new comportamento. uma comemoração quase sem sentido · 2009. 12. 28. · uma comemoração quase...

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Folha do Alto Vale - Rio do Sul - Quarta-feira, 16 de dezembro de 2009 12 COMPORTAMENTO. Por mais contraditório que pareça há muitas pessoas infelizes com as festas de fim de ano Uma comemoração quase sem sentido A tristeza também está aliada a um balanço mental das expectativas criadas para o ano que está terminando. O psicó- logo diz que Natal e final do ano sempre foram momentos de retrospectiva, de auto-análise, e por isso é um momento em que esses sentimentos aparecem. “Apesar de ser o momento de chegar as férias, ficar mais próximo da família e descansar do trabalho, pode ser um momento de lembranças dolo- rosas, feridas ainda não cica- trizadas, de um possível ano ruim, de se culpar das coisas que aconteceram, de sofrimentos dos natais anteriores, dos pais que já se foram, dos ex- companheiros, dos filhos lem- brando dos pais que estão separados, ou mesmo dos mais velhos lembrando dos bons tempos que se divertiam muito no natal”. Se o sentimento é esse o melhor é mudar de É Natal, o mundo todo se prepara para a maior festa do ano. Mas você se sente deprimido enquanto todos estão ansiosos pela data? Não precisa se comparar àquela criatura pitoresca e mesquinha chamada Grinch que fica totalmente doente com esse ale-gre espírito de Natal e pla- neja roubá-lo (do filme O Grinch). Além de você mui- tas outras pes- soas se sentem mais frágeis durante essa época do ano e preferiam dormir no dia 23 e acordar só no dia 26 para não encarar a data. O que precisa ser avaliado é a proporção desse sentimento. A depressão natalina atinge várias pessoas. Principalmente porque nessa época todos são estimulados a voltar às raízes, ficar junto da família. Família que com o passar dos anos, nem sempre é a mesma. “Na nossa cultura italiana e alemã, natal é sinônimo de família. E digo, de família reunida, com o nono e a nona, opa e a oma, sentados ao redor da mesa e com eles ainda tentando forjar os va- lores que resistem. Se formos analisar as famílias di- tas moder- nas esse contexto muda muito”, analisa o psicólogo, Cristian Stassun. Essa mudança acaba por fazer com que as festas de Natal e Reveillon se tornem rituais frustrantes para algumas pes- soas. “Acompanhamos na clíni- ca, histórias de pessoas que passam as datas festivas na mais pura solidão. Solidão, tanto de pessoas que estão sozinhas, como de pessoas que se sentem sozinhas no meio da multidão e até mesmo nos encontros de família, que já se tornaram para muitos, apenas reunião por conveniência. A família briga o ano inteiro, e por que vão se amar no Natal?”, analisa. O psicólogo explica que se você se identifica com esse sentimento é importante lembrar que é natural ficar triste durante um período e faz um alerta a quem vive com esse sentimento que acaba refletindo em outros aspectos de sua vida. “Todo ser humano tem momentos de tristeza, faz parte da vida. Não é normal, se existe um desejo de morte, se o indivíduo ficou triste um ano inteiro, ou deixou de fazer as atividades que fazem parte de sua rotina. Se esses sinais aparecem é indício de que o corpo não está suportando mais e precisa tomar providências”, orienta. Stassun orienta que se crie metas concretas para enfrentar o momento Mudança práticas de comportamento para enfrentar as festas de Natal atitude, a orientação de Stassun é de que se faça algo prático. “Promova a criação de metas concretas, use o papel e a caneta e trace objetivos, faça planos e desafie-se a mudar de vida e resolver seus problemas, estipule datas, exponha sua responsabilidade e visualize os materiais que vai precisar para realizar diferente nesse novo ano”. Crie um futuro com boas perspectivas agindo no presente e deixando o passado no seu local correto. “Então, encare a tristeza com serenidade, e se perceber estar sendo refém dela, que esteja contagiando a todos com ela, que isso está sendo repetitivo, procure ajuda de um psicó- logo”. “Quando a dor de não estar vivendo fica maior que o medo de mudar, a pessoa muda”, Stassun cita Freud. Ele motiva a todos a sonhar alto e principalmente agir. “Eu diria que devemos ter menos planejamento e mais fazeja- mento, como diz a música de Chico Buarque, “Aja duas vezes antes de pensar”. Sempre digo aos meus alunos, a nossa cultura nos tornou tão burocráticos, que burocratizamos até nossos pensamentos. Quando pensa- mos em fazer algo, nos enchemos de dúvidas, de pro- blemas, e os “e se?”, em vez de pegar, botar para fazer e ge- rar resul- tado damos um passo atrás, descobrindo só depois, que po- deríamos ter voado muito lon- ge”, reforça. Cabe a você fazer com que o natal não seja algo tão complicado. O natal não precisa ser um fantasma, bastando DIVULGAÇÃO/FAV para isso que você se reconcilie com a data, criando lembranças felizes e seus próprios rituais com significados mais pessoais e atingíveis. Premiação 1 O aluno de Vidal Ramos, Lucas May Petry recebeu a medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas. DIVULGAÇÃO/FAV Na cultura italiana e alemã, Natal é sinônimo de família unida. Se formos analisar nas famílias modernas esse contexto muda muito” Cristian Stassun Psicólogo Premiação 2 Outros três alunos vidalramenses que estavam participando também receberão moção honrosa pela participação na competição.

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Folha do Alto Vale - Rio do Sul - Quarta-feira, 16 de dezembro de 200912

COMPORTAMENTO. Por mais contraditório que pareça há muitas pessoas infelizes com as festas de fim de ano

Uma comemoração quase sem sentido

A tristeza também estáaliada a um balanço mental dasexpectativas criadas para o anoque está terminando. O psicó-logo diz que Natal e final do anosempre foram momentos deretrospectiva, de auto-análise, epor isso é um momento em queesses sentimentos aparecem.“Apesar de ser o momento dechegar as férias, ficar maispróximo da família e descansardo trabalho, pode ser ummomento de lembranças dolo-rosas, feridas ainda não cica-trizadas, de um possível anoruim, de se culpar das coisas queaconteceram, de sofrimentosdos natais anteriores, dos paisque já se foram, dos ex-companheiros, dos filhos lem-brando dos pais que estãoseparados, ou mesmo dos maisvelhos lembrando dos bonstempos que se divertiam muitono natal”.

Se o sentimento é esseo melhor é mudar de

É Natal, o mundo todo seprepara para a maior festa doano. Mas você se sentedeprimido enquanto todos estãoansiosos pela data? Não precisase comparar àquela criaturapitoresca e mesquinha chamadaGrinch que fica totalmentedoente comesse ale-greespírito deNatal e pla-neja roubá-lo(do filme OGrinch). Alémde você mui-tas outras pes-soas se sentem mais frágeisdurante essa época do ano epreferiam dormir no dia 23 eacordar só no dia 26 para nãoencarar a data. O que precisaser avaliado é a proporçãodesse sentimento.

A depressão natalina atingevárias pessoas. Principalmenteporque nessa época todos sãoestimulados a voltar às raízes,

ficar junto da família. Famíliaque com o passar dos anos, nemsempre é a mesma. “Na nossacultura italiana e alemã, natal ésinônimo de família. E digo, defamília reunida, com o nono e anona, opa e a oma, sentados aoredor da mesa e com eles ainda

t e n t a n d oforjar os va-lores quer e s i s t e m .Se formosanalisar asfamílias di-tas moder-nas esse

contexto muda muito”, analisao psicólogo, Cristian Stassun.

Essa mudança acaba porfazer com que as festas de Natale Reveillon se tornem rituaisfrustrantes para algumas pes-soas. “Acompanhamos na clíni-ca, histórias de pessoas quepassam as datas festivas namais pura solidão. Solidão, tantode pessoas que estão sozinhas,

como de pessoas que se sentemsozinhas no meio da multidão eaté mesmo nos encontros defamília, que já se tornaram paramuitos, apenas reunião porconveniência. A família briga oano inteiro, e por que vão seamar no Natal?”, analisa.

O psicólogo explica que sevocê se identifica com essesentimento é importantelembrar que é natural ficartriste durante um período e fazum alerta a quem vive comesse sentimento que acabarefletindo em outros aspectosde sua vida. “Todo ser humanotem momentos de tristeza, fazparte da vida. Não é normal,se existe um desejo de morte,se o indivíduo ficou triste umano inteiro, ou deixou de fazeras atividades que fazem partede sua rotina. Se esses sinaisaparecem é indício de que ocorpo não está suportando maise precisa tomar providências”,orienta. Stassun orienta que se crie metas concretas para enfrentar o momento

Mudança práticas de comportamento para enfrentar as festas de Natal

atitude, a orientação de Stassuné de que se faça algo prático.“Promova a criação de metasconcretas, use o papel e acaneta e trace objetivos, façaplanos e desafie-se a mudar devida e resolver seus problemas,estipule datas, exponha suaresponsabilidade e visualize osmateriais que vai precisar pararealizar diferente nesse novoano”.

Crie um futuro com boasperspectivas agindo no presentee deixando o passado no seulocal correto. “Então, encare atristeza com serenidade, e seperceber estar sendo refémdela, que esteja contagiando atodos com ela, que isso estásendo repetitivo, procureajuda de um psicó-logo”.

“Quando a dor de não estarvivendo fica maior que o medode mudar, a pessoa muda”,Stassun cita Freud. Ele motivaa todos a sonhar alto eprincipalmente agir. “Eu diriaque devemos ter menosplanejamento e mais fazeja-mento, como diz a música deChico Buarque, “Aja duas vezesantes de pensar”. Sempre digoaos meus alunos, a nossa culturanos tornou tão burocráticos, queburocratizamos até nossospensamentos. Quando pensa-mos em fazer algo, nosenchemos de dúvidas, de pro-

blemas, e os “e se?”, emvez de pegar, botar

para fazer e ge-rar resul-

tado damos um passo atrás,descobrindo sódepois, que po-deríamos tervoado muito lon-ge”, reforça.

Cabe a vocêfazer com que onatal não seja algotão complicado. Onatal não precisaser um fantasma,bastando

DIVULGAÇÃO/FAV

para isso que você se reconciliecom a data, criando lembrançasfelizes e seus próprios rituaiscom significados mais pessoais

e atingíveis.

Premiação 1O aluno de Vidal Ramos, Lucas MayPetry recebeu a medalha de ouro nasOlimpíadas Brasileiras de Matemáticadas Escolas Públicas.

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Na cultura italiana e alemã,Natal é sinônimo de famíliaunida. Se formos analisar

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“Cristian Stassun

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Premiação 2Outros três alunos vidalramenses queestavam participando tambémreceberão moção honrosa pelaparticipação na competição.