níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · abnt...

10
Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) KRUMENAUER, M. (1) KINZEL, E. (2) GONZALEZ, M. S. (3) (1) Universidade do Vale do Rio dos Sinos Mestrando Mestrado Profissional em Arquitetura e Urbanismo E-mail: [email protected] (2) Universidade do Vale do Rio dos Sinos Acadêmica Graduação em Arquitetura e Urbanismo E-mail: [email protected] (3) Universidade do Vale do Rio dos Sinos Professor Dr. Mestrado Profissional em Arquitetura e Urbanismo E-mail: [email protected] Resumo: Os mapas de ruído ou cartas acústicas são amplamente difundidos entre os países da União Europeia e são importantes ferramentas para elaboração de planos de ação e metas para combater a poluição sonora. No Brasil, contudo, poucas são as ações efetivas para a identificação e avaliação das condições de exposição da população ao ruído real. O conhecimento dos níveis reais de ruído permite ao poder público a análise e proposição de medidas e políticas públicas. Nos centros urbanos, cada vez mais a população sofre devido aos efeitos dos elevados níveis de ruídos, principalmente decorrentes do tráfego viário, degradando o meio ambiente e as condições de vida da população. O objetivo do trabalho é quantificar os níveis de ruídos externos no campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Para desenvolver este objetivo, foi realizado um estudo seguindo as prescrições da (ABNT NBR 10151) e foram identificadas as principais fontes de ruído presentes no campus e no seu entorno, as quais consistem basicamente no tráfego de veículos. Os resultados obtidos mostram a dificuldade ao atendimento dos níveis máximos de ruídos estabelecidos pela NBR 10151. O presente trabalho justifica-se pelo avanço no reconhecimento e quantificação de níveis de ruídos em áreas externas. Palavras-chave: poluição sonora, ruído ambiental, mapeamento sonoro, planejamento urbano. Abstract: The noise maps or acoustic cards are widespread among the countries of the European Union and are important tools to draw up action plans and targets against noise pollution. In Brazil, however, there are few effective actions for the identification and evaluation of the conditions of exposure of the population to real noise. The knowledge of actual noise levels allows the public power to analyze and propose measures and public politicals. In urban centers, increasingly people are suffering from the effects of high noise levels, mainly resulting from road traffic, degrading the environment and the conditions of the life population. The objective is to quantify the levels of external noise on the campus of Universidade do Vale do Rio dos Sinos. To develop this goal, a study was carried out following the requirements of (NBR 10151) and were identified the main sources of noise present on the campus and its surroundings, which basically consist of vehicular traffic. The results show the difficulty to compliance with the maximum noise levels established by NBR 10151. This study is justified by the progress in the recognition and measurement of noise levels outdoors. Keywords: noise pollution, environmental noise, noise mapping, urban planning.

Upload: vonga

Post on 08-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

KRUMENAUER, M. (1) KINZEL, E. (2) GONZALEZ, M. S. (3) (1) Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Mestrando – Mestrado Profissional em Arquitetura e

Urbanismo

E-mail: [email protected]

(2) Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Acadêmica – Graduação em Arquitetura e

Urbanismo

E-mail: [email protected]

(3) Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Professor Dr. – Mestrado Profissional em

Arquitetura e Urbanismo

E-mail: [email protected]

Resumo: Os mapas de ruído ou cartas acústicas são amplamente difundidos entre os países da União

Europeia e são importantes ferramentas para elaboração de planos de ação e metas para combater a

poluição sonora. No Brasil, contudo, poucas são as ações efetivas para a identificação e avaliação

das condições de exposição da população ao ruído real. O conhecimento dos níveis reais de ruído

permite ao poder público a análise e proposição de medidas e políticas públicas. Nos centros

urbanos, cada vez mais a população sofre devido aos efeitos dos elevados níveis de ruídos,

principalmente decorrentes do tráfego viário, degradando o meio ambiente e as condições de vida da

população. O objetivo do trabalho é quantificar os níveis de ruídos externos no campus da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Para desenvolver este objetivo, foi realizado um estudo

seguindo as prescrições da (ABNT NBR 10151) e foram identificadas as principais fontes de ruído

presentes no campus e no seu entorno, as quais consistem basicamente no tráfego de veículos. Os

resultados obtidos mostram a dificuldade ao atendimento dos níveis máximos de ruídos estabelecidos

pela NBR 10151. O presente trabalho justifica-se pelo avanço no reconhecimento e quantificação de

níveis de ruídos em áreas externas.

Palavras-chave: poluição sonora, ruído ambiental, mapeamento sonoro, planejamento urbano.

Abstract: The noise maps or acoustic cards are widespread among the countries of the European

Union and are important tools to draw up action plans and targets against noise pollution. In Brazil,

however, there are few effective actions for the identification and evaluation of the conditions of

exposure of the population to real noise. The knowledge of actual noise levels allows the public power

to analyze and propose measures and public politicals. In urban centers, increasingly people are

suffering from the effects of high noise levels, mainly resulting from road traffic, degrading the

environment and the conditions of the life population. The objective is to quantify the levels of external

noise on the campus of Universidade do Vale do Rio dos Sinos. To develop this goal, a study was

carried out following the requirements of (NBR 10151) and were identified the main sources of noise

present on the campus and its surroundings, which basically consist of vehicular traffic. The results

show the difficulty to compliance with the maximum noise levels established by NBR 10151. This study

is justified by the progress in the recognition and measurement of noise levels outdoors.

Keywords: noise pollution, environmental noise, noise mapping, urban planning.

Page 2: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

1. INTRODUÇÃO

Amplamente difundidos entre os países membros da União Europeia, os mapas de ruído ou cartas

acústicas são importantes ferramentas para elaboração de planos de ação e metas para combater a

poluição sonora. A Diretiva Europeia 2002/49/CE estabeleceu o mapeamento estratégico de ruídos

para centros urbanos com população superior a 250 mil habitantes até 30/06/2007 e, até 30/06/2012,

para centros urbanos com população superior a 100 mil habitantes.

No Brasil o Artigo 225 da Constituição Federal diz que: “Todos tem o direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem do uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras

gerações”.

Tratando-se de ruído ambiental, no país, poucas são as ações efetivas para a identificação e avaliação

das condições de exposição da população ao ruído real. A identificação e quantificação dos níveis

reais de ruído permitem ao poder público uma análise comparativa do que está e do que deveria estar.

No Brasil, a avaliação de níveis de pressão sonora equivalente para áreas externa é definido pela

ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao conforto da

comunidade - Procedimento, que estipula valores máximos para o período diurno e noturno de acordo

com o tipo de utilização da área.

De acordo com Suriano e Souza (2014), as pesquisas brasileiras referentes ao mapeamento estratégico

de ruído encontram-se em um estágio bastante inicial. Diferentemente dos países desenvolvidos, que

passaram a desenvolver seus próprios métodos e modelos, pesquisadores brasileiros vem testando e

aplicando tais métodos como forma de caracterizar diferentes cenários acústicos e os efeitos

provocados pelo ruído veicular em diferentes centros urbanos.

Tão importante quanto à identificação das fontes geradoras de ruídos, o estudo e o monitoramento das

mesmas se tornam uma importante ferramenta, possibilitando avaliar o seu impacto sobre diferentes

ambientes, concebendo medidas mais eficientes e de menor impacto ambiental para minimizá-las

(KLUIJVER e STOTER, 2003).

Dentre as diferentes atividades geradoras da poluição sonora, o ruído de tráfego destaca-se como a

principal fonte, restringindo a qualidade ambiental da vida urbana (MARTIN et al., 2006;

MENDONÇA et al., 2013; CAI et al., 2015).

Esta energia, mesmo em pequenas dissipações é facilmente percebida pelo ser humano e pelos

animais, devido à grande susceptibilidade auditiva (PROTI et al., 2011; SURIANO; SOUZA; SILVA,

2015).

Em situações de exposição prolongada, o ruído pode gerar efeitos nocivos ao sistema auditivo, além

de alterações comportamentais e orgânicas (JARDIM et. al, 2014).

Segundo a WHO (1999), ruídos com intensidade sonora de até 50 dB não provocam desconforto

acústico e, ruídos com intensidade sonora entre 50 e 70 dB são aceitáveis, no entanto o desconforto

acústico é iniciado.

A poluição sonora provocada, principalmente, pelo ruído de tráfego está relacionada como um dos

problemas de saúde ambiental mais frequente no continente europeu. Estatisticamente, uma em cada

três pessoas é perturbada pelo ruído de tráfego durante o dia e, à noite, uma em cada cinco pessoas

sofre de distúrbios de sono (WHO, 2012).

Page 3: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

2. OBJETIVO

Quantificar os níveis de ruídos externos nas vias de entorno ao campus da Universidade do Vale do

Rio dos Sinos (Unisinos) e analisá-los.

3. JUSTIFICATIVA

No Brasil, desde 2013, quando a ABNT NBR 15575 Edificações Habitacionais – Desempenho, entrou

em vigor, condições mínimas de desempenho acústico para unidades habitacionais foram

estabelecidas. Estas condições foram estabelecidas visando atender as exigências dos usuários.

A norma brasileira regulamentadora estipula critérios para atenuar ruídos provenientes de impactos em

lajes de entrepisos e para isolação sonora ao som aéreo em fachadas e coberturas. A mesma norma

considera ainda, a necessidade de tratamento acústico em paredes de geminação que separam unidades

autônomas e nas paredes divisórias entre áreas de uso privativo e áreas de uso comum em edificações

multifamiliares. No entanto, a NBR 15575 não fixa critérios de conforto acústico e nem a forma de

quantificar os níveis de ruídos externos a edificação (CBIC, 2013).

Como visto na introdução, a NBR 10151 fixa condições para avaliação e reconhecimento do ruído em

áreas externas. Aliado a norma, o mapeamento sonoro de centros urbanos pode ser utilizado como

importante ferramenta de planejamento urbano, estudos de impacto ambiental, identificação e

quantificação da população exposta a elevados níveis de ruídos, assim como permitir uma precisa

especificação de sistemas construtivos para os níveis de ruído em que as edificações estarão inseridas.

Neste contexto, o presente trabalho justifica-se no reconhecimento e quantificação de níveis de ruídos

em áreas externas. Relevante, não somente para o campus da Universidade Unisinos, nos centros

urbanos, cada vez mais a população sofre devido aos efeitos dos elevados níveis de ruídos,

principalmente de tráfego viário, degradando o meio ambiente e as condições de vida da população.

4. MÉTODO

As medições foram realizadas nas vias que delimitam o entorno do campus da Universidade do Vale

do Rio dos Sinos. Foram selecionados doze pontos distintos e, distribuídos nas delimitações do

campus Figura 1.

Page 4: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Figura 1: Pontos de medição

Fonte: Adaptado pelo autor

Os procedimentos de medição dos níveis de pressão sonora equivalente (LAeq), foram realizados nos

doze pontos, segundo os procedimentos prescritos pela norma ABNT NBR 10151, através dos quais é

possível fixar condições para avaliação da aceitabilidade do ruído externo em comunidades. A mesma

norma considera pertinentes as seguintes definições:

Nível de pressão sonora equivalente (LAeq) em decibéis ponderados em “A” [dB (A)]: Nível obtido a

partir do valor médio quadrático da pressão sonora (com ponderação em A) referente a todo o

intervalo de medição, Equação (1);

(1)

Onde:

Li é o nível de pressão sonora, em dB(A), lido em resposta rápida (fast) a cada 5 s, durante o tempo de

medição do ruído;

n é o número total de leituras.

Ruído de caráter impulsivo: Ruído que contém impulsos, que são picos de energia acústica com

duração menor do que 1 s e que se repetem a intervalos maiores que 1 s (por exemplo, martelagens,

bate-estacas, tiros e explosões);

Ruído com componentes tonais: Ruídos que contém tons puros, como o som de apitos ou zumbidos;

Nível de ruído ambiente (Lra): Nível de pressão sonora equivalente ponderado em “A”, no local e

horário considerados, na ausência do ruído gerado pela fonte sonora em questão.

As medições foram realizadas no dia 09/06/2015, com duração de 15 minutos cada, no intervalo das

10:00 às 16:00 horas. A escolha deste horário teve como objetivo cobrir o fluxo de veículos na

Avenida Unisinos ao término do período de aulas do turno da manhã. A norma brasileira não

especifica um tempo mínimo de duração das medições, somente especifica que a duração da medição

deve ser suficiente para descrever os eventos de som sob investigação.

Page 5: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Além das medições de níveis de pressão sonora, foram coletados dados referentes ao tipo e volume de

tráfego, também com duração de 15 minutos. Para cada ponto de medição, caracterizou-se o fluxo de

veículos em veículos pesados, veículos leves e motocicletas.

As medições foram realizadas de forma contínua, sem a necessidade de correções, devido à

inexistência de ruídos de caráter impulsivo ou ruídos com componentes tonais. Nos doze pontos de

medição, o analisador sonoro esteve afastado, aproximadamente, 1,20 m do solo e pelo menos 2,0 m

de qualquer superfície refletora, Figura 2.

Figura 2: Medidor do nível de pressão sonora

Fonte: Autor

As medições foram realizadas com temperaturas variando entre 22,3°C a 30,8°C e umidade relativa

variando entre 84,7% a 55,7%.

O ambiente sonoro do campus mescla situações típicas de uma universidade e, situações de níveis de

ruídos tipicamente urbanos. As Figuras 3 e 4 mostram o equipamento posicionado para medição na

Avenida Unisinos e na via interna do campus, respectivamente.

Figura 3: Medição na Avenida Unisinos

Fonte: Autor

Page 6: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Figura 4: Medição na via interna

Fonte: Autor

5. RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta os dados característicos a cada ponto de medição como: data e hora, umidade

relativa, temperatura, a quantidade discriminada e total de veículos e o nível de pressão sonora

equivalente.

Dados Veículos LAeq

dB(A) Ponto Data Hora Umidade Temperatura Pesados Leves Motocicletas Total

1 09/06/2015 10:10 84,7% 22,3°C 2 33 4 38 62

2 09/06/2015 10:30 79,5% 22,9°C 21 148 9 177 70

3 09/06/2015 10:50 75,7% 25,1°C 27 151 11 188 71

4 09/06/2015 11:13 66,2% 28,8°C 33 164 15 212 69

5 09/06/2015 11:36 62,0% 29,8°C 45 213 30 288 73

6 09/06/2015 12:00 58,4% 30,8°C 11 256 19 285 69

7 09/06/2015 16:10 56,5% 29,3°C 2 36 2 40 62

8 09/06/2015 15:30 55,7% 29,9°C 1 31 6 38 60

9 09/06/2015 14:40 56,8% 29,1°C 4 47 7 58 59

10 09/06/2015 14:15 59,5% 28,6°C 3 47 7 57 63

11 09/06/2015 15:40 58,7% 29,6°C 0 0 0 0 53

12 09/06/2015 13:55 60,2% 28,9°C 7 94 3 104 63

Tabela 1: Resultados das medições

Fonte: Autor

A Figura 5 apresenta os resultados do levantamento do tráfego na Avenida Unisinos e nas vias internas

ao campus. O fluxo de veículos foi dividido em pesados, leves e motocicletas. A velocidade máxima

permitida na Avenida Unisinos é de 60 Km/h, no entanto, nos pontos 4 e 5, a velocidade máxima é

Page 7: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

limitada eletronicamente em 50 Km/h. A velocidade máxima permitida dentro do campus é de 40

Km/h.

Figura 5: Composição do tráfego viário

Fonte: Autor

6. DISCUSÃO DOS RESULTADOS

No Brasil, a NBR 10151:2003 define Níveis de critério de avaliação (NCA) para o período diurno e

noturno, de acordo com o tipo de utilização da área em questão. O NCA pode ser substituído pelo

LAeq, desde que não hajam ruídos de caráter impulsivo ou tonais durante o período de medição. Os

Níveis de critério de avaliação são apresentados na Tabela 2.

Tipos de área Diurno (7h - 21h) Noturno (22h - 7h)

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área estritamente residencial urbana, ou de hospitais

ou escolas 50 45

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Tabela 2: Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos dB(A)

Fonte: Adaptado de NBR 10151:2003

Uma análise das Figuras 6 e 7 permite perceber a distribuição da intensidade sonora no entorno do

Campus.

0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ve

ícu

los

Ponto de medição

Pesados

Leves

Motocicletas

Page 8: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Figura 5: Níveis de pressão sonora equivalente

Fonte: Autor

Figura 6: Distribuição dos níveis de pressão sonora equivalente

Fonte: Autor

Verifica-se uma variação de 20 dB entre o menor e o maior nível de pressão sonora detectado. Uma

avaliação direta a NBR 10151:2003, mostra que nenhum dos pontos enquadra-se em seus limites para

Page 9: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

áreas escolares. Com 53 dB, o ponto 11 apresentou o menor nível de intensidade sonora. Já o ponto

5, com 73 dB, apresentou o maior nível de intensidade sonora.

Com LAeq variando entre 60 e 65 dB, os pontos 1, 7, 8, 10 e 12 são caracterizados pelo fluxo

predominante de veículos leves. Mesmo com limite de velocidade inferior aos demais, o ponto 8,

localizado próximo a biblioteca do Campus, também não enquadrou-se aos limites da NBR

10151:2003.

Com LAeq de 59 dB, o ponto 9 apresentou o menor nível de intensidade sonora nas vias internas ao

Campus. Isto provavelmente ocorre devido à existência de redutores de velocidade do tipo tachões.

Sem fluxo de veículos e com LAeq de 53 dB, o ponto 11 foi caracterizado apenas pela conversa de

pessoas, fluxo de pedestres e movimentação de vegetação através do vento. Com LAeq variando entre

70 e 75 dB, os pontos 2, 3 e 5 apresentaram os maiores níveis de intensidade sonora dentre as

medições. Os pontos 2 e 3 são caracterizados pelo fluxo predominante de veículos leves, seguidos por

veículos pesados e, pela aceleração em aclive e desaceleração em declive dos mesmos, devido a

existência de semáforo. O ponto 5 também é caracterizado pela aceleração de veículos que acontece

logo após a passagem dos mesmos por redutor eletrônico de velocidade.

Com LAeq variando entre 65 e 70 dB, os pontos 4 e 6 apresentam níveis inferiores aos demais pontos

localizados na Avenida Unisinos. Diferentemente do ponto 5, que ocorre a aceleração de veículos, no

ponto 4, o ruído da desaceleração de veículos leves e o freio motor de veículos pesados caracterizou as

fontes geradoras de ruídos. O ponto 6 apresentou o maior fluxo de veículos. Com predominância de

veículos leves, o ruído também se caracterizou pela aceleração e desaceleração de veículos, provocada

pela existência de semáforo.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo com um número reduzido de pontos, as medições realizadas no Campus da Universidade

Unisinos permitem inferir quanto ao tipo predominante de fontes geradoras de ruídos e os pontos de

maior incidência das mesmas.

As principais fontes geradoras de ruído são provenientes do tráfego de veículos. Na Avenida Unisinos

e nas vias internas, há a predominância de fluxo de veículos leves, no entanto, os veículos pesados,

principalmente carregados, sobressaem-se perante aos veículos leves em regiões de aclive, descritos

nos pontos 2 e 3. Percebe-se também uma importante contribuição de veículos leves com sistemas de

escapamentos desregulados.

Através de uma análise direta à norma brasileira NBR 10151:2003, pode-se constatar que nenhum dos

pontos medidos atende aos níveis de pressão sonora estabelecidos para áreas externas. Tratando-se de

uma instituição de ensino, os valores estabelecidos deveriam enquadrar-se em “Área estritamente

residencial urbana ou de hospitais ou de escolas”, com níveis de 50 dB para o período diurno e 45 dB

para o período noturno.

Através das medições também foi possível verificar a interferência de dispositivos limitadores de

velocidade nos níveis e na forma de geração dos ruídos. Na Avenida Unisinos, há a presença de

limitadores eletrônicos de velocidade e semáforos. O ruído caracteriza-se principalmente pela

desaceleração de veículos leves, freio motor de veículos pesados e fortes acelerações após a passagem

dos limitadores e também após a abertura de semáforos.

Observando-se o campus da Unisinos, pode-se perceber que as maiores fontes geradoras de ruído

estão presentes na Avenida Unisinos. Mesmo contendo dispositivos limitadores de velocidade, os

níveis de ruídos detectados para alguns pontos não se enquadram em nenhum dos ambientes externos

descritos pela NBR 10151:2003.

Page 10: Níveis de pressão sonora equivalente no entorno do campus ...veis de pressão sonora... · ABNT NBR 10151:2003 Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando ao

Obviamente, um estudo com um maior número de pontos amostrados ou até mesmo uma simulação de

ruído ambiental, permitiriam inferências mais precisas com análises nas proximidades das edificações

e salas de aulas. Informações mais detalhadas permitem melhores intervenções, seja com barreiras

acústicas ou com a melhora do desempenho dos sistemas de vedações verticais do campus.

8. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10151 – Acústica - Avaliação do

ruído em áreas habitadas, visando ao conforto da comunidade – Procedimento: Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: Edifícios habitacionais –

Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

CAI, M.; ZOU, J.; XIE, J.; MA, X. Road traffic noise mapping in Guangzhou using GIS and GPS. Applied

Acoustics, Volume 87, January 2015, Pages 94-102

CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONTRUÇÃO (CBIC) Desempenho de Edificações

Habitacionais – Guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575:2013. Brasília, 2013.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Capitulo VI – Do Meio Ambiente. Artigo

225, 1988.

EUROPEAN UNION. DIRECTIVE 2002/49/EC. Relating to the Assessment and Management of

Environmental Noise. Official Journal of the European Communities. 2002. N. L 189.

JARDIM, A. C.; SANTOS, R. R.; RUSSO, L.; FACTORE, O. T.; FRANCO, F. C.; RODRIGUES, A.G. Estudo

prévio de impacto de vizinhança (EVI) durante a construção e instalação da Faculdade de tecnologia de

Jaboticabal Nilo De Stéfani. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v.6, p. 105-109, 2014. Suplemento.

KLUIJVER, DE H.; STOTER, J. Noise mapping and GIS: optimizing quality and efficiency of noise effect

studies. Computers, Environment and Urban Systems, Volume 27, Issue 1, January 2003, Pages 85-102.

MARTÍN, M. A.; TARRERO, A.; GONZÁLEZ, J.; MACHIMBARRENA, M. Exposure–effect relationships

between road traffic noise annoyance and noise cost valuations in Valladolid, Spain. Applied Acoustics, Volume

67, Issue 10, October 2006, Pages 945-958.

MENDONÇA, A. B. D.; SURIANO, M. T.; SOUZA, L. C. LUCAS de.; VIVIANI, E. Classes de quadras

urbanas determinadas pelos níveis de ruídos. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 5, n. 2, p. 63-77,

2013.

PROTI, L.; DUTRA, P.; ALVIM, N.; DAMASCENO, H.; VIANA, F.; CAMPOS, A. Inventário da poluição

sonora no entorno do campus da Universidade FUMEC. Construindo, Belo Horizonte, v.3, n.2, p.37-44, jul./dez.

2011.

SURIANO, M. T.; SOUZA, L. C. L de.; SILVA, A. N. R da. Ferramenta de apoio à decisão para o controle da

poluição sonora urbana. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 20, n. 7, p. 2201-2210, jul. 2015.

SURIANO, M. T.; SOUZA, L. C. L. Comparação de métodos de previsão de ruído urbano. 15° ENCONTRO

DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ACÚSTICA, 2014, Campinas, Brasil.. Anais... 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guidelines to Community Noise, Geneva, 1999.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Methodological guidance for estimating the burden of disease

from environmental noise. Copenhagen, 2012.