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pela Infância Rádio unicef Leia neste boletim Nº 103 - Brasília, março de 2009 Oferta de educação infantil deve ser ampliada A finalidade da educação infantil é o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da criança, complementando a ação da família e da comunidade. É o que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Segundo a mesma lei, o Estado precisa oferecer creches aos meninos e meninas de até 3 anos e pré-escolas aos pequenos de 4 a 6. Por enquanto, 7 milhões do total de 20 milhões de crianças de até 6 anos do País estão matriculadas em creches e pré-escolas, conforme dados do Censo Escolar 2008. É preciso ressaltar que com a implantação do ensino fundamental de 9 anos, a pré-escola vai atender aos brasileirinhos de 4 e 5 anos. A partir dessa idade, a criança já entra para o ensino fundamental. A fim de cumprir um direito constitucional, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu metas para ampliar a oferta de creches e pré-escolas no País. Até 2011 deverão ser atendidas 50% das crianças com até 3 anos –hoje são apenas 17%– e aumentar de 77% para 80% o número de matrículas dos meninos e meninas de 4 a 6 anos. Neste boletim você vai saber como o Brasil caminha para alcançar as metas do PNE e, ainda, entender por que uma creche ou pré-escola de qualidade, assim como a atenção dada pela família, são tão importantes para o desenvolvimento de uma pessoa. Grande parte das capacidades das crianças se desenvolve neste período da vida. Pense nisso e discuta o assunto com a sua comunidade. Boa Leitura! Equipe do Rádio pela Infância Matrícula aos 4 anos pode ser obrigatória Fase vital começa no útero e vai até os 6 anos de vida Perfil e qualidade da educação infantil A importância do Fundeb Cadastre-se e receba material do Todos pela Educação Radialista, receba em sua caixa de e-mail o material do projeto No Ar, Todos pela Educação. São peças de mobilização, spots, músicas, depoimentos de pais, mães, de artistas e, ainda, este boletim Rádio pela Infância. Todo mês tem novidade e um tema diferente voltado para a educação. O assunto de março, você já sabe, é educação infantil. Para fazer o cadastro, basta enviar uma mensagem para o e-mail todospelaeducacao@midiaxpert. com.br. O No Ar, Todos pela Educação também está disponível no site http://todospelaeducacao. mccomunicacao.com.br. Franqueado DECRETO LEGISLATIVO No 52288/63 UNICEF/BRZ/Adriana Nívea Mara 4 2 parceria 1 3

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pela InfânciaRádio

unicef

Leianesteboletim

Nº 103 - Brasília, março de 2009

Oferta de educação infantil deve ser ampliada A finalidade da educação infantil é o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da criança, complementando a ação da família e da comunidade. É o que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Segundo a mesma lei, o Estado precisa oferecer creches aos meninos e meninas de até 3 anos e pré-escolas aos pequenos de 4 a 6.

Por enquanto, 7 milhões do total de 20 milhões de crianças de até 6 anos do País estão matriculadas em creches e pré-escolas, conforme dados do Censo Escolar 2008. É preciso ressaltar que com a implantação do ensino fundamental de 9 anos, a pré-escola vai atender aos brasileirinhos de 4 e 5 anos. A partir dessa idade, a criança já entra para o ensino fundamental. A fim de cumprir um direito constitucional, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu metas para ampliar a oferta de creches e pré-escolas no País. Até 2011 deverão ser atendidas 50% das crianças com até 3 anos –hoje são apenas 17%– e aumentar de 77% para 80% o número de matrículas dos meninos e meninas de 4 a 6 anos. Neste boletim você vai saber como o Brasil caminha para alcançar as metas do PNE e, ainda, entender por que uma creche ou pré-escola de qualidade, assim como a atenção dada pela família, são tão importantes para o desenvolvimento de uma pessoa. Grande parte das capacidades das crianças se desenvolve neste período da vida. Pense nisso e discuta o assunto com a sua comunidade. Boa Leitura!

Equipe do Rádio pela Infância

Matrícula aos 4 anos pode ser obrigatória

Fase vital começa no útero e vai até os 6 anos de vida

Perfil e qualidade da educação infantil

A importância do Fundeb

Cadastre-se e receba material do Todos pela Educação Radialista, receba em sua caixa de e-mail o material do projeto No Ar, Todos pela Educação. São peças de mobilização, spots, músicas, depoimentos de pais, mães, de artistas e, ainda, este boletim Rádio pela Infância. Todo mês tem novidade e um tema diferente voltado para a educação. O assunto de março, você já sabe, é educação infantil.

Para fazer o cadastro, basta enviar uma mensagem para o e-mail [email protected]. O No Ar, Todos pela Educação também está disponível no site http://todospelaeducacao.mccomunicacao.com.br.

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Perfil e qualidade da educação infantil

Dos 20 milhões de brasileirinhos de até 6 anos de idade, 11 milhões têm entre 0 e 3 anos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, 17% das crianças de até 3 anos e 77% das que têm entre 4 e 6 anos de idade estão matriculadas na educação infantil. A meta estabelecida

pelo Plano Nacional de Educação de ter, até 2011, metade das crianças de até 3 anos em creches ainda está longe de ser alcançada. Quanto à pré-escola, apesar do aumento do número de matrículas, alcançar a meta de 80% dos meninos e meninas de 4 a 6 em salas de aula exige esforço, tanto do governo quanto da sociedade.

Crianças matriculadas Idade Meta para 2011 em 2007

0 a 3 anos 17% 50%

4 a 6 anos 77% 80%

A questão é: não basta aumentar o número de instituições de ensino, é preciso oferecer qualidade. Mas como saber se uma creche ou pré-escola é boa? Algumas respostas estão na publicação Indicadores da Qualidade na Educação Infantil, prevista para ser lançada em maio deste ano. O documento está sendo elaborado pela Ação Educativa, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o UNICEF e a Fundação Orsa. A intenção é orientar a comunidade escolar a avaliar as creches e pré-escolas a partir de indicadores de qualidade.

Indicadores são como sinais. Assim como a febre é indício de algum problema no organismo, eles ajudam a identificar boas práticas, avanços e o que precisa melhorar nas instituições de educação infantil. A explicação é de Vanda Ribeiro, da ONG Ação Educativa.

Vanda é coordenadora do projeto Indicadores da Qualidade da Educação. Ela cita alguns elementos considerados importantes para “medir” a qualidade de creches e pré-escolas: frequência dos estudantes, projeto educacional ou planejamento, formação dos professores, respeito ao ritmo da criança e escolha dos materiais para brincadeiras. Frequência – A comunidade precisa, por exemplo, questionar se a instituição acompanha a frequência das crianças. Se a creche ou pré-escola não se preocupa com a assiduidade dos alunos, mau sinal.

Planejamento – Para Vanda, é o grande nó na educação infantil: “A brincadeira é ótima, mas ela deve ser pensada para favorecer o desenvolvimento da criança, a forma como ela vai experimentar cada coisa para desenvolver o linguajar, ter afeto, formação.”

Formação dos professores – A lei prevê no mínimo nível médio na modalidade normal, mas Vanda gostaria que fosse exigido curso superior em pedagogia. A interação dos professores com os pequenos alunos também é considerada essencial.

Respeito ao ritmo – É preciso respeitar o ritmo de cada criança. Às vezes ela faz xixi na sala porque a professora não deixa ir ao banheiro, diz Vanda. É preciso organizar o ambiente para que cada conquista seja realmente valorizada, para que meninos e meninas sintam que estão crescendo e aprendendo. “Se a criança quer dormir, não pode ser obrigada a ficar acordada”, acrescenta a coordenadora.

Materiais para brincadeiras – Eles precisam ter qualidade, segurança. Não se deve colocar um balanço que pode cair ou comprar brinquedos só de plástico. “Criança tem de ter contato com texturas diferentes. Às vezes manipular grãos é melhor que um brinquedo caro”, esclarece Vanda, que faz doutorado na área de educação pela Universidade de São Paulo, a USP.

Vanda [email protected] (11)3151-2333http://www.acaoeducativa.org.br/portal/

Publicações são referência

A coordenadora-geral de educação infantil do MEC, Rita Coelho, considera os Indicadores como importante documento de avaliação das instituições de creches e pré-escolas, mas cita outras duas publicações que considera referência sobre o que se deseja em termos de qualidade para essa fase de ensino: Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil.

De acordo com a coordenadora, a segunda edição dos dois documentos está em fase de impressão e eles serão entregues nas instituições de educação infantil de todo o País. Por enquanto, podem ser encontradas nos seguintes endereços eletrônicos:• http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol2.pdf

• http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/miolo_infraestr.pdf

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Perfil e qualidade da educação infantil Fundeb é avanço para a educação infantil

Fase vital começa no útero

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é considerado um avanço para a educação infantil. Criado em 2006, o Fundo atendeu a uma antiga reivindicação ao garantir financiamento para toda a educação básica, da creche ao ensino médio. Antes, não havia recursos específicos para a educação infantil.

A coordenadora-geral de educação infantil do MEC, Rita Coelho, afirma que nos últimos anos foi construído um consenso sobre o que significa qualidade na educação infantil. Os Parâmetros e os Indicadores (mais informações na página 2) são alguns exemplos disso,

mas a coordenadora lembra que “qualidade implica em condições de financiamento”. Daí a importância do Fundeb. Rita Coelho reconhece que o dinheiro destinado não apenas a creches e pré-escolas, mas para toda a educação básica, ainda é insuficiente: “Não podemos dizer que temos no Brasil atendimento ideal da educação infantil, mas já há muitos avanços”. A coordenadora diz também que essa etapa da educação é uma das prioridades do MEC, que vem desenvolvendo ações para melhorar a qualidade de creches e pré-escolas. Ela lembra que “o Ministério

Pesquisas feitas ao longo dos últimos anos, no mundo inteiro, comprovam o benefício do investimento na primeira infância. O período vital para o ser humano começa no útero e vai até os

6 primeiros anos de vida. “É a fase mais preciosa

e vai ter repercussão para o resto da vida”, diz a coordenadora do Programa de Sobrevivência e Desenvolvimento Infantil do UNICEF, Cristina Albuquerque.

Ela explica que até os 6

anos são formadas 90% das ligações entre os neurônios, as

chamadas sinapses. Assim, a fase é vital não apenas para a estabilidade emocional, mas para o desenvolvimento da criança em todos os aspectos. Até os 4 anos os pequenos já alcançaram metade do potencial mental que terão quando adultos. É quando são formadas todas as bases para o raciocínio lógico e para a matemática, por exemplo.

A criança precisa receber carinho, ser alimentada e estimulada até os 6 anos, principalmente. Se o cérebro não recebe os estímulos necessários nessa faixa etária, não desenvolve as sinapses, conforme revelam exames.

“O cérebro entende que a criança não precisa”, observa Cristina. Os atos de amamentar e de contar histórias para um bebê são formas de estimular o desenvolvimento.

Ainda segundo Cristina Albuquerque, a falta de atenção e cuidado na primeira infância pode ter repercussão na escola e até no comportamento violento na fase adulta. Também influencia na capacidade produtiva: “Crianças com atenção e direitos garantidos têm capacidade de produzir 15 a 17% a mais que as outras”, ressalta.

Para a coordenadora do UNICEF, as provas estão com a neurociência e também com os economistas, que “nos obrigam a falar sem nenhum exagero que a primeira infância é verdadeiramente um investimento para o resto da vida de um País e do mundo.”

Cristina Albuquerque [email protected] (61)3035-1965

Elza

Fiú

za/A

Br

Sugestão de pauta Questione sobre a educação infantil na sua emissora. As crianças da sua comunidade têm acesso a creches e pré-escolas? Essas instituições fazem parte da rede pública? Ou são comunitárias, filantrópicas ou da rede particular? Os professores têm a escolaridade adequada? Estão participando de algum programa de formação? As famílias conhecem o direito das crianças de acesso à creche e pré-escola e a quem procurar caso não seja garantido?

tem um papel muito importante na coordenação da política, mas o desafio da educação infantil é de toda a sociedade”. E ressalta ainda a importância de parcerias com a sociedade e instituições que defendem os direitos das crianças, como o UNICEF.

Rita Coelho [email protected] (61)2104-8645

Mar

cello

Cas

al/A

BrMatrícula aos 4 anos pode se tornar obrigatória

Os pais hoje são obrigados a matricular na escola os filhos de 7 a 14 anos. O Estado, por sua vez, precisa oferecer todas as condições para receber os estudantes. Com a educação infantil é um pouco diferente. Ela é um direito da criança e da família, mas ainda não é um dever. A família não é obrigada a matricular a criança de até 6 anos em uma instituição de educação infantil, mas sempre que desejar ou necessitar, precisa ser atendida pelo poder público. Se não conseguir, o caminho é procurar o Conselho Tutelar ou o Ministério Público.

ESPAÇO DO RADIALISTA

“É de inteira e completa satisfação que escrevo para o Rádio pela Infância. Sou Sérgio Silva, o Radiola. Trabalho numa emissora às margens do rio São Francisco, na Bahia, e utilizo o informativo para criar pautas de debates em programas voltados para a educação social de crianças e adolescentes. É assim que se constroi um País com crianças socialmente seguras.”

“Olá, galera! Muito bom ter o boletim de vocês na nossa programação, ajuda bastante no desenvolvimento de nossos ouvintes contar com essa parceira. É realmente muito bom esse intercâmbio de conhecimento que faz com que tenhamos um Brasil mais informado e democrático. Grande abraço!”

Sione Santos Rádio Quixabeira FM Quixabeira-BA www.quixabeirafm.com

Sérgio Silva (Radiola) Rádio Pontal FM [email protected]

OSCIP Escola BrasilSRTVN 702, Ed. Brasília Rádio Center, 4033 CEP 70.719-900, Brasília-DFTel.: (61) [email protected]

Fundo das Nações Unidas para a InfânciaSEPN 510, bloco A, 2º andarCEP 70.750-521, Brasília-DFTel.: (61) 3035-1900 Fax: (61) [email protected]

EdiçãoHeloisa d’Arcanchy (Escola Brasil)Pedro Ivo Alcantara (UNICEF)ReportagemRadígia de Oliveira

Tiragem5.700 exemplaresDiagramaçãoRV Comunicação Integrada

EXPEDIENTE

Movimento Todos pela EducaçãoAv. Paulista, 1294, 19º andarCEP 01.310-915, São Paulo-SPTel.: (11) [email protected]

Mudança – O MEC tem uma proposta de alterar a Constituição Federal para que a permanência obrigatória na escola comece aos 4 e só termine aos 17 anos de idade.

Assim, matricular ou não uma criança de 4 e 5 anos em uma pré-escola poderá deixar de ser um ato de livre vontade das mães e dos pais ou responsáveis pelas crianças.

Escreva para o Espaço do Radialista. Fale do seu trabalho, envie sugestões e críticas. Mande um e-mail para [email protected] e solicite ainda o envio dos spots do UNICEF pela internet.

Você também pode visitar a seção multimídia do site www.unicef.org.br, onde há vários spots disponíveis para veiculação gratuita.

Meta 1 do movimento Todos pela Educação A proposta de ampliar o tempo do estudante na escola está em sintonia com a meta 1 do movimento Todos pela Educação. O movimento quer “toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola” até 7 de setembro de 2022, ano do bicentenário da independência do Brasil. No entanto, além dos pequenos de 4 a 6 anos e dos adolescentes de 15 a 17, 680 mil crianças e adolescentes de 7 a 14 anos ainda permanecem fora das salas de aula.