nísia floresta: "a lágrima de um caeté"

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1 Poema "A lágrima de um Caeté" (1849) Nísia Floresta (1810 - 1885) Avant - Propos O infeliz Caeté, apesar de ter chegado a esta corte no mês de Fevereiro logo depois da revolta dos Rebeldes em Pernambuco, é somente agora que lhe permitiram aparecer, e isto depois de o terem feito passar por mil torturas inquisitoriais! ... Graças à benfazeja mão, que o fez renascer, qual Fênix, das cinzas a que o haviam ou queriam reduzir! Lá quando no Ocidente o sol havia Seus raios mergulhado, e a noite triste Denso ebânico véu já começava Vagarosa a estender por sobre a terra; Pelas margens do fresco Beberibe, Em seus mais melancólicos lugares, Azados para a dor de quem se apraz Sobre a dor meditar que a Pátria enluta! Vagava solitário um vulto de homem, De quando em quando ao céu levando os olhos Sobre a terra depois tristes os volvendo… Ilustração acima sobre Nísia Floresta feita por Danieluiz 2014

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Page 1: Nísia Floresta: "A lágrima de um Caeté"

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Poema "A lágrima de um Caeté" (1849)

Nísia Floresta (1810 - 1885)

Avant - Propos

O infeliz Caeté, apesar de ter chegado a esta corte no mês de Fevereiro logo

depois da revolta dos Rebeldes em Pernambuco, é somente agora que lhe

permitiram aparecer, e isto depois de o terem feito passar por mil torturas

inquisitoriais! ... Graças à benfazeja mão, que o fez renascer, qual Fênix, das

cinzas a que o haviam ou queriam reduzir!

Lá quando no Ocidente o sol havia

Seus raios mergulhado, e a noite triste

Denso ebânico véu já começava

Vagarosa a estender por sobre a terra;

Pelas margens do fresco Beberibe,

Em seus mais melancólicos lugares,

Azados para a dor de quem se apraz

Sobre a dor meditar que a Pátria enluta!

Vagava solitário um vulto de homem,

De quando em quando ao céu levando os olhos

Sobre a terra depois tristes os volvendo…

Ilustração acima sobre Nísia Floresta feita por Danieluiz 2014

Page 2: Nísia Floresta: "A lágrima de um Caeté"

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Vamos fazer uma visita a um endereço eletrônico (site) que

apresenta um breve resumo da vida da escritora?

Mas ANTES de vocês acessarem o link abaixo , eu ainda vou contar,

como um raspsodo contava numa rapsódia, um pouco do que nos

espera nesta aventura do índio Caeté ...

www.memoriaviva.com.br/nisiafloresta

Agora estamos prontos para continuar a leitura do poema longo?

Sim Não Talvez

Vamos refletir um pouco antes de começarmos nossa aventura ao ler um poema longo?

"Toda primeira leitura de um clássico é na realidade

uma releitura." Ítalo Calvino

Mas eu ainda não sei o que as palavras "rapsódia" e

"clássico" significam? Anote aí...

Rapsódia

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____________________________________________

Clássico

__________________________________________________

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Page 3: Nísia Floresta: "A lágrima de um Caeté"

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Para você, Herói e Heroína são personagens que:

OPÇÃO 01: Vencem sempre.

OPÇÃO 02: Perdem sempre.

OPÇÃO 03: Algumas vezes perdem.

Para você, Herói e Heroína são personagens que:

OPÇÃO 01: Nunca fogem.

OPÇÃO 02: Às vezes fogem.

OPÇÃO 03: Sempre fogem.

Vamos conhecer de perto o herói Caeté poetizado por Nísia Floresta?

Era da natureza o filho altivo,

Tão simples como ela, nela achando

Toda a sua riqueza, o seu bem todo…

O bravo, o destemido, o grão selvagem,

O Brasileiro era… - era um Caeté!

Era um Caeté, que vagava

Na terra que Deus lhe deu,

Onde Pátria, esposa e filhos

Ele embalde defendeu!...

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É este… pensava ele,

O meu rio mais querido;

Aqui tenho às margens suas

Doces prazeres fruído…

Aqui, mais tarde trazendo

Na alma triste, acerba dor,

Vim chorar as praias minhas

Na posse de usurpador!

Que de invadi-las

Não satisfeito,

Vinha nas matas

Ferir-me o peito!

Ferros nos trouxe,

Fogo, trovões,

E de cristãos

Os corações

E sobre nós

Tudo lançou!

De nossa terra

Nos despojou!

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Tudo roubou-nos,

Esse tirano,

Que o povo diz-se

Livre e humano!

Filho se diz

De Deus Potente

De quem profana

A obra ingente!

(Fragmentos de "A lágrima de um Caeté",

pela primeira vez publicado em 1849,

por Nísia Floresta, assinado com o pseudônimo de Telesila)

Você Gostou?

Você conhece uma palavra que seja um sinônimo para a

palavra "pseudônimo"?

Você já ouviu falar na heroína grega chamada Telesila?

Você sabe o que significa uma

nota de rodapé?

Vamos colocar notas de rodapé, em ordem numérica, nas palavras difíceis de entender o

sentido? Por exemplo, essa última palavra "ingente" será que eu entendi o significado, o

sentido que ela traz naqueles versos ?

A palavra "ingente" será nossa última nota de rodapé?

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Já debatemos sobre herói e heroína?

Já discutimos sobre "notas de rodapé" e "sentido"?

Adivinhe o que poderemos fazer agora?

Aprender a verdadeira diferença entre versos e estrofes?

Para quê? "Para que", você me pergunta?

Eu, então, vos respondo: vamos escolher um verso apenas dentro de uma estrofe e compormos um desenho caricatural, ou seja, semelhantes às charges que apresentamos com a ilustração de Danieluiz sobre a escritora poliglota Nísia Floresta.

Como é? Você acha que um verso só é pouco para fazer um desenho de

um herói indígena, um Caeté? Responda:

Então, busque mais de um verso ou mais de uma estrofe, entretanto, anote quais

foram os versos ou as estrofes que você usou

(ou mais usou)

para realizar seu desenho interpretativo.

Seu desenho será em branco e preto ou será uma charge colorida?

Estou pensando em fazer...

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Antes de fazer esse desenho, eu sugiro que possamos ir nós todos assistir a um vídeo especial sobre a Nísia Floresta?

Uma turma do Ensino Fundamental, uma atriz, uma diretora e uma pesquisadora podem nos ajudar?

Vamos ver?

Sim, vai ter teatro, música de rap, histórias de brasileiras e brasileiros. Enfim, há de ser inspirador!

www.youtube.com/watch?v=-fqz5fsFssE

-----------------Recortar ------------------------------------

Será que você conseguiria SOMENTE acompanhar a leitura completa de um poema longo, de 712 versos, chamado "A lágrima de um Caeté"?

Sim ( ) Não ( ) Talvez ( )

Será que você conseguiria LER EM VOZ ALTA (recitar) o poema "A lágrima de um Caeté" NA AULA?

Sim, mas em grupo ( )

Sim, mas só ( )

Não, nem em grupo ( )

Gostaria de saber mais sobre a poesia brasileira?

Não, nem um pouco ( )

Talvez, só um pouco ( )

Sim, eu curti ( )

O eu lírico narrador é aquele que

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Vamos avaliar AGORA se esta nossa aventura de ler um poema longo vai

dar certo? Vamos saber se ela FUNCIONA mesmo de verdade ?

"A escrita é, assim, um dos mais poderosos instrumentos de libertação

das limitações físicas do ser humano." Rildo Cosson

IMPORTANTE:

VAMOS CURTIR as estrofes retiradas do poema longo "A lágrima de um

Caeté" (1849) ? MAS ANTES DISSO, OBSERVE A ARTE:

ESCREVA o que você achou da ilustração acima de Danieluiz, encomendada para esta

apostila, realizada em homenagem à escritora e ao seu poema longo? Adivinhe você qual

livro ela segura e ostenta com orgulho nessa imagem. Você curtiu a arte acima?

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FRAGMENTOS DO POEMA LONGO:

Em eterno desprezo eis-te esquecido,

Como estão tantos outros teus iguais!

Que perdendo na Pátria os seus costumes,

As vantagens não gozam desses homens,

A quem sacrificaram Pátria, honra!...

Indígenas do Brasil, o que sois vós?

Selvagens? os seus bens já não gozais…

Civilizados? não… vossos tiranos

Cuidosos vos conservam bem distantes

Dessas armas com que ferido tem-vos

De sua ilustração, pobre Caboclos!

Nenhum grau possuís!... Perdeste tudo,

Exceto de covarde o nome infame…

Dos Caetés os manes vingados estão!

Desse Camarão, também renegado,

Que bravo guerreiro a Fama apregoa, O título de nobre lá jaz desprezado!

( "A lágrima de um Caeté", de Nísia Floresta, página 39 )

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PERGUNTAS:

Você consegue lembrar qual das três estrofes foi recitada em uma cena do vídeo a que assistimos sobre a Nísia Floresta? Tente descrever, com suas palavras, qual foi a estrofe e como foi a cena do vídeo em que ela apareceu.

Você lembra o que é um eu lírico narrador?

Será que poderíamos responder a pergunta do eu-lírico narrador nos versos : "Indígenas do Brasil, o que sois vós?"

Mesmo sendo sim ou não a sua resposta, procure explicá-la com frases e ideias que façam sentido.

Você agora entendeu o que é uma nota de rodapé? Ela é importante para entendermos alguns textos de um modo melhor? Caberia alguma nota de rodapé nas três estrofes acima? De quais palavras buscaremos sinônimo(s) no dicionário para facilitar nossa aventura de entender o que lemos?

Na sua opinião o índio Caeté foi um herói? E os indígenas brasileiros, de um modo geral, podem ser por você, considerados heróis e heroínas?

Tente explicar com duas frases, no mínimo, a sua resposta.

As três estrofes acima não apresentam rimas nos finais dos versos de um modo constante. Em outras palavras, encontramos poucas rimas como, por exemplo, a palavra

"renegado" que rima com a palavra "desprezado", na terceira estrofe. Você percebeu que nem todo poema precisa ter rima para ser considerado um poema.

Qual é a sua opinião sobre esse fato? Poema sem rima é possível? Impossível? Tente explicar a sua ideia sobre isso.

Page 11: Nísia Floresta: "A lágrima de um Caeté"

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BIBLIOGRAFIA

CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Trad. Nilson Moulin. 1a ed. 2a reimp. . Rio de Janeiro:

Companhia das letras, 1999.

COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. 2a ed. , 1a reimp. - São Paulo: Contexto,

2011.

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: vida e obra. Natal: Editora universitária (UFRN), 1995.

FLORESTA, Nísia. A lágrima de um Caeté. Ed. atualizada com Notas e Estudo Crítico de Constância Lima Duarte para a 4a edição. Natal: Fundação José Augusto, 1997.

GOMES, Carlos Magno. Ensino de literatura: dos estudos de gênero à historiografia. In:

Revista Brasileira de Literatura Comparada - v. 1, n. 22 - Rio de Janeiro: Abralic, 2013.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. Cultrix, São Paulo, 1974.

RAMALHO, Christina. Elas escrevem o épico. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2005.

RAMALHO, Christina. Vozes épicas: história e mito segundo as mulheres. Rio de Janeiro:

UFRJ, 2004. Tese de Doutorado.

RAMALHO, Christina. Poemas épicos: estratégias de leitura. Rio de Janeiro: Uapê, 2013.

ROMERO, Sílvio. Literatura, história e crítica. Luiz Antônio Barreto (org.). Rio de Janeiro: Imago Ed.; Aracaju - Se: Universidade Federal de Sergipe, 2002.

SILVA, Anazildo Vasconcelos. Semiotização literária do discurso. Rio de Janeiro: Elo, 1984.

SILVA, Anazildo Vasconcelos; Ramalho, Christina. História da Epopéia Brasileira: teoria,

crítica e percurso. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

www.projetomemoria.art.br/NisiaFloresta/pro.html

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS – PROFLETRAS

UFS / ITABAIANA

DISCIPLINA: Literatura e Ensino

PROFESSOR: Dr. Carlos Magno Gomes

PROPOSTA PEDAGÓGICA PLANEJADA PARA O 9o ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Mestrando: Waldemar Valença Pereira

DATA: 11-09-2014