nortemedico 58

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trimestral issn 0874 - 7431 58 revista da secção regional do norte da ordem dos médicos · janeiro - março 2014 · ano 16 – n.º 1 | 5.00 formação médica especializada Dossier especial entrevista a miguel guimarães No início de um novo mandato AGENDA: XII Arte Médica 02 - 23 Maio VI Arte Fotográfica 30 Maio - 20 Junho VI Workshop de Fotografia 05 Junho EM DESTAQUE A voz aos Distritos Médicos Com tudo sobre a visita da OM ao distrito de Bragança

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  • tr imestral

    issn 0874 - 7431

    58revista da seco regional do norte da ordem dos mdicos janeiro - maro 2014 ano 16 n. 1 | 5.00

    formao mdica especializada Dossier especial

    entrevista a miguel guimaresNo incio de um novo mandato

    AGENDA: XII Arte Mdica 02 - 23 Maio VI Arte Fotogrfica 30 Maio - 20 Junho VI Wor

    kshop de Fotografia 05 Junho

    em destaque

    A voz aos Distritos MdicosCom tudo sobre a visita da OM

    ao distrito de Bragana

  • nm 58| sumrio:

    Dossier especial:Formao Mdica Especializada A crtica unnime: as organizaes mdicas rejeitam alteraes formao especializada que comprometam a qualidade e a diferenciao tcnica. Esta foi a ideia fundamental deixada na Reunio Geral que juntou a Ordem, os sindicatos e as associaes de estudantes no passado dia 13 de Maro. pg. 24

    24www.nor

    teme

    dico

    .ptwww.miguelguimaraes.e

    u

    A voz aos distritos mdicosQuadro de profissionais por renovar nos cuidados primrios, carncia de especialistas nos hospitais, concursos inexistentes, ausncia de incentivos. A uma demografia mdica em colapso somam-se as grandes distncias, a desertificao e a falta de financiamento, num conjunto que faz de Trs-os-Montes a regio mais deprimida do pas em matria de servios de Sade. Nos dias 5 e 6 de Fevereiro, a Ordem dos Mdicos foi conhecer esta realidade no terreno com uma visita ao Distrito de Bragana. pg. 08

    08 Levi Guerra:Prmio Nacional deSade 2013O Prof. Levi Guerra recebeu o Prmio Nacional de Sade. Com as devidas felicitaes ao notvel mdico e professor da academia portuense, publica-se um excerto da longa conversa que manteve com a nortemdico e cuja verso integral pode ser lida no portal nortemedico.pt. O despertar da sua vocao para a Medicina, o pioneirismo na hemodilise, o respeito pelos mestres, o estado do pas... Sobre o prmio, diz tratar-se de uma coisa jubilosa. pg. 54

    Ciclo de Tnis 2014No final do ms de Maro arrancou o ciclo Tnis 2014 na SRNOM. A Taa da Ordem foi a primeira competio oficial de um calendrio que se estende at Setembro. pg. 74

    54

    74

    Entrevista a Miguel Guimares, presidente do CRNOMNa altura em que iniciava um novo mandato como presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Mdicos, Miguel Guimares deu uma extensa entrevista nortemdico. Alguns temas sofreram j desenvolvimentos posteriores, mas aqui fica o relato dessa conversa. O dirigente da SRNOM quer uma Ordem com uma atitude mais empreendedora e que apresente, ela prpria, uma proposta de reforma para todo o sistema de sade, esclarece a proposta das taxas de justia, apresenta as novidades na composio do Conselho Regional e aponta as metas para 2014-2016, entre elas aproximar os mdicos da instituio e activar mecanismos de solidariedade. pg. 36

    36

    nortemdico 58 | revista da seco regional do norte da ordem dos mdicos janeiro - maro 2014 ano 16 n. 1

  • 2director Miguel GuimareseditoresDaniel SerroJoana NetoJos Pedro Moreira da Silvaconselho editorialAlberto Pinto HespanholAmlcar RibeiroAnabela CorreiaAndr Santos LusAntnio ArajoAntnio Nelson RodriguesAntnio SarmentoAvelino FragaCaldas AfonsoDalila VeigaLurdes GandraMarcelino Marques da Silva Margarida FariaMartins Soares Rui Capuchosecretariado Conceio Silva Susana Borgespropriedade e administraoSeco Regional do Norte da Ordem dos MdicosRua Delfim Maia, 4054200-256 PortoTelefone 225070100Telefax 225502547registo Inst. da Comunicao Social, n. 123481depsito-legal n. 145698/08periodicidadeTrimestralcontribuinte nmero500984492tiragem16.000 exemplaresredaco e design grfico MEDESIGN Edies e Design de Comunicao, LdaRua Gonalo Cristvo, 347 - s/217 4000-270 PortoTelefone 222001479 [email protected]: Nuno Almeida impressoLidergraf - Artes Grficas, S.A.

    Revista da Seco Regional do Norte da Ordem dos Mdicosjaneiro - maro 2014ano 16 - n 1

    58

    4 Editorial MiguelGuimares,

    PresidentedoCrNoM

    dEStaQUE:vozaoSdiStritoS

    8 Ordem dos Mdicos visitou

    o Distrito de Bragana Comitivaestevenoterrenopara

    constatardepertoasdificuldadesdoscolegasdosrespectivosCentrosdeSadeeunidadeshospitalares.dareportagemconstaaindaumaentrevistacomBertaNunes,mdicaepresidentedecmaradealfndegadaF,ecomMarcelinoSilva,presidentedoConselhodistritaldeBragana

    16 Tomada de Posse em Vila Real MargaridaFariaestabeleceucomo

    prioridadeaaproximaoaosnovosmdicoseadinamizaodasededodistrito

    18 Tomada de Posse em Bragana MarcelinoSilvateceucrticas

    contundentespolticadedesvalorizaodointerioreapelouaumadiscriminaopositiva

    20 Tomada de Posse em Viana do Castelo

    NelsonrodriguesdizliderarcommotivaoeresponsabilidadeacrescidasapsreeleiocomavotaomaisexpressivaentreosdistritosmdicosdoNorte

    22 Tomada de Posse em Braga anabelaCorreiarevelouqueasua

    candidaturasedeveuaumimperativotico,numaalturadefortepressoparaaclasseedegrandesobstculosequidadenoacessoSade

    doSSiErESPECial:ForMaoMdiCaESPECializada

    24 Reunio Magna na SRNOM CrNoM,CNMi,SiMeFNaM

    rejeitamalteraesformaoespecializadaquecomprometamaqualidadeeadiferenciaotcnica

    30 Tertlia na FMUP: Futuro da Medicina

    CentenasdealunoserepresentantesdaaNEMedoCNMidebateramofuturodaformaomdicanumasessoquecontoucomapresenadopresidentedoCrNoM,MiguelGuimares

    32 Debate AE ICBAS: Que futuro para a Medicina

    NodebatepromovidopelaassociaodeEstudantesdoiCBaS,acontestaospropostasdoMinistriodaSadeparaalteraodaformaoespecializadasubiudetom.Professoresealunoscontestaramamaiorpartedaspropostase,deformaparticular,adefiniodeumanotamnimaparaacessoespecialidade

    34 Debate em Braga: Realidades

    [In]Esperadas a21deMaro,adiscussosobrea

    formaoespecializadacentrou-seemBraga.oalumnideMedicinadaUniversidadedoMinhoreuniuordem,sindicatos,internoseestudantes.FoinumareuniointituladainternatoMdicoemdebate:realidades[in]Esperadas

    ENtrEviSta

    36 Miguel Guimares, na anteviso

    de um novo mandato logoapsatomadadeposseparanovo

    mandatocomopresidentedoCrNoM,MiguelGuimarespassouemrevistaostemasdaactualidadeeapontouasmetasparaotrinio2014-2016.aproximarosmdicosdaordemumdessesobjectivos.outroqueaordemapresente,elaprpria,umapropostadereformaparatodoosistemadesade

    triBUNadoCrN

    40 Encontrar nas nossas diferenas

    aquilo que nos une artigodoPresidentedoCrNoM

    nojornaloMdiconorescaldodoltimoactoeleitoral

    41 Utilizao abusiva dos benefcios da ADSE

    ComunicadodoCrNoM

  • 78 Cor e Luz na Interpretao da

    Imagem Traduo Cerebral antnioPaesCardoso,Susana

    ribeiroeJosramadajuntaram-separasintetizaremlivroacomplexarelaoentreaarteeosseusestmulosvisuaisementais.obrafoiapresentadapeloProf.leviGuerra

    80 Museus de Medicina e Farmcia um exemplo da museologia nacional

    temadoencontropromovidonaSrNoMpeloNcleodeHistriadaMedicinadaordemdosMdicos

    81 3 Olhares Exposiodepinturaedesenhodeana

    Stingl,FernandalimaelusaFerreira 82 Ver e sentir o Douro Exposiodefotografia

    deFernandoMoreira 83 A Capa da Velha Exposiodedesenhode

    CarolinaSchacht 84 O Porto em detalhe Exposiodedesenhoacaneta

    deruiManuelraimundo 85 Cor e imaginao ExposiodepinturadeEditeMelo

    86 Recobro JosManuelPavoeo

    recobrodumEncontro 88 3 discos, 3 livros assugestesdeantnio

    tavares,ProvedordaSantaCasadaMisericrdiadoPorto

    lEGiSlao

    90 Diplomas mais relevantes

    publicados no primeiro trimestre de 2014

    iNForMaoiNStitUCioNal 94 Agenda do Centro de

    Cultura e Congressos 96 Benefcios Sociais

    artiGoS 42 Curiosidades das memrias

    de um cirurgio Fernandoreislima

    46 Acordo Ortogrfico da

    Lngua Portuguesa Consideraesemtornodoimpacto

    negativodoaolP(1990)naestabilidadeenanormalizaodaterminologiamdicaportuguesa,porPedrodaSilvaCoelho

    NotCiaS

    54 Prof. Levi Guerra: Prmio

    Nacional de Sade 2013 oreputadonefrologistaeprofessor

    daFMUPfoigalardoadocomoPrmioNacionaldeSade2013.Nasequnciadessadistino,manteveumalongaconversacomanossarevista

    57 Prof. Agostinho Marques: Medalha de Servios Distintos do Ministrio da Sade

    directordaFMUPdistinguidopelasuacarreirade40anosdedicadosMedicina,PneumologiaeacademiaPortuense

    58 Recepo aos internos no distrito mdico de Vila Real

    Naprimeirarecepoaosinternosemvilareal,dezenasdejovensmdicosregistaramadisponibilidadedaordemparaosapoiarnafaseinicialdasuacarreiraprofissional.Maisumainiciativaparadarcumprimentoaoobjectivodeverumaordemmaisprximadosmdicos

    60 ARS Norte apresenta Centro

    de Investigao Clnica UmaparceriacomaBlueclinicalque

    pretendeincentivarosprofissionaiseasunidadesdesadeaaumentaraactividadenestarea

    61 Contratualizao com as USF asameaaseoportunidadesdo

    processodecontratualizaopara2014esteveemdebatenaSrNoM,emencontropromovidopelaassociaoNacionaldeUnidadesdeSadeFamiliar

    62 Convvios Cientficos CMEP Envelhecimentoedoena

    CardiovasculareFadiganoSculoXXiforamostemasdasduasltimassesses

    64 Servio de Anestesiologia do Centro Hospitalar do Porto

    oprimeiroCentroEuropeudeExcelnciaemtreinoeEnsinonaPennsulaibrica

    66 Assembleia Regional

    Ordinria da SRNOM Exercciode2013eoramentoe

    Planodeactividadespara2014aprovadosporunanimidade

    68 10 Simpsio Aqum e

    Alm do Crebro aCasadoMdicoacolheumaisuma

    vezoSimpsioaqumealmdoCrebro,organizadopelaBial.Pertode300investigadoresreflectiramsobreasinteraesMente-Matria,otemadestaedio

    70 XXI Congresso de Pneumologia do Norte

    PresidentedoCrNparticipouemdebatesobreticaeconstrangimentoseconmicosnaSade

    72 2 Frum de Regulao em Sade dvidasquantoaopapelfuturo

    dasordensprofissionais

    74 Ciclo de Tnis 2014 taadaordemfoiaprimeira

    competiooficialdeumcalendrioqueseestendeatSetembro

    CUltUra

    76 Jorge Maral da Silva

    Cem fotografias de Portugal h cem anos

    danielSerrofoioconvidadoespecialparaapresentaraobradeManuelMendesSilva.atravsdafotografia,tornarotempoinfinitamentepresente

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  • editor

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    Miguel GuimaresPresidentedoCrNoM

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    O Ministrio da Sade, a desqualificao da Medicina e a decadncia do SNS. Que caminhos para os Mdicos?

    O desafio verdadeiramente titnico que os doentes e os mdicos enfrentam h cerca de trs anos, desde que Portugal est sob assistncia financeira, no per-mite encarar o futuro com esperana sem a existncia de uma estratgia slida, concertada e inteligente. Cada vez mais imperiosa uma verdadeira unio de todos na defesa daquela que considerada a maior conquista social da nossa democracia: o acesso a um servio nacional de sade pblico universal e de qua-lidade.

    Muitas tm sido as alteraes legislativas realizadas pelo Ministrio da Sade (MS) frequentemente as-sociadas a uma interveno cirrgica na comunica-o social com o propsito de desqualificar e dene-grir os mdicos visando apenas a reduo drstica da despesa no sector, mas com custos dramticos na qualidade dos cuidados de sade prestados popula-o. Os objectivos declarados so sempre os mesmos: cumprir as metas impostas pela troika e tornar o SNS sustentvel.

    Os portugueses continuam a ser confrontados regu-larmente, por iniciativa do MS, com a possibilidade de outros profissionais da rea da sade poderem substituir os mdicos, de forma autnoma, no exer-ccio das suas funes especficas. Num pas em que a qualidade da Medicina elevada e os cuidados de sade apresentam indicadores de topo a nvel inter-nacional, porqu a reiterada tentativa de colocar em causa essa qualidade e esse prestgio? A quem inte-ressa destruir a qualidade da Medicina portuguesa e a qualidade dos cuidados de sade?

    Os portugueses foram confrontados recentemente com legislao que visa uma reforma do SNS inde-vidamente fundamentada, e que mais no faz do que deteriorar os cuidados de sade de proximidade, acentuar as assimetrias no acesso aos cuidados de sade j existentes no territrio nacional e criar con-dies para que o pas tenha doentes de primeira e doentes de segunda categoria. De resto, o encerra-mento previsto de dezenas de unidades e servios, associado criao da figura do chamado gestor

    do doente, constituem os instrumentos ideais para desmantelar o SNS e ajudar a financiar um servio privado de sade em dificuldade e cada vez menos acessvel maioria da populao portuguesa.

    Os portugueses continuam a ser confrontados diaria-mente com a decadncia anunciada do SNS. Em que alguns tm acesso a teraputicas inovadoras e outros no. Em que alguns tm direito a cuidados de sade especializados e outros no. Em que os famosos cen-tros de referncia nunca mais so definidos. Em que a clebre liberdade de escolha legalmente consagrada uma miragem. Em que o centrar o sistema no doente tantas vezes apregoado est cada vez mais distante. Em que os hospitais e restantes unidades de sade continuam sem divulgar publicamente os resultados reais dos tratamentos realizados. Em que os doen-tes se sentem cada vez mais afastados dos mdicos. Em que os mdicos cada vez mais sentem a falta de tempo para estar com os seus doentes. Em que a de-sumanizao da Medicina e dos cuidados de sade cada vez maior. Em que os nmeros assumem toda a importncia nos contratos-programa. Em que a qua-lidade cada vez mais desprezada. Em que a identi-dade cultural e social dos hospitais est na iminncia de desaparecer. Em que as taxas moderadoras no param de aumentar. Em que a excessiva limitao do apoio nos transportes afasta os doentes do SNS. Em que as miserveis condies sociais e financeiras de muitas famlias impedem os doentes de fazer os tratamentos prescritos. E tudo, tudo, em nome da sustentabilidade do sistema!

    A legislao laboral e as tabelas salariais so cada vez mais injustas, completamente desajustadas face ao elevado grau de responsabilidade social dos mdicos. E as exigncias so cada vez maiores. Ser que pos-svel manter a qualidade dos cuidados de sade nas condies adversas que todos conhecemos? Tempos de consulta completamente disparatados e desade-quados. Sistemas informticos disfuncionais, inde-vidamente testados e em experimentao em tempo real, consumindo a pacincia e perturbando a sani-

  • 5dade mental de mdicos e doentes. Sistemas infor-mticos que no garantem a segurana do trabalho mdico nem a segurana dos dados clnicos dos do-entes. Trabalho extraordinrio obrigatrio e extraor-dinariamente mal pago. Reformas que no respeitam minimamente o elevado grau de desgaste inerente ao exerccio da profisso mdica. Carreiras Mdicas sem os devidos concursos em tempos aceitveis. Catego-rias profissionais sem a devida progresso nas diferen-tes posies remuneratrias. SIADAP para congelar o que j est congelado h muitos anos (progresso nas posies remuneratrias) e ainda sem critrios conhecidos de equidade e qualidade. Persistncia no recurso a empresas para contratar mdicos ao preo/hora mais barato e sem critrios de qualidade prvia e devidamente definidos. Concursos regionais fecha-dos que violam o direito de igualdade de acesso ao emprego no sector pblico e colocam em causa re-ferenciais de transparncia, equidade e igualdade de oportunidades na administrao pblica (e que j fo-ram considerados ilegais pelo Provedor de Justia!).

    Para acentuar este quadro absolutamente desastroso, o MS tem implementado medidas correctoras para disciplinar os mdicos. Prescrio por DCI sem qualquer respeito pela opo do doente. Declaraes de conflitos de interesse e incompatibilidades e de qualquer tipo de patrocnios com valor acima dos 25 euros! Ameaa constante de organizar o trabalho m-dico de acordo com o regime de dedicao exclusiva que o prprio MS contribuiu para extinguir, promo-vendo incompatibilidades para acumulao de fun-es no sentido de evitar remunerar os mdicos de forma adequada. Proposta de formao mdica es-pecializada (internatos mdicos) assumindo o MS a funo da Ordem dos Mdicos na definio dos pro-gramas de formao e na definio das idoneidades e capacidades formativas dos servios, para alm de outras matrias completamente inaceitveis. Extin-o do internato do Ano Comum e criao de con-dies para a existncia de mdicos indiferenciados, com todas as consequncias negativas da decorren-tes. Promoo da emigrao mdica por falta de con-dies adequadas ao exerccio da profisso em Portu-gal. Manuteno de numerus clausus nos cursos de Medicina que no respeitam minimamente as capa-cidades formativas das Escolas Mdicas e que criam as perfeitas condies para a existncia de mdicos indiferenciados, a emigrao mdica e o desemprego mdico. Ou seja, desqualificao mdica e mo-de--obra mais barata (proletarizao do trabalho m-dico). Contratao absurda de mdicos estrangeiros (da Amrica latina) para os centros de sade sem a

    devida especializao em MGF e a auferir ordenados milionrios, com desprezo absoluto pelos mdicos portugueses. Contratualizao no partilhada de ob-jectivos e imposio de indicadores castradores das boas prticas mdicas na MGF. Aplicao em massa de normas de orientao clnica nem sempre devida-mente validadas e sem qualquer respeito pela relao mdico-doente. Legislao bizarra sobre licencia-mento de unidades privadas de sade que conduz destruio dos cuidados de proximidade e enfraquece a relao mdico-doente nos consultrios e nas pe-quenas clnicas mdicas. Legislao sobre o modelo das Convenes que no garante maior acessibilidade aos doentes e que contribui para o desperdcio de re-cursos, no cumprindo os princpios da complemen-taridade, da liberdade de escolha, da transparncia, da igualdade, da concorrncia pela qualidade e da medicina de proximidade. Ausncia de legislao es-pecfica sobre o acto mdico (inconstitucionalidade e erro por omisso).

    Em Julho de 2012 aconteceu a maior greve dos m-dicos de que h memria. Em defesa do SNS e dos doentes portugueses. E contra a vergonhosa contrata-o de mdicos hora pelo valor mais baixo, atravs de empresas. Os Sindicatos Mdicos, com o apoio da Ordem dos Mdicos e outras organizaes ou grupos (nomeadamente os Mdicos Unidos), souberam em conjunto gerir uma greve em que quase todos os m-dicos acreditaram. Os Sindicatos negociaram o acordo que conhecido e que ter sido o melhor possvel nas condies adversas existentes. A Ordem dos Mdicos apresentou e fundamentou as suas reivindicaes, mas nenhuma delas foi devidamente atendida.

    A Ordem dos Mdicos tem apresentado e fundamen-tado muitas das suas posies em resposta s medidas implementadas pelo MS que tendem a desqualificar o SNS e a Medicina. Infelizmente, o MS persiste em no atender na sua governao imensa maioria das propostas da OM.

    Nas ltimas eleies para a Ordem dos Mdicos a equipa que tive o privilgio de liderar definiu como objectivos essenciais, na defesa da Medicina que es-colhemos quando decidimos ser Mdicos, continuar a defender os mdicos e os doentes e no desistir de lutar pela dignidade dos doentes e dos mdicos, pelo SNS, as carreiras mdicas e a formao mdica, pela qualidade da medicina e dos cuidados de sade, pela qualificao, a tica e a deontologia da profisso m-dica, pelo respeito pelas competncias mdicas e pelo acto mdico, pelo futuro dos jovens mdicos e pela solidariedade interpares.

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    90anos_PTA4_out.pdf 1 13/11/06 10:49

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    E reforamos a ideia de que o poder poltico tem que sentir que existe uma unio slida entre todos os m-dicos, para que seja possvel defender mdicos e do-entes de forma mais consequente e eficaz.

    Como estratgia para alcanar os objectivos gerais propostos apontmos cinco caminhos, que quere-mos agora destacar e reforar: 1. A OM deve estar mais prxima dos mdicos;2. A OM deve manter e reforar a relao institucio-nal de colaborao estreita e estratgica com os Sin-dicatos Mdicos;3. A OM deve ser mais proactiva e menos reactiva (e a reactividade deve ser feita por patamares de impor-tncia da matria envolvida);4. A OM deve apresentar uma proposta de soluo concreta para cada problema colocado pelo Minist-rio da Sade. 5. A OM deve apresentar institucional e publicamente a sua proposta de reforma do Sistema Nacional de Sade (onde estejam includas todas as matrias que vo sendo habitualmente objecto de discusso).

    A proximidade com os mdicos no mundo real acen-tuou-se. J foram realizadas vrias reunies com a presena de centenas de mdicos e iniciaram-se as vi-sitas aos distritos para ouvir os mdicos. J foram re-alizadas mltiplas intervenes e produzidos inme-ros documentos e pareceres. preciso rapidamente implementar as pontes que permitam activar e cruzar todos os caminhos referidos. S assim ser possvel a OM ser mais eficiente e eficaz. E mais exigente na capacidade de resposta organizada em pelouros fun-cionais, na definio das questes nucleares das suas prprias competncias, no estabelecimento de prio-ridades, na constituio de grupos especficos para negociar com o poder poltico e os parceiros sociais, e na implementao de reunies regulares das quais resultem memorandos de entendimento assinados e datados entre o MS e a OM.

    Na situao actual, o caminho no fcil. Temos que saber resistir e no desistir de lutar pelos valores e princpios em que sempre acreditmos. E temos que ser todos, no apenas alguns. Em nome da qualidade da Medicina e dos cuidados de sade. Os doentes precisam de ns. E ns precisamos dos doentes. A greve um instrumento sindical de ltimo recurso (e que todos podemos apoiar, se necessrio e justi-ficado). Entretanto, e porque os cerca de 40.000 mdicos do pas potencialmente contactam toda a populao portuguesa, a defesa da qualidade da Me-dicina, dos cuidados de sade e, consequentemente, dos doentes est nas nossas mos.

    A OM e os mdicos podem utilizar desde j todas as suas capacidades para pressionar o poder poltico.Informao directa aos doentes dos verdadeiros pro-blemas da Sade e das propostas da OM. Renncia

    imediata do protocolo existente entre a DGS e a OM para a elaborao das normas de orientao clnica. Renncia participao em todas as Comisses mistas de colaborao com o MS (nomeadamente a Comisso Nacional de Farmcia e Teraputica). Sus-penso (juridicamente fundamentada), por tempo indeterminado, da utilizao dos programas infor-mticos ineficazes (nomeadamente a PEM), exigindo a sua imediata substituio pelo SAM. Recusa (juri-dicamente fundamentada) de participao em jris de concursos considerados ilegais. E por a adiante.

    Todas as medidas devem ser sempre acompanhadas de propostas concretas para a resoluo de proble-mas reais (e no fictcios), como por exemplo a ques-to da falta de mdicos em algumas zonas do pas. E como sempre, bom ter um plano B. E esse est nas mos dos Sindicatos Mdicos e de todos ns.

    Miguel GuimaresPresidente do CRNOM

    nortemdiconovas caractersticas grficas

    Carocolegaeleitor,

    arevistanortemdicoquetememmosdiferentedosnmerosanteriores.Procedemosaalteraesdascaractersticasgrficasdarevista,econcretamenteuti-lizamosoutrotipodepapel.Preservamosaimagemdemarcadanossarevista,quetemservidodebaseamui-tasoutras.asmudanasagoraintroduzidaspermitemdiminuirdeformasubstancialoscustoscomarevistanortemdico.adicionalmentepretendemosiraindaumpoucomaislonge.recordoatodososcolegasoinquritojpublicadonarevistan50.Use-oparanosfazerchegarasuaopinio.ouvawww.nortemdico.ptepreenchaoquestionrioadisponibilizado.asuaopiniomuitoimportante.Eseumapartesignificativadecolegasobjec-tivamentedeclararemquedispensamreceberarevistaemformatofsico,bastando-lhesasuadisponibilizaoon-lineouqueamesmalhessejaenviadaporemail,po-demosterumapoupanaaindamaissignificativacomasdespesasinerentesrevista.arevistanortemdicoumprojectoeditorialdequenosorgulhamos,quetemsidovalorizadopeloscolegasequequeremosmanter.adiminuiocomadespesanomomentoactualumaprioridade.Massemprejudicaraqualidadeeactualidadedosseuscontedos.Esperemosqueosobjectivosessenciaissejamplenamenteatingidos.

    Muitoobrigadopelaatenoprestada,

    MiguelGuimares(Director da revista nortemdico)

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    90anos_PTA4_out.pdf 1 13/11/06 10:49

  • 8Quadro de profissionais por renovar nos cuidados primrios, carncia de especialistas nos hospitais, concursos inexistentes, ausncia de incentivos. A uma demografia mdica em colapso somam-se as grandes distncias, a desertificao e a falta de financiamento, num conjunto que faz de Trs-os-Montes a regio mais deprimida do pas em matria de servios de Sade. Nos dias 5 e 6 de Fevereiro, a Ordem dos Mdicos foi conhecer esta realidade no terreno com uma visita ao Distrito de Bragana.

    Ordem dOs mdicOs visitOu O distritO de Bragana

    destaque: voz aos distritos

    Macedo de Cavaleiros

    Alfndega da F

    Bragana

    Vila Flor

    Mirandela

    Vinhais

    Vimioso

    Miranda do Douro

    Mogadouro

    Torre de Moncorvo

    Freixo de Espada Cinta

    Carrazda de Ansies

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  • depois temos que vir para a sede transcrever tudo com uma duplicao de trabalho que no deveria acontecer, lamentou um dos mdicos presentes. No mbito da organizao dos servios, a regio continua a no dispor de uma Unidade de Sade Familiar e a contratualizao com as Unidade de Cuidados de Sade Primrios (UCSPs) resultam numa imposio de indicadores de acordo com o bastonrio da OM. Uma mdica interna reforou

    este ponto, assumindo que os indi-cadores so parmetros buro-

    crticos que no reflectem o trabalho realizado.

    Hospital de Macedo de cavaleirosA carncia de mdicos em

    diversas especialidades foi a primeira concluso retirada da

    visita ao hospital local. A unidade tem falta de anestesistas e dispe de uma

    nica especialista em oncologia mdica, Fernanda Estevinho, que conta com o apoio de um colega uma vez por semana. A esta realidade somam-se as j conhecidas dificuldades no transporte de do-entes devido s longas distncias percorridas, ao isolamento de populaes e ausncia de meios de transporte pblicos. A nvel interno, o director do servio de ortopedia, Afonso Ruano, deu conta de vrios constrangimen-tos relativos falta de equipamento e adopo de uma poltica de conteno de despesa que nem sempre representa ganhos de poupana. A apli-cao de prteses mais baratas, por exemplo, im-plica revises mais precoces e mais iatrogenias. O risco de infeco numa reviso aumenta de 1 para 10, exemplificou. No financiamento, sub-sistem modelos menos adequados, como o pagamento feito ao dia nas unidades de convalescena, que pode contribuir para um prolongamento excessivo dos internamentos.

    Sade mais deprimida do pas Liderada pelo bastonrio, Jos Manuel Silva, a co-mitiva da Ordem dos Mdicos (OM) integrou o pre-sidente do Conselho Regional do Norte (CRN), Mi-guel Guimares; os membros do CRN Dalila Veiga e Caldas Afonso; o presidente do Conselho Distrital de Bragana (CDB), Marcelino Silva e o presidente da mesa da Assembleia do Distrito Mdico, Ant-nio Andrade. Na agenda desta visita de dois dias ao Nordeste Transmontano constaram passagens pelos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Alfn-dega da F, Bragana, Vila Flor e Mirandela, com contacto directo com os colegas dos respectivos Centros de Sade e unidades hospitalares.

    centro de sade de Macedo de cavaleiros

    A primeira instituio visitada apresentou, desde logo, algumas das insuficincias que se foram veri-ficando noutras unidades. A primeira das quais, em matria de demografia mdica: Os quadros esto cheios e por

    isso no abrem vagas, constatou Incia Rosa, especialista em Sade Pblica, ape-

    sar de todos os profissionais desta unidade de cuidados primrios terem mais de 55 anos e

    ser urgente uma renovao. Jos Manuel Silva con-testou esta realidade, considerando que as vagas so abertas burocraticamente sem terem corres-pondncia com as necessidades reais e futuras dos servios. Para o bastonrio, necessrio que haja maior sensibilidade aos outros factores motivado-res atendendo a que as condies remuneratrias so cada vez piores. Apesar de tudo, o Centro de Sade de Macedo de Cavaleiros assegura mdico de famlia a todos os utentes registados. Os problemas na rede informtica so outra das queixas recorrentes nas unidades de proximidade transmontanas. A introduo da Prescrio Elec-trnica Mdica (PEM) acrescentou complexidade ao processo, uma vez que alguns centros de sade como o de Macedo de Cavaleiros tm equipa-mento informtico antiquado e apresentam limi-taes em termos de largura de banda. Em caso de bloqueio, a prescrio feita mo e, poste-riormente, so introduzidos os dados na aplicao, acontecendo o mesmo em extenses de sade como a de Vimioso que no esto sequer informatiza-das. Vamos s extenses com um bloco de notas e

    9

  • ENtrEviStaaBErtaNUNES,PrESidENtEdaCMaradEalFNdEGadaF

    centro de sade de alfndega da fNo concelho de Alfndega da F, os di-rigentes da Ordem dos Mdicos consta-taram diversos problemas no centro de sade local ao nvel do cumprimento de horrios e da coordenao entre os diver-sos profissionais de sade, no obstante as excelentes instalaes da unidade. O horrio alargado at s 22 horas uma exigncia difcil de assegurar para um quadro de apenas quatro mdicos e nenhum interno. Alm disso, so fre-quentes os episdios em que as equipas de enfermagem se deslocam em visitas domicilirios, dificultando a coordena-o interna. Neste contexto, surgem as tradicionais queixas dos utentes quanto falta de mdicos. A comitiva teve oportunidade de reco-lher um testemunho muito particular: a presidente da Cmara Municipal e m-dica, Berta Nunes. Numa recepo nos Paos do Concelho, a autarca reconheceu as queixas dos utentes, lamentou a perda de meios que estavam ao dispor do cen-tro de sade local e considerou excessiva a lista de doentes por mdico de famlia: Com dois mil utentes impossvel dar uma resposta adequada. Devido falta de medicina privada e ausncia de alterna-tivas de acesso, Marce-lino Silva lembrou que uma lista de utentes em Bragana implica uma sobrecarga de trabalho e cuidados muito maior do que uma lista semelhante em

    Lisboa. O responsvel pelo Distrito Mdico defendeu a criao de um cri-trio geogrfico na atribuio de listas aos m-dicos de famlia e reiterou a necessidade de

    serem contratados mdicos mais jovens que pretendam fixar-se na regio.

    Uma crtica contundente que saiu desta reunio entre a Ordem dos Mdicos e o municpio de Alfndega

    da F visou as desigualdades no finan-ciamento atribudo Unidade Local de Sade do Nordeste (ULSNE). Se fossemos capitalizados como Mato-sinhos, recebamos mais 30 milhes de euros, exps Antnio Andrade, reforado por Berta Nunes: Merece-mos um financiamento igual ao do Alentejo, que uma ULS idntica do nosso distrito, e no aceitamos a degradao dos servios.

    Alfndega da F um dos concelhos mais desertifi-cados e envelhecidos do pas. Enquanto especialista em Medicina Geral e Familiar com uma proximidade muito grande populao, Berta Nunes, que preside autar-quia, est bem consciente dessa realidade e das suas implicaes quanto s neces-sidades assistenciais dos seus muncipes. Num distrito em que faltam mdicos e numa conjuntura econmica ex-tremamente desfavorvel, j para no referir um poder central que define como des-conhecedor do terreno, Berta Nunes explicou Revista da Ordem dos Mdicos como a autarquia se tem vindo a substituir ao Ministrio da Sade no apoio aos doentes, nomeadamente na compra de medicamentos e no trans-porte para tratamentos.

    10 destaque: voz aos distritos

  • sem apOiO da autarquia muitOs dOentes desistiriam dOs tratamentOs

    grandesdistnciasemrelaoaoshospitaisqueexistemnosconcelhosmaisperifricosdodistritoeoheli,muitasvezes,omeiomaisrpidoemaisadequado.temosapenasumavMEremBraganaeparaapoiarumdoenteemalfndegademorariacercade45minutosa1horaachegar!Mashcon-celhosadistnciasaindamaiores.daaimportnciadestemeiodeemergnciaparasalvarvidas!areduodascomparticipaesafecta,principal-mente,aspessoascommenosrecursostantonolitoralcomonointerior,emboraaspessoasquevi-vemnosconcelhosdointeriortenham,emmdia,menospoderdecompradoqueaspessoasdoli-toral,mastodossoatingidoscomestasmedidas.

    De que forma que a autarquia tenta combater essas dificuldades?Nsapoiamosaspessoascomdificuldadeseco-nmicasdeacordocomoregulamentodeapoiosfamliascarenciadaseaosseniores,apoiando,porexemplo,nacomprademedicamentos.apoia-mostambmnostransportes,principalmenteaosinstitutosdeoncologiaeporvezesaoutroshos-pitaiscentraisdoPorto.acompanhamosofuncio-namentodoserviodesadelocalereportamossuperiormenteosproblemasparaseremresolvidos.temosumprotocoloparaofuncionamentodeumaunidademvelemqueaautarquiapagaomoto-ristaeocombustvel.Estaunidademvelpercorretodasasaldeiasdoconcelhocomumaenfermeira,umadietistaeumfisioterapeutaparaprestarcui-dadosdeproximidade.vamosbrevementeassinarumprotocoloparaapoiaroscuidadosprimriosemrelaoaalgunstcnicosemfaltaequeaautarquiapossacolocarnocentrodesade.Estprevista,no-meadamente,acolocaodeumapsicloga.

    Quando, em 2011, encerraram os Servios de Aten-dimento Permanente (SAP) no concelho de Alfn-dega da F e deixaram de existir urgncias entre as 22 e as oito horas da manh, teve uma atitude pr-activa e procurou uma alternativa tendo equa-cionado como soluo, para minimizar a conse-quncia desse encerramento, a contratao de enfermeiros para ficarem de preveno no quartel dos bombeiros noite, a efectuar a triagem dos doentes. Por que razo no contratou mdicos?osmdicossoescassosnodistrito.Etambmaca-bmospornocolocarosenfermeiros,porqueveri-ficmosquenoresolveriamtodososproblemas.Considermosqueseriamelhoractivarosserviosdeemergnciaquandonecessrio,ouusaralinhaSade24.Nestemomentoassimquefunciona,comoacon-tecenoutrosconcelhos,tendosidoreforadooser-viodosbombeiroslocaisnareadaemergnciapeloiNEM,melhorandoassimoapoioasituaesurgentes.

    Considera que o facto de ser mdica, e mais es-pecificamente especialista em MGF, a torna mais sensvel s questes de Sade que assolam a sua autarquia?

    Sente-se mais como uma mdica que est na pol-tica ou como uma autarca que tambm mdica?Sinto-mecomoautarcaquetambmmdicaetemumasensibilidadeespecialparaareadasade,continuandoamanterointeressenaactu-alizaoeseguimentodosassuntosdasadeemparticular.Soumdicaecontinuareiasermdicaeasentir-memdica,masnestemomentosouautarca.

    Quais as principais dificuldades na Sade nos mu-nicpios do interior?Soasdificuldadesdeacessibilidadeaoscuidadosporcausadasdistnciasapercorrerparaacederacertotipodeservios.desdelogo,noacessoaoscentrosdesadedapartedaspessoasquevivemnasaldeias,porquetemosredesmuitofrgeisdetransportespblicosquenorespondemsne-cessidadesdaspessoas,principalmentedasmaisidosas.Poroutrolado,oscuidadosmaisdiferenciadosestonascidadesdolitoral,nosinstitutosdeoncologiaenoshospitaiscentraise,a,asdistnciasapercorrersoaindamaioreseoscustosdadeslocao,bemcomoapenosidadeparapessoasdoentes,dificul-tamoacessoepodemchegarmesmoaimpedi-lo.

    Acha que o poder central est sensvel s difi-culdades que a populao enfrenta ou o distan-ciamento geogrfico gera um alheamento da realidade?opodercentralactualnoconheceoterreno,atporquenuncaveiosequerreunircomosautarcasetentarperceberosnossosproblemas.

    Alfndega da F um dos concelhos mais deserti-ficados e envelhecidos do pas. Essa realidade tem implicaes em termos das necessidades assisten-ciais da populao Como est a sade em Alfn-dega da F?oenvelhecimento da populao traduz-se emmaioresnecessidadesemsade,masinfelizmentenomomentoactual,edeacordocomoquenosrelatamosdoentes,ocentrodesade-principal-mentenareamdica-norespondecabalmentesnecessidades.HvriosproblemasetodoselessojdoconhecimentodosresponsveisdaUlSquesecomprometeramaencontrarsoluesomaisbrevementepossvel,dentrodosconstrangi-mentosexistentes.temostambmmuitosproble-masemconsequnciadasrestriesnoapoioaostransportesporpartedoministrioeaautarquiatemvindoasubstituir-seaoMinistriodaSadenoapoioaosdoentesquenecessitamdetratamentoseconsultasnoiPo.Semesseapoiomuitosdoentesdesistiriamdostratamentos.

    Como que analisa, nesse contexto, decises como a retirada de helicpteros do INEM de Ma-cedo de Cavaleiros ou a alterao s comparticipa-es e o reflexo dessa reduo da comparticipao na populao do interior vs. populao do litoral?Nocasodohelicptero,oproblemapassapelas

    Semdvida,porqueconheoaspessoaseoim-pactodasdoenasnassuasvidase,porisso,soumuitosensvelsquestesdaSade.

    Tem alguns indicadores que demonstrem o efeito da crise na populao da sua autarquia?Notenhodadosobjectivosmasconheomuitassituaesdedificuldadeseconmicascomimpactonoacessoaostratamentoseconsultasemesmonacomprademedicamentos.Comoreferi,apsanlisepelosserviosdeacosocialdomunicpio,aautarquiatemcomparticipadomedicamentoseajudasnotransporteemmuitassituaes.tambmodesempregoeasdificuldadesfinanceirasdaspes-soasaumentamossintomasdestressedepressoeconheovriassituaesdestas.todaestasitua-odedificuldadeseconmicasemaisdificuldadesnoacessotemimpactonasade,dissonotenhodvidas.

    Como Presidente da Cmara tenta envolver outras instituies na procura de solues para a autar-quia, nomeadamente na rea da Sade?Sim,oprotocolodaunidademveltemcomopar-ceirosaMisericrdiaealigadeamigosdoCentrodeSade,bemcomooprpriocentrodesadelo-cal.osbombeirossotambmumparceiroimpor-tanteemmuitassituaes.

    Surgiram, recentemente, notcias sobre uma certa descoordenao entre instituies da sociedade civil e as autarquias que com elas colaboram. Sente alguma dificuldade na comunicao com as insti-tuies do vosso concelho?Nstrabalhamosparaaumentaremelhoraressaarticulaoeestamosmuitoconscientesdaimpor-tnciadotrabalhoemrede.tentamosquetodossintamquesoimportanteseestamossempredis-ponveisparacolaborar,estandoatentosatodasaspossibilidadesdeajudaemqualquerinstituiodoconcelhoparatornarasnossasrespostasmaiseficazeseabrangentes.deumaformageral,notemostidoproblemasnaarticulaocomasinsti-tuiesdacomunidade.

    berta nunesEspecialista em Medicina Geral e Familiar, Berta Nunes foi condecorada pelo Presi-dente da Repblica com a Ordem de Mrito pelo contributo que deu ao desenvolvi-mento da Medicina rural portuguesa e da Telemedicina, de que foi pioneira. Coorde-nadora da Sub-regio de Sade de Bragana e directora executiva do Agrupamento de Centros de Sade do Nordeste, foi, em 2009, eleita presidente da Cmara Municipal de Alfndega da F, tornando-se, deste modo, na primeira mulher a presidir aos destinos de uma autarquia do distrito de Bragana. Em 2013 foi reeleita.

    11

  • Hospital de BraganaO subfinanciamento foi tema incontornvel na vi-sita sede da ULSNE, na tarde de 5 de Fevereiro. O presidente do CRN, Miguel Guimares, questionou

    a administrao sobre o impacto que a menor capitao pode representar na

    qualidade dos cuidados. Antnio Mara respondeu de forma di-plomtica, assegurando, por um lado, que o nvel de oferta se mantm apesar dos cortes, mas confirmando, por outro, que existe carncia de espe-

    cialistas. Medicina Interna, Ginecologia e Obstetrcia, Pe-

    diatria, Imagiologia, Gastroente-rologia, Anestesiologia e Medicina

    Geral e Familiar so as especialidades em que h maior escassez de profissionais e, nas quais, no tm sido abertas vagas adequadas s necessidades. O servio de pediatria um exem-plo paradigmtico desta realidade. A equipa de urgncia geralmente com-posta por um especialista de preveno e apenas um pediatra em presena fsica. Apesar de tudo, encontram-se ainda jo-vens mdicos dispostos a fixarem-se em hos-pitais de provncia, como o caso de Clara Jorge. A Interna do Ano Comum assume que em Bragana que quer continuar: aqui que quero dar o meu contributo populao e espero estar altura de o fazer. Depois de um curso longo e trabalhoso, quero contribuir para a sade desta populao. A realidade local ficou igualmente bem explcita quando surgiu o tema dos transportes. De acordo com os depoimentos recolhidos, no h programa-o de consultas que resista ausncia de transpor-tes colectivos com horrios diferenciados. Chegam todos mesma hora, o que se traduz em longas esperas porque os doentes vm s 8 da manh para uma consulta que s est marcada para o meio-dia, esclareceu um mdico presente, lembrando que os

    utentes recorrem, no raras vezes ao transporte escolar!

    centro de sade de santa MariaNesta unidade de cuidados primrios de Bragana, a burocratizao e morosidade associadas ao sis-tema informtico voltaram a ser alvo de crticas por parte dos profissionais. Miguel Guimares consi-derou que estes factores contribuem para a desu-manizao crescente da relao mdico-doente e defendeu ser necessrio reduzir e no aumentar como inteno do Ministrio da Sade o n-mero de utentes por mdico de famlia, para que es-tes tenham tempo para consultar os doentes. Slvia Costa, directora do Centro de Sade de Santa Ma-ria, subscreveu a observao do presidente do CRN e sugeriu mesmo que os cursos de Medicina passem

    a contemplar disciplinas de informtica e gesto.A contratualizao foi um dos temas quen-

    tes na conversa que Jos Manuel Silva estabeleceu com os colegas deste cen-tro de sade. O bastonrio conside-rou que definir indicadores, sem que o seu cumprimento represente qual-quer vantagem para o profissional,

    no passa de uma imposio. Nesse sentido, aconselhou os mdicos a no

    cumprirem: A contratualizao tem de ser bidirecional. Se os contratualizadores apare-

    cerem cheios de indicadores mas vazios de contra-partidas, os mdicos devem recusar liminarmente. No aceitvel que aos mdicos sejam colocadas cada vez mais exigncias ao mesmo tempo que as remune-raes so cada vez mais baixas.

    centro de sade de vila florCinco mdicos de famlia para uma populao de sete mil habitantes a re-alidade que enfrentam os colegas da unidade p-blica de sade do concelho de Vila Flor, dirigida por Marcelino Silva. A qualidade das instalaes

    No Hospital de Macedo de Cavaleiros com Antnio Andrade ( esquerda), Afonso Ruano e Jorge Poo (ambos direita)

    Joo Gandra, director clnico do CS de Macedo de Cavaleiros

    Visita ao CS de Alfndega da F, com a directora Ftima Carrapatoso

    Marcelino Silva, presidente do Conselho Distrital de Bragana

    12 destaque: voz aos distritos

  • acompanhada, de acordo com o responsvel, por um modelo multidisciplinar no qual o mdico tra-balha em articulao com a equipa de enfermagem e esta se encarrega de um gabinete de pr-consulta. Uma vez mais, a PEM e o cumprimento dos indi-cadores foram amplamente criticados pelos m-dicos presentes nesta visita, surgindo mesmo um desabafo curioso: Com tanto indicador e problema informtico, j no somos mdicos, somos admi-nistrativos. A este propsito, o dirigente do CRN Caldas Afonso assinalou que aquilo que aconteceu no nosso pas uma m cpia do sistema utili-

    zado na Holanda, bastando que se faa um pedido de consulta

    para cumprir o indicador, mesmo que o doente no seja visto pelo mdico.

    Hospital de MirandelaA unidade hospitalar

    de Mirandela foi o local escolhido para encer-

    rar este priplo da Ordem dos Mdicos pelo distrito de

    Bragana. No servio de cirurgia, a colega Hermnia Oliveira sinalizou a falta de in-ternos como o grande constrangimento: apesar de ter idoneidade total e contar com vrios internos do 2 ao 6 ano de formao especfica, o servio no recebeu nenhum interno em 2014. Tambm no quadro de especialistas se sentem ca-rncias. Urologia, Cardiologia, Radiologia e Neuro-logia sendo esta ltima particularmente gravosa, dada a prevalncia de doenas degenerativas na re-gio so as reas de especialidade mais deficitrias

    Com Berta Nunes, mdica e presidente da Cmara Municipal de Alfndega da F Dirigentes do CRNOM em

    reunio no Hospital de Bragana

    Reunio no CS de Bragana - Unidade de Sade de Santa Maria

    Encontro com mdicos do Hospital de Mirandela

    13

    no hospital, nas quais so abertos concursos e no aparecem candidatos. Para Jos Manuel Silva esta realidade deve ser atacada pelo Ministrio da Sade, a quem compete garantir que h mdicos em n-mero suficiente em todas as regies do pas. Isso implica, acrescentou, implementar medidas de discriminao positiva do interior. Para os mdicos de Mirandela ouvidos pela Ordem, h limites para a exiguidade dos meios humanos. Haver equipas de cinco mdicos a assegurar trs dias consecutivos de urgncia num distrito de sete mil quilmetros quadrados um exemplo concreto de que algo tem de mudar nesta regio.

  • ENtrEviStaaMarCEliNoSilva,PrESidENtEdoCoNSElHodiStritaldEBraGaNa

    nOvOs cOrtes pem em causa necessidades Bsicas e serO inaceitveis

    Quais as principais dificuldades na Sade no Dis-trito Mdico de Bragana?Basicamentepodemoselencarasseguintes:ainte-rioridade,quecondicionatodososaspectosdavidadaspessoaseasadetambm;asdistnciasparaacessoaolitoral;asdistnciasentreconcelhoseadispersodosncleospopulacionais;adependn-ciadolitoralemmltiplasespecialidadesdeponta;osquadrosmdicosenvelhecidoseamuitomenorcapitaoemrelaocomoutrasUlS.ainterioridadetemtidoinfluncianacontrataodeprofissionaisque,muitasvezes,deixamoscon-cursosdesertosemostramumadbilcapacidadedeatracodaUlSNE,mesmoparaespecialistasformadoslocalmente.oacessoaolitoralagorafacilitadopelasnovasestradasa4/iP4,iC5EiP2,masasdistnciascon-tinuamafazer-sesentirnosacessosaoiPoeaoHospitalCentraldereferncia,dondedependemosemespecialdaoncologia.aslongasdistnciasen-trencleospopulacionaistambmcondicionamdemododeterminanteoacessoaespecialidadeshospitalares.aUlSNEdispedetrshospitaiscolo-cadosnoeixodaa4,havendotambmaquiproble-masdeacessoaconcelhoscomoCarrazedadean-sies,FreixodeEspadaCinta,torredeMoncorvo,MogadouroeMirandadodouroqueficama50,60e100kmdesseshospitais,comacuriosidadedeoacessodeMirandadodouroaBraganasermaisr-pidoemelhor...porEspanha.arededetransportesdeficienteeescassa,tendoosdoentessemtrans-porteprpriodeperderumdiaparaacederaumaconsulta.ComodisseonossoBastonrio,esteno

    umdistrito,umpas.osquadrosmdicosenve-lhecidosprincipalmenteaonveldosCuidadosdeSade Primrios (CSP) enoshospitaisnasespecia-lidadesdeanestesiologia,Ginecologia e Psiquiatria coma aproximaodaidade de aposentao,podem representar umarupturanestes cuidados.temosumquadrodecercade 200mdicos especia-listas, repartidospratica-

    mente100/100entreHospitaiseCSP.temoscercade2000funcionrioseservioscomidoneidadeecapacidadeformativanasreasdeMedicinain-terna,ortopedia,Psiquiatria,CirurgiaGeral,MGFeSadePblica.

    ROM Referiu tambm a questo da capitaoofinanciamentooutrodosproblemasgraves:acapitaosignificativamentemenorquandocomparadacomasUlSdeMatosinhos,Guarda,NorteeBaixoalentejo,agravandoasdisparidadeseobrigandoaumagestomuitomaiscriteriosaeapertada,valorizandoaindamaiso12lugarnaavaliaodedesempenhoentrecongneres.temosdefazerefazemosmaisemelhorcommuitomenos,tendodesuportarcustosdecontextomuitomaiores(relacionadoscomtransporteseacessos)comparativamentecomUlSdemaiorpopulao.NemacomparaocomasUlSdoalentejo,comcustossemelhantes,nosfavorvelpoistemmaiorfinanciamentoparaproblemassemelhantesemtermosdepopulaoedistncias,masnemporissoemtermosdeclimaeacidentesdeterreno.Por-tanto,semaiscortesvierempoderoserpostasemcausanecessidadesbsicaseissoserinaceitvel.ainterioridadessentidaporquemvivelongedolitoraleocentralismoendmicodePortugaltemaquiasuaexpressomxima.SomosoPlutodosistemasolareocalordoSolmalnoschega.Mesmoosnaturaisdaregioquandoestoemcentrosdepoderparecemesquecer-sedela,dassuasorigensedassuasdificuldades.

    O presidente do Conselho Dis-trital de Bragana da Ordem dos Mdicos peremptrio: se houver mais cortes para o sector da sade no nordeste transmontano, haver neces-sidades bsicas da populao comprometidas. Marcelino Silva suspeita que seja isso que vai acontecer com o helicptero do INEM situado em Macedo de Cavaleiros, algo que qualifica como um erro e uma injus-tia. Em entrevista Revista da Ordem dos Mdicos, o dirigente questiona ainda o subfinancia-mento crnico da Unidade Local de Sade do Nordeste (ULSNE), comparativamente com uni-dades semelhantes.

    14 destaque: voz aos distritos

  • O fecho dos Servios de Atendimento Permanente (SAP) nalguns concelhos do Distrito Mdico de Bra-gana deixou a populao mais desprotegida?teoricamente,poder-se-pensarassim,mas,naprtica,aperdadehorriosdeSaPfoicolmatadacomaaberturadeServiodeUrgnciaBsica(SUB)emMacedodeCavaleiros,MogadouroevilaNovadeFozCa,quecobremtodooterritrioegarantemtemposderespostaaceitveis.temosaindaasCon-sultasabertas(Ca)nosconcelhossemhospital,das8s22horas,quedorespostaacasosagudosnourgentes.ouseja,salvocasospontuaisdeexigui-dadedequadrosmdicos,osCentrosdeSadedocoberturaaessasexigncias,tendoapopulaoacessoaumaCaeummelhorserviodeSUBemdetrimentodoSaP,emboracomperdadealgumaproximidade.

    Como que se est a processar a assis-tncia em emergncia pr-hospitalar e a transferncia inter-hospitais?aemergnciapr-hospitalarassegu-radaporpostosdeiNEMemtodasascorporaesdebombeirosnassedesdosconcelhospraticamentetodoscomdesfibrilhadoresuportebsicodevida(SBv)porambulnciasSiv,juntodoSUdeMirandelaedosSUBdeMogadouroevilaNovadeFozCa,porumavMErjuntodoSUdeBraganae por um helicptero emMacedoCavaleiros.atransfernciainter-hospitalarasse-guradaporambulnciasmedicaliza-dasemuitasvezespelasambulnciasSivouhelicptero emcasos emer-gentescomnecessidadesespeciaisdecolocaoemunidadesespecializadasemcurtoespaodetempo.Umproblema,aindanosentido,masjencarado,apotencialtransfernciadohelicpteroparaoHospitaldevilareal.EstatransfernciadeixarsemapoioaszonasmaisperifricasdaUlS,con-cretamentevimioso,MirandadodouroeFreixodeEspadaCinta,contrariandoosprotocolosante-riormenteassumidoscomasCmarasMunicipaisdodistritoquegarantiamamanutenodoheli-cpteroemtrocadoencerramentodosSaP,emres-peitopelodireitoabsolutodesocorroeigualdadedetratamentoentrecidadosnacionais.olitoral,comumarededevMErSemtodososhospitaisecomtemposderespostamnimos,nonecessitadeummeioareocomooNordestequesdispedeumavMErparatodoodistrito.aquisim,serdeconsiderarvitalestemeio,querparaopr-hospitalar,querparaointer-hospitalar,eretir--loserumerroeumainjustia.vaipotenciar,aindamais,asdesigualdadesdeacessoetratamentoemrelaoaolitoral.Somoscidadosdeiguaisdireitoseapagarosmesmosimpostos.

    Que reflexo teve a reduo das comparticipaes na populao do Distrito?Como do conhecimento geral, e j foi refe-rido, o interior tem populaes envelhecidas,

    descapitalizadas emuitas vezes semapoio defamiliares,queemigraramparaolitoraleparaoestrangeiro.Seaonveldoacesso,oaumentodastaxasmoderadorasnofoiumproblemaagudoporqueamaiorpartedaspopulaesjestavamisentas,afalta,areduoeumcritriomuitomaisapertadodecomparticipaonostransportesparatratamentose/ouconsultastemsidoumacausaperturbadoradoacessoaoscuidadosdesade.dereferiraindaqueafaltadetransporteparaodo-miclio,apsumatendimentonumSU,temsidoumproblemasensvelnodistrito.Nohtransportespblicososqueexistemsfazemumaviagempordiaeissolevaaqueaspessoasfiquema30,60oumaiskmdecasa.

    Tem sentido alguns indicadores que demonstrem o efeito da crise na populao do Distrito Mdico?

    acriseactualtemtidoefeitoemtodosossectoresdasociedade,emtodososescalesetrioseemtodososestratossocioeconmi-coseasadenoexcepo.oscortesoramentaisnodistrito,atagora,parecemterincididoaon-veldacontenododesperdcioeracionalizaodemeios,masjhouveperdadetcnicosemalgu-masespecialidadesdeapoioaosCSP,comonutricionistas,psiclo-gos,higienistasorais,terapeutasdafala,cardiopneumologistasepodologistas.arespostadaUlSemtermosdedesempenhotemsidopositiva:91,6% de doentes com atendi-mentoemtempoadequadonasespecialidadesno cirrgicas e

    97,8%dedoentesatendidosemtempoadequadonasespecialidadescirrgicas.odesempenhogeralversuscontratualizao,comparadocomasoutrasUlS,aCESeHospitais,colocaaUlSNEem12lugarnototalde49instituiesavaliadas.Contudo,sehouverfechodeSUBeretiradadeheli-cptero,asdistnciaseostemposdeacessovoau-mentar,onveldeprontidovaidiminuireossinaisvisveisdacriseaparecerodeimediato.oGoverno,emaisespecificamenteoMinistriodaSade,tmquetermaioratenoparacomointeriorjdesfa-vorecidoepromoverdiscriminaopositivaporquenosepodepedirpoupanaesacrifcioaquempodeperderoessencial.

    As distncias geogrficas no distrito so grandes. A qualidade das acessibilidades compensa essas longas distncias no que se refere s necessidades assistenciais?Falandodedistncias,serbomlembrarqueaUl-SNEcobre40%doterritriodaarSNorte,6.608km2maisoconcelhodevilaNovadeFozCa,paraumapopulaodesomente144.700habitantesecomdistnciasimpensveisemtermosdelitoralescomparveiscomoalentejo.Cercade140/145kmdedistnciaentreospontosmaisdistantesN/SeE/oouainda,sepreferiremparamelhor

    No se pode pedir poupana e sacrifcio a quem pode perder o essencial

    15

    comparao,osdoisconcelhosdeBraganaevi-nhaistmaextensododistritodevianadoCas-telo,sendoaUlSconstitudapormais11.Portudoisto,asnovasacessibilidades,aa4,iC5eiP2vieramtrazerumamelhoriaabsolutaemtermosdemobilidadeeacessoacuidadosdesade,emboracom30anosdeatrasoemrelaoaorestodopas.

    Como est o sector da medicina privada? Ser esse o caminho para compensar as deficincias do sector pblico nos distritos do interior?aaberturadeumaunidadehospitalarprivadaemMirandelahmuitopoucotempoveiocolmataralgumasdeficinciasembastantesespecialidades,contudomesmoassimsacessveisabaixocustoaosbeneficirios de subsistemas e segurosdesadeeaosserviosqueeventualmentetenhamconvenocomooSNS.Mastambmnoserodeprevernovasofertas,setivermosemcontaapopulaoresidente.

    E a capacidade de resposta dos cuidados primrios suficiente para as necessidades da populao? Tm profissionais de sade em nmero suficiente?acapacidadederespostadosCSPtemsidosufi-cienteparaasnecessidades,podendoreportar-sesomentecasospontuaisderupturaemsituaesdedoenaoutransfernciadeefectivosmdicos.desdehmuitosanosquenohpraticamenteci-dadossemmdicodefamliaatribudo,mas,pelasrazesatrsexpostas,oquadromdicoestenve-lhecidoedisperso,comUCSPdemuitopequenadimensoe,porisso,compoucacapacidadederes-postaemsituaesdeausnciadeprofissionais.NohUSFnaUlSNE.vejamosasUCSPdevimiosocom3mdicos,FreixodeEspadaCintacom3mdicos,Carrazedadean-siescom4mdicosealfndegadaFcom4mdi-cos,soexemplosdequadrosmdicosadequadosparaoratiopopulacionalqueservem,mascomple-tamentedesadequadosdevidoidadedosprofis-sionais,emcasosdedoena,friasououtrasausn-ciasparaacoberturaemtodososdiasdesemanadas8s22horaseaosfins-de-semanadas9s22horas.Nopodehaverdemissodecuidadosemcertashorasdodiaemesmoaosfins-de-semana.Quemjpoucotemcommenosficaria.oratiomdico/utentenumapopulaodointeriortmnecessariamentedeserpensadosealteradosparanveisderazoabilidade.Porvezes,oMinistriodaSadeeasorganizaesdolitoralparecemnoentenderessefacto.oquenoentendemosasituaodolitoral:comcentrosdesadesemmdicos,utentessemm-dicodefamliaaosmilhares,urgnciashospitalarescongestionadas,utentesdesesperados,dirigentessemsaberoquefazereunidadesprivadascheiasdeclientes.todoessepanoramaaqui-nosdesco-nhecido.asimplespresenaemregiesperifricas,empobrecidasecompletamenteesquecidasdeve-ria,sporsi,sertidoemcontacomoumfactordecorreco.

    Tem tido conhecimento de algum tipo de falha em termos dos materiais necessrios para o bom fun-cionamento dos CS e hospitais?Comoreferi,noregistamosnenhumafaltadema-terialessencialaofuncionamentodosCSeHospi-tais.Sentimosfaltadeumapeaimportantedotrabalhoemsadequeotcnicodesadee,nesseaspecto,acrisejlevoualgunsprofissionaisquefazemfalta.aqui,nohacessocomonolitoralaessestcnicosmesmoemcuidadosprivadoseaspopulaesficamsemessasvalnciasessenciais.

    nota da redaco: A ROM entrevistou o presidente do Distrito Mdico de Bragana dias antes da deciso quanto providncia cautelar que se destinava a evitar a deslocao do helicptero do INEM de Macedo de Ca-valeiros para Vila Real. n

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    O presidente da Assembleia Distrital, Manuel Fernandes Pinheiro, deu in-cio sesso protocolar que investiu os novos rgos sociais do Distrito Mdico de Vila Real para o trinio 2014-2016 (ver caixa). Entre eles, Margarida Faria que assumiu a li-derana do Conselho Distrital pelo quarto mandato consecutivo. No discurso de tomada de posse, a dirigente come-ou por valorizar o trabalho que est a ser desen-volvido na estrutura que lidera e considerou que o seu desperdcio seria perder uma oportunidade de fazer a diferena. Esta uma altura de mui-tos desafios e no foi por acaso que promovemos, pela primeira vez, uma sesso dedicada aos jovens que vm trabalhar para o nosso distrito. Temos de prestar grande ateno aos problemas dos internos, reforou, apontando claramente o discurso para os colegas mais novos: Vamos dar ateno a quem d formao e com que qualidade o faz, porque alguns servios esto a ficar desnatados. Temos de nos preocupar com a qualidade da Medicina dos nossos jovens, de apoiar e investir no percurso deles. Margarida Faria defendeu tambm uma aproxima-o do Distrito Mdico aos seus associados, atravs

    Vila

    Real Prioridade aos jovens mdicos

    Margarida Faria iniciou, no passado dia 28 de Janeiro, o quarto mandato como presidente do Conselho Distrital de Vila Real. Na cerimnia de tomada de posse, a responsvel estabeleceu como prioridade a aproximao aos novos mdicos e a dinamizao da sede do distrito. Miguel Guimares mostrou-se convicto de que possvel reforar a relao com as estruturas distritais atravs da descentralizao de servios.

    da disponibilizao de espao e de servios na sede local para promoo de actividades. Fazem--se sesses interessan-tssimas no Porto, mas a distncia, o facto de termos de trabalhar no dia seguinte, entre ou-tros motivos, inibem as pessoas de ir. Porque no fazer aqui mais coisas, aproveitar as boas ideias que existem e fazer ses-ses temticas e de deba-tes?, questionou. Para a presidente do Conselho Distrital de Vila Real essencial refutar a ideia de que estes organismos de proximidade no ser-vem para nada e apostar na descentralizao de servios como o apoio jurdico aos mdicos. Por fim, a mdica vila-realense realou as suas pre-ocupaes com a interioridade, assegurando ser

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  • MESadaaSSEMBlEiadiStritalPresidenteManuelFernandesPinheiroSade Pblica

    Vice-PresidenteantnioManueldeoliveiraCirurgia Geral

    secretriosEuricoJorgeGasparPediatriaGraaChavesMedicina Geral e Familiar

    CoNSElHodiStritalPresidenteMargaridaanesazevedoFariaAnestesiologiaanabelaMoraisMedicina InternaCarlosPintadoOrtopediaFernandoBandeiraSalvadorMedicina InternateresaFurrielCruzMedicina Geral e Familiar

    MEMBroSCoNSUltivoSaoCoNSElHorEGioNalBelaaliceCostaInterna Medicina Geral e FamiliarJooBizarroPinhoInterno Medicina Geral e FamiliarrosaribeiroMedicina Geral e Familiar

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    necessrio ter muito presente os problemas de acessibilidade que as populaes da regio sofrem. Es-tamos cada vez mais desertificados, mas continua a haver populao c e temos de lutar para que essa possa manter o acesso aos cuidados de sade, ressalvou, defendendo a abertura de concursos para chefes de servio sem os quais os servios locais no podem funcionar.

    descentralizaoNa interveno que finalizou a ce-rimnia de tomada de posse, o pre-sidente do Conselho Regional do Norte comeou por fazer um elogio ao excelente exemplo dado pela equipa de Vila Real em perodo de campanha eleitoral, com a organi-zao de uma visita s unidades de sade da regio. Seguindo o mesmo raciocnio, Mi-guel Guimares reforou o apelo proximidade com as estruturas in-termdias considerando essencial colocar a Ordem a funcionar atravs dos seus conselhos distritais. Esta descentralizao fundamental e constitui um dos objetivos princi-pais para este mandato, no s nas questes administrativas que forem possveis, mas tambm na criao de gabinetes de apoio e no aconse-lhamento jurdico, defendeu. Para o dirigente, a situao do pas justifica um maior dinamismo por parte da Ordem dos Mdicos e, como tal, a organizao tem de ter as melhores pessoas nos lugares certos. Acho que em Vila Real h um grupo fantstico e que foi capaz de fazer uma excelente renovao de quadros, aliando a experincia inovao e irreverncia prprias da juventude, elogiou. Uma das lutas em que, de acordo com Miguel Guimares, a Ordem dos Mdicos se deve envolver na

    reforma global do sistema de sade portugus, di-vulgando uma posio prpria sobre as matrias mais relevantes. Temos a obrigao de apresentar rapidamente uma proposta que tenha em ateno a qualidade da Medicina e no se deve haver mais ou menos hospitais. Essa proposta deve identifi-car os tempos ideais de consulta, definir a massa crtica necessria para cada servio ou departa-mento, estabelecer o que so centros de referncia e a experincia mnima cirrgica para efectuar um determinado tipo de interveno, exemplificou. n

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    Na qualidade de anfitrio, o presidente da Cmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Duarte Moreno, abriu a cerimnia de tomada de posse do Distrito Mdico de Bragana, realizada no Centro Cultural local. O autarca aproveitou a presena da Ordem dos Mdicos para sinalizar aquilo a que cha-mou de problemas tpicos da interioridade, parti-cularmente os que directamente esto relacionados com rea da Sade: a possibilidade de encerramento da urgncia de Macedo de Cavaleiros, a retirada do helicptero do INEM, a deslocalizao da cirurgia de ambulatrio do hospital local ou a carncia de especialistas em Medicina Interna. Na opinio do responsvel, estas situaes so ainda mais graves dada a disperso muito grande da populao, num territrio de sete mil quilmetros quadrados como o Distrito de Bragana. Apesar de todas as dificuldades, o presidente da autarquia elogiou o trabalho dos profissionais de sade do municpio: Agradecemos a dedicao e o respeito para com o doente. esta capacidade de entrega que faz com que recentemente tenham sido distinguidos como servios de excelncia, com clas-sificao mxima, os servios de AVC e Ortopedia.

    Voz firme contra a discriminao do interiorNo dia 5 de Fevereiro, foi a vez dos rgos sociais do Distrito Mdico de Bragana tomarem posse numa cerimnia realizada no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros. O evento coincidiu com a visita de dois dias regio promovida pela direco da Ordem dos Mdicos, tendo o bastonrio, Jos Manuel Silva, a oportunidade de registar, quer da parte do autarca local, quer do presidente do Conselho Distrital eleito, crticas contundentes poltica de desvalorizao do interior e um apelo discriminao positiva.

    Duarte Moreno finalizou com o desejo de que a Ordem dos Mdicos contribua para melhorar a rede de cuidados de sade da regio. Peo-vos que, falta de uma discriminao positiva do interior por parte do Estado, sejam vocs prprios a incentivar a vinda de colegas. Estamos numa terra onde che-gamos ao local de trabalho cinco minutos depois de sair de casa, sublinhou. A sesso formal de tomada de posse dos rgos sociais de Bragana, conduzida pelo presidente da Mesa da Assembleia Distrital, Antnio Andrade, prosseguiu com a reconduo de Marcelino Silva como presidente do Conselho Distrital.

    falta de especialistasO especialista em Medicina Geral e Familiar (MGF) contestou duramente, na sua interveno, o aban-dono por parte do poder poltico centralizado em Lisboa de que a regio tem sido vtima e focou as impressionantes carncias de mdicos em Bra-gana. Temos um quadro de especialidades m-dicas exguo em relao s necessidades da nossa populao e estamos muitos de ns perto do fim da carreira. A demografia mdica aqui ainda mais preocupante do que no resto do pas, salientou, enunciando os casos particulares das especialida-des de MGF, Anestesiologia, Sade Pblica, Gine-cologia e Psiquiatria. Indo mais longe na sua cha-mada de ateno, Marcelino Siva constatou que nos 13 concelhos do Distrito de Bra-gana existem dois mdicos de sade pblica, completa-mente incapazes de satisfazer as necessidades dos utentes e das instituies que os solici-tam. Alm disso, acrescen-tou o dirigente, h exemplos de unidades de cuidados de sade primrios com grande escassez de mdicos de fa-mlia: Vimioso e Freixo de Espada Cinta, com trs

    18 destaque: voz aos distritos

  • MESadaaSSEMBlEiadiStritalPresidenteantnioandradeOrtopedia

    Vice-PresidenteHermniadeoliveiraCirurgia Geral

    secretriosruiManuelamaralMedicina Geral e FamiliarSlviaMariaamaraldaCostaMedicina Geral e Familiar

    CoNSElHodiStritalPresidenteMarcelinoMarquesdaSilvaMedicina Geral e FamiliarEugniaMadureiraParreiraMedicina InternaHelenoSimesMedicina Geral e FamiliarJorgeCruzMedicina Geral e FamiliarManuelaFerreiraPediatria

    MEMBroSCoNSUltivoSaoCoNSElHorEGioNalandrreisMedicina Geral e Familiar

    clnicos; Carrazeda de Ansies e Alfndega da F, com quatro. Somos mestres a improvisar, mas te-mos de saber que em matria de sade tem de haver competncia, qualidade e respeito pelos direitos dos cidados e dos mdicos, aludiu. Marcelino Silva contestou tambm a forte assime-tria que existe ao nvel de financiamento na Uni-dade Local de Sade de Bragana face s unidades semelhantes noutros pontos do pas. No sabemos em que critrios se baseou o financiamento defi-nido, nem que especificidades tm as ULS do litoral para terem mais financiamento per capita do que a nossa, criticou, concluindo que quem est mais

    19

    perto da fogueira melhor se aquece. O dirigente finalizou instando a Ordem dos Mdicos a alertar em todos os fruns onde tem assento e influncia para estas assimetrias e colaborar com a sua minimizao. Na terceira interveno da noite, Miguel Guimares deixou vrios agradecimentos Cmara Muni-cipal de Macedo de Cavaleiros e aos responsveis do Distrito M-dico de Bragana, mas fez questo de cumprimentar especialmente o Bastonrio da Ordem dos Mdicos pela presena nesta cerimnia e pela visita que promoveu ao longo de dois dias regio do Nordeste Transmontano. Gostaria de elogiar publicamente a coragem e determi-nao com que tem defendido os mdicos e os doentes, sublinhou o presidente do Conselho Regional do Norte, acrescentando o mrito de ter visitado a regio dando o sinal de uma Ordem dos Mdicos mais prxima e conhecedora dos proble-mas no terreno.Presena especial nesta tomada de posse, o bastonrio da Ordem dos Mdicos saudou igualmente os r-gos eleitos e reiterou o objectivo de reforar a aproximao aos distritos mdicos. Os seus presidentes vo fazer parte dos plenrios dos con-selhos regionais para estarem mais envolvidos no centro de deciso da Ordem dos Mdicos. Vocs so o front-desk da Ordem. Esto junto dos mdicos no terreno e vivem os problemas dos mdicos e dos doen-tes, sublinhou. Jos Manuel Silva justificou a op-o de ter escolhido Bragana como a primeira de uma srie de visitas que ir promover a todos os Distri-tos Mdicos do pas: Sentimos que nesta regio que o problema da distncia conta mais. Bastou um dia de visita para percebermos o b-

    vio. As grandes distncias e o problema de trans-porte influenciam a acessibilidade e a assistncia prestada aos doentes, aprofundou o bastonrio, concordando com a necessidade de introduzir me-didas de discriminao positiva para apoiar a po-pulao local. O interior no pode ser desprovido de meios, no pode haver mais encerramentos no distrito mdico de Bragana e no pode retirar-se o heli de Macedo de Cavaleiros. S pessoas que es-to demasiado tempo e em exclusividade em Lisboa que podem olhar o pas com rgua e esquadro, tomando decises que se afastam das necessidades das populaes. n

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    Um conjunto de clssicos interpretados pelos violinistas Armando Garcia e Sara Garcia foi o preldio da cerimnia de tomada de posse dos rgos sociais do Distrito Mdico de Viana do Castelo para o tri-nio 2014-2016. O presidente da Mesa da Assem-bleia Distrital, Veiga Torres, iniciou a sesso pro-tocolar com uma referncia positiva aos resultados do acto eleitoral de 12 de Dezembro, considerando que estes apontam para uma emergente unidade de todos os mdicos em defesa dos valores morais historicamente institudos.Seguiu-se o acto de posse dos rgos executivos e consultivos de Viana, com natural destaque para o novo mandato o terceiro consecutivo de Nelson Rodrigues como presidente do Conselho Distrital. No incio de mais um trinio, o dirigente lembrou que a sua candidatura foi a mais votada, em termos percentuais, no Norte e a quinta a nvel nacional. Fomos eleitos com 92,7% dos votos. Esta votao motiva-nos e responsabiliza-nos para este mandato que agora se inicia, sublinhou a propsito. A criao de rotinas de funcionamento na sede do Distrito Mdico foi o primeiro grande objec-tivo apontado pelo dirigente. Para isso, Nelson

    Reeleio por mrito prprioCom motivao e responsabilidade extra, Nelson Rodrigues apresentou-se, no dia 30 de Janeiro, a um novo mandato como presidente do Conselho Distrital de Viana do Castelo. O dirigente recordou ter obtido a votao mais expressiva entre os distritos mdicos da regio Norte e Miguel Guimares considerou que o resultado no foi por acaso, devendo-se ao comportamento notvel do Distrito Mdico.

    Rodr igues pretende consolidar a vertente administrativa e apoiar a realizao de eventos cientficos e culturais para os mdicos e para a comunidade, sejam estes de iniciativa interna ou de outras organizaes. O responsvel deixou mesmo um repto nesse sentido: Muito nos agradaria que fizessem c as iniciativas que en-tendessem. Apresentem propostas ao Conselho Distrital e realizem-nas. A segunda aspirao tor-nada pblica prende-se com a passagem de tes-temunho na direco. Estamos a agora a comear, mas temos de pensar no prximo mandato. Ser altura dos colegas come-arem a reflectir nesse mbito, com novos elemen-tos que tragam outras ideias e outro modus operandi,

    20 destaque: voz aos distritos

  • MESadaaSSEMBlEiadiStritalPresidenteJorgeveigatorresCirurgia Geral

    Vice-PresidentelusBeloMedicina Interna

    secretriosJuanGomezMedicina Geral e FamiliarPachecodeoliveiraMedicina Geral e Familiar

    CoNSElHodiStritalPresidenteNelsonrodriguesMedicina Geral e FamiliaralbertoMidesCirurgia GeraldianaGuerraMedicina InternalourenolabandeiroPediatriaManuelafonsoSade Pblica

    MEMBroSCoNSUltivoSaoCoNSElHorEGioNaldulceHelenalealMedicina Geral e Familiar Medicina do TrabalhoElisabeteBarbosaMedicina Geral e FamiliarPedroMeirelesAnestesiologia

    21

    justificou Nelson Rodrigues, que concluiu a sua interveno agrade-cendo o incentivo recebido do bas-tonrio da Ordem dos Mdicos e do presidente do Conselho Regional do Norte.

    aproxiMao aos MdicosMiguel Guimares retribuiu o elo-gio e felicitou os dirigentes de Viana pelo comportamento notvel que tiveram ao longo do mandato. O trabalho que a SRNOM desenvolveu no ltimo mandato, e que foi reco-nhecido pelos mdicos nas eleies, deve-se muito ao trabalho dos dis-tritos mdicos, acrescentou o presi-dente do CRN, deixando uma nota particular ao rgo vianense: No foi por acaso que foram o distrito mais votado. Foi porque as pessoas reconheceram a qualidade do traba-lho que aqui foi desenvolvido, no apenas pela existncia da sede, mas por terem ido mais longe e partici-pado em todas as actividades desen-volvidas na SRNOM. Aps deixar uma mensagem pessoal de felicitaes do bastonrio, Jos Manuel Silva, o presidente do CRN salientou a importncia de a Ordem dos Mdicos estar altura do mo-mento de elevada responsabilidade que o pas e a comunidade mdica em particular atravessam. H uma razo essencial que levou a que estes corpos gerentes se voltassem a can-didatar. A Ordem precisa das me-lhores pessoas na direco, precisa do seu contributo, numa altura em que todos os presentes percebem que crtica. A Ordem tem o direito e o dever de lutar pela qualidade da sade dos doentes e isso significa lu-tar por um SNS que respeite a nossa Constituio, que respeite o princ-pio da equidade e que sirva todos os portugueses, defendeu.Miguel Guimares deixou um apelo final participao dos Distritos Mdicos numa aproximao da Ordem s bases. Temos de ouvir mais os mdicos, conhecer melhor

    os pequenos e grandes problemas dos servios de sade para podermos encontrar solues que sejam vlidas. Os conselhos distritais so fundamentais nesse trabalho, aprofundou, lembrando que estes tero assento nas reunies do Conselho Regional do Norte neste mandato. n

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    Braga foi o ltimo distrito da Seco Re-gional do Norte da Ordem dos Mdicos a realizar a cerimnia de tomada de posse, cerimnia que teve lugar no dia 13 de Fe-vereiro, numa unidade hoteleira situada na zona histrica da cidade. Aps um jantar de confraterni-zao entre os elementos da candidatura, iniciou-se a sesso protocolar de tomada de posse dos rgos sociais eleitos. Pela primeira vez eleita presidente do Conselho Distrital de Braga, Anabela Correia props-se olhar para trs e recuperar o percurso como dirigente iniciado em 2004. Na altura estvamos numa situao particular da Sade no nosso distrito e acabmos por exercer uma grande influncia nos comportamentos no Hospital de Braga, lembrou, salientando no entanto que hoje os tempos so ou-tros e os objectivos tambm so diferentes. A dirigente confessou que na origem da sua candi-datura esteve um imperativo tico, antecipando que a estrutura distrital pudesse cair num certo va-zio. Era importante que se mantivesse esta equipa e que dssemos continuidade ao nosso trabalho e a uma forma de estar na Medicina que, infelizmente, est muito ameaada nos dias de hoje.

    Imperativo tico na nova lideranaFoi o ltimo Distrito Mdico a realizar a cerimnia de tomada de posse e o nico a eleger uma nova presidente para o rgo executivo. Anabela Correia foi eleita presidente do Conselho Distrital de Braga no dia 13 de Fevereiro e revelou que este projecto se deveu a um imperativo tico, numa altura de forte presso para a classe e de grandes obstculos equidade no acesso Sade. Miguel Guimares reforou a importncia dos rgos distritais na aproximao aos colegas.

    Numa leitura bastante crtica da actualidade no sector, Anabela Correia constatou que a equi-dade em Sade est a ser seriamente posta em causa e sublinhou que todos os colegas so confrontados com isso diariamente na con-sulta. Quando digo que a equidade est a ser posta em causa, no me estou a referir apenas forma como o doente tratado. Estou a falar do sistema em termos globais, que deve estar centrado no doente, aprofundou. Esse debate, defendeu, nunca foi to premente como hoje e ns mdicos temos de estar conscientes disso. A Ordem tem de manter presentes certos princpios. Para a presidente eleita, necessrio assegurar a defesa do Servio Nacio-nal de Sade (SNS) em sintonia com a adopo de

    22 destaque: voz aos distritos

  • MESadaaSSEMBlEiadiStritalPresidenteMesquitarodriguesCirurgia Geral

    Vice-PresidenteMatosMarquesPediatria

    secretriosFernandoCarvalhoMedicina Geral e Familiar Medicina do TrabalhoMariaJosCosteiraPediatria

    CoNSElHodiStritalPresidenteanabelaCorreiaImunohemoterapia

    JaimerochaNeurorradiologiaMariateresalemosMedicina Geral e FamiliarMatosCruzGinecologia/ObstetrciaPratasBalhauCirurgia Geral Angiologia e Cirurgia Vascular

    MEMBroSCoNSUltivoSaoCoNSElHorEGioNalalbertoBessaPeixotoPsiquiatriaCristinaNogueiradaSilvaInterna Ginecologia/ObstetrciadavidalexandreSilvaInterno Medicina InternalucindaMeloMedicina Geral e FamiliarMariaJoslopesMedicina Geral e FamiliarMiguelCostaPediatriaNarcisooliveiraMedicina InternaPedroMorgadoInterno PsiquiatriaSNogueiraMedicina Geral e Familiar

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    estratgias diferenciadoras, que o valorizem e faam evoluir. No sa-bemos muito bem o que o SNS pode vir a ser, mas sabemos que est a ser desvalorizado. Sobre o seu projecto para o trinio 2014-2016, Anabela Correia enqua-drou um objectivo fundamental, apesar de reconhecer as funes muito limitadas dos Distritos M-dicos. O nosso trabalho vai passar, sobretudo, por agregar os colegas, especialmente os colegas mais no-vos e transmitir o exemplo porque atravs do exemplo que melhor se assimila o conhecimento, apontou a dirigente. Agradecendo de forma particular aos colegas Sousa Basto e Henrique Botelho, colaboradores antigos do Conselho Distrital, a nova presidente mostrou-se espe-ranada em ter oportunidade de chegar mais perto dos mdicos e de-senvolver algumas iniciativas que j fizemos com qualidade.

    proxiMidade aos MdicosMiguel Guimares comeou por fe-licitar a lista de Braga pela eleio e recordou a misso extraordina-riamente importante que tm pela frente, atendendo a que se trata do quinto distrito com mais mdicos no pas. Desejo que tenham fora para interferir de forma mais pr-xima e positiva nos problemas que dizem respeito aos mdicos e aos doentes, apelou o presidente do Conselho Regional do Norte (CRN). Reconhecendo o poder limitado dos conselhos distritais invocado por Anabela Correia, o dirigente su-blinhou, no entanto, a importncia daquelas estruturas na aproximao aos problemas concretos que os pro-fissionais vivem no seu dia-a-dia. Eles existem e nem sempre so conhecidos. Temos de estabelecer uma relao mais prxima com os colegas e nisso o Conselho Distrital tem um papel muito importante, referiu. Miguel Guimares lembrou ainda a iniciativa de convidar os rgos dis-tritais a participar nas reunies do CRN, algo que, em seu entender,

    uma forma objectiva de conferir mais poder. Isso j uma realidade, como ser realidade a descentra-lizao de vrias actividades, acrescentou, dando como exemplo a aposta no Juramento de Hipcra-tes, realizado em 2013 pela primeira vez em Braga, e a disponibilizao de apoio jurdico previsto para o mandato que agora se inicia. n

  • O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Mdicos (CRNOM), o Conselho Nacional do Mdico Interno (CNMI), o Sindicato In-dependente dos Mdi-cos (SIM) e a Federao Nacional dos Mdicos (FNAM) contestam as propostas apresenta-das pelo Ministrio da Sade para alterao do internato mdico e acusam a tutela de que-rer promover a desqua-lificao tcnica dos profissionais. Essa foi uma das crti-

    cas mais recorrentes feitas na reunio magna pro-movida na Seco Regional do Norte da Ordem dos Mdicos, onde as trs instituies registaram as opinies de cerca de 400 jovens mdicos e algumas dezenas de estudantes de Medicina sobre o Projecto de Decreto-Lei de 30 de Janeiro. O documento foi amplamente contestado pelos presentes, sobretudo em dois pressupostos: a extino do Internato do Ano Comum, implcita na transio automtica para o primeiro ano do internato de especialidade, e a perda da funo reguladora e das competncias da Ordem dos Mdicos na definio dos programas de formao das especialidades e das idoneidades e capacidades formativas ps-graduadas, que passa-riam para a Administrao Central do Sistema de Sade (ACSS). A funo autorreguladora da Ordem no pode, de forma alguma, perder-se. Este sistema, que nos coloca a responsabilidade de avaliar os servios e atribuir as idoneidades e capacidades formativas, tem permitido formar mdicos com elevada qua-lidade, defendeu Miguel Guimares, presidente do CRNOM. O dirigente acusou o Ministrio da Sade de apresentar esta proposta para responder

    A crtica unnime: nenhuma das organizaes mdicas aceita alteraes formao es-pecializada que comprometam a qualidade e a diferenciao tcnica. Esta foi a ideia funda-mental deixada na Reunio Geral que juntou a Ordem, os sindicatos e as associaes de estudantes no passado dia 13 de Maro.

    CRNOM, CNMI, SIM e FNAM promoveram Reunio Magna para debater formao mdica especializada

    Reunio magna na SRnom

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    Dossier especial: formao mdica especializada24

  • NO formao sem qualidade

    ao excessivo nmero de alunos existente nas escolas mdicas e ao qual no consegue garantir formao especializada. No queremos mdicos de primeira e de segunda em Portugal. Queremos mdicos com formao que lhes permita um exerccio de quali-dade. O Governo deve ter conscincia desta respon-sabilidade, acrescentou. Jorge Silva, responsvel do SIM na regio Norte, considerou que o documento no tem qualquer viabilidade. Parece um documento feito em cima do joelho, por pessoas que esto longe da realidade e que fazem tbua rasa das concluses que o Grupo de Trabalho para a Reviso do Regime do Internato Mdico apresentou em 2012, recordou o dirigente. A presidente da FNAM, Merlinde Madureira, lem-brou que o exerccio da Medicina obriga diferen-ciao. Nesse sentido, a sindicalista reiterou que ir sempre defender o internato de especialidade como recurso obrigatrio para exerccio da pro-fisso, acusando a tutela de ter apresentado esta proposta de decreto-lei sub-repticiamente quando se trata de uma matria de negociao obrigatria.

    diMinuir o nMero de alunosTambm presente na mesa da Reunio Magna, o coordenador do Conselho Nacional do Mdico In-terno (CNMI), Roberto Pinto, recuperou o tema do numerus clausus em Medicina para afirmar que a nica maneira de termos um sistema que no est sempre a rebentar pelas costuras passa por diminuir o nmero de alunos, recordando a esse propsito que uma das concluses do Grupo de Trabalho de 2012 apontava no sentido de reduzir em 1/3 o nmero de vagas actualmente abertas nas faculdades. Roberto Pinto deixou tambm implcita a necessidade que a Ordem dos Mdicos ter de assegurar as mximas capacidades formativas para os internatos. Acredito que se pode ir mais longe nesta matria, porque h especialidades que esto sub-optimizadas, assegurou. Uma das alteraes mais significativas previstas na proposta de alterao do regime jurdico da forma-o mdica especializada passa pelo novo mtodo

    a funo autorreguladora da ordeM no pode, de forMa alguMa,

    perder-se. este sisteMa, que nos coloca a

    responsaBilidade de avaliar os servios e

    atriBuir as idoneidades e capacidades

    forMativas, teM perMitido forMar

    Mdicos coM elevada qualidade

    MIGuEL GuIMARES

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  • de acesso, com alterao da Prova Nacional de Seriao actualmente existente para uma Prova Nacional de Seleco, que define uma nota m-nima, de 50%, abaixo da qual os candidatos no podero concorrer ao in-ternato. Duarte Sequeira, presidente da Associao Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), no rejeitou essa soluo, mas confessou estar procura de alternativas. No somos contra a nota mnima, mas achamos que no pode ser defi-nida de forma cega e que deve ser tida em conta a dificuldade da prova. O dirigente estudantil aproveitou para reforar a crtica sobrecarga que existe nas escolas mdi-cas e recordou uma outra recomendao enviada ao Ministrio da Edu-cao no sentido de ser extinto o concurso espe-cial de acesso para estu-dantes licenciados. So 15% de vagas atribudas, o que corresponde entre 200 a 300 pessoas anual-mente, especificou Du-arte Sequeira.

    internatos no sector privadoNo debate aberto audincia, uma das questes colocadas com maior frequncia centrou--se na abertura de vagas para o internato mdico em institui-es do sector privado e social. O representante do SIM reve-lou que os sindicatos nada tm nada contra o sector privado desde que respeite os princpios que esto previstos na legisla-o. Miguel Guimares lem-brou que j existem mdicos a cumprir formao ps-gra-duada em hospitais privados e mostrou-se aberto a esta solu-o em unidades que tenham massa crtica e recursos sufi-cientes para garantir uma for-mao de qualidade. De resto,

    o presidente do CRN referiu que em determinadas especialidades haver possibilidades de alargar as capacidades formativas: Ns queremos abrir as vagas ao limite do que possvel sem colocar em causa a qualidade da formao. E vamos continuar a trabalhar nesse sentido e a faz-lo caso a caso.A transio para o novo modelo de prova motivou algumas dvidas por parte dos muitos mdicos in-ternos presentes. A opinio sobre o modelo actual pareceu consensual, tendo sido mesmo referido que impossvel que sirva para avaliar competncias, no entanto as mudanas parecem estar longe de ser pacficas, como referiu Roberto Pinto: Nenhum modelo de prova ser do agrado de todos. Miguel Guimares recordou a hiptese de ser adoptada uma tipologia prxima do National Board of Me-dical Examiners, dos EUA, defendendo no entanto que a principal preocupao deve ser a qualidade do exame e a existncia de jris especializados e profissionalizados.No final, a concluso de todas as estruturas presen-tes passava por uma rejeio unnime da indiferen-ciao tcnica a que os jovens mdicos podem vir a estar sujeitos. Se estamos a defender qualidade e especializao como que podemos permitir que haja mdicos indiferenciados?, questionou Duarte Sequeira da ANEM. Martins Soares, dirigente do CRN, acusou o Ministrio da Sade de estar a criar um exrcito de pessoas indiferenciadas e defendeu dizer no at s ltimas consequncias.

    Projecto de Decreto-leiPrincipais alteraes propostas pelo Ministrio da Sade

    1. ExtinodoAnoComumeadopodeumtroncogeralatodososplanosdeformaoespecializada;

    2. SubstituiodaProvaNacionaldeSeriaoporumaProvaNacionaldeSeleco,comcarcteravaliativoedefiniodenotamnimade50%paraacessoespecialidade;

    3. Inclusodaclassificaomdiafinaldocursonanotadeconcursoaointernato;

    4. ExtinodoconcursoBeadopodeconcursonicocom10%devagasdestinadasmudanadeespecialidade;

    5. TransfernciadaresponsabilidadenadefiniodosprogramasdeformaoedasidoneidadesecapacidadesformativasdaOrdemdosMdicosparaaACSSeMinistriodaSade;

    6. Regimetransitrioparaosalunosqueestoacumpriro6anodecurso,queentrariamdeimediatonoprimeiroanodeinternatoeadiariamarealizaodaprovapara2015.

    Dossier especial: formao mdica especializada26

  • AOrdemdosMdicos,atravsdoseuConselhoRegio-naldoNorte(CRN)edoConselhoNacionaldoMdicoInterno(CNMI),oSindicatoIndependentedosMdicos(SIM)eoSindicatodosMdicosdoNorte(SMN-FNAM)ouvirameregistaramascrticasdecercade400jovensmdicosduranteumareuniomagnaquetevelugarnoPortoem13deMaronosalonobredaSecoRegionaldoNortedaOrdemdosMdicos.ParticiparamtambmnareunioaAssociaoNacionaldeEstudantesdeMedicina(ANEM)easDirecesdasAssociaesdeEstudantesdoNortedoPas.EmanliseediscussoesteveoprojectodeDecreto--LeiapresentadopeloMinistriodaSade(MS)quepretendealteraroregimejurdicodaformaomdicaespecializada.Foientendimentogeneralizadoentreosmdicospre-sentesqueoMScomestapropostadeDL:1. Ameaaseriamenteaqualidadedaformaom-

    dicaps-graduadaeaqualidadedoscuidadosdesadeprestadospopulaoportuguesa;

    2. Promoveadesqualificaotcnicaecientficadosmdicosenorespeitanemdignificaoexercciodaprofissomdica;

    3. Ameaaafunodeautorregulaodaformaomdicaps-graduada,jurdicaelegitimamenteen-tregueOrdemdosMdicos,anulandoassuascom-petnciasprpriasnadefiniodosprogramasdeformaodasespecialidadesmdicasenadefinioeatribuiodeidoneidadesecapacidadesformati-vasparaosinternatosmdicos;

    4. PromoveaextinodoAnoComum(implcitanatransioautomticaparaoprimeiroanodo in-ternatodeespecialidade),oqueconjugadocomodesfasamentoentreformaopr-graduadaecapa-cidadesformativasparaaformaoespecfica,con-duzirimpossibilidadedeobtenodequalquerformaops-graduadaparamuitosmdicos;

    5. Criaaindamaisbarreiraslegitimavontadedosjo-vensmdicosmudaremdeespecialidade,peranterealizaodeProvaNacionalemigualdadedecir-cunstnciascomtodososrestantescandidatos.

    6. PromoveumnovomodelodeProvaNacionaldeSe-riao(Seleco)paraoacessoEspecialidadecomaexistnciadeumanotamnimade50%,semapr-viaavaliaodosresultadosanterioreserespectivasponderaesateremconta;

    7. NorespeitaasconclusesqueoGrupodeTrabalhoparaRevisodoInternatoMdicoapresentouem2012,designadamenteareduodecercade1/3donmerodevagasactualmenteabertasnoscursosdeMedicina.

    Pelosmotivosreferidos,entreoutrosquetambmfo-ramdiscutidos,oprojectodeDecreto-LeiapresentadopeloMSnonosmerecequalquerrespeitoedeveserliminarmenterejeitadonasuaessncia.Reservandoanossaposiofinalerespectivafunda-mentaoadequadaparaanegociaoemcursoen-treaOrdemdosMdicoseoMinistriodaSade,ficadesdejumadeclaraodeprincpiosdosquaisnoiremosabdicar:1. Reduodonumerusclaususparaoacessoaoscur-

    sosdeMedicina,respeitandoascapacidadesforma-tivasdasFaculdadesdeMedicinaeEscolasMdicasexistentes,caminhandonosentidodeumplanea-mentointegradodeformaoprepsgraduada,seguindoaresoluoaprovadapelaAssembleiada

    Repblicaem2013.Comomedidaimediata,propo-mosaeliminaodosconcursosevagasespeciaisdeacessoparaestudantesjlicenciados.

    2. NoqueremosemPortugalmdicosespecialistasdeprimeiraedesegundacategoria.Osinternatosm-dicosdevemmanterumnvelelevadodequalidadeparaquesejapossvelformarespecialistasqualifi-cadostcnicaecientificamenteparaoexercciodaMedicina.SassimpodemoscontinuaragarantirumaMedicinadeexcelnciaecuidadosdesadeadequadospopulaoportuguesa.

    3. Nadefesadaqualidadedaformaomdicaps--graduadacompeteemexclusivoOMexercerassuascompetnciasprprias,continuandoadefinireactualizarosprogramasdeformaodetodasases-pecialidadesmdicaseadefinir,actualizareatribuirasidoneidadesecapacidadesformativasparaosinternatosmdicos.Nestaperspectiva,renovamosocompromissodeoptimizarascapacidadesforma-tivassemcomprometeraqualidadedaformao,compublicaoanualdomapatotaldevagasparaformaoespecfica,atribudaspelaOM,duranteomsdeJunhodecadaano.

    4. DefenderamanutenodoAnoComumcomoumperododeformaomdicaabsolutamenteim-prescindvelparaaqualidadeeseguranadoexerc-cioautnomodaMedicina.EstaautonomiadeverpreferencialmenteacontecernofinaldoAnoCo-mumeemigualdadedecircunstnciasparatodososjovensmdicosformadosemPortugalenoestran-geiro.

    5. Defenderaexistnciadeumn