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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL SILAGEM E TORTA DE CÁRTAMO NA ALIMENTAÇÃO DE OVINOS COMO ALTERNATIVA À SILAGEM DE MILHO E FARELO DE SOJA Erika Turim Augustinho Nova Odessa Fevereiro - 2013

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

SUSTENTÁVEL

SILAGEM E TORTA DE CÁRTAMO NA ALIMENTAÇÃO DE

OVINOS COMO ALTERNATIVA À SILAGEM DE MILHO E

FARELO DE SOJA

Erika Turim Augustinho

Nova Odessa

Fevereiro - 2013

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Silagem e torta de cártamo na alimentação de ovinos como alternativa

à silagem de milho e farelo de soja

Erika Turim Augustinho

Orientadora: Dra. Rosana A. Possenti

Co-orientadora: Dra. Ana Carolina do Nascimento Alves

Nova Odessa

Fevereiro - 2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação do Instituto de Zootecnia,

APTA/SAA, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Produção

Animal Sustentável.

Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

A923s Augustinho, Erika Turim Silagem e torta de cártamo na alimentação de ovinos como alternativa à silagem de milho e farelo de soja. / Erika Turim Augustinho. Nova Odessa – SP, 2013. 88 p.: il.

Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia.

APTA/SAA. Orientador(a): Dra. Rosana A. Possenti. Co-orientador(a): Dra. Ana Carolina do Nascimento Alves 1. Carthamus tinctorium L. 2. Alimentação. 3. Ovinos. 4. Degrabilidade. 5. Digestibilidade I. Possenti, Rosana. II. Alves, Ana Carolina do Nascimento. III. Titulo.

CDD 636.31

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

SILAGEM E TORTA DE CÁRTAMO NA ALIMENTAÇÃO DE

OVINOS COMO ALTERNATIVA À SILAGEM DE MILHO E

FARELO DE SOJA

ERIKA TURIM AUGUSTINHO

Orientador: Drª. Rosana Aparecida Possenti

Co-orientador: Drª. Ana Carolina do Nascimento Alves

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

Drª. Rosana Aparecida Possenti

Dr. Mauro Sartori Bueno

Instituto de Zootecnia

Drª. Márcia Saladini Vieira Salles

APTA – Centro Leste

Data da realização: 31 de Janeiro de 2013

Presidente da Comissão Examinadora

Profª. Drª. Rosana Aparecida Possenti

iii

Para as duas estrelinhas da minha vida:

Meu avô, Delton Turim, que brilha no céu. Sei que está presente em tudo o

que faço. Nunca me esqueço do Senhor, és minha maior saudade.

Meu sobrinho, Luis Filipe, que brilha na terra, que alegra meus dias e minha

vida com seu amor tão puro, de uma forma tão simples e sincera.

iv

v

AGRADECIMENTOS

Chegou, enfim, o momento de agradecer àqueles, que tornaram esta dissertação realidade.

À Deus, pelo dom da vida, pela saúde, por me guiar no caminho do bem e me dar forças para superar as dificuldades. Sempre acreditei em sua Onipotência e Onipresença. E a Nossa Senhora Aparecida, pela condução dessa jornada que se finda.

À toda minha família, pessoas fundamentais em minha vida. Em especial aos meus amados pais, Rosângela e Israel, pelo amor incondicional, dedicação e exemplos. À minha avó Irene e à minha irmã e grande amiga Lilian, que sempre estiveram ao meu lado, torcendo por minha felicidade e sucesso. Obrigada pelo crescimento pessoal e profissional. Amo vocês, sem fim.

Ao meu eterno namorado, companheiro e amigo Murilo, pelo amor,

carinho, apoio, confiança, e principalmente paciência e auxílio na elaboração deste trabalho. Obrigada por me ajudar a realizar meus sonhos, por cuidar tão bem de mim, pelas nossas conquistas nesses anos de convivência e companheirismo. Nossa luta continua, sempre um ao lado do outro, em toda e qualquer situação. Eu te amo!

À minha segunda família Carlos, Ana, Karla e Evelyn, pelo apoio, amizade, pela torcida para que tudo desse certo e por me acolherem sempre com muito carinho. Vocês são muito especiais!

À Dra. Rosana Possenti, meus sinceros agradecimentos pela orientação precisa; foi um privilégio ser orientada por alguém com tanta sabedoria, humanidade e firmeza.

A Dra. Ana Carolina do Nascimento Alves, pela co-orientação e amizade, que sempre me recebeu com afeto; umas das primeiras pessoas a me guiar na minha vida profissional. Aqui cabem meus agradecimentos ao Alexandre e às pequenas Sofia e Alice.

Ao técnico Nivaldo Martins, pela amizade, ensinamentos, disposição em ajudar e indispensável colaboração com os animais durante todo o período experimental.

Ao Instituto de Zootecnia, ao programa de pós graduação em Produção Animal Sustentável, e em especial aos funcionários do Laboratório de Bromatologia e Minerais: Neusa, Carmem, Lindaura, Patrícia e estagiários Adna, Anderson e Patrícia.

À colega Gisele Machado Fernandes, pela ajuda com os animais, análise estatística e pela amizade.

vi

À bibliotecária do Institudo de Zootecnia Rosemeiry Oliveira e a Edna Zulian, antes responsável pela biblioteca.

À Maria Aparecida Oliveira Cassimiri (Dona Cida), por toda dedicação e carinho com todos os hóspedes da Casa dos Arcos.

À TODOS meus amigos que sempre acreditaram e me apoiaram. Preferi não colocar nomes, pois seria injusto caso esquecesse de alguém, mas o amigo de verdade sentirá que esse agradecimento cabe a si. Deixo aqui, um profundo, imenso e agradecido abraço a todos que foram tão queridos e importantes.

Aos animais que a vida toda me ensinaram valiosas lições e incontáveis

vezes foram a minha única companhia. Neste caso, especialmente aos animais que fizeram parte do meu experimento, sem eles esse trabalho não teria sido realizado.

Meus agradecimentos às minhas pequenas e amadas Lolla, Sofi, Hayla e Menina, que sempre foram as primeiras a me receber com muita felicidade quando adentro a casa.

A todos que, direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Se esqueci o nome de alguém, saiba que não é menos importante para mim do que os que foram citados. Todas as participações que houveram nessa caminhada foram decisivas para o que hoje sou.

Enfim agradeço a todas as pessoas e órgãos de pesquisa que possibilitaram a realização deste trabalho, principalmente a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, por ter concedido a bolsa de auxilio ao mestrado, suporte fundamental aos meus estudos.

Foi por todos vocês que cheguei até aqui. É por vocês que seguirei em frente!

.

Meus agradecimentos, com muito carinho!

vii

“ISSO TAMBÉM PASSA”

Chico Xavier costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita:

“ISSO TAMBÉM PASSA!”. Perguntaram a ele o porquê disso, e ele disse que

era para se lembrar que quando estivesse passando por momentos ruins, mais

cedo ou mais tarde eles iriam embora, que iriam passar, e que ele teria que

passar por aquilo... por algum motivo. Mas essa placa também era para

lembrá-lo que quando estivesse muito feliz, não deixasse tudo pra trás e não se

deixasse levar, porque esses momentos também iriam passar, e momentos

difíceis viriam de novo. E é exatamente disso que a vida é feita: de momentos!

Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não, para o nosso

próprio aprendizado, por algum motivo, nunca esquecendo do mais importante:

“Nada nessa vida é por acaso! Absolutamente nada”. Por isso temos que nos

preocupar em fazer a nossa parte, da melhor forma possível ... A vida nem

sempre segue o nosso querer, mas a vida é perfeita naquilo que tem que ser!"

viii

ix

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................ xvii

ABSTRACT ..................................................................................................... xix

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS ........................................................................................ xiii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 3

2.1. Alimentação de Ovinos .......................................................................... 3

2.2. Silagem de Milho ................................................................................... 4

2.3. Silagem de Cártamo .............................................................................. 5

2.4. Farelo de Soja ....................................................................................... 7

2.5. Torta de Cártamo .................................................................................. 8

3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 11

3.1. Animais e Instalações ............................................................................ 11

3.2. Tratamentos .......................................................................................... 12

3.3. Confecção da Silagem de Cártamo e Milho ........................................... 15

3.4. Consumo de Alimento ........................................................................... 16

3.5. Avaliação Nutricional das Dietas ........................................................... 16

3.6. Parâmetros Ruminais ............................................................................ 18

3.6.1. Ácidos graxos de cadeia curta e nitrogênio amoniacal .................. 19

3.6.2. Concentração de amônia no rúmen ............................................. 20

3.6.3. Determinação do pH ..................................................................... 20

3.7. Degradabilidade in situ das silagens e torta .......................................... 21

3.8. Digestilidade in vitro da MS (DIVMS) .................................................... 25

3.9. Parâmetros Sanguíneos ........................................................................ 25

3.10. Análise Estatística ............................................................................... 25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 29

4.1. Composição Nutricional das Dietas ....................................................... 29

4.2. Ingestão de Matéria Seca (IMS) ............................................................ 31

4.3. Parâmetros Ruminais ............................................................................ 33

4.3.1. pH e Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) ............................................. 33

4.3.2. Ácidos graxos de cadeia curta ..................................................... 37

4.4. Degradabilidade in situ da Matéria Seca e da Proteína Bruta .............. 44

x

4.5 Parâmetros Sanguíneos ......................................................................... 47

5. CONCLUSÕES ........................................................................................... 51

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 53

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Zea May L. ..................................................................................... 5 Figura 2 - Cártamo (Carthamus tinctorius L.) .................................................. 7 Figura 3 – Farelo de Soja ................................................................................ 8 Figura 4 – Torta e semente de Cártamo ......................................................... 9 Figura 5 - Vista parcial do galpão com baias individualizadas ........................ 12 Figura 6 – Pesagem dos animais previamente aos períodos experimentais .. 13 Figura 7 – Ovino fistulado para coleta do líquido ruminal ................................ 19 Figura 8 – Tubos contendo o líquido ruminal para centrifugação .................... 20 Figura 9 - Leitura do pH do líquido ruminal ..................................................... 21 Figura 10 - Sacos de nylon para incubação das amostras experimentais no rúmen ............................................................................................................. 22 Figura 11 - Introdução da amostra no rúmen .................................................. 22 Figura 12 - Evolução temporal do pH no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados .................................................................................... 35 Figura 13 - Evolução temporal das concentrações de N-NH3 no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados ............................................................ 36 Figura 14 - Evolução temporal das concentrações médias (mM) de AGCC totais no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados ............................... 38 Figura 15 - Evolução temporal das concentrações médias de acetato (mM) no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados .................................... 39 Figura 16 - Evolução temporal das concentrações médias de propionato (mM) no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados ............................... 41 Figura 17 - Evolução temporal das concentrações médias de butirato (mM) no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados .................................... 42 Figura 18 - Evolução temporal da relação acetato:propionato no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados ............................................................ 43 Figura 19 – Curva de degradação da matéria seca dos diferentes alimentos estudados ........................................................................................................ 46

xii

Figura 20 – Curva de degradação da proteína bruta dos diferentes alimentos estudados ........................................................................................................ 47

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Esquema dos tratamentos no delineamento experimental em

Quadrado Latino 4 x 4 ...................................................................................... 13

Tabela 2 - Composição percentual dos componentes das dietas experimentais

em base de MS ............................................................................................... 14

Tabela 3 - Composição químico-bromatológica das dietas Silagem de Cártamo

e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC);

Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de

Cártamo (SMTC) ............................................................................................ 14

Tabela 4 - Composição mineral das dietas Silagem de Cártamo e Farelo de

Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de

Milho e Farelo de Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo

(SMTC) ............................................................................................................ 15

Tabela 5 – Variação de peso corporal médio (kg), consumo de MS em Kg/dia;

% de peso vivo e g/Kg de peso vivo metabólico em ovinos alimentados com

Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS), Silagem de Cártamo e Torta de

Cártamo (SCTC), Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS) e Silagem de

Milho e Torta de Cártamo (SMTC) .................................................................. 32

Tabela 6 - pH no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em

ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS);

Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de

Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC) ...................... 34

Tabela 7 - Concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/dL no

líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados

com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e

Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); e

Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC) ............................................... 36

xiv

Tabela 8 - Concentrações molares (mM) de ácidos graxos de cadeia curta

(AGCC) totais no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em

ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS);

Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de

Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC) ...................... 37

Tabela 9 - Concentrações molares (mM) de acetato no líquido ruminal em

diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de

Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo

(SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta

de Cártamo (SMTC) ........................................................................................ 39

Tabela 10 – Concentrações molares (mM) de propionato no líquido ruminal em

diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de

Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo

(SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta

de Cártamo (SMTC) ....................................................................................... 40

Tabela 11 – Concentrações molares (mM) de butirato no líquido ruminal em

diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de

Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo

(SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta

de Cártamo (SMTC) ....................................................................................... 42

Tabela 12 – Concentrações molares da relação acetato:propionato (A:P) no

líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados

com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e

Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); e

Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC) ............................................... 43

Tabela 13 – Parâmetros da degradação ruminal da matéria seca (MS) e

proteína bruta (PB) das dietas: Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS);

Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de

Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC) ...................... 44

xv

Tabela 14 - Parâmetros sanguíneos de ovinos alimentados com Silagem de

Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo

(SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta

de Cártamo (SMTC) ....................................................................................... 47

Tabela 15 – Coeficientes de absorção aparente dos minerais Ca, P e Mg

absorvidos em relação ao peso metabólico em ovinos alimentados com

Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de

Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho

e Torta de Cártamo (SMTC) ........................................................................... 49

xvi

xvii

RESUMO

Silagem e torta de cártamo na alimentação de ovinos como alternativa à

silagem de milho e farelo de soja

A busca por fontes alternativas de energia é uma necessidade em

sistemas de produção sustentável, pois além de contribuir com o meio

ambiente, pode proporcionar a produção de alimentos alternativos. O presente

trabalho teve como objetivo estudar os efeitos da utilização de dietas contendo

silagem e a torta de cártamo em substituição a silagem de milho e farelo de

soja na alimentação de ovinos, sobre os parâmetros metabólicos e fisiológicos.

Foram utilizados quatro ovinos machos da raça Santa Inês, providos de

cânulas ruminais, peso médio de 40±Kg, mantidos em baias individualizadas. O

delineamento experimental adotado foi o Quadrado Latino. Os tratamentos

foram: Dieta I: Silagem de Cártamo e Farelo de Soja; Dieta II: Silagem de

Cártamo e Torta de Cártamo; Dieta III: Silagem de Milho e Farelo de Soja e

Dieta IV: Silagem de milho e Torta de Cártamo. Os parâmetros utilizados

foram: consumo de MS, produção de ácidos graxos de cadeia curta,

concentração de nitrogênio amoniacal e pH do líquido ruminal, degradabilidade

in situ da MS e da PB. A composição bromatológica revelou maior

porcentagem de proteína bruta na Dieta I (14,14%). Os animais alimentados

com Dieta I e II apresentaram maior consumo de matéria seca, porém, não

houve diferença significativa quanto a variação de peso corporal. O pH ruminal

apresentou diferença significativa e as concentrações de AGCC não diferiram

(P>0,05) entre os tratamentos. Maiores teores de N-NH3 foram observados na

Dieta II, que também demonstrou maiores teores de FDA, FDN e lignina, e

menor degradabilidade potencial da MS e PB (71,04 e 90,62%). De acordo com

os parâmetros ruminais e sanguíneos, o fornecimento destes alimentos

alternativos na dieta de ovinos pode ser feito, sem que ocorram prejuízos

metabólicos aos animais. Porém, outros estudos que envolvam a avaliação de

produção animal, devem ser realizados.

Palavras chave: Carthamus tinctorium L., degradabilidade in situ,

digestibilidade in situ.

xviii

xix

ABSTRACT

Safflower silage and cake in the feeding of sheep as an alternative to the

corn silage and soybean meal

The search for alternative energy sources is a necessity in sustainable

production systems, beside contributing to the environment, it can provides the

production of alternative food for animals. The objective of this work was to

study the effects of using diets containing silage and safflower pie in

replacement of the corn silage and soybean meal in sheep feeding on

physiological and metabolic parameters. Four Santa Inês sheep male, fitted

with rumen cannulas, with average weight of 40± kg were used, kept in

individual stalls. The experimental delineament adopted were the Latin Square.

Treatments was consisted of four experimental diets: Diet I: safflower silage and

soybean meal; Diet II: safflower silage and safflower meal; Diet III: corn silage

and soybean meal, and Diet IV: corn silage and safflower meal. The parameters

used were: dry matter intake, production of short-chain fatty acid, ammonia

nitrogen concentration and pH of rumen fluid, in situ degradability of dry matter

and crude protein. The chemical composition showed a higher percentage of

crude protein in safflower silage with soybean meal (14,14%). Animals fed

safflower silage had higher dry matter intake (kg/day), however, there was no

significant difference in body weight variation. Rumen pH showed difference

and short chain fatty acids concentrations did not differ (P>0,05) among

treatments. Higher levels of NH3-N were observed in the diet with safflower

silage and safflower meal, which also showed higher levels of ADF, NDF and

lignin, and lower degradability of dry matter and crude protein (71.04 and

90.62%). According to the ruminal and blood values observed in this work, the

use of these alternative foods in the diet sheeps can be done without metabolic

damage to the animals. However, further studies should be performed to

evaluate the animal production.

Key words: Carthamus tinctorium L, in situ degradability, in vitro digestibility.

xx

1

1. Introdução

A alimentação ideal para ruminantes é aquela cuja dieta é balanceada em

termos nutricionais, pela combinação de alimentos volumosos e concentrados,

assegurando um bom desempenho animal, menor custo para o produtor e

menor poluição ambiental. Dessa maneira, a produção de ovinos em

confinamento ou a pasto, torna-se uma atividade importante na agropecuária

brasileira, sendo que cada vez mais o mercado consumidor preocupa-se com o

meio ambiente e exige produtos de origem animal com qualidade e melhores

preços. Essa mudança de comportamento do mercado consumidor tem

pressionado a indústria e, por conseguinte, o produtor, a buscarem alternativas,

que minimizem o custo de produção, desgaste animal e impactos ambientais

(ANDRIGUETTO, 2003).

A silagem e a torta de cártamo são uma alternativa interessante na

alimentação de ovinos confinados, no entanto, existem limitações de utilização

destes alimentos devido, principalmente à falta de conhecimento de seus

efeitos nutricionais na alimentação animal. Porém, através de estudos

científicos desses alimentos sobre as características bromatológicas, consumo

voluntário e efeitos sobre o metabolismo de ruminantes, técnicos e produtores

rurais poderão ter confiança quanto sua utilização no sistema de produção

sustentável.

2

O objetivo deste trabalho constituiu-se em avaliar os efeitos da utilização

de dietas contendo silagem e a torta de cártamo em substituição a silagem de

milho e farelo de soja na alimentação de ovinos, sobre os parâmetros

metabólicos e fisiológicos.

3

2. Revisão de Literatura

2.1. Alimentação de Ovinos

A alimentação é o fator decisivo para que se alcancem os níveis máximos

de produção. A qualidade dos alimentos oferecidos é, portanto, extremamente

importante no arraçoamento de animais de alta produção, devendo-se aliar alta

produtividade com máxima qualidade, atentando ainda para as condições

adequadas de armazenagem e conservação de volumosos e de grãos (REIS et

al. 2001).

O principal componente das dietas normalmente oferecidas aos

ruminantes é o volumoso, e é reconhecido que a sua composição química e

valor nutricional é amplamente variável, dependendo de vários fatores como o

tipo, espécie e variedade da planta forrageira, tipo e grau de processamento e

armazenamento, clima, maturidade, entre outros (SENGER et al. 2005).

A distribuição estacional de chuvas no Brasil em geral, provoca

desequilíbrio na produção de forragem. No período chuvoso - que ocorre entre

os meses de outubro a março - existe abundância de forragem para o gado,

enquanto no período seco - de abril a setembro - o rebanho sofre com a falta

de alimento. Além disso, no período seco a disponibilidade da forragem é

4

menor, devido ao avanço na maturação das plantas, o que diminui o seu valor

nutritivo. (PIMENTEL et al. 1998).

A sazonalidade na produção de forragem é um problema para a produção

pecuária do Brasil, pois existem períodos de escassez e períodos de alta

produção de forragem. Uma pecuária eficiente e economicamente viável, com

grandes investimentos na genética e equipamentos, não pode ficar na

dependência do crescimento natural dos pastos. Logo, é de grande importância

a reserva de alimentos, que vise suplementar os animais nesse período,

minimizando assim os efeitos negativos no desempenho. Diante disso, a

alimentação animal torna-se assunto de alta prioridade, face às relações

desfavoráveis entre os custos dos insumos, principalmente concentrados.

Portanto, deve-se buscar a utilização de tecnologias que permitam eficiência e

economicidade em qualquer exploração pecuária (REIS et al. 2001).

A utilização de alimentos conservados na forma de silagem e ou feno é

apontada como solução bastante eficiente para o problema da sazonalidade da

produção das pastagens, proporcionando volumoso de boa qualidade, como

demonstrado amplamente na literatura, para bovinos, ovinos e caprinos

(FERRARI et al. 2005). As silagens mostram-se como uma eficiente solução

para o período de baixa produção de forragem, proporcionando volumoso de

boa qualidade e bastante utilizado na alimentação de ruminantes (ALMEIDA,

2000).

2.2. Silagem de milho

O milho é considerado uma das melhores plantas para ensilar, pois,

apresenta boa produção de matéria seca (MS) por hectare e elevado valor

nutritivo. No momento propício ao corte, possui adequado teor de matéria seca

e carboidratos solúveis, o que lhe confere ótimas condições para sua

conservação na forma de silagem (ALMEIDA, 2000), produzindo alimento de

boa qualidade e, consequentemente, boa aceitação pelos animais.

O milho (Zea mays L.) é originário do continente americano e adaptado às

regiões tropicais e subtropicais (FANCELLI & LIMA, 1982). Sabe-se que o

Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho, sendo que os estados

5

da região centro-oeste, sul e sudeste concentram 70% do cereal produzido

(IBGE, 2012).

O valor nutritivo da silagem de milho pode variar extremamente,

dependendo do híbrido, da densidade de cultivo, das circunstâncias de

crescimento, da maturidade e do índice de umidade na colheita, comprimento

de corte e condições de ensilagem (SATTER & REIS, 1997). Em termos

médios, a silagem de milho apresenta coeficientes de digestibilidade aparente

da matéria seca (MS), da proteína bruta (PB) e da energia bruta (EB)

superiores à silagem de sorgo (VALENTE et al.1984; BOIN, 1988).

Existem muitos outros trabalhos nacionais que reportam minuciosamente

a composição das silagens de milho. A formulação de dietas é imprescindível à

avaliação laboratorial de cada silagem, visando precisão e exatidão para

atender as exigências nutricionais dos animais (VELHO, 2005).

Figura 1 – Zea Mays L.

2.3. Silagem de cártamo

O cártamo (Carthamus tinctorius L.), família Asteraceae, é uma planta

oleaginosa, anual, bem adaptada às condições de semiárido, originária da Ásia

e já era cultivada antes da Era Cristã. Os povos antigos, entretanto, cultivavam-

na com o objetivo de extrair de suas flores os corantes vermelho e amarelo,

utilizados para culinária e tintura de tecidos. É uma planta anual que é bastante

6

resistente ao frio, suportando temperaturas negativas nas primeiras fases do

ciclo vegetativo (SAMPAIO & COSTA, 1968; OELKE et al., 1992).

O cártamo é cultivado como planta oleaginosa, em diferentes continentes.

Na Europa, seu cultivo é ornamental, existindo cultivares desenvolvidos

especialmente para esse fim. No Brasil são raras as informações para sua

utilização como alimento animal. Arantes (2011) estudou o valor nutritivo da

silagem de cártamo e Brás (2011) avaliou os parâmetros ruminais da

fermentação da torta de cártamo.

Nos sistemas de produção animal, a alimentação representa o maior

gasto, situando-se em geral, ao redor de 70% do custo total (MARTINS et al.,

2000). Desse modo, torna-se necessário avaliar as possíveis alternativas de

alimentos que assegurem taxas compatíveis de desempenho animal com boa

lucratividade. Assim a caracterização do valor nutritivo dos alimentos

alternativos é de suma importância para produtores e nutricionistas, pois

permite uma melhor avaliação de suas vantagens e ou limitações de uso na

produção animal (ROSTON & ANDRADE, 1990). Além disso, permite a

substituição de alimentos convencionais como as silagens de milho, fenos de

gramíneas, farelos de soja, girassol ou amendoim, desejável em algumas

situações, podendo inclusive diminuir os riscos da quebra de safras por pragas,

doenças ou alterações climáticas.

A integração dos sistemas produtivos, por sua vez, constitue um grande

desafio ao produtor como estratégia e manutenção da biodiversidade. Quando

associa-se plantio de diferentes culturas que permitem a utilização residual da

matéria seca da cultura precedente, pode-se definir um sistema de produção

que, por exemplo, no verão tenha uma cultura para a produção de silagem e no

inverno outra para a produção de grãos, podendo ambas serem estabelecidas

em sistema de plantio direto, com ou sem dessecação dos restos do plantio

anterior. Esse sistema pode ser considerado sustentável, dada à deposição de

matéria orgânica da cultura precedente. Este modelo pode ser constituído pelo

cártamo, sendo conveniente e desejável à pecuária, pois, permite a produção,

na mesma área, de volumoso (silagem de cártamo) e concentrado (torta de

cártamo), além do óleo que poderá constituir em lucro extra ao produtor.

Segundo Arantes (2011), os resultados obtidos com a ensilagem do cártamo

7

em testes de digestibilidade aparente com ovinos, permitiram ao autor inferir

que o cártamo pode ser utilizado como forrageira de boa qualidade,

constituindo-se alternativa para a confecção de silagens e que seu cultivo

poderá se dar em época distinta da semeadura das principais culturas

destinadas à produção de alimentos.

Figura 2 – Cártamo (Carthamus tinctorius L.).

2.4. Farelo de Soja

Dentre os alimentos mais comuns utilizados na nutrição animal encontra-

se a soja e seus co-produtos como os concentrados, farinhas e farelos. O

elevado teor protéico está associado a um excelente equilíbrio de aminoácidos,

que torna a soja e seus derivados o mais adequado suplemento protéico

vegetal disponível para a formulação de rações. O valor nutricional da soja

deve-se ao alto teor de proteínas de fácil digestão, ricas em aminoácidos

essenciais e fonte de óleo de boa qualidade (SIMAS, 2005).

A soja é uma das mais importantes culturas agrícolas mundiais, sendo

sua produção destinada para a obtenção de óleo e farelo, pela indústria

alimentícia. O farelo de soja é obtido a partir da prensagem dos grãos de soja,

para extração do óleo, que é destinado para consumo humano (RUNHO,

2001). Entretanto a produção da soja no país esta ligada a fortes cadeias

produtivas que monopolizam a infra-estrutura de produção, recebimento,

secagem e armazenagem de grãos. Nas pequenas propriedades essa

8

estrutura produtiva não é predominante e o cultivo de outras oleaginosas pode

possibilitar maior rendimento econômico aos agricultores (BRÁS, 2011).

Figura 3 – Farelo de Soja.

2.5. Torta de Cártamo

A torta das sementes, um coproduto da indústria de óleo, possui cerca

de 25% de proteína e pode ser usada na alimentação de ruminantes e

monogástricos, pois não possui fatores antinutritivos. A produção média de

sementes por hectare situa-se em torno de uma a três toneladas de acordo

com a tecnologia empregada, e a produção de MS/ha também pode variar de 4

a 12 ton/ha, (LANDAU et al., 2004; BRÁS, 2011; ARANTES, 2011).

Brás (2011) observou maior consumo de matéria seca e ganho de peso

em ovinos que receberam torta de cártamo na dieta, o tratamento não diferiu

com os animais que recebiam torta de girassol, mas foi superior aos outros

coprodutos da indústria do biodiesel, apesar da torta de cártamo apresentar

maiores teores de fibras e lignina. Entretanto, estes foram os primeiros relatos

de avaliação da torta de cártamo encontrados na literatura nacional.

9

Figura 4 – Torta e semente de cártamo.

Diante deste contexto, alimentos promissores às nossas condições

ambientais, devem ser estudados quanto as suas características metabólicas

em animais de interesse zootécnico.

10

11

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Animais e Instalações

O experimento foi conduzido no galpão de digestibilidade do Instituto de

Zootecnia de Nova Odessa/SP no período de setembro a dezembro de 2012.

Para realização deste estudo, foram utilizados quatro ovinos machos da

raça Santa Inês, providos de cânulas no rúmen, com peso inicial médio de 40±

kg. Os animais foram pesados no início e término de cada período

experimental, em balança, com capacidade de 300 kg.

Os animais permaneceram em baias individuais, cobertas, medindo

2,20m de comprimento por 1,70m de largura (Figura 5). O piso de concreto foi

forrado com bagaço de cana para maior conforto dos animais. Cada baia era

provida de cochos e bebedouros, que permitiram a avaliação do consumo de

alimentos.

12

Figura 5 – Vista parcial do galpão com baias individualizadas.

3.2. Tratamentos

Foi utilizado o delineamento experimental em Quadrado Latino 4x4,

composto por quatro tratamentos e quatro períodos experimentais, de acordo

com o esquema apresentado na Tabela 1 (PIMENTEL GOMES, 1990).

Os tratamentos foram constituídos de quatro dietas experimentais. Dieta I

Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Dieta II Silagem de Cártamo e

Torta de Cártamo (SCTC); Dieta III Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS)

e Dieta IV Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC). As dietas foram

formuladas para serem aproximadamente isoprotéicas. A silagem de milho e a

de cártamo foram confeccionadas com a planta inteira. A composição das

dietas experimentais pode ser observada na Tabela 2.

A alimentação foi fornecida duas vezes ao dia, às 8:00h e às 16:00h. Os

animais tiveram livre acesso ao bebedouro de água. A mistura de sal mineral

comercial foi colocada no cocho junto com a ração diária, conforme a

quantidade recomendada de aproximadamente cinco gramas por dia.

Durante os períodos experimentais, os animais permaneceram nas baias

individuais por 21 dias, sendo que os 15 primeiros dias para adaptação às

dietas e ajuste do consumo, permitindo sobras de 10% aproximadamente do

total fornecido e os últimos seis dias, utilizados para coleta das amostras. A

13

ingestão de matéria seca (MS) foi avaliada com pesagens dos alimentos

oferecidos e das sobras na manhã do dia seguinte.

Os animais foram pesados no início e final de cada período (Figura 6). As

variáveis estudadas foram: consumo de matéria seca; concentração de ácidos

graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) no líquido ruminal;

concentração de N-NH3 no líquido ruminal; pH do líquido ruminal;

degradabilidade in situ da MS, FDN, FDA e PB das silagens e tortas;

digestibilidade in vitro da MS das silagens e tortas; níveis de cálcio, fósforo,

magnésio e creatinina na urina; concentrações séricas de magnésio, cálcio,

fósforo e creatinina, aspartato aminotransferase (AST) e alanina

aminotransferase (ALT).

Figura 6 – Pesagem dos animais previamente aos períodos experimentais.

Tabela 1 – Esquema dos tratamentos no delineamento experimental em Quadrado Latino 4x4.

PERÍODOS ANIMAL

1 2 3 4

I SCFS SCTC SMFS SMTC

II SMTC SCFS SCTC SMFS

III SCTC SMFS SMTC SCFS

IV SMFS SMTC SCFS SCTC

SCFS: Silagem de Cártamo + Farelo de Soja. SCTC: Silagem de Cártamo + Torta de Cártamo. SMFS: Silagem de Milho + Farelo de Soja. SMTC: Silagem de Milho + Torta de Cártamo.

14

Tabela 2. Composição percentual dos componentes das dietas experimentais

silagem de cártamo e farelo de soja (SCFS); silagem de cártamo e torta de

cártamo (SCTC); silagem de milho e farelo de soja (SMFS); silagem de milho e

torta de cártamo (SMTC), em base de MS.

SCFS SCTC SMFS SMTC

Silagem Cártamo 50 50 0 0

Silagem de Milho 0 0 50 50

Torta de Cártamo 0 20 0 27,5

Farelo de Soja 10 0 12,5 0

Milho Moído 40 30 37,5 22,5

Tabela 3 – Composição químico-bromatológica das dietas Silagem de Cártamo

e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC);

Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de

Cártamo (SMTC).

Determinações Tratamentos

SCFS SCTC SMFS SMTC

MS (%) total 28,06 28,17 30,05 29,98

% na MS

PB 14,14 12,96 13,72 13,93

EE 4,76 6,83 3,62 6,56

MM 4,71 4,60 3,51 3,45

FDA 29,49 34,77 16,10 23,78

FDN 39,15 44,54 29,60 37,72

Lignina 6,29 8,71 1,87 5,01

CNF 37,25 31,09 49,59 38,36

DIVMS 76,40 72,91 86,70 72,41

N-FDN/% do N total 19,91 18,24 15,00 13,13

N-FDA/% do N total 11,07 13,17 6,80 6,98

Energia Bruta (cal/g) 4179 4431 4190 4408

15

Tabela 4 – Composição mineral das dietas Silagem de Cártamo e Farelo de

Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de

Milho e Farelo de Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo

(SMTC).

Determinações Tratamentos

SCFS SCTC SMFS SMTC

Fósforo (g/Kg) 2,40 3,00 2,70 3,45

Cálcio (g/Kg) 5,70 5,90 1,20 1,40

Magnésio (g/Kg) 1,80 2,05 1,50 1,75

Potássio (g/Kg) 11,05 10,75 8,30 7,4

Enxofre (g/Kg) 1,40 1,40 1,15 1,15

Cobre(mg/Kg) 10,99 11,18 5,19 7,56

Ferro (mg/Kg) 246,60 292,61 173,59 182,77

Manganês(mg/Kg) 31,76 27,58 33,87 35,79

Resultados corrigidos na MS a 105°C.

3.3. Confecção da Silagem de Cártamo e Silagem de Milho

O corte da biomassa do cártamo foi realizada aos 104 dias de

crescimento vegetativo. O material foi acondicionado em 15 silos piloto (tipo

barrica plástica), com 98 cm de profundidade e 50 cm de diâmetro, com

capacidade de 185 litros. A forragem foi acondicionada nos silos e

hermeticamente fechados. A biomassa foi compactada nos silos por meio de

pisoteio e colocada, em média, 95,07 kg de massa úmida em cada silo,

correspondendo a uma densidade média 514 kg de silagem/m3.

A silagem de milho foi feita seguindo-se os procedimentos de rotina

adotados pelo Instituto de Zootecnia para alimentação do rebanho de ovinos e

bovinos. A silagem de milho foi armazenada em silo tipo poço, com diâmetro

2,20 m x 4,5 m de profundidade.

A torta de cártamo foi processada no Departamento Planta Piloto de

Extração de Óleos Vegetais no Sistema de Tecnologia de Alimentos

(ITAL/Campinas), por meio de prensagem mecânica a frio dos grãos, em

equipamento denominado miniprensa tipo “Expeller”. O farelo de soja foi

adquirido comercialmente.

16

3.4 Consumo de alimento

Durante os períodos experimentais os animais permaneceram em baias

individuais por 21 dias, sendo que os primeiros 15 dias serviram para

adaptação às dietas, ao manejo e ajuste do consumo, permitindo sobras de

10% do total oferecido, do 15° ao 21° dia do período experimental, foi avaliado

o consumo voluntário de matéria seca (CVMS). Foram feitas pesagens da

ração oferecida e da ração restante, esta última obtida na manhã do dia

seguinte.

As amostras para análises laboratoriais foram colhidas semanalmente e

mantidas sob temperatura de (–) 20°C, para posterior análise química.

3.5. Avaliação nutricional das dietas

Para avaliar a qualidade nutricional das dietas, foram feitas análises

químicas, no Laboratório de Bromatologia e Minerais do Instituto de Zootecnia

de Nova Odessa/SP.

As sobras das rações foram pesadas diariamente e a alimentação foi

oferecida duas vezes ao dia nos horários 8:00 e 16:00, permitindo-se sobras ao

redor de 10%, sendo que os animais tiveram livre acesso aos bebedouros, sal

mineral e comedouros individuais. A água dos bebedouros foi reposta duas

vezes ao dia nos mesmos horários das refeições.

As amostras de alimentos foram coletadas diariamente e pré-secadas em

estufa de ventilação forçada a 50-55ºC por 72 horas para determinação da

primeira matéria seca (MS) e posterior moagem em peneira de 1 mm para

análises bromatológicas e confecção de uma única amostra composta onde

foram feitas as determinações analíticas.

As análises laboratoriais consistiram na determinação da matéria seca

(MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB),

extrato etéreo (EE), lignina (LIG), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente neutro corrigida para cinzas (FDNcc) e fibra em detergente ácido

(FDA).

17

As análises de PB, EE, MO e MM foram determinados seguindo os

procedimentos padrões da AOAC (1996). As análises de FDN, FDA e LIG

foram realizadas por métodos propostos por Van Soest et al. (1991). Para

determinação dos valores de nutrientes digestíveis totais (NDT), foi feito o

cálculo com a fórmula proposta por Weiss (1993). A digestibilidade in vitro da

matéria seca (MS) da amostra composta das dietas foi determinada de acordo

com o método das duas etapas de Tilley & Terry (1963).

Os níveis de cálcio, fósforo, magnésio e creatinina na urina foram

estimados por uma única amostragem, denominada de colheita spot, que é

baseada na constância da excreção de creatinina em relação ao peso vivo, não

sendo afetada pela dieta. As amostras spot de urina foram obtidas por micção

espontânea a partir do 15o dia de cada período, aproximadamente quatro horas

após o fornecimento da alimentação, através da utilização de bastão e

recipiente envolto por saco plástico descartável. Após as colheitas de urina,

fez-se a colheita de sangue para determinação de creatinina sérica e as

amostras foram conservadas em refrigerador, até o momento da dosagem.

O clearance ou depuração plasmática da creatinina foi calculado a partir

do produto do volume de urina de 24 horas pela concentração de creatinina

urinária dividido pela concentração de creatinina no plasma, sendo expresso

em mL/min/kg PV. A partir da excreção média diária de creatinina, obtida no

experimento em mg/kg PV/dia, e da concentração de creatinina (mg/L) na

amostra spot de urina, estimou-se o volume diário de urina. Esse volume foi

utilizado para calcular as excreções diárias de Ca, P e Mg de cada animal,

segundo metodologia de Rennó (2003).

Volume de urina (L) = PV (kg) x excreção de creatinina (mg/kg PV)

Concentração de creatinina urina (mg/L)

As concentrações de magnésio, cálcio, creatinina e uréia foram

determinadas pelo método enzimático-colorimétrico utilizando kits comerciais

segundo metodologia descrita pela AOAC (1996).

Foram colhidas três amostras de fezes no último dia de cada período

experimental, representativas de um dia de coleta total, sendo uma amostra

18

colhida de madrugada em jejum, outra pós-prandial (aproximadamente uma

hora após o início da alimentação) e outra vespertina quatro horas após a

alimentação conforme metodologia descrita por Ezequiel et al. (1995), que

afirmam que período de coleta de fezes reduzidos, diminuem os erros

resultantes da excreção irregular de fezes e da variação diária no

comportamento animal, sendo que alguns trabalhos mostram que, períodos

longos de coleta geram maior manipulação do animal, maiores gastos com

material para acomodar e conservar as amostras e aumento da mão-de-obra

(ASSIS et al., 2004).

Essas amostras foram pesadas e secas em estufa a 50-55°C para

determinação da primeira matéria seca, moídas e armazenadas para posterior

análise bromatológica e de minerais.

Para determinação de volume de fezes foi utilizada a equação proposta

por Aroeira (1997).

Consumo de MS/dia = Volume de fezes X 100_

(1-Digestibilidade in vitro)

Para determinação do coeficiente de absorção (CA) ou digestibilidade

aparente dos macrominerais, foi empregada a equação proposta por Bacila

(1980), sendo:

CA = mineral ingerido – (mineral das fezes) X 100

mineral ingerido

3.6. Parâmetros ruminais

Foram feitas avaliações dos parâmetros ruminais através da coleta de

líquido ruminal via fístula no rúmen (cânula), em diferentes tempos após a

alimentação para determinação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC),

nitrogênio amoniacal (N-NH3) e pH.

19

3.6.1. Ácido graxos de cadeia curta e nitrogênio amoniacal

O conteúdo ruminal da região ventral foi colhido no 20° dia de cada

período (Figura 7), em béquer de plástico, que permaneceu envolto em gelo

durante o tempo de coleta dos quatro animais e em seguida, filtrado em quatro

camadas de tecido tipo gaze. As amostras foram tomadas nos seguintes

tempos: 0, 2, 4, e 8 horas após o arraçoamento matinal, efetuado às 8:00. A

amostra referente ao tempo zero foi realizada antes que os animais

recebessem a primeira refeição.

O líquido ruminal foi centrifugado imediatamente após a coleta (Figura 8).

Em seguida, foi realizado o preparado de acordo com sua utilização: para a

determinação de AGCC foram colocados 0,2 mL de ácido fórmico/mL de

líquido ruminal. As determinações dos ácidos graxos voláteis (AGCC) foram

feitas em cromatografia gasosa, segundo método preconizado por Erwin et al.

(1961).

Figura 7 – Ovino fistulado para coleta do líquido ruminal.

20

Figura 8 – Tubos contendo o líquido ruminal para centrifugação.

3.6.2. Concentração de amônia no rúmen

Os tempos e procedimentos de amostragem do líquido ruminal para a

determinação da concentração de N - NH3 foram os mesmos descritos para a

amostragem de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

A determinação da concentração de amônia (N-NH3) foi determinada

utilizando o método de Fenner (1965), que após a centrifugação do líquido

ruminal, foram retirados 5 mL do material centrifugado ao qual foi adicionado

0,5 mL de ácido sulfúrico concentrado. Essa amostra foi congelada para

posterior análise.

Foram utilizados 1 mL da amostra com 15 mL de NaOH (18N) sendo após

esta adição acoplado o tubo, imediatamente, ao aparelho de destilação de

micro Kjedhal e o ácido bórico (2%) foi utilizado como solução receptora, e

ácido sulfúrico (0,05 N) para a titulação.

3.6.3. Determinação do pH

O pH foi mensurado imediatamente após a colheita de 30 mL de líquido

ruminal, no Laboratório de Bromatologia e Minerais, onde os valores foram

21

obtidos através de um peagâmetro digital - da marca Analyser®, modelo pH300

- instalado próximo as baias dos animais, calibrado com soluções tampão de

pH 4,0 e 7,0 (Figura 9). Os tempos de amostragem do líquido ruminal para a

determinação do pH, foram os mesmos descritos na colheita de AGCC.

Figura 9 - Leitura do pH do líquido ruminal.

3.7. Degradabilidade in situ das silagens e torta

Para medir a degradabilidade da MS, FDN e PB das silagens de cártamo

e milho; da torta de cártamo e farelo de soja, foi utilizada a técnica de sacos de

náilon in situ, conforme padronização preconizada por Huntington & Givens

(1995). Os sacos utilizados para incubação do alimento no rúmen foram de 5 x

9 cm, com porosidade de 50 x 70 µm da marca Ankon® (Figura 10).

As amostras das silagens e tortas foram moídas em peneira de 1 mm e

amostras de 5 g colocadas nos sacos de náilon.

Os tempos de incubação no rúmen foram de: 0, 3, 6, 9, 24, 48, 72 e 96

horas, efetuados de maneira reversa, para que todos fossem retirados ao

mesmo tempo. Os sacos contendo as amostras referentes ao tempo zero não

foram incubados, porém realizou-se a lavagem juntamente com os demais.

22

Figura 10 – Sacos de nylon para incubação das amostras experimentais no rúmen.

Figura 11 – Introdução da amostra no rúmen.

Após a retirada, os sacos incubados no rúmen foram lavados em água

corrente para eliminar o excesso de líquido ruminal. Em seguida, foram lavados

em máquina até que a água se apresentasse límpida. Posteriormente, foram

colocados em estufa de circulação forçada a 50-55 C por 72 horas.

Após retirados da estufa, os sacos foram pesados, para que fosse

determinada a quantidade de resíduos obtidos e então o conteúdo foi moído

em micro moinho com partículas de 1 mm e mantidos no Laboratório até a

realização das determinações bromatológicas.

Os cálculos das variáveis foram obtidos da seguinte maneira:

23

a) Porcentagem de desaparecimento da matéria seca (% DMS) da dieta

incubada no rúmen

PSA - PS = PA PSI - PS = PAI

100PA

PAIPADMS%

Onde:

PSA = peso do saco com amostra

PS = peso do saco vazio

PA = peso da amostra

PSI = peso do saco incubado

PAI = peso da amostra pós-incubação

A porção da amostra que desapareceu do saco durante a incubação foi

considerada como degradada.

b) Porcentagem de desaparecimento da FDN e PB dos alimentos incubados no

rúmen:

FDNA100

amostra %FDN PA

FDNAI 100

incubação-pós amostra %FDN PA

100 FDNA

FDNAI -FDNA DFDN %

Onde:

FDNA = g de FDN amostra

FDNAI = g de FDN amostra pós-incubação

24

A porção da FDN que desapareceu do interior do saco durante a

incubação foi considerada como FDN degradada, sendo o mesmo esquema

válido para a PB.

As curvas de desaparecimento foram ajustadas para o modelo proposto

por Ørskov e McDonald (1979), conforme a seguinte equação:

DP = a + b (1 - e -ct);

Onde:

"DP" = degradabilidade potencial para o tempo de incubação (t),

"a" = fração rapidamente solúvel em água;

"b" = fração potencialmente degradável no interior do rúmen;

"c" = taxa de degradação por hora da fração b;

e = logaritmo natural, que representa o tempo de colonização dos

microrganismos às partículas dos alimentos, para início da degradação

microbiana e

t = tempo de incubação (horas).

O valor "a + b", representa o potencial máximo de degradabilidade ou a

fração que pode ser degradada no rúmen quando o tempo não é limitante.

A degradabilidade efetiva foi obtida conforme equação definida pelos

mesmos autores, considerando-se a taxa de passagem do conteúdo ruminal de

k=0,05/hora:

DE = a + [( b + c ) / (c + kp)]

Onde:

DE= taxa de degradabilidade efetiva (%);

a = fração rapidamente solúvel em água;

b = fração potencialmente degradável no interior do rúmen;

c = taxa de degradação por hora da fração b e

kp = taxa de passagem da digesta no rúmen (5%/hora).

25

3.8. Digestibilidade in vitro da Matéria Seca (DIVMS)

Para a avaliação da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) das

silagens de cártamo e milho; torta de cártamo e farelo de soja, as amostras

permaneceram em contato com o conteúdo de líquido ruminal de cada

tratamento com solução tampão de McDougall, no interior de tubos de vidros

com rolhas de borracha e válvulas tipo Bunsen para escape de gás, durante 48

horas em banho-maria a 39°C (1º Estágio). As amostras foram feitas em

triplicata. No 2° estágio, as amostras foram submetidas à incubação ácida por

46 horas, com ácido clorídrico (HCl) a 20% e com pepsina a 5%, de acordo

com metodologia descrita por Tilley & Terry (1963).

3.9. Parâmetros Sanguíneos

No último dia de cada período experimental, foram colhidas duas

amostras de sangue nos períodos jejum e quatro horas após a alimentação

pela veia jugular e acopladas em tubos contendo antiglicolíticos e

anticoagulantes, exceto para amostras que foram analisadas para minerais.

Após a coleta, o material foi centrifugado a 3000 rpm por 20 minutos e

encaminhado imediatamente ao laboratório de Análises Clínicas LabClin,

localizado em Nova Odessa/SP para determinação dos parâmetros

sanguíneos. As concentrações séricas de magnésio, cálcio, uréia, creatinina,

ALT e AST foram determinadas pelo método enzimático-colorimétrico utilizando

“kits” comerciais, segundo metodologia descrita pela AOAC (1996). A

determinação de fósforo sérico foi realizada por colorimetria segundo as

normas da AOAC (1996).

3.10. Análise Estatística

Inicialmente, os dados foram testados quanto à homogeneidade de

variâncias e normalidade dos resíduos, através do aplicativo GUIDED DATA

26

ANALYSIS do sistema SAS@ (SAS, 2003), para atendimento das

pressuposições da análise da variância.

O delineamento estatístico adotado foi o Quadrado Latino 4x4, constituído

de quatro dietas, quatro animais e quatro períodos. As variáveis respostas ou

dependentes: degradação da MS, PB e FDN, ingestão de MS, peso corporal,

digestibilidade in vitro da MS, parâmetros sanguíneos e urinários foram

analisadas pelo PROC GLM do SAS @ (SAS, 2003), conforme o modelo

matemático abaixo:

Yijk = μ + Ai + Pj + Dk + eijk

Onde:

μ: constante comum a cada observação;

Ai = efeito do i-ésimo animal ( i-1,...,4);

Pj = efeito do j-ésimo período ( j=1,..,4);

Dk= efeito da k-ésima dieta (K=1,..4);

eijk = erro residual, assumido independente e identicamente distribuído em

uma distribuição normal, com média zero e variância δ2 .

Os dados foram analisados pelo PROC GLM do sistema SAS@ (SAS,

2003). As médias dos tratamentos foram comparadas usando o comando

LSMEANS e teste de Tukey-Kramer. O nível de significância considerado é de

5%.

As variáveis respostas medidas ao longo do tempo (pH, AGCC e N-NH3)

foram analisadas, segundo o conceito de medidas repetidas no tempo (Littell et

al. 1996), empregando-se o procedimento PROC MIXED, do sistema SAS@

(SAS, 2003), em que utiliza o método de máxima verossimilhança restrita para

estimativa dos componentes de variância e são definidas as variáveis fixas e

aleatórias do modelo. Essa análise requer a avaliação da estrutura de

covariância, sendo selecionadas pelo Critério de Informação de AKAIKE (AIC –

menor valor) (BOZDOGAN, 1987). Para as variáveis pH e N-NH3 a estrutura de

covariância auto-regressiva de primeira ordem (ar(1)) foi selecionada e para a

variável AGCC foi utilizada estrutura de covariância não estruturada (UM). O

modelo matemático empregado segue-se abaixo:

27

Yijk = μ + Ai + Pj + Nk + e ijk + Tl +(NT)kl + eijkl

Onde:

μ: constante comum a cada observação;

Ai = efeito aleatório do i-ésimo animal ( i-1,...,4);

Pj = efeito aleatório do j-ésimo período ( j=1,..,4);

Nk= efeito fixo da k-ésima dieta (K=1,..4);

eijk = efeito aleatório das unidades experimentais (erro da parcela);

Tl = efeito fixo do l- ésimo tempo de amostragem (l= 0, 2, 4,6 e 8);

(NT)kl = efeito fixo da interação entre k-ésima dieta e l-ésimo tempo de

amostragem;

eijkl = erro residual.

Foram estimados os componentes linerar (L), quadrático (Q) e cúbico (C)

para os tempos de amostragem. As médias dos tratamentos foram comparadas

através do comando LSMEANS e teste de Tukey-Kramer. O nível de

significância considerado foi de 5%.

28

29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Composição nutricional

As dietas foram formuladas para conter aproximadamente 14% de PB, de

acordo com os dados contidos na tabela 3. Os valores ficaram próximos, assim

podemos considerar que as dietas foram isoprotéicas, conforme foi inicialmente

proposta para o desenvolvimento dos estudos metabólicos da silagem e torta

de cártamo, em comparação a dieta convencional de silagem de milho e farelo

de soja.

Os elevados teores protéicos encontrado nas dietas estudadas indicam,

preliminarmente, que essas dietas podem ser utilizadas e caracterizam-se

como boa opção de fonte de proteína bruta para ruminantes, sendo a dieta

silagem de cártamo com farelo de soja a que se apresentou com maior valor de

proteína bruta (14,14%), e consequentemente, maior valor de nitrogênio (22,65

g/Kg).

O teor de fibra é determinante na qualidade da dieta fornecida ao animal

e, na planta, tem a função de proteger o conteúdo celular e dar sustentação às

suas estruturas (CARVALHO et al., 2003). Com o avançar da idade da planta,

as frações de FDN e FDA se elevam, diminuindo o consumo e a digestibilidade

da forragem, uma vez que essas rações expressam o conteúdo da parede

30

celular vegetal: celulose, lignina, hemicelulose e pectina. Deve ser destacado

que os componentes fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente

ácido (FDA) são as frações majoritárias nas dietas de silagem de cártamo,

quando comparadas às demais.

Um baixo teor de FDN pode indicar maior quantidade de conteúdo celular,

pois possui menor teor de fibra resultando em maior consumo, devido ao

menor enchimento físico do rúmen, e também maior digestibilidade pelo fato

desta fração possuir a maior parte dos componentes que não são digeridos

(LADEIRA et al., 2002a; POSSENTI e BRÁS, 2010).

As silagens de cártamo apresentaram teores mais elevados de EE, sendo

4,76 e 6,83 para SCFS e SCTC, respectivamente.

A silagem de milho com farelo de soja (SMFS) apresentou maiores teores

de carboidratos não fibrosos (CNF) (49,59%) em relação às demais e a silagem

de cártamo com torta de cártamo (SCTC) demonstrou menor valor (31,09%)

para essa fração.

Os teores de lignina apresentaram valores abaixo dos considerados como

limitantes (>10%) em todas as dietas estudadas, mas as dietas que continham

silagem de cártamo apresentaram valores de lignina bem superiores as dietas

de silagem de milho. Dietas que possuem quantidades elevadas de lignina

indicam avanço na maturidade da planta, comprometendo assim, as taxas de

degradação da celulose e hemicelulose, pois o aumento da lignina nas

estruturas das plantas maduras atua como barreira na digestão pelas enzimas

microbianas (BEEVER e MOULD, 2000).

O valor da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) da silagem de

milho com farelo de soja (86,70%) foi praticamente 10 unidades percentuais

maiores em relação às demais dietas avaliadas, que apresentaram valores

médios ao redor de 74%. Provavelmente a diferença na DIVMS está

relacionada ao menor teor de lignina presente na silagem de milho com farelo

de soja (1,87%), apesar dos teores de lignina estarem abaixo dos considerados

como limitantes, a degradação ruminal da porção fibrosa. Os valores de DIVMS

estão em concordância com os dados de degradação efetiva da MS

apresentadas na Tabela 13 (De=5%), que foi maior para a dieta de silagem de

milho e farelo de soja (SMFS).

31

A Tabela 4 demonstra a composição mineral dos alimentos estudados. Os

minerais, segundo Pedreira e Berchielli (2006), estão envolvidos na atividade

de hormônios, enzimas e vitaminas, bem como no metabolismo ruminal, pois

os microrganismos do rúmen necessitam de minerais para seu crescimento e

metabolismo da digestão da fibra e síntese de proteína.

Segundo Church (2004), a composição mineral das plantas pode variar

em função da espécie e variedade, idade, estágio de desenvolvimento,

velocidade de crescimento, disponibilidade de nutrientes no solo, fertilização e

volume hídrico.

Os ovinos possuem susceptibilidade à intoxicação pelo cobre, que afeta o

fígado dos animais, causando lesões, hemólise, icterícia e hemoglobinúria,

podendo levar o animal à morte, sendo variável e dependente da dieta, da raça

e de fatores genéticos. Essa susceptibilidade à intoxicação cúprica ocorre pois

os ovinos possuem menor capacidade de excreção de cobre pelo fígado,

quando comparado às outras espécies, e também pela associação entre altos

níveis de cobre e deficiência em molibdênio e enxofre que interferem na

dispinibilidade do cobre para ruminantes. Concentrações acima de 25mg/kg

MS são considerados níveis tóxicos (NRC, 2007; ANTONELLI, 2007). Os

teores de minerais avaliados no presente estudo estão dentro dos limites

considerados normais para ovinos.

4.2. Ingestão de matéria seca (IMS)

Os resultados de desempenho dos animais podem ser observados na

Tabela 5, demonstrando que não houve efeito significativo na variação de peso

corporal nos diferentes tratamentos.

32

Tabela 5 – Variação de peso corporal médio (kg), consumo de MS em kg/dia; % de peso vivo e g/kg de peso vivo metabólico em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Variáveis Tratamentos

EPM*

SCFS SCTC SMFS SMTC

Variação peso (Kg) 1.65a 5.18a 2.73a 1.33a 0.78

Consumo MS

kg/dia 1.89a 1.85a 1.37b 1.44b 0.09

% PV 3.32ab 3.71a 2.70b 2.80ab 0.18

g/kg PV0,75 33.21ab 37.08a 26.96b 28.01ab 1.80

Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. *EPM: erro padrão da média.

Houve diferença significativa (P<0,05) na ingestão de matéria seca, onde

as dietas compostas por silagem de cártamo propiciaram um maior consumo

(1,89 e 1,85 kg de MS/dia respectivamente para SCFS e SCTC), entretanto,

quando se corrige o consumo em relação ao peso vivo e peso metabólico, as

dietas continham silagem de cártamo com farelo de soja (SCFS) e silagem de

cártamo com torta de cártamo (SCTC) são semelhantes estatisticamente,

assim como, silagem de milho com torta de cártamo (SMTC), mostraram-se

iguais em relação ao consumo em porcentagem PV (3,32; 3,71 e 2,80

respectivamente), como ocorreu com o consumo em gramas/Kg de PV0,75

(33,21; 37,08 e 28,01).

As dietas que apresentaram maiores quantidades de FDN (39,15% e

44,54%, para SCFS e SCTC, respectivamente), também obtiveram uma

ingestão maior no consumo de matéria seca (1,89 e 1,85kg/dia,

respectivamente). Provavelmente, o aspecto bioquímico (relacionado a

energia), regularam o consumo, pois as dietas com silagem de milho tiveram

menor consumo.

Na literatura sobre parâmetros minerais, inúmeros trabalhos demonstram

que cálcio em maiores concentrações leva à diminuição do consumo voluntário,

e também pode facilitar a formação de sais de cálcio, gerando menor

aceitabilidade dos animais. As concentrações de cálcio mais elevadas nas

dietas que continham silagem de cártamo não interferiram na ingestão de

33

consumo de MS, pelo contrário, o consumo dessas dietas apresentaram-se

maiores (1,89 e 1,85 kg/dia de MS para SCFS e SCTC, respectivamente),

quando comparadas com os demais tratamentos.

Embora as dietas que possuíam o cártamo em sua composição (SCFS e

SCTC) tenham apresentados maiores teores de fibras e lignina, os animais

demonstraram maior consumo de alimento em relação às outras duas dietas

que eram compostas por silagem de milho (SMFS e SMTC), entretanto, não

pode-se observar estatisticamente essa variação do peso corporal favorável a

dieta de silagem de cártamo e torta de cártamo (SCTC). Possivelmente, o

aumento da ingestão de fibras propiciou a ruminação, maior motilidade ruminal,

taxa de passagem equilibrada, contribuindo assim com a reciclagem dos

microrganismos, o que acarreta em melhor utilização da fibra pelos mesmos.

O consumo de alimentos é controlado por mecanismos físicos, químicos,

metabólicos, hormonais e pela ingestão de água, podendo ser influenciado

também pelas condições do ambiente e composição da dieta. A distensão do

rúmen e a digestibilidade são fatores envolvidos na regulação do consumo,

pois o conteúdo de fibra do alimento pode limitar a taxa de desaparecimento do

material no trato digestório (SILVA, 2006).

O desempenho animal é função direta do consumo de matéria seca

digestível, onde 60% a 90% do desempenho decorrem de variação do

consumo, enquanto 10% a 40% advêm de flutuações na digestibilidade.

Portanto, o consumo é considerado o fator mais importante na determinação do

desempenho animal (MERTENS, 1994), ver Tabela 5.

4.3. Parâmetros ruminais

4.3.1. pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3)

A Tabela 6 apresenta os valores de pH ruminal para os diferentes

tratamentos estudados, demonstrando que houve diferença significativa entre

as dietas estudadas (P>0,05). Os valores médios foram próximos de 6,75. Não

houve interação significativa entre tratamento e os tempos de amostragem,

mas houve diferença significativa entre os diferentes tratamentos estudados.

34

Tabela 6 – pH no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas

Tempo de Amostragem (h) Média EPM* Efeito**

0 2 4 8 L Q C SCFS 7,35 6,50 6,57 7,00 6,86a

0,07 0,0001 0,0004 0,0015

SCTC 7,08 6,54 6,65 6,76 6,76ab 0,07 0,1191 0,2155 0,2801

SMFS 7,20 6,11 6,22 6,61 6,53b 0,07 0,0007 0,0034 0,0086

SMTC 7,60 6,77 6,65 6,72 6,93a 0,07 0,0155 0,0826 0,1631

* EPM: erro padrão da média. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). **

Valor da probabilidade para os efeitos L=linear, Q=quadrático, C=cúbica.

O rúmen é um ambiente relativamente bem tamponado, mas o pH pode

variar de aproximadamente 8,0 a valores menores que 5,0, dependendo do tipo

de dieta e do tempo após a ingestão do alimento (KOZLOSKI, 2009). De

acordo com CHURCH (1993), o pH do líquido ruminal afeta a degradação dos

alimentos e seu valor ideal varia de 5,5 a 7,2. Valores baixos podem ocorrer em

intervalos de tempos curtos, após a alimentação com dietas ricas em

concentrado. Os valores encontrados no presente estudo ficaram dentro da

faixa de referência citado por esses autores, sendo a média igual e maior que

6,53.

Nos diferentes tratamentos estudados, encontrou-se valores em que o pH

foi abaixo de 7,0, isto se deve principalmente a presença de concentrado nas

dietas. Quando a dieta é composta por grande quantidade de fibra o pH pode

se elevar. O pH ruminal é em grande parte dependente da composição da

dieta, estando diretamente relacionado com a degradabilidade dos

carboidratos.

Os maiores valores apresentados no início da alimentação podem estar

relacionados à baixa concentração de nutrientes disponíveis para os

microrganismos ruminais e à ruminação dos animais, a qual estimula a

produção de saliva e assim age como tamponante do líquido ruminal. Após a

primeira alimentação do dia, ocorre redução do pH com o passar do tempo

(Figura 12).

35

O menor valor de pH encontrado provém da dieta de silagem de milho

com farelo de soja (SMFS), atingindo o menor valor de todos (6,11) após 2

horas da ingestão do alimento. Isso pode ser explicado pelo maior valor para a

CNF da dieta. A inclusão de altas proporções de carboidratos não-fibrosos na

dieta, os quais têm alta taxa de degradação, geralmente, resultam em queda

do pH e da digestibilidade da fibra no rúmen (KOZLOSKI, 2009). Entretanto,

todas as dietas apresentaram um pH dentro da faixa considerado como normal

(CHURCH, 1993).

Na Figura 12 pode ser observada a evolução temporal do pH no líquido

ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

Figura 12 – Evolução temporal do pH no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

Ao observar a evolução temporal na Figura 12, nota-se que houve

redução no pH pós-prandial nos diferentes tratamentos, sendo os menores

valores encontrados no tempo duas horas. Essa diminuição foi acompanhada

de crescente produção de AGCC e pode ser justificada pelo pico de produção

em torno de 4 horas após a primeira ingestão de alimentos.

As concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3) contidas no líquido

ruminal nos diferentes tratamentos estudados estão demonstradas na Tabela

5,8

6

6,2

6,4

6,6

6,8

7

7,2

7,4

7,6

7,8

8

0 2 4 8

pH

ru

min

al

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

36

7, onde não foi observado efeito significativo de tratamentos, do tempo de

amostragem e interação entre tratamentos x tempo de amostragem.

Tabela 7 – Concentrações de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/dL no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM

* Efeito**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 22,50 27,50 15,00 15,00 20,00a

1,52 0,0400 0,0202 0,0193

SCTC 17,50 37,50 25,00 12,50 23,13a

1,52 0,0228 0,0365 0,0551

SMFS 25,00 20,00 15,00 15,00 18,75a

1,52 0,0407 0,0755 0,0825

SMTC 20,00 27,50 12,50 15,00 18,75a

1,52 0,0230 0,0130 0,0125 *EPM: erro padrão da média.

**L = linear, Q = quadrático e C = cúbico.

Figura 13 – Evolução temporal das concentrações de N-NH3 no líquido ruminal nos diferentes

tratamentos estudados.

Na Figura 13, observa-se que os tratamentos apresentaram o mesmo

perfil de desaparecimento do nitrogênio, com pico de produção às duas horas

após a alimentação, exceto a dieta silagem de milho com farelo de soja

(SMFS), que demonstra um decréscimo constante em seu valor.

10

15

20

25

30

35

40

0 2 4 8

N-N

H3

(mg/

dL)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

37

O nível ótimo de amônia ruminal é em torno de 10 mg/dL, segundo Van

Soest (1994). Entretanto, esse valor médio sofre variação já que as bactérias

capazes de sintetizar proteína e captar amônia dependem da taxa de

fermentação dos carboidratos. Mehrez e Ørskov (1977) sugerem valores ao

redor de 24 mg/dL para o máximo desaparecimento do substrato. No presente

estudo, foram observados teores acima dos valores de referência citados pelos

autores, porém, bem abaixo do valor que causaria uma intoxicação por amônia,

que é acima de 100 mg/dL, de acordo com CHURCH (1993).

4.3.2. Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC)

Para as concentrações totais dos AGCC não houve efeito significativo

(p>0,05) para os diferentes tratamentos estudados, que varia de 52,40 mM a

70,33 mM e também não houve interação entre tratamento x tempo de

amostragem (Tabela 8).

Tabela 8 – Concentrações molares (mM) de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) totais no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM

* Efeito**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 58,73 85,91 79,84 56,83 70,33a 9,34 0,0870 0,1774 0,2782

SCTC 71,15 73,65 73,65 48,08 66,63a 9,34 0,9469 0,9681 0,8631

SMFS 49,33 61,59 61,37 49,76 55,51a 9,34 0,1093 0,2903 0,4701

SMTC 39,52 53,07 57,22 59,79 52,40a 9,34 0,2017 0,4837 0,6076

*EPM: erro padrão da média. Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). L = linear, Q = quadrático, C = cúbico.

38

Figura 14 – Evolução temporal das concentrações médias (mM) de AGCC totais no líquido

ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

A Figura 14 demonstra a evolução da concentração de AGCC total no

líquido ruminal, e alcançou seu valor máximo em duas horas após a

alimentação, quando foi observado também nos diferentes horários de coleta,

os menores valores de pH, evidenciando uma maior atividade fermentativa do

substrato no rúmen (Figura 12), e com redução no tempo de 8 horas após a

alimentação, com exceção para a dieta de silagem de milho com torta de

cártamo (SMTC).

Quanto às concentrações de acetato, estas não apresentaram diferenças

(P>0,05) entre tratamentos (Tabela 9 e Figura 15). O menor valor médio obtido

(38,13 mM) foi observado em animais que consumiram a silagem de milho com

torta de cártamo. Os animais alimentados com silagem de cártamo e farelo de

soja apresentaram maior valor médio (47,37 mM). Também não houve

interação significativa entre tratamento e os tempos de amostragem (horas).

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

0 2 4 8

AG

CC

to

tais

(m

M)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

39

Tabela 9 – Concentrações molares (mM) de acetato no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM

* Efeito**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 39,45 56,22 53,53 40,27 47,37a 7,40 0,0709 0,1631 0,2683

SCTC 47,46 48,80 51,02 35,00 45,57a 7,40 0,9589 0,8240 0,7112

SMFS 33,79 41,87 42,37 36,39 38,60a 7,40 0,1606 0,3866 0,5619

SMTC 30,18 36,59 41,10 44,64 38,13a 7,40 0,0155 0,0826 0,1761

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: erro padrão da média. L = linear, Q = quadrático e C = cúbico.

Figura15 – Evolução temporal das concentrações médias de acetato (mM) no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

Proporcionalmente, as concentrações de acetato são maiores em relação

aos demais ácidos, principalmente quando comparado aos ácidos propiônico e

butírico, não apresentam grandes variações com a espécie vegetal. As

diferentes dietas não afetaram significativamente a concentração média de

acetato entre os tratamentos, provavelmente pelo fato do volumoso se tratar de

duas diferentes silagens. Entretanto, observamos que o maior valor numérico

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 2 4 8

Ace

tato

(m

M)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

40

de concentração molar de acetato ocorreu nos tratamentos que tinham silagem

de cártamo com volumoso e que possuem a maior porcentagem da FDA e FDA

(Tabela 3). O acetato é o principal substrato utilizado para a lipogênese e

também, o mais oxidado, sua formação resulta em um máximo rendimento de

energia para as bactérias e destina-se principalmente ao metabolismo

energético de tecidos periféricos animal (KOZLOSKI, 2009).

As concentrações de propionato estão apresentadas na Tabela 10 e

Figura 16. Não houve efeito significativo nos diferentes tratamentos estudados

e também nos tempos de amostragem e na interação entre os tratamentos e os

tempos de amostragem.

A silagem de cártamo com farelo de soja (SCFS) produziu maior

concentração média deste AGCC (11,93 mM), porém não houve diferença

(P>0,05) entre as dietas. Esse aumento na média do tratamento com a silagem

de cártamo e farelo se soja (SCFS) foi compensado pela queda na produção

média de acetato e consequente relação acetato:propionato mais baixa (Tabela

12).

Tabela 10 – Concentrações molares (mM) de propionato no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM

* Efeito

**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 10,15 14,92 13,65 9,01 11,93a 1,08 0,0631 0,1324 0,376

SCTC 12,29 12,98 12,15 6,74 11,04a 1,08 0,8622 0,8958 0,9765

SMFS 10,48 11,96 12,31 8,56 10,82a 1,08 0,4663 0,8281 0,8952

SMTC 4,96 9,37 9,29 8,63 8,06a 1,08 0,0088 0,0348 0,0671

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: erro padrão da média. L = linear, Q = quadrático e C = cúbico.

41

Figura 16 – Evolução temporal das concentrações médias de propionato (mM) no líquido

ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

A menor relação média observada (8,06) foi com animais consumindo a

silagem de milho e torta de cártamo (SMTC) e a maior relação (11,93) foi para

a dieta com silagem de cártamo e farelo de soja (SCFS). Brás (2011) obteve

concentrações médias de propionato de 21,0 mM em ovinos alimentados com

silagem de milho e torta de cártamo.

Para as concentrações de butirato, não houve diferença significativa

(P>0,05) entre os tratamentos e também não houve interação tratamento x

tempo de amostragem (Tabela 11 e Figura 17), ocorrendo variação de 6,09 a

11,04 mM, onde a dieta silagem de milho com farelo de soja demonstrou menor

concentração média e a silagem de cártamo com farelo de soja (SCFS)

apresentou maior teor médio de butirato.

4

6

8

10

12

14

16

0 2 4 8

Pro

pio

nat

o (

mM

)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

42

Tabela 11 – Concentrações molares (mM) de butirato no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM

* Efeito

**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 9,14 14,78 12,67 7,56 11,04a 1,76 0,2008 0,3045 0,3997

SCTC 11,40 11,87 10,49 6,35 10,03a 1,76 0,0453 0,5777 0,8291

SMFS 5,06 7,78 6,70 4,81 6,09a 1,76 0,0036 0,0093 0,0189

SMTC 4,38 7,12 6,83 6,53 6,21a 1,76 0,1572 0,2861 0,3613

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: erro padrão da média. L = linear, Q = quadrático e C = cúbico.

Figura17 – Evolução temporal das concentrações médias de butirato (mM) no líquido ruminal

nos diferentes tratamentos estudados.

Durante a fermentação dos carboidratos a produção de acetato libera

maior número de moléculas de hidrogênio do que na produção de propionato.

Uma menor relação acetato:propionato pode refletir em menor produção de gás

metano e consequentemente, uma maior eficiência de utilização da energia do

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 2 4 8

Bu

tira

to (

mM

)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

43

alimento ingerido. Dessa forma, a relação acetato:propionato pode indicar a

eficiência de utilização ruminal da energia (BRÁS, 2011).

Para os valores médios da relação acetato:propionato não houve

interação tratamento x tempo, e não foi significativo entre tratamentos (Tabela

12). A evolução temporal da relação acetato:propionato pode ser observada na

Figura 18.

Tabela 12 – Concentrações molares da relação acetato:propionato (A:P) no líquido ruminal em diferentes tempos de amostragem em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Dietas Tempo de amostragem (h) Média EPM*

Efeito**

0 2 4 8 L Q C

SCFS 0,70 0,65 0,67 0,72 0,68a 0,01 0,1192 0,1779 0,2535

SCTC 0,69 0,66 0,69 0,73 0,69a 0,01 0,0529 0,0567 0,0821

SMFS 0,68 0,67 0,69 0,72 0,69a 0,01 0,6522 0,6102 0,6896

SMTC 0,77 0,69 0,72 0,75 0,73a 0,01 0,0004 0,0009 0,0017

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: erro padrão da média. L = linear, Q = quadrático e C = cúbico.

Figura 18 – Evolução temporal da relação acetato:propionato no líquido ruminal nos diferentes tratamentos estudados.

0,58

0,60

0,62

0,64

0,66

0,68

0,70

0,72

0,74

0,76

0,78

0 2 4 8

Ace

tato

: Pro

pio

nat

o (

mM

)

Tempo após a 1ª alimentação (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMT

44

A menor relação média observada foi com animais consumindo a dieta de

silagem de cártamo e farelo de soja e a maior relação foi para a dieta com

silagem de milho e torta de cártamo.

4.4. Degradabilidade in situ da matéria seca e proteína bruta

A Tabela 13 apresenta os valores da fração solúvel (a), da fração

potencialmente degradável (b), da taxa de degradação da fração

potencialmente degradável (c), da degradabilidade potencial (DP) e da

degradabilidade efetiva (DE) estimadas para a taxa de passagem 5%/h da

matéria seca e da proteína bruta.

Tabela 13 – Parâmetros da degradação ruminal da matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) das dietas: Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); e Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Parâmetros

(%)

Tratamentos EPM*

SCFS SCTC SMFS SMTC

MS

a 26.16b 29.04b 37.66a 40.43a 1.55

b 51.45a 41.99b 35.22c 32.60c 1.93

c 0.05ab 0.07a 0.06ab 0.05b 0.01

DP 77.61a 71.04b 72.88b 73.03b 0.71

DE5 52.42b 53.01ab 56.91a 55.49ab 0.63

PB

a 32.17c 55.05b 31.51c 62.71a 3.57

b 61.67a 35.57b 59.83a 28.81c 3.75

c 0.06b 0.11a 0.06b 0.13a 0.01

DP 93.84a 90.62b 91.27b 91.51b 0.35

DE5 64.74c 79.20b 62.61c 83.15a 2.31

Médias seguidas de mesma letra na linha, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: Erro padrão da média. a, b e c referem-se aos parâmetros definidos por Orskov & McDonald (1979), onde a = fração solúvel, b = fração potencialmente degradável, c = taxa de degradação da fração b, DP= degradabilidade potencial, DE5= degradabilidade efetiva para as taxas de passagem iguais a 5%/hora.

45

A degradabilidade ruminal está associada com a solubilidade e as

frações solúveis da MS diferiram significativamente (P<0,05) entre as silagens

de cártamo (SCFS e STCTC) e silagens de milho (SMFS e SMTC). As

silagens que continham milho em sua composição foram as que

apresentaram maior solubilidade (40,43 e 37,66 para SMTC e SMFS,

respectivamente) o inverso aconteceu para as silagens que continham

cártamo, que apresentaram menores valores para fração solúvel (29,04 e

26,16 para SCTC e SCFS, respectivamente); esta menor solubilidade da MS

pode ser explicada pelo maior teor de FDN e FDA das dietas que com

silagem de cártamo em sua composição e menor conteúdo de carboidratos

não fibrosos (Tabela 3).

O parâmetro “b” da equação de Orskov e Mc Donald (1979) representa a

fração potencialmente degradável no rúmen quando o tempo não é o fator

limitante. Observando os dados, a silagem de cártamo associada ao farelo de

soja teve maior degradação ruminal (P<0,05) seguida pela dieta com silagem

de cártamo e torta de cártamo (SCTC); diante disto pode-se inferir que a

silagem de cártamo apesar de maior conteúdo de FDN e FDA (Tabela 3), a

porção fibrosa não foi inibida sua utilização pelos microrganismos do rúmen,

mostrando uma degradação ruminal superior (P<0,05) para as dietas que

continham silagem de milho. A fração potencialmente degradável de MS foi

superior (P>0,05) para a dieta de silagem de cártamo com farelo de soja

(SCFS), diferindo significativamente em relação as outras dietas.

A degradabilidade potencial é a somatória da solubilidade inicial com

fração potencialmente degradável no rúmen.

As dietas contendo torta de cártamo apresentaram os maiores valores

(P<0,05) para solubilidade inicial da PB (fração a). As diferenças observadas

na fração solúvel de PB podem ser devido aos diferentes processos de

extração do óleo dos grãos de soja e cártamo, pois o excessivo aquecimento

durante a retirada do óleo torna essa fração menos disponível ao ataque

microbiano, devido a formação de compostos na Reação de Maillard, a

proteína reage com os carboidratos, passando a fazer parte da fração FDA

(VAN SOEST, 1994). O farelo de soja foi adquirido comercialmente e a torta

de cártamo foi obtida pela pressagem a frio dos grãos.

46

A degradabilidade efetiva da PB no rúmen foi maior (P<0,05) na dieta

que associou a silagem de milho com a torta de cártamo (De = 83,15 SMTC),

seguida pela dieta de silagem de cártamo com torta de cártamo (De = 79,20

SCTC). Segundo Marcondes et al. (2009) estas podem ser utilizadas como

fonte de proteína degradável no rúmen (PDR), pois a degradação ruminal da

PB da dieta, influencia tanto a fermentação ruminal como o suprimento de

aminoácido no intestino delgado. O conhecimento da dinâmica de degradação

ruminal de proteínas dos alimentos é fundamental para a formulação de

dietas com adequadas quantias de proteína degradável no rúmen (PDR) para

os microrganismos do rúmen e proteína não degradável no rúmen (PNDR)

para o próprio animal, resultando em dietas mais eficientes.

Analisando a figura 20, observa-se semelhança na curva de degradação

de PB entre as dietas contendo torta de cártamo nas primeiras horas de

degradação ruminal.

Figura 19 – Curva de degradação da matéria seca dos diferentes alimentos estudados.

20

30

40

50

60

70

80

0 3 6 9 24 48 72 96

De

grad

ação

da

MS

(%)

Tempo de incubação no rúmen (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

47

Figura 20 – Curva de degradação da proteína bruta dos diferentes alimentos estudados.

4.5. Parâmetros Sanguíneos

Os parâmetros sanguíneos estão apresentados na Tabela 14. Pode-se

observar que houve diferença significativa (P>0,05) entre os valores médios

somente nos teores de cálcio, nos diferentes tratamentos avaliados.

Tabela 14 - Parâmetros sanguíneos de ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC); Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de Cártamo (SMTC).

Variáveis Tratamento

SCFS SCTC SMFS SMTC EPM

Glicose 1 (mg/dL) 66,00 57,00 64,00 61,75 2,89

Glicose 2 (mg/dL) 71,00 64,00 65,25 69,00 2,32

Ureia 1 (mg/dL) 30,25 30,75 31,00 26,25 1,76

Ureia 2 (mg/dL) 30,25 37,75 32,00 28,25 1,86

TGO ou AST (U/L) 107,5 125,50 113,75 125,25 9,27

TGP ou ALT (U/L) 15,00 16,25 13,25 13,75 0,59

Creat. (mg/dL) 0,84 0,96 0,91 0,90 0,030

Ca (mg/dL) 10,95a 10,33ab 10,10b 10,03b 0,13

Continua

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 3 6 9 24 48 72 96

De

grad

ação

da

PB

(%

)

Tempo de incubação no rúmen (horas)

SCFS

SCTC

SMFS

SMTC

48

Conclusão Tabela 14

Variáveis Tratamento

SCFS SCTC SMFS SMTC EPM

P (mg/dL) 6,85 7,28 6,00 7,13 0,33

Mg (mg/dL) 2,43 2,63 2,63 2,38 0,08

TGO = transaminase glutâmica oxalacética ou AST (aspartato aminotransferase). TGP = transaminase glutâmica pirúvica ou ALT (alanina aminotransferase). Glicose 1 = animal em jejum; Glicose 2 = 4 horas após alimentação. Uréia 1 = animal em jejum; Uréia 2 = 4 horas após alimentação .

Segundo Church (1988), os níveis esperado de glicose em ruminantes em

jejum, variam de 55 a 65 mg/dL. Neste estudo, os valores encontrados estão

próximos ao proposto pelo autor.

As enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferese

(ALT) estão presentes em tecidos com metabolismo ativo de aminoácidos

como fígado, rins e músculos esquelético e cardíaco. A enzima AST está

associada à lesão de músculo esquelético e/ou cardíaco, puerpério, gestação e

intoxicação crônica e a enzima ALT, à lesão hepática e de músculo esquelético

e/ou cardíaco, e seus valores de referência estão entre 11 - 40 (mg/dL) para

ALT e 78 - 132 (mg/dL) para AST (KRAMER e HOFFMANN, 1997). Os

diferentes tratamentos estudados não mostraram diferença significativa

(P<0,05) entre si para os teores de AST e ALT e mostraram-se dentro dos

valores propostos por esses autores, demonstrando assim que, a utilização de

cártamo na dieta de ovinos não causa intoxicação à esses animais.

A excreção de cálcio, fósforo e magnésio, e suas interrelações no

metabolismo absortivo, têm sido estudadas tanto em animais saudáveis como

em portadores de doenças que afetam o metabolismo mineral. Dessa maneira,

é grande o interesse de conhecer a interdependência desses íons e a

influência que eles exercem entre si, especialmente quando existe alteração de

um deles (ALVES, 2007).

Na tabela 15 são apresentados os valores de absorção dos minerais em

relação ao peso metabólico dos animais.

49

Tabela 15 – Coeficientes de absorção aparente dos minerais Ca, P e Mg em

relação ao peso metabólico em ovinos alimentados com Silagem de Cártamo e

Farelo de Soja (SCFS); Silagem de Cártamo e Torta de Cártamo (SCTC);

Silagem de Milho e Farelo de Soja (SMFS); Silagem de Milho e Torta de

Cártamo (SMTC).

Tratamentos EPM*

SCFS SCTC SMFS SMTC

% Coeficiente de Absorção

dos minerais

Ca 28,86a 38,42a 29,89a 5,40b 4,05

P 51,10b 55,74b 69,25a 55,01b 2,65

Mg 39,90 52,93 61,37 47,41 3,65

Minerais Absorvidos

g/Kg de Peso metabólico

Ca 0,28 0,21 0,02 0,001 0,0001

P 0,19 0,16 0,13 0,14 0,012

Mg 0,09 0,09 0,05 0,05 0,009

Médias seguidas de mesma letra na linha, não diferem entre si pelo Teste de Tukey-Kramer (P>0,05). *EPM: Erro padrão da média.

Cálcio e fósforo compõem mais de 70% do total da matéria mineral do

corpo animal, sendo que, 99% do Ca e 80% do P do organismo estão

presentes nos ossos e dentes, exercendo funções vitais em quase todos

tecidos e devem estar disponíveis nas dietas em quantidades e proporções

adequadas (McDOWELL, 1992). Observa-se diferença de absorção dos

minerais Ca e P (P<0,05) entre as dietas, entretanto quando observamos a

absorção dos minerais em relação ao peso metabólico do animal estas

diferenças não mostram diferença.

Apesar da maior quantidade de cálcio ingerido nas dietas contendo

silagem de cártamo, esta quantidade não interferiu na concentração de cálcio

absorvido.

50

51

5. CONCLUSÕES

A dieta contendo silagem e torta de cártamo (SCTC) foi a que apresentou

a maior produção de amônia, duas horas após a alimentação e o mesmo

resultado pode ser confirmado com o dado de solubilidade da fração “a”, na

curva de degradação da proteína bruta.

De acordo como os parâmetros ruminais e sanguíneos avaliados o

fornecimento destes alimentos alternativos na dieta de ovinos pode ser feito,

sem que ocorram prejuízos metabólicos aos animais.

Entretanto, outros estudos que envolvam a avaliação de parâmetros da

produção animal, devem ser realizados.

52

53

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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