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64 PROCURA-SE crédito NO NEGÓCIO EMPRÉSTIMO Conseguir financiamento pode representar dor de cabeça ao microempresário, já que descobrir a melhor opção ou a com juro mais baixo nem sempre é tão simples. Para cada objetivo, uma saída. Para todas as alternativas, algo é comum: o planejamento TEXTO DE MARCELO CASAGRANDE © ERHUI1979 / ISTOCK.COM 64 GES98_64-67_NoNegocio_DinheiroCaro.indd 64 13/03/17 15:36

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PROCURA-SE

créditoNO NEGÓCIO EMPRÉSTIMO

Conseguir financiamento pode representar dor de cabeça ao microempresário, já que descobrir a melhor opção ou a com juro

mais baixo nem sempre é tão simples. Para cada objetivo, uma saída. Para todas as

alternativas, algo é comum: o planejamento

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O brasileiro é, sem dúvida al-guma, um dos povos mais empreendedores do mun-do. Três em cada dez pes-

soas que vivem por aqui - e tem entre 18 e 64 anos - já possuem uma empre-sa ou estão colocando a mão na massa para abrir o próprio negócio, segundo a pesquisa Global Enterpreneurship Mo-nitor. Diante desse cenário, crescer é a meta da maioria, mesmo que a econo-mia não esteja tão boa. Tem muita gen-te com sede de expansão já pensando na recuperação do País.

“Pensar no que pode acontecer

fora do esperado não

significa pensar de forma

pessimista ou ser negativo, mas, sim, ser

realista e contar com todas as

possibilidades”FÁBIO HENRIQUE,

CONSULTOR FINANCEIRO E AUTOR DOS LIVROS

“TIRE SUA EMPRESA DAS TREVAS” E “JURO, NUNCA

MAIS!”©

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O problema aparece quando os planos precisam de crédito. Por onde começar e como fazer a melhor escolha? São per-guntas que só são respondidas mediante planejamento. O presidente da Associa-ção Brasileira das Sociedades de Micro-crédito (ABSCM), Ricardo Assaf, afirma que o empreendedor tem que se plane-jar sabendo que o volume de crédito que ele poderá acessar corresponderá a uma fração do capital que ele próprio investiu. “Aos poucos ele construirá relações com as instituições de crédito e o volume cres-cerá paulatinamente”, comenta.

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As linhas de crédito com acesso e as mais fáceis de conseguir, segundo Assaf, são as de desconto de recebíveis, na qual as vendas a prazo são antecipadas, seja por meio de duplicatas, cheques pré-da-tados ou fluxo de recebíveis de cartões de crédito. “Essas linhas são adequadas apenas para capital de giro. Para inves-timentos, o empreendedor deve buscar uma linha de longo prazo”, explica o pre-sidente da ABSCM.

CRESCIMENTOQuando o plano é mudar de patamar

e ampliar a oferta de serviços ou produ-tos, o investimento vai ser maior, logo o tipo de crédito é diferente. A melhor li-nha de crédito a se buscar é aquela que é mais barata e que se pode pagar. Simples, certo? Nem sempre. Ao pedir uma linha de crédito, é preciso ficar de olhos aber-tos para a taxa, quantidade de parcelas, para que o dinheiro será usado, além de se questionar se será possível arcar com o pagamento e, o principal, o que vai ser feito caso algo dê errado. “Pensar no que pode acontecer fora do esperado não sig-nifica pensar de forma pessimista ou ser negativo, mas, sim, ser realista e contar com todas as possibilidades”, comenta o consultor financeiro e autor dos livros “Tire sua empresa das trevas” e “Juro, nunca mais!”, Fábio Henrique.

O consultor diz que conseguir di-nheiro com baixo custo, com 5% ou 6% de juros ao ano, é bastante difícil para os micro e pequenos empresários. Nor-malmente as taxas mais baratas estão nos bancos estatais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BN-DES. Para microcrédito, em São Paulo, uma alternativa é o Banco do Povo Pau-lista, mas essa opção serve apenas pa-ra empresas com faturamento de até R$360 mil por ano.

Em termos de agilidade, tanto em aprovação quanto em disponibilida-de, uma linha de crédito interessante é a que está vinculada ao cartão BNDES, defende o CEO do Grupo Bahia Asso-ciados, Jorge Carlos Bahia. Trata-se de

linha rotativa e pré-aprovada com ta-xa de juros atual de 1,19% ao mês. “Seu uso, muitas vezes, facilita ao empre-endedor, pois o leque de itens que po-de ser adquirido com o cartão é muito grande, incluindo máquinas e equipa-mentos, e há a vantagem de as presta-ções serem fixas”, justifica Bahia.

ALTERNATIVASO microcrédito é também uma op-

ção, conhecido como crédito produtivo, é indicado àqueles empreendedores que necessitam de linhas para compra de serviços ou mercadorias, capital de giro momentâneo para garantir a sustentabi-lidade do negócio ou mesmo sua melho-ria. Em todos os casos deve-se, primei-ramente, avaliar o benefício. Sendo este um recurso direcionado e específico às instituições financeiras, como as Socie-dades de Microcrédito (SCMEPPs), que podem ter condições bem mais vanta-josas em termos de facilidades, prazos e taxas, se comparadas às instituições bancárias tradicionais.

Ricardo Assaf da ABSCM orienta que o empreendedor encare as instituições financeiras da mesma forma que trata os fornecedores de matéria-prima e ou-tros produtos para o negócio, ou seja, estrategicamente. “Deve ter sempre mais de um fornecedor de produtos financeiros para não ficar refém de nenhum deles”, indica Assaf.

ESTÍMULODO GOVERNONo fim de 2016, o Governo

Federal apresentou um pa-cote de liberação de mais de R$30 bilhões em crédi-to para as micro e peque-nas empresas. Com isso, as taxas de juros – não só dos bancos públicos como tam-bém dos privados – ficaram cerca de 30% mais baratas para esse público.

E tem muita gente interessada nes-se assunto, afinal, segundo a Secreta-ria Especial da Micro e Pequena Em-

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NO NEGÓCIO EMPRÉSTIMO

“Deve ter sempre mais de um fornecedor de produtos financeiros para não ficar refém de nenhum deles”RICARDO ASSAF, DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS SOCIEDADES DE MICROCRÉDITO

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presa, os micro e pequenos negócios re-presentam 95% das pessoas jurídicas do País e são responsáveis por metade de todos os empregos formais no Brasil.

CRÉDITO PARAPAGAR DÍVIDANem sempre o empresário precisa re-

correr ao crédito para investir no cresci-mento. Quando a água atinge o pescoço é preciso pedir socorro para que as dívi-das com juros altos não virem uma bola de neve e coloquem tudo a perder. Tem muita empresa que busca crédito pa-ra pagar dívidas acumuladas. Para Jorge Carlos Bahia, a melhor alternativa é a ne-gociação com parâmetros realistas sobre a possibilidade de quitação. Além disso, vale a pena ver junto à instituição cre-dora e outra com a qual se mantém um relacionamento financeiro a possibilida-de de utilizar a “portabilidade” da dívida. “Ter uma melhor e mais acessível forma de quitação da dívida trocando seus en-cargos incontroláveis por outros encar-gos que possam ser melhor controlados e que caibam no orçamento do micro ou pequeno empresário pode ser a solução”, analisa o especialista.

EVITE O ERROÀs vezes, por falta de informação – ou

por desespero –, o empreendedor erra ao escolher qual a melhor linha de cré-dito. “O primeiro grande erro é não ficar atento à taxa do financiamento. O em-preendedor olha apenas o valor da par-cela”, comenta o consultor financeiro Fábio Henrique.

O segundo grande erro que os peque-nos e grandes empreendedores come-

4 ANÁLISES QUE DEVEM SER FEITASPARA NÃO CAIR EM FURADAS

Por que a linha de crédito que está vinculada ao cartão BNDES é uma das mais indicadas para os PMEs? Ela é interessante em termos de agilidade, tanto em aprovação quanto em disponibilidade, pois trata-se de linha rotativa e pré-aprovada com taxa de juros atual de 1,19% ao mês. Seu uso, muitas vezes, facilita ao empreendedor, pois o leque de itens que pode ser adquirido com o cartão é muito grande, incluindo máquinas e equipamentos, e há a vantagem de as prestações serem fixas”Jorge Carlos Bahia,CEO do Grupo Bahia Associados

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RESPOSTADE ESPECIALISTA

tem é contratar um empréstimo e fazer os pagamentos de curto prazo, pois ele não quer se endividar e, assim, “acaba--se logo”. Mas se a taxa é a mesma, por que não fazer em mais parcelas? “Caso se tenha dinheiro em caixa, pode-se pa-gar a primeira parcela e a última. Quan-do a última parcela é paga/adiantada, o banco tira os juros que foram colocados naquela parcela. Então não se paga ju-ros até o final”, orienta.

O crédito será sempre um aliado des-de que bem usado, pois contribui para manter a sustentabilidade da empresa, reduz custos, equilibra as contas e pode ser utilizado para pagar compras à vis-ta, por exemplo. Porém, se não for pla-nejado para ser bem empregado, pode tornar-se um vilão e levar ao endivida-mento da empresa. “O empreendedor tem que saber que, daqui a algum tem-po, poderá necessitar tomar o emprés-timo e, tendo essa noção, fica mais fácil administrar o capital que estará pronto e disponível para ser acessado a qualquer momento”, finaliza Ricardo Assaf.

PERFIL DE QUEMBUSCA POR MICROCRÉDITO

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FONTE: PROGRAMA NACIONAL DE MICROCRÉDITO PRODUTIVO ORIENTADO

62,28%

37,72%

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COMÉRCIO

HOMEM

5,32%

SERVIÇ

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1,5%

INDÚST

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28,7%

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• NEGOCIE com quem vai liberar crédito para você

• BUSQUE alternativas que sejam de fácil entendimento e operacionalização (possível portabilidade, linha de crédito com refinanciamento de bem móvel)

• ANALISE nessa proposta de linha de crédito o valor total da quitação do recurso,

comparando-o com o valor total da dívida a ser quitada

• TENHA clara a identificação do valor total das dívidas – a que já existe e aquelas apresentadas como possíveis propostas de quitação dessa primeira –, sem essa visão devemos ter cuidado para qualquer opção indicada como vantajosa

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