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Pol í c i a
VITÓRIA, ES, DOMINGO, 02 DE FEVEREIRO DE 2014 ATRIBUNA 27
JOSÉ LOPES D E L EGA D O
Polícia Civil igual à de São PauloJosé Lopes assumiu aDivisão de Homicídiose quer sua equipede investigadoresintegrada com peritos,como na polícia paulista
Michelli Possmozer
Um dos planos do novo chefeda Divisão de Homicídios eProteção à Pessoa (DHPP)
é colocar a sua equipe nos moldesda polícia paulista.
Para José Lopes, a polícia queatende local de crime na GrandeVitória deve atuar como em SãoPaulo, onde a equipe de peritos saijunto com os investigadores e de-legados para o local de homicídio.
Segundo o delegado, hoje a equi-pe que faz a perícia em local de as-sassinatos sai do DepartamentoMédico Legal (DML) e, em caso dedois ou mais homicídios ao mesmotempo, em locais diferentes, há de-mora na realização da perícia.
O delegado José Lopes assumiua DHPP no último dia 15, dia emque o delegado Cláudio Vitor dei-xou a chefia da Divisão para atuarna Superintendência de Ações Es-tratégicas e Operacionais (SPO).
A TRIBUNA – O que sentiu aoser indicado para o cargo?
JOSÉ LOPES – Não fiquei sur-preso. Para mim foi natural porqueeu sempre substituí o delegadoCláudio Victor nas férias dele.
> Quais são os seus planos?É trazer a inovação que implan-
tei em Vila Velha e que o municí-pio da Serra já aceitou. Cada poli-cial de investigação deve ficar res-ponsável por três inquéritos nomês. Essa inovação rendeu paraVila Velha 260 relatórios, uma mé-dia de conclusão de 50% dos in-
quéritos. E agora como chefe vouimplantar nas demais delegacias.Isso vai melhorar a qualidade dosinquéritos e a produtividade.
> A média de 50% é boa?A média nacional não chega a
16%. A nossa média gira em tornode 50% e 40%. Não é a média ideal,mas não se resolve um inquéritode homicídios em 10 dias. Paraprender, é preciso ter provas.
> Sobre os planos, pretendetrazer outras inovações?
Sim. Minha intenção é trazer aperícia para dentro da DHPP. Agente não fez isso ainda devido àfalta de efetivo, mas já foi solicita-do ao chefe de Polícia, pois quero omodelo de São Paulo, onde os peri-tos de homicídio ficam junto comos policiais de investigação. Fuicom Cláudio Victor em São Paulo,vi como funciona lá e gostei.
> Por que esse modelo é ideal?Porque vai haver mais agilidade,
inclusive, na investigação. No caso
> A perícia é bem equipada?A perícia melhorou muito.
Quando eu trabalhava no interior,era uma perícia para atender vá-rios municípios e já fiquei até 12horas esperando uma perícia. Ho-je, não ocorre mais esse problema.
A perícia papiloscópica tambémajuda, pois já prendemos muitosbandidos com o retrato falado.
> A que se deve o aumento demortes e tentativas de homicí-dios em janeiro?
Existe uma sensação de impuni-dade muito grande em função des-sas leis que são feitas pelo legisla-dor penal tupiniquim. Hoje, o cri-minoso é pego com fuzil, pagafiança e vai embora.
> Mas a lei já é assim há muitosanos. E esse último aumento?
São várias pessoas que estão sol-tas na rua. E quando o criminoso ésolto, ele volta para o lugar de an-t e s.
> A causa do aumento é por-que ex-detentos estão soltos?
São várias causas. Em algunsbairros é o tráfico querendo recu-perar o que foi perdido. Muitoscriminosos que a gente investigaestão marcados para morrer. Nãoadianta, vão morrer mais cedo oumais tarde porque têm inimigosmortais. Não é porque a polícianão trabalha.
O crime de homicídio é socioló-gico e o passional não tem comosegurar. Mas a nossa maior moti-vação ainda é o tráfico. Se fizeruma pesquisa, a maioria que mor-reu tem passagem pela polícia. É otráfico que está matando.
É frustrante depois de tanto tra-balho ver tantas pessoas morren-do. É triste olhar para uma mãe nomomento em que ela vai liberar ocorpo do filho. É pesado.
> Quais estratégias vai traçarpara reduzir as mortes?
O que a gente já vem fazendo,
que é intensificar o cumprimentode mandados de busca e apreensão,de prisão, porque não adianta pe-gar o criminoso só no porte ilegalde arma, tem de haver trabalho deinteligência. Vários chefes do tráfi-co só estão presos por causa dasnossas investigações.
Já sugeri ao chefe de Polícia queconverse com o coronel Edmilson(comandante da Polícia Militar)para realizarmos operações con-juntas, trabalharmos com inteli-gência e troca de informações.
> Acredita que deve havermais integração entre PM e Polí-cia Civil?
Integração não é o problema. Aintegração já ocorre desde 2007.
> Mas a impressão é que essaintegração não ocorre...
Pelo contrário. Há operaçõesconjuntas direto. Às vezes, há con-flitos internos. E é, por isso, queexistem as reuniões de segunda-feira, conduzidas pelo secretário deEstado da Segurança Pública, An-dré Garcia, com militares e civis.
> Qual vai ser a sua bandeira?Minha missão é salvar vidas. As
pessoas gostam muito de números,e se a estatística reduziu em umpor cento, é pouco.
Mas, estamos falando de vidas, ese um por cento dá sete pessoas,foram sete vidas salvas da morte. Eeu sou otimista.
Quando cheguei a Iúna, eramseis homicídios por mês e conse-gui reduzir para seis por ano.
JULIA TERAYAMA - 06/04/2011
JOSÉ LOPES quer cada investigador responsável por três inquéritos por mês, modelo que ele implantou na DCCV de Vila Velha
“Existe umasensação de
impunidade muitogrande. Hoje, o criminosoé pego com fuzil, pagafiança e vai embora” VICTOR MUNIZ - 13/12/2013
P E R I TO Srecolhem corpode vítima dehomicídio emVila Garrido.Proposta dod e l e ga d oJosé Lopes édeslocar equipede perícia doDepar tamentoMédico Legal(DML) para abase da DHPPe, com isso,agilizar ostrabalhos e odeslocamentopara locaisde crimes
T R A J E TÓ R I A
José Lopes> TRABALHOU
dois anos noExército do Riode Janeiro
> FOI SOLDADO ecabo da PM doRJ durante 13anos
> ENTROU naPolícia Civil doEstado em1999 comod e l e ga d o
> FICOU em Iúna,no Sul doEstado, até2007
> EM 2007assumiu comoadjunto naDHPP
> EM 2010assumiu comotitular naDelegacia deCrimes Contraa Vida (DCCV)de Vila Velha
“Eu sou otimista.Quando cheguei
a Iúna, eram seishomicídios por mêse consegui reduzirpara seis por ano”
“É frustrante vertantas pessoas
morrendo. É tristeolhar para uma mãe nomomento em que ela vailiberar o corpo do filho”de dois assassinatos ao mesmotempo, a equipe não vai precisaresperar a perícia chegar. Hoje, ospoliciais e os delegados vão para olocal de homicídio, mas, às vezes,precisam esperar a equipe de peri-tos que periciava outro local.
Vamos implantar também oplantão 24 horas na DHPP, aosmoldes do DPJ. Inclusive, o chefede polícia já se mostrou favorável àcentral de flagrantes da DHPP, quevai contar com pelo menos cincodelegados e cinco escrivães. Já es-tamos programando para março.