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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: UM ESTUDO DE CASO. CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO João Pessoa 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO

TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: UM ESTUDO DE CASO.

CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO

João Pessoa 2015

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CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO

PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO

TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: ESTUDO DE CASO.

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Produção do Centro de Tecnologia da

Universidade Federal da Paraíba, como requisito

para obtenção do grau de Mestre em Engenharia

de Produção.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Christine Werba Saldanha.

João Pessoa 2015

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PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FAMILIAR DE BATATA NO

TERRITÓRIO DO POLO DA BORBOREMA-PB: UM ESTUDO DE CASO

CRISOLEIDE SILVA DE MÉLO

Esta Dissertação foi julgada e aprovada em sua forma final para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba.

JOÃO PESSOA, 28 de AGOSTO de 2015

BANCA EXAMINADORA

______________________

Prof.ª Maria Christine Werba Saldanha, Dr.ª

(Orientadora)

Universidade Federal da Paraíba

Prof.ª Maria Silene Alexandre Leite, Dr. ª (Examinador interno)

Universidade Federal da Paraíba

Prof.º Ricardo José Matos de Carvalho, Dr. (Examinador externo)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Dedico este trabalho em especial aos meus pais, pela dedicação e apoio em todos os momentos e as minhas eternas amigas e irmãs Jeane Torelli Cardoso e Andréia Luisa dos Santos Lima.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela sua graça, por traçar

oportunidades e trilhar caminhos que me proporcionaram vivenciar novas

descobertas e experiências únicas que ficarão guardadas ao longo da minha

trajetória de vida. A ti Senhor! Honra e glória, por ser uma torre forte a qual todo

aquele que se refugia encontra um alto retiro.

Aos meus pais João Crisóstomo (in memoriam) e Josefa Zélia, por terem se

esforçado ao máximo e com sabedoria, privando-se diversas vezes de suas próprias

necessidades para me proporcionar a melhor educação possível. Estes sim! Eu

considero como os verdadeiros mestres.

Meus sinceros agradecimentos a todos que, de uma forma ou de outra,

contribuíram para a realização deste trabalho e em reconhecimento registro aqui

meu muito obrigada:

• A Universidade Federal da Paraíba - UFPB e ao Programa de Pós-

graduação em Engenharia da Produção - PPGEP pela oportunidade de

realização do Mestrado;

• Quero destacar o agradecimento a minha orientadora e professora Dr.ª

Maria Christine Werba Saldanha e ao professor Dr. Marcos Barros de

Medeiros essenciais ao desenvolvimento desse trabalho;

• À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) pelo apoio financeiro disponibilizado;

• A Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT/UFPB) e a Fundação de Apoio à

Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ) pelo apoio financeiro

disponibilizado ao Projeto “AGROINDEX”;

• Aos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia da

Produção - PPGEP, por todos os ensinamentos;

• A todos os alunos da graduação do Campus III (Bananeiras), bem como

do Campus I (João Pessoa) envolvidos no projeto AGROINDEX;

• A Todos os amigos, colegas do mestrado UFPB e colegas da UFRN, em

especial membros do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ergonomia

(GREPE/UFRN);

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• Aos queridos agricultores plantadores da batatinha agroecológica do

Território do da Borborema/PB;

• Às instituições de pesquisa (AS-PTA, POAB, UFPB entre outras);

• À banca examinadora composta pelos professores: Dr. Ricardo José

Matos de Carvalho e Dr.ª Maria Silene Alexandre Leite.

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RESUMO

MELO, Crisoleide Silva de. Processo de revitalização da produção familiar de batata no Território do Polo da Borborema-PB: um estudo de caso. 2015. 116f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, 2015.

Instituições de pesquisa e agricultores familiares de forma integrada, coletiva e participativa fomentam a transição da agricultura convencional para agroecológica no Território da Borborema/PB. A ação parte da necessidade de reverter à grave crise socioambiental gerada pela utilização de práticas convencionais baseadas na Revolução Verde. O objetivo dessa pesquisa foi caracterizar um agroecossistema familiar, inserido no Território da Borborema/PB, em processo de transição e envolvido com o cultivo da batata agroecológica (solanum tuberosum l.). A pesquisa teve sua natureza aplicada e como procedimento foi realizado um estudo de caso, direcionado por uma abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório. Foram utilizados métodos observacionais, interacionais, além de registros fotográficos e audiovisuais. O agroecossistema analisado, denominado neste trabalho como Crisântemo, atende os critérios exigidos na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, para que a unidade agrícola seja considerada de produção familiar. Visto que possui: predomínio de mão de obra familiar, renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no agroecossistema; área da propriedade menor que quatro módulos fiscais e, direção do agroecossistema familiar. No agroecossistema foram identificados os seguintes subsistemas: produção vegetal (roçados anuais, quintais, forragem e árvores) e criação animal (bovinos, suínos e aves). Cada subsistema possui características ecológicas particulares que atuam de forma sistêmica e integrada tornando o agroecossistema sustentável. Nos roçados anuais foram identificados as seguintes espécies (batatinha, erva-doce, batata-doce, macaxeira, feijão, milho, fava, jerimum), nos quintais (cebolinha, coentro, couve, alface, tomate, chuchu, maxixe, quiabo, pimenta, erva-cidreira e sabugueiro), nas forragens (palma, abóbora forrageira e capim elefante) e, no subsistema árvores (gliricídia, nim, avelós, sabiá, leucena, algaroba, coqueiro, gravioleira, cajueiro, mamoeiro e goiabeira). Foram identificadas práticas agroecológicas tradicionais e inovadoras, que estão relacionadas ao manejo das sementes, manejo dos solos, manejo de água, manejo dos animais. As práticas Agroecológicas de manejo dos solos estão relacionadas à adubação orgânica mediada pelo biodigestor e pela esterqueira, aplicação de MB-4 (Pó de Rocha), trabalho mínimo dos solos, rotação de culturas e, consórcio de culturas. O processo de transição agroecológica adotada no agroecossistema vem conferindo um crescente nível de sustentabilidade, existindo um comprometimento dos agricultores familiares não apenas com sua unidade familiar, mas com o meio ambiente e com as gerações futuras.

Palavras-chave: Agroecologia; Agricultura Familiar; Agroecossistema; Sustentabilidade

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ABSTRACT

MELO. Crisoleide Silva de. Revitalization process of potato family production in the Borborema-PB pole territory: a case study. 2015. 116f. Dissertation (Master in Production Engineering) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.

Research institutions and family agriculture in an integrated, collective and participative way foster a transition of conventional agriculture for agroecology in the Territory of Borborema/PB. The action starts from the need to revert to the serious socio-environmental crisis generated by the use of conventional practices based on the Green Revolution. The objective of this research was to characterize a family agroecosystem, inserted in the Territory of Borborema / PB, in transition process and involved with the cultivation of agroecological potato (solanum tuberosum L.). The research was done and applied based on a case study, directed to a qualitative, descriptive and exploratory approach. They were adopted by observational, interactive methods, as well as photographic and audiovisual records. The analyzed agroecosystem, called in this work as Crisântemo, meets the criteria required by Law 11.326, of July 24, 2006, so that the agricultural unit is considered as family production. Considering that it has: predominance of family labor, family income of agricultural activities generated in the agroecosystem; area of property less than four fiscal modules, and direction of the family agroecosystem. In the agroecosystem the following subsystems were identified: plant production (annual farm, backyards, forage and trees) and breeding of animals (cattle, pigs and birds). Each subsystem has particular ecological characteristics that act in a systemic and integrated way making the agroecosystem sustainable. The following species were identified in the annual rows: potato, sweet potato, sweet herb, cassava, beans, maize, fava, pumpkin), quintals (chives, coriander, cabbage, lettuce, tomato, chuchu, elephantgrass), and in the sub-system trees (gliricídia, neem, hazelnut, sabiá, leucena, algaroba, coconut, soursop, cashew, papaya and guava). Traditional and innovative agroecological practices have been identified, related to seed management, soil management, water management, and animal husbandry. Agroecological practices of soil management are related to the organic fertilization mediated by the biodigestor and the mackerel, application of MB-4 (Pó de Rocha), minimum soil work, crop rotation and crop consortium. The agroecological transition process adopted in the agroecosystem has provided an increasing level of sustainability, and there is a commitment of family farmers not only to their family unit but also to the environment and future generations.

Keywords: Agroecology; Family Farming; Agroecosystems; Sustainability

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SUMÁRIO

1 CAPÍTULO: INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16

1.1 Delimitação do Tema ...................................................................................................................... 16

1.2 Justificativa ....................................................................................................................................... 21

1.3 Objetivo ............................................................................................................................................. 24 1.3.1 Objetivo Geral .............................................................................................................................. 24 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................. 24

2 CAPÍTULO: REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 25

2.1 Agroecologia ..................................................................................................................................... 25

2.2 Revolução Verde e Sistema Convencional de Produção .......................................................... 28

2.3 Transição Agroecológica ................................................................................................................ 31

2.4 Agroecossistemas ........................................................................................................................... 32 2.4.1 Agroecossistemas no Agreste da Paraíba .............................................................................. 34 2.4.2 Manejo de Agroecossistemas: Práticas Culturais em Agroecologia ................................... 37

2.4.2.1 Manejo dos Solos .............................................................................................................. 38 2.4.2.2 Adubação Orgânica .......................................................................................................... 39 2.4.2.3 Rotação de Culturas ......................................................................................................... 39 2.4.2.4 Plantio em Curvas de Nível ............................................................................................. 40 2.4.2.5 Manutenção do pH do Solo ............................................................................................. 40 2.4.2.6 Trabalho Mínimo do Solo ................................................................................................. 41 2.4.2.7 Melhor Controle da Irrigação ........................................................................................... 41 2.4.2.8 Preservação dos Microrganismos Solos........................................................................ 41 2.4.2.9 Uso de Coberturas Vegetais e Adubação Verde .......................................................... 42 2.4.2.10 Consórcio de Culturas ...................................................................................................... 42 2.4.2.11 Controle Biológico ............................................................................................................. 43 2.4.2.12 Manejo de Animais ............................................................................................................ 43

2.5 Sustentabilidade: Enfoque da Agroecologia ................................................................................ 44 2.5.1 Dimensão Ecológica ................................................................................................................... 46 2.5.2 Dimensão Social ......................................................................................................................... 46 2.5.3 Dimensão Econômica ................................................................................................................ 47 2.5.4 Dimensão Cultural ...................................................................................................................... 47 2.5.5 Dimensão Política ....................................................................................................................... 47 2.5.6 Dimensão Ética ........................................................................................................................... 48

3 CAPÍTULO: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 49

3.1 Classificação da Pesquisa ............................................................................................................. 49

3.2 Método da Pesquisa........................................................................................................................ 50 3.2.1 Métodos Observacionais e Interacionais ................................................................................ 51

3.2.1.1 Primeiro Momento: Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA ........................... 51 3.2.1.2 Segundo Momento: Visita ao Agroecossistema Familiar Crisântemo ...................... 52 3.2.1.3 Terceiro Momento: Reunião com Representantes do POAB ..................................... 53 3.2.1.4 Quarto Momento: Seminário Impacto e Balanço do Processo de Revitalização da Batata 53 3.2.1.5 Quinto Momento: Estudo de Caso .................................................................................. 54

4 CAPÍTULO: RESULTADO E DISCUSSÕES ................................................................................... 55

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4.1 Contextualização do Processo de Revitalização da Batata no Território da Borborema/PB 55

4.2 Estudo de Caso: Agroecossistema Crisântemo ......................................................................... 63 4.2.1 História do Agroecossistema Crisântemo ............................................................................... 63 4.2.2 Perfil dos Agricultores Familiares ............................................................................................. 66 4.2.3 Descrição Geral do Trabalho Familiar no Agroecossistema ................................................ 67

4.2.3.1 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa .............................................................. 67 4.2.3.2 Atividades Desenvolvidas pela Agricultora Beta .......................................................... 70 4.2.3.3 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa Jr. ........................................................ 72 4.2.3.4 Atividades Desenvolvidas pela Agriculta Sigma ........................................................... 74 4.2.3.5 Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema Crisântemo ......... 76

4.2.4 Caracterização da Produção Agrícola do Agroecossistema Crisântemo ........................... 77 4.2.4.1 Produção Vegetal .............................................................................................................. 78 4.2.4.2 Criação Animal................................................................................................................... 83 4.2.4.3 Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da

Renda 87 4.2.5 Práticas Agroecológicas ............................................................................................................ 88

4.2.5.1 Manejo das Sementes ...................................................................................................... 89 4.2.5.2 Manejo dos Solos .............................................................................................................. 89 4.2.5.3 Manejo de Água................................................................................................................. 92 4.2.5.4 Manejo de Animais ............................................................................................................ 94 4.2.5.5 Práticas Agroecológicas Tradicionais e Inovadoras .................................................... 95

5 CAPÍTULO: CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 97

5.1 Sugestões para Estudos Futuros .................................................................................................. 98

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 99

APÊNDICE A: Roteiro Observacional ................................................................................................... 109

APÊNDICE B: Roteiro de Ação Conversacional ................................................................................. 110

APÊNDICE C: Produção Vegetal Comercializada ............................................................................... 111

APÊNDICE D: Produção Animal Comercializada ................................................................................ 112

ANEXO A: Convite - Seminário Revitalização da Batata Agroecológica - 2014 ............................ 114

ANEXO B: Protocolo de Tempo das Atividades Diárias .................................................................... 115

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LISTA DE FIGURA

FIGURA 1 - Três Pilares Tecnológicos Fundamentais da Agricultura Convencional. 28

FIGURA 2 - Paralelo entre Sustentabilidade e Complexidade dos Sistemas ............. 34 FIGURA 3 - Pilares Fundamentais para a Produção Pecuária Agroecológica. .......... 43

FIGURA 4 - Multidimensões da Sustentabilidade. ........................................................... 45 FIGURA 5 - Mapa Mental: Classificação da Pesquisa. ................................................... 49

FIGURA 6 - Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA. .......................................... 52

FIGURA 7 - Visita ao Agroecossistema Crisântemo. ...................................................... 52 FIGURA 8 - Reunião com Representantes do POAB. .................................................... 53

FIGURA 9 - Cidades do Território da Borborema. ........................................................... 55

FIGURA 10 - Agroecossistema Crisântemo. ..................................................................... 64

FIGURA 11 - Vista Aérea do Agroecossistema de Produção Familiar. ........................ 66

FIGURA 12 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa. .................................... 69 FIGURA 13 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Beta. ................................. 71

FIGURA 14 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa Jr. ................................ 73 FIGURA 15 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Sigma. ............................. 75

FIGURA 16 - Modelo de Sustentabilidade dos Agroecossistema. ................................ 78

FIGURA 17 - Principais Produtos Agrícolas (vegetal). .................................................... 79

FIGURA 18 - Principais Produtos Agrícolas (animal). ..................................................... 84

FIGURA 19 - Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da Renda Familiar. ............................................................................ 88

FIGURA 20 - Estoque de Sementes em Silos. ................................................................. 89

FIGURA 21 - Estoque de Sementes em Garrafas PET. ................................................. 89

FIGURA 22 - Esterqueira. .................................................................................................... 91

FIGURA 23 - Biodigestor. ..................................................................................................... 92

FIGURA 24 - Diagrama de Produtos e Pluviometria. ...................................................... 93

FIGURA 25 - Reservatórios de Recursos Hídricos. ......................................................... 94

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Pluviometria das Cidades Produtoras da Batatinha Agroecológica 2010-2014. ............................................................................................................. 60

GRÁFICO 2 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa............................ 69 GRÁFICO 3 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Beta. ....................... 72

GRÁFICO 4 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa. Jr. ..................... 74

GRÁFICO 5 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Sigma. .................... 76 GRÁFICO 6 - Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema. ........ 76

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Estabelecimentos Agropecuários no Território da Borborema/PB. ......... 19

TABELA 2 - Municípios, Famílias e Comunidades Envolvidas com o Plantio da Batatinha Agroecológica. ..................................................................................... 58

TABELA 3 - Produção Familiar de Batatinha Agroecológica 2011-2014. .................... 59 TABELA 4 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades

do Território - 2012. .............................................................................................. 61

TABELA 5 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2014. .............................................................................................. 61

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Módulos Fiscais das Cidades que Integram o Território da Borborema-PB. ........................................................................................................................... 17

QUADRO 2 - Relação entre os Princípios de Manejo dos Agroecossistemas e as Práticas Tradicionais e Inovadoras. ................................................................... 35

QUADRO 3 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário. ..... 36

QUADRO 4 - Perfil Social dos Agricultores do Agroecossistema Crisântemo. ........... 67

QUADRO 5 - Subsistemas no Agroecossistema Crisântemo ........................................ 77 QUADRO 6 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário no

Agroecossistema Crisântemo. ............................................................................ 95

QUADRO 7 - Relação entre os Princípios de Manejo e Práticas Empregadas no Agroecossistemas Crisântemo. .......................................................................... 96

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LISTA DE ABREVIATURAS

AESA - Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba AGROINDEX - Índice de Desenvolvimento da Agricultura Familiar AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projeto em Agricultura Alternativa DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf DRPA - Diagnostico Rápido e Participativo de Agroecossistemas ECOBORBOREMA - Associação dos Agricultores e Agricultoras Agroecológicos do Território da Borborema EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária EMPASA - Empresa Paraibana de Abastecimento FAO - Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação FAPESQ - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MC - Ministério das Comunicações MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário NERA - Núcleo de Extensão Rural e Agroecologia ONG - Organização não governamental ONU - Organização das Nações Unidas P1MC - Programa um Milhão de Cisternas PAA - Programa de Aquisição de Alimentos PET- Politereftalato de etileno PIB - Produto Interno Bruto PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar POAB - Polo Sindical da Borborema PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial SEDAP - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca SERHMACT - Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia SID - Secretaria de Inclusão Digital STR - Sindicato de Trabalhadores Rurais UEPB - Universidade Estadual da Paraíba UFPB - Universidade Federal da Paraíba UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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1 CAPÍTULO: INTRODUÇÃO

Essa pesquisa faz parte do projeto de extensão tecnológica Índice de

Desenvolvimento da Agricultura Familiar: Uma aplicação na produção agroecológica

da batata orgânica na região da Borborema‐PB. (AGROINDEX, 2013). Este projeto

recebe apoio das seguintes instituições: Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado

da Paraíba (FAPESQ), em parceria com a Secretaria de Estado dos Recursos

Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia (SERHMACT), junto com a

Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações (SID/MC). O projeto

foi iniciado em 2014 pela professora Dr.ª Maria Christine Werba Saldanha, no âmbito

do programa rede digital para suporte à inclusão social, produtiva e inovativa de

cidades paraibanas, através da chamada pública 03/2013 - SID/MC/ SERHMACT

/FAPESQ. A equipe do projeto foi composta por docentes, mestrandos e alunos de

graduação de diversas áreas do conhecimento, entre as quais se destacam:

Engenharia de Produção e Ciências Agrárias.

1.1 Delimitação do Tema

A agricultura familiar é um segmento de reconhecida importância no processo

de desenvolvimento rural no Brasil. Diante de várias iniciativas de combate à fome, a

Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano de 2014 como o ano

internacional da agricultura familiar. Segundo a FAO (2014), o objetivo dessa

iniciativa foi reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas,

ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades

para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e

equilibrado.

A agricultura familiar é caracterizada como aquela na qual a gestão dos

trabalhos é exercida pelo produtor e sua família, a mão‐de‐obra familiar é superior

ao trabalho contratado e a área da propriedade está dentro de um limite

estabelecido para cada região do país. (GUANZIROLI e CARDIM, 2000). De acordo

com a lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, as diretrizes para a formulação da

política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares definem o

agricultor familiar como aquele que:

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Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos;

I - Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - Tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo;

IV - Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. (BRASIL, 2006a, p.1).

A medida do módulo fiscal mencionada no inciso I do artigo 3º da lei nº

11.326/2006 é instituída pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(INCRA) e refere-se à unidade de medida de área (expressa em hectares) para

indicação da extensão mínima das propriedades rurais consideradas áreas

produtivas economicamente viáveis. (INCRA, 2013). As cidades que compõe o

Território da Borborema-PB apresentam os seguintes tamanhos unitários do módulo

fiscal conforme mostra o quadro 1.

QUADRO 1- Módulos Fiscais das Cidades que Integram o Território da Borborema-PB.

MUNICÍPIOS TAMANHO UNITÁRIO DO MÓDULO

FISCAL (ha)

Alagoa Nova 16

Algodão de Jandaíra 18

Arara 30

Areia 25

Areial 16

Borborema 20

Campina Grande 12

Casserengue 16

Esperança 12

Lagoa Seca 12

Massaranduba 12

Matinhas 16

Montadas 12

Pilões 25

Puxinanã 16

Queimadas 20

Remígio 18

São Sebastião de Lagoa de Roça 30

Serra Redonda 35

Serraria 30

Solânea 16

Fonte: INCRA, (2013).

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Segundo Picolotto (2011), a lei da agricultura familiar nº 11.326, de 24 de

julho de 2006, foi promulgada para dar maior segurança institucional aos programas

de apoio à agricultura familiar, pois estabelece diretrizes para a formulação da

política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.

Debates sobre a sustentabilidade da agricultura familiar têm gerado efeitos

importantes no que diz respeito à conjectura e efetivação de políticas públicas

direcionadas ao fortalecimento desse segmento. Conforme Azevedo e Pessôa

(2011), a agricultura familiar é um setor muito estratégico para o governo brasileiro.

Ela já é percebida como uma solução para desenvolver e manter a segurança

alimentar e a erradicação da pobreza. Segundo Cassel (2009), a agricultura familiar é

responsável por garantir a segurança alimentar do país e gerar os principais produtos da

cesta básica consumida pelos brasileiros, mesmo cultivando produtos em uma área

menor que a dos estabelecimentos de produção agrícola não familiar.

Diversas políticas públicas no Brasil vêm sendo desenvolvidas ao longo dos

anos para apoiar setores agrícolas, como o familiar. O Governo Federal no ano de

2003 iniciou a política de promoção de desenvolvimento dos territórios rurais,

através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA), denominada de Programa Nacional de

Desenvolvimento dos Territórios Rurais. A orientação estratégica do Governo

Federal direciona esforços para a redução da pobreza, o combate à exclusão social

e a diminuição das desigualdades sociais e regionais. (BRASIL, 2005b).

Como forma de subsidiar a formulação de estratégia para a elaboração de

políticas púbicas a SDT/MDA apresenta diversas diretrizes de apoio ao

desenvolvimento sustentável dos territórios rurais, entre elas:

Estimular a construção de alianças buscando fortalecer o protagonismo dos agricultores familiares nos processos de gestão social das políticas públicas;

Atuar em sintonia e sinergia com os vários níveis de governo, com as entidades da sociedade civil e organizações dos movimentos sociais representativos dos diversos seguimentos comprometidos com o desenvolvimento rural sustentável centrado na agricultura familiar e na reforma agrária. (BRASIL, 2005b, p.12).

De acordo com Sauer e Leite (2012), a realização do censo agropecuário

2006 trouxe luzes para a compreensão da importância da agricultura familiar

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brasileira, com seus contornos e nuanças. Para os autores França, Grossi e

Marques (2009), o censo do IBGE realizado em 2006 mostrou que os agricultores

familiares respondem por 84% dos estabelecimentos do país, ocupam 24,3% da

área cultivada e empregam 74,4% da mão de obra do setor. Ainda conforme os

autores citados, a agricultura familiar mesmo com pouca área cultivada representa

10% do Produto Interno Bruto (PIB) total do país.

No Brasil, a agricultura familiar vem se destacando como um segmento

agrícola gerador de renda no meio rural. Para Souza (2013, p.46), a agricultura

familiar no Brasil é “composta por um conjunto plural de pequenos e médios

produtores rurais, assentamentos de reforma agrária e de comunidades rurais

tradicionais, representando a imensa maioria dos produtores brasileiros”.

Segundo Wanderley (2011, p.29), “a agricultura familiar povoa o campo e

anima a vida social ao passo que se opõe ao absenteísmo praticado pela agricultura

latifundiária que esvazia o meio rural”. Para Verona (2008, p.20), “a agricultura

familiar é reconhecidamente de extrema importância no Brasil, pelo número de

estabelecimentos, por sua participação na economia e pelo modelo diferenciado de

alta qualidade da produção agrícola”.

O segmento agrícola no Território da Borborema segundo o censo do IBGE

(2006a), conta com 27.564 estabelecimentos agropecuários, dos quais 24.725 (90%)

são estabelecimentos familiares e 2.839 (10%) estabelecimentos não familiares.

Ainda conforme o instituto, os estabelecimentos familiares correspondem a 43,12%

da área total do território e são responsáveis por 60,17% do valor total das receitas

geradas no mesmo (Tabela 1).

TABELA 1 - Estabelecimentos Agropecuários no Território da Borborema/PB.

MUNICÍPIOS

Estabelecimentos (Unidades)

Área (Hectares)

Valor das receitas obtidas em 2006 pelos

estabelecimentos agropecuários (Mil Reais)

AGRICULTURA FAMILIAR

NÃO FAMILIAR

AGRICULTURA FAMILIAR

NÃO FAMILIAR

AGRICULTURA FAMILIAR

NÃO FAMILIAR

Alagoa Nova 1.583 130 5.593 5.688 18.546 14.868

Algodão de Jandaíra

140 37 2.673 7.851 86 157

Arara 1.038 50 4.661 1.023 970 154

Areia 1.727 327 7.429 14.536 7.166 6.323

Areial 547 51 2.252 1.013 1.018 152

Borborema 263 35 1.175 1.118 23.803 5.253

Campina 1.806 332 7.246 21.455 5.685 11.269

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Continuação

Grande

Casserengue 753 40 6.078 5.301 806 505

Esperança 1.775 141 6.332 3.749 2.188 2.250

Lagoa Seca 1.592 228 4.721 14.026 26.704 3.428

Massaranduba 1.809 166 5.452 12.701 1.925 404

Matinhas 736 82 2.624 1.008 27.005 29.253

Montadas 477 50 1.509 1.218 1.171 17.797

Pilões 684 78 2.749 2.435 5.591 632

Puxinanã 833 119 3.333 1.680 2.349 3.964

Queimadas 3.299 315 11.156 13.320 4.379 9.294

Remígio 896 63 5.125 6.963 1.893 652

São Sebastião de Lagoa de Roça

1.398 106 3.473 918 2.030 611

Serra Redonda

930 194 2.513 1.333 598 151

Serraria 672 115 2.524 4.179 4.265 6.908

Solânea 1.767 180 9.126 7.441 1.730 889

TERRITÓRIO DA

BORBOREMA 24.725 2.839 97.744 128.956 139.908 114.914

Fonte: IBGE (2006a).

Ainda de acordo com os dados da tabela 1, verifica-se que existem 2.839

(9,24%) estabelecimentos não familiares, apesar de poucos em relação aos

estabelecimentos familiares, ocupam uma área de 128.956 hectares (56,9% das

terras). Os dados apontam um problema de concentração de terras. Mas, problemas

como esse e desigualdades sociais vêm ao longo dos anos sendo combatido por um

movimento social (sindicalismo) no Território do Polo da Borborema.

Os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STR’s) do Território vêm ao longo

dos anos priorizando em suas agendas o desenvolvimento da agricultura familiar e

da Agroecologia. Eles vêm acompanhando e estimulando experiências

agroecológicas nos agroecossistemas, e o cultivo da batatinha (Solanum tuberosum

L.) é uma dessas experiências.

Tomando como base o exposto, o presente trabalho buscou responder ao

seguinte problema de pesquisa: Quais as características de um agroecossistema

familiar envolvido com o processo de transição agroecológica e com o

processo de revitalização da batata (Solanum tuberosum L.) no Território da

Borborema/PB?

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1.2 Justificativa

Práticas agroecológicas vêm conferindo um crescente nível de sustentabilidade

ética, cultural, política, ecológica, econômica e social aos agroecossistemas

familiares. Para Lopes (2009), A agroecologia possui práticas e princípios

metodológicos capazes de orientar cientificamente agriculturas sustentáveis.

Caracterizar um agroecossistema familiar em processo de transição

agroecológica e envolvido com o cultivo da batata agroecológica no Território da

Borborema/PB, permite evidenciar práticas agrícolas que corroboram com a

agroecologia, com a sustentabilidade local e, com a própria sustentabilidade do

agroecossistema familiar.

No Território da Borborema instituições sociais e não governamentais

(ONG’s) buscam ao longo dos anos promover a agricultura familiar e disseminar

práticas agroecológicas. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Agreste

Paraibano, como entidade de representação “vem ao longo dos anos demonstrando

preocupação com a sustentabilidade da agricultura familiar e com o processo de

solidariedade, emancipação e cooperação dos sujeitos coletivos”. (DIAS, 2010, p.

49).

De acordo com Bastos (2010), os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR’s)

de Solânea e Remígio no ano de 1993 e Lagoa Seca no ano de 1996 iniciaram o

processo de buscar novas ações para fomentar a agricultura familiar em seus

municípios. O passo primordial foi estabelecer uma parceria com a Assessoria e

Serviços a Projeto em Agricultura Alternativa (AS-PTA). Estabelecida a parceria, a

primeira ação realizada entre as organizações AS-PTA e os STR’s foi à realização

de um Diagnostico Rápido e Participativo de Agroecossistemas (DRPA) nas cidades

de Remígio, Solânea e Lagoa Seca.

Para Petersen e Sabourin (2002a), a parceria possibilitou às direções

sindicais se inserirem num esforço sistemático e coletivo para conhecerem a

realidade da agricultura familiar, para isso realizaram um DRPA nos seus

respectivos municípios.

DRPA é uma metodologia adaptada pela AS-PTA a partir de referenciais conceituais e metodológicos oriundos das escolas francesa e inglesa de desenvolvimento agrícola. [...], fornece subsídios para a formulação de estratégias técnicas de conversão ecológica dos agroecossistemas, [...]

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estimula os atores locais a assumirem o papel protagonístico no processo. (PETERSEN; SILVEIRA, 2002a, p.132).

De acordo com Caniello, Piraux, Bastos (2013), os STR’s subsidiados pelos

diagnósticos passaram a atuar como um ator coletivo demandador de políticas

públicas específicas e como um espaço político organizativo em torno de um projeto

comum de desenvolvimento local focado na promoção da agroecologia.

A experiência nos municípios Remígio, Solânea e Lagoa Seca permitiram “a

busca de modelos alternativos de desenvolvimento rural, baseados no

reconhecimento da força e da diversidade produtiva e cultural da agricultura

familiar[...]”. (DELGADO; LEITE, (2011, p. 458).

Com a finalidade de conduzir os processos sociais de inovação baseados nos

princípios da Agroecologia e com objetivo de promover o desenvolvimento

sustentável da agricultura familiar no Território, os STR’s de 14 municípios (Arara,

Areial, Alagoa Nova, Casserengue, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça,

Lagoa Seca, Massaranduba, Matinhas, Montadas, Queimadas, Remígio, Solânea, e

Serra Redonda) se uniram e formaram o Polo Sindical da Borborema (POAB).

(BASTOS, 2010). O POAB pode ser entendido como:

O Polo Sindical da Borborema (POAB) é uma rede de organizações que envolvem 14 sindicatos de trabalhadores rurais, uma associação regional de agricultores agroecológico (ECOBORBOREMA), mais de 150 associações comunitárias e vários outros tipos de grupos informais [...] vem ao longo dos últimos anos assumindo um papel determinante na condução dos processos sociais de inovação baseada nos princípios da agroecologia com objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar na região. (BASTOS, 2010, p.56).

De acordo com Silveira, Freire e Diniz (2010), o Território de atuação do

POAB reúne um espaço de uma afirmação campesina comprometida com a

Agroecologia e com formas de obtenção de produtos de melhor qualidade,

valorizando o agricultor familiar e suas potencialidades, suas bases sociais, seu

trabalho e sua cultura.

O Polo Sindical da Borborema (POAB) incentiva e desenvolve o processo de

revitalização da batata (Solanum tuberosum L.) popularmente conhecida por

batatinha. Esse incentivo segundo Silveira, Freire e Diniz (2010), parte da premissa

de uma intensa dinâmica social de experimentação de inovações e disseminação

por meio de um processo de aprendizagem coletiva, fundado na revalorização dos

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23

conhecimentos sobre o manejo dos agroecossistemas locais que são de domínio

das famílias agrícolas.

Segundo Silva et al. (2011, p.2), “a batatinha foi introduzida na região do

agreste paraibano no município de Esperança/PB entre os anos 1930 e 1935, porém

a sua produção foi desenvolvida somente a partir de 1975, através do Projeto

Polonordeste com a instalação de um frigorífico para a conservação das sementes”.

A partir de incentivos financeiros disponibilizado pelo governo os agricultores

familiares foram modificando seus sistemas de produção. Nesse contexto a

diversidade de cultivo deu espaço ao monocultivo com ênfase na produção de

batatinha. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013). Ao longo dos anos, a batatinha deixou

de ser uma cultura altamente rentável para ser altamente onerosa, do ponto de vista

econômico, social e ambiental. (AS-PTA, 2011a).

Diante da crise do tubérculo muitas famílias abandonaram o cultivo, mas

outras tantas continuaram a plantar de forma agroecológica, consorciada com outras

culturas e sem o emprego de produtos químicos. (AS-PTA, 2011a). Os incentivos

governamentais condicionados à monocultura, ao uso de agrotóxicos e fertilizantes

químicos, geravam uma enorme dependência, endividamento e contaminação ao

meio ambiente. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013).

Para articular e liderar o processo de revitalização da batatinha, em 2011

formou-se a comissão territorial da batata agroecológica. Conforme AS-PTA (2011b),

essa comissão territorial acompanha o processo de revitalização e, tem por objetivo

construir uma abordagem participativa em todo o processo de negociação. Dessa

forma busca fortalecer as famílias agrícolas, a produção, a comercialização e o

planejamento.

Corroborando Cunha (2013), ratifica que o movimento para a consolidação do

processo de revitalização do plantio da batatinha, tomou impulso em 2011 quando

foi consolidada a comissão territorial da batata agroecológica. Segundo AS-PTA

(2011b), essa comissão é formada por: agricultores familiares produtores de

batatinha, representantes da AS-PTA, representantes da Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuária (EMEPA), integrantes do POAB, representantes da

EMATER/PB, integrantes da ECOBORBOREMA, representante da Secretaria de

Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (SEDAP) e Universidade

Estadual da Paraíba/Núcleo de Extensão Rural e Agroecologia (UEPB/NERA).

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Entre os 21 (vinte e um) municípios do Território da Borborema 7 (sete) estão

desde 2010 envolvido no processo de revitalização da batatinha. Conforme os

autores Silva, Vieira e Santos (2013), os municípios envolvidos com o processo de

revitalização da batatinha são: Areial, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça,

Lagoa Seca, Massaranduba, Montadas e Remígio.

Para Silva et al. (2011, p.2), o plantio da batata agroecológica que vem sendo

fomentado nas cidades do Território da Borborema possui características específicas

e vem buscando ao longo dos anos formas para promover o desenvolvimento

sustentável local.

1.3 Objetivo

1.3.1 Objetivo Geral

Caracterizar um agroecossistema familiar, inserido no Território da

Borborema/PB, em processo de transição agroecológica e envolvido com o cultivo

da batata (Solanum tuberosum L.).

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Apresentar a contextualização em que o agroecossistema familiar em processo

de transição agroecológica encontra-se inserido;

b) Descrever o agroecossistema familiar em processo de transição agroecológica

pertencente ao Território da Borborema/PB;

c) Identificar práticas sustentáveis que corroboram para o processo de transição da

agricultura convencional para agricultura agroecológica.

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2 CAPÍTULO: REFERENCIAL TEÓRICO

Esse capítulo aborda conceitos e referenciais teóricos relacionados aos

objetivos do estudo, foram abordados temas como: Revolução Verde, sistema

convencional de produção, Agroecologia, práticas agroecológicas, agroecossistema

e sustentabilidade.

2.1 Agroecologia

O uso contemporâneo do termo Agroecologia, data dos anos 70 mas, a

ciência e a prática da agroecologia são tão antigas quanto as origens da agricultura.

(HECHT, 2002, tradução nossa). Rosa e Freire (2010, p.168) relatam que “o termo

Agroecologia passou a ser usado no meio científico para designar uma agricultura

diferente da proposta pela Revolução Verde”. No início dos anos 70, a Revolução

Verde com a suas práticas não ecológicas, de uso intensivo de substâncias

químicas, estratégias de criação de animais e especialização em monocultura,

intensificaram os estudos sobre a importância de uma literatura pautada na

Agroecologia. (WEZEL; BELLON, 2009, tradução nossa).

Para Casado, Molina e Sevilla (2000, tradução nossa), a Agroecologia se

materializou em todo o mundo como uma estratégia para o desenvolvimento rural

sustentável e um forte componente endógeno, resultando em inúmeras

experiências, socialmente justas, ecologicamente corretas, economicamente viável e

culturalmente aceitável.

Na América Latina, a Agroecologia tem sido difundida como uma técnica-

agronômica capaz de orientar o desenvolvimento rural sustentável para a

racionalização energética da produção agrícola, com o mínimo possível de impactos

ambientais e eficiência econômica em geral. (NORGAARD; SIKOR, 2002, tradução

nossa). No Agreste da Paraíba a Agroecologia vem sendo disseminada como:

A ciência da Agroecologia fornece conceito e método para um estilo de desenvolvimento tecnológico que responda pela urgente necessidade de promoção de uma agricultura a um só tempo economicamente viável, ecologicamente sustentável, socialmente justa e culturalmente apropriada. (PETERSEN; SILVEIRA, 2002b, p.125).

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A agroecologia emergiu no início dos anos 80 com uma estrutura básica

conceitual distinta para o estudo dos agroecossistemas. (GLIESSMAN, 2009). Os

pesquisadores Caporal e Costabeber (2004), ratificam que a Agroecologia se baseia

no conceito de agroecossistema como unidade de análise. Ela ultrapassa a visão

unidimensional e proporciona bases científicas para apoiar o processo de transição

do modelo de agricultura convencional para estilos de agricultura sustentável.

O autor Araújo, baseado em um contexto agronômico elucidou os seguintes

objetivos da Agroecologia:

a) Aumentar a diversidade biológica do sistema em seu conjunto; b) Promover os trabalhos coletivos dentro da unidade familiar; c) Respeitar as relações de gênero e geração; d) Incrementar a atividade biológica e a fertilidade do solo; e) Reutilizar os restos de origem vegetal e animal a fim de devolver

nutrientes ao solo; f) Basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados

localmente; g) Promover o uso sustentável dos recursos naturais a partir do manejo

racional do solo, da água e do ar; h) Manipular os produtos agrícolas, insistindo no uso de métodos de

elaboração cuidadosos; i) Utilizar variedades tradicionais e espécies locais. (ARAÚJO et al. 2010,

p.11).

Para Caporal e Costabeber (2004), a Agroecologia não aborda apenas os

aspectos meramente ecológicos ou agronômicos da produção, sua preocupação

fundamental é, encarar os agroecossistemas como unidade fundamental de estudo,

onde os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e

as relações socioeconômicas são investigadas e analisadas em seu conjunto. Para

Petersen e Silveira (2002a, p. 124), “a harmonização das atividades produtivas com

os contextos socioambientais locais é o princípio da agroecologia”.

A Agroecologia busca “reunir e organizar contribuições de diversas ciências

naturais e sociais. Sem descartar os conhecimentos já gerados, procura incorporá-

los dentro de uma lógica integradora e mais abrangente que a apresentada pelas

disciplinas isoladas”. (EMBRAPA, 2006a, p.25). Corroborando Casado, Molina e

Sevilla (2000, tradução nossa), enfatizam que vários campos de conhecimento

científico, têm contribuído para formar o corpus teórico e metodológico dessa

ciência. Diante da capacidade integradora da Agroecologia o pesquisador Caporal

acrescenta:

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Ao contrário das formas compartimentadas de ver e estudar a realidade, ou dos modos isolacionistas das ciências convencionais, baseadas no paradigma cartesiano, a Agroecologia busca integrar os saberes históricos dos agricultores com os conhecimentos de diferentes ciências, permitindo, tanto a compreensão, análise e crítica do atual modelo do desenvolvimento e de agricultura, como o estabelecimento de novas estratégias para o desenvolvimento rural e novos desenhos de agriculturas mais sustentáveis, desde uma abordagem transdisciplinar. (CAPORAL, 2009a, p.15).

Já o pesquisador Altieri (2002a), enfatiza a importância da Agroecologia como

uma disciplina que fornece os princípios ecológicos básicos para estudar, projetar e

gerenciar agroecossistemas.

A agroecologia absorve outras disciplinas científicas, saberes, conhecimentos

e experiências dos próprios agricultores. Essa capacidade de absorção permite o

estabelecimento de estratégias amplas com maior capacidade para orientar o

desenho e o manejo de agroecossistemas sustentáveis, assim como nortear o

desenvolvimento rural sustentável. (CAPORAL; COSTABEBER, 2004).

De acordo com Caporal, Costabeber e Paulus (2005, p.1), a Agroecologia

surge como uma “matriz disciplinar integradora de saberes, conhecimentos e

experiências de distintos atores sociais, dando suporte à emergência de um novo

paradigma de desenvolvimento rural”. Para Casado, Molina e Sevilla (2000, tradução

nossa), a Agroecologia se alimenta de várias disciplinas, acumulando suas reflexões

teóricas e conceituais científicas. Contudo, também absorve o conhecimento

tradicional e empírico dos pequenos agricultores sobre o funcionamento da

natureza.

A Agroecologia ao atuar como matriz disciplinar procura ser integradora,

rompendo com o isolacionismo das ciências e das disciplinas. (CAPORAL, 2009b).

Conforme os autores Balem et al. (2009, p.13), Agroecologia “resgata a agricultura

como uma cultura do Agro e retoma o agricultor como agente do processo de

geração de conhecimento. Essa ação dar um sentido radical a Agroecologia como

superação de um modelo de desenvolvimento”.

Segundo Caporal (2009b), é importante reter o entendimento da Agroecologia

com uma ciência do campo da complexidade ao passo que procura ser integradora,

sistêmica, complexa, e holística e, por isso mesmo, mais apropriada como

orientação teórica e prática para estratégias capazes de fazer avançar a construção

de agriculturas mais sustentáveis. Altieri (1998b), ratifica Agroecologia como a

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ciência que representa um enorme salto na direção certa para agriculturas

sustentáveis.

2.2 Revolução Verde e Sistema Convencional de Produção

Em relação à agricultura, o desenvolvimento teve sua expressão mais

manifesta, naquilo que se conhece como Revolução Verde. A Revolução Verde

partiu da promessa de erradicar a fome no mundo ao passo que conseguisse

aumentar a oferta de alimentos. (ALBERGONI; PELAEZ, 2007). As técnicas e

métodos que influenciaram a agricultura convencional, permitiram aumentar a

produção mundial de alimento, diminuir custos de plantio, transporte e

comercialização, assim como provocou a degradação do solo, a perda da

biodiversidade, a prática da monocultura e o uso indiscriminado de fertilizantes e

agrotóxicos. (KAMIYAMA, 2011).

A Revolução Verde foi capaz de potencializar a produção agrícola. Mas de

acordo com Caporal e Costabeber (2004), esse modelo tem sido bastante criticado

por haver privilegiado aos agricultores mais dotados de recursos e aos

agroecossistemas com maior capacidade de resposta aos investimentos

tecnológicos, aumentando com isso as desigualdades sociais. Esse modelo de

desenvolvimento baseado na alavancagem das relações de produção “tem como

principais implicações o crescimento do nível de degradação dos recursos naturais,

aumento da poluição ambiental e aumento nos níveis de desigualdade social e de

concentração de riqueza”. (MARTINS e CANDIDO, 2011, p.4).

A figura 1, desenvolvida por Aquino e Assis (2005, p.24), apresenta os três

pilares tecnológicos fundamentais, que subsidiam o modelo convencional e a

maximização da produção agrícola.

FIGURA 1 - Três Pilares Tecnológicos Fundamentais da Agricultura Convencional.

Fonte: Aquino e Assis (2005, p.24).

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De acordo com Mazalla Neto (2009, p. 15), a forma de produção agrícola que

envolve “máquinas agrícolas e sistemas de irrigação torna o trabalho mais rápido e

mais barato por utilizar menos mão de obra; melhoramento de sementes; adubos;

fertilizantes e agrotóxicos para aumentar a produção bruta dos produtos agrícolas e

a qualidade do produto”. Desta forma a Revolução Verde consistiu em:

Na segunda metade do século XX, vários países latino-americanos engajaram-se na intitulada Revolução Verde, um ideário produtivo proposto e implementado nos países mais desenvolvidos após o término da Segunda Guerra Mundial, cuja meta era o aumento da produção e da produtividade das atividades agrícolas, assentando-se para isso no uso intensivo de insumos químicos, das variedades geneticamente melhoradas de alto rendimento, da irrigação e da motomecanização. Políticas públicas nacionais foram criadas, tendo a pesquisa agrícola e a extensão rural – aliadas geralmente ao crédito agrícola subsidiado – como os principais instrumentos para a concretização dessas políticas. (ALTIERI, 1998b, p. 7).

Para Andrades e Ganimi (2007, p.2), as intenções das empresas eram

pautadas na “maximização do lucro através da monopolização de fatias cada vez

maiores do mercado e a aquisição de royalty por intermédio dos pacotes

tecnológicos, criando um círculo de dependência para o agricultor”. Destaca Casado

e Mielgo, (2007, tradução nossa), os agricultores tiveram que fazer grandes

investimentos monetários para a aquisição de tecnologia exógena para que suas

propriedades aumentassem a produtividade física e econômica e se tornarssem

eficazes na produçao de bens agrícola.

Sendo assim, para Silva et al. (2011, p.1), a Revolução Verde pode ser

visualizada como uma maneira capitalista de controlar a agricultura, ao passo que as

técnicas modernas de melhoramento e desenvolvimento de práticas do uso de

pacotes tecnológicos como: agrotóxicos, máquinas, tratores e sementes, foram

substituindo as variedades de plantas e as práticas tradicionais.

Para Caporal (2009b, p.1), a Revolução Verde, têm sido responsáveis por um

conjunto de variáveis que levaram a uma crise socioambiental sem precedentes na

história da humanidade. Ela causou profundos impactos no que tange a seus

aspectos sociais, entre eles: “aumento da concentração da renda e da terra,

exploração da mão-de-obra no campo, envenenamento dos agricultores e migração

para as cidades”. (ANDRADES e GANIMI, 2007, p.1).

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A Revolução Verde aumentou a produção mundial de alimentos e diminuiu os

custos de produção, assim como trouxe impactos ambientais e sociais entre eles:

Degradação dos solos pela ocorrência de erosão, acidificação, salinização e compactação;

Desmatamentos ilegais;

Erosão genética e perda da biodiversidade pela especialização da produção;

Contaminação da água, solos e dos alimentos pelo uso inadequado de adubos químicos e agrotóxicos;

Intoxicação de agricultores, trabalhadores rurais e consumidores pelo uso indevido de agrotóxicos;

Aparecimento de novas pragas e surgimento de pragas resistentes;

Concentração de renda e exclusão social. (KAMIYAMA, 2011, p.17).

Para Aquino e Assis (2005 p. 26), a “agricultura convencional não cumpriu

seu objetivo de melhorar a vida da população rural, marginalizando contingentes

enormes dessa população, que vivem o drama do êxodo e da vida marginal nos

grandes centros urbanos”. Corroborando com as consequências da crise oriunda da

revolução o autor Gliessman destaca:

[...] todos os países nos quais práticas de “Revolução Verde” foram adotadas em larga escala experimentaram declínios recentes na taxa de crescimento anual do setor agrícola. Ademais, em muitas áreas onde as práticas modernas foram instituídas para cultivar grãos na década de 1960 (sementes melhoradas, monocultura e aplicação de fertilizantes), os rendimentos começaram a se manter no mesmo nível e, até, decaíram após os espetaculares aumentos iniciais. (GLIESSMAN, 2009, p 40).

Ao analisar os limites do modelo tecnológico herdado da Revolução Verde,

surge a evidência que a transição a uma agricultura de base ecológica não é um

processo unilinear, mas sim de múltiplas dimensões, o que reflete a própria

complexidade da noção de sustentabilidade. (COSTABEBER; MOYANO, 2000).

Para Borsatto (2011, p.79), “o mérito do pensamento complexo consiste no

fato de priorizar o enfoque transdisciplinar para abordar e propor estratégias;

portanto, não é um pacote de intervenções, mas um conjunto de reflexões

elaboradas a partir de múltiplas dimensões”.

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2.3 Transição Agroecológica

Conforme Costabeber e Moyano (2000 p.2), “o termo transição, em sua

acepção semântica, pode designar simplesmente a ação e efeito de passar de um

modo de ser ou estar a outro distinto. Para Caporal e Costabeber (2004, p.88), a

transição agroecológica pode ser definida como o “processo gradual de câmbio

através do tempo nas formas de manejo e gestão dos agroecossistemas, tendo

como meta a passagem de um sistema de produção convencional a outro sistema

de produção que incorpore princípios, métodos e tecnologias com base ecológica”.

Para Canuto (2009, tradução nossa), o conhecimento dos agricultores e a pesquisa

institucional também têm um grande potencial no apoio aos processos de transição

agroecológica.

De acordo com a Embrapa (2006a, p.59), se tratanto de transição interna ao

sistema produtivo, três passos são fundamentais: “Redução e Racionalização do

Uso de Insumos Químicos; Substituição de Insumos; Manejo da Biodiversidade e

Redesenho dos Sistemas Produtivos”. Corroborando Altieri destaca:

A conversão do manejo convencional é um processo de transição com quatro fases distintas, consistindo de retirada progressiva de produtos químicos; racionalização e melhoramento da eficiência no uso de agroquímicos por meio do manejo integrado de pragas e manejo integrado de nutrientes; substituição de insumos, utilizando tecnologias alternativas e de baixo consumo de energia; replanejamento do sistema agrícola diversificado visando incluir uma ótima integração plantação/animal. (Altieri,1998b, p.76).

No enfoque agroecológico o conceito de transição não é simplesmente buscar

a substituição de insumos ou a diminuição do uso de agrotóxicos, mas um processo

capaz de implementar mudanças multilineares e graduais nas formas de manejo dos

agroecossistemas. (CAPORAL, 2009a). O pesquisador Gliessman (2009), distingue

três níveis do processo de transição:

Nível 1: Aumento da eficiência de práticas convencionais a fim de reduzir o uso e o consumo de insumos escassos, caros ou ambientalmente danosos. [...];

Nível 2: Substituição de insumos e práticas convencionais por práticas alternativas. [...];

Nível 3: Redesenhar o agroecossistema de forma que ele funcione baseado em um novo conjunto de processos ecológicos. (GLIESSMAN, 2009, p.574).

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O autor supracitado destaca que a medida que as famílias agricultoras

resolvem reduzir sua dependência em relação aos insumos externos e artificiais,

elas passam a estabelecer uma produção de alimentos mais fortemente baseada em

princípios ecológicos.

2.4 Agroecossistemas

O interesse na busca pelo estudo dos agroecossistemas, surgiu com a

intenção de se obter uma resposta às mudanças ocorridas em dado sistema, sem

perder o enfoque integrado, visando o alcance de uma produção ecologicamente

equilibrada, socialmente justa e economicamente viável. (LIMA et al., 2011).

Para Petersen e Silveira (2002a, p.126), sob a perspectiva socioeconômica,

“o agroecossistema é um sistema econômico no qual se imbricam subsistemas de

produção de bens e serviços voltados para o mercado e para o consumo da família”.

De acordo com Hernández (2009, traduçao nossa), partindo da premissa da

Agroecologia, agroecossistema é a unidade básica de trabalho, o conceito vem da

ecologia (ecossistema), e permite enquadrar os agroecossistemas como

ecossistemas transformados pela ação humana através de práticas agrícolas. Já os

ecossistemas são sistemas ecológicos complexos, grandes e interdependentes,

cujas relações garantem a dinâmica, equilíbrio e a sustentabilidade do mesmo,

através basicamente de dois aspectos: direcionamento da energia e reciclagem

contínua dos materiais. (LIMA et al., 2011).

Para Gliessman (2009), deve-se ter consciência de que cada ecossistema

tem uma capacidade de produção, portanto as bases do enfoque agroecológico

visam manter a produtividade agrícola, mantendo a capacidade produtiva do solo, a

qualidade e a quantidade dos alimentos ao longo prazo. O agroecossistema pode

ser considerado como:

Sistemas ecológicos modificados pelo ser humano com finalidade de produzir comida, fibras ou outros produtos agrícolas. Também são considerados como um conjunto ou um arranjo de componentes unidos que se relaciona de tal maneira que formam ou atuam com um único sistema formado por várias interações intrínsecas que define as características e suas propriedades. (LIMA et al., 2011, p. 85).

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Corroborando relata Gliessman (2009) o agroecossistema consiste em uma

unidade de produção agrícola ou uma propriedade agrícola, que engloba todos os

organismos, sejam eles de interesse agropecuário ou não, e considera as interações

nos níveis de população, comunidade e ecossistema, tendo como prioridade a

sustentabilidade. Ainda conforme o autor os agroecossistemas proporcionam uma

estrutura com a qual é possível analisar os sistemas de produção de alimentos como

um todo, incluindo seus conjuntos de insumos e produção e as interconexões entre

as partes que os compõe.

Conforme o Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas (NEREN)

(2015), os agroecossistemas dizem respeito a sistemas agrícolas, onde os recursos

naturais como solo, água, flora e fauna se inter-relacionam e, por sua vez, interagem

com o homem com efeitos recíprocos. Para Gliessman (2009), os agroecossistemas

ainda possuem uma relação entre o mundo social e o natural, no qual é criado uma

teia de conexões que se dissemina.

Corroborando com Gliessman, os autores Petersen, Silveira e Almeida

(2002b), relatam que o funcionamento do agroecossistema comporta complexa teia

de interações entre os sistemas técnico, ecológico e socioeconômico, além de se

revestirem de caráter processual e histórico, devido permanentes modificações.

Para Altieri (1998b), em agroecossistemas tradicionais o predomínio de

sistemas de cultivos complexos e diversificados tem uma importância chave na

medida em que as interações entre plantas cultivadas, animais e árvores resultam

em sinergismos benéficos que permitem aos agroecossistemas promover sua

própria fertilidade de solo, controle de pestes e produtividade.

A complexidade do agroecossistema permiti que os cultivos atinjam níveis de

produtividade aceitáveis até em condições ambientalmente desfavoráveis como por

exemplo: solos marginais, áreas secas, áreas facilmente inundadas ou com poucos

recursos. (ALTIERI, 2010c). Já para Caporal (2009b, p.13), quanto mais

diversificados e integrados forem os sistemas de cultivos e criações mais próximos

estarão da sustentabilidade ambiental desejada e possível. Conforme mostra a

figura 2.

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FIGURA 2 - Paralelo entre Sustentabilidade e Complexidade dos Sistemas.

Fonte: Caporal (2009a, p.13).

O pesquisador Altieri (1998b), afirma que os agroecossistemas apresentam

características geográficas e históricas peculiares, mas podem apresentar muitas

características estruturais e funcionais semelhantes, entre elas o autor destaca:

a) Contêm um grande número de espécies; b) Exploram toda uma gama de microambientes com características

distintas, tais como solo, água, temperatura, altitude, declividade ou fertilidade, seja em um único campo de cultivo, seja em uma região;

c) Mantêm os ciclos de materiais e resíduos através de práticas eficientes de reciclagem;

d) Têm como suporte interdependências biológicas complexas, resultando em um certo grau de supressão biológica de pragas;

e) Utilizam baixos níveis de insumos tecnológicos, mobilizando recursos locais baseados na energia humana e animal;

f) Fazem uso de variedades locais e espécies silvestres de plantas e animais;

g) Produzem para consumo local. (ALTIERI, 1998b, p.31).

2.4.1 Agroecossistemas no Agreste da Paraíba

Para Petersen e Silveira (2002), os agroecossistemas presentes na região do

Agreste da Paraíba apresentam forte diversidade. Eles saíram de ciclos de

monocultivo de mamona, algodão e sisal, e possuem em torno de seis subsistemas

de cultivos: “culturas anuais (roçados), culturas permanentes (fruteiras), criação

animal (principalmente bovinos), quintais, pequena irrigação (muito pouco frequente)

e extrativismo (também de pouca relevância)”. (PETERSEN; SILVEIRA; ALMEIDA,

2002b, p.30).

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De acordo com Petersen, Silveira e Almeida (2002, p.31-32), no Agreste da

Paraíba três princípios de manejo são universalmente adotados nos

Agroecossistemas tradicionais da região:

1) A manutenção de alta biodiversidade funcional - A valorização produtiva dos recursos abióticos (água, nutrientes, radiação) disponíveis nos ecossistemas naturais e nos agroecossistemas depende essencialmente da capacidade deles se transformarem em biomassa vegetal [...]. A biomassa produzida nos diferentes subsistemas é manejada de forma a favorecer a interação entre eles que, por isso, assumem entre si forte grau de complementariedade e sinergia [...];

2) A constituição e o manejo de estoques de recursos - Em face da irregularidade das condições pluviométricas e de baixa capacidade de retenção de água nos solos [...]. As estratégias de estocagem nos agroecossistemas incluem a acumulação de reservas hídricas, forragens, de alimento, de sementes e de capital, entre outras;

3) A valorização produtiva de espaços limitados com alto potencial de produtividade biológica - A grande heterogeneidade ecológica [...], as áreas com alto potencial de produtividade biológica são utilizadas intensivamente pelas famílias da região e respondem por significativa

proporção de suas rendas [...]. (PETERSEN; SILVEIRA; ALMEIDA (2002, p.31-32).

A relação dos três princípios de manejos e as práticas tradicionais e

inovadoras executadas nos agroecossistemas do Agreste da Paraíba pode ser

verificada no quadro 2. Os autores Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.91),

ratificam que a medida que as práticas adotadas se revestem de caráter

multifuncional promovem impactos sistêmicos e os três princípios estratégicos são

estreitamente inter-relacionados.

QUADRO 2 - Relação entre os Princípios de Manejo dos Agroecossistemas e as Práticas Tradicionais e Inovadoras.

PRINCÍPIOS DE MANEJO

PRÁTICAS

TRADICIONAIS INOVADORAS

Manutenção de alta biodiversidade funcional

• Consórcios

• Aproveitamento das espécies forrageiras ou nativas

• Uso de variedades locais

• Integração agricultura / pecuárias

• Uso de plantas medicinais

• Plantio de cercas vivas

• Resgate e multiplicação de variedades locais

• Avaliação e introdução de novas variedades

• Arborização das propriedades

• Cultivos em aléias

• Matas produtivas

• Adubação verde

• Cordões de contorno vegetados

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Continuação

Constituição e manejo de estoques

• Poupança de capital em forma de gado

• Barreiros, cisternas, tanques de pedra, etc.

• Armazenamento doméstico de sementes

• Armazenamento de restos de cultivos com fonte forrageira

• Bancos de sementes comunitários

• Barragens subterrâneas

• Cisternas de placa

• Práticas de ensilagem e fenação

Valorização de espaços limitados com alto potencial

de produção biológica

• Quintais domésticos

• Plantio intensivo em baixios

• Barragens subterrâneas

• Faxinas

• Barreiras de pedra

Fonte: Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.90).

Ainda conforme os autores supracitados, a integração entre agricultura e

pecuária intensifica os processos de produção e decomposição de biomassa no

agroecossistema. Todavia a criação animal é essencial na estrutura e no

funcionamento dos agroecossistemas familiares. O quadro 3 apresenta a integração

entre os subsistemas: agrícola e pecuário.

QUADRO 3 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário. Sentido agricultura pecuária

PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS

Extrativismo de espécies forrageiras nativas

Produção e melhoria do aproveitamento de espécies forrageiras (aquisição de máquinas forrageiras, plantio de cercas vivas com espécies forrageiras, plantio e manejo de espécies forrageiras nativas, etc.)

Estocagem e uso forrageiro dos restos de cultivo

Intensificação da estocagem e do uso dos restos de cultivo (fenil). Estocagem de cultivos forrageiros

Sentido pecuária agricultura

PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS

Uso do esterco como adubo orgânico Práticas que visam à intensificação do uso do esterco como adubo orgânico (currais, compostagem, aquisição de carroças, etc.

Uso de tração animal no preparo dos solos

Introdução de novos implementos tradicionais por força animal nas propriedades (rolos-facas, grades etc.)

Fonte: Silveira, Petersen e Sabourin, (2002, p.96).

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2.4.2 Manejo de Agroecossistemas: Práticas Culturais em Agroecologia

As práticas culturais nos cultivos agroecológicos visam a conduzir os plantios

de forma sustentável. Para Gliessman (2009), a Agroecologia contempla a aplicação

dos conceitos e princípios da Ecologia no desenho e manejo de agroecossistemas

sustentáveis. Portanto, o autor define um agroecossistema sustentável como aquele

que: “mantém a base de recursos da qual depende, conta com um uso mínimo de

insumos artificiais vindos de fora do sistema, maneja pragas e doenças através de

mecanismos reguladores internos e é capaz de se recuperar de perturbações

causadas pelo manejo e colheita. (GLIESSMAN, 2009, p.565).

Para Altieri (1998b, tradução nossa), agricultura sustentável geralmente se

refere a um modo de agricultura, que visa proporcionar rendimentos sustentados a

longo prazo através do uso de tecnologias de gestão ecológica. “O conhecimento

ecológico da sustentabilidade dos agroecossistemas deve dar nova forma à

perspectiva que a humanidade tem da produção vegetal e animal, a fim de que seja

alcançada, em nível mundial, a produção sustentável de alimentos”. (GLIESSMAN,

2009, p.54).

O autor Carporal (2009b), ratifica que um dos primeiros passos da aplicação

da Agroecologia aos sistemas produtivos deve ser a ampliação (ou manutenção) da

diversificação e da biodiversidade. Ainda conforme o autor quanto mais

diversificados e integrados forem os sistemas de cultivos e criações mais próximos

estarão da sustentabilidade ambiental.

Na visão de Gliessman (2009), o equilíbrio do agroecossistema e o manejo

sustentável da biodiversidade tornam os sistemas resistentes a problemas, ao passo

que eles projetam agroecossistemas com flexibilidade, resistência e capacidade de

manter-se através do tempo. O autor aponta a importância de criar

agroecossistemas sustentáveis, os quais alcancem as características semelhantes

aos ecossistemas naturais e mantenham uma produção para ser colhida.

De acordo com Vargas, Fontoura e Wizniewsky (2013), a biodiversidade nos

sistemas de produção agrícolas pode ser preservada através de práticas de manejos

sustentáveis, entre elas: rotação de culturas, utilização de cultivos de cobertura,

cultivos intercalados, barreiras de cata-vento, cinturões de proteção e cercas vivas.

Para os autores cultivar diversas espécies de forma integrada, incorporando num

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mesmo sistema árvores frutíferas, florestais e animais, se possível, contribuirá para

a sustentabilidade de um determinado agroecossistema.

De acordo com Araújo et al. (2010), as práticas culturais nos cultivos

agroecológicos visam conduzir plantios que proporcionem o desenvolvimento

saudável das plantas, respeitando os ciclos naturais, harmonizando todos os

manejos, de forma que haja uma interação equilibrada entre o homem e o

ecossistema. Ainda conforme os autores as seguintes práticas agroecológicas são

elencadas:

Manejo dos solos; adubação orgânica; rotação de cultura; plantio em curvas de nível; manutenção do pH do Solo; trabalho mínimo do solo; melhor controle da irrigação; preservação dos microrganismos do solo; uso de coberturas vegetais e adubação verde; consórcio de culturas; controle biológico e manejo de animais. (ARAÚJO et al. 2010, p. 12-19).

Do ponto de vista de manejo, os componentes básicos de um

agroecossistema incluem:

a) Cobertura vegetal como meio eficaz de conservar o solo e a água: pode ser obtida através de práticas de cultivo que não movam o solo, uso de cobertura morta, cultivos de cobertura viva, etc.;

a) Suprimento regular de matéria orgânica: obtido com a incorporação regular de matéria orgânica (esterco, composto) e promoção da atividade biológica do solo;

b) Mecanismos eficazes de reciclagem dos nutrientes incluindo: rotações de culturas, sistemas mistos de cultivos/criação, agroflorestamento e sistemas de consorciação baseados em leguminosas;

c) Regulação de pragas: as práticas de manipulação da biodiversidade e a introdução e/ou conservação dos inimigos naturais fornecem os agentes biológicos necessários para o controle das mesmas. (ALTIERI, 1998b, p.66).

2.4.2.1 Manejo dos Solos

O manejo adequado do solo deve ser uma prática prioritária em Agroecologia.

Para Kamiyama (2011, p.40), a “recuperação e manutenção da fertilidade do solo

devem ser atingidas mediante a reciclagem do material orgânico, cujos nutrientes

são gradualmente disponibilizados às plantas por meio da ação de microrganismos

do solo”.

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De acordo com Araújo et al. (2010, p.13), o solo natural tende a um estado de

equilíbrio perfeito entre seus componentes e os do meio que mantém, entretanto

quando o solo é cultivado esse equilíbrio é rompido. Portanto, “o manejo do solo

consiste num conjunto de operações realizadas com objetivos de propiciar condições

favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas,

por tempo ilimitado”. (EMBRAPA, 2003b).

2.4.2.2 Adubação Orgânica

Na adubação com matéria orgânica os nutrientes provindos dela, são

assimilados pelas plantas, completando o seu ciclo de vida. Portanto é preciso que

ocorra uma interação e diversificação de espécies de animais e vegetais para que o

equilíbrio em um ecossistema seja atingido. (FIEIRA e BATISTA, 2009).

Na adubação orgânica a produção de compostos, utilizando estercos e restos

vegetais tende a aumentar o conteúdo de húmus do solo e sua capacidade de reter

água, bem como melhora sua estrutura, facilitando o trabalho do solo, estimulando

sua atividade enzimática e repondo grande parte dos elementos nutritivos

necessários para o desenvolvimento das plantas. (ARAÚJO et al., 2010).

Para Kamiyama (2011), a utilização de composto orgânico, com mistura de

estercos animais e resíduos vegetais é uma prática incentivada, pois é uma forma de

obtenção de um produto mais estabilizado, com melhor aproveitamento pelas

plantas, além da possibilidade de reciclagem dos resíduos em uma propriedade.

2.4.2.3 Rotação de Culturas

A rotação de culturas tem o “propósito de aumentar a eficiência no uso dos

recursos disponíveis e minimizar riscos agronômicos e econômicos”. (PETERSEN;

SILVEIRA; PETERSEN; ALMEIDA, 2002b, p.35). Portanto a rotação de culturas

alterna, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola e pode ser feita

por meio de uma sucessão planejada de cultivos. Ela representa uma medida-chave

para a fertilidade do solo, além de ser uma arma poderosa no controle de ervas

daninhas, pragas e doenças. (ARAÚJO et al., 2010).

São inúmeras as vantagens da rotação de culturas para os sistemas

produtivos agrícolas, entre as elas:

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Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas [...], essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas, repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. Além disso, a rotação de culturas viabiliza uma utilização mais intensa de máquinas e equipamentos, reduzindo o custo do capital imobilizado do empreendimento agrícola. (CRUZ; PEREIRA FILHO; ALBUQUERQUE FILHO, [2015]).

De acordo com Silveira, Petersen e Sabourin (2002), as rotações promovem

uma série de serviços ambientais aos agroecossistemas, ao passo que a

complementaridade fisiológica existe entre espécies que apresentam diferenças

bioquímicas na captação dos recursos disponíveis no ambiente.

2.4.2.4 Plantio em Curvas de Nível

De acordo Araújo (2010 p.14), o plantio em curvas de nível “consiste em

realizar todos os trabalhos de solo e práticas de cultivo em alinhamento de plantio de

acordo com a topografia do terreno, com o objetivo de amenizar o escoamento

superficial da água e consequente arraste do solo”.

2.4.2.5 Manutenção do pH do Solo

De acordo com a EMBRAPA (2003c), “os nutrientes têm sua disponibilidade

determinada por vários fatores, entre eles o valor do pH, medida da concentração

(atividade) de íons hidrogênio na solução do solo”. Diversas práticas são adotadas

para estabilizar solos com pH muito elevado ou muito baixo. Conforme Araújo et al.

(2010), solos com pH alto pode-se usar a matéria orgânica para corrigi-los. Para o

autor supracitado solos muito ácidos, pode-se usar o calcário, desde que o solo

tenha bastante matéria orgânica, caso contrário, a cal destruirá a pouca matéria

orgânica presente no solo.

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2.4.2.6 Trabalho Mínimo do Solo

Para Fieira e Batista (2009, p.1), solo é considerado por alguns

pesquisadores da Agroecologia, como o maior organismo vivo do planeta, “por ser

um sistema vivo [...], o uso de máquinas pesadas e implementos revolvendo o solo,

pode causar uma alteração na ordem natural dos horizontes, perdendo as camadas

mais férteis”. (ARAÚJO 2010, p.15).

O solo e a camada mais superficial da crosta terrestre, segundo Kamiyama

(2011), o solo é uma mistura de diversos sais minerais e rochas em decomposição

como: matéria orgânica, seres vivos, água e ar. Conforme a autora, cada solo possui

a sua formação particular ao passo que o mesmo recebe influência do clima, do tipo

de vegetação, do relevo e da rocha matriz.

2.4.2.7 Melhor Controle da Irrigação

Segundo Petersen, Silveira e Almeida (2002b), nos agroecossistemas do

Agreste da Paraíba a principal oferta primária de água é das chuvas. Para

compatibilizar a irregularidade das chuvas e a incerteza com as demandas regulares

(dessedentação, uso doméstico, irrigação ente outros) o único caminho é o

armazenamento. Para Araújo et al. (2010), em regiões semiáridas o grande esforço

é armazenar a água de forma adequada, para evitar sua escassez em períodos

críticos para os cultivos.

2.4.2.8 Preservação dos Microrganismos Solos

A matéria orgânica do solo diminui sua atividade biótica com o uso de

produtos agressivos e contaminantes. Portanto de acordo com Araújo et al. (2010,

p.16), deve ser “evitado o abuso de fertilizantes químicos, assim como a utilização

de algumas substâncias fitossanitárias, os quais vêm provocando uma redução

gradual do conteúdo de matéria orgânica do solo”.

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2.4.2.9 Uso de Coberturas Vegetais e Adubação Verde

Para Araújo et al. (2010), a cobertura morta de vegetais, ajudam a evitar o

crescimento de ervas daninhas, mantêm a umidade do solo, evitam as perdas da

camada de solo, e ao longo do tempo se decompõem introduzindo matéria orgânica

ao solo”. Corroborando Gliessman (2009), ratifica que as culturas de cobertura do

solo são plantas cultivadas especificamente para ser incorporadas como adubo

verde ao solo ou para permitir uma cobertura morta eficiente contra o impacto das

gotas da chuva quando o plantio direto.

A cobertura do solo com restos vegetais (palha, casca) proporciona efeito

protetor contra erosão, favorece a infiltração de água no solo, evita as altas

temperaturas provocadas pela incidência direta dos raios solares e contribui para o

controle de plantas espontâneas. (KAMIYAMA, 2011).

2.4.2.10 Consórcio de Culturas

De acordo com Araújo et al. (2010, p.17), “nos consórcios de culturas o

agricultor conduz no mínimo dois cultivos diferentes ao mesmo tempo, de modo que

um conviva ou beneficie o outro”. Ainda conforme os autores essa prática além de

trazer diversidade para o produtor, está também associado a preservação e

fertilidade dos solos, evitando o monocultivo. Ratifica Altieri (1998b, p.68):

[...] agricultores em todo o mundo optam pelos policultivos é que uma área semeada com cultivos múltiplos frequentemente produz mais do que uma área e equivalente cultivada em parcelas monoculturais distintas. Essa eficiência no aproveitamento da terra é particularmente importante em áreas onde as propriedades são pequenas devido às condições socioeconômicas [...].

Os pesquisadores Hernani, Souza e Ceccon (2003), definem o consórcio de

culturas como: “maximização de espaço mediante o cultivo simultâneo, num mesmo

local, de duas ou mais espécies com diferentes características quanto à sua

arquitetura vegetal, hábitos de crescimento e fisiologia”.

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2.4.2.11 Controle Biológico

O controle biológico considera o uso de organismos vivos para controlar

pragas. Segundo Araújo et al. (2010), o controle biológico consiste no emprego de

um organismo predador, parasita ou patógeno, que ataca outro que esteja causando

danos econômicos às lavouras.

2.4.2.12 Manejo de Animais

De acordo com Altieri (1998b, p. 54), os animais integrados aos

agroecossistemas são escolhidos de acordo com seu “valor nutricional, sua

adaptabilidade às condições agroclimáticas locais, os padrões de consumo dos

camponeses locais e oportunidades de mercado disponíveis”.

O manejo agroecológico deve evidenciar a sanidade dos animais para o

desenvolvimento de uma produção de qualidade e rentável. A Figura 3 elaborada

por Araújo et al. (2010 p.22), apresenta os pilares fundamentais para a produção

pecuária agroecológica.

FIGURA 3 - Pilares Fundamentais para a Produção Pecuária Agroecológica.

Fonte: Araújo et al. (2010 p.22).

De acordo com Araújo et al. (2010, p.21), os animais na exploração

agroecológica devem ser instalados levando-se em conta seu bem-estar e os

aspectos relativos às suas necessidades específicas, assegurando assim, sua saúde

e vitalidade.

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2.5 Sustentabilidade: Enfoque da Agroecologia

A agroecologia possui práticas e princípios metodológicos capazes de orientar

cientificamente agriculturas sustentáveis, portanto entender a agroecologia como

sinônimo de agricultura orgânica é errôneo. (LOPES, 2009). Para Souza, Santos e

Bezerra, (2012), não se pode confundir Agroecologia com agricultura orgânica até

porque a agricultura orgânica nem sempre tratam de enfrentar os problemas

presentes em todas as dimensões da sustentabilidade.

O conceito de sustentabilidade com enfoque agroecológico toma por base a

definição de Caporal e Costabeber (2004, p.112), onde a sustentabilidade tem por

premissa, “preservação e conservação da base dos recursos naturais como

condição essencial para a continuidade dos processos de reprodução

socioeconômica [...], e de produção agropecuária, em particular, numa perspectiva

que considere tanto as atuais como as futuras gerações”.

O contexto da sustentabilidade, através da Agroecologia, deve ser construído

a partir dos seguintes elementos, proposto por Guzmán (2001, p.42):

a) A ruptura das formas de dependência que põem em perigo os mecanismos de reprodução, sejam de natureza ecológica, socioeconômica e/ou política;

b) A utilização daqueles recursos que permitam que os ciclos de materiais e de energia existentes no agroecossistema sejam o mais fechado possível;

c) A utilização dos impactos benéficos que se derivam dos ambientes ecológico, econômico, social e político, existentes nos diferentes níveis, desde a propriedade até a sociedade maior;

d) A não-alteração substantiva do meio ambiente [...];

e) O estabelecimento dos mecanismos bióticos de regeneração dos materiais deteriorados, para permitir a manutenção, a longo prazo, das capacidades produtivas dos agroecossistemas;

f) A valorização, recuperação e/ou criação de conhecimentos locais[...];

g) O estabelecimento de circuitos curtos para o consumo de mercadorias[...];

h) A potencialização da diversidade local, tanto biológica como sociocultural.

A sustentabilidade é um conceito complexo por envolver distintos problemas

derivados da relação homem-natureza e das associações que se estabelecem entre

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eles. (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). A Agroecologia como “ciência dedicada ao

estudo das relações produtivas entre homem e natureza, visando sempre a

sustentabilidade ecológica, econômica, social, cultural, política e ética”. (SOUZA;

SANTOS; BEZERRA2012, p.7).

Para Guzmán (2001), a Agroecologia, propõe o desenho de métodos de

desenvolvimento endógeno para o manejo ecológico. Para o autor não se trata de

levar soluções prontas para a comunidade, mas de detectar aquelas que existem

localmente e acompanhar e animar os processos de transformação existentes em

uma dinâmica participativa.

Para Ferreira et al. (2011), a sustentabilidade dos agroecossistemas, avaliada

através dos princípios da Agroecologia, deve partir de uma observação aprofundada

da dinâmica e das interações bióticas, leva em conta três dimensões básicas que

compõem um sistema: social, econômica e ambiental, podendo haver subdimensões

ligadas a estas, como a cultural e a ética.

Corroborando os autores Caporal e Costabeber (2004, p.111), apresentam

seis multidimensões da sustentabilidade a partir da Agroecologia: “ecológica,

econômica, social (primeiro nível), cultural, política (segundo nível) e ética (terceiro

nível)”. Conforme mostra a figura 4.

FIGURA 4 - Multidimensões da Sustentabilidade.

Fonte: Caporal e Costabeber (2004, p.112).

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46

2.5.1 Dimensão Ecológica

Na dimensão ecológica é importante observa estratégias que contemplem a

“reutilização de materiais e energia dentro do próprio agroecossistema, assim como

a eliminação do uso de insumos tóxicos ou cujos efeitos sobre o meio ambiente são

incertos ou desconhecidos (por exemplo, os OGMs - Organismos Geneticamente

Modificados)”. (COSTABEBER; COSTABEBER, 2004, p.112).

De acordo com Caporal e Moyano (2000, p.10), no “centro da dimensão

ambiental, e sob a perspectiva do processo de ecologização, estaria o objetivo de

recuperar e manter a capacidade produtiva dos agroecossistemas, através da

adoção de métodos, técnicas e processos de produção ecologicamente mais

prudentes”.

A dimensão ambiental da sustentabilidade diz respeito à compatibilidade do

agroecossistema com os sistemas naturais do seu entorno, ele deve se manter

produtivo em razão da manutenção da qualidade do solo e água, assim como

permitir a conservação das demais espécies do bioma do qual faz parte. (CORREIA,

2007). Portanto Verona (2008, p.50), destaca a importância de verificar as

características do solo através de uma forma prática, participativa, onde o

conhecimento local seja valorizado e o agroecossistema seja considerado no todo.

2.5.2 Dimensão Social

De acordo com Caporal e Costabeber (2004), a dimensão social representa

um dos pilares básicos da sustentabilidade, uma vez que os recursos naturais

somente adquirem significado e relevância quando o produto gerado nos

agroecossistemas apresentam bases renováveis e podem ser equitativamente

apropriados e usufruídos pelos diversos segmentos da sociedade.

Esta dimensão evidencia a busca por educação, saúde e uma maior

qualidade de vida e inclusão social mediante a produção e consumo de alimentos

mais saudáveis e melhoria das condições de trabalho, o que comporta a eliminação

do uso de insumos agrotóxicos no processo produtivo agrícola. (COSTABEBER;

MOYANO, 2000).

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2.5.3 Dimensão Econômica

De acordo com Caporal e Costabeber (2004, p.113), esta dimensão “não se

trata somente de buscar aumentos de produção e produtividade agropecuária a

qualquer custo, pois eles podem ocasionar reduções de renda e dependências

crescentes em relação a fatores externos”. Para Costabeber e Moyano (2000, p.8), a

“dimensão econômica, estaria, pois, a incorporação e intensificação tecnológica via

adoção de estilos de produção agrícola poupadores de capital e energia, abrindo

caminho, assim, para a implementação de uma agricultura de base ecológica”.

Corroborando Mazalla Neto (2009, p.24), ratificam que a dimensão econômica

da sustentabilidade dentro da perspectiva da Agroecologia envolve também “a

importância do autoconsumo, a produção de bens de consumo em geral e as trocas

de serviço ou outros tipos de cooperação”.

2.5.4 Dimensão Cultural

O manejo de agroecossistemas dentro da perspectiva da Agroecologia, na

dimensão cultural, de acordo com Caporal e Costabeber (2004), deve considerar os

saberes, os conhecimentos e os valores locais das populações rurais. Estes são

capazes de espelha a identidade cultural das pessoas que vivem e trabalham em um

determinado agroecossistema. Portanto “promover, preservar e divulgar a história,

tradições e valores regionais, bem como acompanhar suas transformações fazem

parte da concepção dessa dimensão”. (MENDES, 2009, p.55).

2.5.5 Dimensão Política

A dimensão polítca tem a ver com os processos participativos, democráticos e

com as redes de organização social e de representações dos diversos segmentos da

população rural (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). Para Mendes (2009), essa

dimensão busca sensibilizar, motivar, informar, e mobilizar a participação ativa das

pessoas, permitindo maior compreensão dos problemas e oportunidades para

superar as práticas e políticas de exclusão, bem como buscar o consenso nas

decisões coletivas.

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2.5.6 Dimensão Ética

Conforme Caporal e Costabeber (2004), a ética da sustentabilidade tomar

como ponto de partida uma profunda crítica sobre as bases epistemológicas que

deram sustentação ao modelo convencional e a Revolução Verde”. (CAPORAL e

COSTABEBER, 2004). Segundo Mattos et al. (2006, p.30), a sustentabilidade nessa

dimensão implica uma “opção ética por um meio ambiente equilibrado e por uma

sociedade onde prevaleça maior equidade socioeconômica”.

Para Caporal e Costabeber (2004, p. 116), “Agroecologia tem sido bastante

positiva, pois nos faz lembrar de estilos de agricultura menos agressivos ao meio

ambiente, que promovem a inclusão social e proporcionam melhores condições

econômicas aos agricultores familiares”. Conforme Souza, Santos e Bezerra (2012),

a Agroecologia constitui os seguintes elementos básicos: O manejo ecológico das

riquezas naturais, a construção de relações justas e solidárias, o respeito às

diversidades culturais, a distribuição equilibrada das riquezas, consumo consciente e

a comercialização justa.

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3 CAPÍTULO: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esse capítulo apresenta a classificação da pesquisa, os métodos abordados,

os materiais utilizados e a amostra da pesquisa. A classificação da pesquisa foi

pertinente para o processo de realização do estudo, pois, por meio dela, focou-se no

cumprimento dos objetivos estabelecidos e na resolução da arguição problema. A

classificação da pesquisa pode ser identificada a partir da figura 5:

FIGURA 5 - Mapa Mental: Classificação da Pesquisa.

Fonte: Autora da pesquisa (2014).

3.1 Classificação da Pesquisa

Do ponto de vista da sua natureza, a presente pesquisa classificou-se como

aplicada, Segundo Prodanov e Freitas (2013, p.51), “a pesquisa aplicada envolve

verdades e interesses locais, ela objetiva gerar conhecimentos para aplicação

prática dirigidos à solução de problemas específicos”. A natureza aplicada da

pesquisa desenvolvida no agroecossistema Crisântemo, baseou-se no desejo de

conhecer para caracterizar um modelo de agroecossistema fundamentado na

Agroecologia. A pesquisa bibliográfica subsidiou essa etapa e levou em

consideração assuntos como: Agroecologia, transição agroecológica,

agroecossistemas, Revolução Verde, agricultura convencional, sustentabilidade,

agricultura familiar, produção de batatinha no Território da Borborema entre outros.

Quanto aos objetivos esta pesquisa caracterizou-se, como exploratória e

descritiva. Para Gil (2002), as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade

desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação

de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis. Do ponto de vista

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exploratório esta pesquisa visou proporcionar maior entendimento do contexto do

agroecossistema de produção familiar em processo de transição agroecológica e

envolvido com o processo de revitalização da batata (Solanum tuberosum L.). A

pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. (GIL, 2002). Com relação à pesquisa descritiva realizada foi possível

evidenciar características do agroecossistema e dos agricultores familiares.

Em relação à forma de abordagem do problema, tratou-se de uma pesquisa

qualitativa. A pesquisa teve com fonte direta dos dados o agroecossistema familiar e

seus atores sociais. De acordo Gerhardt e Silveira (2009, p.14), “na pesquisa

qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica

do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo

social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória etc.”. Portanto a

escolha da unidade produtiva desse estudo, baseou-se na apreciação do assessor

técnico da AS-PTA. Esse profissional possui envolvimento com as 107 unidades

agrícolas em processo transição agroecológica e produtoras da batata Solanum

tuberosum L.

Como procedimento, tratou-se de um estudo de caso. O estudo de caso de

acordo com Gil (2002), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos

objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Para

Gerhardt e Silveira (2009), estudo de caso não é uma técnica específica, mas uma

análise holística, a mais completa possível, que analisa a unidade social estudada

como um todo, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos. O

estudo de caso surge da necessidade de compreender fenômenos complexos, ele

permite uma investigação que busca preservar as caracteristicas holisticas e

significativas dos eventos da vida real. (YIN, 2001).

3.2 Método da Pesquisa

De acordo com Vidal (2012), os métodos de análise global são classificados

em duas categorias: métodos observacionais e métodos interacionais. Para o

desenvolvimento desse estudo foram utilizados métodos observacionais e

interacionais.

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3.2.1 Métodos Observacionais e Interacionais

Os métodos observacionais e interacionais têm grande relevância tática e

estratégica no desenvolvimento de estudos científicos. Nessa pesquisa, o método

observacional utilizado foi à observação aberta evidenciada nos itens: 3.2.1.1;

3.2.1.2; 3.2.1.3 e 3.2.1.4. As observações foram subsidiadas pelo APÊNDICE A.

Elas permitiram obter registros fotográficos e dados relacionados ao processo de

revitalização da batatinha, Agroecologia e agricultura familiar no Território da

Borborema, assim como permitiu a escolha intencional do agroecossistema

Crisântemo e de seus atores sociais, essenciais no desenvolvimento o estudo de

caso.

Para a escolha da amostra dessa pesquisa, levou-se em consideração a

apreciação do assessor técnico da AS-PTA. A escolha da amostra foi feita de forma

intencional, ao passo que, o assessor indicou um agroecossistema pertencente ao

grupo que possui maior número de práticas agroecológicas entre os demais. De

acordo com Gil (2002, p. 145), “na amostra intencional, os indivíduos são

selecionados com base em certas características tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes, mostrando-se mais adequada para a obtenção de

dados de natureza qualitativa”.

Os métodos observacionais e interacionais foram auxiliados por recursos

como: câmera fotográfica, filmadora e blocos de anotações.

3.2.1.1 Primeiro Momento: Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA

O primeiro momento de investigação do contexto em que o agroecossistema

em processo de transição agroecológico está inserido ocorreu no dia 01 de agosto

de 2014 das 15h30min às 17h:30min e teve por objetivo conhecer o envolvimento da

AS-PTA e seu esforço coletivo voltado para disseminar a Agroecologia e o manejo

sustentável da batatinha nos agroecossistemas do Território da Borborema.

A figura 6 mostra esse primeiro momento de construção social, nela é

possível verificar o assessor da AS-PTA apresentando para a equipe do projeto de

extensão tecnológica AGROINDEX a atuação geográfica da ONG, assim como de

forma sintética as origens da instituição, sua relação com a Agroecologia e com os

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sindicatos dos trabalhadores rurais pertencentes ao Território da Borborema-PB. De

acordo com o assessor técnico (2014), “a ONG almeja construir um território

agroecológico e tem por princípios metodológicos a construção participativa, onde os

agricultores são sujeitos do trabalho e portadores de conhecimento”.

FIGURA 6 - Reunião com o Assessor Técnico da AS-PTA.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

3.2.1.2 Segundo Momento: Visita ao Agroecossistema Familiar Crisântemo

O segundo momento de investigação ocorreu no dia 06 de agosto de 2014

das 13h:30min às 16h:00min, nas dependências da unidade agrícola familiar

Crisântemo na cidade Esperança – PB. Estiveram presentes nesta visita a campo: o

assessor técnico da AS-PTA, dois estagiários da AS-PTA, a autora desta pesquisa e

a coordenadora do projeto AGROINDEX. O objetivo da visita inicial à propriedade foi

conhecer a família de agricultores e observar o agroecossistema (figura 7).

FIGURA 7 - Visita ao Agroecossistema Crisântemo.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

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3.2.1.3 Terceiro Momento: Reunião com Representantes do POAB

O terceiro momento de investigação ocorreu com os representantes do POAB

(figura 8). A reunião aconteceu no dia 28 de agosto de 2014 das 8h:30min às

15h:30min nas dependências da AS-PTA. Estiveram presentes: o representante do

sindicato de Areial/PB, o secretário da agricultura da cidade de Montadas/PB, o

representante do sindicato de Esperança – PB, dois assessores técnicos da AS-

PTA, o representante da Ecoborborema e alunos de graduação e pós-graduação

envolvidos com o projeto AGROINDEX.

Nesse momento os representantes do POAB foram expondo como o Polo

Sindical da Borborema interage para fortalecer o plantio agroecológico. Segundo o

representante do sindicato de Esperança o POAB atua através de redes (Comissão

Territorial). As redes articulam espaços de debates que incentivam ações e políticas

públicas que viabilizam o desenvolvimento da agricultura familiar e da Agroecologia.

FIGURA 8 - Reunião com Representantes do POAB.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

3.2.1.4 Quarto Momento: Seminário Impacto e Balanço do Processo de

Revitalização da Batata

O quarto momento de investigação ocorreu no dia 02 de dezembro de 2014,

no convento Ipuarana na cidade de Lagoa Seca. Segundo o assessor técnico da AS-

PTA o seminário tinha por objetivo fazer um balanço sobre os impactos da

revitalização da batata agroecológica produzida em 2014, definir estratégias para a

continuidade da produção em 2015, assim como socializar os resultados de

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pesquisas realizadas sobre o manejo e fertilidade do solo na cultura da batatinha. O

público do seminário era de aproximadamente 90 pessoas, dos quais: agricultores,

feirantes, pesquisadores, estudantes, professores, extensionistas e representantes

de entidades de assessoria e de órgãos governamentais.

3.2.1.5 Quinto Momento: Estudo de Caso

O quinto momento de investigação correspondeu ao estudo de caso realizado

no agroecossistema, para fins dessa pesquisa, denominado Crisântemo. O

agroecossistema atende os critérios exigidos para que a unidade agrícola seja

considerada de produção familiar, com base na Lei nº 11.326 de 24 de julho de

2006. A propriedade situa-se na zona rural do município de Esperança, possui oito

hectares e dista aproximadamente 159 km da capital da Paraíba (João Pessoa).

O estudo de caso realizado no agroecossistema foi subsidiado por métodos

interacionais e complementados por métodos observacionais. Buscou-se com os

métodos interacionais promover um diálogo espontâneo com os agricultores e

estabelecer temas ou tópicos centrais para orientar os debates e a coleta de dados

da pesquisa (APÊNDICE B). Entre os temas ou tópicos centrais encontram-se:

aspectos sociais do agroecossistema, água, solo, Agroecologia, comercialização da

produção, sementes, aspectos ambientais, produção, aspectos relacionados a

segurança do trabalho e gestão da produção agrícola.

Entre os métodos interacionais utilizados estão: as verbalizações

espontâneas e provocadas e a conversação. A conversação auxiliou a construção

do apêndice C e D. Ambos os apêndices apresentam aspectos referentes a

produção animal e vegetal comercializada pelo agroecossistema durante o ano de

2014. De acordo com Jaeschke (2010, p.36), as verbalizações provocadas ocorrem

quando algum questionamento é feito pelo pesquisador, já a verbalização

espontânea o pesquisado se comunica de maneira livre e sem interrupções. Já a

conversação é um método de interação livre, ordenada e sistemática (VIDAL, 2012,

p.153).

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4 CAPÍTULO: RESULTADO E DISCUSSÕES

Esse capítulo aborda os resultados e discussões. O capítulo divide-se em

dois tópicos principais: (4.1) contextualização do processo de revitalização da

produção da Batata no Território da Borborema-PB, motivador da transição da

agricultura convencional para a agroecológica e, (4.2) caracterização de um

agroecossistema inserido no Território da Borborema/PB em processo de transição

da agricultura convencional para agroecológica. Através dessa caracterização, foi

possível Identificar as práticas agroecológicas sustentáveis e adaptadas a realidade

local da agricultura familiar.

4.1 Contextualização do Processo de Revitalização da Batata no Território da

Borborema/PB

O Território da Borborema/PB localiza-se na Zona do Agreste da Paraíba

entre as Zonas da Mata e Zona da Borborema, abrange uma área de 3.233 Km² e é

composto por 21 municípios (figura 9): Alagoa Nova, Algodão de Jandaíra, Arara,

Areia, Areial, Borborema, Campina Grande, Casserengue, Esperança, Lagoa Seca,

Massaranduba, Matinhas, Montadas, Pilões, Puxinanã, Queimadas, Remígio, São

Sebastião de Lagoa de Roça, Serraria, Serra Redonda e Solânea. (CANIELLO, et

al., 2011).

FIGURA 9 - Cidades do Território da Borborema.

Fonte: Adaptado Piraux e Bonnal (2009, p.117).

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A população do Território da Borborema/PB, segundo dados do IBGE

(2010b), constitui-se por um contingente de 671.142 habitantes, sendo que 527.873

(78,6 %) residem na zona urbana e 143.269 (21,3 %) na zona rural. Em termos de

densidade demográfica, o Território, apresentava em 2010 uma densidade de

207,59 hab./km2. Sendo a maior densidade demográfica registrada no município de

Campina Grande com 648,31 hab./km2, e a menor no município de Algodão de

Jandaíra com uma densidade demográfica da ordem de 10,74 hab./ km2.

O Território da Borborema é “banhado por três Bacias Hidrográficas, dos Rios

Curimataú, Mamanguape e Paraíba. Ele apresenta um relevo diversificado, com

altitudes variando entre 300 metros (Matinhas) e 713 metros (Montadas)”.

(CANIELLO et al., 2011).

Os municípios do Território apresentam variações na dimensão ambiental,

assim como na social e econômica. Essa afirmação pode ser observada através do

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e do Produto Interno Bruto

(PIB) per capita. Os municípios de Campina Grande e Esperança em função de suas

potencialidades econômicas apresentam o maior PIB per capita do Território, os

valores estão acima da média estadual. (CANIELLO et al., 2011).

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -

PNUD (2015), “O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma

medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano:

longevidade, educação e renda. Conforme Portela (2013), “O IDHM varia de 0 a 1,

sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Ainda

conforme o autor é considerado: taxa muito baixa aquela entre 0 a 0,49; taxa baixa,

entre 0,5 a 0,59; taxa média de 0,6 a 0,69; taxa alta, entre 0,7 a 0,79, e taxa muito

alta entre 0,8 a 1,0”.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Território da

Borborema no ano de 2010 apresentou uma média de 0,58, portanto classificado

como baixo desenvolvimento humano. Os dados mostram que 67% dos municípios

(Algodão de Jandaíra, Casserengue, Massaranduba, Areia, Serraria, Pilões,

Matinhas, Solânea, Serra Redonda, Arara, Montadas, Alagoa Nova, Borborema, São

Sebastiao de Lagoa de Roça) apresentam baixo desenvolvimento, 28% dos

municípios (Remígio, Queimadas, Puxinanã, Esperança, Areial, Lagoa Seca) médio

desenvolvimento e 2% alto desenvolvimento (Campina Grande).

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Para entender o funcionamento do Território da Borborema, é necessário

identificar fatores de diferenciação espacial de natureza antrópica ou não, que

influenciam nitidamente as situações rurais locais. Para Piraux e Bonnal (2009, p.

119), as diversas dinâmicas territoriais são influenciadas por uma conjunção de

fatores como: “o clima e a repartição pluviométrica, a renovação dos movimentos

sociais e, sobretudo, da ação sindical, a evolução da rede viária, o efeito polarizador

das cidades do território e o tipo de governança municipal”.

Ao longo dos anos os municípios do Território praticaram diversas atividades

agrícolas. De acordo com Piraux e Bonnal (2009, p.114), é possível citar de forma

cronológica as principais atividades agropecuárias do agreste paraibano: “século

XIX-1920: algodão e café; 1920-1940: cana-de-açúcar e algodão; 1940-1960:

algodão, sisal e cana-de-açúcar; 1960-1975: pecuária de corte; 1975-1995: cana-de-

açúcar, pecuária de leite e batatinha”.

Na década de 70 e 80 a batatinha foi chamada cultura de renda e cultivada

com todo o aparato da Revolução Verde, portanto, todos os incentivos

governamentais e os financiamentos dos bancos eram totalmente atrelados à

aquisição do pacote tecnológico (AS-PTA, 2011b). Corroborando os autores Silva,

Vieira, Santos (2013), ratificam que esse período foi considerado o tempo áureo da

produção da batata no Estado, seja pelos altos investimentos financeiros para

manutenção e expansão da cultura, como também pelo consequente uso de arsenal

tecnológico a base de fertilizantes químicos para viabilização da produção do

tubérculo.

Para os autores Barreto, Capurro e Sabourin (1999, p.14), secas e a

concorrência da produção da batatinha dos Estados do Sul, como o Paraná isento

de ICMS, são fatores impulsionadores da crise da batatinha na Paraíba.

As principais limitações na comercialização da batatinha da Paraíba são decorrentes de diversos fatores: crise do sistema de produção, agravado pelas secas e pouca adaptabilidade das variedades [..], a elevada perecibilidade da batatinha, resultando na urgência de efetivação da venda, [..]. A forte concorrência de outras regiões produtoras, notadamente dos Estados do Sul, com o agravante da isenção da tributação do ICMS no Paraná. [..]. Além do mais, o apoio institucional, por parte dos órgãos públicos, se limita à semente, não havendo contemplação para a produção e a comercialização. O efeito combinado dos fatores acima citados gera um mecanismo de retroalimentação negativa, com graves reflexos para o desempenho da atividade agrícola e comercial, resultando em fraco poder de negociação dos produtores (BARRETO; CAPURRO; SABOURIN, 1999, p.14).

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A crise incentivou a sociedade civil a buscar e apelar por alternativas de

adaptação e valorização do cultivo da batatinha local com a finalidade de reascender

o cultivo do tubérculo. A AS-PTA e os STRs dos municípios de Remígio e Lagoa

Seca responderam a este apelo e conseguiram reunir a colaboração da UFPB, dos

escritórios da EMATER-PB de Esperança e Remígio, e o apoio metodológico do

Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o

Desenvolvimento (Cirad, França). (CAPURRO, SILVEIRA, SABOURIN, 2002, p.

310). Ainda conforme os autores foram realizados estudos específicos sobre a

problemática, com o objetivo de aprofundar o conhecimento das organizações dos

agricultores a respeito das limitações a serem enfrentadas e as potencialidades a

serem exploradas na cadeia produtiva da batatinha.

O plantio da batata agroecológica vem sendo fomentado em 7 (sete) cidades

do Território da Borborema e possui características específicas. A tabela 2 apresenta

os municípios (Areial, Esperança, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa Seca,

Massaranduba, Montadas e Remígio), o número de famílias e suas respectivas

comunidades envolvidas com o plantio da batata agroecológica.

TABELA 2 - Municípios, Famílias e Comunidades Envolvidas com o Plantio da Batatinha Agroecológica.

MUNICÍPIOS FAMÍLIAS COMUNIDADES

QUANTIDADE % QUANTIDADE %

Areial 26 24,3 10 18,5

Esperança 17 15,9 13 24

São Sebastião de Lagoa de Roça 16 15 5 9,3

Lagoa Seca 13 12,1 9 16,7

Massaranduba 16 15 8 14,8

Montadas 10 9,3 3 5,6

Remígio 9 8,4 6 11,1

TOTAL 107 100 54 100

Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)1.

De acordo com AS-PTA (2011a), o fator decisivo para estimularam o

movimento de revitalização do plantio da batatinha ocorreu em 2009, quando a

EMBRAPA trouxe quatro variedades de batatas da unidade de Pelotas-RS para

serem multiplicadas em propriedades de três agricultores no Território da

Borborema. De acordo com Silva, Vieira e Santos (2013), foram implantados, pelas

1 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.

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famílias agricultoras, campos de multiplicação das cultivares de batatas: BRS Elisa,

BRS Cristal e BRS Catucha, elas tiveram boa adaptação na região, o que

desencadeou uma mobilização intensa e um momento de socialização dos

resultados das análises das variedades de batatas.

Segundo a AS-PTA (2011a), a integração entre os conhecimentos científicos

e a sabedoria dos agricultores foram essenciais para o êxito dos resultados dos

experimentos com as batatas sementes, ainda conforme a ONG os resultados

obtidos nos campos de multiplicação em 2009 sensibilizaram o governo do Estado

da Paraíba e através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária

e da Pesca (SEDAP) em 2010 foram disponibilizadas 940 caixas de sementes de

batatas.

No ano de 2011, as sementes obtidas foram multiplicadas pelas famílias

agricultoras e uma parcela correspondente a 984 caixas foram armazenadas para a

safra de 2012. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013). Conforme Cunha (2013, p.160), o

“fato importante foi à reabertura da Câmara Frigorífica da SEDAP no município de

Esperança – PB, onde as famílias agricultoras puderam armazenar parte da

produção colhida para ser utilizada como semente na safra seguinte”.

A Tabela 3 mostra a produção anual de batatas agroecológica ao longo dos

anos 2011 (43.239 kg), 2012 (89.220 kg), 2013 (212.716 kg) e 2014 (270.944 kg).

Ela também apresenta as quantidades de batatas armazenadas (sementes),

comercializadas e consumidas pelas famílias de agricultores.

TABELA 3 - Produção Familiar de Batatinha Agroecológica 2011-2014.

ANO SEMENTES

ARMAZENADAS (KG)

% CONSUMO FAMILIAR

(KG) %

COMERCIALIZADO (KG)

% PERDAS % TOTAL

PRODUZIDO (KG)

2011 21.390 49,5 3.590 8,3 18.259 42,2 * * 43.239

2012 32.040 35,9 8.610 9,7 48.570 54,4 * * 89.220

2013 41.650 19,6 17.444 8,2 153.622 72,2 * * 212.716

2014 49.860 18,4 27.235 10,1 172.922 63,8 20.927 7,7 270.944

Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)2 Legenda: NA = *

De acordo com Silva, Vieira e Santos (2013), mesmo o ano de 2012 com

severas estiagens, a produção da batatinha agroecológica superou as expectativas

2 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.

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das famílias agrícolas. Mesmo em condições climáticas adversas a produção da

batatinha agroecológica em 2012 teve um crescimento de 34,8% em relação a 2011.

O gráfico 1, mostra a precipitação pluviométrica anual de uma sequência de

cinco anos nas cidades produtoras da batatinha agroecológica. É possível perceber

que 2012 foi o ano que apresentou menores índices pluviométricos.

GRÁFICO 1 - Pluviometria das Cidades Produtoras da Batatinha Agroecológica 2010-2014.

Fonte: Dados da AESA/PB (2014).

A produção da batata agroecológica no ano de 2012, correspondeu a um total

de 89.220 kg, dos quais 32.040 kg de batatas sementes (35,9 %) foram

armazenadas na câmara fria estadual, no município de Esperança/PB, 8.610 kg (9,7

%) foram consumidas pelas famílias produtoras e 48.570 kg (54,7 %) foram

comercializadas (Tabela 3).

As batatas agroecológicas comercializadas tiveram os seguintes canais de

negociações: feiras agroecológicas 4.370 kg (9%), feiras livres 17.450 kg (36%),

vendas institucionais (PAA/PNAE) 8.300 kg (17,2%) e EMPASA/atravessador e

outros 18.450 kg (37,7%). A comercialização em todos os canais, no ano de 2012,

gerou um valor apurado de R$ 61.827,00 (sessenta e um mil, oitocentos e vinte e

sete reais) (Tabela 4).

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TABELA 4 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2012.

MERCADO QUANTIDADE (KG) % VALOR APURADO (R$) %

Feiras agroecológicas 4.370 9 7.366,00 11,9

Feiras livres 17.450 36,1 20.646,00 33,4

Vendas institucionais (PAA/PNAE) 8.300 17,2 13.849,00 22,4

Empasa/atravessadores e outros 18.450 37,7 19.966,00 32,3

Total 48.570 100 61.827,00 100

Fonte: Adaptado de Silva, Vieira e Santos (2013).

A produção da batata agroecológica no ano de 2014, nas cidades do

Território da Borborema, correspondeu a um total de 270.944 kg, dos quais 49.860

kg de batatas sementes (18,4 %) foram armazenadas na câmara fria estadual, no

município de Esperança/PB, 27.235 kg (10,1 %) foram consumidas pelas famílias

produtoras, 172.922 kg (63,8 %) foram comercializadas e 20.927 (7,72 %)

correspondeu as perdas da produção (Tabela 3).

As batatas agroecológicas comercializadas tiveram os seguintes canais de

negociações: feiras agroecológicas 26.810 kg (15,5%), feiras livres 7.800 kg (4,5%),

vendas institucionais (PAA/PNAE) 44.372 kg (25,7%) e EMPASA/atravessador e

outros 93.940 kg (54,3 %). A comercialização em todos os canais, no ano de 2014,

gerou um valor apurado de R$ 215.740,64 (duzentos e quinze mil, setecentos e

quarenta reais e sessenta e quatro centavos) (Tabela 5).

TABELA 5 - Circuitos de Comercialização da Batatinha Agroecológica nas Cidades do Território - 2014.

MERCADO QUANTIDADE (KG) % VALOR APURADO (R$) %

Feiras agroecológicas 26.810 15,5 56.230,00 26,1

Feiras livres 7.800 4,5 7.482,00 3,5

Vendas institucionais (PAA/PNAE) 44.372 25,7 79.584,00 36,9

Empasa/atravessadores e outros 93.940 54,3 72.444,64 33,6

Total 172.922 100 215.740,64 100

Fonte: AS-PTA (2014, informação verbal)3

Portanto, mesmo com o declínio da cultura da batatinha e com as dívidas que

os agricultores contraíram no passado, muitas famílias agricultoras têm um

sentimento positivo em relação a essa cultura. A batatinha marcou a vida e os

costumes da agricultura na região estudada. (SILVA; VIEIRA; SANTOS, 2013).

3 Dados Fornecido pelo assessor técnico da AS-PTA, em agosto 2014.

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O processo de revitalização da batatinha no Território da Borborema vem

sendo incitado por interações promovidas pela AS-PTA e parcerias com outras

instituições e organismos organizados como: POAB, ECOBORBOREMA, EMATER,

UEPB, SEDAP entre outras. Essas interações têm sido de fundamental importância

para a condução de ações e projetos pautados na Agroecologia. O processo de

revitalização da batatinha é uma das ações promovidas de forma participativa e

coletiva que busca valorizar a agricultura familiar, assim como incentivar a transição

dos agroecossistemas agroecológicos no Território da Borborema/PB.

Uma interação coletiva e participativa que merece destaque nesse estudo foi

o seminário impacto e balanço 2014 do processo de revitalização da batatinha. O

seminário contou com a presença do representante da secretaria de agricultura do

Estado da Paraíba o que foi de fundamental importância para que os agricultores

apresentassem à administração pública a iminente necessidade da compra de novas

sementes de batata, visto que as 940 caixas de batata semente adquiridas no ano

de 2010 estão perdendo a capacidade produtiva, assim como restringindo a

qualidade da batata agroecológica produzida. Essa necessidade é evidenciada no

discurso de um agricultor da cidade de Lagoa Seca/PB: “Desde 2010, ninguém

acreditava o quanto cresceu a batatinha na região, nós sabemos que há

necessidade de novas sementes, por que a batatinha que plantamos em 2014 não

produziu como nas safras anteriores em termos de quantidade e qualidade”. Um dos

técnicos presentes corrobora: “a semente da batata por ser um clone, quando é

armazenada e multiplicada ao longo dos anos, ele reduz sua capacidade produtiva”.

Durante o seminário foi realizado um trabalho em grupo onde os próprios

agricultores fizeram um levantamento dos avanços da produção da batata no ano de

2014, assim como levantaram propostas e desafios para o fortalecimento do trabalho

em 2015, entre as principais: estoque de batata para consumo; dificuldades com

mão de obra; renovação das sementes; escoamento da produção; problemas com

pragas; participação ativa dos filhos dos agricultores junto às atividades ligadas a

agricultura.

Em um dado momento do seminário os agricultores juntamente com outros

representantes da comissão territorial da batata apresentaram o balanço da

produção do cultivo do tubérculo do ano de 2014. Essa apresentação foi dividida em

quatro eixos temáticos: manejo ecológico das doenças na batata agroecológica;

manejo da fertilidade do solo na produção da batata; seleção de batata sementes e

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armazenamento na câmara fria; circuitos de comercialização da batata

agroecológica.

Sendo assim, a crescente participação e múltiplas interações das

organizações e dos agricultores familiares na implementação de programas próprios

voltados para a promoção da agricultura familiar e dos agroecossistemas revelaram

uma nova concepção sobre o domínio das ações de interesse público, que vem

deixando de ser encaradas como atribuição exclusiva do Estado e passam a

mobilizar também a capacidade proativa das organizações da sociedade civil.

4.2 Estudo de Caso: Agroecossistema Crisântemo

De acordo com o censo do IBGE (2010b), o município de Esperança possui

1.775 estabelecimentos familiares, em contraste com apenas 141 estabelecimentos

não familiares. A população é constituída por um contingente de 31.095 habitantes,

sendo que 21.631 (69,56 %) residem na zona urbana e 9.464 (30,44 %) na zona

rural (IBGE, 2006a).

Os estabelecimentos agrícolas pertencentes ao município de Esperança de

acordo com o INCRA (2013), possuem o valor unitário do módulo fiscal

correspondente a 12 hectares. Portanto para os estabelecimentos se enquadrarem

na legislação 11.326/2006 devem possuir áreas inferiores ou iguais a 48 hectares.

Com base na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, é possível evidenciar que

o agroecossistema desta pesquisa possui:

✓ Predomínio de mão de obra familiar;

✓ Renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no agroecossistema;

✓ Área da propriedade menor que quatro módulos fiscais;

✓ Direção do agroecossistema é familiar.

Sendo assim, o agroecossistema Crisântemo atende os critérios exigidos para

que a unidade agrícola seja considerada de produção familiar.

4.2.1 História do Agroecossistema Crisântemo

O agroecossistema familiar Crisântemo (figura 10) abrange no total oito

hectares de terra, sendo que quatro hectares pertencem legalmente ao pai de Alfa.

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(atualmente as terras são utilizadas por Alfa e família). Os outros quatro hectares de

terras o agricultor Alfa comprou com recursos financeiros que conseguiu economizar

quando trabalhou na construção civil durante 15 meses no Estado de São Paulo no

ano de 1986.

FIGURA 10 - Agroecossistema Crisântemo.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

No ano de 1987, o agricultor Alfa retornou ao Estado da Paraíba, mais

precisamente à cidade de Esperança, e como o dinheiro que adquiriu em São Paulo

comprou quatro hectares vizinhas a propriedade do seu pai, logo após construiu

uma casa de alvenaria com cinco cômodos, sendo um banheiro, dois quartos, uma

sala e uma cozinha, casou-se e passou a trabalhar e morar na propriedade.

Na propriedade o agricultor Alfa começou o plantio de feijão, fava, milho e

batatinha, mas a produção que se destacava comercialmente era a batatinha. A

produção do tubérculo (batatinha) foi bem-sucedida durante anos, mas começou a

apresentar-se onerosa e a gerar prejuízos. Conforme mostra o discurso do agricultor

Alfa: “a produção da batatinha era boa até que começou a entrar em crise, a

dificuldade foi tão grande que regressei para São Paulo no ano de 1991”. No

entanto, o agricultor ao se deparar com o contraste da cidade de São Paulo,

resolveu voltar à Paraíba. O relato agricultor do Alfa mostra este contraste: “eu estive

no Sul, só que eu voltei revoltado por que é muita discriminação, pense em um

negócio ruim é um nordestino pobre dentro de São Paulo”.

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O agricultor passou menos de um ano em São Paulo. Aproximadamente no

início do ano 1992, ele retornou a sua propriedade rural e retomou a prática agrícola.

Nesse mesmo ano o agricultor tomou a decisão de não mais utilizar adubos

químicos no seu roçado. Ele percebeu que não era vantagem o uso dos agrotóxicos,

pois tudo que lucrava era destinado ao pagamento das dívidas que contraia para

adquirir os produtos, além do mais, o uso desses agentes causava efeitos negativos

à saúde do agricultor e de sua família.

No desenvolvimento das atividades laborais, antes de 1992, no campo o

agricultor esteve exposto a riscos químicos, visto que fazia uso de agrotóxicos em

suas lavouras e pastagens sem receber orientação técnica para uso adequado dos

produtos químicos ou sintéticos. Conforme se verificou no seguinte relato do

agricultor:

Já usei muito veneno na cultura da batatinha, hoje se eu for obrigado a usar veneno na minha plantação eu prefiro abandonar a agricultura, [...] usei muitos tipos de veneno na lavoura: Aldrin, Folidol, Dithane e outros mais. Para aplicar o veneno eu nunca usei nenhum equipamento para me proteger, me lembro que eu sentia muita dor de cabeça, vomitava, sentia tonturas e meu nariz sangrava, hoje graças a Deus não sei nem o que é isso, antes eu adoecia no sítio agora ele é meu remédio.

No ano de 2011, o agricultor Alfa e sua família tomaram conhecimento de que

o sindicato dos trabalhadores rurais de Esperança/PB, estava incentivando o cultivo

agroecológico e distribuindo batatas sementes, então, o agricultor Alfa resolveu

adquiri-las e começar a experiência de cultivar a batata de maneira agroecológica.

Nesse momento iniciou-se o fortalecimento do processo de transição do sistema

convencional para o cultivo agroecológico no agroecossistema Crisântemo. De

acordo com o relato do agricultor a decisão de cultivar de forma agroecológica trouxe

resultados positivos: “percebi que a minha produção foi muito boa sem o uso do

veneno, praticamente meu custo foi zero, gastei apenas com mão de obra para

colher [...] não fiz mal para minha saúde nem para a natureza”.

A figura 11, mostra a vista aérea do agroecossistema familiar. Nela é possível

observar o perímetro da propriedade e a área onde foi plantada a batatinha no ano

2014.

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FIGURA 11 - Vista Aérea do Agroecossistema de Produção Familiar.

Fonte: Adaptação imagem google maps (2015)

4.2.2 Perfil dos Agricultores Familiares

O agricultor Alfa é casado, tem 51 anos, é natural da cidade de Areia/PB,

possui o ensino fundamental incompleto, possui Declaração de Aptidão ao Pronaf

(DAP) e trabalha em tempo integral na propriedade. Sua esposa tem 42 anos, é

natural da cidade de Esperança/PB, possui o ensino fundamental incompleto,

trabalha na agricultura e em atividades domésticas.

Na propriedade moram o agricultor Alfa, sua esposa e seus dois filhos. O

casal tem mais uma filha, que atualmente mora em São Paulo e trabalha como

operadora de caixa em um supermercado. A filha mais jovem do casal, Sigma,

estuda em tempo integral. Ela nasceu na cidade de Esperança/PB, tem 18 anos é

solteira e está concluindo o ensino médio. O rapaz, Alfa Júnior, nascido na cidade de

Esperança/PB e tem 20 anos, solteiro, possui o ensino médio completo e ajuda seu

pai nas atividades agrícolas, com mais ênfase no subsistema criação animal.

Os filhos do agricultor Alfa, que moram na unidade de produção agrícola,

pensam em permanecer, no futuro, envolvidos com agricultura. O Alfa Jr. no ano de

2012 foi a São Paulo, com a perspectiva de trabalhar, mas não se adaptou ao ritmo

de trabalho da metrópole. Ambos os filhos do agricultor Alfa recebem capacitações e

incentivos por parte da AS-PTA e POAB para auxiliarem seu pai a desenvolverem a

agricultura agroecológica.

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Durante a época da colheita da batatinha, geralmente nos meses de

julho/agosto, o agricultor Alfa faz uma contratação temporária pelo valor de R$

35,00/diária. Geralmente é contratado o agricultor Lambda, que tem 40 anos,

convive em união estável, é analfabeto e natural de Esperança/PB. O quadro 4

permite uma visualização do perfil social dos agricultores.

QUADRO 4 - Perfil Social dos Agricultores do Agroecossistema Crisântemo.

PERFIL SOCIAL

NO

ME

VIN

CU

LO

*

SE

XO

IDA

DE

NA

SC

IME

NT

O

PR

OF

ISS

ÃO

ES

TA

DO

CIV

IL ESCOLARIDADE

1º 2º SUPERIOR

AN

ALF

AB

ET

O

Incom

ple

to

Com

ple

to

Incom

ple

to

Com

ple

to

Incom

ple

to

Com

ple

to

Alfa Representante M 51 Areia/PB Agricultor Casado X

Beta Esposa F 42 Esperança/PB Agricultor Casado X

Alfa Jr. Filho M 20 Esperança/PB Agricultor Solteiro X

Sigma Filha F 18 Esperança/PB Estudante Solteiro X

Lambda Contratual M 40 Esperança/PB Agricultor União

estável X

Fonte: Pesquisa de campo (2014). Legenda: Vinculo*= Relação com o representante.

4.2.3 Descrição Geral do Trabalho Familiar no Agroecossistema

Foram identificadas oito principais atividades desenvolvidas pela família:

trabalho agrícola, trabalho doméstico, comercialização, estudar, sono, lazer, higiene

pessoal e alimentação. Essas atividades foram selecionadas ao passo que os

agricultores descreviam sua rotina diária.

4.2.3.1 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa

O agricultor Alfa, acorda as 04h:00min da manhã para desenvolver suas

atividades e começar a jornada de trabalho diária. Inicialmente ele ordenha as

vacas, e deixa os bovinos no cercado para pastarem. Quando termina a execução

dessas atividades o agricultor volta para casa e passa em torno de 30 minutos

fazendo sua refeição matinal, a qual já havia sido preparada por sua esposa. Após a

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refeição o agricultor retorna para o roçado, acompanhado de sua esposa e de posse

de água para beber e lanche. Geralmente em torno das 07h:30min da manhã, o Alfa

reinicia o trabalho e desenvolve as seguintes atividades: capina, prepara o solo,

aplica biofertilizantes e outras. Dependendo da época do ano, são realizados o

plantio, a colheita e a irrigação. Aproximadamente às 09h:00min, o agricultor faz

uma parada rápida para o lanche, logo após, volta a trabalhar e aproximadamente

13h:00min ele retorna a sua casa para almoçar.

Depois do almoço, às 14h:00min, o agricultor retorna sozinho ao trabalho

agrícola, pois sua esposa ainda tem trabalhos domésticos a realizar.

O filho do casal cuida dos suínos, aves e dos bovinos, seguindo o mesmo

horário do pai. Os bovinos são alimentados com capim ou palma, visto que a área de

pasto da propriedade é pequena.

A família encerra a atividade agrícola às 18h:30min, às 19h:00min o jantar é

servido, às 20h:00min a família se reúne para assistir televisão e às 21h:00min todos

se recolhem para dormir. De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho do agricultor

e sua família não apresentam muitas variações, no entanto algumas foram

identificadas no final de semana.

No sábado pela manhã, as 07h:30min, o agricultor Alfa, desloca-se até a

cidade de Esperança para comercializar e comprar alguns produtos na feira livre da

cidade. O agricultor retorna aproximadamente 11h:30min. Ao chegar em casa

rapidamente retoma suas atividades rotineiras de trabalho agrícola. Já no domingo a

única variação da rotina laboral é com relação ao tempo de jornada de trabalho, que

é menor com relação aos demais dias da semana.

A figura 12, permitiu identificar as principais atividades executadas pelo

representante do agroecossistema familiar diariamente, nela é possível observar que

a linha azul mostra as principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a

linha vermelha mostra as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra

as atividades desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de

15 minutos até completar às 24 horas diárias.

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FIGURA 12 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

A rotina diária do agricultor representante do agroecossistema familiar

relaciona-se com seis atividades básicas desenvolvidas por ele, são elas: trabalho

agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal, alimentação e comercialização.

O gráfico 2, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária

do agricultor. A atividade que mais despende tempo são as atividades agrícolas

sendo que, da segunda à sexta-feira ocupa 52,1%, aos sábados 34,4% e aos

domingos 50% da carga horária diária do agricultor.

GRÁFICO 2 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

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4.2.3.2 Atividades Desenvolvidas pela Agricultora Beta

A agricultora Beta, acorda as 06h:00min da manhã para desenvolver suas

atividades e começar à jornada de trabalho diária. Inicialmente ela prepara o café da

manhã e o lanche que será consumido posteriormente na roça. Após, espera seu

esposo e filho para fazerem a primeira refeição matinal. Ao terminarem o café, a

agricultora acompanha seu esposo para o roçado. Dependendo da época do ano ela

desenvolve as seguintes atividades agrícolas: capina, prepara o solo, aplica

biofertilizantes, planta, colhe, irriga etc.

Aproximadamente às 09h:00min, a agricultora faz uma parada rápida para o

lanche, mas logo volta ao trabalho agrícola. Às 11h:00min ela retorna a sua

residência para auxiliar Sigma no almoço e nas demais atividades domésticas. Após

o almoço a agricultora realiza atividades domésticas até 14h:30min. Ao terminá-las,

ela volta a desenvolver atividades agrícolas juntamente com seu esposo e filho. Beta

fica na roça até aproximadamente 18h:30min. Ao retornar, faz sua higiene pessoal,

se reuni com a família para jantar; assistir televisão e às 21h:00min se recolhe para

dormir.

De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho da agricultora e sua família não

apresentam muitas variações, no entanto algumas foram identificadas no final de

semana. No sábado pela manhã, enquanto seu esposo e filho estão na feira livre, à

agricultora fica desenvolvendo atividades domésticas como: lavar, limpar, cozinhar

entre outras. No período vespertino e noturno as atividades da Beta permanecem

iguais as desenvolvidas durante a semana, porém são concluídas às 18h:00min. No

domingo pela manhã identificou-se uma folga, a qual a agricultora utiliza para ir à

igreja. No período da tarde ela realiza atividades domésticas retornando ao campo

apenas na segunda-feira.

A figura 13, permitiu identificar as principais atividades executadas

diariamente pela agricultora. Nela é possível observar que a linha azul mostra as

principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra

as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades

desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até

completar às 24 horas diárias.

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FIGURA 13 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Beta.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

A rotina diária da agricultora relaciona-se com seis atividades básicas

desenvolvidas por ela, são elas: trabalho agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal,

alimentação e trabalho doméstico.

O gráfico 3, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária

da agricultora. As atividades que mais despende tempo são as atividades agrícolas

e atividades domésticas. O gráfico mostra que de segunda a sexta-feira as

atividades agrícolas ocupam 34,4%, aos sábados 16,7% e aos domingos não é

realizada atividade agrícola, já as atividades domésticas ocupam 13,5% da segunda

à sexta-feira, aos sábados 32,3% e aos domingos 32,3 % da carga horária diária da

agricultora.

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GRÁFICO 3 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Beta.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.3.3 Atividades Desenvolvidas pelo Agricultor Alfa Jr.

O agricultor Alfa Jr., acorda as 04h:00min da manhã para desenvolver suas

atividades e começar a jornada de trabalho diária. Inicialmente ele ordenha as

vacas, quando termina, volta para casa e passa em torno de 30 minutos fazendo sua

refeição matinal. Após a refeição por volta das 07h:30min da manhã, o Alfa Jr.

reinicia o trabalho e desenvolve as seguintes atividades: realiza cuidados

necessários nos habitats dos animais, prepara a alimentação dos mesmos e

posteriormente os alimenta.

O agricultor retorna a sua casa para almoçar às 13h:00min. Depois do

almoço, às 14h:00min, o agricultor volta ao trabalho e no período vespertino, mais

uma vez, ele volta a cuidar dos suínos, aves e bovinos. Os bovinos são alimentados

com capim, feno ou palma, visto que a área de pasto da propriedade é pequena. Ao

término do dia o agricultor recolhe os animais, que foram soltos para pastarem, e às

18h:30min encerra suas atividades agrícolas.

O agricultor volta para casa, faz sua higiene pessoal, janta, assiste televisão e

às 21h:00min se recolhe para dormir. De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho

do agricultor não apresenta muitas variações, no entanto algumas foram

identificadas no final de semana.

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No sábado pela manhã, às 07h:30min, Alfa Jr. e seu pai deslocam-se até a

cidade de Esperança para comercializar e comprar alguns produtos na feira livre da

cidade. O agricultor retorna aproximadamente 11h:30min e ao chegar em casa

rapidamente retoma suas atividades rotineiras de trabalho agrícola. Já no domingo a

única variação da rotina laboral é com relação ao tempo de jornada de trabalho, que

é menor com relação aos demais dias da semana.

A figura 14, permitiu identificar as principais atividades realizadas pelo

agricultor diariamente. Nela é possível observar que a linha azul mostra as principais

atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra as

atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades

desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até

completar às 24 horas diárias.

FIGURA 14 - Tempo das Atividades Diárias do Agricultor Alfa Jr.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

A rotina diária do agricultor relaciona-se com seis atividades básicas

desenvolvidas por ele, são elas: trabalho agrícola, dormir, lazer, higiene pessoal,

alimentação e comercialização.

O gráfico 4, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária

do agricultor. A atividade que mais despende tempo são as atividades agrícolas

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sendo que, de segunda a sexta feira ocupa 52,1%, aos sábados 24% e aos

domingos 37,5% da carga horária diária do agricultor.

GRÁFICO 4 - Atividades na Carga Horária Diária do Agricultor Alfa. Jr.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.3.4 Atividades Desenvolvidas pela Agriculta Sigma

A agricultora Sigma, acorda as 06h:15min da manhã para desenvolver suas

atividades e começar à jornada de trabalho diária. Inicialmente ela auxilia sua mãe

no preparo do café da manhã. Às 07h:00min faz sua refeição matinal e ao terminá-la

realiza alguns trabalhos domésticos. Aproximadamente às 08h:00min, Sigma realiza

atividades escolares e estuda para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Às

10h:00 ela pausa suas atividades escolares e se dedica a fazer o almoço. Após o

almoço desloca-se até a cidade de Esperança/PB para estudar. Sigma retorna da

escola, faz a janta, se reuni com sua família para jantar, assisti televisão e as

21h:00min recolhe-se para dormir.

De segunda a sexta-feira a rotina de trabalho de Sigma não apresenta muitas

variações, no entanto algumas foram identificadas no final de semana. No sábado e

domingo como ela não vai para a escola, desenvolve atividades domésticas como:

lavar, limpar entre outras. A rotina diária da agricultora relaciona-se com seis

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atividades básicas: estudar, dormir, lazer, higiene pessoal, alimentação e atividades

domésticas.

A figura 15, permitiu identificar as principais atividades executadas

diariamente pela agricultora. Nela é possível observar que a linha azul mostra as

principais atividades executadas de segunda a sexta-feira, a linha vermelha mostra

as atividades desenvolvidas ao sábado e a linha verde mostra as atividades

desenvolvidas aos domingos. O tempo é distribuído em intervalos de 15 minutos até

completar às 24 horas diárias.

FIGURA 15 - Tempo das Atividades Diárias da Agricultora Sigma.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

O gráfico 5, apresenta a participação de cada atividade na carga horária diária

da agricultora. As atividades que mais despende tempo são as atividades: dormir,

atividades escolares e atividades domésticas. O gráfico mostra que de segunda a

sexta-feira as atividades escolares ocupam 25%, aos sábados e aos domingos a

agricultora não realiza atividades escolas, já as atividades domésticas ocupam

22,9% de segunda a sexta-feira, aos sábados 31,3% e aos domingos 18,8 % da

carga horária diária da agricultora.

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GRÁFICO 5 - Atividades na Carga Horária Diária da Agricultora Sigma.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.3.5 Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema

Crisântemo

O gráfico 6, apresenta a participação das atividades na carga horária semanal

de cada agricultor. Percebe-se que as atividades que mais despendem tempo da

jornada semanal da maioria dos integrantes da família são: as atividades agrícolas e

atividades domésticas.

GRÁFICO 6 - Análise Comparativa do Trabalho Familiar no Agroecossistema.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

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4.2.4 Caracterização da Produção Agrícola do Agroecossistema Crisântemo

No agroecossistema Crisântemo foram identificados 5 (cinco) principais

subsistemas, conforme mostra o quadro 5. A valorização produtiva desses

subsistemas só é possível graças a elevada diversidade mantida pela agricultura

familiar. Portanto cada subsistema possui características ecológicas particulares que

atuam de forma sistêmica e integrada tornando o agroecossistema sustentável.

QUADRO 5 - Subsistemas no Agroecossistema Crisântemo

SUBSISTEMAS PRODUÇÃO POR SUBSISTEMA

1. ROÇADO Batatinha, erva-doce, batata-doce, macaxeira, feijão, milho, fava e jerimum.

2. QUINTAL Cebolinha, coentro, couve, alface, tomate, chuchu, maxixe, quiabo, pimenta, erva-cidreira e sabugueiro.

3. FORRAGEM Palma, milho B, abóbora forrageira e capim elefante.

4. MATINHA/ÁRVORE NO SISTEMA

Gliricídia, nim, avelós, sabiá, leucena, algaroba, coqueiro, gravioleira, cajueiro, mamoeiro e goiabeira.

5. CRIAÇÃO ANIMAL Bovinos, suínos e aves.

Fonte: Pesquisa de campo (2014), adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002).

O subsistema roçado contém policultivos em que se combinam grandes

variedades de espécies anuais, solteiras, consorciadas ou em rotação. Esse

subsistema é dedicado ao consumo familiar, a comercialização e ao consumo

animal.

O subsistema pequena irrigação contém policultivos de uma pequena horta e

plantas medicinais ou fitoterápicos. Esse subsistema é dedicado ao consumo

familiar. Esse subsistema é o único irrigado. A irrigação acontece de forma manual e

depende da água armazenada no barreiro.

O subsistema forragem é concebido como estoque de biomassa (ensilagem e

fenagem), ao passo que a produção é utilizada em épocas de seca para alimentação

animal.

O subsistema matinha/árvore no sistema cumpre variadas funções entre elas:

quebra-ventos, cercas vivas, produção de forragem e de matéria orgânica,

sombreamento, produção de alimentos e produção de lenha. Esse subsistema é

dedicado ao consumo familiar, a comercialização e ao consumo animal.

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O subsistema criação animal é formado por bovinos, suínos e aves, ele é

fundamental à segurança alimentar, melhoramento nutricional do solo e à geração

da renda familiar. Esse subsistema é utilizada para consumo familiar,

comercialização, geração de matéria orgânica e fonte energética.

A figura 16 permite uma visualização da complexidade do agroecossistema,

nela é possível perceber que os agentes envolvidos estão integrados de tal forma

que há um ciclo de reaproveitamento de recursos. Os produtos agrícolas são

originários de sementes crioulas, posteriormente designados para consumo familiar,

alimentação animal e comercialização.

FIGURA 16 - Modelo de Sustentabilidade dos Agroecossistema.

Fonte: Saldanha e Carvalho, (2014).

4.2.4.1 Produção Vegetal

Os principais cultivos de origem vegetal produzidos no agroecossistema no

ano de 2014 foram os roçados anuais, são os seguintes cultivos: batatinha, erva-

doce, feijão, milho, fava, batata-doce, macaxeira e jerimum (Figura 17).

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FIGURA 17 - Principais Produtos Agrícolas (vegetal).

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

As características das espécies cultivadas nos roçados anuais serão descritas

a seguir:

a) Batata

No ano de 2014, a batatinha (Solanum tuberosum L.) foi plantada em

aproximadamente 1 (um) hectare, em consórcio com a erva-doce e a batata-doce. O

cultivo da batatinha apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente três meses

(figura 24), sendo plantada no mês de maio e colhida em agosto de 2014. Nesse

ano o agricultor plantou 600 kg de batata semente e colheu 4.650 kg, sendo que

desse total, houve uma perda de 150 kg. Da colheita do ano 2014 foram escoados:

600 kg para armazenamento no frigorífico, 100 kg para consumo familiar, 300 kg

(semente) vendida para vizinhos e 3.500 kg para a comercialização.

De acordo com a percepção do agricultor o valor adquirido com a venda da

batatinha representou 25% da renda familiar (figura 19). As batatinhas foram

comercializadas através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e vendas

diretas (APÊNDICE C). A comercialização institucional gerou um valor total de R$

6.335,00 (seis mil, trezentos e trinta e cinco reais). Nessa transação foram vendidos

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3.500 kg de batatinha pelo preço de R$ 1,81/kg (um real e oitenta e um centavos).

Já a venda direta gerou um valor total de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), uma

vez que, foram vendidos 300 kg de batata semente pelo preço de R$ 0,50/kg

(cinquenta centavos). Segundo o agricultor: “esse programa do PAA foi muito bom,

como eu queria vender meu feijão ou qualquer outro produto assim, se eu fosse

vender a batatinha ao atravessador ele não pagaria nem a um real o quilo”.

b) Erva-doce

A erva-doce (Pimpinela anisum L.) foi cultivada em uma área de

aproximadamente ½ (meio) hectare, em consórcio com a batatinha e a batata-doce.

O cultivo apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente nove meses (figura

24), foi podado no início de abril e foi colhido nos meses de novembro e dezembro

de 2014. Nesse ano, a produção gerou um total de 234 kg, sendo escoada: 1 kg

para consumo familiar; 2 kg para estoque particular de sementes; 1 kg para doação

e, restante da produção, 230 kg foram estocados para comercialização (APÊNDICE

C).

Embora não tenha havido comercialização da erva-doce em 2014, a

percepção do agricultor é de que a futura comercialização desse produto

representará aproximadamente 10% para a renda familiar (figura 19).

c) Batata-doce

O plantio da batata-doce (Ipomoea batatas Lam.) foi cultivada em uma área

de aproximadamente ½ (meio) hectare, em consórcio com a batatinha e a erva-doce.

O cultivo apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente cinco meses, foi

plantado no mês de abril e colhido no final do mês de agosto de 2014 (figura 24).

Nesse ano, a produção gerou um total de 350 kg, sendo escoada da seguinte forma:

50 kg consumo familiar; 100 kg alimentação animal 100 kg e 200 kg

comercialização.

A batata-doce representou 2% da renda da produção agrícola de acordo com

a percepção do agricultor (figura 19). Uma parte da renda proporcionada por esse

cultivo, foi adquirida através da venda ao atravessador e gerou um valor total de R$

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280,00 (duzentos e oitenta reais). Nessa transação foram negociados 200 kg pelo

preço de R$ 1,40/kg (um real e quarenta centavos) (APÊNDICE C).

d) Macaxeira

A macaxeira (Manihot esculenta Crantz) foi plantada sem consórcio (solteira)

em uma área de aproximadamente ½ (meio) hectare. O cultivo da macaxeira

geralmente apresenta um ciclo produtivo maior que um ano, o cultivo desse produto

teve um ciclo de aproximadamente 16 meses, foi plantada em agosto de 2013 e foi

colhida em outubro, novembro e dezembro de 2014 (figura 24). Nesse ano, a

produção gerou um total de 1.055 kg, essa produção foi escoada para: 50 kg

consumo familiar; 5 kg doação; 100 kg alimentação animal e 900 kg

comercialização.

A macaxeira representou 2% da renda da produção agrícola de acordo com a

percepção do agricultor (figura 19). Uma parte da renda gerada por este cultivo, foi

adquirida através da venda ao atravessador e gerou um valor total de R$ 900,00

(novecentos reais). Nessa transação foram negociados 900 kg pelo preço de R$

1,00/kg (um real) (APÊNDICE C).

e) Feijão Carioca

O feijão carioca (Phaseolus vulgaris Linn.) foi plantado em

consórcio/simultâneo com o milho, a fava e o jerimum em uma área de

aproximadamente 1 ½ hectare (um hectare e meio). Ele apresentou um ciclo

produtivo de aproximadamente três meses, foi plantado no final de abril e colhido no

final do mês de julho de 2014 (figura 24). Nesse ano foram plantados 40 kg de

sementes e foram colhidos um total de 1.800 kg, sendo que desse total houve uma

perda de 50 kg. A produção do feijão carioca foi escoada para: 40 kg estoque

particular de sementes, 240 kg consumo familiar e, restante da produção, 1.470 kg

foram estocados para comercialização posteriormente (APÊNDICE C).

Embora não tenha havido comercialização do feijão carioca no ano de 2014, a

percepção do agricultor é que a venda futura desse produto representará

aproximadamente 8% para a renda familiar (figura 19).

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f) Milho

O milho foi plantado em dois momentos e de dois cultivos diferentes. No

primeiro momento, o plantio do milho A aconteceu em consórcio/simultâneo com a

fava, o feijão e o jerimum. Ele foi plantado no final de abril e foi colhido no mês de

julho, agosto e novembro de 2014. Nos meses de julho e agosto parte do milho A foi

colhido, ainda verde, para o consumo familiar, e foi utilizado para produção de

pamonha e canjica. Em um segundo momento, o plantio do milho B aconteceu no

instante que o feijão carioca foi colhido. Portanto a colheita do feijão abriu espaço

para o plantio de um novo cultivo (milho B) (figura 24).

O milho B e o restante do milho A foram colhidos ambos secos no mês de

novembro. Merece destaque que o milho B plantado no segundo momento pertence

a uma variedade mais apropriada para forragem, visto que apresenta em sua

estrutura vegetal uma quantidade maior de palha.

No primeiro momento foram plantados 4 kg de sementes do milho A, e sua

produção gerou um total de 297 kg, essa produção foi escoada para: 7 kg estoque

particular de sementes, 60 kg consumo familiar e, restante da produção, 230 kg

foram destinados a alimentação dos animais. Já no segundo momento foram

plantados 9 kg de sementes do milho B e sua produção gerou um total de 900 kg,

essa produção foi destinada para: 10 kg estoque particular de sementes e todo o

restante da produção, 890 kg foram para ração animal (APÊNDICE C).

Os 1.120 kg de milhos produzidos foram utilizados como ração animal. Esse

cultivo representou 6% na renda familiar na percepção do agricultor (figura 19).

g) Fava

A fava (Phaseolus lunatus L.) foi plantada em consórcio/simultâneo com o

milho, o feijão e o jerimum em uma área de aproximadamente 1 ½ hectare (um

hectare e meio). Apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente sete meses, foi

plantada no final de abril e colhida nos meses de setembro e outubro de 2014 (figura

24). Nesse ano foram plantados 3 kg de sementes e colhidos 186 kg, sendo que

desse total houve uma perda de 2 kg. A produção do cultivo foi escoada para: 3 kg

estoque particular de sementes; 1kg doação banco de sementes comunitário; 60 kg

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consumo familiar e, restante da produção, 120 kg estocados para comercialização

(APÊNDICE C).

Embora não tenha havido comercialização da fava no ano de 2014, a

percepção do agricultor é que a futura comercialização representará

aproximadamente 2% para a renda familiar (figura 19).

h) Jerimum

O jerimum (Cucurbita sp.) foi plantado em consórcio/simultâneo com feijão

carioca, milho e fava, em uma área de 1 ½ hectare (um hectare e meio). O jerimum

apresentou um ciclo produtivo de aproximadamente dois meses e meio, foi plantado

no final de abril e foi colhido no mês de julho de 2014 (figura 24). Foram plantadas

200 gramas de sementes, a produção gerou um total de 65 unidades. O agricultor

armazenou aproximadamente 200 gramas de semente do jerimum em seu estoque

particular (APÊNDICE C).

A produção do jerimum no ano de 2014 foi escoada para: consumo familiar 40

unidades, doação para vizinhos 5 unidades e alimentação animal 20 unidades. Os

jerimuns que alimentaram os animais seriam comercializados, afirma o agricultor

Alfa: “os 20 (vinte) jerimuns seriam vendidos, mas como o preço de mercado estava

baixo, foi mais vantagem alimentar os animais”.

4.2.4.2 Criação Animal

O sistema criação animal é fundamental à segurança alimentar,

melhoramento nutricional do solo e à geração da renda familiar. Esse subsistema no

agroecossistema Crisântemo é formado por bovinos, suínos e aves (Figura 18).

Nesta propriedade, a criação animal é de pequena escala e está presente de

maneira integrada à produção vegetal.

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FIGURA 18 - Principais Produtos Agrícolas (animal).

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

As características das espécies cultivadas no subsistema criação animal serão

descritas a seguir:

a) Bovinos

O agroecossistema no ano de 2014 apresentou um número total de 15

(quinze) bovinos. Nesse ano um touro reprodutor e três vacas reproduziram um total

de 3 (três) bezerros. Do total de nascidos nenhum animal nasceu morto e todos os

três foram destinados à engorda para posteriormente serem vendidos como animal

de corte. Dos bovinos existentes na propriedade, desde o ano de 2013, vinham

sendo criados 5 (cinco) animais (duas novilhas e três garrotes), os mesmos foram

vendidos para corte no ano de 2014. O agricultor ainda possui um boi de trabalho e

duas vacas, porém essas duas vacas não reproduziram no ano de 2014 (APÊNDICE

D). Os bovinos são criados sob um sistema intensivo, visto que os animais ficam

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presos em pequenos espaços. Eles ocupam uma área de aproximadamente ½ (meio)

hectare e alimentam-se de capim, feno, palma e água em cochos.

Os bovinos e derivados representaram 15% da renda da produção agrícola na

percepção do agricultor (figura 19). Durante o ano 2014 foram vendidos ao

atravessador como animais de corte duas novilhas e três garrotes, eles foram

vendidos em média pelo preço de R$ 800,00 (oitocentos reais) o que totalizou um

valor total de R$ 4,000,00 (quatro mil reais). Nesse mesmo ano as vacas que

reproduziram, produziram 3.000 litros de leite, desse total 450 litros foram destinados

para consumo familiar e 2.550 litros para comercialização. O leite foi vendido ao

atravessador pelo preço de R$ 1,50/l (um real e cinquenta centavos), a

comercialização gerou um valor total de R$ 3.825,00 (três mil, oitocentos e vinte

cinco reais). O esterco foi outro subproduto produzido e gerou um total de

aproximadamente 27 m3. Esse material orgânico foi destinado para adubar o solo e

alimentar o biodigestor existente na propriedade.

b) Suínos

O agroecossistema em 2014 apresentou um total de 39 (trinta e nove) suínos.

Nesse ano 1 (um) porco reprodutor e 4 (quatro) matrizes reproduziram um total de

32 (trinta e dois) leitões. Do total de leitões nascidos, apenas 1 (um) animal nasceu

morto, 12 (doze) foram vendidos e 19 (dezenove) foram destinados a criação para

um posterior abate (APÊNDICE D). Os animais são criados em uma área de 70 m2,

distribuídas em duas pocilgas (38,5 m2 e 31,5 m2).

No ano de 2014 foram consumidos e vendidos 2 (dois) animais que vinham

sendo criados desde 2013. Os animais geraram um total de 250 kg de carne, essa

produção foi escoada para: 50 kg da carne para consumo familiar e 200 kg foram

comercializados com atravessadores. Foram comercializados 200 kg pelo preço de

R$ 9,00/kg (nove reais) e gerou um valor total de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos

reais). Ainda nesse mesmo ano foram comercializados de forma direta 12 leitões

para recria, pelo preço de R$ 100,00 (cem reais) a cabeça, essa transação gerou um

valor total de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais).

A produção de suínos representou 15% da renda da produção agrícola na

percepção do agricultor (figura 19).

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c) Aves

No ano de 2014 foram criadas aves do tipo caipira e capoeira, totalizando 555

(quinhentos e cinquenta e cinco) aves. Desse total 75 (setenta e cinco) eram do tipo

capoeira, criadas soltas na propriedade e 480 eram do tipo caipira, criadas

semiconfinadas e consorciadas o cultivo vegetal da palma.

Durante todo o ano (2014) duas galinhas, do tipo capoeira, geraram

aproximadamente 124 ovos, deste total 40 ovos foram destinados ao consumo

familiar e 84 ovos foram colocados para chocar, mas 12 ovos goraram, portanto,

apenas 72 ovos geraram pintinhos.

A produção de galinhas, tipo capoeira adultas, foram escoadas de duas

formas: 10 aves para consumo familiar e 62 aves comercializadas, restando um total

de 3 aves para postura (APÊNDICE D). As 62 aves foram comercializadas da

seguinte forma: 12 unidades da galinha do tipo capoeira vendidas de forma direta,

pelo preço de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) a unidade, esta negociação gerou um

valor total de R$ 300,00 (trezentos reais). Também foram negociadas ao

atravessador 50 unidades desse mesmo tipo de galinha por um preço de R$ 25,00

(vinte e cinco reais) a unidade, essa transação gerou um valor total de R$ 1.250,00

(um mil e duzentos e cinquenta reais).

Durante todo o ano de 2014 foram criadas 480 (quatrocentos e oitenta) aves

do tipo caipira, sendo 400 (quatrocentos) aves adquiridas no ano de 2014 e 80

(oitenta) aves já vinham sendo criadas na propriedade desde 2013. Observou-se

que as galinhas do tipo caipira são criadas confinadas em uma área de

aproximadamente 250 m2, nessa mesma área encontra-se uma parcela do plantio

de palma forrageira, sendo assim, as aves são criadas semiconfinadas e ao

completarem 100 dias estão prontas para o consumo ou comercialização.

A produção das galinhas, tipo caipira foram escoadas de duas formas: 80

aves para consumo familiar e 400 aves comercializadas. As galinhas foram vendidas

15 unidades de forma direta pelo preço de R$ 20,00 (vinte reais) a unidade e gerou

um valor total de R$ 300,00 (trezentos reais). Também foram vendidas 385 unidades

desse mesmo tipo de galinha ao atravessador pelo preço de R$ 17,00 (dezessete

reais) a unidade e gerou um valor total de R$ 6.545,00 (seis mil, quinhentos e

quarenta e cinco reais). Nesse ano merece destaque também que as galinhas

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caipiras geraram como subproduto um total de 200 ovos o quais foram destinados

apenas para consumo familiar (APÊNDICE D).

A produção de aves representou 15% da renda da produção agrícola na

percepção do agricultor (figura 19).

4.2.4.3 Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na

Formação da Renda

No agroecossistema familiar os produtos de origem vegetal comercializados

são: batatinha, erva-doce, feijão, fava, batata-doce e macaxeira. Já os produtos de

origem animal comercializados são: suínos, bovinos e aves.

De acordo com a percepção do agricultor Alfa o produto que mais contribuiu

em 2014 na renda familiar foi a batatinha. Merece destaque que cada produto

(vegetal e animal) que integrou a renda familiar possui um valor na percepção do

agricultor Alfa. Portanto considerou-se não apenas o valor que determinado produto

gerou em sua transação comercial, mas o valor que determinado produto agregou

ao agroecossistema.

No ano de 2014 os produtos fava, feijão e erva-doce agregaram valor a renda

familiar em forma de estoque, já o milho teve sua contribuição em forma de ração

animal. Essa contribuição mensurada através da percepção do agricultor pode ser

evidenciada em seu discurso. Para Alfa: “se não fosse a produção de milho no sítio,

eu teria que comprar ração para alimentar os animais, como teve o milho, o dinheiro

não saiu do meu bolso, por isso digo que o milho representa aproximadamente 6%

da renda total”.

Merece destaque que o valor que cada produto agregou a renda é muito

peculiar a percepção do agricultor. De acordo com o agricultor Alfa sua percepção é

baseada na sinergia e importância que o produto exerce para o agroecossistema. A

figura 19 apresenta a percepção do agricultor e a participação de cada produto na

formação da renda familiar.

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FIGURA 19 - Percepção do Agricultor quanto a Participação dos Produtos na Formação da Renda Familiar.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.5 Práticas Agroecológicas

No agroecossistema estudado foram identificadas as seguintes práticas

agroecológicas: manejo de sementes; manejo dos solos; manejo de águas; práticas

tradicionais e inovadoras.

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4.2.5.1 Manejo das Sementes

No agroecossistema Crisântemo as sementes são armazenadas há anos e

seguem a percepção dos agricultores com relação a qualidade e adaptabilidade as

características locais. O agricultor Alfa tem um saber tradicional de conservação e

possui estratégias para a manutenção do patrimônio genético das sementes. De

acordo com o agricultor as espécies das sementes são conservadas há gerações e

são armazenadas na propriedade.

FIGURA 20 - Estoque de Sementes em Silos.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

FIGURA 21 - Estoque de Sementes em Garrafas PET.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.5.2 Manejo dos Solos

A prática Agroecológica manejo dos solos compreende as seguintes

subpráticas: adubação orgânica; MB-4 (pó de rocha); trabalho mínimo dos solos;

rotação de culturas; consócios de culturas; mediadores das técnicas agroecológicas

de manejo dos solos.

a) Adubação Orgânica

Para preservar os microrganismos do solo é necessário aumentar seus níveis

de matéria orgânica. A adubação orgânica é uma prática agroecológica pertinente

para essa finalidade. No agroecossistema Crisântemo os fertilizantes químicos foram

substituídos por biofertilizantes naturais, eles não agridem o solo nem contaminam o

meio ambiente.

O biofertilizante utilizado para melhorar a fertilidade do solo foi produzido pelo

próprio agricultor com produtos naturais existentes em sua propriedade. Para

produzir o biofertilizante conta o agricultor Alfa: “a produção é simples e o custo é

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baixo e os ingredientes são diversos e tem aqui no sítio: água, folhas verdes

(gliricídia, ramas de batata etc.), manipueira (água de goma), garapa de rapadura

entre outros”.

Ainda como forma de adubação orgânica, o agricultor Alfa relatou que aplicou

no solo estrumes (substrato do biodigestor e esterqueira).

b) MB-4 (Pó de Rocha)

O agricultor Alfa aplicou o pó de rocha (MB-4) no cultivo da batatinha

conforme orientações técnicas que recebeu. Relata o agricultor: “eu apliquei

100g/cova de pó de rocha, o que equivale a 2 toneladas de pó de rocha por hectare

que eu plantei”.

c) Trabalho Mínimo dos Solos

O agroecossistema Crisântemo não utiliza máquinas pesadas e implementos

que possam revolver o solo, causar alteração nas camadas mais férteis ou destruir a

alta biodiversidade.

Para o preparo do solo os principais instrumentos utilizados pela família são:

arado de tração animal e manual, pulverizador costal, matraca manual, enxada, pá,

ciscador, pulverizador e regador.

d) Rotação de Culturas

A rotação de cultura praticada alterna anualmente, as seguintes espécies

vegetais: batatinha, batata-doce e macaxeira. Portanto a rotação ocorre por meio de

uma sucessão planejada de plantio na mesma área. Segundo o agricultor Alfa, a

rotação auxilia a fertilidade do solo, controla ervas daninhas, pragas, doenças e

permite um melhor aproveitamento dos nutrientes do solo.

e) Consórcio de Culturas

No ano de 2014 foram identificados no agroecossistema Crisântemo dois

consórcios, eles buscaram: evitar o monocultivo, melhorar o aproveitamento da área

agrícola, melhorar a fertilidade dos solos e aumentar a diversidade de cultivos. O

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primeiro consórcio envolveu três cultivos diferentes (batatinha, batata-doce e erva-

doce) plantados em fileiras e lado a lado na propriedade em áreas próximas. O

segundo consórcio envolveu o plantio simultâneo de três cultivos diferentes (milho,

fava, feijão) praticamente em uma mesma área. Ainda nesse segundo consórcio o

jerimum é plantado posteriormente e de forma dispersa no interior do roçado.

f) Mediadores das Técnicas Agroecológicas de Manejo dos Solos

As práticas agroecológicas de manejo do solo são mediadas pelo biodigestor

e pela esterqueira, implementados na propriedade através de projetos desenvolvidos

pelas instituições que apoiam a transição da agricultura convencional para a

agricultura agroecológica.

A esterqueira é uma tecnologia disponibilizada pela AS-PTA e POAB. Os

agricultores, envolvidos com o processo de revitalização da batatinha, vêm

recebendo a esterqueira e orientações técnicas de como utilizá-la para melhorar a

fertilidade do solo. A figura 22 mostra a esterqueira localizada no agroecossistema e

o discurso do agricultor Alfa ratificando a eficácia da tecnologia.

FIGURA 22 - Esterqueira.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

O biodigestor é uma tecnologia, disseminada pela AS-PTA juntamente com o

POAB, que consiste em um equipamento usado para o processamento de matéria

orgânica (figura 23).

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FIGURA 23 - Biodigestor.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

O biodigestor é considerado como uma estratégia de investimentos

progressivos ou fundo de crédito rotativo. De acordo com o agricultor Alfa o fundo de

crédito rotativo funciona da seguinte forma: “todo mês eu e outros agricultores

deixamos de forma voluntária no sindicato um valor de um botijão de gás para que

novos biodigestores sejam construídos, [...] não sou obrigado a contribuir tudo é

voluntário, mas eu gosto de cumprir com o que combinei”.

No agroecossistema Crisântemo o biodigestor é alimentado com esterco

bovino, logo após passa por um processo, libera gás e gera biomassa. O gás pode

substituir o comprado em botijões e a biomassa pode ser utilizada como

biofertilizante para o solo.

Foi constatado que o biodigestor é uma tecnologia vantajosa para a unidade

agrícola por gerar: economia financeira, biofertilizante e redução no desmatamento.

4.2.5.3 Manejo de Água

A oferta primária de água no agroecossistema Crisântemo é das chuvas, que,

ocorre de maneira irregular. Em contrapartida a família depende de regularidade na

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demanda de água para as seguintes situações: consumo familiar (beber, cozinhar,

banho e outras), irrigar o subsistema quintal e dessedentar animais.

Os produtos agrícolas pertencentes ao subsistema roçado, dependem

exclusivamente da água das chuvas. A figura 24, mostra através de setas o

processo de cultivos de produtos do subsistema roçado: a seta verde representa o

plantio, a seta marrom representa o desenvolvimento e a seta laranja representa a

colheita de determinado cultivo.

FIGURA 24 - Diagrama de Produtos e Pluviometria.

Fonte: Pesquisa de campo (2014), adaptado de Saldanha e Carvalho, (2014). Legenda: CHUVA - Ausência:1; Pouca: 2; Média: 3; Ótima: 4; Excesso: 5

Plantio = Desenvolvimento = Colheita = Consórcio 1 = Consórcio 2 =

De acordo com o agricultor Alfa, na Paraíba o início do plantio dos produtos

do roçado está ligado a tradição religiosa e geralmente começa no mês de março,

mais precisamente no dia 19, dia de São José protetor da família. No ano de 2014

CULTIVO

MESES

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

SU

BS

IST

EM

A R

AD

O

Batatinha

Erva-doce

Batata-doce

Macaxeira

Feijão

Milho A

Milho B

Fava

Jerimum

CHUVA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Percepção

Pluviométrica do

Agricultor – 2014

1 2 1 2 3 3 3 3 4 3 1 1

Pluviometria (mm)

(Dados AESA –

2014)

14,9 87,9 40,4 4,4 119,9 76,2 79,2 40,8 76,2 34,4 18,3 2,9

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as irregularidades nas chuvas mudaram um pouco essa tradição e o agricultor

começou o plantio apenas no início do mês de abril.

As irregularidades das condições pluviométricas, a falta de rios perenes e a

insuficiência de armazenamento natural dos recursos hídricos levou os agricultores à

necessidade de constituir manejo de estoques. No agroecossistema Crisântemo a

reserva hídrica de água é oriunda das chuvas, porém em épocas de estiagem

prolongadas, onde não é possível captar a água da chuva, os reservatórios

(cisternas) são abastecidos por carro pipa fornecida pelo exército e governo do

Estado da Paraíba.

Para consumo familiar a água é armazenada em duas cisternas de placas de

16 mil litros cada. Elas possuem formato cilíndrico construída com placas de cimento

pré-moldadas, conforme mostra a figura 25. O abastecimento da cisterna em época

de inverno é feito pela captação de água da chuva. A água desce do telhado da

casa dos agricultores e posteriormente é conduzida por calhas até as cisternas. As

cisternas foram viabilizadas pelo Programa um Milhão de Cisternas (P1MC). O

programa tem por premissa a ideia de captar e armazenar a água das chuvas para o

consumo humano.

Para dessedentação dos animais e irrigação do subsistema quintal, o

agricultor utiliza água de um barreiro. Esse reservatório é abastecido unicamente

pela água das chuvas. Ele foi construído com recursos do Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).

FIGURA 25 - Reservatórios de Recursos Hídricos.

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

4.2.5.4 Manejo de Animais

A criação animal é composta por bovinos, suínos e aves e formam o

subsistema criação animal. Esse subsistema é manejado de forma sistêmica e

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possibilita uma integração entre agricultura e pecuária. De acordo com os

agricultores os animais são escolhidos de acordo com as condições climáticas, as

oportunidades mercadológicas e o valor nutricional para o consumo familiar. A

sanidade dos animais e a rentabilidade é um reflexo do manejo agroecológico

realizado na unidade agrícola familiar.

O quadro 6 apresenta a integração entre os subsistemas agrícola e pecuário,

assim como, mostra a relação que os mesmos exercem com as práticas tradicionais

e inovadoras adotadas.

QUADRO 6 - Práticas de Integração entre os Subsistemas Agrícola e Pecuário no Agroecossistema Crisântemo.

Sentido agricultura Pecuária

PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS

Extrativismo de espécies forrageiras nativas

Produção e melhoria do aproveitamento de espécies forrageiras (aquisição de máquina forrageira, plantio e manejo de espécies forrageiras nativas – milho B e abóbora forrageira).

Estocagem e uso forrageiro dos restos de cultivo

Intensificação da estocagem e do uso dos restos de cultivo (ensilagem e fenagem).

Sentido pecuária Agricultura

PRÁTICAS TRADICIONAIS PRÁTICAS INOVADORAS

Uso do esterco como adubo orgânico Práticas que visam à intensificação do uso do esterco como adubo orgânico (biodigestor e esterqueira)

Uso de tração animal no preparo dos solos Introdução de novos implementos tradicionais por força animal nas propriedades (arado e carroça).

Fonte: Pesquisa de campo, adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.96).

A integração que acontece entre os subsistemas, intensificam os processos

de produção e melhoram o desempenho natural do agroecossistema. Um exemplo

dessa integração é a combinação da produção agrícola (palma) e animal (aves). As

aves são criadas semiconfinadas e, os dejetos que produzem são liberados

diretamente no solo, isso permite um aporte de nutrientes e matéria orgânica para a

manutenção do solo e produtividade da palma.

4.2.5.5 Práticas Agroecológicas Tradicionais e Inovadoras

No agroecossistema Crisântemo a manutenção do solo é comprometida com

sua natureza viva, portanto é feita de maneira agroecológica. Nesse contexto são

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levados em consideração três princípios de manejo elencados por Petersen, Silveira

e Almeida (2002b): manutenção de alta biodiversidade funcional; constituição e o

manejo de estoques de recursos; valorização produtiva de espaços limitados com

alto potencial de produtividade biológica. Ainda conforme os autores, os princípios

envolvem práticas tradicionais e inovadoras que permitem atuação sistêmica e

integrada das partes.

O quadro 7, permite observar a relação entre os princípios de manejo

presente no agroecossistema Crisântemo e suas práticas tradicionais e inovadoras.

QUADRO 7 - Relação entre os Princípios de Manejo e Práticas Empregadas no Agroecossistemas Crisântemo.

PRINCÍPIOS DE MANEJO PRÁTICAS

TRADICIONAIS INOVADORAS

Manutenção de alta biodiversidade funcional

• Consórcios;

• Aproveitamento das espécies forrageiras ou nativas;

• Uso de variedades locais;

• Integração agricultura / pecuárias;

• Uso de plantas medicinais;

• Plantio de cercas vivas.

• Resgate e multiplicação de variedades locais;

• Avaliação e introdução de novas variedades;

• Arborização da propriedade.

Constituição e manejo de estoques

• Poupança de capital em forma de gado;

• Barreiro e cisternas;

• Armazenamento doméstico de sementes;

• Armazenamento de restos de cultivos com fonte forrageira.

• Bancos de sementes comunitários;

• Cisternas de placa;

• Práticas de ensilagem e fenagem.

Valorização de espaços limitados com alto potencial de produção biológica

• Quintais domésticos.

-

Fonte: Pesquisa de campo, adaptado de Petersen, Silveira e Almeida (2002b, p.90).

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5 CAPÍTULO: CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo geral caracterizar um agroecossistema

familiar, inserido no Território da Borborema/PB, em processo de transição e

envolvido com o cultivo da batata agroecológica (Solanum tuberosum L.). Os

objetivos específicos foram: (1) contextualizar o processo de transição agroecológica

do agroecossistema familiar, descrito no item 4.1 do capítulo 4; (2) descrever o

agroecossistema familiar localizado no Território da Borborema/PB, em processo de

transição agroecológica, descrito no item 4.2 do capítulo 4; (3) Identificar práticas

sustentáveis que corroboram para o processo de transição da agricultura

convencional para agricultura agroecológica, descritos no item 4.2.5 do capítulo 4.

A partir desta pesquisa foi possível evidenciar que o fortalecimento da

agricultura familiar no Território da Borborema, vem sendo incitado por interações

promovidas pela AS-PTA e parcerias com outras instituições e organismos

organizados como: POAB, ECOBORBOREMA, EMATER, UEPB, SEDAP, entre

outras. Essas interações têm sido de fundamental importância para a condução de

ações e projetos pautados na Agroecologia. O processo de revitalização da

batatinha é uma das ações promovidas de forma participativa e coletiva que busca

valorizar a agricultura familiar e a transição agroecológica nos agroecossistemas do

Território da Borborema-PB.

O agroecossistema analisado, denominado neste trabalho como Crisântemo,

atende os critérios exigidos na Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006, para que a

unidade agrícola seja considerada de produção familiar. Com base nas análises

realizadas foi possível evidenciar que o agroecossistema possui: predomínio de mão

de obra familiar, renda familiar oriunda de atividades agrícolas geradas no

agroecossistema; área da propriedade menor que quatro módulos fiscais e, direção

do agroecossistema familiar.

O agroecossistema Crisântemo está envolvido em um processo de transição

da agricultura convencional para agroecológica. Os agricultores partiram da

premissa de reverter a grave crise gerada pela utilização de práticas convencionais

baseadas na Revolução Verde. A transição vem recebendo apoio de instituições que

promovem a agricultura familiar no Território da Borborema. O agroecossistema

apresenta uma integração gerada pela produção vegetal e animal e adota práticas

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agroecológicas. As práticas agroecológicas adotadas no agroecossistema vem

conferindo um crescente nível de sustentabilidade. Sendo assim, existe um

comprometimento dos agricultores familiares não apenas com sua unidade familiar,

mas com o meio ambiente e com as gerações futuras que usufruirão desse meio.

5.1 Sugestões para Estudos Futuros

Como propostas para estudos a serem realizados futuramente apontamos:

✓ Propor um sistema de indicadores de sustentabilidade envolvendo aspectos

de produção, produtividade e fatores humanos, para ajudar os agricultores

familiares a monitorarem, a tomarem decisões e, assim, melhorarem a gestão

da produção;

✓ Mensurar a sustentabilidade gerada em agroecossistema agroecológico no

Território da Borborema;

✓ Mensurar a sustentabilidade gerada em agroecossistema convencional no

Território da Borborema;

✓ Comparar o nível de sustentabilidade de unidades agrícolas familiares, que

desenvolvem a produção convencional versus a produção agroecológica no

Território da Borborema;

✓ Analisar os resultados obtidos com os projetos e ações desenvolvidos por

instituições comprometidas com Agroecologia no Território da Borborema/PB.

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APÊNDICE:

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APÊNDICE A: Roteiro Observacional

ROTEIRO OBSERVACIONAL

Observáveis

1. Processo de revitalização da batatinha pelas instituições: ✓ AS-PTA; ✓ POAB.

2. Agroecossistema Crisântemo Esperança - PB

✓ Agricultores; ✓ Produção: principais cultivos e criação de animais; ✓ Estradas; ✓ Residência; ✓ Organização do trabalho; ✓ Condições de trabalho; ✓ Tecnologias utilizadas; ✓ Recursos hídricos; ✓ Aproveitamento da água da chuva; ✓ Técnicas agroecológicas; ✓ Sementes; ✓ Transporte; ✓ Armazenamento;

✓ Equipamentos, máquinas ou ferramentas de trabalho.

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APÊNDICE B: Roteiro de Ação Conversacional Nome: Agroecossistema Crisântemo Município: Esperança – PB

AÇÃO CONVERSACIONAL

ASSUNTO TÓPICOS

Aspectos sociais

✓ Tempo na agricultura convencional e na agricultura agroecológica; ✓ Posse da propriedade agrícola / área da propriedade; ✓ Perfil social dos agricultores; ✓ Residência na unidade produtiva; ✓ Pais ou familiares envolvidos na agricultura; ✓ Permanência e interesse dos filhos na atividade agrícola; ✓ Participação de cada pessoa no processo produtivo; ✓ Vínculo com ONG, sindicatos; associação e outros; ✓ Tecnologias sociais – (Biodigestor; - Esterqueira); ✓ Saúde; ✓ Educação; ✓ Habitação (aspectos da residência – n° de cômodos, energia elétrica).

Água ✓ Fonte de irrigação e aproveitamento da água da chuva; ✓ Origem da água para animais; plantações e consumo familiar; ✓ Formas de tratamento da água para consumo.

Solo ✓ Qualidade do solo (percepção); ✓ Histórico do uso e ocupação do solo; ✓ Correções do solo.

Agroecologia

✓ Vantagens da agricultura agroecológica; ✓ Técnicas (rotação; consórcio entre outras; ✓ Biofertilizante; ✓ Controles fitossanitários (controle de insetos e doenças nos cultivos).

Comercialização

✓ Feiras, atravessadores, vendas institucionais, direta, doações; ✓ Transporte; ✓ Quantidade; ✓ Produtos (vegetal e animal); ✓ Subprodutos.

Sementes

✓ Formas de aquisição; ✓ Banco de sementes; ✓ Programa de distribuição de sementes; ✓ Quantidade plantada; ✓ Quantidade armazenada.

Ambiental ✓ Preservação ambiental; ✓ Reciclagem.

Produção

✓ Equipamentos, máquinas ou ferramentas; ✓ Épocas de safra, plantio e colheita; ✓ Área total cultivada – animal e vegetal; ✓ Perdas; ✓ Produtos (vegetal e animal); ✓ Subprodutos; ✓ Criação; ✓ Renda gerada por cultivo (percepção);

Segurança do Trabalho

✓ Condições de trabalho e riscos. ✓ Problema de saúde relacionado ao trabalho.

Gestão

✓ Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP); ✓ Participação em projetos ligados a agroecologia. ✓ Jornada de trabalho; ✓ Valor da hora de trabalho/época de contratação; ✓ Assistência técnica

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APÊNDICE C: Produção Vegetal Comercializada

Legenda: N = não; S = sim; * = unidades Fonte: Pesquisa de campo (2014)

UNIDADE FAMILIAR CRISÂNTEMO: PRODUÇÃO VEGETAL – 2014

CULTIVOS

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ES

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SEMENTES COMERCIALIZAÇÃO

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TA

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NIM

AL

COMERCIALIZAÇÃO R$/ kg

ITE

M

VE

ND

A

FE

IRA

VE

ND

A

DIR

ET

A

Consórc

io -

1

Batatinha

2 ha

N 600 600 0,50

N N N N 1,81

N N 100 N N N N 150 4.650 0 25 300 3500

Erva-doce N N N N 2 N N S N N N 1 1 N N N N 234 230 10

Batata-doce

N N N N N N N 1,40

N N 100 50 N N N N N 350 0 2 200

Macaxeira ½ ha

N N N N N N N 1,00

N N 100 50 5 N N N N 1.055 0 2 900

Consórc

io -

2

Feijão Carioca

1,5 ha

N 40 N N 40 N N S N N N 240 N N N N 50 1.800 1.470 8

Milho A N 4 N N 7 N N N N N 230 60 N N N N N 297 0 6

Milho B N 9 N N 10 N N N N N 890 N N N N N N 900 0

Fava N 3 1 N 3 N N S N N N 60 N N N N 2 186 120 2

Jerimum N 1/5 N N 1/5 N N N N N 20* 40* 5* N N N N 65* 0 0

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APÊNDICE D: Produção Animal Comercializada

Legenda: * = faz referência ao subproduto carne; N= não; S= sim. Fonte: Pesquisa de campo (2014)

UNIDADE FAMILIAR CRISÂNTEMO: PRODUÇÃO ANIMAL – 2014 G

RU

PO

S

AN

IMA

IS D

E C

RIA

ÇÃ

O

OU

TR

AB

AL

HO

SA

LD

O A

NIM

AIS

/ 2

013 –

unid

.

REPRODUTORES

GE

ST

OE

S

OU

CH

OC

AS

– (

me

ro a

nu

al)

AN

IMA

IS G

ER

AD

OS

O

U O

VO

S IN

CU

BA

DO

S

TO

TA

L P

RO

DU

ZID

OS

O

U A

DQ

UID

OS

- u

nid

ad

es

PERDAS

ÀR

EA

– m

2

CO

NS

UM

O F

AM

ILIA

R –

U

nid

ad

es

COMERCIALIZAÇÃO R$/ UNIDADE

SA

LD

O T

OT

AL

AN

IMA

L -

un

id.

(Para

20

15)

SUBPRODUTOS

PE

RC

EP

ÇA

O A

GR

ICU

LT

OR

R

EN

DA

GE

RA

DA

%

MA

CH

O

ME

A

PA

RT

O O

U O

VO

S G

OR

AD

OS

DO

EN

ÇA

S

VE

ND

A D

IRE

TA

VE

ND

A F

EIR

A

AT

RA

VE

SS

AD

OR

ITE

M

CO

NS

UM

O F

AM

ILIA

R

COMERCIALIZAÇÃO R$/kg ou R$/l

TO

TA

L

DE

SU

BP

RO

DU

TO

S

VE

ND

A F

EIR

A

VE

ND

A D

IRE

TA

AT

RA

VE

SS

AD

OR

BO

VIN

OS

1 5 1

A 1 1

3 0 0 500 N N N 800,00

10 Leite 450 l N N

2.550 3.000 l

15 B 1 1

1,50 C 1 1 D 0 0

5 Esterco 27 m3 N N N 27 m3

E 0 0

SU

INO

S

0 2 1

A 1 10

32 1 0 70 2*

100,00

N N 24 Carne 50 kg

N N

200 kg 250 kg ou 2

suínos

15 B 1 9

C 1 8 12 9,00

D 1 5

AV

ES

Capo

eira

0 0 1

A 3 18

84 12 0 Livre 10

25,00 N 25,00

3 Ovos 40

unid. N N N

40 unid.

15 B 2 15 12 50

Caip

ira

0 80 - - - - 400 - 0 25 80 20,00

N 17,00

0 Ovos 200 unid.

N N N 200 unid.

15 385

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ANEXO:

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ANEXO A: Convite - Seminário Revitalização da Batata Agroecológica - 2014

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ANEXO B: Protocolo de Tempo das Atividades Diárias

Fonte: Adaptado de Fischer; Silva-Costa; Saldanha; Carvalho (2011)