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TRATADOS INTERNACIONAIS Resumo: Historicamente, foram as regras consuetudinárias, que regeram os acordos entre os Estados, utilizando-se de princípios gerais, notadamente, o do respeito a o acordado (pacta sunt servanda), do livre consentimento e o da boa-fé das Partes contratantes. Até ao século XIX os tratados tinham um papel diminuto na formação da ordem jurídica internacional. Devido ao desenvolvimento rápido e complexo da sociedade operado a partir desse século, os tratados internacionais tendem a substituir o costume como fonte principal da criação de normas de direito internacional. A par das normas e princípios de “direito internacional comum ou geral” e a título subsidiário dos “princípios gerais de direito”, os tratados apresentam-se como um dos principais processos de criação do direito internacional. Assim, no século XX, surgem dois fenômenos novos: o aparecimento das organizações internacionais e a codificação do direito dos tratados, transformando regras e costumeiras em regras convencionais escritas, expressas elas mesmas no texto de um tratado, bilateral ou multilateral. INTRODUÇÃO Historicamente, foram as regras consuetudinárias, que regeram os acordos entre os Estados, utilizando-se de princípios gerais, notadamente, o do respeito a o acordado (pacta sunt servanda) , do livre consentimento e o da boa-fé das Partes contratantes. Até ao século XIX os tratados tinham um papel diminuto na formação da ordem jurídica internacional. Devido ao

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TRATADOS INTERNACIONAISResumo:Historicamente, foram as regras consuetudinrias, que regeram os acordos entre os Estados, utilizando-se de princpios gerais, notadamente, o do respeito a o acordado (pacta sunt servanda), do livre consentimento e o da boa-f das Partes contratantes. At ao sculo XIX os tratados tinham um papel diminuto na formao da ordem jurdica internacional. Devido ao desenvolvimento rpido e complexo da sociedade operado a partir desse sculo, os tratados internacionais tendem a substituir o costume como fonte principal da criao de normas de direito internacional. A par das normas e princpios de direito internacional comum ou geral e a ttulo subsidirio dos princpios gerais de direito, os tratados apresentam-se como um dos principais processos de criao do direito internacional. Assim, no sculo XX, surgem dois fenmenos novos: o aparecimento das organizaes internacionais e a codificao do direito dos tratados, transformando regras e costumeiras em regras convencionais escritas, expressas elas mesmas no texto de um tratado, bilateral ou multilateral.INTRODUOHistoricamente, foram as regras consuetudinrias, que regeram os acordos entre os Estados, utilizando-se de princpios gerais, notadamente, o do respeito a o acordado (pacta sunt servanda), do livre consentimento e o da boa-f das Partes contratantes.At ao sculo XIX os tratados tinham um papel diminuto na formao da ordem jurdica internacional. Devido ao desenvolvimento rpido e complexo da sociedade operado a partir desse sculo, os tratados internacionais tendem a substituir o costume como fonte principal da criao de normas de direito internacional. A par das normas e princpios de direito internacional comum ou geral e a ttulo subsidirio dos princpios gerais de direito, os tratados apresentam-se como um dos principais processos de criao do direito internacional. Assim, no sculo XX, surgem dois fenmenos novos: o aparecimento das organizaes internacionais e a codificao do direito dos tratados, transformando regras e costumeiras em regras convencionais escritas, expressas elas mesmas no texto de um tratado, bilateral ou multilateral[1].Os trabalhos desenvolvidos pela Comisso de Direito Internacional das Naes Unidas resultaram, em 1969, na Conveno de Viena sobre Direito dos Tratados. No Brasil, o texto da Conveno foi enviado ao Congresso para aprovao em abril de1992.O Congresso Nacional, atravs do Decreto Legislativo Federal496 de 17 de julho de 2009, aprovou a Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados. O referendo congressional foi publicado no DOU de 20/07/2009.Que agora aguarda a sano presidencial.[2]O conceito de Tratado Internacional extremamente singelo se comparado variedade de questes que dele decorrem.A Conveno de Viena define tratado internacional como um acordo internacional concludo entre Estados em forma escrita e regulado pelo Direito Internacional consubstanciado em um nico instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua designao especifica.Na definio exposta por Jos Francisco Rezek, "Tratado o acordo formal, concludo entre sujeitos de direito internacional pblico, e destinado a produzir efeitos jurdicos"[3].Em tal conceito, esto expressos os elementos bsicos dos tratados. Em primeiro lugar, se observa a necessidade de um acordo formal, ou seja, os tratados necessitam de um documento escrito. Tal aspecto formal faz com que o tratado seja diferenciado dos costumes. Em segundo lugar, est a necessidade de os tratados serem firmados entre sujeitos de direito internacional pblico, ou seja, entre Estados ou entre Estados e organismos internacionais. Por fim, o acordo deve produzir resultados jurdicos. A assinatura e ratificao de um tratado implicam, portanto, assuno de direitos e obrigaes pelas partes envolvidas. No se pode deixar de ressaltar, tambm, que, para um tratado ser vlido, depende ele da expresso legtima da vontade do sujeito envolvido. No caso dos Estados nacionais, tal expresso da vontade se d pela estrita observncia das normas internas a respeito das convenes internacionais, dentre as quais se podem incluir a competncia das autoridades e a existncia de ratificao com observncia s normas internas.A celebrao dos tratados se constitui em exerccio de soberania. Mas, alm do reconhecimento de sua soberania, o Estado ao celebrar tratados, reconhece e se compromete a uma fonte de limitao de suas competncias. Por isso, a doutrina costuma afirmar que o comprometimento do Estado por meio de tratados internacionais implica em: a) manifestao do atributo de soberania; b) instrumento de limitao do poder soberano.1. Fases da elaborao do TratadoDe maneira geral, a elaborao de um tratado internacional segue as seguintes etapas:As fases ou etapas de elaborao dos tratados internacionais podem ser apresentadas em negociao, assinatura, ratificao, promulgao, publicao e registro.[4]a)Negociao:Realizada por autoridades nacionais designadas pela ordem constitucional do Estado, muitas vezes acompanhadas de especialistas no assunto sob discusso; A elaborao do texto consiste em uma das formas de concretizao das negociaes. O texto dos tratados compostos de um prembulo, o qual espelha os motivos da realizao do tratado fornecendo elementos para sua interpretao, e do chamado dispositivo, ou seja, o texto ou corpo onde so definidas as obrigaes dos Estados-Partes;A negociao a fase inicial do processo de concluso de um tratado. Ela da competncia, dentro da ordem constitucional do Estado, do Poder Executivo. A competncia geral sempre do Chefe de Estado. Entretanto, outros elementos do poder executivo passaram ater uma competncia limitada (Ministro do Exterior, os demais ministros em matria tcnica). Nesta etapa da concluso dos tratados internacionais os representantes do chefe de Estado, isto , os negociadores, se renem com a inteno de concluir um tratado. A negociao de um tratado bilateral se desenvolve, na maioria das vezes, entre o Ministro do Exterior ou seu representante e o agente diplomtico estrangeiro, que so assessorados por tcnicos nos assuntos em negociao. A negociao de um tratado multilateral se desenvolve nas grandes conferncias e congressos. Em perodos anteriores da Histria distinguia-se congresso (visava a solucionar problemas polticos e as grandes potncias tinham predominncia) de conferncia (visava a estabelecer regras de direito e consagrava a igualdade das partes).Esta fase termina com a elaborao de um texto escrito que o tratado.Segundo o art. 9, da Conveno de Viena, a adoo do texto de um tratado numa conferncia internacional efetua-se pela maioria de dois teros dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria decidem aplicar regras diversas.b) Manifestao do Consentimento (assinatura)O art. 11, da Conveno de Viena, O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificao, aceitao, aprovao ou adeso, ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado.Aps a redao do texto do tratado internacional os representantes precisam retornar para os seus respectivos pases com o documento que foram por eles elaborados. Com certeza de eu ao apresentar em seus pases de origem, para observncia de todo processo legislativo, o projeto no ser modificado, o que traria srias conseqncias para as partes envolvidas na questo?A situao acima descrita, no seria possvel exatamente por ser um tratado um acordo que pressupe a vontade das partes envolvidas na negociata internacional. Para tanto o tratado precisa ser devidamente autenticado pelas partes envolvidas, conforme o art. 10 da Conveno de Viena prev:Autenticao do TextoO texto de um tratado considerado autntico e definitivo:a) mediante o processo previsto no texto ou acordado pelos Estados que participam da sua elaborao; oub) na ausncia de tal processo, pela assinatura, assinaturaadreferendumou rubrica, pelos representantes desses Estados, do texto do tratado ou da Ata Final da Conferncia que incorporar o referido texto.Com efeito, a assinatura do texto traduz-se em ato importante na fase de elaborao de um tratado internacional por garantir s partes envolvidas, a autenticidade e a definitividade do texto produzido, no sendo admitida posterior modificao, salvo se as partes acordarem novamente sobre o caso.Caso ocorra reserva, o Estado deixa de aceitar uma ou vrias causas do tratado. A parte que assim proceder fica desobrigada pelo cumprimento dessas clusulas.Quando os contratantes esto munidos de plenos poderes, ou deles dispensados, ento o tratado assinado. Se no possuem os plenos poderes, permite-se que os negociadores rubriquem o texto at que os mesmos recebam os plenos poderes e possam assin-lo. O lapso de tempo entre a rubrica e a assinatura, neste caso, de poucas semanas em mdia. Entretanto, nada impede que seja acordado que a rubrica constitui a assinatura do tratado.Importante observar que durante o perodo compreendido entre a adoo do texto e a manifestao do consentimento, o tratado no obriga os Estados-partes. Entretanto, a Conveno de Viena determina, em seu art. 18, que o Estado deve se abster da prtica de atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. por meio da manifestao de consentimento que o tratado atinge sua eficcia jurdica. Em regra, so as normas constitucionais dos pases que determinam o procedimento interno que resultar no consentimento do Estado.c)Ratificao considerada a fase mais importante do processo de concluso dos tratados, pois confirma a assinatura e d validade a ele. Ou seja, o ato pelo qual a autoridade nacional competente informa s autoridades correspondentes dos Estados cujos plenipotencirios concluram, com os seus, um projeto de tratado, a aprovao que d a este projeto e que o faz doravante um tratado obrigatrio para o Estado que esta autoridade encarna nas relaes internacionais.A Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece em seu art. 14 o seguinte:1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificao:a) quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificao;b) quando, por outra forma, se estabelea que os Estados negociadores acordaram em que a ratificao seja exigida;c) quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito a ratificao; oud) quando a inteno do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificao decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociao.2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela aceitao ou aprovao em condies anlogas s aplicveis ratificao.Os tratados passaram a ser somente obrigatrios depois de ratificados, mesmo quando a ratificao no esteja prevista expressamente (artigo 5 da Conveno Pan-Americana sobre Tratados de 1928). Este princpio foi consagrado na jurisprudncia internacional.Frise-se que a ratificao torna o tratado obrigatrio no mbito internacional, mas no direito interno de todos os pases devem-se observar o trmite para a integrao no ordenamento jurdico interno.No Brasil, por exemplo, realizada pelo Poder Executivo com oad referendumdo Congresso Nacional, conforme estabelece o art. 84, VIII, combinado com o art. 49, I, da Constituio Federal.A ratificao como ato discricionrio est consagrada no artigo 7 da Conveno Pan-Americana de 1928 sobre tratados. Ela deste modo, um ato discricionrio do Estado e, dentro dele, do Poder Executivo; o Legislativo pode aprovar um tratado e o Executivo pode recusar-se a ratific-lo, podendo inclusive revogar uma ratificao que j tenha sido dada, mas ainda no depositada ou trocada. E mais, o Executivo s submeter o tratado aprovao do Legislativo se ele tiver inteno de ratific-lo, ficando isto ao seu critrio:A ratificao no um ato retroativo, e o tratado s produzir efeitos a partir da troca ou depsito dos instrumentos de ratificao. A ratificao deve ser dada por escrito, conforme estipula o art. 5 da citada Conveno de Havana. Todavia, a legislao estatal que determina a forma intrnseca do instrumento. O instrumento como demonstrao de sua resoluo de ratificar o tratado e termina pela transcrio do texto do tratado. A ratificao contm trs partes: a "narratio", a "dispositio" e a "corroboratio". A "narratio" a parte inicial em que se histria o tratado, enunciam-se os Estados contratantes, menciona-se a finalidade do tratado e termina pela transcrio do texto do tratado. A "dispositio" a parte em que, se faz referncia ratificao propriamente dita. A "corroboratio" a parte em que "o signatrio apresenta o instrumento como demonstrao de sua resoluo de ratificar o tratado, "em f de que" o assina e sela".[5]A ratificao no deve ser condicional e "abranger" todo o tratado" (art. 6 da Conveno de Havana). Todavia, a prtica tem aceito a formulao de reservas, que veremos adiante. Pode-se afirmar ainda que a ratificao irretratvel[6].De fato, o direito interno que estabelece as competncias (executiva e/ou legislativa) para a entrada em vigor de um tratado internacional, mas no se pode olvidar da previso do art. 24 da Conveno Viena que estabelece:1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores.2. Na ausncia de tal disposio ou acordo, um tratado entra em vigor to logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores.3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado aps sua entrada em vigor, o tratado entrar em vigor em relao a esse Estado nessa data, a no ser que o tratado disponha de outra forma.4. Aplicam-se desde o momento da adoo do texto de um tratado as disposies relativas autenticao de seu texto, manifestao do consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, maneira ou data de sua entrada em vigor, s reservas, s funes de depositrio e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado.O Ministrio das Relaes Exteriores dispe em seu site queUma vez publicado o Decreto Legislativo, encontra-se encerrada a etapa de apreciao e de aprovao do ato. Procede-se ento a sua ratificao ouconfirmao, junto (s) outra(s) Parte(s) Contratante(s), do desejo brasileiro de obrigar-se por aquele documento. A ratificao , portanto, o processo pelo qual os atos so postos em vigor internacionalmente. Nos processos bilaterais, a ratificao pode ser feita por troca de notas, podendo o ato entrar em vigor, conforme determine seu texto, na data de recebimento da segunda nota ou num prazo estipulado aps essa data. Pode-se ainda efetivar a ratificao por troca de instrumentos de ratificao, o que se faz com certa solenidade, mediante a lavratura de uma Ata.Os atos multilaterais so ratificados por meio do depsito da Carta de Ratificao junto ao pas ou rgo multilateral depositrio. Este se incumbe de notificar o fato aos demais signatrios. A entrada em vigor internacional do ato multilateral depender do cumprimento de certos requisitos que se estipulam em seu prprio texto, em geral a soma de certo nmero de ratificaes. Assim como as cartas de plenos poderes, as cartas (ou instrumentos) de ratificao so firmadas pelo Presidente da Repblica e referendadas pelo Ministro de Estado das Relaes Exteriores.[7]Podemos concluir que a ratificao etapa fundamental a ser observada para o Estado se comprometa no cumprimento de obrigaes assumidas na rbita jurdica internacional.d)Promulgao o ato jurdico, de natureza interna, pelo qual o governo de m Estado afirma ou atesta a existncia de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua concluso, e, alm disto, ordena sua execuo dentro dos limites aos quais se estende a competncia estatal.A promulgao ocorre normalmente aps a troca ou o depsito dos instrumentos de ratificao. , segundo Hildebrando Accioly, "o ato jurdico, de natureza interna, pelo qual o governo de um. Estado afirma ou atesta a existncia de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua concluso, e; alm disto, ordena sua execuo dentro dos limites aos quais se estende a competncia estatal".[8]A razo da existncia da promulgao que o tratado no fonte de direito interno. Assim sendo, a promulgao no atinge o tratado no plano internacional, mas apenas a sua executoriedade no direito interno.Os efeitos da promulgao consistem em: a) tornar o tratado executrio no plano interno, e b) "constatar a regularidade do processo legislativo", isto , o Executivo constata a existncia de uma norma obrigatria (tratado) para o Estado.A validade e executoriedade do ato internacional no ordenamento interno brasileiro d-se atravs de sua promulgao.A promulgao ocorre normalmente aps a troca ou deposito dos instrumentos ratificados e estabelece a vigncia do tratado no mbito interno no Estado. No caso brasileiro, o presidente da Repblica d cincia a todos de que o tratado foi aceito pelo Congresso Nacional atravs do decreto presidencial. Assim, os efeitos da promulgao consistem em tornar o tratado executrio no plano interno e constata a regularidade do processo legislativo.[9]e)PublicaoA publicao condio essencial para o tratado ser aplicado no mbito interno. condio necessria para que o tratado seja aplicado na ordem interna do Estado. Publica-se no Dirio Oficial da Unio o texto do tratado e o Decreto Presidencial.f)RegistroO registro um requisito estabelecido pela Carta da ONU e tem como escopo fazer com que o Estado que celebrou o tratado internacional possa invocar para si, junto organizao, os benefcios do acordo celebrado. O registro deve ser requerido ao secretrio-geral da ONU, que fornece, a cada Estado, um certificado redigido em ingls e Francs. Nesse sentido vale registrar a previso do art. 80, da Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados e o art. 102 da Carta da ONU:Art. 80 Registro e Publicao dos Tratados:1. Aps sua entrada em vigor, os tratados sero remetidos ao Secretariado das Naes Unidas para fins de registro ou de classificao e catalogao, conforme o caso, bem como de publicao2. A designao de um depositrio constitui autorizao para este praticar os atos previstos no pargrafo anterior.Artigo 1021. Todo tratado e todo acordo internacional, concludos por qualquer Membro das Naes Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta, devero, dentro do mais breve prazo possvel, ser registrados e publicados pelo Secretariado.2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que no tenha sido registrado de conformidade com as disposies do pargrafo 1 deste Artigo poder invocar tal tratado ou acordo perante qualquer rgo das Naes Unidas.No Brasil, o processo de formao e validade dos tratados no ordenamento interno tem trs fases.Aprimeira relativa assinatura, que um aceite precrio e no definitivo, conforme estabelece o artigo 84, inciso VIII da Constituio Federal:Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da Repblica:VII celebrar tratados, convenes e atos internacionais sujeitos a referendo do Congresso Nacional.Em seguida, asegunda fase a aprovao pelo Congresso Nacional, conforme estabelece o artigo 49, I da Constituio Federal:Art. 49 da competncia do Congresso Nacional:I resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou ato internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional.Aterceira fase a da ratificao do tratado pelo Poder Executivo, por meio do Presidente da Repblica. A ratificao cria obrigaes jurdicas no mbito internacional.Aquarta fase a publicao do texto por Decreto Presidencial no Dirio Oficial, o Tratado incorporado ao ordenamento jurdico brasileiro como lei ordinria, ou seja, a partir desse momento, torna-se lei interna brasileira e seu cumprimento obrigatrio para todos.2. CLASSIFICAO:Cuidaremos de classificar os tratados luz de trs critrios de ndole subjetiva, material e formal.A classificao subjetiva pode ser divida quanto ao nmero das partes (bilaterais e multilaterais); qualidade das partes (Estados e organizaes internacionais); quanto aos sujeitos terceiros (tratados abertos, semi-fechados ou tratados fechados).A classificao material pode ser vista sob o prisma de abrangncia das matrias (tratados gerais ou tratados especiais); quanto aos efeitos (tratados-leis ou tratados contratos); quanto a natureza institucional; quanto aplicabilidade circunstancial; quanto a tempo de durao.A terceira classificao pode ser dividida quanto ao grau de complexidade procedimental; quanto formalizao (escrita ou verbal).A) Classificao subjetivaa) Quanto ao nmero das partes: os tratados bilaterais ou multilaterais, dependendo do nmero de sujeitos celebrantes, dois ou maus do que de dois. Assim nos bilaterais tero apenas dois celebrantes. J no multilaterais existiram trs ou mais Partes.b) Quanto ao critrio da qualidade das partes, se verifica se so o Estado ou as organizaes internacionais as partes contratantes.c) Quanto ao critrio de abertura a sujeitos terceiros: os tratados abertos, semi-fechados ou tratados fechados, em funo de ser possvel a sujeitos que no assinaram e ratificaram a posterior pertena ao seu contedo, de tal possibilidade ser condicionada ou de tal possibilidade ser, simplemeste, proibida.B) Classificao materiala) O critrio de abrangncia da material envolve os tratados gerais ou especiais, ou seja, se estabelecem uma regulao aplicvel auma generalidade de matrias ou, pelo, contrrio, se destinam a versar especificadamente um aspecto material.b) Quanto ao critrio do tipo de efeitos temos o tratado-lei e o tratado-contrato. A distino entre tratados contratuais e tratados normativos vem padecendo de uma incessante perda de prestigio. ntida, segundo Rousseau, a diferena funcional entre os tratados-contratos, assim chamado porque atravs deles as partes realizam uma operao jurdica - tais acordos de comrcio, de aliana, de cesso territorial - e os tratados-leis ou tratados normativos, por cujo meio as partes editam uma regra de direito objetivamente vlida. Os tratados-leis so geralmente celebrados entre muitos Estados com o objetivo de fixar as normas de Direito Internacional. As convenes multilaterais como as de Viena so um exemplo perfeito deste tipo de tratado. Os tratados-contratos procuram regular os interesses recprocos dos Estados, isto , buscam regular interesses recprocos e so geralmente de natureza bilateral, mas, existem diversos exemplos de tratados multilaterais restritos. Os tratados-contratos podem ser executados ou executrios. Os primeiros, tambm chamados transitrios ou de efeito limitado, so os que devem ser logo executados e que, levados a efeito, dispem sobre matria permanentemente, como ocorrem nos tratados de cesso ou de permuta de territrios. Os tratados executrios ou de efeito sucessivo so os prevem atos a serem executados regularmente, toda vez que apresentem as condies necessrias, como nos tratados de comrcio e nos de extradio.c) Quanto a natureza institucional ou material do tratado pode ser encarado em razo da diferena que existe entre um tratado que o institua nova entidade e um tratado que se limite a estabelecer um conjunto de normas e procedimentosd) Quanto ao critrio da aplicabilidade circunstancial: os tratados imediatamente aplicveis ou tratados mediatamente aplicveis, conforme possam ou no ter logo a aplicao.e) Quanto ao critrio da durao, os tratados podem ser perptuos ou tratados temporais.C) Critrio formala) O critrio do grau de formalizao o escrita ou verbal: tratados escritos ou orais (acordos de cavalheiros)b) Critrio do grau de complexidade procedimental: tratados solenes ou em forma simplificada.3. InterpretaoA interpretao dos tratados disciplinada pelos artigos 31, 32 e 33 da Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados.S E O 3Interpretao de TratadosArtigo 31Regra Geral de Interpretao1. Um tratado deve ser interpretado de boa f segundo o sentido comum atribuvel aos termos do tratado em seu contexto e luz de seu objetivo e finalidade.2. Para os fins de interpretao de um tratado, o contexto compreender, alm do texto, seu prembulo e anexos:a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexo com a concluso do tratado;b) qualquer instrumento estabelecido por uma ou vrias partes em conexo com a concluso do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.3. Sero levados em considerao, juntamente com o contexto:a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo interpretao do tratado ou aplicao de suas disposies;b) qualquer prtica seguida posteriormente na aplicao do tratado, pela qual se estabelea o acordo das partes relativo sua interpretao;c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicveis s relaes entre as partes.4. Um termo ser entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a inteno das partes.Artigo 32Meios Suplementares de InterpretaoPode-se recorrer a meios suplementares de interpretao, inclusive aos trabalhos preparatrios do tratado e s circunstncias de sua concluso, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicao do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretao, de conformidade com o artigo 31:a) deixa o sentido ambguo ou obscuro; oub) conduz a um resultado que manifestamente absurdo ou desarrazoado.Artigo 33Interpretao de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Lnguas1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais lnguas, seu texto faz igualmente f em cada uma delas, a no ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergncia, prevalea um texto determinado.2. Uma verso do tratado em lngua diversa daquelas em que o texto foi autenticado s ser considerada texto autntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem.3. Presume-se que os termos do tratado tm o mesmo sentido nos diversos textos autnticos.4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do pargrafo 1, quando a comparao dos textos autnticos revela uma diferena de sentido que a aplicao dos artigos 31 e 32 no elimina, adotar-se- o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos.A regra geral determina que um tratado deva ser interpretado de acordo com a boa-f, luz de seu contexto e finalidade. A interpretao dever buscar, portanto, a compreenso da vontade dos Estados-Partes, uma vez que no dever resultar em obrigaes no assumidas pelos Estados.Para a compreenso do contexto do tratado, ser levado em consideraes o texto, sem prembulo e anexos, alm dos acordos relativos aos tratados firmados entre as mesmas partes por ocasio da concluso do tratado. Sero tambm considerados instrumentos estabelecidos por uma ou vrias partes quando da concluso do tratado e aceitos pelas outras partes como relativos ao tratado.Segundo o art. 33 da Conveno quando um tratado for autenticado em dois ou mais idiomas, seu texto far igualmente f em cada uma delas, salvo se as partes acordarem que, em caso de divergncia, um texto determinado prevalecer.a) Validade, vigncia, execuo e aplicao dos tratadosPara que um tratado internacional seja vlido necessria a reunio de trs elementos:I) Capacidade das partes que ratificaram o tratado, onde ideia de capacidade para celebrao de um tratado est relacionada de sujeito de direito internacional pblico. A Conveno de Viena determina que em seu art. 6 que Todo Estado tem capacidade para concluir tratados. Quanto aos Estados federados, as unidades da federao somente sero capazes caso a Constituio do Estado permita. J as organizaes internacionais possuem capacidade parcial e derivada, pois a possibilidade decorre do ato de sua constituio e da vontade de seus membros.II) Consentimento manifestado regularmente: os vcios de consentimento podem manifestar em face de uma ratificao imperfeita (contrarias as normas internas dos Estados) seja por erro essencial, dolo corrupo, coao sobre o representante ou sobre o Estado.III) Objeto lcito: a ilicitude ser analisada com base nas normas cogentes de direito internacional geral e no em normas internas de determinado Estado. O art. 53, da conveno de Viena estabelece que nulo um tratado que, no momento de sua concluso, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Conveno, uma norma imperativa de Direito Internacional geral uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogao permitida e que s pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.A vigncia dos tratados pode ser: (I) ilimitada: o tratado exige o ato de denncia; (II) por prazo fixo: o tratado se extingue por decurso do prazo, podendo ser, normalmente, renovvel por acordo das partes; (III) por prazo determinado: prorroga-se automaticamente por iguais perodos, possibilitando-se a denuncia s partes que no desejem a sua renovao.O incio da vigncia de um tratado pode ser definido pelas partes conforme estabelece o art. 24 da Conveno de VienaArtigo 24Entrada em vigor1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores.2. Na ausncia de tal disposio ou acordo, um tratado entra em vigor to logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores.3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado aps sua entrada em vigor, o tratado entrar em vigor em relao a esse Estado nessa data, a no ser que o tratado disponha de outra forma.4. Aplicam-se desde o momento da adoo do texto de um tratado as disposies relativas autenticao de seu texto, manifestao do consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, maneira ou data de sua entrada em vigor, s reservas, s funes de depositrio e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado.Contudo, alguns tratados prevem que o documento s entrar em vigor aps o deposito de um nmero de ratificaes.Caso as partes no tenham determinado a forma de entrada em vigor, a vigncia se dar partir do consentimento manifestado por todos os Estados-Partes. A Conveno de Viena determina ainda que, quando o consentimento de um Estado em se obrigar por um tratado for manifestado aps a entrada em vigor, a vigncia com relao a esse Estado ocorrer nesta data.Aos tratados aplicam-se o princpio da irretroatividade a no ser que as partes estabeleam de forma diversa. Sendo assim, em regra, as disposies de um tratado no obrigam uma pare em relao a um ato ou fato anterior vigncia do tratado. Alem disso, o tratado vigente em relao a todo o territrio de cada uma das partes, salvo disposio em contrrio. A tradio constitucional brasileira no concede o direito de concluir tratado aos Estados-membros da Federao. Nessa linha a Constituio diz competir a Unio, manter relaes com Estados estrangeiros e participar de organizaes internacionais (art. 21, I, da CF).Por tal razo qualquer tratado que um estado federado ou municpio brasileiro deseje concluir com Estado estrangeiro, ou unidade dos mesmos que possua poder de concluir tratados dever ser feito com a intermediao do Ministrio das Relaes Exteriores, decorrente de sua prpria competncia legal.Quanto execuo e aplicao dos tratados, a Conveno de Viena estabelece que uma parte no poder invocar disposies de seu direito interno para justificar o descumprimento de um tratado (art. 27). O prprio tratado dever determinar soluo para os casos de no-execuo, prevendo, ainda, instrumentos de solues de controvrsias.A Conveno determina ainda que o Estado, ao se comprometer a um tratado, poder formular RESERVAS, salvo se (I) a reserva for proibida pelo tratado; (II) o tratado apenas autorize determinadas reservas; (III) a reserva seja incompatvel com o objeto e finalidade do tratado (art. 19).A possibilidade de apresentar em um tratado constitui-se em uma forma de viabilizar uma maior participao dos Estados nos atos internacionais multilaterais, pois se permite a uma a Parte deixar de consentir relativamente a uma ou algumas de suas disposies. Deve, entretanto, a reserva ser compatvel coma finalidade e objeto do ato.Extingue-se um tratado quando o intento terminativo for comum s partes por ele obrigadas. Vale destacar que no sero estas, necessariamente, aquelas mesmas que um dia negociaram o pacto e o puseram em vigor, em virtude de possveis adeses e denncias.Celso Albuquerque de Mello[10]aponta como formas de por fim aos tratados as seguintes maneiras:a) Execuo integral do tratado - Este termina quando o estipulado executado pelas partes contratantes.b) Consentimento mtuo - O tratado resultante do consentimento dos contratantes. Ora, este mesmo consentimento que cria o tratado pode pr fim a ele. O consentimento pode manifestar-se em um outro tratado que verse sobre o mesmo objeto do anterior, havendo, em conseqncia, uma revogao tcita; ou ainda, ele pode estar consubstanciado expressamente em uma declarao, onde se afirme a revogao do tratado anterior. Um outro caso quando um tratado possa ser modificado por uma deciso majoritria (art. 108 da Carta da ONU).c) Termo - Quando o tratado concludo por um lapso de tempo determinado, ele termina automaticamente quando este prazo expira. O prazo do tratado pode figurar de maneira expressa, ou implicitamente (quando uma conseqncia do seu objeto).d) Condio resolutria - O tratado pode se extinguir quando a~ partes convencionam de modo expresso que o tratado terminar no futuro quando certo fato se realizar (condio afirmativa) ou se determinado fato no se produzir (condio negativa).e) Renncia do beneficirio - Quando um tratado estabelece vantagens para uma das partes e obrigaes para a outra, ele termina quando o beneficirio renunciar s suas vantagens. O tratado termina pela manifestao de vontade de uma s das partes contratantes, porque a sua renncia no trar prejuzos para a outra; pelo contrrio, lhe vantajosa.f) Caducidade - Ocorre quando o tratado deixar de ser aplicado por longo espao de tempo, ou mesmo quando se formar um costume contrrio a ele.g) Guerra - Durante um largo perodo na Histria do DI ela extinguiu todos os tratados em vigor entre os beligerantes, como aconteceu com a guerra de 1801 entre Espanha e Portugal, que terminou com todos os tratados em vigor sobre fronteiras entre a Amrica espanhola e a Amrica portuguesa. Nos dias de hoje a guerra faz com que terminem os tratados bilaterais entre os beligerantes. Todavia, existem certos tratados que so mantidos, a despeito da guerra: 1) os tratados que constituram situaes objetivas, por exemplo, que estipularam limites ou cesses territoriais e foram integralmente executados ("pacta transitoria") ; 2) os tratados cuja finalidade serem aplicados durante as guerras ;ex.: Convenes de Haia de 1907 sobre conduta na guerra); 3) os tratados multilaterais entre -beligerantes e neutros no so tambm revogados: os seus efeitos so suspensos entre os beligerantes e "mantidos em relao aos Estados neutros"; com o trmino da guerra eles voltam a produzir plenamente os seus efeitos.h) Fato de terceiro - Os contratantes do a um terceiro o poder de terminar o tratado. A histria dos tratados parece registrar um nico exemplo neste sentido: o art. 8 do Tratado de Locarn de garantia mtua (Alemanha, Blgica, Frana, Inglaterra e Itlia) deu ao Conselho da Liga o poder de pr fim a ele.i) Impossibilidade de execuo - O tratado termina quando existe uma impossibilidade fsica (desaparecimento de uma das partes, extino do seu objeto etc.) ou jurdica (quando o tratado se torna incompatvel com outro que dever ter primazia de execuo). O contratante no pode invocar a impossibilidade de execuo se ela resulta de uma violao sua ao tratado. Por outro lado se a impossibilidade temporria o tratado s pode ter suspensa a sua execuo. Se surgir uma norma imperativa de DI incompatvel com o tratado, este termina.j) A ruptura de relaes diplomticas e consulares pode acarretar o trmino do tratado se elas forem imprescindveis para a sua execuo (Maresca).l) Inexecuo do tratado por uma das partes contratantes - A violao por uma das partes contratantes, em um tratado bilateral, d direito outra parte a suspender ou terminar a execuo do tratado no todo ou em parte. A.violao de um tratado multilateral por um contratante d direito aos demais a: a) por consenso unnime, terminar com ele ou suspender a sua execuo no todo ou em parte. O trmino ou a suspenso pode ser entre todos os contratantes ou apenas com o Estado que violou o tratado; b) um contratante especialmente afetado pela violao pode invocar tal fato para suspender a execuo do tratado no todo ou em parte entre ele e o Estado autor da violao; c) qualquer contratante pode invocar a suspenso do tratado no todo ou em parte em relao a si mesmo "se o tratado tem uma caracterstica que a violao material dos seus dispositivos por uma parte muda radicalmente a situao das partes com respeito a ulterior execuo de suas obrigaes no tratado". A Conveno de Viena considera "violao material do tratado": 1) o repdio do tratado; ou 2) a violao de dispositivo essencial para a realizao do objeto e finalidade do tratado. Finalmente as letras a), b) e. c) no se aplicam em tratados que visam proteo da pessoa humana e em especial aos dispositivos que probem "qualquer represlia contra pessoas protegidas por tais tratados".m) Denncia unilateral - " o ato pelo qual uma das partes contratantes comunica outra ou outras partes a sua inteno de dar por findo esse tratado ou de se retirar do mesmo" (Accioly). A regra geral que os tratados somente podem ser denunciados quando prevista expressamente esta possibilidade.Por meio da DENNCIA, o Estado manifesta sua vontade de deixar de ser parte no acordo internacional. H ttulo de exemplo da ratificao e da adeso, a denncia um ato unilateral. A Conveno de Viena admite tambm a denncia quando ela consagrada implicitamente "pela natureza do tratado". Determina ainda que o lapso de tempo entre a apresentao da denncia e a data a partir da qual ela produzir efeito de 12 meses.Tem-se interpretado que os tratados sem prazo determinado podem ser denunciados, uma vez que nenhum tratado perptuo. Admite-se ainda a denncia naqueles tratados em que ela no prevista, mas que se possa demonstrar ter sido inteno das partes admitirem-la tem como nos acordos tcnicos cuja denncia no acarreta prejuzos para a outra parte. O tratado denunciado ilegalmente acarreta a responsabilidade internacional do Estado.A denncia de um tratado no necessita no Brasil de aprovao do Legislativo, o que mais um argumento para mostrar que o tratado no pode ser equiparado a uma lei. de se acrescentar que um tratado multilateral no termina pelo simples fato de que o nmero de partes contratantes ficou menor que o nmero necessrio para a sua entrada em vigor. Por outro lado o rompimento de relaes diplomticas ou consulares no termina com o tratado a no ser quando "a existncia de relaes diplomticas ou consulares indispensvel para a aplicao do tratado".Finalmente de se acrescentar que um tratado multilateral pode ser temporariamente suspenso por dois ou mais Estados: a) se o tratado admite a suspenso; b) ou a suspenso no proibida pelo tratado e no atinge os demais contratantes e no incompatvel com o objeto e a finalidade do tratado. As partes devem notificar os demais contratantes que pretendem concluir um acordo para suspender o tratado.Um Estado ao anular, pr fim, denunciar ou suspender um tratado deve fazer ao tratado por inteiro a no ser que o tratado estipule de maneira diferente ou as partes concordem. Tais atos s podem ser feitos em relao a determinadas clusulas: a) se estas forem separveis do resto do tratado a respeito de sua aplicao; b) se estas no constiturem "uma base essencial do consentimento" dos demais contratantes; c) a execuo do restante do tratado no acarretar "injustia".O ideal seria de se estabelecer de modo taxativo que os tratados relativos a direitos humanos no esto sujeitos a denncia. Segundo o art. 72 da Conveno de Viena, a extino do tratado libera as partes de continuarem a cumprir o tratado, contudo no prejudica qualquer direito ou obrigao existente entre as partes em decorrncia da execuo do tratado anteriormente a sua extino.Por: Leonardo Gomes de AquinoAdvogado. Mestre em Cincias Jurdico-Empresariais, ps-graduado em Cincias Jurdico-Processuais e em Cincias Jurdico-Empresariais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Portugal), e Ps Graduado em Direito Empresarial pela Fadom. Especialista em Docncia do Ensino Superior pelo Centro Universitri Unieuro. Professor Universitrio no IESB, no UniEuro.