noções de direito administrativo

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Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE Serviço de Treinamento MARCO ANTONIO PRAXEDES DE MORAES FILHO Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE. Professor da Faculdade Católica Rainha do Sertão - FCRS. Especialista em Direito e Processo Constitucionais pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Especialista em Direito e Processo Administrativos pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Especialista em Direito Processual Penal pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Membro e Sócio Fundador do Instituto Cearense de Direito Administrativo - ICDA. [email protected] / www.marcopraxedes.adv.br N NOÇÕES DE D DIREITO A ADMINISTRATIVO 2012 Fortaleza / CE

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Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE Serviço de Treinamento

MMAARRCCOO AANNTTOONNIIOO PPRRAAXXEEDDEESS DDEE MMOORRAAEESS FFIILLHHOO

Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE. Professor da Faculdade Católica Rainha do

Sertão - FCRS. Especialista em Direito e Processo Constitucionais pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR.

Especialista em Direito e Processo Administrativos pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Especialista em Direito

Processual Penal pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza -

UNIFOR. Membro e Sócio Fundador do Instituto Cearense de Direito Administrativo - ICDA.

[email protected] / www.marcopraxedes.adv.br

NNOOÇÇÕÕEESS DDEE DDIIRREEIITTOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO

22001122

FFoorrttaalleezzaa // CCEE

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SUMÁRIO

PROPOSTA DO MATERIAL

I. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Origem do Direito Administrativo

2. Importância do Estudo do Direito Administrativo

3. Ramo do Direito Público

4. Administração Pública: Sentido Objetivo e Subjetivo

5. Conceito de Direito Administrativo

6. Fontes do Direito Administrativo

7. Regime Jurídico Administrativo

II. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Conceito de Princípio

2. Organograma dos Princípios da Administração Pública

3. Princípios Constitucionais Básicos (art. 37, caput, CF)

3.1. Princípio da Legalidade

3.2. Princípio da Impessoalidade

3.3. Princípio da Moralidade

3.4. Princípio da Publicidade

3.5. Princípio da Eficiência

4. Princípios Constitucionais Explícitos

5. Princípios Constitucionais Implícitos

6. Princípios Infraconstitucionais Explícitos

7. Princípios Infraconstitucionais Implícitos

III. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Administração Direta x Administração Indireta

2. Autarquias

2.1. Autarquias como Agências

2.2. Autarquias como Conselhos Profissionais

3. Fundação

3.1. Modalidades de Fundação

3.2. Características

4. Empresas Públicas

5. Sociedade de Economia Mista

6. Entidades Paraestatais

6.1. Serviços Sociais Autônomos

6.2. Organização Social (OS)

6.3. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

IV. PODERES ADMINISTRATIVOS

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1. Conceito de Poder Administrativo

2. Poder Vinculado

3. Poder Discricionário

4. Poder Hierárquico

5. Poder Disciplinar

6. Poder Normativo

7. Poder de Polícia

7.1. Atributos do Poder de Polícia

V. ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Conceito de Ato Administrativo

2. Elementos do Ato Administrativo

2.1. Competência

2.2. Finalidade

2.3. Forma

2.4. Motivo

2.5. Objeto

3. Atributos do Ato Administrativo

4. Extinção do Ato Administrativo

4.1. Exaurimento dos Efeitos

4.2. Revogação

4.3. Anulação

4.4. Cassação

4.5. Caducidade

4.6. Contraposição

4.7. Renúncia

VI. LICITAÇÃO PÚBLICA E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (LEI Nº 8.666/93)

1. Conceito de Licitação Pública

2. Disciplina Legal

3. Modalidades de Licitação

3.1. Concorrência

3.2. Tomada de Preços

3.3. Convite

3.4. Concurso

3.5. Leilão

3.6. Pregão

4. Fases do Procedimento

5. Fases do Procedimento do Pregão

6. Contrato Administrativo

VII. SERVIDORES PÚBLICOS

1. Conceito de Agente Público

2. Classificação dos Agentes Públicos

2.1. Agentes Políticos

2.2. Servidores Públicos Civis

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2.3. Servidores Públicos Militares

2.4. Empregados Públicos

2.5. Servidores Temporários

3. Acessibilidade

4. Concurso Público

5. Acumulações

6. Estabilidade

7. Sindicalização

8. Greve

9. Responsabilidade dos Servidores

VIII. SERVIÇO PÚBLICO (LEI Nº 8.987/95)

1. Conceito de Serviço Público

2. Mutabilidade do Conceito de Serviço Público

3. Serviço Público x Poder de Polícia

4. Disciplina Legal

5. Princípios

5.1. Princípio da Generalidade

5.2. Princípio da Modicidade das Tarifas

5.3. Princípio do Serviço Adequado

5.4. Princípio da Atualidade

5.5. Princípio da Continuidade do Serviço Público

6. Concessão x Permissão

7. Responsabilidade do Concessionário

IX. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Conceito de Controle Administrativo

2. Controle Externo x Controle Interno

3. Controle do Poder Legislativo

4. Controle do Poder Judiciário

4.1. Habeas corpus

4.2. Habeas data

4.3. Mandado de injunção

4.4. Mandado de segurança individual

4.5. Mandado de segurança coletivo

4.6. Ação popular

4.7. Ação de improbidade administrativa

5. Controle Interno

X. PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI Nº 9.784/99)

1. Processo em Sentido Amplo

2. Disciplina Legal

3. Aplicação Subsidiária da Lei n° 9.784/99

4. Princípios

4.1. Princípio da Pluralidade de Instâncias

4.2. Princípio da Participação Popular

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5. Dever de Decidir

6. Contagem dos Prazos

SUGESTÃO DE LEITURAS

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PROPOSTA DO MATERIAL

Prezados Colegas,

Conforme prometido, deixo à disposição de todos o conteúdo programático referente ao

curso de Noções de Direito Administrativo ministrado no Serviço de Treinamento do Tribunal de

Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE.

A elaboração deste material possui a finalidade de servir como uma ferramenta inicial

de pesquisa, fornecendo de maneira bastante resumida e objetiva uma visão panorâmica dos

assuntos mais relevante estudados no Direito Administrativo.

O aprofundamento de todas as temáticas abordadas em sala de aula será realizado

oportunamente em cursos específicos e pontuais, também oferecidos pelo Serviço de Treinamento

do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE.

Boa leitura.

O Autor

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I. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Origem do Direito Administrativo

O Direito Administrativo surgiu com a implantação do Estado de Direito, no período

que se sucedeu à Revolução Francesa.

Estado Totalitário Estado de Direito

A obra central que deu fundamento aos movimentos de revolução na França foi o livro

“O Espírito das Leis” (L’Esprit des lois), publicada em 1748 pelo filósofo francês Charles-Louis de

Secondatt ou Barão de Montesquieu.

As premissas do Estado de Direito são: o princípio da legalidade, a separação de

poderes e a constitucionalização do Estado.

Com a Revolução Francesa, instaurou-se na França a jurisdição administrativa ou

contencioso administrativo, encarregado de julgar as causas de interesse da Administração Pública,

ficando a jurisdição comum com o julgamento dos demais litígios.

Foram as decisões do Conselho de Estado francês, órgão central do contencioso

administrativo, que teriam identificado os primeiros vetores do direito administrativo.

2. Importância do Estudo do Direito Administrativo

licitações públicas

contratos administrativos

Gestão de atividades rotineiras concurso público

processo administrativo

serviços públicos

desapropriação

tombamento

Restrição da propriedade limitações administrativas

servidões administrativas

requisição administrativa

Quanto maior a participação popular na condução da atividade administrativa e a

sujeição do Estado à Lei ou ao Direito, maiores a incidência de normas de direito público e a

preocupação com o estudo do direito administrativo.

Quanto mais democrático for o ambiente institucional de um país, mais seus cidadãos-

Revolução Francesa

1789

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administrados poderão exigir o exato cumprimento do direito administrativo.

democrático importância do direito

administrativo

3. Ramo do Direito Público

Embora o direto seja uno, não podendo ser separado, a sua clássica divisão em direito

público e direito privado, proposta pelo jurista romano Ulpianus, ajuda a compreender melhor as

diferentes funções deste ramo da ciência social.

Há duas partes neste estudo: o direito público, que diz respeito ao estado das

coisas de Roma; e o privado, relativo à utilidade os particulares, pois certas

utilidades são públicas e outras, privadas. O direito público consiste (nas

normas relativas) às coisas sagradas, aos sacerdotes e magistrados. O

direito privado é tripartido: é, de fato, coligido de preceitos naturais, ou das

gentes, ou civis. (Ulpianus).

Portanto, o direito administrativo é ramo do direito público interno. Direito público,

pois regula as relações em que o Estado é parte, ou seja, relações entre governantes e governados,

em uma perspectiva vertical, regendo sua organização, atuando com supremacia e visando sempre o

interesse público. Em contraposição está o direito privado, que regula as relações entre particular e

particular, em uma perspectiva horizontal, atuando com igualdade. Direito público interno, pois

aborda as atividades administrativas tendo em vista os fins interiores do Estado. Em contraposição

está o direito internacional público, que regula as relações entre países diferentes.

4. Administração Pública: Sentido Objetivo e Subjetivo

O termo Administração pública pode ser utilizado tanto no sentido subjetivo, indicando

o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas, sendo grafada com letras maiúsculas, como no sentido

objetivo, usado no contexto de função administrativa sob o regime de direito público, sendo grafada

com letras minúsculas.

Subjetivo: órgãos/pessoas

Administração Pública

Objetivo: função/atividade

5. Conceito de Direito Administrativo

Não há uma uniformidade quanto ao conceito de direito administrativo. Cada autor

escolhe certos elementos que considera mais importante para edificar seu conceito próprio.

O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no

conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes

e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente

os fins desejados pelo Estado. (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo

Brasileiro. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002).

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O Direito Administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função

administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem. (Celso Antônio

Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo:

Malheiros, 2009).

É o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas

jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade

jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a

consecução de seus fins, de natureza pública. (Maria Sylvia Zanella di

Pietro. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009).

Direito Administrativo é o conjunto de normas e princípios que, visando

sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e

órgãos do Estado e entre estes e as coletividades a que devem servir. (José

dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo. Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2009).

O Direito Administrativo é o ramo do direito público interno que trata de

princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que abrange

órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na

consecução do interesse público. (Irene Patrícia Nohara. Direito

Administrativo. São Paulo: Atlas, 2011).

6. Fontes do Direito Administrativo

Fonte Primária Lei

Jurisprudência

Fonte Secundária Princípios Gerais do Direito

Costume

Embora o Direito Administrativo não possua uma codificação própria, a exemplo do

Código Penal, do Código Civil, do Código Tributário, estando seus princípios e regras previstos na

CF e Legislação Extravagante, em 2007 foi instalada uma comissão de juristas para elaborar um

anteprojeto sobre uma Lei Orgânica da Administração Pública.

Portaria n° 426, de 6 de dezembro de 2007, do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão. (Alterada pela Portaria n° 84, de 23 de abril de 2008).

7. Regime Jurídico Administrativo

A expressão regime jurídico-administrativo consagra tanto a união dos princípios

peculiares ao direito administrativo, que conservam entre si não apenas união, mas relação de

interdependência, como também as prerrogativas e sujeições, visando a satisfação do interesse público limitando restringindo a sua autonomia de vontade.

Prerrogativas presunção de legitimidade, autoexecutoriedade, autotutela, etc.

Restrições concurso público, licitação pública, legalidade administrativa, etc.

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II. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Conceito de Princípio

Princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, típicas

que condicionam todas as estruturações subsequentes. Princípios, neste

sentido, são os alicerces, os fundamentos da ciência. (José Cretella Júnior.

Filosofia do Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1999).

2. Organograma dos Princípios da Administração Pública

Básicos (art. 37, caput, CF)

Princípios Constitucionais Explícitos

Princípios da Implícitos

Administração

Pública Explícitos

Princípios Infraconstitucionais

Implícitos

3. Princípios Constitucionais Básicos (art. 37, caput, CF)

Princípio da Legalidade

Princípios Princípio da Impessoalidade

Constitucionais Princípio da Moralidade

Básicos Princípio da Publicidade

Princípio da Eficiência

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência e, também, ao seguinte:

3.1. Princípio da Legalidade

É o princípio basilar do Estado de Direito. É a atuação da Administração Pública

(órgãos/agentes) dentro dos parâmetros definidos em lei, sendo vedada sua atuação sem prévia e

expressa permissão legislativa.

X

Legalidade Privada

Ao particular é permitido fazer

tudo o que a legislação não

proíba

Legalidade Pública

Ao administrador somente é

permitido fazer o que estiver

previsto em lei

Page 11: Noções de Direito Administrativo

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Não se deve confundir o princípio da legalidade com o princípio da reserva de lei.

X

Art. 37 (...)

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a

instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de

fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de

atuação;

3.2. Princípio da Impessoalidade

finalidade

Impessoalidade imputação

isonomia

Sob a ótica da finalidade, é a atuação impessoal e genérica da Administração Pública,

visando a satisfação do interesse coletivo, sem corresponder ao atendimento do interesse exclusivo

do administrado.

Art. 37 (...)

§ 1°. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos

órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação

social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que

caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Sob a ótica da imputação, o ato praticado é atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não ao

agente público (pessoa física). Desta forma, a responsabilidade civil recairá sob a entidade no qual o

agente público emprega sua força de trabalho. Porém, o direito de regresso oferece a possibilidade

de a pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano.

Art. 37 (...)

§ 6°. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado

prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes,

nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Sob a ótica da isonomia, é o tratamento igualitário dispensado a todos os administrados, independentemente de qualquer interesse político.

3.3. Princípio da Moralidade

É a atuação administrativa baseada na boa fé, em consonância com a moral, os

P. Legalidade

É a submissão da

Administração Pública

(órgãos/agentes) aos impérios

da legislação

P. Reserva de Lei

É a limitação à forma de

regulamentação de

determinadas matérias cuja

natureza é indicada pela

legislação (ex. 37, XIX, CF)

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Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

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princípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons costumes, a honestidade e os deveres

de boa administração.

O princípio da moralidade não se refere a moral comum, mas aquela moral tirada da

conduta interna da Administração Pública. Logo, a moral relacionada ao princípio não é a moral

subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros princípios da própria Administração como também

aos princípios gerais do direito.

Quando a doutrina administrativista menciona a imoralidade administrativa na forma

qualificada ela está se referindo ao ato imoral configurado como ato de improbidade (art. 37, § 4°,

CF; Lei n° 8.429/92).

Art. 37. (...)

§ 4°. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a perda da função pública, a

indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação

previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Lei n° 8.429/92

Art. 4°. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a

velar pela estrita observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhes são afetos.

O controle jurisdicional dos atos que violem a moralidade administrativa também pode

ocorrer via promoção da ação popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou contrário à

moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65).

Art. 5°. (...)

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que

vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o

Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao

patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,

isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Vale lembrar que o princípio da moralidade rege o comportamento não só dos agentes

públicos, mas de todos aqueles que de qualquer forma se relacionam com a Administração Pública.

Desta forma, os particulares também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também

responder por ato que violem tal preceito.

3.4. Princípio da Publicidade

É a atuação transparente dos atos da Administração Pública, facilitando seu controle. O

princípio constitucional oferece a oportunidade das pessoas de obterem informações, certidões e

atestados da Administração Pública.

Art. 5°. (...)

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu

interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no

prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo

seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

O princípio da publicidade também determina que todos os julgamentos realizados pelo

Poder Judiciário sejam públicos.

Page 13: Noções de Direito Administrativo

Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE Serviço de Treinamento

Art. 93. (...)

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei

limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus

advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito

à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à

informação;

O remédio constitucional para o abuso do direito á informação de caráter particular é o

habeas data (art. 5°, LVII, CF).

Embora a publicidade seja a regra, o próprio Texto Constitucional permite a manutenção

do sigilo para aquelas informações que dizem respeito à segurança da sociedade e do próprio

Estado.

Lei n° 11.111/05

Regulamenta o acesso aos documentos públicos de interesse particular ou de

interesse coletivo e a possibilidade de restrição em razão da segurança da

sociedade e do Estado.

3.5. Princípio da Eficiência

O Princípio da Eficiência foi inserido no texto constitucional pela EC 19/98,

denominada de reforma administrativa.

Sob a ótica do agente público, significa que deve ele buscar a consecução do melhor

resultado possível.

Sob a ótica da forma de organização, significa que deve a Administração Pública

atentar para os padrões modernos de gestão ou administração, vencendo o peso burocrático,

atualizando-se e modernizando-se.

4. Princípios Constitucionais Explícitos

Ao longo do texto constitucional são encontrados diversos princípios explícitos da

administração pública.

Princípio do Concurso Público (art. 37, II, CF)

Princípios Princípio da Licitação (art. 37, XXI, CF)

Constitucionais Princípio da Resp. Objetiva do Estado (art. 37, § 6°, CF)

Explícitos Princípio da Motivação das Decisões Administrativas (art. 93, X, CF)

5. Princípios Constitucionais Implícitos

Ao longo do texto constitucional também são encontrados diversos princípios implícitos

da administração pública.

Page 14: Noções de Direito Administrativo

Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

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Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

Princípios Princípio do Interesse Público

Constitucionais Princípio da Hierarquia

Implícitos Princípio da Presunção de Legitimidade

Princípio da Especialidade

6. Princípios Infraconstitucionais Explícitos

O ordenamento jurídico administrativo revela inúmeros princípios explícitos, servindo

para regulamentar aquela legislação em especial, como também funciona de vetor interpretativo

para a administração pública.

Art. 4°, Lei n° 8.429/92 (Improbidade Administrativa)

Princípios Art. 3°, Lei n° 8.666/93 (Licitações e Contratos)

Infraconstitucionais Art. 6°, § 1°, Lei n° 8.987/95 (Serviços Públicos)

Explícitos Art. 2°, Lei n° 9.784/99 (Processo Administrativo)

Lei n° 8.429/92 (Improbidade Administrativa)

Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a

velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.

Lei n° 8.666/93 (Licitações e Contratos)

Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do princípio

constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a

administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será

processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,

da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do

julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Lei n° 8.897/95 (Serviços Públicos)

Art. 6° (...)

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,

continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na

sua prestação e modicidade das tarifas.

Lei n° 9.784/99 (Processo Administrativo)

Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da

legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,

moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse

público e eficiência.

7. Princípios Infraconstitucionais Implícitos

O ordenamento jurídico administrativo também revela inúmeros princípios implícitos,

servindo para regulamentar aquela legislação em especial, como também funciona de vetor

interpretativo para a administração pública.

Page 15: Noções de Direito Administrativo

Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

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Princípios Princípio da Supremacia do Interesse Público

Infraconstitucionais

Explícitos Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

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III. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Administração Direta x Administração Indireta

Administração Direta ou Centralizada é o centro originário da administração,

compreendendo as pessoas jurídicas políticas centrais dotadas de função administrativa: União,

Estados, Distrito Federal e Municípios.

Administração Descentralizada é o deslocamento da atividade administrativa do núcleo,

compreendendo determinadas pessoas jurídicas de direito público ou privado, agindo de forma

específica para o qual foram criados.

Indireta: Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista.

Particulares: Concessionárias e Permissionárias.

Entidades Paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado; não integram a

Administração Pública, apenas agem paralelamente a elas, atuando em comunhão com o Poder

Público; são os integrantes do chamado terceiro setor: Serviços Sociais Autônomos, Organizações

Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

1° Setor: Estado

2° Setor: Mercado

3° Setor: Entidades Paraestatais

↗ União ↗ Autarquias ↗ Concessionárias

↗ Estados ↗ Fundações ↗ Permissionárias

↗ Distrito Federal ↗ Emp. Públicas

↗ Municípios ↗ Soc. Economia Mista

Estado

Entidades Paraestatais

Administração

Descentralizada Administração Direta /

Centralizada

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Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - TJ/CE Serviço de Treinamento

2. Autarquias

• São criadas por lei ordinária específica.

• Possuem personalidade jurídica de direito público.

• Executam atividades típicas da Administração Pública.

• Especialização dos fins ou atividades, sendo-lhes vedado exercer atividades diversas daquelas para

as quais foram instituídas.

• Atuam em nome próprio, respondendo de forma objetiva pelos atos que seus agentes causarem a

terceiros, sendo assegurada ação regressiva.

Ex. INSS, Banco Central do Brasil, INCRA, etc.

2.1. Autarquias como Agências

As Autarquias podem ganhar feições próprias de Agências. Existem duas modalidades

de Agências no regime jurídico administrativo brasileiro: Agências Executivas e Agências

Reguladoras.

Agências Executivas

É uma qualificação concedida por decreto específico para aquelas autarquias que

celebrarem contrato de gestão com a Administração a fim de melhorar a eficiência e reduzir custos;

ex. art. 37, § 8°, CF.

Agências Reguladoras

São autarquias qualificadas com regime especial definido em lei, responsáveis pela

regulação e fiscalização de assuntos determinados; ex. Lei n° 9.472/96 (ANATEL), Lei n° 9.984/00

(ANA), etc.

2.2. Autarquias como Conselhos Profissionais

As Autarquias também podem funcionar como Conselhos Profissionais. São

denominadas de Autarquias-Corporativas, pois apresentam função específica de fiscalização das

profissões. Ex. Conselho de Medicina (Lei n° 3.268/57), Conselho de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia (Lei n° 5.194/66), Conselho de Psicologia (Lei n° 5.766/71), etc.

OBS. ADI 3.026/DF – STF: Este julgamento rotulou a OAB como uma espécie de autarquia

especial. O que a difere dos demais conselhos profissionais é que além das finalidades corporativas,

possui indispensável participação na administração da justiça (art. 133, CF).

3. Fundação

É um conjunto de bens/patrimônio afetados visando atender um determinado fim. Dá-se

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personalidade jurídica ao conglomerado de bens para que possa existir pro si mesmos.

Há divergência na doutrina quanto à existência de fundação de caráter público, porém a

grande maioria da doutrina admite a sua possibilidade.

3.1. Modalidades de Fundação

Admite-se no direito brasileiro três modalidades de fundações: Fundação instituída por

Particulares de Direito Privado, Fundação instituída pelo Poder Público de Direito Público

(Autarquia Fundacional) e Fundação instituída pelo Poder Público de Direito Privado.

3.2. Características

• São autorizadas por lei ordinária específica, mas compete à lei complementar definir as áreas de

sua atuação.

• Possuem personalidade jurídica de direito público.

• Não executam atividades típicas da Administração Pública.

• Também podem receber a qualificação de agências executivas, desde que celebrem um contrato de

gestão com o Poder Público.

Ex. IBGE, FUNAI, etc.

4. Empresas Públicas

• São autorizadas por lei ordinária específica.

• Possuem personalidade jurídica de direito privado.

• Não executam atividades típicas da Administração Pública.

• Possuem patrimônio próprio e capital exclusivamente público.

• Organizada sob qualquer forma societária prevista na legislação.

• Exploram atividade econômica ou prestam serviço público.

Ex. CEF, ECT, etc.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração

direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando

necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse

coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1°. A lei estabelecerá o estatuto da empresa pública, da sociedade de

economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de

produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo

sobre:

(...)

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5. Sociedade de Economia Mista

• São autorizadas por lei ordinária específica.

• Possuem personalidade jurídica de direito privado.

• Não executam atividades típicas da Administração Pública.

• Possuem patrimônio próprio e capital parcialmente público e privado (híbrido), mas a lei confere

ao estado o poder acionário.

• Organizada sob a forma societária de Sociedade Anônima (S/A).

• Exploram atividade econômica ou prestam serviço público.

Ex. BB, Petrobras, etc.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração

direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando

necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse

coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1°. A lei estabelecerá o estatuto da empresa pública, da sociedade de

economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de

produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo

sobre:

(...)

6. Entidades Paraestatais

A expressão Entidades Paraestatais era utilizada para designar de modo indiscriminado

toda Administração Indireta. Atualmente, entende-se que as Entidades Paraestatais não integram a

estrutura da Administração Pública.

Serviços Sociais Autônomos

Entidades Organização Social (OS)

Paraestatais Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

6.1. Serviços Sociais Autônomos

São serviços instituídos por lei, com personalidade de direito privado, para ministrar

assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupo de profissionais, sem fins lucrativos,

sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.

Ex. O chamado Sistema “S”: Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Social da Indústria

(SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial (SENAC), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), etc.

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6.2. Organização Social (OS)

São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de

particulares, para desempenhar atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao

desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, á cultura e à saúde.

Encontra-se regulamentado pela Lei n° 9.637/98.

O vínculo das Organizações Sociais com a Administração Pública é formalizado através

do contrato de gestão.

Para obterem a qualificação, devem habilitar-se perante a Administração Pública. O ato

de qualificação é discricionário.

Ex. Casas de Misericórdia, Santas Casas, etc.

6.3. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de

particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado com incentivo e

fiscalização pelo Poder Público. Encontra-se regulamentado pela Lei n° 9.790/99.

O vínculo das OSCIPs com a Administração Pública é formalizada através do termo de

parceria.

Para obterem a qualificação, devem habilitar-se perante o Ministério da Justiça. O ato

de qualificação é vinculado.

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IV. PODERES ADMINISTRATIVOS

1. Conceito de Poder Administrativo

São as prerrogativas que a Administração Pública dispõe sobrepondo o interesse público

ao privado.

• Poder Vinculado

• Poder Discricionário

Poderes • Poder Hierárquico

Administrativos • Poder Disciplinar

• Poder Regulamentar

• Poder de Polícia

2. Poder Vinculado

A atuação da Administração Pública deverá estar pautada na legalidade. Logo, a

atividade administrativa será vinculada se o regramento legal impuser as exigências para sua

atuação.

3. Poder Discricionário

Há determinadas situações em que o legislador faz contemplar alguma liberdade para o

administrador, concedendo-lhe uma ligeira discricionariedade. Desta forma, podemos afirmar que

existe uma discricionariedade regrada, mas nunca uma discricionariedade absoluta.

O principal fundamento para apontado para a existência do poder discricionário é a

impossibilidade do legislador de positivar todas as condutas possíveis dos agentes públicos.

O Poder Judiciário, exercendo o controle externo dos atos administrativos, não poderá

adentrar na seara da discricionariedade administrativa, limitando-se ao campo legal.

4. Poder Hierárquico

A organização administrativa é estruturada por regras de coordenação e subordinação

entre órgãos e agentes. O vínculo de autoridade entre os órgãos de escalonamento superior com os

de escalonamento inferior denomina-se hierarquia.

• poder de ordenar atividades

• poder de controlar e fiscalizar

• poder de rever as decisões inferiores

Decorrências • poder de anular os atos ilegais

da Hierarquia • poder de revogar os atos inconvenientes e inoportunos

• poder de punir

• poder de avocar atribuições

• poder de delegar atribuições

ATENÇÃO: O Poder Hierárquico, sob a ótica de coordenação e subordinação de atividades, é um

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poder exclusivo da função administrativa, não se admitindo a sua incidência no âmbito legislativo

ou jurisdicional.

5. Poder Disciplinar

É o poder que compete à Administração Pública para apurar infrações funcionais e

aplicar penalidades aos seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços.

Condescendência Criminosa (art. 320, CP)

Obrigatoriedade do exercício

do Poder Disciplinar

Improbidade Administrativa (Lei n° 8.429/92)

6. Poder Normativo

É o poder em função do qual a Administração Pública edita atos com efeitos gerais e

abstratos. O Poder Regulamentar é o que cabe aos Chefes do Poder Executivo, com a finalidade de

expedir normas gerais complementares à lei.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...)

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir

decretos e regulamentos para sua fiel execução;

Regra geral, os decretos não podem inovar na ordem jurídica, devendo se limitar a regulamentar o

disposta na legislação, nos limites nela determinados.

Todavia, com o advento da EC 32/01, passou a existir a possibilidade do Chefe do Executivo editar

regulamentos autônomos e independentes, podendo inovar na ordem jurídica.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...)

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não

implicar aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

7. Poder de Polícia

Consiste na atividade do Estado de condicionar e restringir o exercício de direitos

individuais, tais como a propriedade e a liberdade, em benefício do interesse público.

O Código Tributário Nacional (CTN) oferece um conceito normativo de poder de

Inovação da ordem jurídica

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polícia.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública

que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a

prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público

concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da

produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes

de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou

ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

7.1. Atributos do Poder de Polícia

Discricionariedade: É a escolha do melhor momento para agir, o meio de sua atuação e a sanção

mais se enquadra na situação concreta.

Autoexecutoriedade: É a prerrogativa que detém a Administração Pública de praticar atos e de

executar suas próprias decisões, sem precisar socorrer-se previamente a outros poderes.

Coercibilidade: É a imposição coativa das decisões adotadas pela Administração Pública,

admitindo o emprego da força pública.

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V. ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Conceito de Ato Administrativo

É o resultado do desempenho da função administrativa, isto é, é a manifestação de

vontade desenvolvida com prerrogativas e restrições próprias do Poder Público, submissa ao regime

jurídico administrativo.

Poder Legislativo Atos Legislativos

Poder Executivo Atos Administrativos

Poder Judiciário Atos Jurisdicionais

2. Elementos do Ato Administrativo

A doutrina administrativista costuma se utilizar do art. 2° da Lei da Ação Popular (Lei

n° 4.717/65) para definir os cinco os elementos do ato administrativo.

• Competência

Elementos do • Finalidade

Ato Administrativo • Forma

• Motivo

• Objeto

2.1. Competência

Diz respeito ao conjunto de atribuições inerentes ao cargo do agente público ou ao

órgão público previamente fixadas por lei. É a competência do agente estatal ou do órgão público

para a prática de determinado ato administrativo.

Lei n° 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo)

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos

administrativos a que foi atribuída como próprias, salvo os casos de

delegação e avocação legalmente admitidos.

2.2. Finalidade

É o objetivo final que a Administração Pública quer alcançar com a prática do ato

administrativo. Podemos visualizar a existência de duas espécies de finalidade: a lato sensu e a

stricto sensu.

REGRA → A competência é IRRENUNCIÁVEL

EXCEÇÃO → Salvo nos casos de AVOCAÇÃO e DELEGAÇÃO

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Finalidade lato sensu É o interesse público, presente em todos os atos administrativos.

Finalidade stricto sensu É a finalidade extraída da lei para o caso em concreto.

2.3. Forma

É o modo de exteriorização do ato administrativo, devendo ser obedecido as exigências

determinadas pela legislação.

Em regra os atos administrativos são produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e

o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável (art. 22, § 1°, Lei n° 9.784/99).

Todavia, admite-se a edição tanto de atos verbais, como também através de símbolos, gestos ou

sinais.

2.4. Motivo

É o pressuposto de fato e de direito que autoriza a Administração a praticar um

determinado ato. Deve-se entender por pressupostos de fato o conjunto de circunstâncias e

acontecimentos que levam a Administração a praticá-lo, e por pressupostos de direito a orientação

normativa que dão ensejo ao ato.

Ex.

Estacionar em lugar proibido

(pressuposto de fato)

Multa de Trânsito

Previsão legal como conduta irregular

(pressuposto de direito)

2.5. Objeto

É o efeito jurídico esperado pela prática do ato administrativo. É o resultado pretendido

pela conduta administrativa.

Ex.

Estacionar em lugar proibido

Multa de Trânsito

Previsão legal como conduta irregular (objeto)

REGRA → Não depende de forma determinada

EXCEÇÃO → Salvo quando a lei exigir forma específica

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ATENÇÃO

Elementos do Ato Administrativo Vinculado/Discricionário

Competência Vinculado

Finalidade Vinculado

Forma Vinculado

Motivo Discricionário

Objeto Discricionário

3. Atributos do Ato Administrativo

Todo ato administrativo é dotado de atributos que lhe são peculiares, os distinguindo

dos atos de direito privado.

Presunção de Legitimidade É a presunção de que os atos praticados pela Administração Pública são validos diante do Direito

tendo em vista a submissão á lei.

Autoexecutoriedade É a capacidade da Administração de executar suas próprias decisões sem se submeter previamente a

outros Poderes.

Imperatividade É a imposição do ato administrativo ao particular, independentemente de sua concordância.

4. Extinção do Ato Administrativo

Embora haja divergência doutrinária, podemos apontar sete formas de extinção do ato

administrativo.

• Exaurimento dos Efeitos

• Revogação

Extinção do • Anulação

Ato Administrativo • Cassação

• Caducidade

• Contraposição

• Renúncia

4.1. Exaurimento dos Efeitos

É a via normal de extinção dos atos administrativos. Ocorre pelo cumprimento dos

efeitos almejados pelo agente público.

Ex.

Necessidade de realizar Realização de Fim do certame

concurso público concurso público

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4.2. Revogação

É a extinção do ato administrativo motivada pela apuração da conveniência e

oportunidade do gestor estatal, não sendo mais aquele assunto de interesse para a Administração

Pública.

Súmula 473, STF

A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios

que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,

por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos

adquiridos e ressalvados, em todos os casos, a apreciação judicial.

Lei n° 9.784/99 (Processo Administrativo)

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de

vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência e

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

4.3. Anulação

A anulação do ato administrativo deriva da constatação de ilegalidade praticada.

Súmula 346, STF

A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473, STF

A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios

que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,

por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos

adquiridos e ressalvados, em todos os casos, a apreciação judicial.

Lei n° 9.784/99 (Processo Administrativo)

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de

vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência e

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Efeitos

Revogação: ex nunc (não retroage)

Anulação: ex tunc (retroage)

4.4. Cassação

A cassação pressupõe o descumprimento de obrigações fixadas no ato por seu

destinatário ou beneficiário direto.

Ex.

Obtém licença Descumprem Licença

de funcionamento obrigação legal cassada

4.5. Caducidade

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É consequencia da nova legislação cujos efeitos sejam contrários aos decorrentes do ato

administrativo já exarado.

4.6. Contraposição

É quando a extinção do ato administrativo é ordenada por novo ato cujos efeitos são

contrapostos ao primeiro.

Ex.

Ato de nomeação Ato de exoneração

de servidor de servidor

4.7. Renúncia

É quando a extinção do ato administrativo decorre da manifestação de vontade do

próprio beneficiário do ato.

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VI. LICITAÇÃO PÚBLICA E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (LEI Nº 8.666/93)

1. Conceito de Licitação Pública

É um procedimento administrativo mediante o qual um ente, no exercício da função

administrativa, seleciona a proposta mais vantajosa entre as oferecidas para a celebração de contrato

de seu interesse.

REGRA Licitação + Contratação

EXCEÇÕES Não haver Licitação + Contratação (art. 23, dispensa; art. 24, inexigibilidade)

Licitação + Não haver Contratação

2. Disciplina Legal

O disciplinamento legal da licitação e dos contratos administrativos pode ser encontrado

tanto na Constituição Federal, quanto na legislação extravagante.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 22, XXVII (competência para legislar é da União)

Art. 37, XXI (norma básica da licitação)

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL Lei n° 8.666/93 (Lei Geral)

Lei n° 10.520/02 (Pregão)

Decreto n° 3.555/02 (Pregão)

Decreto n° 5.450/05 (Pregão na forma eletrônica)

Decreto n° 5.504/05 (Exigência na utilização do Pregão)

Decreto 7.174/10 (Informática)

3. Modalidades de Licitação

Analisando o sistema normativo das licitações podemos afirma que existem seis

modalidades diferentes (art. 22, Lei n° 8.666/93; art. 1°, Lei n° 10.520/02).

• Concorrência

• Tomada de Preços

Modalidades • Convite

• Concurso

• Leilão

• Pregão

3.1. Concorrência

É a modalidade de licitação mais burocrática, pois é a responsável por contratos de

grande expressão econômica (art. 22, § 1°).

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• obras e serviços de engenharia $ 1.5000.000,00

Concorrência

(art. 23, I e II)

• compras e serviços em geral R$ 650.000,00

3.2. Tomada de Preços

É a modalidade de licitação menos burocrática que a Concorrência, pois envolve

contratos de valores intermediários, exigindo-se o prévio cadastramento daquelas pessoas

interessadas na participação do procedimento (art. 22, § 2°).

• obras e serviços de engenharia R$ 1.5000.000,00

Tomada de Preços R$ 150.000,00

(art. 23, I e II)

• compras e serviços em geral R$ 650.000,00

R$ 80.000,00

3.3. Convite

Destina-se a contratações de pequeno valor. (art. 22, § 3°). É realizada no mínimo com

três interessados no ramo pertinente, cadastrados ou não. Esta modalidade não exige publicação de

edital, pois a comunicação é feita por escrito em forma de carta-convite.

• obras e serviços de engenharia $ 650.000,00

Convite

(art. 23, I e II)

• compras e serviços em geral R$ 80.000,00

3.4. Concurso

Modalidade de licitação para a escolha de trabalhos técnicos, científicos ou artísticos,

mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores (art. 22, § 4°). Há a necessidade

da publicação na imprensa oficial de edital prévio trazendo todas as regras daquela seleção, com

uma antecedência mínima de 45 dias.

OBS. Esta modalidade de licitação não tem nenhuma relação com o certame administrativo que

envolve a seleção de pessoal para o Poder Público denominado concurso público.

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3.5. Leilão

É modalidade de licitação realizada entre quaisquer interessados que não está atrelada a

valores fixos, mas à atividade de alienação de bens por parte da Administração Pública (art. 22, §

5°).

• venda de bens imóveis inservíveis para a Administração

• venda de produtos legalmente apreendidos ou penhorados

Leilão • alienação de bens de bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou

em dação em pagamento, a quem possa oferecer maior lance, igual ou

superior ao da avaliação.

3.6. Pregão

É a modalidade de licitação mais recente, recaindo apenas sobre a aquisição de bens e

serviços comuns, sob a forma presencial ou eletrônica, independentemente do valor do bem ou

serviço adquirido (art. 22, § 8°, Lei n° 8.666/93; art. 1°, Lei n° 10.520/02).

É popularmente denominado de “leilão às avessas”, pois enquanto nesta modalidade de

licitação a Administração vende pelo maior preço ofertado, no pregão ele adquire bens/serviços pelo

menor valor apresentado.

Venda Compra

Leilão Pregão

Maior preço Menor preço

4. Fases do Procedimento

EDITAL

(art. 40. requisitos

obrigatórios)

HABILITAÇÃO

(art. 27.

documentação)

CLASSIFICAÇÃO

(art. 43.

procedimentos de

julgamento)

ADJUDICAÇÃO

atribui ao vencedor o

objeto da licitação

HOMOLOGAÇÃO

é a aprovação do

procedimento como

um todo

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5. Fases do Procedimento do Pregão

6. Contrato Administrativo

A licitação é finalizada com a formalização da avença através de um contrato

tipicamente administrativo, regida por cláusulas exorbitantes típicas do direito público, colocando a

Administração em posição de supremacia.

• Alteração unilateral do contrato

Cláusulas • Rescisão unilateral do contrato

Exorbitantes • Fiscalizar a execução do contrato

• Aplicar sanções

• Ocupar provisoriamente as instalações

EDITAL

(art. 40. requisitos

obrigatórios)

HABILITAÇÃO

(art. 27.

documentação)

CLASSIFICAÇÃO

(art. 43.

procedimentos de

julgamento)

HOMOLOGAÇÃO

é a aprovação do

procedimento como

um todo

ADJUDICAÇÃO

atribui ao vencedor o

objeto da licitação

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VII. SERVIDORES PÚBLICOS

1. Conceito de Agente Público

Agente Público é uma terminologia genérica que representa a existência de um vínculo

jurídico-profissional entre qualquer pessoa física e o Poder Público. Desta forma, toda pessoa física

que, a qualquer título, exerça funções públicas é considerada agente público.

2. Classificação dos Agentes Públicos

Embora haja divergência, segundo a melhor doutrina podemos classificar agentes

públicos em cinco espécies.

• Agentes Políticos

• Servidores Públicos Civis

Agentes Públicos • Servidores Públicos Militares

• Empregados Públicos

• Servidores Temporários

2.1. Agentes Políticos

São os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, investidos de cargos,

funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício

das atribuições constitucionais.

Agentes Políticos

São eles:

• Chefes do Executivo (Presidente da República, Governador dos Estados e Distrito Federal e

Prefeitos Municipais), seus auxiliares diretos (Ministros de Estado, Secretários de Estado e

Secretários Municipais);

• Membros do Poder Legislativo (Senadores da República, Deputados Federais, Estaduais e

Distritais e Vereadores);

• Membros do Poder Judiciário (Magistrados);

• Membros do Ministério Público (Procuradores da República e Promotores de Justiça);

• Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros);

• Representantes Diplomáticos.

FUNÇÃO PÚBLICA = AGENTE PÚBLICO

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2.2. Servidores Públicos Civis

São aqueles incumbidos do exercício da função administrativa civil (não militar),

regidos pelas normas do art. 39 da Constituição Federal, sujeitos ao regime estatutário.

2.3. Servidores Públicos Militares

São aqueles que integram as carreiras militares dos Estados, do Distrito Federal e

Territórios e das Forças Armadas (art. 42, CF; art. 142, § 3°, CF).

Estados / DFT Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar

Forças Armadas Exército, Marinha e Aeronáutica

ATENÇÃO

E os integrantes da Polícia Civil? E os integrantes da Polícia Federal? São Servidores Públicos

Civis.

2.4. Empregados Públicos

São aqueles ocupantes de emprego público, remunerados por salários e sujeitos às

regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em regra, são os vinculados às Empresas

Estatais (Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista).

2.5. Servidores Temporários

São aqueles contratados para atender a situações transitórias e excepcionais (art. 37, IX,

CF).

Art. 37. (...)

IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

Lei n° 8.745/93

Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a

necessidade temporária de excepcional interesse público.

3. Acessibilidade

Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os

requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros na forma da lei (art. 37, I, CF).

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS

• Art. 12, § 3°, CF: Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos

Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministros do STF; Carreira Diplomática; Oficial das

Forças Armadas; Ministro de Estado da Defesa.

• Art. 89, VII, CF: Integrantes do Conselho da República.

4. Concurso Público

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A investidura em cargos ou empregos públicos depende de aprovação prévia em

concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do

cargo ou emprego. Excepcionalmente, as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de

livre nomeação e exoneração, não exige aprovação em concurso público (art. 37, II, CF).

REGRA Concurso Público

Cargos em Comissão (art. 37, II)

Cargos Eletivos

EXCEÇÃO Função de Confiança (art. 37, V)

Serviços Temporários (art. 37, IX)

Agentes Comunitários (art. 198, § 4°)

O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogáveis uma vez,

por igual período (art. 37, III, CF). A prorrogação da validade do concurso é um ato discricionário

da Administração Pública.

As nomeações observarão a ordem de classificação (art. 37, IV).

Regra geral, o aprovado em concurso público tem apenas expectativa de direito quanto

a investidura no cargo, ficando a critério da Administração Pública realizar as nomeações. Porém,

há diversos julgamentos do STF relatando certas situações ocorridas no mundo dos fatos

concedendo direito adquirido aos aprovados em concurso público. Ex. aprovado dentro do número

de vagas.

A necessidade da realização de exame psicotécnico em concursos públicos precisa estar

previamente estabelecida e lei e deverá ser pautada e critérios objetivos.

Súmula 686, STF

Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a

cargo público.

A lei deverá reservar percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas

portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF). Ex. O art. 5° da

Lei n° 8.112/90 reserva em até 20% das vagas para portadores de deficiência.

5. Acumulações

É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos (art. 37, XVI, CF).

REGRA Acumulação Proibida

EXCEÇÃO

Compatibilidade de horários

Exigências Nos casos permitidos em lei

Dentro do teto remuneratório

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2 cargos de professor

1 cargo de professor + 1 cargo técnico/científico

Hipóteses 2 cargos/empregos privativos de profissionais da saúde, com profissões

regulamentadas

1 cargo público + 1 Vereador (art. 38, III)

6. Estabilidade

Para os agentes públicos em geral, são estáveis após três anos de efetivo exercício os

servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público (art. 41,

caput, CF).

Todavia, para os Magistrados e Membros do Ministério Público a estabilidade recebe o

nome especial de vitaliciedade, sendo adquirida após dois anos de exercício (art. 95, I, CF; art. 128,

§ 1°, I, CF).

3 anos

Estabilidade

2 anos

7. Sindicalização

É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical (art. 37, VI,

CF).

O agente público não poderá ser dispensado do serviço público se estiver inscrito para

eleição de cargo de direção ou representação sindical, durante o mandato e no período de um ano

após o seu término, salvo se vier a cometer falta grave, na forma em que dispuser a lei, ou se for

ocupante de cargo de provimento em comissão, quando poderá, a qualquer tempo, ser dispensado

(art. 8°, VIII, CF; RE 183.884-SP, STF).

8. Greve

É garantido ao servidor público civil o direito de greve, que deverá ser exercido dentro

nos termos e nos limites definidos em lei (art. 37, VII, CF).

Por muito tempo, devido a ausência da lei que regulamenta o direito de greve dos

servidores públicos, inúmeros julgados consideravam ilegal o movimento. Em 2007, o STF

considerou aplicável aos servidores públicos, ante a omissão do legislador, a Lei n° 7.783/89, que

regulamenta o direito de greve para a iniciativa privada (MI 670-ES, 708-DF e 712-PA).

9. Responsabilidade dos Servidores

A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício de suas funções pode ensejar a

responsabilidade civil, criminal e administrativa.

Resp. Civil + Resp. Criminal Poder Judiciário

Resp. Administrativa Administração Pública

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A regra é a independência/autonomia entre as três esferas. Todavia, se o agente público

for absolvido criminalmente por duas situações especiais também deverá ser absolvido nas demais

esferas.

CRIMINAL • negação da

existência do fato

ou

• negação da

autoria do fato

CIVEL

ADMINISTRATIVA

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VIII. SERVIÇO PÚBLICO (LEI Nº 8.987/95)

1. Conceito de Serviço Público

A noção de serviço público é variável em função do espaço e do tempo. É o

ordenamento que outorga a determinada categoria de atividade a qualificação jurídica de serviço

público, submetendo-a total ou parcialmente ao regime jurídico administrativo.

Serviço público é a atividade material que a lei atribui ao Estado para que

exerça diretamente ou por meio de delegados, com o objetivo de satisfazer

concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou

parcialmente público. (Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito

Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009).

Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados,

basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de

necessidades essenciais e secundárias da coletividade. (José dos Santos

Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2009).

Serviço público é toda atividade material ampliativa, definida pela lei ou

pela Constituição como dever estatal, consistente no oferecimento de

utilidades e comodidades ensejadoras de benefícios particularizados a cada

usuário, sendo prestada pelo Estado ou por seus delegados, e submetida

predominantemente aos princípios e normas de direito público. (Alexandre

Mazza. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012).

2. Mutabilidade do Conceito de Serviço Público

A noção de serviço público alterou-se muito ao longo do tempo. Variou de acordo com

as diferentes expectativas políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comunidade.

A mutação dos anseios da coletividade e do papel reservado ao Estado ao

procurar satisfazê-los acarreta modificações no conceito de serviço público a

altera o seu substrato material. Novas demandas sociais exigem novos meios

de prestação de serviços públicos. Estes se alteram de modo a assegurar que

os anseios da sociedade sejam atendidos. (Marcelo Harger. Consórcios

Públicos na Lei n° 11.107/05. Belo Horizonte: Fórum, 2007).

3. Serviço Público x Poder de Polícia

O administrativista Celso Antonio Bandeira de Mello faz uma impecável comparação

sobre a diferença entre Serviço Público e Poder de Polícia.

Enquanto o serviço público visa a ofertar ao administrado uma utilidade,

ampliando, assim, o seu desfrute de comodidades, mediante prestações feitas

em prol de cada qual, o poder de polícia, inversamente (conquanto para a

proteção do interesse de todos), visa restringir, limitar, condicionar, as

possibilidades de sua atuação livre. (Celso Antônio Bandeira de Mello.

Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009).

4. Disciplina Legal

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A prestação de serviços públicos está disciplinada tanto na Constituição Federal, quanto

na Legislação Extravagante.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão e

permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL Lei n° 8.987/95 (Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos).

5. Princípios

Constituem princípios que devem orientar a prestação dos serviços públicos.

• Princípio da Generalidade

• Princípio da Modicidade das Tarifas

Princípios • Princípio do Serviço Adequado

• Princípio da Atualidade

• Princípio da Continuidade do Serviço Público

5.1. Princípio da Generalidade

Os serviços públicos devem beneficiar o maior número possível de indivíduos sem

discriminação dos usuários, isto é, a prestação deve ser feita de forma igual e impessoal,

indistintamente à totalidade dos usuários, em busca da universalidade (art. 6°, § 1°).

5.2. Princípio da Modicidade das Tarifas

Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, pois, se forem pagos

com valores elevados, muitos usuários serão alijados do universo de beneficiários (art. 6°, § 1°).

5.3. Princípio do Serviço Adequado

Toda concessão ou permissão de serviço público pressupõe a prestação de um serviço

adequado ao pleno atendimento dos usuários (art. 6°, § 1°).

5.4. Princípio da Atualidade

A atualidade na prestação do serviço público compreende:

• Modernidade das técnicas

• Modernidade dos equipamentos

Atualidade • Modernidade das instalações

• Conservação das instalações

• Melhoria do serviço

• Expansão do serviço

5.5. Princípio da Continuidade do Serviço Público

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As atividades qualificadas como serviço público não podem ser interrompidas, devendo

ser eternamente contínuas a sua prestação (art. art. 6º, § 1°).

Todavia, a legislação elencou três possibilidades de paralisação do serviço sem que este

interrupção fosse considerada uma descontinuidade (art. 6°, § 3°).

• Sem aviso situações de Emergência

Possibilidade de

Interrupção • razões de ordem técnica/segurança

• Com prévio aviso

• inadimplemento do usuário

OBS. A temática da interrupção da prestação do serviço público por inadimplemento do usuário é

bastante polêmico. Há muitos julgamentos no sentido de que, se aquela atividade for considerada

essencial não haverá a possibilidade de paralisação, devendo a concessionária buscar as vias

judiciais para reaver os valores não pagos. Ex. Hospitais.

Regra Para atividades gerais há a possibilidade de interrupção

Exceção Para atividades essenciais, não há possibilidade de interrupção

6. Concessão x Permissão

Há quatro diferenças básicas entre concessão e permissão de serviços públicos (art. 2°,

II; art. 2°, IV).

Concessão Permissão

Licitação na modalidade concorrência Licitação

Pessoa jurídica ou consórcio de empresas Pessoa física ou jurídica

Ato não precário Ato precário

Para ser extinta deverá seguir os trâmites legais

e contratuais

Pode ser revogado a qualquer tempo

7. Responsabilidade do Concessionário

O concessionário atua em seu nome, por sua conta e risco, incidindo a regra da

responsabilidade objetiva (art. 37, § 6°, CF; art. 25, Lei n° 8.987/95).

ATENÇÃO O Estado pode ser responsabilizado? Sim, desde que exauridas as possibilidades de reparação dos

prejuízos causados pelo concessionário. Logo, a responsabilidade do Poder Público é subsidiária.

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IX. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Conceito de Controle Administrativo

É o conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a orientação e a correção da

atuação administrativa quando ela se distancia das regras e dos princípio dos ordenamento jurídico

administrativo.

2. Controle Externo x Controle Interno

O controle da Administração Pública compreende tanto o controle externo, como o

controle interno.

• Poder Legislativo

• Externo

• Poder Judiciário

Controle

• Interno

3. Controle do Poder Legislativo

O Poder Legislativo tem por atribuição típica, além de inovar na ordem jurídica, a

fiscalização do Poder Executivo.

O controle do Legislativo sobre o Executivo somente é efetivado na forma e nos limites

permitidos pela Constituição Federal.

• Político ex. CPI (art. 58, § 3°); possibilidade do CN de sustar atos

normativos do Executivo (art. 49, V); convocação de Ministros

(art. 50).

Controle

• Financeiro ex. controle sob aspectos contábeis, financeiros e

orçamentários com auxílio do Tribunal de Contas (art. 70).

4. Controle do Poder Judiciário

Existem inúmeros instrumentos jurídicos que podem ser utilizados pelo administrado

resultando no controle da atuação administrativa: Habeas corpus (art. 5°, LXVIII), Habeas data

(art. 5°, LXXII), Mandado de injunção (art. 5°, LXXI, CF; Lei n° 9.507/97), Mandado de segurança

individual (art. 5°, LXIX, CF; Lei n° 12.016/09), Mandado de segurança coletivo (art. 5°, LXX, CF;

Lei n° 12.016/09), Ação popular (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65), Ação civil pública (art. 129,

III, CF; Lei n° 7.347/85), Ação de improbidade administrativa (art. 37, § 4°, CF; Lei n° 8.429/92).

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4.1. Habeas corpus

Art. 5° (...)

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se

achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de

locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Ex. Asilo que proíbe a saída dos idosos.

4.2. Habeas data

Art. 5° (...)

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do

impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades

governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo

sigiloso, judicial ou administrativo;

Lei n° 9.507/97 (Disciplina o habeas data)

Ex. Comissão de licitação não fornece vista dos autos do procedimento administrativo a uma das

partes interessadas.

4.3. Mandado de injunção

Art. 5° (...)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma

regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades

constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e

à cidadania;

4.4. Mandado de segurança individual

Art. 5° (...)

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e

certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o

responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou

agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Lei n° 12.016/09

Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo.

Ex. Edital de concurso público exige já na fase da inscrição a comprovação da qualificação para o

cargo.

4.5. Mandado de segurança coletivo

Art. 5° (...)

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos

interesses de seus membros ou associados;

Page 43: Noções de Direito Administrativo

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Lei n° 12.016/09

Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo.

4.6. Ação popular

Art. 5° (...)

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que

vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o

Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao

patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,

isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Lei n° 4.717/65 (Regulamenta a Ação Popular).

4.7. Ação de improbidade administrativa

Art. 37. (...)

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo

da ação penal cabível.

Lei n° 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa)

Ex. Agente público que percebe vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de

verba pública de qualquer natureza (art. 9°, IX).

5. Controle Interno

É aquele efetuado pela própria Administração Pública.

• fiscalização

• de ofício

• revisão

Controle

• petições

• provocado

• recursos administrativos

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X. PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI Nº 9.784/99)

1. Processo em Sentido Amplo

Pode-se falar em processo em sentido amplo, de modo a abranger os instrumentos de

que se utilizam os três Poderes do Estado para a consecução de seus fins.

Poder Legislativo processo legislativo Função legislativa

Poder Executivo processo administrativo Função Administrativa

Poder Judiciário processo jurisdicional Função Jurisdicional

2. Disciplina Legal

O disciplinamento do processo administrativo pode ser encontrado tanto na

Constituição Federal, quanto na legislação extravagante.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5°, LV (contraditório e ampla defesa no processo administrativo)

Art. 5°, LXXVIII (razoável duração do processo administrativo)

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL Lei n° 9.784/99 (processo administrativo federal)

3. Aplicação Subsidiária da Lei n° 9.784/99

As leis de processo administrativo aplicam-se subsidiariamente aos processos

específicos.

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por

lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta

Lei.

Ex.

Lei n° 8.666/93 Lei n° 8.112/90

Lei n° 9.784/99 Lei n° 9.784/99

4. Princípios

O processo administrativo deve observar uma série de princípios (art. 2°): Contraditório,

Ampla defesa, Publicidade, Economia processual, Pluralidade de instâncias e Participação popular.

4.1. Princípio da Pluralidade de Instâncias

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias

administrativas, salvo disposição legal diversa.

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4.2. Princípio da Participação Popular

A participação popular na gestão e no controle da Administração Pública é decorrência

do modelo de Estado Democrático de Direito, adotado pela Constituição Federal de 1988.

EXEMPLOS • Audiências públicas (art. 32)

• Consultas públicas (art. 31)

• Ouvidoria (art. 33)

• Disque-denúncia (art. 33)

5. Dever de Decidir

A Administração Pública tem o dever de emitir decisão expressa nos processos

administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência (art. 48).

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração

tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual

período expressamente motivada.

6. Contagem dos Prazos

Os prazos processuais são contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia

do vencimento (art. 66).

Ex.

Fato hoje Dia Seguinte Dia Vencimento

(exclui-se) (início da contagem) (fim da contagem)

1ª Instância

2ª Instância

3ª Instância

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Noções de Direito Administrativo Prof. Marco Praxedes

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SUGESTÃO DE LEITURAS

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2009.

CRETEJA JÚNIOR, José. Filosofia do Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

HARGER, Marcelo. Consórcios Públicos na Lei n° 11.107/05. Belo Horizonte: Fórum, 2007.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo:

Malheiros, 2009.

NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2011.

NOHARA, Irene Patrícia; MORAES FILHO, Marco Antonio Praxedes de. Processo

Administrativo: Temas Polêmicos da Lei n° 9.784/99. São Paulo: Atlas, 2011.

PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.