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SISTEMA DE ENSINO NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I Livro Eletrônico

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SISTEMA DE ENSINO

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONALDireitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I

Livro Eletrônico

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte INOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Diogo Surdi

SumárioDireitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I ................................................................ 4

1. Origem dos Direitos Fundamentais ......................................................................................... 4

2. Diferenças entre Direitos e Garantias Fundamentais ........................................................ 6

3. Classificação, Gerações ou Dimensões .................................................................................. 7

4. Características ...........................................................................................................................12

5. Destinatários .............................................................................................................................. 17

6. Eficácia Horizontal e Vertical ................................................................................................. 18

7. Restrições legais ........................................................................................................................19

8. Possibilidade de Renúncia .......................................................................................................21

9. Tratados e Convenções Internacionais ................................................................................ 22

10. Tribunal Penal Internacional ................................................................................................24

11. Direitos Fundamentais Expressos na Constituição Federal ..........................................24

12. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ........................................................................ 26

Resumo ............................................................................................................................................ 55

Mapas Mentais ...............................................................................................................................61

Questões de Concurso .................................................................................................................64

Gabarito ........................................................................................................................................... 93

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Olá, aluno(a), tudo bem? Acredito e espero que sim!!Na aula de hoje, estudaremos um dos tópicos mais exigidos em todas as provas de con-

curso público: os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.Considerando que o assunto (que está disciplinado, principalmente, no artigo 5º da Cons-

tituição Federal) é bastante extenso, compreendendo inclusive uma série de entendimentos jurisprudenciais e doutrinários, veremos, na aula de hoje, toda a doutrina acerca dos direitos e deveres fundamentais.

Além disso, iniciaremos o estudo de cada uma das previsões do artigo 5º da Constituição, que é, conforme ressaltado, questão praticamente certa em toda e qualquer prova de concur-so público.

Na parte das questões, focaremos nas elaboradas pelo CESPE, possibilitando com isso a sedimentação dos entendimentos adotados pela organizadora. Além disso, faremos uso, de forma complementar, de questões recentes de outras bancas de concurso. Com isso, teremos uma preparação completa em relação aos tópicos abordados em aula.

Forte abraço e bons estudos!Diogo.

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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS – PARTE I

1. Origem dOs direitOs Fundamentais

A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.

Obs.: � Inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres aos indivíduos que estavam sob a sua proteção.

� Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e que praticamente não podia expressar as suas vontades.

� Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma “não atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas à população e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do Poder Público.

001. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.Os direitos fundamentais derivam da garantia de igualdade e liberdade.

Conforme verificado, a origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fun-damentais, desta forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um au-mento em sua liberdade e uma limitação na atuação do Poder Público. Logo, é correto afirmar que os direitos fundamentais derivam da garantia de igualdade e liberdade.Certo.

Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos humanos.O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos

os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional público. Tais tratados e convenções podem tanto ser de âmbito global como regional, sendo necessário, para a sua inclusão no ordenamento jurídico de um país, que sejam positivados pelo respectivo Estado.

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Como exemplo de tratado global, pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos. Como exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Humanos.Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter validade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e positive os direitos acordados.Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.

Usamos diversas vezes o termo “positivar”. Você sabe o que isso significa?

Positivar significa reconhecer, estar escrito, expresso em um documento.As normas positivadas são aquelas que foram reconhecidas como aptas a regular as re-

lações jurídicas da população de território determinado. São, em última análise, todas as normas expressas em um ordenamento, desde a Constituição Federal (que será nosso objeto de estudo), passando pelas leis e pelos decretos regulamentares.

Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento espe-cífico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o orde-namento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.

Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela Constituição Federal.

002. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.Os direitos são criados em conformidade com determinado contexto histórico e se tornam fundamentais quando constitucionalizados.

Para que um direito seja classificado como fundamental, há a necessidade de “constitucio-nalização”, ou seja, de previsão no texto da Constituição Federal. Além disso, deve ser desta-

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cado que parte da doutrina entende que há a possibilidade de contarmos com direitos funda-mentais implícitos. Nesta situação, o direito, mesmo não estando expressamente previsto no texto constitucional, decorre de uma previsão da Constituição Federal.Certo.

2. diFerenças entre direitOs e garantias Fundamentais

Você já se perguntou o que é um direito ou uma garantia fundamental?

Ainda que o texto da Constituição Federal não tenha feito distinção expressa entre os dois institutos, é possível afirmar que ambos os conceitos possuem funções distintas.

Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-dos pela Constituição Federal.

As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos constitucionalmente pre-vistos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.

Como exemplo de direito fundamental, temos a liberdade de locomoção, prevista em nosso ordenamento por meio do artigo 5º, XV, da Constituição Federal:“É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.”Para proteger tal direito e assegurar que este possa ser exercido, a própria Constituição Fede-ral estabelece, por exemplo, a garantia do habeas corpus, conforme previsão do artigo 5º, LXVIII:“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

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Das inúmeras garantias previstas na Constituição Federal, as mais importantes (e mais exigidas em provas de concursos) são os chamados remédios constitucionais.

Os remédios constitucionais são uma espécie de garantia, podendo ser divididos em re-médios administrativos e remédios judiciais.

São remédios administrativos constitucionalmente previstos o direito de petição e o di-reito de certidão. Os remédios judiciais, por sua vez, são o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo, a ação popular e o mandado de injunção.

Todos os remédios serão estudados em momento oportuno. Por ora, foram expostos com a finalidade de apresentar uma visão global acerca das diferenças existentes entre os direitos e as garantias fundamentais.

3. ClassiFiCaçãO, gerações Ou dimensões

De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou dimensões.

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• Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto de contestação por parte da população.

Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos fundamentais.

Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.

Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou “direitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população ante os desmandos do Estado.

Importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração surgiram em meados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista de liberdade e sendo materializado pelos direitos políticos e civis.

Ambos os direitos (políticos e civis) são decorrência de um aumento da liberdade conferida à população.Na medida em que os indivíduos passam a poder votar e exercer seus direitos políticos, esta-mos diante de um considerável aumento da liberdade.Tal situação também ocorre na medida em que a população passa a ter direito de usufruir de sua propriedade e de se locomover sem a necessidade de obter autorização do Poder Público (direitos civis).São exemplos, ainda, de direitos de primeira geração o direito à vida, o direito de associação e o direito de reunião.

• Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de atuação.

Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de 15 horas diárias por 7 dias da semana.

Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da dignidade da pessoa humana.

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Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais.

Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como “liberdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e início do século XX.

Na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado são garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim que está ofertando à população melhores condições de vida.Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-tações do Poder Público.

003. (CEBRASPE/SEFAZ-AL/2020) Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.Mais do que se prestarem à defesa do cidadão contra os poderes estatais, os direitos fun-damentais impõem uma atuação positiva do Estado no sentido de concretizar determina-dos direitos.

Os direitos fundamentais não se limitam a proteger o cidadão contra os poderes estatais. Em sentido diverso, determinados direitos devem ser exercidos de forma ativa, exigindo assim uma atuação positiva do Estado para a sua concretização.Certo.

• Terceira Geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comu-nidade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultra-passam o próprio indivíduo.

Desta forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um indivíduo ou grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua incidência é ampla, difusa, recaindo sob toda a espécie humana.

Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, à comunicação, ao progresso e à defe-sa do consumidor. Em todas estas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.

Obs.: � Da análise das três primeiras gerações de direitos fundamentais, consegue-se notar uma semelhança com o lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

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Obs.: � Assim, na medida em que os direitos de primeira geração conferem aos indivíduos uma maior liberdade, os de segunda geração, por assegurarem uma série de presta-ções positivas, estão pautados na igualdade. Os de terceira geração, por sua vez, fun-damentam-se na fraternidade, uma vez que não estão direcionados para um grupo específico de pessoas, mas sim para toda a espécie humana.

Em brilhante passagem, o STF, no julgamento do MS 22.164, descreveu as características das três principais gerações de direitos fundamentais:

O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – consti-tui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afir-mação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as for-mações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.

• Quarta Geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles intimamente relacionados com a globalização. De acordo com esta corrente, fazem parte de tal ge-ração o direito à democracia direta, o direito à informação e todos os direitos relacio-nados com a biotecnologia.

Nesta dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar que as ma-nipulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle.

Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direitos fundamentais de quarta dimensão:

Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-

reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-

pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado

social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.

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• Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração de direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por consti-tucionalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direi-to de toda a espécie humana à paz.

De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível, abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-soa humana.

Tudo certo até aqui? Se os conceitos estiverem um pouco confusos no início, fiquem tran-quilos. Aos poucos, os diversos assuntos vão se unindo e formando uma base sólida.

Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-sões dos direitos fundamentais por meio da tabela a seguir:

Geração ou Dimensão Fundamento Características

1ª Geração Liberdade

Surgiram no final do século XVIII.Exigia uma não atuação do Estado.

São representados pelos direitos civis e políticos.

São conhecidos como “liberdades negativas”.

2ª Geração Igualdade

Surgiram no final do século XIX.Exigia uma atuação positiva do Estado.

São representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.

São conhecidos como “liberdades positivas”.

3ª Geração Fraternidade

Surgiram no século XX.Direitos atribuídos a toda a humanidade.São representados pelo direito ao meio ambiente, ao progresso e à defesa do

consumidor.

4ª Geração Biotecnologia

Surgiram em meados do século XX.Fundamentados na ideia de uma sociedade

sem fronteiras.Representados pelos direitos à democracia,

à informação e a todas as questões biotecnológicas.

5ª Geração Paz

Surgiram em meados do século XX.Decorre da necessidade de toda a espécie

humana, independente das diferenças sociais e ideológicas, possuir paz.

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4. CaraCterístiCas

Um dos assuntos mais exigidos acerca da teoria dos direitos fundamentais é o relaciona-do com as características atribuídas pela doutrina a estes direitos. Pode-se identificar, assim, a existência de dez características dos direitos fundamentais.

DICA:Nas provas de concurso, as características dos direitos fun-damentais são exigidas, comumente, de duas formas:a) a banca apresenta uma característica e tenta confundir o candidato com o conceito de outra;b) um caso concreto é apresentado, solicitando que o candi-dato assinale qual a característica pertinente.

Para resolvermos ambos os tipos de questões, basta conhecermos o conceito básico de cada uma das características.

• Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.

Isso não implica em afirmar, contudo, que todos os direitos fundamentais devem, obriga-toriamente, ser assegurados de igual forma a todos, uma vez que a diversidade da humanida-de e da realidade vivida por cada pessoa não é uniforme no tempo.

Ainda assim, certos direitos fundamentais (aos quais a doutrina identifica um núcleo exis-tencial), pela sua importância, devem ser assegurados, indistintamente, a todos.

Se tomarmos como exemplo o direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental que deve ser assegurado a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito, que, devido à sua importância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos fundamentais.Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.

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• Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais está intimamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.

Prova disso são as diferentes gerações de direitos fundamentais. No início, como o ho-mem estava sendo oprimido pela atuação do Estado, a grande conquista foi exigir que o Es-tado deixasse de atuar, gerando uma maior liberdade aos indivíduos.

Posteriormente, tendo a população uma maior liberdade, a exigência era de que o Estado não apenas deixasse de atuar, mas sim que prestasse a toda a sua população uma série de direitos mínimos necessários à sua existência.

Conclusão: os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos, uma vez que as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em igual sentido, tende a au-mentar com o decorrer do tempo.

• Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como conse-quência, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econô-mico ou patrimonial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.

• Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atingem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.

Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que entenda ne-cessários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, fazer uso do conjunto de direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respeitado, como não poderia deixar de ser, as particularidades de cada pessoa.

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• Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer jus a um direito.

Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pessoa não utilize um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim poderá fazer uso, a qualquer momento, do direito em questão.

Isso implica em afirmar que os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis de serem alcançados pelo instituto da prescrição.

• Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dis-por, renunciando assim ao ser exercício.

Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.

Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período indetermi-nado de tempo, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no ordenamen-to jurídico.

Dada a importância do assunto, a característica da irrenunciabilidade será mais bem de-talhada em momento posterior.

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• Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada pe-las bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.

Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-tuição Federal.

Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de aco-bertar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas que, fazendo uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordenamen-to jurídico.

Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.

Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam objeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso concreto, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá, conforme mencionado, da análise do caso concreto.

Caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pensamento, expresse comentários racistas acerca de outrem, estaremos diante de um conflito entre direitos fun-damentais.De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.Nesta situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, com base na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede que a autori-dade competente, em momento posterior, e estando diante de uma situação onde os mesmos direitos estejam em conflito, decida de forma contrária.

Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e garantias fundamentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o entendimento (ainda minoritário) de que três situações seriam o caso de direitos de caráter absoluto, sendo eles:

− a proibição à tortura;− a proibição à escravidão;− a proibição ao tratamento cruel ou degradante.

Todas as três situações derivam do princípio maior da dignidade da pessoa humana. De acordo com a doutrina que defende a existência de direitos de caráter absoluto, a relativiza-ção das situações apresentadas acabaria gerando uma relativização da própria dignidade da pessoa humana.

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Diogo Surdi

Neste sentido, merece destaque o entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet:

A dignidade da pessoa humana, na condição de valor fundamental atrai o conteúdo de todos os di-reitos fundamentais, exige e pressupõe o reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais de todas as dimensões. Assim, sem que se reconheçam à pessoa humana os direitos fundamentais que lhe são inerentes, em verdade estar-se-á negando-lhe a própria dignidade.

Ressalta-se, contudo, que tal entendimento é minoritário. Em provas de concurso, devem ser adotados os seguintes entendimentos:

− em questões genéricas que apenas exijam o conhecimento das características dos direitos fundamentais, deve-se sempre afirmar que tais direitos não possuem cará-ter absoluto, sendo, por isso mesmo, relativos;

− em questões mais avançadas e que exijam expressamente a doutrina minoritária (com enunciados que versem sobre o tema dos direitos absolutos), deve-se afirmar que os três direitos acima mencionados se revestem de caráter absoluto.

004. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.

De acordo com a característica da relatividade, não existem direitos fundamentais de caráter absoluto. Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter rela-tivo, encontrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.Certo.

• Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finali-dade para a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.

Uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dignidade da pessoa humana.Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?

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Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-cionará o atingimento da finalidade.

• Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de um direito para que outro possa ser exercido.

• Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegurar condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela população.

5. destinatáriOs

Inicialmente, os destinatários dos direitos fundamentais eram apenas as pessoas natu-rais, uma vez que o que estava sendo exigido era uma não atuação do Estado em prol da liberdade da população.

Com o tempo, a doutrina passou a estender os efeitos dos direitos fundamentais para as pessoas jurídicas, sendo que uma série de direitos positivados em nosso ordenamento são destinados a tais pessoas.

Modernamente, os direitos fundamentais passaram a ter como destinatários, ainda, o próprio Estado, ou seja, órgãos e entidades da Administração Pública.

Isso não implica em dizer que todos os direitos fundamentais previstos da Constituição Fe-deral são destinados, indistintamente, às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e ao Estado.

Em sentido oposto, nossa Constituição Federal apresenta direitos que possuem como destinatários exclusivamente as pessoas naturais, direitos que apenas podem ser exercidos pelas pessoas jurídicas, direitos exclusivos do Estado e, ainda, direitos fundamentais que po-dem ser exercidos pelas três classes de pessoas.

Como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às pessoas naturais, temos o direito à intimidade. Não faria nenhum sentido se este direito fosse atribuído às pessoas jurídicas ou ao Estado, não é mesmo?

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Como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às pessoas jurídicas, cita-se o direito à existência de Partidos Políticos, uma vez que os partidos nada mais são do que pessoas jurídicas de direito privado.Como exemplo de direito fundamental exclusivo do Estado (órgãos e entidades), temos a possibilidade de requisição administrativa. Nesta situação, apenas um ente superior como o Estado pode requisitar a propriedade privada, uma vez que é função do Poder Público utilizar todas as medidas possíveis para garantir a integridade da população.Como exemplo de direito fundamental atribuído a todas as classes de pessoas, cita-se o direi-to à propriedade, uma vez que tanto as pessoas naturais quanto as pessoas jurídicas e o Estado podem ser proprietários, por exemplo, de bens imóveis.

6. eFiCáCia HOrizOntal e VertiCal

Como anteriormente afirmado, os primeiros direitos fundamentais surgiram ante uma ne-cessidade de limitação da atuação do Estado com relação aos particulares. E como o Estado possui uma superioridade (uma vez que sua finalidade é a de garantir o bem-estar da popula-ção) tínhamos, com relação aos primeiros direitos, uma relação de verticalidade.

Desta forma, era correto afirmar que a eficácia (produção de efeitos jurídicos) dos direitos fundamentais, inicialmente, apenas era possível de forma vertical.

Posteriormente, em meados do século XX, a doutrina começou a visualizar a possibilidade de produção de efeitos jurídicos decorrentes dos direitos fundamentais no âmbito das rela-ções entre particulares, ou seja, nas situações em que o Estado não estava presente.

Como as relações entre particulares são pautadas pelo princípio da igualdade, estamos diante, quando da sua ocorrência, de uma relação de horizontalidade.

Ainda que a possibilidade de os direitos fundamentais influenciarem as relações privadas não se trate de uma unanimidade (uma vez que certos países, como os Estados Unidos, não admitem tal possibilidade), o nosso ordenamento jurídico aceita a teoria da eficácia horizon-tal dos direitos fundamentais.

Suponhamos que duas pessoas tenham formulado um contrato de trabalho, sendo que uma das cláusulas do instrumento em questão previa que o trabalhador renunciaria expressamen-te ao seu direito de férias anuais remuneradas.Nesta situação, o contrato de trabalho é válido?A reposta é sim! Como estamos no âmbito das relações particulares, nada impede que um instrumento seja pactuado da forma como demonstrado.Contudo, como as férias anuais remuneradas são um dos direitos sociais previstos na Cons-tituição Federal, tal cláusula é nula, não podendo ser invocada por nenhuma das partes.Nesta situação, o que tivemos foi a eficácia dos direitos fundamentais influenciando as rela-ções entre particulares.

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Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particula-res, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficá-cia externa.

Por outro lado, quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre os particulares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.

DICA:Particular x Particular = Horizontal e ExternaParticular x Poder Público = Vertical e Interna

7. restrições legais

Como decorrência da característica da relatividade, os direitos fundamentais não são absolutos, podendo, conforme já mencionado, sofrer limitações decorrentes de outro direito constitucionalmente previsto.

Contudo, se considerarmos que os direitos fundamentais são normas constitucionais, poderia o legislador infraconstitucional, por intermédio de uma simples lei, limitar os di-reitos fundamentais?

A resposta é positiva. Conforme afirmado, não existem, em nosso ordenamento, direitos de caráter absoluto.

Assim, cabe ao legislador, por meio das leis, estabelecer limitações com a finalidade de disciplinar a forma como os inúmeros direitos fundamentais irão conviver em harmonia.

No entanto, não poderá o legislador, fazendo uso da prerrogativa de limitação, restringir os direitos fundamentais de uma forma abusiva e que descaracterize a própria razão de existir de tais direitos. Deve a atuação do legislador infraconstitucional ser exercida de forma limita-da, dando ensejo ao surgimento da “teoria dos limites dos limites”.

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Limites dos limites? O que significa isso?

Isso significa dizer, em outros termos, que a possibilidade de limitação dos direitos funda-mentais por meio de lei apenas poderá ocorrer quando exercida de forma limitada.

Quando, em sentido oposto, a lei limitar demasiadamente os direitos fundamentais, terá ela ferido o seu núcleo essencial. Se tal situação fosse possível, perderia a Constituição Fede-ral o status de norma hierarquicamente superior às leis, haja vista que simples leis ordinárias poderiam limitar direitos constitucionalmente previstos.

Neste sentido, merecem destaque os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. De acordo com os mencionados princípios, a atuação do legislador apenas será válida quan-do exercida de forma adequada, necessária e proporcional.

Como consequência, caso uma lei restrinja toda a essência de um direito fundamental, atingindo assim o seu núcleo essencial, deverá o Poder Judiciário, invocando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, declarar a norma inválida e inconstitucional.

Nota-se, desta forma, que a teoria dos limites dos limites foi concebida com uma fina-lidade bem específica: evitar que um direito fundamental perca a sua essência por meio da atuação abusiva do legislador.

Professor, tem como “simplificar” esta teoria?

Certamente que sim! A teoria dos limites dos limites fica mais fácil de ser compreendida por meio da figura a seguir:

Como verificado, a essência da teoria dos limites dos limites é a existência de um núcleo fundamental dos direitos fundamentais. E a existência deste núcleo essencial, ainda que re-conhecida pela doutrina, é explicada por meio de duas diferentes teorias: a teoria absoluta

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(também conhecida como teoria interna) e a teoria relativa (denominada também de teo-ria externa).

Por meio da teoria absoluta, o núcleo essencial dos direitos fundamentais é uma unidade autônoma aos próprios direitos. Como consequência, é possível que este núcleo seja identi-ficado independente de estarmos diante de um caso concreto, bastando para isso a análise da norma de forma abstrata.

A teoria relativa, em sentido oposto, afirma que o núcleo essencial dos direitos fundamen-tais apenas pode ser analisado diante de um caso concreto. Não é possível, de acordo com a teoria relativa, a identificação do núcleo essencial de um direito fundamental pela simples interpretação da norma.

8. POssibilidade de renúnCia

Como regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica em dizer que os seus destinatários não possuem disposição sobre estes. Em outros termos, o titular de um direito fundamental não pode abrir mão de sua titularidade.

Nos dias atuais, contudo, a doutrina tem entendido que a característica da irrenunciabi-lidade pode, diante de um caso concreto e desde que por um período determinado de tempo, ser abrandada.

Assim, dois são os requisitos que sempre devem estar presentes para que a renúncia possa acontecer:

• estar o particular diante de um caso concreto;• a renúncia ocorrer por um período determinado de tempo.

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Em sentido oposto, não se admite a renúncia a todos os direitos fundamentais ao mesmo tempo, tampouco que tal procedimento ocorra por um período indeterminado.

Caso um particular resolva participar de um programa de “reality show” como o Big Brother Brasil, estará ele, durante o período em que permanecer na competição, sem a possibilidade de fazer uso dos direitos da intimidade e da vida privada.Nesta hipótese, poderá ele renunciar a tais direitos, uma vez que a renúncia se dará diante de um caso concreto (a participação no programa de televisão) e por um prazo determinado de tempo (enquanto o participante permanecer na competição).

9. tratadOs e COnVenções internaCiOnais

Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 5º, § 3º, a seguinte redação:

Art. 5º, § 3º, Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Desta forma, para que um tratado ou convenção internacional seja alçado ao status de norma constitucional, dois são os requisitos essenciais:

• versarem sobre direitos humanos; e• serem aprovados pelo quórum qualificado previsto na Constituição Federal.

Uma vez tendo sido observados ambos os requisitos, os termos do acordo passam a fazer parte da própria Constituição Federal, situando-se em patamar hierarquicamente superior às leis e gozando de todas as prerrogativas que as demais normas constitucionais possuem.

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Nem todos os tratados e convenções internacionais, porém, alcançarão o status de norma constitucional. De acordo com o STF, duas são as outras posições jurídicas que tais acordos podem assumir:

• Os tratados e convenções que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham sido aprovados de acordo com o quórum qualificado previsto na Constituição Federal terão eficácia de supralegalidade, localizando-se acima das leis ordinárias e abaixo das normas constitucionais.

• Os demais tratados e convenções internacionais (aqueles que não versem sobre direi-tos humanos) terão eficácia de lei ordinária.

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10. tribunal Penal internaCiOnal

Em seu artigo 5º, §4º, a Constituição Federal apresenta a seguinte redação:

Art. 5º, § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

Como decorrência do princípio fundamental da soberania, uma decisão judicial apenas terá eficácia quando prolatada por órgão do Poder Judiciário pertencente ao respectivo Estado.

Consequentemente, as decisões estrangeiras apenas terão validade em nosso país quan-do homologadas pelo órgão competente, que, em nosso caso, é o Superior Tribunal de Justi-ça, conforme previsão do artigo 105, I, “i”, da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:I – processar e julgar, originariamente:i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequátur às cartas rogatórias.

O Tribunal Penal Internacional não se trata de um órgão subordinado a um país específico, mas sim de um organismo internacional independente.

Assim, ainda que o acatamento das decisões do Tribunal Penal Internacional represente um abrandamento da soberania do país, é importante frisar que tais decisões não são oriun-das de um Estado estrangeiro, mas sim de um organismo independente, constituído e assina-do por diversos países.

O Brasil aderiu ao Tribunal Penal Internacional no ano 2.000, mediante a assinatura do intitulado Estatuto de Roma. Posteriormente, em 2002, o Congresso Nacional efetuou a apro-vação e o Presidente da República a sua promulgação, após a qual as disposições do Tribunal Penal Internacional passaram a ter vigor em nosso país.

A função do Tribunal Penal Internacional é a de julgar os crimes que causem graves vio-lações aos direitos humanos, tais como o de genocídio, os crimes de guerra e os de agressão de um país a outro.

11. direitOs Fundamentais exPressOs na COnstituiçãO Federal

A Constituição Federal, ao tratar dos direitos fundamentais, classificou-os em cinco dife-rentes grupos, sendo eles:

• direitos e deveres individuais e coletivos;• direitos sociais;• direitos relativos à nacionalidade;• direitos políticos;• direitos relacionados com a existência dos Partidos Políticos.

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Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito da pessoa humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à vida e à liberdade) e coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação).

Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políti-cas públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço.

Os direitos relativos à nacionalidade regulam os aspectos relacionados com o vínculo ju-rídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado soberano. Por meio da nacio-nalidade, verifica-se quais as pessoas que são consideradas brasileiros natos, naturalizados ou estrangeiros.

Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de forma indireta (por meio de representantes eleitos).

Os direitos relacionados com a existência dos partidos políticos determinam que tais as-sociações, ainda que constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, são os instrumentos necessários para que a preservação da democracia.

É importante mencionar que os direitos e garantias fundamentais não constam de forma taxativa no texto da Constituição Federal. Em sentido oposto, os direitos e garantias são elen-cados de forma exemplificativa, não excluindo aqueles decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição Federal ou pelos tratados internacionais em que a República Fe-derativa do Brasil seja parte.

Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

De acordo com a doutrina, os direitos e garantias podem constar inclusive de forma implí-cita. Nestas situações, caberá ao magistrado, na análise do caso concreto, verificar se foram observados os efeitos decorrentes (desdobramentos) das previsões da Constituição Federal.

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12. direitOs e deVeres indiViduais e COletiVOs

Pessoal, iniciamos agora o estudo de um dos pontos mais exigidos de todo o Direito Cons-titucional: o artigo 5º da Constituição Federal e seus inúmeros incisos.

Neste ponto da matéria, é essencial que o candidato saiba tanto a literalidade dos incisos quanto os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais deles decorrentes.

Por isso mesmo, optei por comentar todos os incisos do artigo 5º da Constituição Federal, já fazendo menção, quando necessário, à doutrina e aos principais julgados do STF.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Inicialmente, precisamos saber que o caput do artigo 5º da Constituição Federal faz men-ção a cinco direitos fundamentais, sendo eles os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Estes cinco direitos, de acordo com a doutrina majoritária, são a base de todos os demais direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição Federal.

Deve-se frisar, contudo, que tais direitos não possuem uma hierarquia superior aos dele de-correntes. Nem mesmo o direito à vida, expressão direta da dignidade da pessoa humana e ele-mento necessário para a fruição dos demais direitos e garantias, apresenta esta superioridade.

Como consequência, é correto afirmar que não há hierarquia entre os direitos fundamen-tais constitucionalmente previstos, ainda que alguns deles, conforme mencionado, sirvam como base para a existência dos demais.

Importante questão refere-se ao alcance dos direitos fundamentais previstos na Cons-tituição Federal. Assim, ainda que o caput do artigo 5º faça menção aos “brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”, o entendimento atual é de que os direitos fundamentais, como regra, podem ser usufruídos pelos brasileiros, pelos estrangeiros residentes no país e até mesmo pelos estrangeiros residentes no exterior e que estejam em território nacional por um curso espaço de tempo.

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Nas palavras do STF (proferidas no julgamento do HC 94.016),

O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipó-teses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão signifi-cado à cláusula do devido processo legal.

Caso um argentino esteja passando uma semana de férias em território brasileiro, poderá ele, ainda que sua residência não seja no Brasil e sua estadia seja breve, fazer uso, caso sofra coação em sua liberdade de locomoção, do habeas corpus, remédio constitucional utilizado com a finalidade de evitar que o direito de ir e vir seja prejudicado.

As questões de concurso podem ser exigidas de duas diferentes formas no que se refere ao alcance dos direitos fundamentais:

• de forma literal, exigindo o conhecimento da literalidade do caput do artigo 5º (brasilei-ros e estrangeiros residentes no país).

• de maneira mais avançada, exigindo o entendimento do STF (brasileiros, estrangeiros residentes e estrangeiros não residentes).

Uma das principais características dos direitos fundamentais é a relatividade. Por meio dela, não existem, em nosso ordenamento, direitos e garantias de caráter absoluto.

Muitas são as questões de prova que exigem a característica da relatividade dos direitos fundamentais. Em todos os casos, devemos memorizar que “não existem direitos ou garan-tias de caráter absoluto”.

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Como consequência, até mesmo o direito à vida, necessário para que o indivíduo possa fazer uso dos demais direitos, pode, em determinadas situações, ser relativizado diante de um caso concreto.

Neste sentido, o conceito de vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida intrauterina. Como consequência, a prática de aborto, ressalvadas as exceções previstas em lei, é considerada crime em nosso ordenamento jurídico.

Uma destas exceções consta em importante julgado do STF, conforme se observa da lei-tura da ADPF 54, por meio da qual a Suprema Corte estabeleceu a possibilidade de interrup-ção da gravidez no caso de fetos anencéfalos. No caso, foi levado em conta o fato de a anen-cefalia ser considerada uma patologia letal, de forma que os bebês nascidos em tal condição morrem poucas horas após o parto.

FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – DIGNIDADE –DIREI-TOS FUNDAMENTAIS. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da gra-videz de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do Código Penal.

Outra decisão importante do STF e intimamente relacionada com a inviolabilidade do di-reito à vida refere-se à possibilidade de realização de pesquisas com células-tronco. De acor-do com o tribunal, a pesquisa é possível quando atender a duas condições:

• as células embrionárias tenham sido obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro;

• os embriões decorrentes da fertilização não sejam utilizados em procedimentos repro-dutivos posteriores.

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

O inciso faz menção à isonomia, que, por sua vez, deriva diretamente do clássico princípio da igualdade. Por meio da isonomia, deve o legislador tratar de forma igual os iguais e de for-ma desigual os desiguais, na medida das suas desigualdades.

Quando o legislador edita uma norma conferindo aos maiores de 60 anos o direito de transi-tar pelo território nacional, em empresas concessionárias de serviço público, mediante o não pagamento da passagem, estamos diante da isonomia.Assim, ainda que os demais indivíduos não façam jus a este direito, não há que se falar em violação ao princípio da igualdade, uma vez que a isonomia confere a possibilidade de trata-mento desigual às pessoas que estejam em condições diferentes.

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Salienta-se, contudo, que as medidas discriminatórias de tratamento devem ser exercidas de acordo com o princípio da razoabilidade, evitando-se que excessos cometidos pelo legis-lador agridam a dignidade da pessoa humana dos particulares envolvidos.

Em outros termos, é plenamente possível que o legislador trate determinadas classes de pessoas de forma diferenciada, sem que isso configure desrespeito ao texto da Constitui-ção Federal.

Em consonância com este entendimento, o STF já afirmou que a Lei Maria da Penha, cria-da com a finalidade de proteger a mulher das práticas de violência doméstica, é plenamente constitucional. Nesta situação, entende o tribunal que a medida, ainda que discriminatória, é decorrência direta do princípio da isonomia, revestindo-se de razoabilidade e assegurando às mulheres um tratamento que as iguale, em proteção, às demais classes de pessoas.

Neste mesmo sentido, merece destaque a questão da política nacional de “cotas raciais”, por meio do qual um número de vagas é reservado aos descendentes de determinadas etnias. No caso, estamos, mais uma vez, diante do princípio da isonomia, oportunidade em que a ra-zoabilidade deve ser analisada.

Merece destaque, ainda com relação à possibilidade de tratamento diferenciado, a deci-são do STF no âmbito do AI 443.315. No julgado em questão, estabeleceu o tribunal que

não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica.

Da análise das situações expostas, consegue-se identificar algumas características que devem ser observadas para a adoção de critérios discriminatórios:

A doutrina costuma diferenciar as expressões “igualdade na lei” e “igualdade perante a lei”. Ao passo que a “igualdade na lei” ocorre em um momento anterior, sendo direcionada ao legislador, a “igualdade perante a lei” ocorre com a lei já elabora.

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Na “igualdade na lei”, a ideia é que o legislador, ao elaborar as leis, o faça da forma menos discriminatória possível, abrangendo todas as pessoas que eventualmente possam fazer jus aos seus efeitos.

Na “igualdade perante a lei”, como a lei já se encontra elaborada, a sua destinação é para os aplicadores e intérpretes. Assim, deve a interpretação e, como consequência, a aplicação dos efeitos decorrentes da norma, ser o mais amplo possível.

Outra classificação existente refere-se à isonomia material e formal.De acordo com este entendimento, a isonomia formal está relacionada com a possibi-

lidade que todas as pessoas possuem, independentemente de suas condições financeiras, étnicas e sociais, de buscar os direitos previstos em lei. Trata-se a isonomia formal, como consequência, de um direito conferido a todos os indivíduos: o de buscar alcançar os direitos que lhe são assegurados.

A isonomia material, por sua vez, vai além da isonomia formal, possibilitando que seja conferido tratamento desigual às pessoas que estejam em condições desiguais. Possibilita a isonomia material a adoção de políticas discriminatórias com a finalidade de igualar as con-dições de grupos que estejam em desvantagem. Por este motivo, a isonomia material tam-bém é conhecida como igualdade real, uma vez que atua não apenas no campo teórico, mas sim na prática, modificando a realidade social das pessoas atingidas.

Quando uma lei determina que “Todas as pessoas terão direito aos serviços de energia elétrica e de água encanada”, estamos diante da isonomia formal, de forma que todos aqueles que desejarem fazer uso destes serviços devem adotar os procedimentos previstos em lei, sendo que a energia elétrica e a água encanada nada mais são do que direitos a eles conferidos.

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Quando o Poder Público assegura à população de baixa renda os serviços de energia elétri-ca e de água encanada de forma gratuita, estamos diante da isonomia material, sendo que a ideia do legislador, com a medida, é, mediante a adoção de políticas discriminatórias, reduzir as desigualdades das pessoas de baixa renda.

Merece destaque, ainda, a impossibilidade do Poder Judiciário, baseado no princípio da igualdade, estender vantagens a determinados grupos de pessoas. Tal situação ocorreria, por exemplo, caso o Poder em questão conferisse aos servidores da categoria X as mesmas vantagens asseguradas aos servidores da categoria Y.

Caso isso fosse possível, estaria o Poder Judiciário exercendo a função de legislar, algo que, em nosso ordenamento, não é possível em virtude da separação de Poderes.

Sedimentando o assunto, o STF editou a Súmula n. 339, de seguinte teor:

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

O princípio da legalidade não é uma peculiaridade da atividade administrativa, estando presente em todo o Estado Democrático de Direito. Tal princípio apresenta dois sentidos, a depender das pessoas que estão sujeitas aos seus mandamentos.

Para a população em geral, a legalidade afirma que as pessoas apenas serão obrigadas a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei.

Para a Administração Pública, em sentido oposto, a legalidade determina que os agentes públicos apenas podem fazer aquilo que a lei estiver autorizando ou determinando. Neste último sentido, o princípio liga-se, basicamente, à ideia de que toda e qualquer atividade da Administração Pública deve pautar-se na vontade popular.

E isso é bem simples de entender: Uma vez que é a população quem escolhe seus repre-sentantes através do voto, presume-se que ela, a população, é quem atua, ainda que indireta-mente, através da manifestação de seus representantes.

E, como se sabe, toda e qualquer norma jurídica que inove o ordenamento deve ter a par-ticipação dos representantes populares. Indiretamente, portanto, quem está editando leis e inovando o ordenamento pátrio é a própria população.

Nesse sentido se posiciona o autor Hely Lopes Meirelles:

As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública, e seus preceitos não podem ser des-

cumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma

vez que contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos.

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Importante diferenciação deve ser feita sobre os termos legalidade e reserva legal.Dessa forma, a legalidade seria aplicada para as situações em que a Constituição Federal

determina que o administrado deve obediência à lei em sentido lato, que pode ser entendida como todo diploma normativo que inova no ordenamento jurídico, tal como as medidas pro-visórias e os decretos autônomos.

Em sentido contrário, para todas as hipóteses em que a Constituição Federal veda a pos-sibilidade de edição de medida provisória, bem como para as situações que não sejam aque-las previstas para edição de decreto autônomo, estaremos diante da legalidade em sentido estrito, também conhecida como reserva legal.

Nestas situações, apenas a edição de uma lei formal (com a obediência de todos os seus trâ-mites legislativos) é capaz de disciplinar a matéria ou impor obrigações para os administrados.

Diversas são as espécies legislativas passíveis de utilização em nosso ordenamento, tais como as leis, as medidas provisórias e os decretos.

Com e edição da Emenda Constitucional n. 32, passamos a contar com a possibilidade de inovação do ordenamento jurídico, nas estritas hipóteses previstas no texto constitucional, por meio de decreto autônomo expedido pelos chefes do Poder Executivo.

Quando a Constituição determina que uma matéria deve ser disciplinada por lei, estare-mos diante da legalidade, ou seja, lei em sentido lato (que abrange as medidas provisórias e os decretos autônomos) ou da reserva legal, também conhecida como lei em sentido estrito.

Legalidade Reserva Legal

Abrange não só as leis, como também as medidas provisórias e os decretos

autônomos

Abrange apenas as leis que forem editadas de acordo com o processo legislativo

Possuem maior abrangência, uma vez que regulam um leque maior de matérias

Possuem menor abrangência, de forma que regulam um menor número de matérias

Menor densidade, uma vez que a edição de um decreto autônomo, por exemplo, é

menos complexa que uma lei

Maior densidade, pois devem observar todos os trâmites estabelecidos no processo

legislativo (quórum, maioria de votação)

É a lei em sentido lato, amplo É a lei em sentido estrito, formal

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A reserva legal pode ser classificada, ainda, em absoluta, relativa, simples e qualificada.Teremos a reserva legal absoluta quando a Constituição Federal exigir, para a regula-

mentação integral da matéria, uma lei em sentido estrito. Nestas situações, não há qualquer espaço para que um ato infralegal auxilie na regulamentação.

A reserva legal relativa, por sua vez, não exige que a lei seja a responsável por toda a re-gulamentação das matérias em questão, podendo apenas definir os parâmetros por meio do qual um ato infralegal irá regulamentar e detalhar a matéria.

Na reserva legal simples, a Constituição Federal, ainda que exija uma lei formal para dis-ciplinar a matéria, não especifica o conteúdo da norma que será editada.

Na reserva legal qualificada, a Constituição Federal igualmente exige lei formal como for-ma de regulamentação. Nestas situações, contudo, já define a Constituição, previamente, o conteúdo que a lei deverá ter.

Como exemplo de reserva legal absoluta, temos os diversos artigos da Constituição Federal que apresentam os termos “a lei estabelecerá” e “a lei regulamentará”: “A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excep-cional interesse público” (art. 37, X).Como exemplo de reserva legal relativa, temos os artigos constitucionais que constam com a expressão “nos termos da lei” e “na forma da lei”: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (art. 5º, XXXII).Como exemplo de reserva legal simples, temos o disposto no artigo 5º, VII, da CF/1988: “É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e milita-res de internação coletiva”.Nota-se, da leitura do artigo, que a Constituição Federal não define como que a prestação de assistência religiosa será feita nas entidades civis e militares de internação coletiva. Possui a lei, como consequência, uma maior liberdade para definir o seu conteúdo.Como exemplo de reserva legal qualificada, cita-se o disposto no artigo 5º, XII, da CF/1988: “É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.Nesta situação, percebemos que o conteúdo da lei está restrito, uma vez que a própria Cons-tituição já afirma que apenas mediante autorização judicial é que poderá ser realizada a inter-ceptação telefônica.

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Neste inciso, temos um desdobramento direito do fundamento constitucional da digni-dade da pessoa humana. Como consequência, ninguém poderá ser submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante.

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A tortura pode ser definida como qualquer ato ou omissão pelo qual se submete terceiros a um intenso sofrimento físico ou mental, tendo como objetivo, dentre outros, obter confissão ou informação, castigar, intimidar e discriminar. Na tortura, o responsável pelos atos será um agente público.

O tratamento desumano é aquele aplicado com intenso sofrimento físico ou mental. Con-tudo, ao contrário do que ocorre com a tortura, não há um propósito claro, tampouco uma motivação aparente.

O tratamento degradante, por sua vez, é aquele que humilha e diminui a pessoa diante de terceiros ou de si mesma.

Em sintonia com a impossibilidade de utilização das práticas acima descritas é o teor da Súmula Vinculante n. 11:

Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fun-dado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Da análise da súmula vinculante em questão, observa-se que a utilização de algemas é a exceção, apenas podendo ocorrer em três situações:

• em caso de resistência do preso;• quando houver fundado receio de fuga;• quando houver risco à integridade física própria ou alheia.

Nestas situações, deverá a autoridade competente, ainda, para poder fazer uso das alge-mas, justificar por escrito a excepcionalidade da medida.

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-terial, moral ou à imagem;

A livre manifestação do pensando é uma das mais importantes garantias de todos os Estados Democráticos de Direito. Por meio dela, proporciona-se que a população haja ativa-mente na defesa de seus interesses individuais ou coletivos.

Com base na vedação ao anonimato, o STF já firmou entendimento no sentido de ser impossível a utilização exclusiva de escritos anônimos (apócrifos) como fundamento para a instauração de processo criminal ou disciplinar. Nada impede, contudo, que a autoridade competente, tendo conhecimento dos escritos anônimos, adote as medidas complementares com a finalidade de verificar se as informações prestadas são ou não procedentes.

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O Poder Público, com o objetivo de assegurar a integridade das mulheres e crianças, instala um sistema chamado “Disk Cidadania”. Por meio do serviço, todas as pessoas são estimula-das a, diante de uma situação de agressão contra mulheres ou crianças, realizar uma denún-cia à autoridade competente.Para que o serviço seja eficaz, o Poder Público informa que as denúncias poderão ser realizadas de forma anônima, não comprometendo assim a intimidade daquele que está denunciando.Uma vez recebidas as informações, deve o Poder Público adotar todas as providências com o objetivo de verificar se os fatos narrados são ou não verídicos. Em caso afirmativo (e só então depois de ter provas suficientes) é que o processo criminal ou disciplinar poderá ter início.

Importante entendimento do STF foi o proferido no julgamento da ADPF 187. Por meio da decisão, o tribunal considerou lícita e decorrente da liberdade de expressão a defesa da lega-lização das drogas, ainda que realizadas em espaços públicos.

A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas, longe de significar um ilícito penal, supostamente caracterizador do delito de apologia de fato criminoso, representa, na realidade, a prática legítima do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercício do direito de reunião, sendo irrelevante, para efeito da proteção constitu-cional de tais prerrogativas jurídicas, a maior ou a menor receptividade social da proposta submetida, por seus autores e adeptos, ao exame e consideração da própria coletividade.

Situação semelhante ocorre, por exemplo, com uma possível passeata em defesa da le-galização do aborto, ou então com o objetivo de protestar contra a política de cotas. Em to-das estas situações, o fundamento para a legalidade das condutas é a livre manifestação do pensamento.

Não se trata esta manifestação, contudo, de um direito absoluto, devendo ser exercido em harmonia com os demais direitos previstos no texto da Constituição Federal. Caso esta limi-tação não seja observada, poderá dar ensejo ao pagamento de indenização pelos eventuais danos materiais, morais ou à imagem à pessoa lesada.

Para possibilitar que a responsabilização seja feita de forma objetiva, a própria Constitui-ção assegura, conforme já afirmado, que é vedado o anonimato. Logo, todas as manifesta-ções, ainda que livres, devem ser feitas com a identificação dos seus responsáveis.

Os danos materiais são aqueles relacionados com prejuízos financeiros claramente iden-tificáveis. Como exemplo, cita-se a destruição de um carro ou de uma casa.

Os danos morais, por sua vez, são aqueles que estão fora do aspecto material, afetando a paz interior e atingindo a honra e a intimidade do particular. Como exemplo, temos a difama-ção e a prática de situações vexatórias.

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Os danos à imagem estão relacionados com as condutas que fazem uso da imagem da pessoa sem a devida autorização. Como exemplo, cita-se a publicação de fotos em sites pornográficos e a utilização, sem autorização, da imagem da pessoa para confecção de pro-pagandas com fins lucrativos.

Os danos materiais, morais e à imagem podem ser objeto de indenização cumulativa, des-de que, por óbvio, a conduta tenha dado ensejo aos três tipos de prejuízo.

Ocorrendo o dano, o particular lesado terá direito, além das indenizações mencionadas, a responder de forma proporcional ao agravo. Neste sentido, a reposta deverá ser veiculada no mesmo meio de comunicação, com o mesmo destaque, tamanho e duração da condu-ta gravosa.

Por fim, ressalta-se o teor de dois entendimentos do STF, ambos relacionados com a liber-dade de expressão e com a vedação ao anonimato:

• Segundo o STF, o TCU não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresenta-da contra um administrador público. Caso tal medida fosse possível, o direito de defesa, por parte do administrador denunciado, estaria seriamente prejudicado, uma vez que este não teria conhecimento acerca de possíveis informações infundadas ou pautadas em critérios de inimizade.

• De acordo com o tribunal, é dispensável a exigência de diploma de jornalismo e de re-gistro profissional no Ministério do Trabalho para o exercício da profissão de jornalista. Com tais medidas, o objetivo do STF é assegurar que a manifestação do pensamento seja exercida livremente por todos.

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

A proteção à liberdade religiosa trata-se de um direito fundamental constitucionalmente previsto. Contudo, esta liberdade não deve ser confundida com a possibilidade de o Poder Público exercer qualquer tipo de prestação religiosa.

Como o Brasil é um Estado laico, é livre à população a possibilidade de aderir a qualquer tipo de religião ou seita, de não aderir a nenhuma delas ou, ainda, de ser ateu ou agnóstico.

Consequentemente, o Poder Público está impedido de prestar qualquer tipo de assistên-cia religiosa. Caso isso fosse possível, a religião ou crença propagada pelo Estado ofenderia as convicções daqueles que não concordassem com tal opinião.

É importante mencionar que, ainda que a Constituição Federal assegure a assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, bem como proteja os locais de culto e suas liturgias, toda e qualquer prestação de assistência religiosa, em nosso país, apenas poderá ser feita por particulares.

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Como decorrência da laicidade do Estado, merece ser destacado a decisão do STF profe-rida no julgamento da ADI 5.258:

É inconstitucional, por ofensa aos princípios da isonomia, da liberdade religiosa e da lai-cidade do Estado, norma que obrigue a manutenção de exemplar de determinado livro de cunho religioso em unidades escolares e bibliotecas públicas estaduais.

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Estamos aqui diante da conhecida Escusa de Consciência, que ocorre, basicamente, da seguinte forma:

• Inicialmente, qualquer cidadão (detentor de direitos políticos) poderá ser convocado para cumprir uma obrigação legal a todos imposta. Como exemplo de obrigação, temos o serviço militar obrigatório.

• Caso esta pessoa, legalmente convocada, se recuse a cumprir a obrigação alegando motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, nenhum direito será dela privado. Neste caso, o Poder Público determinará a ela que cumpra uma prestação alternativa, que deverá estar previamente definida em lei.

• Uma vez cumprida a prestação alternativa, o particular se desincumbe de sua obriga-ção, não sofrendo nenhuma privação nos seus direitos.

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• Caso, contudo, o particular não cumpra com a prestação alternativa, sofrerá ele uma privação em seus direitos. Nesta situação, a grande controvérsia existente é se a medi-da implica em perda ou em suspensão dos direitos políticos.

Segundo o professor Alexandre de Moraes, tal situação enseja a perda dos direitos políti-cos, uma vez que tais direitos, após o cumprimento de eventual penalidade, não são estabe-lecidos automaticamente, carecendo de pedido por parte do particular.

Por outro lado, diversos diplomas legais afirmam o oposto, ou seja, que a situação em tela enseja a suspensão dos direitos políticos.

Neste sentido, por exemplo, é o artigo 438 do Código de Processo Penal:

A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto.

No mesmo sentido estabelece o artigo 4º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.239 (norma que regula-menta a forma como se dará a prestação social alternativa):

A recusa ou cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, sob qualquer pretexto, por motivo de responsabilidade pessoal do convocado, implicará o não fornecimento do certificado correspon-dente, pelo prazo de dois anos após o vencimento do período estabelecido.Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o certificado só será emitido após a decretação, pela autoridade competente, da suspensão dos direitos políticos do inadimplente, que poderá, a qual-quer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas.

Em provas de concurso, aconselha-se que o bom senso seja utilizado. Em caso de ques-tões com as duas alternativas (perda e suspensão) o mais indicado é escolher a suspensão, uma vez que tal afirmativa possui base legal.

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Ainda com relação à liberdade de consciência e de crença, e tendo em vista a pandemia decorrente do coronavírus, merece ser destacado o entendimento do STF proferido no ARE 1.267.879:

É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imuniza-ções, ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independen-temente de censura ou licença;

Não é admitido, em nosso ordenamento jurídico, nenhum tipo de censura. Como conse-quência, o exercício de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação é livre à iniciativa privada, não necessitando, para a sua prática, de autorização do Poder Público.

Neste mesmo sentido, a própria Constituição Federal estabelece, em seu artigo 220, que nenhuma forma, processo ou veículo de comunicação poderá ser objeto de censura:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer for-ma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Em sintonia com este entendimento, o STF, no julgamento da ADI 4.451, afirmou que é livre a manifestação de opinião do jornalista, ainda que o comentário represente uma crítica às autoridades estatais:

Dando-se que o exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado.

Posteriormente, o plenário do STF voltou a se manifestar sobre assunto relacionado com a vedação à censura. No julgamento da ADI 4815, o tribunal, por unanimidade, declarou inexi-gível a autorização prévia para a publicação de biografias.

Em todas as situações, o fundamento utilizado é a vedação à censura. Contudo, importan-te salientar que os abusos cometidos pelos particulares, ainda que decorrentes da liberdade de expressão, serão objeto de responsabilização na esfera penal e civil.

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X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Quatro são os direitos protegidos pelo inciso em questão: a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem.

A intimidade e a vida privada são conceitos relacionados, sendo que a vida privada se tra-ta de um conceito mais amplo, abarcando todas as informações que apenas a própria pessoa pode escolher se as divulga ou não. A intimidade, por sua vez, é uma parte da vida privada, mais precisamente aquela que diz respeito ao modo de ser, ao modo de pensar e aos senti-mentos do indivíduo.

A honra está relacionada com o sentimento de dignidade e com a reputação que a pessoa possui perante a sociedade em que convive.

A imagem relaciona-se com a representação que as pessoas possuem perante si mes-mas e com a forma como esta representação poderá ser explorada perante terceiros.

Em caso de violação a qualquer um dos direitos apresentados, será assegurado o direito ao recebimento de danos materiais e morais.

Neste sentido, o STJ possui entendimento sumulado de que ambas as indenizações po-dem ser recebidas acumuladamente, conforme se observa da leitura da Súmula n. 37:

Súmula n. 37 – STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.

Ainda de acordo com o entendimento do STJ (Súmula n. 237), até mesmo as pessoas jurídicas poderão ser indenizadas pela ocorrência de dano moral. Como exemplo de situação ensejadora desta conduta, cita-se o protesto indevido de título comercial ou a inclusão inde-vida do nome da empresa em serviços de proteção ao crédito.

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No âmbito da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, inúmeras são as decisões do STF que merecem destaque. Em todas elas, nota-se uma preocupação do Estado em garantir um núcleo inatingível de cada indivíduo:

• Estabelece o STF que não se pode coagir um suposto pai a realizar o exame de DNA, uma vez que tal medida implicaria em ofensa a diversos direitos e garantias previstas na Constituição Federal.

• Para o tribunal, não há necessidade de ofensa à reputação do indivíduo para que ele tenha direito ao recebimento de uma indenização por danos morais. Em sentido oposto, situações como a de falecimento de um membro da família acarretam, por si só, dor e sofrimento, ensejando, em determinadas situações, o pagamento de indenização.

• No âmbito dos agentes políticos, o direito à privacidade deve ser relativizado, uma vez que tais pessoas são representantes da população, devendo, no desempenho de suas atribuições, prestar contas de todas as medidas adotadas.

Isso, contudo, não significa que os detentores de cargos eletivos não tenham direito à privacidade. O que se quer afirmar é que tais agentes, quando no desempenho de funções públicas, não podem invocar o direito à privacidade como forma de se eximir da publicidade de seus atos.

• No que se refere aos servidores públicos, importante decisão do STF afirma que, em caso de dano moral contra agente estatal que esteja no desempenho de suas atribui-ções, deve ser aplicada, no momento da indenização, uma cláusula da modicidade.

O que é levado em conta, nesta situação, é o fato de o servidor público estar em cons-tante fiscalização por parte da sociedade. Logo, a possibilidade de algum membro da socie-dade acreditar que o servidor praticou algum ato ilícito e, equivocadamente, denunciá-lo, é muito maior.

Ícaro, servidor público, possui, dentre as suas atribuições, a de fiscalizar diversos estabeleci-mentos comerciais. Como consequência, é correto afirmar que a possibilidade de Ícaro come-ter alguma irregularidade é bem maior do que a de um cidadão comum, motivo pelo qual toda a sociedade possui o dever de fiscalizar as atividades desempenhadas por ele.Caso um cidadão, convencido de que Ícaro cometeu uma infração, divulgue esta notícia na mídia local, estará ele cumprindo com sua obrigação social.Como consequência, um possível erro por parte deste cidadão (tal como a veiculação de notícia inverídica) acarreta, para Ícaro, o direito ao recebimento de uma indenização por danos morais.Esta indenização, por sua vez, será menor do que a que teria direito uma pessoa que não esti-vesse no desempenho de atividade estatal.

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O fundamento para esta cláusula de modicidade é estimular que a sociedade fiscalize as ati-vidades desempenhadas pelos agentes públicos.

Decorrência direta do direito à intimidade e à vida privada é a possibilidade de quebra do sigilo bancário. Desta forma, ainda que o sigilo bancário seja um direito fundamental (intimi-dade e vida privada), o fundamento para a sua quebra reside na inexistência, em nosso orde-namento, de direitos e garantias de caráter absoluto.

De acordo com a doutrina, apenas as seguintes autoridades é que podem determinar a quebra do sigilo bancário:

• por determinação do Poder Judiciário;• por determinação do Poder Legislativo, mediante aprovação pelo Plenário da Câmara

dos Deputados, do Senado Federal ou das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) federais ou estaduais;

• por determinação do Ministério Público, na hipótese de procedimento administrativo visando a defesa do patrimônio público;

• por determinação de autoridades e agentes fazendários, no caso de procedimento fis-cal em curso ou de processo administrativo instaurado, quando as informações forem indispensáveis aos respectivos procedimentos.

Em sentido oposto, as autoridades policiais, o Ministério Público (com exceção das si-tuações em que estejamos diante da defesa do patrimônio público), as CPIs municipais os Tribunais de Contas não podem determinar a quebra do sigilo bancário.

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Outro importante entendimento relacionado com a privacidade é a teoria das esferas. De acordo com esta teoria, de origem alemã, a privacidade pode ser dividida em três diferentes espécies: privada, íntima e secreta.

Nesta teoria, a esfera privada compreende as demais, estando relacionada, basicamente, com aspectos da vida da pessoa que sejam excluídos do conhecimento de terceiros.

Já a esfera íntima compreende os valores do âmbito da intimidade, com acesso restrito aos indivíduos com os quais a pessoa se relaciona de forma mais intensa. A esfera secreta, por sua vez, refere-se ao sigilo, ou seja, às informações que apenas são de conhecimento do próprio indivíduo.

Observa-se assim que, quanto mais interna for a esfera, mais intensiva deve ser a sua proteção jurídica.

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Temos aqui a inviolabilidade de domicílio, inciso bastante exigido em provas de concursos.Inicialmente, precisamos saber que o termo “casa”, na visão do STF, é bastante amplo,

abrangendo qualquer compartimento privado não aberto ao público. Desta forma, os escritó-rios e consultórios profissionais, os quartos de hotéis, uma boleira de caminhão e até mesmo a sede de uma empresa são considerados casa para fins de proteção.

Por outro lado, os bares e restaurantes, na visão do tribunal, não são considerados casa, uma vez que tais dependências são abertas ao público em geral e não possuem o caráter da definitividade da moradia.

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Como visto, os estabelecimentos comerciais, em regra, estão protegidos pela inviolabili-dade domiciliar. Contudo, como não temos, em nosso ordenamento, direitos de caráter ab-soluto, é plenamente possível que o Poder Judiciário determine, em situações excepcionais, que a autoridade policial ingresse no estabelecimento profissional à noite com a finalidade de instalar equipamentos de captação de som (escuta).

E isso ocorre na medida em que o princípio da inviolabilidade domiciliar não pode ser uti-lizado para mascarar atividades ilícitas realizadas no estabelecimento da empresa.

Vejamos quais são as situações em que é possível o ingresso na casa de um particular:• Mediante consentimento do morador. Nesta hipótese, o ingresso poderá ocorrer em

qualquer hora do dia ou da noite.• Em caso de flagrante delito. O objetivo, nesta situação, é evitar que a inviolabilidade

sirva de escudo para as práticas ilícitas.• Em caso de desastre, conceito que abarca tanto as causas naturais quanto os eventos

inesperados.• Para prestar socorro, oportunidade em que o direito à vida se sobressai sobre a invio-

labilidade domiciliar.• Durante o dia, por determinação judicial. Neste caso, ainda que o Poder Judiciário te-

nha determinado o ingresso no domicílio particular, o início da ação (a entrada na casa), ainda assim deverá ocorrer durante o dia.

O conceito de dia, para fins de inviolabilidade domiciliar, não é objetivamente definido, sendo considerado, devido às inúmeras particularidades de nosso país (tal como o horário de verão), o período compreendido entre a aurora e o crepúsculo.

Modernamente, o Poder Judiciário tem utilizado o período compreendido das 06:00 horas às 18:00 horas para o conceito de dia.

Contudo, caso a autoridade competente, mediante autorização judicial, tenha adentra-do no domicílio do particular durante o dia, nada impede que o término das investigações ocorra no período da noite. O que deve ser levado em conta, nestas situações, é o princípio da razoabilidade.

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Por fim, merece destaque a decisão do STF proferida no RE 251445, por meio do qual ficou sedimentado que nem mesmo as autoridades policial e fiscal ou o Ministério Público são ex-ceções à regra da inviolabilidade de domicílio:

Sendo assim, nem a Polícia Judiciária, nem o Ministério Público, nem a administração tributária, nem quaisquer outros agentes públicos podem, a não ser afrontando direitos assegurados pela Constituição da República, ingressar em domicílio alheio, sem ordem judicial ou sem o consentimento de seu titular.

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Ainda que o inciso em análise possa levar a uma falsa interpretação no sentido de que ape-nas as comunicações telefônicas podem ser violadas, tal entendimento não deve prevalecer.

Como é sabido, não são admitidos, em nosso ordenamento, direitos e garantias de caráter absoluto, motivo pelo qual uma interpretação no sentido exposto levaria à falsa conclusão de que o sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e de dados seria comple-tamente inviolável.

Neste sentido já se manifestou o STF, quando, no julgamento do HC 70.814, afirmou que a administração penitenciária poderia, desde que devidamente fundamentada, interceptar as correspondências recebidas pelos presos.

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A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de dis-ciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.

Sobre a comunicação de dados, importante frisar que a inviolabilidade do inciso alcança apenas a comunicação dos dados, mas não os dados em si. Em outros termos, a proteção não alcança os locais em que os dados estão armazenados, tal como o disco rígido de um computador, uma vez que, após armazenadas, a comunicação já terá sido realizada.

Em uma operação policial, a autoridade competente, mediante autorização, levou diversos computadores de um escritório comercial com a finalidade de analisar os e-mails enviados e recebidos pelos diretores da empresa.Nesta situação, ainda que a inviolabilidade das comunicações de dados seja um direito fun-damental, as informações armazenadas nos computadores já cumpriram a finalidade de comunicar, motivo pelo qual podem ser verificadas por terceiros.

Acerca das comunicações telefônicas, é necessário, em um primeiro momento, diferenciar a quebra do sigilo das comunicações da interceptação telefônica.

A quebra do sigilo das comunicações consiste em ter acesso a um extrato de todas as li-gações realizadas e recebidas, bem como a data e hora em que estas aconteceram e o tempo de duração. A quebra do sigilo pode ser determinada pelo Poder Judiciário e pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).

A interceptação telefônica consiste em uma medida mais gravosa, uma vez que represen-ta o acesso à gravação das conversas realizadas. Para ser possível, a interceptação telefôni-ca precisa atender a três requisitos:

• Lei que preveja as hipóteses e a forma como a interceptação será realizada (em nosso ordenamento, tais requisitos são atendidos pela Lei n. 9.296).

• Existência de investigação criminal ou instrução processual penal. Desta forma, a in-terceptação jamais poderá ocorrer no curso de um processo administrativo ou de na-tureza cível.

• Ordem judicial específica para o caso concreto. No momento da ordem, a autoridade judiciária definirá a forma como a interceptação será feita, sendo que o prazo para a sua conclusão não poderá, inicialmente, superar 15 dias. Contudo, o STF possui enten-dimento de que tal prazo pode ser renovado por sucessivas vezes, devendo ser anali-sado cada caso isoladamente.

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Quebra do sigilo telefônico Interceptação telefônica

Representa o acesso ao extrato das ligações realizadas

Representa o acesso às gravações das conversas realizadas

Pode ser determinada pelo Poder Judiciário e pelas CPIs

Apenas pode ser determinada pelo Poder Judiciário

Merece destaque a possibilidade de utilização da denominada prova emprestada no âm-bito de um processo administrativo disciplinar.

Nestas situações, temos uma interceptação telefônica utilizada com a finalidade de sub-sidiar uma investigação criminal. Contudo, a prova encontrada é útil, também, para um pro-cesso administrativo disciplinar instaurado contra a mesma pessoa. Nesta hipótese, nada impede que a prova seja “emprestada” para o PAD.

Este é o entendimento do STF, conforme observa-se do julgamento do Inquérito 2.424:

Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em ins-trução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos lícitos teriam despontado à colheita dessa prova.

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-sionais que a lei estabelecer;

Como regra, todas as pessoas poderão desempenhar qualquer tipo de atividade, seja ela remunerada ou não. Em determinadas situações, contudo, a lei estabelece requisitos míni-mos que devem ser observados para que o exercício da profissão possa ocorrer. Nestes ca-sos, apenas aqueles que reunirem os requisitos legais é que poderão exercer a respectiva atividade.

Por isso mesmo, o inciso em questão trata-se de uma norma constitucional de eficácia contida, ou seja, que pode ser exercida livremente até que ocorra a edição de uma lei limitando os seus efeitos.

Se tomarmos como exemplo a atividade de marceneiro, verificamos que todas as pessoas que tenham aptidão para a realização das tarefas podem a desempenhar, uma vez que a lei não apresenta requisitos mínimos para o exercício de tal profissão.Caso, posteriormente, seja editada uma lei estabelecendo uma série de requisitos para o exer-cício da profissão de marceneiro, apenas as pessoas que atenderem a todos os requisitos previstos na norma é que poderão desempenhar a atividade.

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Nota-se, desta forma, que a regra é a inexistência de lei regulamentando as profissões. Apenas em situações onde possa haver um potencial risco ao Estado é que a regulamentação se faz necessária.

Em consonância com este entendimento, encontramos diversas decisões do STF:• entende o tribunal que não é necessária a exigência de diploma ou o registro no Minis-

tério do Trabalho para o exercício da profissão de jornalista (RE 414.426);• de acordo com o tribunal, é inconstitucional a exigência legal de inscrição na ordem

dos músicos do Brasil, bem como o pagamento de anuidade, para o exercício da ativi-dade de músico (RE 635.023);

• para a Suprema Corte, é plenamente constitucional o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma vez que o exercício da advocacia traz um risco coletivo, cabendo ao Estado limitar o acesso à profissão (RE 603.583).

É importante destacar, ainda, que a atividade empresarial não pode ser obstruída, pelo Poder Público, mediante a aplicação de penalidades que possuem a finalidade de receber imposto atrasado.

Neste sentido, o entendimento do STF foi pacificado mediante a edição da Súmula n. 323, de seguinte teor: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para paga-mento de tributos”.

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-

sário ao exercício profissional;

A regra é que todas as informações sejam acessadas por todas as pessoas, sendo res-guardado, ainda, o sigilo da fonte quando tal medida for necessária ao exercício profissional.

É importante salientar que tal inciso não colide com a vedação ao anonimato. O que a Constituição Federal quis assegurar, apenas, é que os jornalistas, no desempenho de suas atividades, pudessem ter a garantia de não mencionar a fonte de onde conseguiram as infor-mações divulgadas.

Contudo, caso alguém seja lesado pela informação divulgada, será o jornalista, e não a fonte que repassou a ele a informação, quem responderá pelos danos morais, materiais e à imagem.

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XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Em tempo de paz, o direito à livre locomoção deve ser assegurado a todas as pessoas.Isso não implica afirmar, contudo, que toda e qualquer pessoa poderá entrar e sair do ter-

ritório nacional, com seus bens, de forma gratuita. Para que o transporte de seus bens seja feito (entrada e saída) deverá o nacional ou o estrangeiro arcar com tributos previstos na le-gislação aduaneira e fiscal.

Caso este direito não seja garantido, deverá o particular fazer uso do remédio constitucio-nal do habeas corpus.

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen-dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Temos aqui o direito de reunião, expressão intimamente ligada à liberdade de expressão e ao regime democrático de governo.

O conceito de reunião pode ser definido como o agrupamento de pessoas, realizado de forma temporária e com a finalidade de propagar algum interesse comum a todos os partici-pantes. Como exemplos, podem-se citar as reuniões realizadas em uma comunidade ou as passeatas de reivindicação e protesto.

Para que o direito de reunião possa ser exercido, algumas características devem ser observadas:

− Finalidade pacífica: em outros termos, não deve ser assegurado o direito de reunião que tenha por objetivo a propagação de atos de violência.

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− Ausência de armas: a reunião deve ser realizada sem o porte de qualquer espécie de armas. Neste sentido, uma marcha realizada por servidores públicos que tenham o porte de arma, ainda que realizada com o objetivo de reivindicar melhores salários, será inconstitucional.

Caso, contudo, apenas um participante da reunião esteja portando uma arma de fogo, este motivo, por si só, não é suficiente para dissolver a reunião. Nesta situação, a autoridade policial deverá desarmar o particular, dando prosseguimento à reunião.

− Locais abertos ao público: Todas as reuniões devem ser realizadas em locais aber-tos ao público, possibilitando assim que a população tenha conhecimento dos as-suntos que estão sendo tratados.

Como exemplo de reunião realizada em local aberto ao público, temos uma marcha em praça pública defendendo a legalização das drogas. Tal reunião é constitucional, uma vez que as ruas e praças são espaços abertos à população.Como exemplo de reunião realizada em local não aberto ao público, temos uma reivindica-ção de melhores salários feita por determinada categoria profissional dentro do gabinete da Presidência da República. Esta reunião é inconstitucional, pois o gabinete em questão não se trata de um local que pode ser livremente acessado pela população.

− Não frustração de outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local: uma reunião não pode prejudicar outra anteriormente agendada para o mesmo local e horário e já avisada à autoridade competente.

− Desnecessidade de autorização: para realizar a reunião, não há necessidade de au-torização do Poder Público, uma vez que vigora, em nosso ordenamento, a liberdade de manifestação do pensamento.

Como consequência, o Poder Público não possui competência para avaliar a conveniência da realização da reunião, ou seja, para decidir se os motivos alegados pelos manifestantes são ou não justos.

• Necessidade de aviso prévio: o aviso prévio à autoridade competente possui a fina-lidade de evitar que duas ou mais reuniões sejam realizadas em um mesmo local e horário. De igual forma, possibilita que o Poder Público adote as medidas necessárias (garantia da segurança pública, regularização do trânsito) para que não haja prejuízos à população.

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O STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 806.339, fixou a tese de que “são per-mitidas reuniões ou manifestações em locais públicos, independentemente de comunicação oficial prévia às autoridades competentes”. Sendo assim, devemos memorizar, a partir da decisão tomada pelo STF em 2021, que o aviso às autoridades competentes não é condição indispensável para o exercício do direito de reunião.

O direito de reunião trata-se de um direito individual, possibilitando assim que cada um dos indivíduos decida se deve ou não participar do movimento. Como consequência, é cor-reto afirmar que o direito de reunião assegura, também, a possibilidade de não participação no evento.

Em caso de violação ao direito de reunião, o remédio constitucional que deve ser utilizado é mandado de segurança, e não o habeas corpus.

005. (CEBRASPE/TJ-PA/DIREITO/2020) Um grupo de pais apresentou requerimento a deter-minado município, solicitando autorização para realizar manifestação pacífica na praça pú-blica onde está sediada a prefeitura, a fim de protestar contra políticas públicas municipais. A autoridade pública competente negou o pedido, sob o fundamento de que frustraria outra reunião anteriormente convocada para o mesmo horário e local.

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Nessa situação hipotética, para realizar a referida manifestação, o grupo de pais utilizou o instrumentoa) inadequado, porque o direito de reunião não requer autorização, mas apenas prévio aviso.b) inadequado, entretanto a autoridade competente não poderia ter negado o direito com base no fundamento utilizado.c) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao grupo ajuizar ação popular contra a decisão que negou o referido pedido.d) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao grupo impetrar habeas corpus contra a decisão que negou o referido pedido.e) adequado, porque o direito de reunião requer prévia autorização administrativa, cabendo ao grupo impetrar mandado de segurança contra a decisão que negou o referido pedido.

De acordo com a Constituição Federal, o direito de reunião pode ser exercido independente de autorização, sendo exigido apenas o prévio aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Logo, o requerimento apresentado pelo grupo de pais é inadequado, haja vista que bastaria o prévio aviso à autoridade competente. Com isso, verificamos que a letra “a” é a resposta da questão, bem como que as letras “c”, “d” e “e” estão incorretas (por afirmarem que o instru-mento utilizado é adequado).Na letra “b”, a autoridade pode negar o exercício deste direito, uma vez que, na situação apre-sentada, a reunião frustraria o exercício de outra previamente convocada.Letra a.

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus-pensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para repre-sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

A Constituição Federal também garante o direito de associação. Para que haja uma asso-ciação, três são os requisitos necessários:

• Pluralidade de pessoas: a associação nada mais é do que uma sociedade, devendo, obrigatoriamente, possuir mais de uma pessoa para a sua constituição.

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• b) Estabilidade: ao contrário do que ocorre com a reunião de pessoas, que possui cará-ter temporário, as associações são constituídas com uma finalidade permanente, que se prolonga no tempo.

• Manifestação de vontade: as associações apenas são constituídas mediante a vontade de duas ou mais pessoas. De igual forma, a possibilidade de associação é livre a todas as pessoas, que devem manifestar expressamente o interesse em participar de tal so-ciedade.

As associações são livres para escolher os interesses que irão defender, não sendo lícito ao Poder Público interferir nesta escolha. As duas ressalvas ficam por conta da obrigato-riedade dos fins lícitos da associação e da vedação à criação de associações com caráter paramilitar.

As associações com caráter paramilitar são aquelas que se assemelham das organiza-ções militares na sua constituição e forma de funcionamento.

Caso uma torcida organizada de um time de futebol seja dividida em pelotões e organizada, hierarquicamente, com cargos de coronel, capitão e soldado, estaremos diante de uma asso-ciação paramilitar.Nesta situação, a associação está fazendo alusão aos termos militares, motivo pelo qual não poderá ser constituída.

Tal como ocorre com as reuniões, a criação de associações independe de autorização estatal, sendo vedado ao Poder Público, ainda, interferir na forma como as associações irão desempenhar suas atividades.

Uma vez constituídas, as associações poderão ter suas atividades suspensas ou ser com-pulsoriamente dissolvidas. Em ambos os casos, é necessária uma decisão judicial. Contudo, como a dissolução compulsória trata-se de medida mais gravosa, exige-se, ainda, que a de-cisão judicial tenha transitado em julgado, ou seja, que não possa mais ser objeto de recurso.

Uma das principais características das associações é a possibilidade de representação judicial dos seus associados. A representação em questão consiste na possibilidade de um terceiro ajuizar uma ação em nome de determinada pessoa.

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Desta forma, poderá a associação, desde que expressamente autorizada por um indiví-duo, ajuizar uma ação judicial em nome dele e na defesa de interesse alheio. Nesta situação, observa-se que a associação é mera representante do indivíduo, uma vez que tanto o interes-se quanto a titularidade são feitos em nome de terceiros.

Situação diferente ocorre com a substituição processual, quando a associação ajuíza uma ação judicial em seu próprio nome, mas defendendo o interesse de terceiros. Como na substi-tuição processual temos uma ação em nome da associação, não há necessidade, ao contrário do que ocorre com a representação, de autorização expressa dos associados.

Quando a associação dos empregados públicos de determinado município ajuíza uma ação cujo objetivo é exigir o pagamento de verbas devidas após o contrato de trabalho de determi-nado número de trabalhadores, estamos diante da representação processual.Nesta situação, a ação será ajuizada em nome dos empregados, defendendo interesses exclu-sivamente destes (a associação apenas é a responsável pelo ajuizamento da ação).Quando a associação ajuíza uma ação em seu próprio nome e tendo por objetivo defender os interesses da categoria (situação que ocorre com o mandado de segurança coletivo), esta-mos diante da substituição processual.Nesta hipótese, a ação será ajuizada em nome da associação, defendendo interesses de toda a categoria.

Representação Processual Substituição Processual

Ação ajuizada em nome dos associados Ação ajuizada em nome da associação

Interesse da ação é dos associados Interesse da ação é dos associados

Exige a autorização expressa dos associados para a propositura da ação

Não exige a autorização expressa dos associados para a propositura da ação

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RESUMO

A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.

Os direitos fundamentais são os direitos reconhecidos à população de um dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento específico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordenamento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.

Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-dos pela Constituição Federal. As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos constitucionalmente previstos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.

Os remédios constitucionais são uma espécie de garantia, podendo ser divididos em re-médios administrativos e remédios judiciais.

São remédios administrativos constitucionalmente previstos o direito de petição e o di-reito de certidão. Os remédios judiciais, por sua vez, são o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo, a ação popular e o mandado de injunção.

De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou dimensões.

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Geração ou Dimensão

Fundamento Características

1ª Geração Liberdade

Surgiram no final do século XVIII.Exigia uma não atuação do Estado.

São representados pelos direitos civis e políticos.

São conhecidos como “liberdades negativas”.

2ª Geração Igualdade

Surgiram no final do século XIX.Exigia uma atuação positiva do Estado.

São representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.

São conhecidos como “liberdades positivas”.

3ª Geração Fraternidade

Surgiram no século XX.Direitos atribuídos a toda a humanidade.São representados pelo direito ao meio ambiente, ao progresso e à defesa do

consumidor.

4ª Geração Biotecnologia

Surgiram em meados do século XX.Fundamentados na ideia de uma sociedade

sem fronteiras.Representados pelos direitos à democracia,

à informação e a todas as questões biotecnológicas.

5ª Geração Paz

Surgiram em meados do século XX.Decorre da necessidade de toda a espécie

humana, independente das diferenças sociais e ideológicas, possuir paz.

Os direitos e as garantias fundamentais gozam de uma série de características, sendo elas:• Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos

os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.• Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento

histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais está intimamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.

• Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como conse-quência, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econô-mico ou patrimonial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.

• Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atingem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.

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• Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer jus a um direito.

Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pessoa não utilize um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim poderá fazer uso, à qualquer momento, do direito em questão.

• Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dis-por, renunciando assim ao ser exercício.

Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.

• Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada pe-las bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.

Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-tuição Federal.

• Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finali-dade para a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.

• Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de um direito para que outro possa ser exercido.

• Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegurar condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela população.

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Desta forma, para que um tratado ou convenção internacional seja alçado ao status de norma constitucional, dois são os requisitos essenciais: a) versarem sobre direitos humanos; e b) serem aprovados pelo quórum qualificado previsto na Constituição Federal.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte INOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Diogo Surdi

Nem todos os tratados e convenções internacionais, porém, alcançarão o status de norma constitucional. De acordo com o STF, duas são as outras posições jurídicas que tais acordos podem assumir:

• Os tratados e convenções que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham sido aprovados de acordo com o quórum qualificado previsto na Constituição Federal terão eficácia de supralegalidade, localizando-se acima das leis ordinárias e abaixo das normas constitucionais.

• Os demais tratados e convenções internacionais (aqueles que não versem sobre direi-tos humanos) terão eficácia de lei ordinária.

A Constituição Federal, ao tratar dos direitos fundamentais, classificou-os em cinco dife-rentes grupos, sendo eles:

• direitos e deveres individuais e coletivos;• direitos sociais;• direitos relativos à nacionalidade;• direitos políticos;• direitos relacionados com a existência dos Partidos Políticos.

Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito da pessoa humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à vida e à liberdade) e coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação).

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte INOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Diogo Surdi

Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políti-cas públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço.

Os direitos relativos à nacionalidade regulam os aspectos relacionados com o vínculo ju-rídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado soberano. Por meio da nacio-nalidade, verifica-se quais as pessoas que são consideradas brasileiros natos, naturalizados ou estrangeiros.

Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de forma indireta (por meio de representantes eleitos).

Os direitos relacionados com a existência dos partidos políticos determinam que tais as-sociações, ainda que constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, são os instrumentos necessários para que a preservação da democracia.

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-de, à igualdade, à segurança e à propriedade.

A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran-te o dia, por determinação judicial.

Vejamos quais são as situações em que é possível o ingresso na casa de um particular:• Mediante consentimento do morador. Nesta hipótese, o ingresso poderá ocorrer em

qualquer hora do dia ou da noite.• Em caso de flagrante delito. O objetivo, nesta situação, é evitar que a inviolabilidade

sirva de escudo para as práticas ilícitas.• Em caso de desastre, conceito que abarca tanto as causas naturais quanto os eventos

inesperados.• Para prestar socorro, oportunidade em que o direito à vida se sobressai sobre a invio-

labilidade domiciliar.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte INOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Diogo Surdi

• Durante o dia, por determinação judicial. Neste caso, ainda que o Poder Judiciário te-nha determinado o ingresso no domicílio particular, o início da ação (a entrada na casa), ainda assim deverá ocorrer durante o dia.

A Constituição Federal também garante o direito de associação. Para que haja uma asso-ciação, três são os requisitos necessários:

• Pluralidade de pessoas: a associação nada mais é do que uma sociedade, devendo, obrigatoriamente, possuir mais de uma pessoa para a sua constituição.

• Estabilidade: ao contrário do que ocorre com a reunião de pessoas, que possui caráter temporário, as associações são constituídas com uma finalidade permanente, que se prolonga no tempo.

• Manifestação de vontade: as associações apenas são constituídas mediante a von-tade de duas ou mais pessoas. De igual forma, a possibilidade de associação é livre a todas as pessoas, que devem manifestar expressamente o interesse em participar de tal sociedade.

Uma vez constituídas, as associações poderão ter suas atividades suspensas ou ser com-pulsoriamente dissolvidas. Em ambos os casos, é necessária uma decisão judicial. Contudo, como a dissolução compulsória trata-se de medida mais gravosa, exige-se, ainda, que a de-cisão judicial tenha transitado em julgado, ou seja, que não possa mais ser objeto de recurso.

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MAPAS MENTAIS

Direitos e Deveres

Individuais e Coletivos

OrigemNecessidade de

imposição de limites à atuação do Estado

Diferenças entre direitos e garantias

Direitos Fundamentais

São bens e vantagens assegurados pela Constituição Federal

Garantias Fundamentais

São instrumentos utilizados com a finalidade de assegurar que os direitos possam ser exercidos pela

população

Gerações

1ª GeraçãoFundamento: Liberdade, implicando em uma não

atuação do EstadoLiberdades negativas, como os direitos políticos e civis

2ª GeraçãoFundamento: Igualdade

Atuação positiva do Estado, sendo exemplo os direitos sociais

3ª GeraçãoFundamento: Fraternidade

Direitos transindividuais, como o meio ambiente equilibrado e a defesa do consumidor

4ª GeraçãoFundamento: Biotecnologia

Tem como base uma sociedade sem fronteiras, sem exemplos a democracia e a informação

5ª GeraçãoFundamento: Paz

Decorre da necessidade de toda a espécie humana ter paz

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Características dos Direitos Fundamentais

Universalidade Os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política

Historicidade Os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos

Inalienabilidade

Os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados com terceiros

Indivisibilidade Os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atingem a finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto

Imprescritibilidade Os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis de serem alcançados pelo instituto da prescrição

Irrenunciabilidade

Como regra, o titular de um direito fundamental não pode renunciar a este direito

Relatividade Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto

Complementariedade

Os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma isolada, mas sim de forma conjunta

Concorrência O particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tempo

EfetividadeCabe ao Estado assegurar condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela

população

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Exceções à Inviolabilidade Domiciliar

Consentimento do morador

Em qualquer hora do dia ou

da noite

Flagrante delitoEm qualquer

hora do dia ou da noite

DesastreEm qualquer

hora do dia ou da noite

Prestar socorroEm qualquer

hora do dia ou da noite

Por determinação judicial

Apenas durante o dia

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Diogo Surdi

QUESTÕES DE CONCURSO

006. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.O direito fundamental à vida é hierarquicamente superior aos demais direitos fundamentais.

Não há hierarquia entre os direitos e garantias fundamentais. Consequentemente, nem mes-mo o direito à vida pode se sobrepor aos demais direitos constitucionalmente previstos.Errado.

007. (CEBRASPE/TC-DF/2021) Acerca de direitos e garantias fundamentais e mandado de segurança no âmbito do Poder Legislativo, julgue o item a seguir, considerando o entendi-mento do STF.Para solucionar conflito entre uma entidade privada com poder social e um associado, é pos-sível a aplicação da teoria da eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais.

Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particulares, es-tamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficácia externa.A eficácia horizontal pode ser utilizada para solucionar conflito entre uma entidade privada com poder social e um associado, uma vez que, neste caso, estaremos diante de uma relação mantida entre particulares.Certo.

008. (CEBRASPE/TCE-RJ/CONTROLE EXTERNO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS/2021) Com relação aos direitos fundamentais, julgue o item a seguir.O direito de liberdade de associação protege entidades que defendam mudanças legislativas e constitucionais.

Ainda que o texto do enunciado da questão tenha sido mal elaborado, o que o examinador quer saber é se o direito de liberdade de associação abrange também as associações que defendam mudanças legislativas e constitucionais.E a resposta é positiva, haja vista que, nos termos da Constituição Federal, é plena a liberdade de associação para quaisquer fins lícitos (como a defesa de mudanças legislativas e consti-tucionais), sendo vedada, apenas, a associação de caráter paramilitar.

Art. 5º, XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Certo.

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Diogo Surdi

009. (CEBRASPE/PRF/2021) Acerca de direitos fundamentais, garantias e remédios constitu-cionais, julgue o item a seguir.A manifestação pública em defesa da abolição de crime, por ser considerada incitação à prá-tica de fato criminoso, não está protegida pela liberdade de reunião.

O direito de reunião abrange, ao contrário do que afirmado pela questão, as manifestações públicas destinadas à defesa da abolição de determinado crime. Um típico exemplo desta si-tuação foi a declaração da constitucionalidade, pelo STF, da intitulada “marcha da maconha”.Errado.

010. (CEBRASPE/PRF/2021) À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue o item que se seguem, relativos aos direitos humanos.A mera intuição de que esteja havendo tráfico de drogas em uma casa não configura justa causa para autorizar o ingresso sem mandado judicial ou sem o consentimento do morador, exceto em caso de flagrante delito.

Nos termos do inciso XI do artigo 5º,

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Dito de outra forma, a mera intuição de que esteja havendo tráfico de drogas não configura justa causa para autorizar o ingresso em uma casa, sendo necessário, neste caso, o prévio mandado judicial. Contudo, quando estivermos diante de flagrante delito, não há necessidade de mandado, podendo a autoridade policial, por exemplo, adentrar na residência do indivíduo ainda que sem consentimento.Certo.

011. (CEBRASPE/PRF/2021) À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue o item que se seguem, relativos aos direitos humanos.O aviso prévio é uma condicionante ao exercício do direito de reunião previsto na CF: a inexis-tência de notificação às autoridades competentes torna ilegal a manifestação coletiva.

Questão polêmica! De acordo com a literalidade do texto constitucional, o direito de reunião exige o prévio aviso as autoridades competentes.

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Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-

dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada

para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Ocorre que o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 806.339, fixou a tese de que

são permitidas reuniões ou manifestações em locais públicos, independentemente de comunica-

ção oficial prévia às autoridades competentes.

Sendo assim, devemos memorizar que o aviso às autoridades competentes não é condição indispensável para o exercício do direito de reunião.Errado.

012. (CEBRASPE/PF/2021) Como regra, a medida própria para a reparação de eventual abuso da liberdade de expressão é o direito de resposta ou a responsabilização civil, e não a supres-são de texto jornalístico por meio de liminar.

Exatamente. Como regra geral, a reparação de eventual abuso da liberdade de expressão é o direito de resposta ou a responsabilização civil.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-

terial, moral ou à imagem;

Sendo assim, mesmo que seja sabido que determinado texto irá causar dano a determinada pessoa, a regra geral é permitir que o texto seja publicado, evitando qualquer tipo de censura. Posteriormente, os eventuais danos serão objeto de direito de resposta e, em determinadas situações, de indenização ao particular.Certo.

013. (CEBRASPE/APEX BRASIL/PROCESSOS JURÍDICOS/2021) Inconformado com as ativi-dades de determinada associação, Paulo deseja tomar providências para suspender as ativi-dades do grupo ou até mesmo obrigá-lo à dissolução.Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.a) A pretensão de Paulo é juridicamente impossível, por ser plena a liberdade de associação para fins lícitos, inclusive para atividades paramilitares.b) Apenas por decisão judicial seria possível dissolver compulsoriamente a associação ou

suspender suas atividades, exigindo-se trânsito em julgado para o primeiro caso.

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c) A dissolução do grupo somente será possível se comprovado que a associação não tem autorização para funcionar.d) A suspensão das atividades pode ser requerida na via administrativa, mas a dissolução de associação só pode ocorrer mediante decisão judicial.

a) Errada. Nos termos da Constituição Federal, é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.b) Certa. A questão está de acordo com a literalidade do artigo 5º, XIX, do texto constitucional.

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

c) Errada. A dissolução exige decisão judicial, não sendo levado em conta o motivo que ensejou a medida.d) Errada. A suspensão das atividades, conforme afirmado, é medida que depende de decisão judicial.Letra b.

014. (CEBRASPE/PM-TO/SOLDADO/2021) Suponha que policiais militares do estado de To-cantins, de um mesmo batalhão, tenham criado determinada associação civil. Nessa situa-ção, se a finalidade for objeto de questionamento, a associação poderáa) ter suas atividades suspensas, por ato do governador do estado.b) ser compulsoriamente dissolvida, por ato do comandante-geral da Polícia Militar.c) ter suas atividades suspensas, se houver trânsito em julgado de decisão judicial.d) ser compulsoriamente dissolvida, somente por decisão judicial.e) ter suas atividades suspensas, por ato do comandante do batalhão.

Para responder à questão, temos que fazer uso da seguinte previsão da Constituição Federal:

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

Como é possível verificar, tanto a suspensão das atividades quanto a dissolução compulsória são medidas que dependem de decisão judicial. Com isso, eliminados as letras “a”, “b” e “e”.Na letra “c”, o erro está em afirmar que a suspensão das atividades depende do trânsito em julgado, algo que apenas é exigido na dissolução compulsória.Na letra “d”, temos a forma como a associação pode ser dissolvida compulsoriamente, ou seja, mediante decisão judicial que tenha transitado em julgado.Letra d.

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015. (CEBRASPE/SEFAZ-DF/2020) Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusu-las pétreas e da organização político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.A Constituição Federal de 1988 prevê expressamente a exigência de inscrição em conselho de fiscalização para o exercício de qualquer atividade profissional.

A Constituição Federal apenas estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-sionais que a lei estabelecer;

Assim, a Constituição Federal, diferente do que informado, não estabelece a exigência de ins-crição em conselho de fiscalização para o exercício de qualquer atividade profissional. A me-dida, quando necessária, deverá estar prevista em lei.Errado.

016. (CEBRASPE/SEFAZ-DF/2020) Acerca dos direitos e garantias fundamentais, das cláusu-las pétreas e da organização político-administrativa do Estado, julgue o item a seguir.Embora a Constituição Federal de 1988 preveja expressamente não distinção entre brasi-leiros, o próprio constituinte estabeleceu, no texto constitucional, hipóteses de tratamentos distintos entre homens e mulheres.

De acordo com a Constituição Federal, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Isso não implica afirmar, no entanto, que os direitos devem ser assegurados de forma idêntica para homens e mulheres. A título de exemplo, podemos citar a licença maternidade (asse-gurada apenas às mulheres) e a licença paternidade (estabelecida apenas para os homens). Nestas situações, é a própria Constituição Federal que estabelece tratamentos distintos entre homens e mulheres.Certo.

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017. (CEBRASPE/MPE-CE/2020) Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.Se, com o intuito de eximir-se de obrigação legal a todos imposta, uma pessoa se recusar a cumprir prestação alternativa, invocando convicção filosófica e política ou crença religiosa, os direitos associados a tais convicções poderão ser restringidos.

Como regra geral, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de con-vicção filosófica ou política. Caso, contudo, a pessoa invoque tais convicções para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e, ainda assim, se recuse a cumprir prestação alternativa fixada em lei, os direitos poderão ser restringidos.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Certo.

018. (CEBRASPE/MPE-CE/2020) Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.A honra e a imagem das pessoas são invioláveis, sendo assegurado o direito de reparação por dano material ou moral em caso de violação.

Nos termos da Constituição Federal, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis. Em caso de dano material ou moral decorrente de violação, será assegurado ao particular o direi-to à indenização.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Certo.

019. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.

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Direitos individuais implícitos estão subentendidos nas regras de garantias fundamentais, sendo exemplos os desdobramentos do direito à vida.

De acordo com o § 2º do artigo 5º,

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e

dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do

Brasil seja parte.

Logo, a lista de direitos e garantias fundamentais não consta como uma lista taxativa no texto da Constituição Federal. Em determinadas situações, os direitos e garantias podem inclusive constar de forma implícita, como, por exemplo, no desdobramento do direito à vida.Certo.

020. (CEBRASPE/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são prerrogativas pró-prias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguar-da ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos, são uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma situação histórica de desigualdade ou discriminação.

Durante algum tempo, contestou-se a constitucionalidade das regras relacionadas com a política de reserva de vagas em concursos públicos. Atualmente, já está pacificado que este tipo de medida (denominada de ação afirmativa) é uma forma de garantia dos direitos fun-damentais, cujo objetivo é minimizar ou eliminar uma situação histórica de desigualdade ou discriminação.Certo.

021. (CEBRASPE/TCE-PA/2019) No que se refere à teoria geral dos direitos fundamentais e aos direitos e deveres individuais e coletivos, é correto afirmar quea) o chamado direito de resistência inclui-se entre os direitos fundamentais de segun-da dimensão.b) a igualdade formal é característica típica dos direitos fundamentais de segunda dimensão.c) o direito de greve é classificado como direito fundamental de terceira dimensão.d) a titularidade dos direitos fundamentais de terceira dimensão é sempre individual.e) o direito à comunicação inclui-se entre os direitos fundamentais de terceira dimensão.

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a) Errada. O direito de resistência está incluído dentre os entre os direitos fundamentais de primeira geração, uma vez que implica na proteção aos abusos do Poder Público.b) Errada. A segunda geração de direitos fundamentais é caracterizada por prestações posi-tivas do Estado para os indivíduos. Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais.No entanto, a questão erra ao afirmar que a igualdade em questão é formal. Na igualdade formal, todos os indivíduos devem ser tratados da mesma forma (de acordo com a lei). Na igualdade material, o objetivo é fazer com que os desiguais sejam tratados de forma diferente, na medida de suas desigualdades.A segunda geração de direitos fundamentais, por exigir uma atuação positiva do Estado, está mais relacionada com a igualdade material, e não necessariamente com a igualdade formal.c) Errada. A greve é um direito social, ou seja, um direito de segunda geração.d) Errada. Nos direitos fundamentais de terceira dimensão, a titularidade será difusa ou cole-tiva. Tais direitos são aqueles que abrangem toda a coletividade, como, por exemplo, o meio ambiente ecologicamente equilibrado.e) Certa. Os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comunidade internacio-nal com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o próprio indiví-duo. Como exemplo, podemos citar o direito à comunicação.Letra e.

022. (CEBRASPE/PGE-PE/2018) Os direitos destinados a assegurar a soberania popular me-diante a possibilidade de interferência direta ou indireta nas decisões políticas do Estado são direitosa) políticos de primeira dimensão.b) políticos de terceira dimensão.c) políticos de segunda geração.d) sociais de segunda geração.e) sociais de primeira dimensão.

A soberania popular é exercida, dentre outras formas, por meio dos direitos políticos. Através destes direitos, os cidadãos podem participar direta ou indiretamente das decisões políticas do Estado.De acordo com a classificação dos direitos fundamentais, os direitos políticos são classifica-dos como de primeira geração.Letra a.

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023. (CEBRASPE/PRF/2019) A respeito do tratamento constitucional dos tratados internacio-nais de direitos humanos, julgue o item que se segue.Conforme a maneira como são internalizados, os tratados internacionais sobre direitos hu-manos podem receber status normativo-hierárquico constitucional ou legal.

Os tratados internacionais sobre direitos humanos podem receber o status constitucional (quando forem aprovados pelo quórum estabelecido na Constituição Federal) ou supralegal (quando não forem aprovados de acordo com o quórum qualificado).

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-

dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-

tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Errado.

024. (CEBRASPE/PRF/2019) A respeito do tratamento constitucional dos tratados internacio-nais de direitos humanos, julgue o item que se segue.A hierarquia constitucional dos tratados internacionais de direitos humanos depende de sua aprovação por três quintos dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

Ainda que a questão esteja incompleta, um dos requisitos necessários para que os tratados internacionais sobre direitos humanos alcancem o status de norma constitucional é a apro-vação por 3/5 dos membros de cada casa do Congresso Nacional.Apenas para memorizarmos, a aprovação em questão deve ocorrer, em cada Casa Legislativa, em dois turnos.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-

dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-

tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Certo.

025. (CEBRASPE/TJDFT/PROVIMENTO/2019) A Constituição Federal de 1988 garante, entre outros direitos e garantias fundamentais, quea) a manifestação do pensamento é livre, sendo garantido o direito ao anonimato.b) ninguém será privado de direitos por motivo de convicções filosóficas, políticas ou religio-sas, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.c) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo por determinação judicial, a qualquer hora do dia ou da noite.

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d) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, desde que seja concedida permissão por autoridade competente.e) os autores de inventos industriais terão privilégio de caráter permanente para sua utiliza-ção, haja vista a promoção do desenvolvimento tecnológico do país.

a) Errada. A manifestação do pensamento é livre. Contudo, é vedado o anonimato.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

b) Certa. A alternativa está de acordo com as disposições da Constituição Federal.

Art. 5º, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção

filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu-

sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

c) Errada. Estabelece o inciso XI do artigo 5º que

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-

rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Assim, a autorização judicial apenas poderá fazer com que a autoridade competente adentre na casa do indivíduo durante o dia.d) Errada. O direito de reunião independe de autorização ou permissão, bastando o prévio aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-

dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada

para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

e) Errada. O privilégio em questão é temporário, e não permanente.

Art. 5º, XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua

utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de

empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tec-

nológico e econômico do País;

Letra b.

026. (CEBRASPE/TJ-PR/2019) As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais

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a) são programáticas.b) têm aplicação imediata.c) estabelecem hierarquia entre os direitos previstos.d) vedam a ampliação de seu conteúdo por tratados internacionais.e) são listadas em rol taxativo na Constituição Federal de 1988 (CF).

De acordo com o § 1º do artigo 5º, temos a previsão de que

As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Letra b.

027. (CEBRASPE/TJ-AM/DIREITO/2019) Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.O direito à liberdade de imprensa abrange a garantia do sigilo da fonte.

Para responder à questão, devemos conhecer a previsão do artigo 5º, XIV, da Constitui-ção Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-sário ao exercício profissional;

Certo.

028. (CEBRASPE/PC-MA/2018) De acordo com o entendimento do STF, a polícia judiciária não pode, por afrontar direitos assegurados pela CF, invadir domicílio alheio com o objetivo de apreender, durante o período diurno e sem ordem judicial, quaisquer objetos que possam interessar ao poder público. Essa determinação consagra o princípio do(a)a) legalidade.b) reserva da jurisdição.c) ampla defesa.d) contraditório.e) direito ao sigilo.

A inviolabilidade domiciliar está expressa no artigo 5º, XI, da Constituição Federal, de se-guinte teor:

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Conforme se observa, uma das exceções a esta garantia é a possibilidade de a autoridade competente adentrar na cada do indivíduo durante o dia. Para isso, há a necessidade de au-torização judicial. E como esta autorização apenas pode ser concedida pelo Poder Judiciário, o princípio que está consagrado, no caso, é o da reserva de jurisdição.Letra b.

029. (CEBRASPE/ABIN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item a seguir.O direito à liberdade de expressão artística previsto constitucionalmente não exclui a possibi-lidade de o poder público exigir licença prévia para a realização de determinadas exposições de arte ou concertos musicais.

A expressão da atividade artística deve ser livre, não dependendo de licença e não podendo ser objeto de censura.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independen-temente de censura ou licença;

Em outros termos, é correto afirmar que é vedada a exigência de licença prévia para a realiza-ção de determinadas exposições de arte ou concertos musicais.Errado.

030. (CEBRASPE/ABIN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item a seguir.De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a denúncia anônima não pode ser base exclusiva para a propositura de ação penal e para a instauração de processo admi-nistrativo disciplinar.

O STF já firmou entendimento no sentido de ser impossível a utilização exclusiva de escritos anônimos (apócrifos) como fundamento para a instauração de processo criminal ou discipli-

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nar. Nada impede, contudo, que a autoridade competente, tendo conhecimento dos escritos anônimos, adote as medidas complementares com a finalidade de verificar se as informações prestadas são ou não procedentes.Certo.

031. (CEBRASPE/TCM-BA/CONTROLE EXTERNO/2018) Acerca dos direitos individuais e co-letivos, julgue os itens a seguir.I – O exercício do direito de reunião em locais abertos ao público depende de prévia autoriza-ção da autoridade competente.II – As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial com trânsito em julgado.III – As entidades associativas têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou ex-trajudicialmente, independentemente de autorização expressa.Assinale a opção correta.a) Apenas o item I está certo.b) Apenas o item II está certo.c) Apenas os itens I e III estão certos.d) Apenas os itens II e III estão certos.e) Todos os itens estão certos.

I – Errado. O direito de reunião independe de autorização do Poder Público, bastando o prévio aviso à autoridade competente.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-

dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada

para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

II – Certo. Temos aqui a previsão do artigo 5º, XIX, da Constituição Federal:

Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades

suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

III – Errado. De acordo com o inciso XXI do artigo 5º, a Constituição Federal estabelece que “as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para repre-sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”.Logo, há a necessidade de autorização para que as entidades associativas possam represen-tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.Letra b.

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032. (CEBRASPE/STJ/2018) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.O princípio da vedação ao anonimato impede que o Ministério Público, em regra, acolha dela-ção apócrifa como fundamento para a instauração de procedimento criminal.

De acordo com o entendimento do STF, é impossível a utilização exclusiva de escritos anô-nimos (apócrifos) como fundamento para a instauração de processo criminal ou disciplinar.Nada impede, contudo, que a autoridade competente (como o Ministério Público), tendo co-nhecimento dos escritos anônimos, adote as medidas complementares com a finalidade de verificar se as informações prestadas são ou não procedentes.Ainda assim, a regra a ser observada é a de que a delação apócrifa não pode ser utilizada como fundamento para a instauração de procedimento criminal, havendo a necessidade de novas investigações para que o processo seja instaurado.Certo.

033. (CEBRASPE/STJ/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2018) Considerando a le-gislação, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos direitos e das ga-rantias fundamentais e da aplicabilidade das normas constitucionais, julgue o item a seguir.Constitui crime de resistência bloquear o ingresso de oficial de justiça munido de mandado de intimação no domicílio durante o período noturno do sábado.

Durante o dia, desde que munido de mandado judicial, poderá o Oficial de Justiça adentrar na residência do particular. No período noturno, em sentido oposto, a medida não será possível, ainda que haja mandado expedido pela autoridade judiciária.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-

sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-

dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do

morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,

por determinação judicial;

Sendo assim, não constitui crime a ação do indivíduo no sentido de bloquear o acesso do Oficial de Justiça ao seu domicílio no período noturno, ainda que a autoridade tenha manda-do judicial.Errado.

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034. (CEBRASPE/PF/2018) Uma associação, com o objetivo de pleitear direitos relativos à educação de adultos analfabetos, planeja realizar uma manifestação pacífica em local aberto ao público, inclusive para maior visibilidade e aderência.Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.As associações, em regra, não precisam de autorização da administração pública para reunir--se, assim como para a sua criação.

Em conformidade com o inciso XVIII do artigo 5º da Constituição Federal, temos a previsão de que “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autoriza-ção, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”.Logo, o Poder Público não poderá, como regra geral, interferir na criação e no funcionamento das associações.Certo.

035. (CEBRASPE/PF/2018) Uma associação, com o objetivo de pleitear direitos relativos à educação de adultos analfabetos, planeja realizar uma manifestação pacífica em local aberto ao público, inclusive para maior visibilidade e aderência.Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.A máxima da liberdade de expressão no âmbito das associações é extensamente garantida pela Constituição Federal de 1988, que assegura a livre manifestação do pensamento e pro-tege o anonimato.

A livre manifestação do pensamento é garantida pela Constituição Federal, que, contudo, veda o anonimato, diferente do que informado pela questão.

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Errado.

036. (CEBRASPE/IRBR/DIPLOMATA/2018) No que tange aos direitos e garantias fundamen-tais e ao processo legislativo, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue (C ou E) o item subsequente.Os tratados e convenções internacionais genericamente considerados terão status constitu-cional se forem aprovados pelo processo legislativo previsto para a votação de emendas à CF.

Os tratados e convenções internacionais apenas terão status constitucional quando ver-sarem sobre direitos humanos e forem aprovados de acordo com o quórum qualificado da Constituição Federal.

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Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Errado.

037. (CEBRASPE/MPE-PI/PROCESSUAL/2018) Julgue o item seguinte, acerca da supremacia da Constituição e da aplicabilidade das normas constitucionais.Decorre da noção de supremacia da Constituição o pressuposto da superioridade hierárquica constitucional sobre as demais leis do país, ressalvados os tratados internacionais de direi-tos humanos.

Conforme afirmado na parte inicial da questão, decorre da noção de supremacia da Constitui-ção o pressuposto da superioridade hierárquica constitucional sobre as demais leis do país.Contudo, a ressalva mencionada não está relacionada com todos os tratados internacionais sobre direitos humanos, mas sim apenas em relação àqueles que, por serem aprovados de acordo com o quórum qualificado da Constituição Federal, tenham, também, o status de nor-ma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Errado.

038. (CEBRASPE/IPHAN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.Se um grupo de moradores do cerrado brasileiro pretender fundar associação com intuito de incentivar e promover a preservação do meio ambiente, será indispensável uma autorização estatal prévia para o funcionamento dessa associação.

A criação de associações independe de autorização do Poder Público, sendo, como regra ge-ral, livre à iniciativa privada.

Art. 5º, XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de auto-rização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Errado.

039. (CEBRASPE/IPHAN/2018) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.O direito de resposta proporcional a um cidadão que tenha sido ofendido não impede o direito à indenização por dano material, moral ou à imagem.

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Nos termos da Constituição Federal, é assegurado o direito de resposta, que será proporcional ao agravo sofrido. A medida, por sua vez, não impede o recebimento de eventual indenização por dano material, moral ou à imagem.

Art. 5º, V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

Certo.

040. (CEBRASPE/IPHAN/2018) Com relação às normas do direito brasileiro, julgue o item que se segue.Todos os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos são incluídos no orde-namento jurídico brasileiro com força de norma constitucional.

Apenas os tratados internacionais que, além de versarem sobre direitos humanos, forem aprovados de acordo com o quórum qualificado da Constituição Federal, alcançarão o status de norma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Errado.

041. (CEBRASPE/PC-SE/2018) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres indivi-duais e coletivos e às garantias constitucionais.Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-se o uso de algemas, desde que essa medida, de caráter excepcional, seja justificada por escrito.

Para responder à questão, façamos uso das disposições da Súmula Vinculante n. 11, de se-guinte redação:

Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de respon-sabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Certo.

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042. (CEBRASPE/PM-AL/COMBATENTE/2018) Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.Poderá ser violada a casa em cujo interior esteja indivíduo em flagrante delito, mesmo duran-te o período noturno e sem determinação judicial.

Estabelece a Constituição Federal (art. 5º, XI), que

a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Logo, o flagrante delito é uma das situações que configuram exceção à regra da inviolabilida-de domiciliar. Neste caso, o acesso à casa poderá ocorrer até mesmo no período noturno, não necessitando de autorização judicial.Certo.

043. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.A liberdade de pensamento é exercida com ônus para o manifestante, que deverá se identifi-car e assumir a autoria daquilo que ele expressar.

A liberdade de pensamento é um postulado a ser observado por todos. Para isso, contudo, a Constituição Federal veda o anonimato. Assim, é correto afirmar que o exercício da liberdade de pensamento implica em um ônus (identificação e autoria) para aquele que exerce a ma-nifestação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Certo.

044. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.Policiais têm a prerrogativa de adentrar na casa de qualquer pessoa durante o período notur-no, desde que portem determinação judicial ou o morador consinta.

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Os policiais não podem adentrar na residência do morador, ainda que munidos de autoriza-ção judicial, no período noturno. Nos termos da Constituição Federal, o ingresso no período noturno apenas poderá ocorrer em caso de consentimento do morador ou nas situações de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.

Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-timento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Em razão de determinação judicial, a entrada da autoridade competente na casa do indivíduo apenas poderá ocorrer durante o dia.Errado.

045. (CEBRASPE/MPU/APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO – ADMINISTRAÇÃO/2018) Com base nas disposições constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.Os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem status de emendas constitucio-nais, de maneira que a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujeita a respon-sabilização.

Os tratados internacionais sobre direitos humanos, para terem o status de norma constitu-cional, devem ser aprovados de acordo com o quórum qualificado estabelecido na Constitui-ção Federal.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Errado.

046. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-manos, depois de aprovados internamente em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, são considerados equivalentes aa) leis federais.b) súmulas vinculantes.c) medidas provisórias.d) leis complementares.e) emendas constitucionais.

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Neste caso, os tratados e convenções internacionais terão o status de norma constitucional.

Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-

dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-

tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Letra e.

047. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Com relação ao direito à associação, assinale a op-ção correta.a) As atividades das associações somente poderão ser suspensas por decisão judicial.b) A liberdade de associação é plena, mesmo para associação de caráter paramilitar.c) A criação de associação depende de autorização do poder público.d) A associação pode prever, em seu estatuto, hipóteses para compelir alguém a permanecer associado.e) As associações, ainda quando não autorizadas expressamente, possuem legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

O direito de associação está expresso nos incisos XVII a XXI da Constituição Federal, de se-guinte redação:Art. 5º, XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter parami-litar; (Erro da Letra B)XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autori-zação, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; (Erro da Letra C)XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; (Letra A)XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; (Erro da Letra D)XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; (Erro da Letra E)Letra a.

048. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/2018) Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas pode ser determinadaa) pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.b) pelo Poder Judiciário, somente.

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c) por autoridade policial e pelo Ministério Público.d) pela fiscalização tributária, somente.e) pelo Ministério Público, somente.

Como regra geral, é inviolável o sigilo das comunicações telefônicas, garantia que poderá ser relativizada por ordem judicial (Poder Judiciário), nas hipóteses e na forma que a lei estabe-lecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Letra b.

049. (CEBRASPE/PREF. FORTALEZA/2017) A respeito das normas constitucionais, do manda-do de injunção e dos municípios, julgue o item subsequente.O princípio da legalidade diferencia-se do da reserva legal: o primeiro pressupõe a submissão e o respeito à lei e aos atos normativos em geral; o segundo consiste na necessidade de a regulamentação de determinadas matérias ser feita necessariamente por lei formal.

A legalidade é aplicada para as situações em que a Constituição Federal determina que o ad-ministrado deve obediência à lei em sentido lato, que pode ser entendida como todo diploma normativo que inova no ordenamento jurídico, tal como as medidas provisórias e os decretos autônomos.Em sentido contrário, para todas as hipóteses em que a Constituição Federal veda a possibi-lidade de edição de medida provisória, bem como para as situações que não sejam aquelas previstas para edição de decreto autônomo, estaremos diante da legalidade em sentido estri-to, também conhecida como reserva legal.Nestas situações, apenas a edição de uma lei formal (com a obediência de todos os seus trâ-mites legislativos) é capaz de disciplinar a matéria ou impor obrigações para os administrados.Certo.

050. (CEBRASPE/TCE-PE/ADMINISTRAÇÃO/2017) A respeito dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue o item a seguir.A liberdade de reunião e o direito à livre manifestação do pensamento excluem a possibilidade de pessoas se reunirem em espaços públicos para protestar em favor da legalização do uso e da comercialização de drogas no país.

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No julgamento da ADPF 187, o STF considerou lícita e decorrente da liberdade de expressão a defesa da legalização das drogas, ainda que realizadas em espaços públicos.

A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas, longe de significar um ilí-cito penal, supostamente caracterizador do delito de apologia de fato criminoso, repre-senta, na realidade, a prática legítima do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercício do direito de reunião, sendo irrelevante, para efeito da proteção constitucional de tais prerrogativas jurídicas, a maior ou a menor receptividade social da proposta submetida, por seus autores e adeptos, ao exame e consideração da própria coletividade.

Logo, a assertiva estaria correta com a seguinte afirmação: a liberdade de reunião e o direi-to à livre manifestação do pensamento incluem a possibilidade de pessoas se reunirem em espaços públicos para protestar em favor da legalização do uso e da comercialização de drogas no país.Errado.

051. (CEBRASPE/TJ-SC/2019) A respeito da eficácia mediata dos direitos fundamentais, as-sinale a opção correta segundo a doutrina e a jurisprudência do STF.a) A eficácia mediata dos direitos fundamentais independe da atuação do Estado.b) De acordo com o STF, as normas de direitos fundamentais que instituem procedimentos têm eficácia mediata.c) Nas relações privadas, a eficácia dos direitos fundamentais é necessariamente mediata.d) A eficácia mediata desobriga o juiz de observar o efeito irradiante dos direitos fundamen-tais no caso concreto.e) A eficácia mediata dos direitos fundamentais dirige-se, primeiramente, ao legislador.

a) Errada. Nos direitos fundamentais de eficácia mediata, a concretização do direito apenas é possível após a atuação do Estado, mais precisamente do Poder Legislativo. É por meio da edição de uma lei destinada a regulamentar o direito fundamental previsto na Constituição Federal que este direito passa a produzir efeitos (eficácia).b) Errada. A eficácia mediata dos direitos fundamentais não está ligada, necessariamente, às normas que instituem procedimentos. Em sentido oposto, certas disposições que estabele-cem procedimentos (como o devido processo legal) possuem eficácia plena e aplicabilida-de imediata.

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c) Errada. Mesmo nas relações entre particulares, o entendimento é de que é possível a eficá-cia imediata dos direitos fundamentais.d) Errada. Ainda que certos direitos fundamentais possuam eficácia mediata, isso não im-plica em afirmar que o Juiz, ao analisar o caso concreto, não tenha que verificar os respecti-vos efeitos. Em outros termos, mesmo que o direito ainda não esteja regulamentado, pode o magistrado, fazendo uso até mesmo da analogia, garantir que determinados direitos sejam concretizados para certas classes de indivíduos.e) Certa. Na eficácia mediata, o direito fundamental carece de regulamentação legal. Logo, es-tes direitos são dirigidos, em um primeiro momento, para o legislador, que, ao editar a norma, torna possível o pleno exercício das disposições constitucionais.Letra e.

052. (CEBRASPE/PREF. JOÃO PESSOA/2018) Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitu-cional expressa.

Nos dias atuais, o entendimento é de que são titulares dos direitos e garantias fundamentais não apenas as pessoas físicas, mas sim também as pessoas jurídicas e até mesmo o próprio Poder Público.Errado.

053. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.Os direitos fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não perdem efeito com o decur-so do tempo.

Uma das principais características dos direitos fundamentais, conforme visto em aula, é o fato deles não se perderem com o decurso do tempo, sendo, por isso mesmo, imprescritíveis.Certo.

054. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.Os direitos fundamentais são irrenunciáveis.

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Como regra, os direitos fundamentais são irrenunciáveis, o que implica em dizer que os seus destinatários não possuem disposição sobre estes. Importante destacar que a doutrina tem entendido que a característica da irrenunciabilidade pode, diante de um caso concreto e des-de que por um período determinado de tempo, ser abrandada.Certo.

055. (CEBRASPE/HUB/SERVIÇO SOCIAL/2018) No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.Todo ser humano detém direitos fundamentais, independentemente de raça, credo, naciona-lidade ou convicção política.

Uma das características dos direitos fundamentais é a universalidade, por meio da qual os direitos se destinam, indistintamente, a todos os seres humanos.Certo.

056. (CEBRASPE/PGE-PE/2018) Considere as duas afirmações a seguir.I – Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da ampla defesa.II – Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o direito à honra, sob pena de consequências como direito de resposta e indenização por dano mate-rial ou moral.As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam aa) eficácia horizontal dos direitos fundamentais.b) eficácia externa dos direitos fundamentais.c) eficácia diagonal dos direitos individuais.d) eficácia vertical e a eficácia horizontal dos direitos individuais, respectivamente.e) eficácia externa e a eficácia vertical dos direitos individuais, respectivamente.

Item I: Na situação descrita, estamos diante de uma relação em que uma das partes é o Esta-do. E quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre os parti-culares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou interna.Item II: Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre particu-lares, estamos diante da eficácia horizontal destes direitos, também conhecida como eficácia externa. Na situação narrada, a relação é entre a imprensa e os particulares. Logo, o que pre-valece é a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.Letra d.

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057. (CEBRASPE/STJ/2018) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um sistema fechado de direitos fundamentais.

Os direitos fundamentais constam, no texto da Constituição Federal, como uma relação exem-plificativa, e não taxativa.Neste sentido, por exemplo, é o teor do artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal, que es-tabelece que

os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Errado.

058. (CEBRASPE/TJ-PR/2019) Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fun-damentais em gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado, pela doutrina, direito dea) primeira geração.b) segunda geração.c) terceira geração.d) quarta geração.

Os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comunidade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o próprio indivíduo. Um exemplo clássico de direito de terceira geração é o relacionado com o meio ambiente ecolo-gicamente equilibrado.Letra c.

059. (CEBRASPE/PREF. CAMPO GRANDE/2019) Acerca dos direitos e das garantias funda-mentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.Os direitos individuais, por estarem ligados ao conceito de pessoa humana e de sua própria personalidade, correspondem às chamadas liberdades negativas; os direitos sociais, por sua vez, constituem as chamadas liberdades positivas, de observância obrigatória em um estado social de direito para a concretização de um ideal de vida digna na sociedade.

Os direitos fundamentais de primeira geração estão relacionados com a liberdade, sendo de-finidos como “liberdades negativas”, haja vista que possuem o objetivo de proteger o indiví-

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duo contra os abusos do Poder Público. Tais direitos são comumente chamados, apenas, de direitos individuais.Os direitos sociais, por sua vez, exigem uma atuação positiva do Estado, estando relaciona-dos com a igualdade. Aqui, a atuação do Poder Público deve ser feita por meio de medidas destinadas a concretizar e efetivar direitos. Por isso mesmo, os direitos sociais são exemplos de liberdades positivas e de observância obrigatória.Certo.

060. (CEBRASPE/SEFAZ-AL/2020) Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.De acordo com a Constituição Federal de 1988, são reconhecidos como válidos somente os direitos e as garantias previstas no texto constitucional ou os a ele incorporados formalmente.

De acordo com o § 2º do artigo 5º,

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Assim sendo, os direitos e garantis fundamentais não se limitam aos expressamente previs-tos no texto da Constituição Federal, podendo constar, inclusive, de forma implícita.Errado.

061. (DEIP/PM-PI/2021) Consoante o texto do 5º, § 3º, incluído pela Emenda Constitucional n. 45/2004, dispõe que os tratados internacionais sobre direitos humanos são equivalentes às emendas constitucionais quando:a) aprovados, em cada Casa da Assembleia Nacional Constituinte, em dois turnos, por dois terços dos votos dos respectivos membros.b) aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em turno único, por três quintos dos vo-tos dos respectivos membros.c) aprovados, na Câmara dos Deputados, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-pectivos membros.d) aprovados, no Senado Federal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respecti-vos membros.e) aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos vo-tos dos respectivos membros.

De acordo com o § 3º do artigo 5º, temos a previsão de que

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Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada

Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,

serão equivalentes às emendas constitucionais.

Letra e.

062. (QUADRIX/CRBM 4 (PA-RO)/2021) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.Segundo a Constituição Federal de 1988, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos, desde que previamente autorizados pela autoridade competente.

Não há necessidade de autorização para o exercício do direito de reunião.

Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, in-

dependentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada

para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Errado.

063. (QUADRIX/CRBM 4 (PA-RO)/GESTÃO/2021) A respeito dos direitos e das garantias fun-damentais previstos na Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, e, em caso de infrações penais, a autoridade só poderá adentrá-la com manda-do judicial.

Caso a infração esteja relacionada com flagrante delito, a autoridade competente poderá adentrar na casa do indivíduo sem a necessidade de mandado judicial.

Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-

timento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,

durante o dia, por determinação judicial;

Errado.

064. (FCC/ALAP/ATIVIDADE ADMINISTRATIVA E OPERACIONAL – ASSISTENTE DE SEGU-RANÇA/2020) Karel Vasak, inspirado nos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), associou algumas gerações ou dimensões de direitos humanos e propôs a divisão doutrinária. Nesse sentido, os de primeira geração ou dimensão são os direitosa) que se caracterizam por direitos dos povos e estão vinculados ao direito fundamental da paz.b) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o Estado no centro de proteção, como os direitos sociais, econômicos e culturais que valorizam grupos de indivíduos.c) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, abrangem um meio ambiente equilibrado e a fraternidade entre os povos.

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d) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, conhecidos por direitos dos povos, como o direito à informação, ao pluralismo e à democracia.e) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o indivíduo no centro de proteção, como o direito à vida à liberdade, à expressão e à locomoção.

a) Errada. Aqui, estamos diante dos direitos de terceira dimensão, cujo fundamento é a fraternidade.b) Errada. Os direitos sociais, econômicos e culturais estão inseridos na segunda geração dos direitos e garantias fundamentais.c) Errada. O meio ambiente equilibrado e a fraternidade entre os povos são clássicos exem-plos de direitos de terceira geração.d) Errada. Aqui, estamos diante de direitos oriundos da quarta geração.e) Certa. Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população. Sendo assim, são exemplos os direitos e garantias individuais e políticos clássicos, que tem o indivíduo no centro de proteção, como o direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção.Letra e.

065. (INSTITUTO AOCP/PC-PA/2021) Analise a seguinte situação hipotética:Maria, casada, mãe de dois filhos, teve a terceira gestação aos quarenta e quatro anos. Quan-do estava na 13ª semana da gestação, descobriu que o feto era anencéfalo e, com 100% de certeza, não teria perspectiva de sobrevida. Imediatamente, Maria pensou em fazer um aborto, mas não tinha certeza se poderia em razão do direito fundamental à vida, previsto na Constituição Federal Brasileira. Após conversar com o médico, Maria acredita que poderá fa-zer o aborto, mediante comprovação por laudo médico da condição do feto, em razão de o Su-premo Tribunal Federal já ter decidido sobre a matéria, entendendo favoravelmente ao aborto em algumas situações. Nesse caso, no que tange ao direito fundamental à vida previsto no artigo 5º da Constituição Federal, é correto afirmar quea) por ser um direito fundamental, é absoluto, mas, nesse caso, diante da inexistência de pers-pectiva de sobrevida do feto, não há o que se falar em proteção do direito à vida.b) por ser um direito fundamental, é absoluto e, na verdade, Maria não poderá fazer o aborto, mesmo com o laudo médico.c) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e, nesse caso, foi relativizado, dentre outros, pelos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da proteção da mãe.d) apesar de ser um direito fundamental, não é absoluto e sequer é considerado em uma situ-ação como a apresentada no enunciado.

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e) por ser um direito fundamental, não é absoluto, mas o princípio da dignidade da pessoa humana, considerado nesse caso pelo STF na proteção da mãe, está acima de qualquer outro direito fundamental.

a); b) Erradas. Inicialmente, é preciso mencionar que o nosso ordenamento jurídico não admi-te a existência de direitos fundamentais de caráter absoluto. Sendo assim, podemos eliminar as letras “a” e “b”.c) Certa. Apesar de o direito à vida ser um direito fundamental, ele não é absoluto e, na situ-ação apresentada, foi relativizado, dentre outros, pelos princípios da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana, em prol da proteção da mãe.d) Errada. Ainda que não seja absoluto, o direito à vida deve ser considerado na situação apre-sentada no enunciado.e) Errada. O erro está em afirmar que o princípio da dignidade da pessoa humana está acima de qualquer outro direito fundamental.Letra c.

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GABARITO

6. E7. C8. C9. E

10. C11. E12. C13. b14. d15. E16. C17. C18. C19. C20. C21. e22. a23. E24. C25. b

26. b27. C28. b29. E30. C31. b32. C33. E34. C35. E36. E37. E38. E39. C40. E41. C42. C43. C44. E45. E

46. e47. a48. b49. C50. E51. e52. E53. C54. C55. C56. d57. E58. c59. C60. E61. e62. E63. E64. e65. c

Diogo Surdi

Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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