gênero humano = características produzidas

historicamente, apropriadas pelo indivíduo nos processos educativos.

Page 8: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Portanto, apenas o biológico não basta para satisfazer

suas necessidades, o homem precisou adquirir

várias aptidões, tornou-se apto à realização de uma

atividade constituída a partir das relações sociais,

chamada TRABALHO.

O homem definitivamente formado possui já todas as

propriedades biológicas necessárias ao seu

desenvolvimento sócio-histórico ilimitado, o qual não

depende de mudanças biológicas.

HUMANIZAÇÃO

Page 9: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Ao adotar a referência da formação do indivíduo como membro do

gênero humano, esse conceito de trabalho educativo está estabelecendo

como um dos valores fundamentais da educação, o do

desenvolvimento do indivíduo para além dos limites impostos pela

divisão social do trabalho.

E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à pedagogia

escolanovista, quando esta, em nome da democracia, do respeito às

diferenças individuais, acaba por legitimar desigualdades resultantes

das relações sociais alienadas (DUARTE, 1998).

Diferenças individuais

aluno empírico aluno concreto

Page 10: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O respeito às diferenças, proposto pela

pedagogia da existência, tem resultados

catastróficos em nossas escolas. São

representantes desse raciocínio

professores que justificam o fracasso

escolar nas condições individuais de

seus alunos, nunca questionando a sua

prática de ensino (DANGIÓ, MARTINS,

2018, p. 114).

À culpabilização do aluno empírico

nessas circunstâncias, agregam-se

desculpas pedagógicas que não

consideram as multideterminações do

fenômeno, conjecturando apenas a

aparência de uma realidade que, em sua

essência, é responsável pelo fracasso

de cada aluno concreto que não aprende

(DANGIÓ, MARTINS, 2018, p.114).

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&bi

w=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=BmRdXdH5B

Page 11: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Compreender que o “aluno é entendido como alguém

que sintetiza, a cada período da vida, a história da

apropriações que lhes foram legadas”.

Como afirma Saviani (2005), é entender o “aluno

concreto”, ou seja, as necessidades dos alunos para

além do imediato (aluno empírico), compreendendo a

concepção de mundo que é necessário ser formada e os

conteúdos para proporcionar esta formação.

aluno empírico aluno concreto

apreendido por quaisquer

especificidades ou características

aparentes

é entendido, nessa perspectiva, como

alguém que sintetiza, a cada período da

vida, a história das apropriações que

lhes foram legadas.

Page 12: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

A concepção educacional da Pedagogia Histórico-Crítica busca explicar o

homem como ser histórico.

Decorre dessa necessidade a busca por uma prática pedagógica coerente

que não caia nos determinismos e nos modismos das pedagogias

burguesas.

Uma questão fundamental para esta prática pedagógica é distinguir

o aluno empírico do aluno concreto.

Atender às necessidades do educando sem fazer esta distinção pode

significar o agravamento de sua condição de não-homem (DALAROSA,

2008, p.349).

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=L2ZdXcfCB_Kx5OUPz9qRuAQ&q

=alunos+ricos+e+pobres&oq=alunos+ricos+e+pobres

Page 13: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O aluno empírico é aquele que se apresenta diante do professor, na

sala de aula.

Suas necessidades imediatas solicitam uma ação também imediata que

pode não contribuir para sua superação enquanto homem.

O aluno concreto é o aluno entendido em sua totalidade como ser

histórico.

As necessidades do aluno concreto encontram explicação na totalidade

das relações sociais nas quais está inserido.

Explica-se pela explicitação das múltiplas determinações. (DALAROSA, 2008, p. 349)

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=L2ZdXcfCB_Kx5OUPz9qRuAQ&q

=alunos+ricos+e+pobres&oq=alunos+ricos+e+pobres

Page 14: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR7

91&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=_

Saviani (2005, p. 82) esclarece que "o aluno empírico, o indivíduo

imediatamente observável, tem determinadas sensações, desejos e

aspirações que correspondem necessariamente aos seus

interesses reais, definidos pelas condições sociais que o situam

enquanto indivíduo concreto. [...]

Nem sempre o que a criança manifesta à primeira vista como

sendo de seu interesse é de seu interesse como ser concreto,

inserido em determinadas relações sociais. Em contrapartida,

conteúdos que ela tende a rejeitar são, no entanto, de seu maior

interesse enquanto indivíduos concretos".

Page 15: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Saviani (2015, p. 357) nos diz:

“[...] os indivíduos são seres humanos concretos,

portanto, síntese de múltiplas relações sociais. Não

são indivíduos abstratos, os quais por intermédio da

educação se busca atingir uma essência humana

abstrata, como considera a pedagogia tradicional,

tampouco indivíduos empíricos e singulares os quais se

diferenciam uns dos outros por suas disposições

internas e naturais, como pensa a pedagogia nova.”

Fonte:https://www.google.com/search?q=forma%C3%A7%C3%A3o+humana&rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&source=lnms&tbm=isch&

Page 16: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O conceito de trabalho educativo para o nosso Currículo:

situa-se numa perspectiva que supera a opção entre a

essência humana abstrata e a existência empírica.

A essência abstrata é recusada na medida em que a

humanidade, as forças essenciais humanas, são concebidas

como cultura humana objetiva e socialmente existente, como

produto da atividade histórica dos seres humanos.

Produzir nos indivíduos singulares "a humanidade que é

produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens",

significa produzir a apropriação pelos indivíduos das forças

essenciais humanas objetivadas historicamente (DUARTE, 1998).

Page 17: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

[...] como o ser da sociedade é histórico, a essência

ontológica da educação só pode ser apreendida numa

perspectiva historicista.

Numa primeira aproximação, portanto, é cabível afirmar-se que uma

ontologia da educação busca compreender a essência historicamente

constituída do processo de formação dos indivíduos humanos como

seres sociais.

Não se trata de uma essência independente do processo histórico, das

formas concretas de educação em cada sociedade. Trata-se da análise

dos processos historicamente concretos de formação dos

indivíduos e de como, por meio desses processos vai se definindo,

no interior da vida social, um campo específico de atividade

humana, o campo da atividade educativa (DUARTE, 2012 , p. 38).

Produzir a apropriação pelos indivíduos das forças

essenciais humanas objetivadas historicamente.

Page 18: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Esse conceito de trabalho

educativo também supera a

concepção de educação

guiada pela existência

empírica, na medida em que

sua referência para a

educação é a formação do

indivíduo como membro do

gênero humano.

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1349&bih=631&tbm

=isch&sa=1&ei=Y2JdXbPqMIfR5OUPssGzsAc&q=cultura+humana

Page 19: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

https://www.google.com.br/search?q=compreens%C3%A3o+da+realidade&source=lnms&tbm=i

sch&sa=X&ved=0ahUKEwjlt5aR5svSAhVFGZAKHWsYC8IQ_AUICCgD&biw=1366&bih=651#tb

m=isch&q=CATARSE+pedagogia+hist%C3%B3rico-

cr%C3%ADtica&*&imgrc=DzBMmRURrf_6RM:

Em termos de metodologia de

ensino da pedagogia histórico-

crítica, podemos refletir que a

atuação dos professores precisa

trazer à tona as questões antes não

identificadas pelos estudantes de

maneira aprofundada, desvelando a

realidade concreta,

problematizando,

possibilitando aos estudantes um

novo olhar sobre a realidade.

Este novo olhar mostrará que a

realidade possui contradições que

estão relacionadas e constituem as

múltiplas determinações da

realidade, fazendo parte uma da

outra.

(TEIXEIRA, AGUDO, 2016, p. 163)

Page 20: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Mas... se o ato educativo pressupõe

humanização com consequente

desenvolvimento pleno e qualitativo do

ser humano, por que as pedagogias

que tem como lema “aprender a

aprender” não dão conta desse

processo?

Page 21: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O escolanovismo e o construtivismo como

concepções negativas sobre o ato de ensinar.

Para defender o ponto de vista acima Duarte (2001, p. 32-33)

inicia seu raciocínio com a afirmação de que o construtivismo retoma

em outras roupagens muitas das ideias fundamentais da Escola Nova.

Revigoramento do lema

“aprender a aprender”

nos ideários

educacionais

contemporâneos.

Page 22: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O que vem a ser “aprender a

aprender”?

“Aprender a aprender” foi um lema defendido pelo movimento

escolanovista e adquiriu novo vigor na retórica de várias concepções

educacionais contemporâneas, especialmente no construtivismo. “No

mundo todo, livros, artigos e documentos oficiais apresentam o

“aprender a aprender” como um emblema do que existiria de mais

progressista e inovador, um símbolo da educação do século XXI"

(DUARTE, 2001, orelha do livro).

Livro “Cuidado escola!”

Page 23: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

“Trata-se de um lema que sintetiza uma concepção

educacional voltada para a formação da capacidade

adaptativa dos indivíduos [...] a adesão a esse lema

implica necessariamente a adesão a todo um ideário

educacional afinado com a lógica da sociedade capitalista

contemporânea (DUARTE, 2001, p. 42)".

Os pressupostos desse ideário têm por base a concepção da

não transmissão do conhecimento objetivo, sendo que o

conhecimento se centraria na capacidade de adaptação do

sujeito, por meio de suas estruturas de percepção e ação.

Page 24: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

De acordo com Duarte (2001, p. 33), “em vários momentos de

trabalhos de autores construtivistas é possível constatar a

existência de concepções sobre a educação escolar que

endossam o lema “aprender a aprender”, mesmo quando esse

lema não é explicitamente citado.

O construtivista espanhol César Coll é um dos autores que

explicitam essa questão e chega mesmo a apresentar o “aprender

a aprender” como a finalidade última da educação numa

perspectiva construtivista.

Numa perspectiva construtivista, a

finalidade última da intervenção

pedagógica é contribuir para que o aluno

desenvolva a capacidade de realizar

aprendizagens significativas por si

mesmo numa ampla gama de situações e

circunstâncias, que o aluno “aprenda a

aprender” (COLL, 1994, p. 136 apud DUARTE, 2001, p. 33).

Page 25: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Os posicionamentos valorativos contidos no

lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)

1º Posicionamento valorativo: as aprendizagens que o indivíduo realiza por

si mesmo, nas quais está ausente a transmissão, por outros indivíduos,

de conhecimentos e experiências, é tida como mais desejável. Aprender

sozinho seria algo que contribuiria para o aumento da autonomia do

indivíduo, ao passo que aprender algo como resultado de um processo de

transmissão por outra pessoa seria algo que não produziria a autonomia

e, ao contrário, muitas vezes até seria um obstáculo para a mesma.

Crítica: de nossa parte não discordamos da afirmação de que a educação

escolar deva desenvolver no indivíduo a capacidade e a iniciativa de

buscar por si mesmo novos conhecimentos, a autonomia intelectual, a

liberdade de pensamento e de expressão. Nosso ponto de discordância

reside na valoração, contida no “aprender a aprender”, das aprendizagens

que o indivíduo realiza sozinho como mais desejáveis do que aquelas que

ele realiza por meio da transmissão de conhecimentos por outras

pessoas. Não concordamos que o professor, ao ensinar, ao transmitir

conhecimento, esteja cerceando o desenvolvimento da autonomia e da

criatividade dos alunos.

Page 26: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Os posicionamentos valorativos contidos no

lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)

2º Posicionamento valorativo: Trata-se da ideia de que é mais importante o aluno

desenvolver um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de

conhecimentos, do que aprender os conhecimentos que foram descobertos e

elaborados por outras pessoas. É mais importante adquirir o método científico do

que o conhecimento científico já existente. Esse segundo posicionamento

valorativo não pode ser separado do primeiro, pois o indivíduo, nessa concepção,

só poderia adquirir o método de investigação, só poderia “aprender a aprender” por

meio de uma atividade autônoma.

Crítica: Nosso questionamento em relação a essa ideia é o de que ela também apoia-

se em dicotomias, neste caso, as dicotomias entre conteúdo e forma e entre

processo e produto. No limite essa ideia acaba por esvaziar o processo

educativo, descaracterizando-o totalmente. Cabe aqui lembrar a seguinte

afirmação de Saviani sobre a Escola Nova: Veja-se o paradoxo em que desemboca

a escola nova; a contradição interna que atravessa de porta a porta sua proposta

pedagógica; de tanto endeusar o processo, de tanto valorizá-lo em si e por si,

acabou por transformá-lo em algo místico, uma entidade metafísica, uma

abstração esvaziada de conteúdo e sentido (SAVIANI, 1989, p. 86-87).

Page 27: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Atenção!!!

Vamos refletir...

O mencionado posicionamento valorativo contido no lema “aprender a

aprender”, que consiste em supervalorizar o método de

conhecimento em detrimento do conhecimento como produto,

articula-se também à ideia de que uma educação democrática não

pode privilegiar uma determinada concepção ideológica, política etc.

Nessa perspectiva: uma educação democrática seria uma

educação relativista.

Será mesmo que uma educação

democrática é isso???

Page 28: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Piaget (1998, p. III apud DUARTE, 2001, p. 37) expressou claramente

esse ponto de vista: “Certamente não nos cabe prescrever à

criança um ideal novo: não sabemos como será a sociedade de

amanhã. Não cabe a nós inculcar na criança um ideal político, um

ideal econômico, um ideal social demasiado preciso.

O que devemos lhe fornecer é simplesmente um método, um

instrumento psicológico fundado na reciprocidade e na

cooperação.”

Educação democrática relativista???

Isto não está me cheirando bem!!!

Page 29: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Crítica: Adoção de uma posição neutra,

relativista quanto aos fins da educação

Não podemos deixar de assinalar algumas contradições do raciocínio acerca

do relativismo na educação.

Postular uma educação que não privilegie nenhuma concepção política,

científica etc., está nitidamente atrelada aos princípios de uma doutrina

liberal sobre o homem, a sociedade e a educação.

Defender que as crianças devem aprender a “conhecer diferentes opções,

valorizando-as e julgando-as” a partir daquilo que constroem por si

mesmas, incita-nos as seguintes indagações:

Como a criança pode aprender a julgar as distintas concepções e

a adotar seu próprio ponto de vista se os adultos que a educam

omitirem suas opções e seus julgamentos?

Pode o educador ser neutro do ponto de vista ideológico, ou

científico, ou filosófico?

Page 30: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Os posicionamentos valorativos contidos no

lema “aprender a aprender”

3º Posicionamento valorativo: Trata-se do princípio segundo o qual

a atividade do aluno, para ser verdadeiramente educativa, deve

ser impulsionada e dirigida pelos interesses e necessidades da

própria criança.

Crítica: De que necessidades estamos falando? Do aluno empírico?

Do aluno concreto?

Retomemos as seguintes considerações já feitas neste estudo -

entender o “aluno concreto”, ou seja, as necessidades dos alunos

para além do imediato (aluno empírico), compreendendo a

concepção de mundo que é necessário ser formada e os

conteúdos para proporcionar esta formação.

Será que as necessidades e conhecimentos trazidos pelos

alunos são suficientes para dirigir o processo educativo?

Page 31: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Vamos brincar de

telefone sem fio?

Conte para mais educadores o que o

Prof. Newton Duarte (2001, p. 55)

nos diz sobre o conhecimento que

o aluno traz de sua “realidade

concreta”:

Alguém poderia, a esta altura de nosso estudo, contestar-nos apresentando o

argumento de que se busca, atualmente, a valorização do conhecimento

que o aluno traz de sua “realidade concreta”, de “seu cotidiano”, a

valorização do “saber específico ao grupo cultural ao qual o aluno pertence”,

isto é, busca-se valorizar a construção do conhecimento, partindo do que o

indivíduo já possui, possibilitando-lhe a conquista da autonomia intelectual,

respeitando suas necessidades e seus interesses.

Sem meias-palavras, consideramos que tudo isso não passa de uma

forma eufemística de aceitar, sem questionamentos, o cotidiano alienado

e fetichizado dos indivíduos.

Page 32: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Cotidiano fetichizado? O que é isso?

FETICHE= Objeto a que se atribui poder sobrenatural

ou mágico e se presta culto.

Objetivo da

educação

escolar = ir além

dos conhecimentos

já apropriados pelos

alunos, para que

eles possam superar

qualitativamente

esses

conhecimentos em

direção aos

conhecimentos

científicos.

Page 33: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Os posicionamentos valorativos contidos no

lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)

4º Posicionamento valorativo: a educação deve preparar os indivíduos para acompanharem a

sociedade em acelerado processo de mudança, ou seja, enquanto a educação tradicional seria

resultante de sociedades estáticas, nas quais a transmissão dos conhecimentos e tradições

produzidos pelas gerações passadas era suficiente para assegurar a formação das novas

gerações, a educação nova (ou construtivista) deve pautar-se no fato de que vivemos em uma

sociedade dinâmica, na qual as transformações em ritmo acelerado tomam os conhecimentos

cada vez mais provisórios, pois um conhecimento que hoje é tido como verdadeiro pode ser

superado em poucos anos ou mesmo em alguns meses. O indivíduo que não aprender a se

atualizar estará condenado ao eterno anacronismo, à eterna defasagem de seus

conhecimentos

Crítica: o “aprender a aprender” aparece assim na sua forma mais crua, mostra assim

seu verdadeiro núcleo fundamental: trata-se de um lema que sintetiza uma

concepção educacional voltada para a formação da capacidade adaptativa

dos indivíduos. Quando educadores e psicólogos apresentam o “aprender a

aprender” como síntese de uma educação destinada a formar indivíduos criativos,

é importante atentar para um detalhe fundamental: essa criatividade não deve ser

confundida com busca de transformações radicais na realidade social, busca de

superação radical da sociedade capitalista, mas sim criatividade em termos de

capacidade de encontrar novas formas de ação que permitam melhor

adaptação aos ditames do processo de produção e reprodução do capital.

Page 34: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

O que o autor defendeu com os 4 posicionamentos valorativos

contidos no lema “aprender a aprender” apresentados?

A tese de que a adesão a esse lema implica

necessariamente a adesão a todo um ideário

educacional afinado com a lógica da sociedade

capitalista contemporânea.

Esse fato permanece velado até mesmo a educadores que

em outros momentos mostraram-se críticos em relação

ao ideário escolanovista.

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1G

CEA_enBR791BR791&biw=1351&bih=631&tbm

=isch&sa=1&ei=XoddXeqnIJvA5OUPvL2VqAc&q

=capitalismo

Page 35: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Nossa hipótese é de que se trata de um tipo de discurso educacional que

poderá resultar, no plano internacional e também no plano nacional, no

fortalecimento da divisão mencionada por Saviani, tendo-se um tipo de

educação para as elites, voltado para o desenvolvimento da cognição, da

criatividade, da agilidade na utilização das diversas tecnologias de acesso à

informação, no desenvolvimento de múltiplas habilidades em diversos campos

da cultura humana, na capacidade de desenvolver trabalho de equipe

altamente qualificado etc., e outro tipo de educação, destinada à grande

maioria da população, caracterizado pela aquisição do instrumental cognitivo

mínimo e do conhecimento mínimo (alfabetização na língua materna e na

matemática), indispensáveis ao constante processo de adaptação às

mudanças nos padrões de exploração do trabalho e à assimilação das

expectativas de consumo produzidas pela propaganda (DUARTE, 2001, p. 67).

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_

enBR791BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1

&ei=p9FiXfLQOcPV5OUP7cyisAI&q=escola+pra+rico+

e+para+pobre&oq=escola+pra+rico+e+para+pobre&

Page 36: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

A contradição entre o homem e a cultura, ou melhor,

entre a cultura como produto social e sua apropriação

privada, configura-se, nos dias de hoje, no fato de que

[...] a par de um desenvolvimento sem precedentes nos

meios de produção e difusão cultural, aprofunda-se o

fosso entre a exigência de generalização da alta

cultura e as dificuldades crescentes que as relações

sociais burguesas apõem ao desenvolvimento

cultural.

Em tal situação, a educação burguesa

inevitavelmente teve de considerar a cultura superior

como um privilégio restrito a pequenos grupos que

compõem a elite da sociedade.

No seu período revolucionário, correspondente à fase de

impulso criador, tal educação se destinou à formação de

elites dinâmicas que impulsionaram o desenvolvimento

das ciências, das letras, das artes e da filosofia.

No seu período conservador, as expressões culturais

burguesas tendem a fazer coexistir o rebaixamento

vulgar da cultura para as massas com a sofisticação

esterilizadora da cultura das elites. É nesse quadro que

cabe entender a chamada crise atual da educação em

geral, e do ensino superior em particular (SAVIANI, 1997a, p.

193 apud DUARTE, 2001, p. 68).

Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791

BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=p9FiXfLQOcPV

5OUP7cyisAI&q=escola+pra+rico+e+para+pobre&oq=escola+pr

a+rico+e+para+pobre

Page 37: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Diante de tudo o que estudamos, urge a necessidade

de refletirmos coletivamente!!!

Sugerimos o estudo coletivo desses 4

posicionamentos em horário de ATPC, para que os

educadores possam refletir sobre as teorias, a prática

educativa e as críticas apresentadas e para que

possam se posicionar a esse respeito.

Page 38: nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/98... · divisão social do trabalho. E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à

Referências

DALAROSA, A. A. epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio, UEPG: Ciências Humanas,

Linguistica, Letras, Ponta Grossa: UEPG, v. 16, n. 2, p. 343-350, dez. 2008.

DANGIÓ, M.C.S.; MARTINS, L.M. A alfabetização sob o enfoque histórico-crítico: contribuições didáticas.

Campinas, SP: Autores Associados, 2-18 – (Coleção educação contemporânea).

DUARTE, N. Lukács e Saviani: a ontologia do ser social e a histórico-crítica. In: SAVIANI, D.; DUARTE, N. (Org.).

Pedagogia histórico-crítica e luta de classes na educação escolar. Campinas: Autores Associados, 2012. p.

37-57.

DUARTE, N. (1998). “Concepções Afirmativas e Negativas Sobre o Ato de Ensinar”. DUARTE (org.). In: Cadernos

CEDES (O Professor e o Ensino — Novos Olhares), Campinas: CEDES, (44): 85-106.

______; ‘Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria

vigotskiana/ Newton Duarte — 2. ed. rev. e ampl. — Campinas, SP: Autores Associados , 2001. (Coleção

educação contemporânea).

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9 ed. São Paulo: Autores Associados, 2005.

______; Escola e Democracia. 21. ed. São Paulo: Cortez & Autores Associados, 1989.

TEIXEIRA, L. A.; AGUDO, M. M. O método pedagógico da pedagogia histórico-crítica: desafios e possibilidades . In:

Currículo Comum para o Ensino Fundamental Municipal [recurso eletrônico] / Organizadores: Afonso

Mancuso de Mesquita, Fernanda Carneiro Bechara Fantin, Flávia Ferreira da Silva Asbhar. – Bauru: Prefeitura

Municipal de Bauru, 2016. p. 146-176.