new volta, tÁs perdoado! · 2020. 3. 19. · volta, tÁs perdoado! n.o 3 o meu nome e’ fiasco....

VOLTA, TÁS PERDOADO!

N.o 3

O meu nome e’ Fiasco. Timmy Fiasco. Se tu és uma das três pessoas no universo que nunca ouviu falar de mim, então presta atenção: este é o livro mais grandioso que alguma vez lerás na tua vida. Se fosse eu, não perderia nem mais um segundo para começar a lê-lo! Queres saber de que trata o livro?Da caminhada vitoriosa da minha Agência de Detetives rumo ao domínio global, e de todos aqueles que me querem impedir de atingir a grandiosidade a que estou destinado.Bora lá!Segue-me!

Se queres saber qual dos meus livros é mais grandioso, tens de os ler

todos!

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Vê o vídeo de apresentação deste livro.

Literatura Juvenil

I S B N 9 7 8 - 9 8 9 - 7 0 7 - 3 2 2 - 9

8+9 789897 073229

ISBN 978-989-707-322-9


N.o 3

Timmy_Fiasco_3 dp_CAPA.indd 1 13/3/15 16:35

Timmy_Fiasco_3 dp MIOLO 4aP.indd 5 13/3/15 16:40

Não há nada que meta mais medo do que aquilo que

não conseguimos ver.

Como, por exemplo, o Chihuahua Estrambólico.

O Chihuahua Estrambólico é um chihuahua

gigantesco de quatro toneladas que vive no cimo de

um bosque de sequoias.

Um prólogo que me deixa entalado entre um cão e uma carantonha

e vos deixa a pensar qual deles vou escolher


Ali, escondido pelo nevoeiro, ele fica à espera de

crianças.

E, assim que ouve alguma, salta de cima das

árvores e voa até ao chão, planando com as suas

grandes orelhas de chihuahua.

Acho que

deve ser mais ou menos assim


E engole a criança inteirinha.

Aliás, foi assim que ele ficou tão grande.

Mas o Chihuahua Estrambólico não se limita a

comer qualquer criança.

Glup

ANTES DE COMER

CRIANCINHAS

DEPOIS DE COMER

CRIANCINHAS


Primeiro, a criança tem de estar acampada no

Parque Monkeychuck, um aglomerado de cabanas

a cair de velhas à beira do bosque.

E é por isso que os vigias do parque fazem este

aviso a todos os novos visitantes:

E foi por isso que eu fui parar ao bosque de

sequoias.

NUNCA se metam no bosque

de sequoias.

TIMMY FIASCO CACHECOL

CARATERÍSTICO BOSQUE DE SEQUOIAS


E estava ali porque sou um detetive internacio‑

nalmente aclamado.

E as regras não se aplicam a pessoas como eu.

De maneira que fui dar uma volta.

E enchi ‑me de coragem.

Mas as sequoias crescem muito depressa. E não

tardou a que as árvores desatassem a brotar à minha

volta. E o caminho por onde eu seguia ficou cheio

de sequoias gigantes que dantes não estavam lá.

E por isso sentei ‑me no chão da floresta.

E fiquei a ver a neblina do mar a envolver as

árvores.

Isto não estava aqui


E ouvi, por cima do nevoeiro cerrado, um som

muito ténue.

«Ão, ão, ão, ão.»

Era o Chihuahua Estrambólico a ladrar.

Mas a iminência da morte ajudou ‑me a aclarar

as ideias.

E por isso lembrei ‑me do que um outro campista

me havia contado. Sobre a única hipótese que eu

tinha de escapar ao Chihuahua Estrambólico.

Era uma alternativa tão repugnante, tão odiosa,

que ele nem sequer a quis dizer em voz alta.

De maneira que se limitou a escrever.

E é aqui que sou obrigado a contar ‑vos que nesse

dia eu não era a única pessoa embrenhada no

bosque.

TENS DE BEIJAR

OUTRO CAMPISTA

NA BOCA!


Havia mais alguém.


15

Roomba livre1

Alguns detetives andam de carro.

Outros apanham táxis.

CARRO

TÁXI


16

E outros sentam ‑se no Roomba da mãe.

O Roomba é um aspirador ‑robot que passeia

sozinho pela alcatifa da minha mãe, seguindo um

percurso que ainda não consegui decifrar.

Por causa disso, estou sempre a chocar contra

o meu urso ‑polar.

ROOMBA


17

Se acabaram de ficar especados a perguntar:

Espera aí, qual urso ‑polar? E quem era aquela miúda

do último capítulo?, então devem ser uma das três

ou quatro pessoas no mundo que ainda não leram

os outros volumes das minhas memórias.

Portanto, deixem ‑me lá resumir a coisa:

O meu nome é Fiasco. Timmy Fiasco.

Sou o fundador, presidente e administrador da

agência de detetives com o meu nome, a Fiasco Total,

Lda.

E já desvendei quase todos os crimes que foram

cometidos no mundo.

Cá estou eu, outra vez!


18

Só digo «quase» e não «todos» porque o mundo

tem sete mil milhões de pessoas e eu não posso estar

em todo o lado ao mesmo tempo.

Por muito que me esforce.

O que pode ser difícil, quando estou em cima de

um Roomba a chocar contra o cadeirão da sala.

É claro que o Roomba não daria nunca tantos

problemas se o tivessem programado como deve

ser. Mas isso era trabalho para o ao meu sócio, o

Total.


19

Deixem‑me dar‑vos um conselho, se alguma vez

se sentirem tentados a contratar um urso ‑polar

chamado Total, e se alguma vez quiserem fazê ‑lo

sócio da vossa agência de detetives, e se se lembra‑

rem de mudar o nome da agência de «Fiasco, Lda.»

para «Fiasco Total, Lda.» por causa dele, é melhor

terem isto em consideração:

O meu sócio, Total

(também conhecido como o

urso ‑polar)


20

Os ursos ‑polares dormem vinte horas por dia.

E não vale a pena queixarem ‑se.

Porque, se o fizerem, o urso vai dizer que chegou

a altura de hibernar e passará os três meses seguin‑

tes a dormir.

Eu até vos contava mais coisas sobre o urso.

Mas não posso.

Urso a hibernar JULHO

JUNHO

MAIO


21

Porque entretanto o Roomba resolveu dirigir ‑se

para a porta da frente.


Escola a‘ moda antiga2

Eu vivo com a minha mãe no prédio de apartamentos

mais alto da cidade.

Um prédio tão gigantesco que tem o seu próprio

elevador.

E por isso saí porta fora no Roomba e fui até ao

elevador, onde o porteiro do prédio segurava a porta.

— Bom dia, Timmy.

— Olá, porteiro Dave — respondi eu.


23

— Vais para a escola? — perguntou ele.

— Hoje é sábado — respondi.

— Pois — disse ele. — Então deves estar ocupado

com alguma missão de espião internacional.

— Eu sou detetive, porteiro Dave. Nós investi‑

gamos crimes.

— Não consigo lembrar ‑me de tudo — des‑

culpou‑se.

O Roomba rodopiou sobre si própria e voltou a

dirigir ‑se para a porta do meu apartamento.

— Então, adeus — disse eu.

— Pensei que quisesses usar o elevador — disse

ele.

— A vontade do Roomba é soberana — respondi.


24

Ouvi o elevador a fechar ‑se atrás de mim e a

minha mãe apareceu à porta de casa.

— Tenho boas notícias — disse ela.

Eu e a minha mãe temos sempre noções comple‑

tamente diferentes do que são boas notícias.

— A tua antiga escola resolveu deixar ‑te voltar

— disse ela.

— Isso é uma notícia horrível — respondi.

Ela voltou a entrar no apartamento e sentou ‑se

à mesa da sala de jantar. Eu segui ‑a no meu Roomba.

— Quem é que te disse isso? — perguntei.

— Acabei de falar ao telefone com o diretor

Scrimshaw — disse ela, olhando para mim. — E, por

favor, sai de cima do aspirador.


25

— Sempre gostava de saber como é que uma

escola é capaz de expulsar um aluno e depois de

repente aceitá ‑lo de volta — disse eu. — Que falta de

princípios.

— Timmy, tu tens de ir à escola.

— As pessoas normais é que têm de ir à escola.

Eu sou o Timmy Fiasco.

E com isto o Roomba arrastou o grande Timmy

Fiasco para debaixo da mesa da sala, onde ele chocou

com as cadeiras.

— Timmy, sai imediatamente daí!

Desmontei o Roomba e saí de debaixo da mesa

a gatinhar.

— Timmy, tens muita sorte porque a escola desis‑

tiu da suspensão — disse ela, desligando o Roomba

AU


26

e apanhando a cadeira tombada. — Tu atiraste um

toco de árvore à janela do diretor!

— Caí — defendi ‑me.

— Não interessa, partiste a janela.

— De que lado é que tu estás? — perguntei.

— Do lado de não te querer ver expulso. E na

segunda ‑feira voltas à escola.

— Na segunda ‑feira? — perguntei. — Isso não

me dá jeito nenhum.

— Dá muitíssimo jeito — disse ela. — Porque eu

também tenho de ir trabalhar.

É verdade. Saiu a sorte grande à minha mãe.

Arranjou emprego como secretária jurídica

num escritório de advogados.

Não sei muito bem o que isso seja, mas, se o

secretário da Defesa é responsável por todas as ques‑

tões de defesa do país, calculo que a minha mãe seja

responsável por todos os assuntos jurídicos do país.

PILIM


27

E o poder subiu ‑lhe à cabeça.

— E quero inscrever ‑te num desporto qualquer,

Timmy. Precisas de fazer exercício. Mexer ‑te mais

um bocado.

Apontei de imediato para o Roomba.

— Isso não conta — disse ela.


28

A‘ boleia pela escola3

O meu regresso à escola não foi acompanhado por

uma banda a tocar e por confetes, como eu

esperava.

Em vez disso, tive de enfrentar a figura sinistra

do diretor, Alexander Scrimshaw. E o gabinete dele

é um dos sítios menos festivos que existem no

universo.

BANDA A TOCAR

CONFETES


29

— Bom dia, Timmy — disse o diretor.

— Ora, cá estamos nós outra vez — respondi.

O Scrimshaw apertou muito os lábios e ajeitou

os papéis que tinha na secretária.

— Timmy, a escola tem muito gosto em receber‑

‑te de volta, mas, como já expliquei à tua mãe, temos

algumas condições.

— É claro — concordei logo.

A minha cooperação apanhou‑o completamente

desprevenido.

— Hum, muito bem — disse ele.

— Eu também tenho as minhas condições —

continuei, mostrando ‑lhe um documento preparado

de antemão pelo meu advogado.


30

O Scrimshaw esfregou os olhos e cruzou os

braços.

— Timmy, a escola vai aceitar ‑te à experiência.

Por enquanto, ficas com o castigo suspenso. — disse

o Scrimshaw.

Não sei o que queria dizer com aquela con‑

versa, mas tenho a impressão de que não envolvia

confetes.

— Isso significa que a tua média tem de ficar

acima do 3. E significa também que tens de te por‑

tar bem. Portar ‑te mesmo bem. Porque caso

contrário…

O meu advogado


31

Espetou o polegar para cima e fez um gesto na

direção da porta.

— Vai à boleia para algum lado? — perguntei.

Os olhos dele estreitaram ‑se numa fenda peque‑

nina de pura maldade.

— Não, Timmy, tu é que vais. — Fez uma pausa,

como que à escuta do rufar dos tambores. — Vais

ser expulso para sempre.

Procurei uma réstia de humanidade naqueles

olhos pequeninos, mas não encontrei nada. É claro

que já estava à espera, sendo o detetive de faro apu‑

rado que sou.

Olhei para a folha com as noventa e cinco con‑

dições que mandei o meu advogado escrever, deter‑

minado a colá ‑la na porta do Scrimshaw.

O SCRIMSHAW À BOLEIA


32

Mas não foi possível.

Porque estava cheia de pegadas, rabiscos e

nódoas de gordura.

Voltei a olhar para o Scrimshaw.

— Desculpe, mas tenho de ir despedir um

urso ‑polar.


33

Cego pela luz4

Está um dia soalheiro.

E eu de pé, no meio do relvado.

A enfrentar a morte.

Que haveria de chegar sob a forma de uma

pequena esfera bem dura.

Que haveria de me atingir na cabeça.

E matar ‑me.


34

Chama ‑se a isso Liga Infantil de basebol. E é o

que acontece quando a nossa mãe pensa que preci‑

samos de fazer uma atividade ao ar livre.

Quando acha que precisamos de sol.

Mas as pessoas dão demasiada importância ao

sol.

Um detetive tem de trabalhar a coberto da noite,

e não sob a luz brutal do dia.

De maneira que tive de tapar os olhos puxando

o boné todo para cima da cara.


35

E desatei a correr em círculos.

— O que é que estás a fazer? — berrou do banco

o treinador Drillashick.

— Sou um alvo móvel — gritei. — Assim não me

conseguem acertar!

— Pausa! — gritou o treinador, levantando‑se do

banco e entrando no campo.

Por entre os buracos do boné, vi o meu treinador

a aproximar ‑se do lado direito do campo, onde eu

continuava a correr às voltas. Parou ao pé de mim

com as mãos nas ancas.

— Tim, para quieto!

Eu parei de correr.

— Como é que queres apanhar a bola com o boné

por cima dos olhos? — perguntou ele.


36

— Não quero. Não vejo nenhuma necessidade

de pôr em perigo o meu brilhante futuro como

detetive.

— É só uma bola, miúdo.

— Uma bala de canhão também é só uma bola.

— Uma bola de basebol não se parece minima‑

mente com uma bala de canhão.

— Errado. Foram as duas concebidas para

aleijar.

— Importam ‑se de acabar com isso, vocês os

dois? — gritou o árbitro atrás da base.

O meu treinador olhou para o árbitro e depois

para mim.

— Pronto, ouve lá. Se vires a grande bala mal‑

vada de canhão a vir na tua direção, levanta a grande

FORÇA


37

coisa de couro que tens na mão. É uma defesa anti‑

aérea contra balas de canhão.

Olhei para a coisa de couro que tinha na mão e

pensei como seria ineficaz contra uma bala de

canhão.

O treinador voltou a sentar ‑se no banco.

— Rezem para que eles não batam a bola para

o lado direito do campo — disse entredentes a um

dos pais.

— Pfff — respondeu o pai.

EuBala de canhão


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E o jogo continuou.

Ou pelo menos assim me pareceu.

Porque o sol encandeava ‑me e ofuscava tudo.

E, sem conseguir ver nada, comecei a pensar na

vida. E na razão que a minha mãe havia de ter para

querer acabar com a minha.

E ouvi um grande CRAQUE.

Porque alguém tinha acertado com um pau na

esfera mortal.

Aparentemente de propósito.

E a bola vinha direitinha a mim.

Pelo menos de acordo com o meu treinador.

— Tu consegues, miúdo! Tu consegues! Corre!

Apanha a bola!

E por isso eu corri o mais depressa possível para

a base.


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Mais concretamente, aquela na qual assenta a

minha cama.

— Onde é que tu VAIS?? — guinchou o meu

treinador.

Mas era tarde demais.

O detetive tinha conseguido escapar.



N.o 3

O meu nome e’ Fiasco. Timmy Fiasco. Se tu és uma das três pessoas no universo que nunca ouviu falar de mim, então presta atenção: este é o livro mais grandioso que alguma vez lerás na tua vida. Se fosse eu, não perderia nem mais um segundo para começar a lê-lo! Queres saber de que trata o livro?Da caminhada vitoriosa da minha Agência de Detetives rumo ao domínio global, e de todos aqueles que me querem impedir de atingir a grandiosidade a que estou destinado.Bora lá!Segue-me!

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I S B N 9 7 8 - 9 8 9 - 7 0 7 - 3 2 2 - 9

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N.o 3

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