nlm nlmuid 65030650r bk

176
WCK *R343h 1851

Upload: antropolinchen

Post on 19-Aug-2015

222 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

medicina

TRANSCRIPT

WCK*R343h1851UNITED STATES OF AMERICAft*^^ . .FOUNDED1836WASHINGTON,D. C.B19574HISTORIA E DBSCRIPOQUE GRASSOU NO RIO DE JANEIRO EM 1850/O por o\NATURAL DORIO DEJANEIROCavalleiro das Ordcns-Imperial da Rosa e de Chrislo, Dr.em fllcdicina pelaEscola de Medicina do Rio deJaneiro, formado em Cirurgia pela Academia Medico-Cirurgica,membro titular da Academia Imperial de Medicina, honorrio do Gymnasio Brasileiro, effeclivo da Sociedade Auxiliadorada Industria Nacional,e da Amante daInslruco, correspondente doInstituto Histrico e Gcographico Brasileiro,&c.RIO DE JANEIROTYPOGRAPHIADE F. DE PAULABRITOPraa da Constituio n.641851.WCK*343hCORPORAO MEDICADO RIO DE JANEIRO.i, mmi^maPartout les cris du sang et les larmes du coeur.Les cites, les Immeaux, les palais, les cabanes,Tons ont leurs morts, leurs pleurs, leurs cerceillset leurs manes.Delille L'imagination.anno de 1850, que, para completara serie das calamidades que nos dous antecedentes pesaram sobre muitospovos pela luta desordenada das paixes polticas, se assi-gnalou em muitos paizes pelo desenvolvimentoda peste,companheira inseparvel das guerras civis e da misria publica,foi-nos tambm fatal pelos estragos causados pelaepidemia da febre amarclla que, em seu principio, assolouquasi todo o nossolitoral,e pelas perdas dolorosas quenos fez experimentar, perdas tanto mais sensveis, quantoellas vinham tambm depois de dissenes intestinas, quenos tinham custado sangue, sacrifcios, e vidas preciosas.A utilidade e interesse que podia provir sciencia, e historia medica do paiz, assim como para o proceder futuroda autoridade publica, debaixo de cuja guarda est, ou deveestar a sade publica, do conhecimento de todas as circums-tancias que precederam, e acompanharam o apparecimentodesta epidemia,levaram-nos a representar em um quadrohistrico, fielc verdadeiro, e em linguagem clara, simplese chaa,como a verdade deve-o ser, todos os males queto insidiosa como desoladora nos fez soffier a febre ama-OII AO I.lirOR.rella,esse verdadeiro Prolho,que,sob differcntos caracteres e formas, zombava do doente,domedico,c dasciencia.Reunir em um s corpo todos os meios de que a sciencia medica e administrativa lanou mo para combater,eaniquilar to terrvel inimigo, que palmo a palmo nos disputava o terreno para roubar-nos as vidas, sem escolha declasses, nem de condies, sexos, ou idades, o fim a quenos propomos, para no deixar que fiquem olvidadas asolli-citude, vigilncia, e pacincia, com que a classe medica sehouve, j procurando sahar os seus similhantes, expondo-semil privaes, c barateando muitas vozes sua prpria existncia, j esforando-se por desvaneceros horrores quecausava a epidemia, c dissiparos prejuzos, que cabeaslevianas,sem o pensarem, tinham incutido na populao.Horrvel e tenebroso foi o quadro, e ainda mais horrvele luetuoso o theatro, em que se representou esse drama demorte, em o qual todos mais ou menos fizeram o seu papelde dr ! !Traaro quadro dosdesgostose atribulaes porquepassamos,eda consternao e terror que se divisava nosemblante de todos os habitantes desta capital, emprezasuperior nossas foras : nem por esse lado que nos vamos oecupar com a matria,nemcom tal inteno queescrevemos estas toscas linhas.IVosso nico fim, neste empenho, registrar nas paginas da historia medica brasileiraosfactos e observaesque podem interessar sciencia,para que o conhecimento desta terrvel epidemia nos nofique s por tradico, como tem acontecido com quasi todas as que entre ns se tem suecedido.Bem longe est de ns a presumpo de crer que vamosapresentar ao publico urn trabalho bem acabado da historiada epidemia no Rio de Janeiro. Ningum ha que no possaavaliar as difficuldadescom que havamosde lutar,paraque obtivessemos os esclarecimentos precisos, todos os do-AOLEITOR.HIcumentos officiacs, observaesclinicasparticulares,dehospitaes tanto civis como militares, tratamento em geral eem particular, necropsias;e,o que mais , a organisaode uma estatstica que nos desse o numero mais aproximadoe exacto dos atacados da febre, dos curados, edos mortos.Comtudo,si no attingimos,comosuppmos,a melados nossos desejos, ao menos ousamos afianar, mui poucacousa nos falta,e esta mesmo de pequena importnciaanosso ver ; pois que fomos incanaveis em procurar, pes-quizar,e consultar tudo quanto podia ter relao com afebre amarella no Rio de Janeiro e nas provncias. Quemj tem organisado trabalho deste gnero, no qual misterempregar no s material prprio como alheio, para queseja perfeito e completo,como deve ser, poder aquilataro nosso afan.Com a mais escrupulosa exactidao indicamos sempre afonte,onde fomos tirar diversos factos e trechos da nossaobra, c estabelecemos o paralllo entre as opinies de vrios autores,que tem observado e escripto sobre a febreamarella, mormente sobre o assaz combatido e ainda nodecidido ponto do contagio ou no contagio delia.Dividimos o nosso trabalho em 11 captulos: no 1. tratmos da maneira como a epidemia aqui se desenvolveu, edas providencias quese tomaram para attenuar seu progresso e intensidade :no 2. descrevemos a marcha e direc-o que ella tomou,os pontos que atacou dentroe forada cidade, as pocas de seu incremento e declinao, confrontadas comas alteraes atmosphcricas marcadas pelaescala thermometrica nos mezesdecorridos de janeiro ajunho de 1850, e como quea respeito se notou na epidemia que reinou em Pernambuco de 1686 a 1692,e osprincipaessymptomasdesta ultima:no 3.procuramosmostrar que a febre, que grassou nesta cidade, foi a amarella:no 4. oecupamo-nos com a questo da importao,dando uma noticia resumida do modo como se desenvolveuIV AOLIITOR.nas provncias quo assaltou:no li.0 tratamos da questo docontagio ou transmissibilidade da molstia, e das medidasquarenlcnarias:no 6. occupamo-nos comanatureza dafebre amarella: no 7. comas causasque contriburampara o desenvolvimento da epidemia,c coma ditleien1entre cila e acscarlatina para atacar certas classes danossa sociedade: no 8. descrevemos os symptomas, marcha, formas,e terminao da molstia entre nos: no 9.expomososcaracteres anatmicos da enfermidade: no10. indicamos o tratamento geralmente seguido pelos mdicos do Rio de Janeiro: no ll. tratamos da mortandadegeral, c sua proporo relativa ao numero dos atacados; eindicamos em resumo os tratamentos empregados nos diTe-rentes hospitaes, assim como o de alguns mdicos, que nosenviaram uma noticia dos resultados da sua clinica, ou queos tinham publicado.Assim consignamos os factos pathologicos e histricos dafebre amarella ; e temos para ns que esta diviso c a maisnatural e medica que podamos seguir. rdua foi a empreza,audaz quem se abalanou cila. Fizemos todos os esforospara bem merecer e ser uteis; e sem vaidade nos apresentamos a nossos juizes esclarecidos,e innumeras testemunhas de to recentes factos, bem conscios de nossapoucavalia, mas esperanados de ver apparecer luz, sobre as-sumpto to importante, trabalhos mais completos, de maiserudio e valor scientifico.Feliz de ns, si por este pequeno testemunho de amor sciencia merecermos a continuao da estima de nossos col-legas e amigos,e o reconhecimento da humanidade soflre-dora. A nada mais aspiramos pelo nosso penoso trabalho.Rio, 12 de janeiro de 1851.O Autor.HISTORIA E DESCRIPODANORIO he JAIVEII6.CAPTULO I.HISTORIADA EPIDEMIA.As differenas completas observadas cm nossaconstituio climaterica emo anno de 1849, cara-cterisada por uma secca de que no ha exemplo hamuito tempo; pelo calor ardente que nos lagellouno estio, pela falta de trovoadas na mesma estao,e ausncia das viraes para a tarde quasi constantesno Rio de Janeiro ;a chegadade immensosaventureiros que se destinavam Califrnia,e queaqui desembarcavame percorriam todas as nossasruas, sem que medidas algumas sanitrias a seu respeito se tomassem, no obstante saber-se que vinham de paizes em os quaes reinavam molstias epidmicas gravssimas ;o ingressode Africanos pelamor parte accommettidos de molstias graves trazidos para o seio da populao, eaccumulados em pequenos espaos mal arejados e pouco asseiados ; odesembarque de grande numero de estrangeiros,que vinham entre ns estabelecer-se, e conseguine-mente a agglomerao e augmento rpido da populao;o predomnio de afeces gstricas mais oumenos graves durante todo o anno; o apparecimentopara os ltimos mezes de algumas febres gstricas12 com preponderncia de phenomenos ataxicos ety-phoideos no comeo do estio, dando lugar grandesfuses purulentas e a formao mesmo de abscessosenormes junto das articulaes :tudo reunido aoabandono em que estava a nossa hygiene pubWca,ao estado deplorvel das nossas vallas de despejo ede nossas praias, ao desenvolvimento de incessanteemanao de miasmas infectos pelo gro excessivode calor no estio, fazia presumir ou antes acreditarno apparecimento para o outono de alguma epidemia grave mais ou menos mortfera,si por acasosimilhantes condies durassem.Na verdade, o homem de sciencia que contemplava o estado apparenle de salubridade de que gozava-mos (porque fora confessar, o numero de doentesera pequeno) no meio desses elementos de destruio; que experimentava o peso da atmosphera nosltimos mezes do anno; que encarava para a faltade brilhantismo do co do Rio de Janeiro, toldadopor essa myriada de corpusculos devidos decomposio das matrias animaes e vegetaes desprendidosdos immensos focos deinfeco entre ns existentes,e dando atmosphera um aspecto trislonhr^e carregado, de certo no podia deixar de maravilhai-se doque observava, e de no enxergar nesse como torporou inao dos elementos de destruio que nos rodeavam um desfecho tanto mais terrvel para a humanidade, quanto maiorfosse sua durao, umavtfzque condies favorveis viessem pr em confiaiao os elementos combustveis lia tanto tempo acumulados altendendo a que areaco d^vida^S. daji&fom-igual 4 fora deacodJsle7s'quTrmamindhZ. **f'ZTJlSe, erao equilbrio apparerUe deVia'ciaflodfrn08/1'-1108 unicmeDle do estudo eapreciao das condies emque nos achvamos foramse tornando tanto mais fortes quanto magnos ZTlimvamos do outono pelo apparedmento dH"gumas febres graves que le iam manifesTandoFilesganharam muito maior vulto ouandn nlin ,,Pernambucana entrado dosoZ"^^ZTs3de dezembro soube-seaqui que havia apparecido naBahia uma febre, que denominavam vulgarmentepolka, conshdnle ou Califrnia, aqual ia fazendo nopoucas victimas, sobretudo nos de profisso martima(1).Ganharamainda maiorfora, quando vimos entrara corveta D. Joo l. procedente da Bahia, e seu digno commandante evitar qualquer communicaocom a terra por ter havido, durante a viagem, a seubordo cinco casos de febres que reinavam na Bahia,e haverem-lhe morrido dous homens dos atacados (2) ,quando finalmente pela chegada do vapor Imperatriz no dia 20 do mesmo mez tivemos occasio deconhecer o parecer do concelho de salubridade publica da Bahia (3), no qual apezar de declarar o mes-(1) Vede Jornal do Commercio de 14 de dezembro.(2)Vede o mesmo jornal de 15 de dezembro.(3j Eis o parecer: concelho de salubridade desta cidn^e, tendo-se reunido em virtude do officio do Exm. Sr.Presidente de do corrente,a fimdeapresenlar seu parecer acerca da febre reinante, da opinio seguinte:1." quea molstia que est reinando ne.-ta cidade uma epidemia das quecostumam apparecernos paizes intertropicaes,mormente quando occorreramudanas repentinas na atmosphera, ecopiosas chuvas fora de tempo precedidas e seguidas de excessivo calor,que augmentandoaevaporao doscharcos, pntanos, e do >lo desenvolvem em maior quantidade os miasmasque abundam em todos esies paizes, e procedem da decomposio das muitasmatrias animaes e vegetaes que nelles existem: circumstancias estas, queactualmente entre ns se tem realisado pelo trasbordamento dos rios, immun-dicias da cidade,m direcono encanamento das guas, inhumao nostemplos, e absoluta falta de policia medica, accrescendo a tudo istoo terrorque sempre cansa populao o apparecimento de uma epidemia, terror quetem sido augmenlado por escriplos imprudentes e inexactos,e de propsitoexagerados em alguns jornaes desta cidade.2.Que a molstia de que se trata ataca de preferencia os centros nervosos, viciaa hematose, e em quasi todos os doentes se manifesta com symptomas de affeco do apparelho digestivo,e mormente nas pessoas de vidairregular; com caracter typhoideo nas que mais se tem exposto s intempries da quadra, particularmente nos indivduos que menos esto habituadoss mesmas ;e sob a frma apopletica nos que pelo temperamento ou idadeesto a i^so predispostos.5.o Que esta epidemia nada tem em si de contagiosa nem de assustadorae que os casos graves e fataes so devidos predisposio dos doentes, molstias anlogas, ou ao susto de que os doentes se tem deixado apoderar, oufinalmente a tratamentos contrrios razo.. Que, como o concelho de salubridade consta de poucos mdicos comparativamente a quantos existem nesta cidade, aconteceria que os dados estatsticos que o mesmo concelho apresentasse dariam lugar conseqncias falsas respectivamente ao numero total dos doentes affectados,e relao realentre os casos graves e funestos, e o grandssimo numero de benignos ; parecendo ao mesmo concelho que o modo de obter-se uma estatistica aproxima-m concelho que a molstia nada linha de contagio,.e assustadora, e dar a entender que nenhuma especialidade oflerccia, via-se entretanto que ella apresentava caracteres de gravidade muito importantes,por isso que atacava de preferenciaos centros nervosos e viciava a heniatose,comose expressava omesmo concelho; e se manifestava cm uns ou nomaior numero com predomnio de phenomenos gstricos ; em outros com o lyphoideo; em alguns comda seria fazer estas indagaes per intermdioda policia,ou por aquellesmeios queo governo julgar mais convcnionles,visto que poresta maneira1poder-sc-ha saber de muitos casos que por mdicos no tenham sido tratados:obtidos estes dados e remellidos pelo governoao concelho, tratar este deorganiar um trabalho que hja de satisfazer, como fr possvel,etta exigncia.5. Que os meios de prevenir esta molstia consistem da parle de cada indivduo: 1 .o em estar seguro de que ella benigna, havendo-se delia curadograndssimo numerode pessoas, no se tendo realisado a morte sino poroxcepo em indivduos j dispostos a adoecer gravemente pelas causas ordi-narins, ou que soli iam molstias chronicas.ou exhauslos de fora pela idade,ou por excesso de um viver desordenado : 2.o cm ter escolha,parcimniae sobriedade no uso dos alimentos, preferindo os de fcil digesto aos indigestos e pesados, no enchendo demasiado o estmago em cada comida principalmente de noite: 3.o cm no usar de vinhos ou bebidas espirituosas noestando a ellas habituado, e ainda neste caso tomal-as somente ao jantarempequena quai.lidade, devendo-se ter como errnea e perigosa a ida de sera aguardente tomada em differentes oceasies do dia um preservativo da molstia, quando muito pelo contrario ao uso delia e de outras bebidas espiri-luosas, assim como a m qualidade e grande quantidade de alimentos quedevem ser allribuidos os casos graves efataes : l." em no expor-se ao rclento,nem ao calor do sol, qnando elle muito intenso, c evitar o resfriamento docorpo ao ar livre estando suado ou depois de qualquer exerccio :5 em fugir de habitaes baixas, humidas, mal arejadas e visinha delugares im-mundos, procurando residir e dormirem aposentos cm que se dm condies contrarias : 6.o em guardar muito asseio e limpeza nos no corpo enos vestidos, mas lambem nas habitaes: 7.o evitar o excesso em qualquerdos actos da vida que hajam de enfraquecer o corpoe diminuir a resistncia da economia animal aos agentes externos.6.o Que os meios preventivos que no esto em poder de cada indivduo,e que pela sua difficuldade e importncia dependem das autoridades so : 1 .a cessao dos dobres de sino, que no animo dos doentes incutem idas demorle que muito aggravamseu estado,e em muitas circumstancias podempor si ss causal-a em indivduos nervosos :2a remoo das causas de in-salubrid-ade que se acham espalhadas pelas ruas da cidade e seus contorno*,nos esterquilinios, canos abertos que expem aco do ar e do calor solarosproduetos excrementiciosdos auimaes, e as emanaes dos cadveres enterrados nas igrejas em numero superior ao- das covas e carneiras que ellaspossuem: o que tudo agora mais que nunca podo obrar, favorecendo a continuao da epidemia.Bahia em sesso do concelho de salubridade 12 de dezembrode 181!'.Esta conferme. Dr. Manoel Maurcio Rebolias, t. secretario.Jornal do Commercio de 20 de dezembro de 184''.dos Annaes, pag. 89.(2) Vede Jornal do Commercio de o de fevereiro.9-10 sa da Mizericordia a creao de um lazareto na ilhado Bom Jesus,para ondefossemremeltiilososdoenles atacados da febre ento reinante,e deram-se ainda outras providencias que as circumstanciasreclamavam: porm, apezar de tudo isto, a molstiacontinuou a progredir.e bem depressa o hospcio doBom Jesus tornou-se insufficientc para conter todosos doentes accommctlidos da febre, de modoque emfevereiro a administrao da Sana Casa vio-se foradaa crear provisoriamente mais algumas enfermarias, estabelecendo uma na rua da Mi/.ericordia,outra no Sacco do Alferes c outra na praia Formosa.Ento reunio-se de novoa Academia em dias defevereiro,fez chegar ao conhecimento do Governopor um outro parecer que a molstia, que reinava,era a verdadeira febre amarella da America, reconhecida por todosos seus phenomenos prprios desdeo gro mais simples ou de influencia, at os casosmais graves, caracterisados pelo vomito preto e outros phenomenos prprios; opinio que lambemj era seguida na Bahia pela commisso medica da-quella cidade(1) comose v do parecer abaixo(1) A febre ora reinante na Bahia considerada febre amarella porque semanifesta do modo seguintePrincipia por ligeira dr de cabea, pelosmembros abdominaes, enfraquecimento e incommodidade de toda a economia,elevaode temperatura, prostraode foras, diminuiode faculdadesintellectuaes e abatimento de espirito, face espantada, sensaoincommodano epigastrio,que ora alivia pelo apparccimento de alguns vomilos, ora cedendo seu lugar a uma gaslralgia ; os pomulos ao comeo se tornam rubros,pulso cheio, mas no duro, a pelle rida, a qual aridez, se continua ao terceiro dia, traz o abatimento do pulso, lngua branca, saburrosa c larga, osolhos se tornam sensveis luz, e as conjunclivas injecladas, algumas hor-ripilafMis nos trs primeiros dias, e lodo este cortejo de symptomas cedendoeui geral c promptamente aos evacuanles c sudorilicos.Se ao terceiro dia a molstia no tem cedido, ao quarto vai se tornar maisgrave muitas vezes;a epystaxis tem lugar, vmitos biliosos, cr amarella depelle, principalmentena face e coxas, os vomilos continuame lornain-semais freqentes,e muitas vezes misturados de flocos negros de cr escura,parecendo com borra de vinho, principalmente nos estrangeirose crianas,augmenta-se rapidamente a amarellido de pelle, a suppurao dos que levara\c>icaloiio muda de natureza e cr, urinas raras, eunegrecidas ou amarcl-ladas, algumas ecchymoses sobre o peito e coxas, algumas \ezcs e quasi sempre em estrangeiros dejeces negras e sanguinolentas, e estessymptomasuma vezappareccndo duram do quarto ao stimo dia, e acabam falalmenle. Ultimamente os nacionaes tem se revestido do caracter rcmillcule, e muitas vezes intciaiilleule e pernicioso, mas que vo cedendo secundo as obser-11transcripto, assim como de alguns mdicos daBahia,d'entre os quaes citaremos o Snr. Egas Muniz Carneiro de Campos, o qual j em 17 de dezembro de1849 em o n. 189 da Tolerncia tinha declarado sera febre amarella a que reinava na Bahia (1). Nestascircumstancias se achavam as cousas quando o Governo Imperial, ou porque a Academia no pudesseem seu pensar satisfazer a todos os encargos que sobre ella pesavam, ou por qualquer outra circum-stancia que no nos dado attingir, nomeou umacommisso de nove membros sob a direco do Presidente da Illma. Cmara Municipal, a qual oi dahiem diante consultada em todas as questes que podiam interessar a epidemia (2). Com prazer o dizemos, com relao s primeiras cautelas ou aquellasa que se referiu a Academia, e sobre que unicamentefoi ouvida,a commisso concordou perfeitamenteem suas opinies com as da Academia.Esta commisso, denominada central, reuniu-sepela primeira vez no dia 13 de fevereiro no pao davaes da commisso, dentro e fora dos hospitaes, ao uso do sulphato de quinaem alta dose.A commisso cr que o principio deletrio que causa destaenfermidade, inhalado ou inspirado ataca os plexus cardacos e coronarios eo crebro,e por isso pervertendoa aco nervosa, decompondoo sangue,trazendo por fim congestes cerebraes e para a peripheria interna e externada economia d lugar aos produetos acima mencionados.Esta lebre com tal cortejo de symptomasc ainda mais pelo modode suainvasoque no submcltida regra alguma ataca tantoem repouso comono somno, durante asoccupaes ordinrias da vida,e no momento em quemuitas vezes se no espera ; e por isso a commisso tem- a classificado comoamarella, mas no cr de mode algum em seu contagio segundo as luzes e osltimos escriptos tal respeito de mdicos americanos e europeus de melhornota.Bahia 19 de janeiro de 1850.Vicente Ferreira de Magalhes, SalustianoFerreira de Sousa.Conforme. O secretario Luiz Tilaria Alves Falco MunizBarreto.Dirio do Rio de 8 de fevereiro de 1850.(1)Yde Jornal do Commercio de _'J de maro, e Animes de maro de1850, vol. 5.", pag. 125.(2)Compunha-se a commisso dos Drs. Gandido Borges Monteiro, Presidente, Manoel do Vallado IMmcntel, Jos Pereira R^go, Jos Maria de Noronha Feital,Antnio Felix Martins, Roberto Jorge Ha;!dok Lobo, Jos Bentoda Rosa, J. Sigaud, Luiz Vicente De-Simoni, membros da Academia, e Joaquim Jos da Silva, professor da faculdade de medicina.-VI Illma Cmara Municipal,e um de seus primeiros cuidados foi moderar o teirore susto que se tinha apoderado da populao, c indicar lhe os primeiros meios aque deveria recorrer no casodeaceommeHiniento dafebre.Ella formuloulogo nesse dia um trabalhocom o tituloconselhos s famlias sobre o comportamento que devem observar durante a epidemiae enviou-o ao Governo Imperial, que o fez publicarno dia seguinte em todos os jornaes mais lidos (1).Este trabalho em quea commisso indicava aopovo, em estilo simples e ao alcance de todas as in-telligencias, as regras de hygione que deveria guardar no curso da epidemia, assim como os meios curativos a que poderia recorrer na invaso da molstia antes de consultar qualquer medico, foi um dostrabalhos que mais ulilisou populao,e maistranstornou o plano do charlatanismo, pelas muitascuras que de sua adopo se alcanou nos casos emque a molstia se revestia de caracteres mui simples.E ento este, indignado pelas muitas curas que seoperavam, mesmo naquellas casasem que suas palavras eram um evangelho, recorreu ao meio delazer desviar o povo da adopo dos conselhos ex-pendidos nesse parecer, escrevendo artigos violentoscontra o leo de ricno,as infuses diaphoreticas,os pediluvios e outros meios similhanles nelle indicados, attribuindo-lhes o desenvolvimento e intensidade de alguns phenomenos maisgraves. Tanto pdea razo alienada! ! ! Mas opovo, apezar de tudo, foiseguindo os preceitos estabelecidos pela commisso,e muitas famlias pobrese faltas de recursos deveram a elles a sua salvao.Progredindo a epidemia,e tornando-se insufi-ciente o lazareto do Bom Jesus,foi a commissoconsultada pelo Governo Imperial sobre se o estabelecimento de enfermarias em alguns lugares da ci-! Li*de o 3.o lomo dos Annacs, pag.')"}, Jornal do Commercio,9 7>v*ri*, d'. h'J de 11 de fevereiro d* 1850.-ia dade para isso mais prprios poderia ainda maiscomprometter o estado de salubridade da capital,do que no eslava;e ella respondeu que no, umavez que a molstia j tinha invadido todos os bairrosda cidade, mas que convinha entretanto procurarposies elevadas e bastante arejadas.Ento,emvirtude deste parecer,creou-se no morro do Livramento o hospcio de N.S. do mesmo nome,sob adireco do distincto professor o Sr. Dr. Manoel doVallado Pimentel,e as enfermarias creadas provisoriamente na rua da Mizericordia, Sacco do Alferese praia Formosa, foram ainda conservadas por algum tempo, em razo do grande numero de doentesque afluia aos hospitaes, ficando reservado o hospcio do Bom Jesus para os doentes que j l estavam, assim como para aquelles que eram accom-metlidos nos lugares maisprximos (I).Almdestas providencias,crearam-se por proposta dacommisso central commisses mdicas cm todasas freguezias da cidade para tratarem dos doentespobres, e commisses de policia do porto para examinarem o estado de salubridade dos navios ancorados, e fazerem recolher s enfermarias os doentesque fossem encontrados a bordodos navios, devendo umas e outras proporem as medidas necessrias ao bom andamento e execuo dos encargosque lhes eram prescriptos em seus regulamentos formulados pela commisso centrale mandados executar pelo governo.Ainda outras providencias se tomaram paraobstarou pelo menos diminuir a fora do mal, e occorrera todas as eventualidades possveis, convindo, parasermos justos, confessar queo Governo Imperialmostrou nessa crise terrvel o maior interesse e dedicao em minorar os sofrimentos e males causados por to grande calamidade, j satisfazendo(1J 0 hospcio de N. S. do Livramento foi installado no dia 10 de maro, desse dia 31 de maio recolheram-se a elle 843 doentes da febre amarella.Estatistiea do Sr. Dr.Vallado de 20 deneYenibro de 1880.li -rom a promptido possvel a todas as reclamaesfeitas pelos seus delegados em beneficio da sadepublica, j minorandoos males de muitas famliaspobres com auxlios pecunirios para satisfazer assuas primeiras necessidades, j mandando distribuir remdios gratuitamente, j finalmente expedindo mdicos em commisso para todos aquellespontos do municpio fora da cidade, onde a epidemia se foi manifestando,como por exemplo, Inhama, Paquet, Ilha do Governador e Iraj.Cumpre ainda, por amor da verdade e em abonoda classe medica do Bio de Janeiro, dizer que cilanunca se mostrou mais digna de admirao do quenessa quadra terrvel, em que todos, desprezandoseu commodoe hem-eslar,e muitas vezes aindameio sos e meio doentes da febre, rivalisavam emfazer sacrifcios pela salvao de uma populaointeira, que no poucas vezes deixou de mostrar-seingrata, menosprezando os homens que, abnegandotodos os seus commodos c fazendo o sacriicio desua saude c vida,s tinham em vistao amor dahumanidade ;no entanto que acatava o charlatanismo mais impudente,que s mirava o interessepecunirioc nunca o da humanidade, porque asede e ambio do ouro tudo lhe fazia esquecer.Um contraste bem frisante podia ser notado nessaoccasio por um observador sincero e despido deprevenes.Em quanto os mdicos verdadeiramente philan-tropos mostravam em suas physionomias pintadasas expresses de dor e desgosto,e lastimavam asorte de tantas victimas ceifadas, de um lado pelagravidade da molstia,e de outro pelos embustes cestragos do charlatanismo, este percorria satisfeitoas ruas desta cidade, ostentando milagres e os lucros obtidos pelo sacrifcio da vida de seus simi-lhantes, desejando que durasse a calamidade, afimde continuar a locupletar-se,e esligmalisando osmeios de tratamento osmais inuocenles aconselhados pelos homens profissionaes.15-Cumpre-nos igualmente confessar que a administrao da Santa Casa da Mizericordia sob a di-reco de seu digno e incansvel Provedor fez nessapoca calamitosa os mais relevantes servios,osquaes jamais sero esquecidos por uma populaointeira, que teve occasio de observar o zelo e activi-dade com que o seu digno Provedor procurava desempenhar tudo quanto lhe era determinado peloGoverno, parecendo at incrvel, como em to poucotempo podia elle satisfazer a tantos e to trabalhososencargos.Chegando a epidemia ao seu maior gro de intensidade,e crescendo todos os dias o numero das vi-climas a ponto de jno haver lugar quasi nos templos para se sepultarem os corpos, ordenou o Governo, emvirtude de proposta da commisso central,quecessassem os enterramenlos nas igrejas, sendo de ento por diante sepultadosos cadveres em cemitriosextra-muros. Com esta providencia, ha muito reclamada pela sciencia e civilisao, pela qual instavamsempre os homens profissionaes,e que ainda hojeno existiria, sia fora da necessidade isso noobrigasse, no pouco ganhou a cidade do Bio de Janeiro debaixo do ponto de vista de sua salubridade.Esta foi uma das mais importantes medidas que nostrouxe o desenvolvimento da epidemia,e para lamentar que s to graves circumstancias, como asem que nos achmos, fossem necessrias para vencer prejuzos e usos inveterados que nem a sciencianem as luzes do sculo puderam nunca destruir emnosso paiz.Para concluir o que temos a expor a tal respeito,diremos quea commisso central, reconhecendoque a epidemia progredia e ameaava atacar outrosponlos,e que os resultados das observaes aquifeitas poderiam muito aproveitar naquelles lugares,em que a molstia ainda no tinha chegado, organi-sou um trabalho no qual descreveo os symptomas,marcha, leses anatmicas e tratamento da molstia,e enviou-o ao Governo Imperial,que o mandou im-16 primir e remetler, segundo nos constou, exemplaress cmaras dos diversos municpiosA}-CAPITULO II.DESENVOLVIMENTO,MARCHAE PROPAGAODA EPIDEMIA.A vista das consideraes feitas no capitulo precedente, parece fora de duvida que os primeiros factos, que se observaram na cidade foram os referidospelo Dr. Lallemant, de que j falamos, ou fosse porque realmente a molstia principiasse por elles, oufosse porque a successo desses factos, a uniformidade e insidia dos symptomas observados chamassema attenco do nosso collega sobre sua ndole e caracteres especiaes, e melhor os fizesse apreciar.Porm logo depois alguns outros factos se foramobservando no s na rua da Mizericordia, mas ainda nos lugares circumvisinhos praia dos Mineirose do Peixe, assim como para as bandas da Prainhae Sade, de modo que a molstia pareceu desenvolver-se com pouca diferena de tempo, por Ires pontos diversos, collocados na parle litoral da cidade.Destes trs pontos marchou para o interior delia eseus subrbios por trs direces ou raios mais oumenos distinctos e bem marcados. Do 1. ou do darua da Mizericordia encaminhou-se para o lado doSulda cidade, subindo pelas ruas de S. Jos e daAssembla a ganhar as da Ajudae Guarda Velha,depoismarchou em duas direces, uma pelos largosda Mi do Bispo, Ajuda e Lapa a ganhar as ruas dail) Lede o 5. vol.dos Annaes, pag.|i>'>.17 Lapa, Gloria e Catete, donde se foi estendendo aos subrbios do lado do Sul, chegando quasi at o comeo da Lagoa de Bodrigo de Freitas,e a outra pelasruas dos Barbonos , Arcos , Bezende e Matacavallosa ir encontrar-se em Malaporcose lugares visinhoscom as que marchavam dos outros pontos, seguindopelo caminho do EngenhoVelho,e chegandosegundo diz oSr. Dr. Lobo, at s faldas daTijuca l[\sendo notvel queo seu incremento na direcodesta linha fosse muito maior, primeiro nas ruas dosArcos e Barbonos que nonas da Ajuda e GuardaVelha, que lhe ficam anteriores no trajeclo que seguia a epidemia, onde em compensao das tregoasque dera emprincipio aos seus moradores, osalacoudepois com maior fora e os decimou em muitomaior escala.Do 2. ponto, isto , da Prainhae suas immedia-oes ella seguiu a direco do Norte da cidade, caminhando pelas ruas da Prainha e Livramento, ganhando as praias da Sade , Sacco do Alferes e Formosa; e d'ahi as ruas de S. Christovo, Pedregulho,Bemfica, chegando at Inhama e mesmo algunslugares de Iraj, atacando as povoaes mais prximas ao litoral e respeitando as centraes, onde poucos foram os casos que se manifestaram, e estes mesmos quasi que no ultrapassaram os limites correspondentes Praia Pequena, sendo poupado quasitodo odistricto do Engenho Novo, apezar de sua proximidade, assim como as ruas mais centraes do Engenho Velho.Do 3. ponto ou do central subiu pelas ruas quevao terminar na rua Direita a ganhar o campo deSanfAnna e Cidade Nova, dando em seutrajecto raiosque se introduziam pelas ruas transversaes, e que seiam encontrar com aquelles que em sua passagemforneciam as linhas do Norte e Sul,de modo que.tiL^eSul!3(L0 da clinica do Dr- Lol' na ftw'C amarella, Annaes de julho! 1850, vol. 5.o pag. 204.318 para fins de maro a cidade estava sob a influenciaepidmica em todos os seus pontos.Nesta ultima a progresso da epidemia foi muitomais lenta que no em qualquer outra, talvez porsua maior distancia [calcris yaribus) do litoral, ou)ela estreileza das ruas que oppunha maior obstacu-o s correntes do elemento epidmico;porqmintoo bairro da Cidade Nova, em o qual sem duvida o desenvolvimento da molstia foi com mais probabilidade devido transmisso da influencia epidmica poresta linha, foi um daquelles em que ella se manifestou muito mais tarde, mesmo talvez muito depois deler apparecido em alguns lugares do Engenho Velho,em Mataporcos, por exemplo, e em vrios pontos deS. Christovo.Foi tambm na direco desta linha que a epidemia ceifou maior numero de habitantes da cidade,sem duvida por se achar nellacomprehendido maiornumero de estrangeiros, em os quaes ella se desenvolveu com maior furor e gravidade.Um fado bem notvel observou-se na marcha epropagao da epidemia nesta ultima direco, farto, que foi igualmente notado nas outras, mas node um modo to patenle,e o seguinte: que nasruas que crusam a cidade no sentido transversal,como a Direita, da Quitanda,dos Ourives,&c,a molstia desenvolveu-se mais tarde e com bastantelentido,e bem assim que em alguns quarteires,que, seguindo a epidemia uma progresso regular,deveriam ser os primeiros atacados,ella invadiumuito depois,e quando outros que lhe ficavam subsequentes eram j assolados em grande escala. Estacircumstancia fez crer algumas pessoas que a molstia marchava em sentido opposto aquee quelhe indicmos, isto , do Campo deSantWnna parabaixo, quando realmente no era isso o que linhalugar. Dava-se aqui o mesmo caso que aconteceupara com as ruas dAjuda e Guarda Velha : a molstia, como que saltando por ellas, foi accommetter oshabitantes daquellas que lhe ficavam em seguimento,-19 para depois, como por um passo retrogado, vir inva-dil-as com mais intensidade e gravidade. 0 mesmoaconteceu ainda com o bairro de Mataporcos : estefoiinvadido pela epidemia muito antes da rua doConde da Cidade Nova que lhe fica anterior e em se-guimento; e, segundo informavam as pessoas do lugar, a molstia tinha ahise desenvolvido depois daida para l do major Marcolino (do corpo de permanentes)que fallecera e tinha adoecido na rua dosArcos.Desenvolvendo-se em principio com muita lentido e com caracter benigno, excepto para os estrangeiros recm-chegados ou que tinham pouco tempode residncia no Brasil, bem como para os marinheiros, assim se conservou at quasi os primeirosdias de fevereiro, mantendo-se sempre nos lugaresmais prximos ao litoral,e apparecendo apenasaquie ali em outros pontos ; porm bem depressamudaram-se as scenas: o susto e a consternaoapoderaram-se de quasi todos os habitantes da capital pela rapideze caracter de gravidade com queaccommetteu por todos os lados, achando-se quasitoda a cidade submettida sua influencia destruido-ra em meiado de maro, mez em que o numero dasvictimas crescia todos os dias, chegando no dia 15 aexceder de 90,includos os fallecidos nos hospitaesestabelecidos por ordem do Governo nos diversosbairros da cidade para acudir aos enfermos pobrescom a promptido que exigia a gravidade do mal.Desse dia em diante ella declinou felizmente, con-servando-se entretanto em certo gro de intensidadeat meiado de abril, alternando seu accrescimo oudiminuio coma baixa ou a alta da temperaturaatmospherica, em virtude das chuvas que principiavam a cahir com alguma fora. Desta ultima pocaem diante a declinao foi progressivamente a mais,e em fins de julho podia-se dar a epidemia por terminada para a cidade.O mesmo no aconteceu porm nos subrbios delia ; seu maior incremento principioudo meio de20 maro em diante, e sua declinao quasi cmfin*de maio: e lugares ahi houve, onde ella ceifouno poucos indivduos, tornando-se sobretudo notveis o bairro de Mataporcos e alguns pontos deS. Christovo.Ao mesmo tempo que istose passava em terra,observava-se que, tendo ella comeado no mar pelosmarinheiros de bordo dos navios que chegaram dosportos do Norte, se foi estendendo com fora e rapidez s tripulaes de todos os navios mercantes oude guerra, sobretudo estrangeiros, que estavam paradentro do ancoradouro da alfndega, fazendo innu-meras victimas entre elles, no entanto que os naviosfundeados no poo ou para fora do ancoradouro daalfndega pareciam estar isentos da influencia epidmica ; porm a estes mesmos communicou-se depoisa molstia, aindaque tarde, eviu-se suas tripulaesser accommellidas em grande escala e quasi sem ex-cepo de pessoa.Observou-se igualmente que a molstia, quandono maior gro de intensidade aqui, desenvolveu-setambm em Nictheroy, ou porque fosse para alitransportadapor aquellaspessoas que viajavamdesta para aquella cidade, ou porque os ventos quesopravam sobre a bahia conduzissem para l o elemento epidmico.Y-se por conseguinte do que acabamos de exporque a epidemia, comeando nos ltimos dias de dezembro poraccommetter apenas alguns marinheiroschegados dos portos do Norte (Bahia) ou a bordo deseus respectivos navios, ou em terra nos lugares paraonde desembarcaram, transmiltiu-se toda a populao da cidade, ou seja porque elemenlos haviapara o desenvolvimento ou propagao da molstia,ou por se terem desprezado as medidas de hygienepublica e policia sanitria que as circumstancias reclamavam; queemfim ella chegou a sua maior intensidade de fins de fevereiro a meiado de maro;que d'ahi em diante comeou a declinar em terra, aponto de no ultimo de maio fechar-seo hospicio do21 Livramento, nica das enfermarias provisrias queainda existia, exlinguindo-se para o fim de junho ouprincpios de julho.No mar entretanto no aconteceuo mesmo ;ella continuou com mais ou menosfora, sobretudo entre os estrangeiros, at fins deagosto ou comeo de setembro, ameaando s vezesrecrudescer comviolncia quando o calor augmenta-va, sobretudo depois das chuvas, como aconteceu porexemplo em princpios de julho, em que foi necessrio de novo mandar abrir o hospcio do Livramento,conservando-se aberto at 31 de agosto. Ainda foramtratadas durante este tempo 115 pessoas, das quaesfalleceram 39, segundo consta das estatsticas dessesmezes, declarando o Sr. Dr. Lallemand no dia 3 desetembro que no havia nohospcio mais doentes defebre amarella.Agora si quizermos achar a relao que houveentre a propagaoe incremento da epidemia comas alteraes datemperatura ento observadas, veremos que em factos que se podem considerar provados nenhum o por certo melhor do que o incremento e a declinao da epidemia segundo a elevao e abaixamento da temperatura, como se poderconhecer do quadro das observaes thermometricasaqui junto, e pertencente aos seis mezes em que durou a molstia.Na verdade, si compararmos os factos observadosna marcha da epidemia com os dados fornecidospela escala thermometrica, veremos que marchandoella de vagar no mez de janeiro, em quea temperatura conservou-se entre 72 gros do thermometro deFahrenheit, el8 1/2 do de Beaumurminimoe86 Fou 24Rmximo, principiou a progredir commaior rapideze a engravescer parafevereiro, emque aescala thermometrica marcou semprede 74 F, ou19Rminimo,at 91 f, ou 261/2Rmximo,chegandoa seu maior auge em meiado de maro,occasio em que o thermometro marcou por muitosdias 90 f, ou 25 3/4 R.Observou-se ainda que comeou a decrescer em22 abril, mez em que se conservou sempre em certogro de intensidade no pequeno,sem duvida porque a temperatura regulou ainda entre 7 \ e S7, eentre 19 e 24; que diminuiu notavelmente em maio,em que o calor conservou-se entre 70 c St)* ou 19e 21R, e finalmente quese foi extinguindo em terra (porque no mar, sobretudo entre os estrangeiros,ella se conservou at setembro, posto que com pouca fora (do meiado de junho em diante, em que ocalor se conservou entre 11 e 16 R, e 56 e 68 F demanhe de tarde,e entre 70 F ou 17Rparaomeio dia, sendo mui poucos os dias em que excedeudestes gros e estes s na entrada do mez.Um lado houve tambm, que no deve ser esquecido nesta occasio, e vem a ser; que a epidemia diminua sempre que havia chuvae abaixamento detemperatura, para recrudescer logo que cessava achuva ou crescia o gro de calor.Este faclo no seharmonisa muito com o que nos diz o dislineto medico porluguez Joo Ferreira da Bosa na obra (1)que escrevera sobre a epidemia que reinou em Pernambuco em os annos de 1686 a 1692, e que matouno Becife para cima de 2000 pessoas (2), porquantoaffirma elle em sua obra que a molstia invadia commuito mais fora no inverno que no vero, quandoo contrario deveria sueceder,si ento, como hojeobservamos, o excesso de calor fosse o principal motor de sua propagao e incremento; dependendoesta circumstancia, no pensar do mesmo autor, dacondensao dos vapores mephiticos no inverno.Entretanto os symptomas por elle descriptos noseu artigo Signaes da constituio so exacta-mente idnticos aquelles que se do hoje como caractersticos da febre amarella,e constam poucomais ou menos dos seguintes :(I) Constituio pestelencial de Pernambuco, duvida1., pag. 5 e seguintes.(2)A ini como em documentos importantes obtidospela dedicaoe zelo incansvel de Chervin, os quaes destroem ou tornamduvidosos grande parte dos argumeutos que se tem apresentado para sustentaro contagio, no se pde deduzir a resoluo da questo de um modo ddhnlnu,pois que no licampor elles destrudos todos os principia quese podemjpivarutar em contrario.Y' de cap. ". du obra cilada.-83 -los infectados da febre amarella, porque a naturezado seu clima, de seu solo,e muitas outras circumstancias influam para que o seu elemento productorno tenha aco alguma ou muito pouca, acreditamos todavia que naquelles paizes, em que todas ascondies se reunirem para favorecer e atear a propagao de um similhante flagello,cumpre tomarprovidencias muito enrgicas,e tanto mais quantomais prximo se estiver dos paizes em que ella primeiro se desenvolver, estabelecendo medidas quarentenarias rigorosas, no s no interesse dos estrangeiros nelle residentes, como tambm dos nacio-naes, muito embora soffram com isso alguma cousaos interesses commerciaes, porque antes de tudoconvm attender salvao publica, e no aos interesses desta ou daquella classe.Antes, porm, de irmos maisadiante, digamos emduas palavras o que se entende por molstia contagiosa ou de infeco. Chama-se molstia contagiosatoda aquella que se communica de indivduo a indivduo por um virus fixo ouvoltil, susceptvel de serdisseminado no ar ambiente ; e molstia de infecoaquella que depende de causas locaes, que no estende sua influencia alm das localidades onde ap-parece, e que o resultado de um miasma, substancia at hoje desconhecida.Destas poucas consideraes j se v quo de perto se tocam os princpios do contagio e da infeco,e quanta affinidade, si assim nos podemos exprimir,tem elles entre si;e que por tanto, alm de seremmui fceis de se confundir, torna-se quasi impossvel fixar os limites que separam uns dos outros. Assim conhecido o que se entende por contagio e infeco vejamos os argumentos emque se fundam aquelles que negam o contagio ou transmissibilidade dafebre amarella. Um dos primeiros o facto constantemente observado nos Estados-Unidos e nas Anti-lhas, de que a febre amarella, que ahi reina epide-micamente e amiudadas vezes,se no afasta do litoral, nem penetra nos lugares elevados. Em segundolugar; que e bastante fugir do lugar de infeco paraescapar-lhe. Terceiro; que os doentes fora do foco dainfeco no transmittem a molstiaa aquelles queos tratam;no entretanto que a aquelles que de umlimar salubre se dirigem ao foco da infeco bastamalgumas horas de demora para trazerem o germeuda molstia e da morte. Quarto; que entre as localidades infectadas e no infectadas se no observa,por assim dizer, outra permutao sino a seguinte:que sio indivduo se colloca fora da esphera de ac-o do foco no tem risco de conlrahir a molstia,mas, si pelo contrario se pe sob a influencia dessaesphera, subjeita-sea ser por ella atacado; porm queem todo o caso, volte ou no doente, no lem nuncaa propriedade de deslocar a aco morbifica, que seexerce de uma maneira funesta no recinto da cidadeinfectada.Alm destes argumentos, que julgam irrecusveispor seremo rcsulado das experinciase observaes repelidas por innumeras vezes,e que em seupensar pe fora de duvida que a febre amarella sedesenvolve debaixo da influencia de causas locaes, equeno susceptvel de operar fora do foco, fundam-se ainda nas experincias de Lavall,Cabanellas,Guyon, Parker, e alguns outros, que se tendo inocu-lado por diversas vezes com o suor, o vomito negroe a saliva dos doentes atacados da febre amarella,assim como vestido-sc com as roupas dos febricitan-tes,e deitado-se nas camas de alguns que haviammorrido,e bebido mesmo a matria do vomito negro, nunca soffreram incommodoalgum, subjeitando-se todas as experincias impunemente.Fundados nestes princpios, afirmam que a febreamarella se no pde transmittir por contado me-diato nem immediato; que s tem origem em causaslocaes; que um envenenamento miasmatico dependente do calor intenso, da infeco martima, de alterao no estado electrico e hygrometrico da atmosphera, &c.Ainda alguma razo lhe acharamos si a isso se55 -limitassem as conseqncias deduzidas dos princpios estabelecidos! Mas entretanto o que no fazemalguns :afastando-se das concluses rigorosas que oraciocnio permiltiria tirar da analyse e comparaodesses factos em que sebaseam, vo muito mais longe,e mais certamente do que comportam os factosreferidos, assim como tantos outros consignados nasciencia, admittndo que nem mesmo por infecesdependentes de grandes focos se pde desenvolver afebre amarella, si as condies de localidade no favorecerem o seu apparecimento, sendo mais possvelo desenvolvimento da dysenteria,do typho,eoutras molstias similhanles ; por isso que na febreamarella no havirus, no ha matria transmissvel.Por ventura estar demonstrado que no typho, naescarlatina, no cholera, na coqueluche e outras molstias reputadas contagiosas antes um virus queum miasma que as produz? Conhece-se lambem j adifferena essencial que ha entre um miasmae umvirus? Cremos que no.Vamos porm questo principal, e vejamos si osargumentos apresentados pelos anti-contagionistasso irrespondiveis, ou si a sciencia contm exemplosque possam pr em duvida as concluses de sua argumentao, e mostrar a transmissibilidade da febreamarella.So to numerosose to significativos muitos factos consignados na scienciae alguns dos que sepassaram ultimamente entre ns, que nos parece quenenhuma duvida pde haver em admittir a transmissibilidade da febre amarella, a menos que se noqueira persistir em um sceplicismo levado ao ultimoextremo, e que no se queira vr aquillo que se nopdc deixar de vr.Tem-se mais de uma vez visto, como se l nos autores, um indivduo entrar na cmara de um doentede febre amarella,e sem tocal-o ser accommettidopela febre ;e entre ns observamos em algumas casas que indivduos vindo doentes de lugares infectados da epidemia faziam com que outros casos appa-5equeno, e depois de tantos dias de sua sahida dougar onde se desenvolveu a molstia, e que to terrvel foi para aquelles que atacou, victimando quasimetade, se no teria estendido, e levado o estrago ea destruio muito maior numero de pessoas e distancias muito maiores? Cremos que ningumscientificamente o poder provar.Alm disto este facto demonstra exhuberante-mente que um navio, procedente de um porto infectado, pde levar a molstia lugares em que ellano exista, eisto ainda mesmo depois de muitos diasde sua sahida do lugar onde a molstia apparecera ;demonstra igualmente que no sempre necessrioirao foco da infeco para conlrahil-a, que bastapara isso haver communicao com aquelles que lforam e a trouxeram.Ora si assim , porque razo se no ha de admittir que ella se pde transmittir, si no por contadodiredo, ao menos pelo indiredo, e que cumpre, sobretudo nos paizes em que houver condies favorveis ao seu desenvolvimento, tomar todas asprecaues as mais enrgicas para evitar os riscos e perigosde sua transmisso? Sem duvida que nenhuma razo plausvel ha que autorise a dispensa dessas precaues; e que antes pelo contrario a prudncia e oamor da humanidade as aconselham ;porquanto,como mui bem diz um homem, que no suspeitoaos anti-contagionistas, Gilbert(1)posto que te-(I) Gilbert -historia medica do exercito luiiu/. em S. Domingos.V nhamos razoes para crer que a febre amarella mu,tem sua origem de um contagio, comtudo a prudncia prescreve medidas sanitrias; a segurana publica as exige, e nossos conhecimentos so ainda muilcimperfeitos, para que os magistrados devam renun-ar a todas as precaues possveis.Outros exemplos similhantes e to fortes em favo:da transmissibilidade da febre amarella, colhidos dosdiversos escriplores,poderamos aqui apresentar :porm delles prescindiremos, aconselhando aos nossos leitores que consultema communicao feita aacademia imperial de medicina pelo Sr. Dr.De-Si-moni (1). Ahi acharo uma serie de factos importantssimos, e que esclarecem a questo do contagio outransmissibilidade da febre amarella.No podemos porm furtar-nos ao dever de expor, aos nossos leitores alguns dos factos que entrens se passaram; porquanto, sendo elles occorridosdebaixo de nossas vistas eao alcance de todos aquelles que presenciaram a epidemia, serviro para esclarecer esta questo pelo que nos diz respeito,muito melhor, que no aquelles que se tem passadoem outros paizes,os quaes vem ainda em apoio daopinio dos que sustentam a transmissibilidade damolstia e seu apparecimento fora do foco de infeco que lhe deu origem.Si, despidos de todaa preveno, examinarmoscom attenco o que entre ns oceorreu por occasiodo apparecimento daepidemia, sem duvida que nodeixaremos de acreditar que ella foi importada paraa Bahia, segundo o que nos contam as peas of-ficiaes em outros lugares transcriptas,pelo brigueBrasil ali chegado de Nova Orleans, e que tocara emsua passagem para aquella provncia no porto deHavana. Todavia como os factos em referencia a esteponto no esto inteiramente livres de qualquercontestao, no faremos questo desse exemplo emfavor da ida de transmisso; porm no diremos o(t) Lede o n. 2 do 6. anno dos Am-aes Brasilieiiscs de SIcditinu.61mesmo acerca do que occorreu para como Bio deJaneiro, Par, e outras provncias.No Bio de Janeiro no existia caso algum de febreamarella reconhecido, ou pelo menos que a fizessepresumir: os primeiros factos foram os que constaram da exposio feita academia pelo Sr. Dr. Lal-lemand; os quaes liveramlugar em marinheiros chegados na barca americana Navarre vinda da Bahia,e que se achavam residindo em um public-home narua da Mizericordia. Destes a molstia passou a outros indivduos que com elles communicaram, assimcomo sallou para a casa que ficava fronteira, ondeatacou algumas pessoas,e dahise foi propagandoaos moradores circumvisinhos e toda a rua da Mizericordia.Isto prova sem duvida que houve transmisso dosprimeiros aos outros, semo que se no poderia explicara sua propagaoe desenvolvimentoporaquelle lugar ao mesmo tempo que principiava adecimara gente do mar (J). Prova ainda mais queos indivduos sahidosdo foco da infeco podemtransmittir a molstia a outros lugares, e que um oudous indivduos bastam para constituir o ncleo deuma infeco capaz de estender seus estragos umapopulao mais ou menos avultada, logo que condies haja que favoream seu desenvolvimento e propagao.(1) Por esta occasio no podemos deixar de apontar e reparar em um en^gano que commelteu a este respeito o Sr. Dr.Montes de Oca em uma communicao datada de 24 de maio, e que se acha impressana Gacta Mercantil de Buenos Ayres de 13 de novembro intitulada, apantes sobre Ia fie-br.e reinante en el Rio de Janeiro, quando elle affirma que a epidemia grassou no mar por quasi um mez antes de apparecerem terra, como se colligedo seguinte trechotenga-se presente que antes de se desarrolar-se Iaepidemia en esta corte, estuvo el mar casi un ms; que el fondeadro de losbuqus es tanproximo tierra que muchos eslan ai habla, y tjfa Ias im-mundicias de estos y Ias que arroja el pueblo si amontonan en Ias playas,por maneira que, en Ias arcanias dei mar se respira um aire pestifero ymatsano,pois da communicao feita pelo Sr. Dr. Lallemand v-se que01.1 pjjuieccu em terra nos ltimos dias de dezembro e pela do Sr.Dr. Palmito feita em 30 de janeiro, e que se acha impressa no terceiro numero dosAnnaes Brasiliensesvol. 6.,se conhece igualmente que s nessa occasio os doentes tratados por elle montavam ao numero de 50.-62 Ainda mais. O Sr.E. A.da V residente nomorro de Santa Thereza no tinha pessoa alguma desua famlia com a molstia; porm, mandando umasua criada cidade, voltou esta doente e succumbiuem poucos dias. Logo aps adoeceu uma sua filha esuccumbiu igualmente; d'ahia molstia passou outras pessoas, porm felizmente nenhuma mais foivictima (1).O Sr. A... negociante em Iguass, tratando doseu guarda-livros que tinha vindo esta corte a negocio de sua casa, e que daqui levara a molstia daqual foi victima em poucos dias, cahiu logo, aps amorte deste, gravemente enfermo, chegando a ter ovomito preto; porm felizmente salvou-se (2).Com a vinda do vapor Marahense procedente deCampos, onde grassava a febre amarella, chegaram23 recrutas que foram recolhidos ao quartel docorpo de artilharia a que pertenciam, no dia 8 dedezembro de 1850,e no dia 9, uma criada do Sr.coronel Solidonio, morador em uma casa contguaao quartel, a qual, durante a epidemia que grassounesta corte, no teve a molstia por estar fora da cidade, foi logo accommettida de uma febre grave que,sendo ella conduzida para a Mizericordia, foi classificada febre amarella pelos Srs. Drs.De-Simoni,Feij, Lima, Jos Marianno e Lallemand, pela existncia da cr iderica,do vomito negro,e outrossymptomas caractersticos desta molstia.Ento foienviada para o hospcio do Livramento, e l falleceuno dia 13 do mesmo mez (3).No provaro todos estes factos que um indivi-(1) Todos sabem que o morro de Santa Thereza bastante alto, e consli-tue um :tancias, affirma ter-lhs achadogosto de sanguebem distinclo,quando ellas offereciamn maior parie das qualidades exteriores desle liquido;que outras vezes pelo contrario eram amargas, acres, e um tanto corrosivas.Entre ns cremos no se ter encontrado sangue puro nos intestinos de um cadver dos que foram autopsiados.-114 O figado de ordinrio mais volumoso que no noestado ordinrio, em virtude de congestes mais oumenos intensas, apresentou-se em alguns com manchas arroxadas, como ecchymoses ;em outros comalguma falta de consistncia de seu tecido; em outros nada parecia soffrer.A vesicula felea continhaquasi sempre maior ou menor poro de bile, oranegra, ora verde escuro, ora sem alterao de craprecivel, sendo umas vezes de maior densidadeque a natural, outras vezes de igual.ArPARELUOURINARO EPER1TONEO.A bexiga era umas vezes contrahida e vasia,emoutras oceasies contendo quantidades variveis deurina, de cr escura, sanguinolenta, de um amarello mais ou menos carregado, e quasi sempre demaior densidade que de ordinrio;a sua mucosamais ou menos rubra e espessada em toda a extenso, sobretudo para o collo. Os rins encontraram-seem alguns casos mais volumosos e de um vermelhomais carregado, cm outros sem alterao aprecivel.O peritoneo deixava ver em alguns lugares manchaslividas,e injeco parcial, mas no em todos oscasos.APPARELHO CERERROESPINHAL.Foi, depois do apparelho digestivo, um daquellesem que se notaram leses mais patentes e extensas,podendo-se estas resumirnas seguintes:congesto vascular das meningeas e da massa encephalicamais ou menos distincla; preponderando de ordinrio nas meningeas e substancia cerebral propriamente dita, observando-se com freqncia, nesta ultima, injeco por pontos mais ou menos sensvel;derramamento sangneo no centro da prpria massa118 cerebral em rarissimos casos, dito seroso, sero-san-guinolento, ou mesmo sanguinolento nas cavidadesda arachnoide e nos ventriculos em quasi todos,substancia do crebro, ora mais consistente, ora maisflaccida, ora sem modificao aprecivel.No canal rachideano notava-se tambm em quasitodos os cadveres a existeneia de derramamento desoro amarellado, ou sanguinolento, e engorgitamentodos envolucros medullares mais ou menos forte, sobretudo para a regio sacro lombar. Estas observaes no se conformam inteiramente com o que dizDalmas a respeito (1), e vem a ser; que as leses doencephalo e suas membranas se acham particularmente nos cadveres dos doentes, cujas faculdadesintellectuaes foram notavelmente perturbadas;porquanto alguns dos doentes a que se referem as lesesque apontamos no offreceram, durante a vida, alteraes notveis da intelligencia.APPARELHOS RESPIRATRIO E CIRCULATRIO.Foram sem duvida estes os apparelhos, em osquaes leses menos importantes foram encontradas,ainda mesmo nos cadveres daquelles indivduos,em que o predomnio de suas leses funccjonaes fazia suspeitar a achada por occasio da autpsia deleses physicas importantes. Pelo lado do apparelhorespiratrio, limitam-se ellas em geral congestespassivas do pulmo, alguns pequenos engorgita-mentos com fraca crepitao do tecido pulmonar, ligeiros traos de phlegmasia da mucosa bronchica, erecentes adherencias da pleura em muito poucos casos.Pelo lado circulatrio, algum derramamentosero-sanguinolento, ou amarellado na cavidade dopericardio, mas no constante, e, em algum caso excepcional, fraca injeco do pericardio e do endo-M )Indagaes histricas e medica? sobre a febre amarella. -Paris, 1822.-116 -cardo. As cavidades do corao e os grossos troncosvasculares, vasios em alguns casos, eram quasi sempre cheios de sangue escuro com ou sem coalhos dif-fluentes,e nada mais (l).Si, resumindo as alteraes anatmicas que foramencontradas nosdifferentescadveres auto-psiados. quizermos achar o gro de importncia decada uma deltas, e sua maior ou menor freqnciae intensidade, veremos:1. que as mais constantes, extensas e profundas foram as do digestivo, particularmente as do estmago e intestinos, seguindo-se-lhe logo as do cerebro-espinhal, e por ultimo asdo urinaro: 2. que as leses do figado nenhumaparidade tinham no gro de sua importncia com asdos outros rgos nomeados : 3. que o bao se podiaconsiderar isemplo de toda a alterao: 4. que osapparelhos respiratrioe circulatrio lambem nenhuma alterao digna de attenco apresentaram:5. que as leses cadavericas, que melhor corresponderam aos symptomas observados no curso da molstia, foram as dos apparelhos digestivo, cerebro-espinhal, e urinaro :G. finalmente que, salvo pequenas excepes que nada influem na essencialidadedos caracteres anatmicos da molstia, as leses cadavericas encontradas nos nossos doentes combinamperfeitamente, em seus caracteres mais salientes ecommuns., com aquellas que nos so indicadas pelosobservadores de outros paizes.(f)As manchas vermelhas, arroxadas e lividas da plenra de que fazemmeno, por sua freqncia, alguns autores, assim como as adhereneias formadas por uma camada de substancia gelatiniforme amarellada ; as alteraes idnticas do pericardio;o coalho considervel de um amarello transparente, como o bello mbar, ou similhunle gela devacca de que faz menoBailly, estendendo-se as vezes at a aorU, no foram encontradas nas investigaes cadavericas a que entren->; se procedeu, apezar do cuidado comque se houve nestas circumstancias verdade tambm que ellas no podemser consideradas como caracteres anatmicos communs, porque no tem sidoebservadasemteda< as epidemia* : a nflamma.o das pleuras e dodiaphragma furam mui fiequmtes segundoo testemunho de Palloni,1.acoste,Pa>cheiti e oulros, na epidemia de Livourne de 1 8U4 :os engorgitaiuentesangneos dopulmo, e as manchas avermelhadas da pleura na de S.Domingos em 1805,segundo nos refere Bailly, ele, entretanto que em outra*pidemias nada se tem observado de similhante.117 Tal vez que, si maior numero de autpsias tivessemsido praticadas, achassem-se em outros cadveres certas alteraes no communs e essenciaes, que j foram apontadas, e que se no encontraram nas autpsias de que temos conhecimento (1).CAPITULO X.TRATAMENTO DA MOLSTIA. esta uma das questes mais difficeis do estudoda febre amarella, sobre a qual muitas duvidas e incertezas occorrem ao espirito do medico pratico, confrontando e analysando os differentes escriptos que,sobre similhante enfermidade, tem sido publicadosem todos os tempos e paizes.Nada por sem duvida mais varivel do que atherapeutica aconselhada pelos differentes prticosque tem estudado e observado esta molstia; ou sejaisto dependente de ser ella formulada antes pelopensamento das doutrinas mdicas em voga na pocade cada escriptor, do que pela observao rigorosados factos e circumstancias que concorrem nas differentes epidemias; ou seja porque realmente a molstia offerece mudanas em sua marcha e seus caracteres essenciaes em cada uma epidemia, e em cada localidade; ou seja finalmente pela incerteza de suanatureza intima, e pela maneira diversa e especial,porque cada observador a tem encarado.Como quer que seja, ningum que tenha estudado(1)Lede as Gazetas dos Hospilaes ns. 1, 2 e 5, onde achareis o resultado das alteraes anatmicas encontradas pelas autpsias feitas pelos Srs.Drs. Pertence, Cunha, Bompani, e Lallemand ; assim como o trabalho estatstico do Sr. Dr. Vallado j citado. Artigo Caracteres anatmicos damolstia.118 c reflectido um pouco sobre a historia da molstianos differentes paizes, e olhado para a variedade demeios therapeulicos alternativamente elogiados e rejeitados, deixar de admirar-se de como homens,que tem observado a molstia em uma mesma poca,que tem reconhecido a identidade das leses anatmicas mais communs e caractersticas, que a temencarado pela mesma forma, tenham todavia emit-tido pensares to diversos sobre a sua therapeulica.Que em quanto, por exemplo, os mdicos americanos e inglezes proclamam as virtudes dos purgati-vos, sobretudo dos calomelanos, ^-se estes meiosfalharem em outras mos,e serem mesmo julgadosnocivos e prejudiciaes por acarretarem o augmentoe exasperao dos symptomas da leso do apparelhodigestivo.Que em quanto o Sr.De Ilumbold elogia as frices oleosas a pelle, outros prticos as rejeitam comoperigosas, oppondo-se ao estabelecimento da trans-pirao, que uma das vias que a natureza mais vezes procura para a resoluo da molstia.Que as frices mercuriaes muito preconisadaspor Hush de Philadelphia tem falhado constantemente em algumas das epidemias que se tem suece-dido em Nova Orleans.Que os banhos e affuses friasaconselhados, comomui proveitosos,por Valentim,Grimaud, Miller,Curie, Prat, e alguns mais, so por outros considerados como prejudiciaes quasi sempre, ou s admitti-dos para casos excepcionaes, sendo empregados comas cautelas convenientes.Que os vomilivos aceitos por alguns, como vantajosos, so por outros completamente banidos, comopeiigosose mesmo prejudiciaes sempre, concorrendopara aggravar ainda mais o vomito, j to constantee obstinado nesta molstia.Que o ammoniaco elogiado por Bailly e Valentim,como dando resultados felizes e vantajosos, pelocontrario reprovado pelo Sr. Caillot, por Dvse ealguns outros.119 Que os vesicatorios aconselhadospor alguns, comoteis e profcuos, so por outros ou totalmente banidos, ou apenas admittidos s at produzir algum estimulo mais ou menos enrgico (1).Que assangrias syncopaes e as grandes applicaesde sanguesugas ao epigaslrio logo no comeo da molstia, como aconselham, entre outros, Rush e o Sr.Catei, medico em Martinica, dizendo este ultimo teralcanado por este methodo resultados maravilhosos,a ponto de s perder 150 doentes d'enlre 12U2 emque o applicara, so rejeitadas pela mr parte, comoprejudiciaes e perigosas quasi sempre, admittindounicamente a administrao da sangria geral no comeo da molstia, quando haja phenomenos phlegma-sicos e congcstivos francos, e isso mesmo com todaa circumspeco possvel (2).Que o sulphato de quinina que tantos apologistasconta de seu lado, sobretudo entre os mdicos dascolnias francezas, os quaes do tanta importnciaao seu emprego que ao mais fraco signal de remissoo administram em largas doses, no deixa de ter an-tagonistas poderosos,apezar dos brilhantes lourosque tem alcanado.Emfim seria um nunca acabar, si quizessemos expor todas as discordancias que se encontram nas(I)Os maus resultados do emprego dos custicos nesta molstia foramreconhecidos desde muito; porquanto, no primeiro escripto que sobre ellaappareeeu, o de Joo Ferreira da Rosa, j este dislineto observador se pronunciava contra sua applicao em toda e qualquer cireumsiancia, tanto peloresultado de sua experincia, como pelos princpios que tinha acerca de suamaneira de obrar, embora soubesse que outros prticosos empregavam ;pois que, mesmo nn pratica dos outros, nunca no'ou que produzissem effeitovantajoso, parecendo-llio que s se salvavam aquelles doentes em que a molstia era benigna, e desnecessrio se tornava recorrer meio to violento.Vede obra eiOda duvida IO.a, pag! l e seguintes.(2)A sangria repetida e um dos meios muito elogiados pelo distineto pratico ha pouco citado Elle a aconselha nos primeiros dias nos homens fortese vigorosos, assimcomo havendo alguma evacuao supprimida Seguindoeste methodo, diz-tios elle que raras vezes observou, nos seis ;mnos por quej durava aepidemia quando escrevia a sua obra, perigar doente algum; eacerescenta que a sangria do brao aproveitava quasi sempre;que a do p,pelo contrario, pouco ou nada produzia, notando-se que morria grande numero de doentes em que era ella applicada.Obra citada, duvida 2., pag.05, disputa 2.-no opinies dos autores sobre os differentes meios the-rapeuticos propostos parao tratamento da febreamarella; mas, no nos fazendo cargo de historiaramolstia considerada de uma maneira geral,e simde expormos o que entre ns se passou,pararemosaqui, circumscrevendo-nos aos limites que nos im-posemos neste opusculo, e dando uma noticia concisa do procedimento dos mdicos do llio de Janeirona crise fatal porque passmos,o da therapeuticaque entre ns foi geralmente seguida.Quem allcndcr para o que havemos dito, quemsouber que era a primeira vez que grassava uma molstia epidmica to cruel nesta cidade, que os mdicos brasileiros avisados, como estavam pelo estudodos acontecimentos occorridos em outros paizes, dadiscordncia de pensares dos differentes observadores, que tinham tratado desta molstia,acerca dosmeios mais apropriados a obslar a seus estragos; quesabendo, alm disto, que os meios reclamados parao tratamento de uma molstia epidmica variam segundo muitas circumstancias, no aproveitando asvezes em duas epidemias idnticas, occorridas emuma mesma localidade, mas empoca diversa, deviam de necessidade tambm no confiar plenamentenos applicados em localidades differentes, no deixar de reconhecer que alguma hesitao deveria haver, nocomeo da epidemia,sobre "a escolha dosmeios therapeuticos adequados, e que, no meio dessecabos, no seria muito fcil, a no se marchar sema circumspeco necessria, seguir logo um systemade tratamento qualquer, sobretudo sem ainda se terconhecimento dos meios de que o grande mestre dasciencia em taes casos,a natureza,servia-se paraoperar a resoluo do mal.Ento viu-se appareccr algumas opinies mais oumenos exageradas, oraproclamando-se, como vantajosas as deplees sangneas geraes elocaes, orabamndo-as completamente como prejudiciaes e fataes aos doentes,ora preconisando-se estesoraaquelles meios,opinies que, pode-se dizer', no12t eram baseadas nos factos e observaes entre nsoccorridos, porque ainda mui poucas eram nessaoccasio para motivarem uma crena qualquer; masfundadas unicamente em princpios adquiridos naleitura de factos passados em outros paizes; opiniesemfim de que alguns mal intencionados se aproveitaram para chegarem seus fins, embora com o sacrifcio e immolao de muitas victimas, fazendoprevalecer a ida de que os mdicos estavam emcontradico deprincpios, e no conhecamos meiosde livrar os doentes de seus males.Mas, desde que a natureza traou-nos o caminhoque se deveria seguir no tratamento da molstia,ento fcil se tornou achar as indicaes therapeuti-cas convenientes, e viu-se quasi todos os mdicosconvergirem para um s pensamento,e seguirem asenda que lhes era indicada por ella.Vimos todos, com pequenas excepes, reconhecerem que, sendo os meios de resoluo indicadospela observao dos factos,os suores copiosos,asevacuaes,e algumas vezes epystaxis mais ou menos abundantes, reduziam-se as indicaes thera-peuticas a estabelecer e activar a transpirao, promover as evacuaes, e recorrer s emisses sangneas geraes e locaes com a prudncia e cautelas queexigia a natureza do mal. Essa foi a pratica por quasi todos abraada no primeiro periodo da molstia,e com a qual, quando seguida com methodo e cir-cumspeco desde seu principio, se conseguiu fazel-aterminar no 1. periodo. Mas, desde que ella passava aos outros perodos, ento necessrio era recorrer a outros meios que as circumstancias especiaesreclamavam, empregando, por assim dizer, a medicina symptomatica, nica talvez que por ora se temmostrado mais profcua no tratamento dafebreamarella.E, ou fosse devido uniformidade das vistas the-rapeuticas, ou benignidade do nosso clima, podemos sem ostentao nem orgulho avanar, que sino fomos dos mdicos mais felizes no tratamento10122 desta terrvel molstia, tambm no fomos dos menos, em vista dos estragos por ella causados em outros paizes, apezar das dificuldades com que lutmos pela permanncia das causas que sobre nsaduavam, e que se no puderam remover, algumastalvez por falta de vontade, dependendo umas dafalta de hygiene publica, e outras da nenhuma policia medica que ha entre ns.E esta foi sem duvidauma das causas, que mais contribuiu para a mortandade observada nesta cidade,a qual seria semduvida diminuda de um quarto, si tantos homens,sem as mais pequenas habilitaes, no andassemnessa occasio por ahi a exercer a medicina, e a matar ou deixar morrer, sem recurso algum, quantoslhes cahiam nas mos.Em conformidade pois com os princpios acimaexpostos, logo que os primeiros incommodos se manifestavam, tratava-se de provocar o suor pelos po-diluvios quentes, pelas infuses deborragem, de flores de sabugueiro, de cascas de limo, pelo acetatode ammoniaco, pelo aconito, pelas bebidas nitradasdadas com profuso, e pelos banhos de vapor.Nsempregmos quasi sempre o aconito,e as bebidasnitradas, usando do cosimento anti-phlogistico deStoll, ou de uma infuso de borragem com alta dose de nitro ; aquelle,si os phenomenos de reacoeram intensos,e no havia suor algum ;e estas,quando o suor j se tinha estabelecido, e a pelle noera muito rida:e, em abono da verdade, diremosque o aconito nos pareceu sempre obrar com muitaenergia e rapidez, provocando copioso suor, diminuio da dr de cabea,e calma sensvel no movimento febril.As vezes, porm, estes meios no eram bastantespara desafiar a transpirao, por que as foras concentradas ou por congestes para rgos parenchy-raatosos, ou pelo predomnio de phlegmasias internas a isso se oppunham, em quanto no eram estascombalidas pormeios adequados. Ento alguns prticos recorriam sangria geral, si a dyspna, ancieda-123de, agitao, oppresso precordial, ou phenomenoscaractersticos de desordens cerebraes existiam, ouainda applicao de sanguesugas no nus e epigas-trio, si o ventre era doloroso, tenso, e concorria umacongesto do figado,E foroso confessar que a sangria geral aproveitou em muitos casos graves, embora certos mdicossustentassema opinio contraria, dando-a comocausa de alguns resultados funestos ; porquanto, emnosso pensar, alguns accidentes graves que pareceram succeder-se sua administrao foram antes,ora o effeito de uma simples coincidncia dependente da prpria intensidade do mal, ora de sua applicao inopportuna, como, por exemplo, quando esta tinha lugar depois do primeiro paroxysmo febril,ou passado o periodo de reaco ; porque ento concebe-se perfeitamente que, em vez de til, devia sernecessariamente prejudicial; mas isso no podia jamais servir de norma para aproscripo da sangria.Alm disto, quantos casos fataes no oceorreramnos doentes tratados por outros methodos com excluso da sangria, e quantas vezes no meio das melhores esperanas no se via suecumbir de sbitoum doente subjeito esses tratamentos. E por ventura algum os aceusou do mo xito que se lhes seguiu? De certo que no, e sim a prpria malignida-de da enfermidade. Eno vimos ns alguns mdicos,que em todos os casos sem excepo, e as vezes semabsoluta necessidade, empregaram a sangria na invaso da molstia? E por ventura foram elles muitomenos felizes no seu tratamento? Sem duvida queno, porque nos casos simples todos os meios aproveitaram, dando s em resultado uma convalecenamais ou menos longa, como quasi acontecia a todosos doentes que eram sangrados.Em quinhentos e tantos doentes que tratmos, havendo mais de oitenta atacados gravemente, nuncaempregmos asangria, porque mesmo nos graves, ex-cepto em trs, sempre encontrmos contra-indica-es para ella. Nesses trs, porm, que se achavam,12 em nossa opinio, nas condies que a reclamavam,no nos foi possvel pl-a em pratica pela obstinaocom que sempre elles a recusaram, pretextando quemorreriam,em virtude dos falsos preconceitos doque estavam embuidos pela leitura dos jornaes dapoca :e todos trs foram victimas de sua recusa, oque talvez no acontecesse, si se tivessem subjeitadoao meio que lhes propnhamos.Quanto as bichas applicmol-as por muitssimasvezes neste periodo, sobretudo no nus, quando phenomenossympathicos cerebraesexistiam, assim comoquando se davam phenomenos francos de uma gas-tro-enterilis, quer a molstia se apresentasse com caracter benigno, quer grave, montando talvez em metade o numero dos nossos doentes em que as empregmos : e no tivemos nunca de arrepender-nos deseu uso, nem o numero dos doentes que perdemosfoi grande, como logo veremos.Conseguida que fosse a transpirao, eram empregados os laxalivos, d'enlre os quaes mereciam preferenciao leo de ricino, as limonadas de cremor detartaro, as de cilrato de magnesia, a magnesia calcinada, c o sal d'Epson, segundo o capricho dos doentes, e o estado das vias digestivas, escolhendo-se sempre os mais brandos, si havia sede intensa, vmitose outros symptomas, que denotavam grande susce-ptibilidade para o estmago.Si os vmitos eram muitos, si o doente no conservava os lquidos no estmago, ento tornava-se indispensvel recorrer ao emprego dos clysleis laxati-vos mais ou menos enrgicos e irritantes, nos quaesentrasse o sal de cosinha, o leo de ricino, o tartaroemetico,o electuario de senne, a herva de bicho,etc. Esta ultima sobretudo convinha, quando haviaestupor, dr intensa de cabea, desarranjos dainner-vao com tendncia ao coma, e bem assim quandohavia difficuldade de urinar, por gozar tambm depropriedades diureticas.Havendo difficuldade de transpirao, pouca sede,e phenomenos mui pronunciados de embarao gas-12S tro-intestinal,melhores resultados se conseguiamcom o uso do tartaro emelico s, ou em associaocom o sal d'Epson;porquanto no s facilitava eactivava a diaphorese, como tambm determinavagrandes descargas biliosas, aps asquaesnotavam-semelhoras sensveis nos doentes.O tartaro emetico era para alguns prticos o primeiro meio de que lanavam mo na invaso damolstia, no s para provocar a transpirao, comotambm para promover as evacuaes ; e cumpreconfessar que no deixou de ser um meio vantajosoem muitas circumstancias, fazendo como que abortar a molstia, quando empregado nas primeiras 24ou 48 horas ; porm outras vezes sua applicao nofoi sem inconveniente, sobretudo quando havia vmitos obstinados, e predominavam phenomenosner-vo-asthenicos, porque ento pareceu contribuir paraaggravar o maldos doentes,e tornar mais criticasua posio, augmentando a prostrao que se lhesnotava.Ns tivemos occasio de applical-o muitas vezes,depois de estabelecida a transpirao pelos meios jindicados, ou mesmo antes, quando havia phenomenos de embarao gstrico, mormente nos pretos,e, com prazer o dizemos, obtivemos nestas circumstancias sempre excellentes resultados.Algumas vezes acontecia que certos doentes tinham vmitos obstinados, e rejeitavam todos os lquidos, ainda mesmo depois de estabelecidas as evacuaes, vmitos que existiam desde a invaso damolstia.As ventosas seccas e sarjadas ao epigastrio, as bebidas geladas cidas, o acetato de morphina, o elixirparegorico da Londinense, assim como as poesgommosas com gua de louro cereja eram empregadas com proveito, fazendo cessar o vomito ; as preparaes opiadas,quando o movimento febril e ossymptomas irritativos do estmago eram pouco sensveis;e o louro cereja no caso contrario. Algumasvezes tambm aproveitava o emplastro de theriaga126 sobre o epigastrio, e o sinapismo no mesmo lugar;e este ultimo era as vezes o nico meio proicuo emtal caso.O sulphato de quinina foi tambm um meio geralmente empregado, e que no deixou de ser muitoproveitoso todas as vezes que, desde o principio, amolstia se patenteou com phenomenos remittenlesou intermittentes mais ou menos bem manifestos ;porm no podemos deixar de confessar que algunsabusos commetteram-se na sua administrao, em-pregando-o indistinctamente em toda e qualquer cir-cumstancia; porquanto, assim como era proicuo, etalvez o mais vantajoso meio, para obstar aos progressos da molstia no maior numero de casos, tambm se no pde desconvir que foi elle prejudicialem muitas condies, sobretudo quando a molstiacaracterisava-se pelas formas algida, syncopal, e dotypho ideroide sem remiltencias sensveis.Isto que acabamos de dizer em parteconfirmadopelo valioso testemunho do dislincto observador, oSr. Dr. Vallado, quando assim se exprime (1) : Emgeral o sulphato de quinina no foi vantajoso no typho ideroide, quanto o foi na febre amarella : a seccura da pelle, o estado da lingua, a freqncia dopulso o contraindicavam no primeiro caso, em quemelhor aproveitavam os banhos mornos geraes, aslimonadas, laranjadas, bebidas nitradas, e os brandos laxantes durante o segundo periodo : no terceiroperiodo, porm, maxim no estado adynamico ouataxo-adynamico, recorria-se com proveito aos tnicos, gua vinhosa, gua de Inglaterra, cosimentoanti-febril de Lewis, e clysteis do cosimento de quinae valeriana com julepo de camphora. Ns sabemos que os mdicos das Antilhas seguema pratica de, logo que apparece a remisso do 1.*periodo,prescreverem o sulphato de quinina segundo o preceito estabelecido, cremos que pelo Sr.(1)Trabalho estatstico citado.127 Barbe; porm no nos podemos conformar com umtal proceder; por quanto esta remisso muitas vezesnada indica relativamente ao caracter da molstia,no mais do que o signal da passagem para o 2.periodo, e o preldio da queda das foras, como tivemos muitas occasies de observar na epidemia porque passmos, acontecendo sobrevir, logo a primeiraapplicao do sulphato de quinina, o vomito negro,no porque elle o determinasse;mas sim porque amatria do vomito jexistia depositada no estmago,e s necessitava para a sua expulso o agente provo-cador, que era nesse caso a ingesto do sulphato.Sem pensarmos entretanto como o Sr. Joubert que quando o sulphato reprime a molstia desdeseu 2." periodo, ficam quasi sempre duvidas sobre anatureza da febrequese tinha a combater, e que quando falha aggrava de mais a mais a molstia>? no podemos deixar todavia de encarar como mui judiciosoo pensamento que elle exprimiu no relatrio que fezsobre a epidemia da febre amarella, que em 1843desenvolveu-se na fragata franceza de vapor Gomerem Pensacola, dando conta do tratamento que empregara com brilhante resultado, tendo s 17 mortossobre 160 doentes. Todo o valor do tratamentoconsiste, a nosso vr, na opportunidade das deple-es sangneas e sua quantidade, no emprego judicioso dos laxativos e diureticos, emfim na opportunidade e modo de administrao do sulphato dequinina.Taes foram em resumo os meios em geral empregados pelos clnicos desta cidade, com algumas modificaes, devidas s condies especiaes da molstia, no seu1 . periodo, e aos quaes as mais das vezesella cedeu, deixando de passar aos outros, si os doentes recorriam com tempo aos cuidados do medico, eeram-lhes elles applicados com perseverana, methodo e regularidade. Algumas vezes entretanto, sobretudo nos estrangeiros no aclimados, e naquellaspessoas subjeitas enfermidades chronicas, ou dotadas de uma constituio deteriorada por vicios e-128 -excessos de todo o gnero, ou mesmo em algumasque se no achavam nestas condies, apezar de todos estes meios serem postos em pratica desde osprimeiros incommodos, as leses progrediam, e so-brevinham os symptomas especiaes aos outros perodos.Ento redobravam as difficuldades de encaminhara molstia para uma feliz resoluo; a posiodo medico se tornava cadavez mais difficil, attenlaa variedade com que em um mesmo indivduo seapresentavam os symptomas caractersticos destesperodos, a rapidez de sua marcha, a reciproca substituio das diversas formas symptomaticas apontadas, e as modificaes que por isso se era obrigadoa cada momento fazer nos meios therapeuticos empregados. Entretanto em geral a pratica seguida pelamr parle dos mdicos,e aquella que melhores resultados trouxe foi a que vamos expor, fundada todano caracter especial dos symptomas preponderantes.Apenas apparcciam os phenomenos precursoresdo 2. periodo, fosse o ventre sensvel ou no, recorria-se applicao de ventosas sarjadas ao epigas-trio, bebidas evacuanles, usando uns dos calomelanos, outros das guas magnesianas, outros das limonadas de ei trato de magnesia, visto que o estmagosupportava ento menos os outros taxativos de quefizemos meno. Usava-se tambm dos clysteis maisou menos activos, para despertar o movimento pe-ristaltico dos intestinos,e obstar aos anti-peristalti-cos, para os quaes tanta tendncia havia neste periodo da molstia.Corp este tratamento, com o uso das bebidas geladas, o emprego da gua de louro cereja, sulphato dequinina, e outros meios aconselhados pelo estudo eapreciao dos phenomenos geraes, ainda se conseguia muitas vezes fazer parar os progressos da molstia, e o doente restabelecer-se com mais ou menospromptido.Outras vezes, entretanto, nenhum xito favorvelse alcanava do emprego de similhanles meios; amo-129 lestia continuava em seus progressos, easituaco domedico e a do doente tornavam-se mais criticas: nenhuma regra fixa era possvel estabelecer na escolhada therapeutica, por isso que os meios a empregarvariavam tanto quanto asmodificaes phenome-naes que se observavam.Si era o vomito que preponderava,o tratamentovariava segundo que o soluo coneorria ou no comelle. No 1. caso, convinha ainda insistir nos meiosj apontados, menos nas bebidas geladas, porquede ordinrio despertavam mais o soluo, e augmen-tavam os padecimentos do doente,entretanto queao 2. eram tomadas com prazer pelos doentes,eelles mesmos experimentavam com ellas grande al-livio.No caso de existncia do soluo tirava-se maisproveito do emprego do ether, das bebidas opiadas,das frices com ether ao epigastrio, ou da applica-o de pannos embebidos no mesmo liquido, dosemplastros de losna, do sinapismo, e em poucos casos do vesicatorio.Quando os vmitos coincidiam com raios de sangue, ou mesmo com pequenas hemorrhagias, comanciedade, inquietao,&c, recorria-se com alguma vantagem ao emprego da tinctura dedigitalisenitro em gua distillada, e applicao de cataplas-mas de linhaa feitas com o cosimento da mesmaplanta sobre oepigastrio. Asapplicaes frias ao ventre, as cataplasmas feitas em cosimento de espciesaromaticas, o uso interno das limonadas vegetaes emineraes, sobretudo as vinagradas, a limonada concentrada de sueco de limo, e a limonada sulfurica,geladas ouno, assim como osadstringentes, eram osmeios mais geralmente applicados contra o vomitopreto ehemorrhagico,e aquelles que mais vezesaproveitavam. Entretanto alguns doentes sentiam-semuito incommodados com a suspenso do vomitonegro pelo emprego dos adstringentes ; e ento convinha clesafial-os de novo por meio de gua mornadada com profuso,e insistir no emprego dos clys-130 leis purgalivos mais ou menos estimulantes,e nasbebidas evacuantes, si o doente as supporlava.O sulphatoe valerianato de quinina,as infusesde quina, valeriana, arnica e serpentaria,o cosimento anli-febril de Lcwis, a gua ingleza, os rcvul-sivos, as frices estimulantes geraes, a camphora, oalmiscar,as bebidas vinhosas,&c,eram aindateis nos casos, em que uma intcrmiltencia ou re-mittencia mais ou menos sensvel, com ou sem estado algido e syncopal, com ou sem phenomenos ady-namicos acompanhava este periodo ;os primeiros,sulphato e valerianato de quinina, quando paroxys-mos francos ainda existiam, e no havia tendnciaao estado algido;os segundos nos casos oppostos,sobretudo si a algidez ea adynamiaprcponderavam.Com este tratamento empregado methodicamente,e com mais ou menos perseverana, ainda se conseguiu salvar doentes que pareciam estar condemna-dos uma morte certa e inevitvel pela gravidadedos phenomenos que se notavam.Cumpre,porm, dizer queos revulsivos permanentes foram sempre empregados com muita reservano s pela facilidade com que os pontos por ellesofendidos degeneravam facilmente em ulceracesgangrenosas, como tambm pela grande suppuraoque,de ordinrio,suecedia sua administrao,mormente nos casos typhoideos, nos adynamicos ehemorrhagicos, especialmente nestes ltimos, em osquaes as vezes no faziam mais do que acerescentaruma nova fonte de perdas de sangue, creando maisum ponto, pelo qual se effeiluavam hemorrhagiaspassivas mais ou menos abundantes.Si phenomenos ataxicos, como tremor de lingua,delirio, phrenesi, sobresaltos de tendes, convulses,&c,caraclersavam este periodo da enfermidade,aproveitavam mais as ventosas sarjadas nuca, asbichas s tmporas e apophyses mastoideas,o usodos banhos tepidos geraes, das frices espinhacom a pommada de belladona e louro cereja, o usointerno destas substancias em doses proporcionadas131 - violncia dos symptomas, asbebidas refrigerantes,as applicaes frias cabea, os sinapismos repetidos aos extremos, e os clysteis mais ou menos estimulantes.Si, como mais ordinariamente acontecia comaspessoas de avanada idade, preponderava o estadocomatoso, recorria-se aos clysteis irritantes, aospurgativos enrgicos, ao tartaro em lavagem, s ventosas sarjadas na nuca e lados da espinha, aos revul-sivos aos extremos e nuca, alm de outros meiosreclamados pelas condiesdos doentes;pormconvm confessar que, em taes casos, pouco aproveitavam os meios empregados, quaesquer que ellesfossem,c que a molstia quasi sempre terminavafatalmente.No caso de coincidir a molstia, ou antes caracte-risar-se por phenomenos typhoideos, convinha sobretudo insistir no emprego das ventosas sanadas aoventre, das bichas no nus, dos laxativos brandosrepelidos, dos banhos geraes feitos com o cosimentodas cascas do pu Pereira, do sulphato de quinina,dos tnicosdifusivos, dasapplicaes camphoradas-,conforme a natureza especial dos symptomas observados.Os banhos frios por emborcao, affuso, e irrigao constituiram lambem um precioso meio de tratamento empregado em casos desesperados e gravssimos. Foramapplicados no hospcio do Livramento,Bom Jesus, Pedro 2. e tambm segundo cremos nacasa de sade do nosso collega o Sr.Dr.Peixoto,hospital de marinha,&c,e por algunsmdicosna clinica particular.A este respeito, diz o Sr. Dr. Vallado o seguinte: O meio, entretanto, com que se pde ainda salvara quinta parte dos doentes cm tal estado desesperado (referia-se ao terceiro periodo) foi o empregodas affuses de gua fria, segundo o methodo do Dr.Curie. Observou-se depois desta applicao umas vezes o pulso diminuir de freqncia, a pelle tornar-seIpjmida, e mesmo cobrir-se de suor, que se favorecia132 por bebidas diluentes e diaphoreticas, seguindo-sedepois uma calma de todos ossymptomas, a qual eralogo aproveitada para a administrao do sulphatode quinina ; outras vezes pouco ou nenhum allivioexperimentavam os doentes com a primeira affuso,e era mister repetil-a segunda e terceira vez com in-tervallo de algumas horas, si o estado da pelle e dopulso o permittia. Infelizmente deixou-se de recorrer em muitoscasos esta applicao por contraindical-a a peque-nhez do pulso, o suor ou a diminuio da temperatura da pelle, e o estado algido e adynamico. Na forma typhoica foram tambm proveitosas as affusesfrias antes de se manifestarem os symptomas adyna-micos. A somnolencia, os sobresaltos de tendes, eas convulses as no contraindicavam, antes comellas moderavam, ou mesmo cediam algumas vezes.No convinham, porm, quando havia dyspna, soluos, e diarrha. Os Srs. Drs. Lallemand e Jos Mariano da Silva,mdicos no lazareto do Bom Jesus, em sua exposiofeita ao Ex.mo Sr. Provedor da Santa Casa da Mizericordia, referindo-se a este ponto, diziam o seguinte: empregamos as emborcaes de gua fria de differentes maneiras em casos bastantemente graves, eattribuimos a salvao de alguns doentes a este meioenergico(l).Daqui se collige que ellas aproveitavam em todasas formas da molstia, menos nas algida, syncopal, echolerica, sobretudo quando j havia phenomenosadynamicos em campo.Foram estes em geral os meios therapeuticos ap-plicados pela generalidade dos prticos do Rio de Janeiro, com esta ou aquella modificao, segundo ascondies particulares da molstia, e a predileco decada medico para este ou aquelle meio de preferencia a qualquer outro.Resumindo, pois, quantohavemos dito,temos para(1)Jornal do Con-.mcrtio de 12 de fevereiro de 1850,133 -o comeo da molstia o uso dos diaphoreticos com ofim de promover o suor, e depois dos diluentes etemperantes, com ou sem emisses sangneas, paradebellar o erethismo ou orgasmo phlegmasico doprimeiro periodo ;e logo aps o emprego dos eva-cuantes para desafiar as evacuaes, e os anti-perio-dicos havendo remisses mais ou menos bem patentes. No segundo periodo o emprego das ventosas sar-jadas e das sanguesugas nos pontos mais atacados, eque eram o assento de congestes ou irritaes intensas ; das bebidas cidas, geladas ou no, dos clysteis irritantes, dos evacuantes, das bebidas nitradas,da gua de louro cereja, das bebidas opiadas e ethe-reas, dasfrices espinha com a pommada de lourocereja ou belladona, dos banhos mornos emollientesainda, ou tnicos, dos adstringentes internamente,da quinina, dos tnicos diffusivos, dos revulsivos aosextremos, e mesmo sobre o estmago, segundo a ndole e natureza especial dos phenomenos que pre-ponderavam. No terceiro periodo, os mesmos meiose os banhos frios, quando o estado do pulso e docalor o permilliam.Agora, si procurarmos comparar o que temos ex-pendid