neutralidade da rede: acesso à internet como utilidade?

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Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintesprincípios:

I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de pensamento, nos termos da ConstituiçãoFederal;

II - proteção da privacidade;

III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

IV - preservação e garantia da neutralidade de rede; V - preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade

da rede, por meio de medidas técnicas compatíveis com ospadrões internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas;

VI - responsabilização dos agentes de acordo com suasatividades, nos termos da lei;

VII - preservação da natureza participativa da rede;

VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos nainternet, desde que não conflitem com os demais princípiosestabelecidos nesta Lei.

“A FCC já haviaconcluído queprovedores de bandalarga têm o incentivo e a capacidade de agir de forma que ameaçam a abertura da Internet. Mas hoje, não há regrasque impedemprovedores de bandalarga de tentar limitar a abertura da Internet.” (15/5/14)

A "Internet Aberta" é a Internet como a conhecemos. É aberta porque usa padrões livres, disponíveis publicamente que qualquer um podeacessar e construir sobre ele, e trata todo o tráfego que flui através da redeaproximadamente da mesma forma.

O princípio da Internet aberta é por vezeschamado de "neutralidade da rede". Segundo este princípio, os consumidores podem fazer as suas próprias escolhas sobre quais aplicativos e serviços usar e são livres para decidir quais osconteúdos lícitos que desejam acessar, criar oucompartilhar com outras pessoas. Esta aberturapromove a concorrência e dá espaco para o investimento e a inovação.”

Em 15/Maio/2014, a FCC decidiu

considerar duas opções em relação aos

serviços de Internet:

1. permitir faixas de banda larga rápidas e

lentas, comprometendo, assim, a

neutralidade da rede;

2. reclassificar banda larga como um serviço

de telecomunicações, preservando assim

a neutralidade da rede.

A Federal Communications Commission recebeu mais de 3,7 mihões de comentários do público sobre a questão da neutralidade da rede durante um período de consulta pública de 4-meses que se encerrou no dia 15/Setembro/2014.

Trata-se da maior resposta pública que a FCC já recebeu sobre um tema de política pública. Superou o caso das 1,4 milhões de reclamações recebidas após o “mico” da cantora Janet Jackson no intervalo do Super Bowl em 2004, quando deixou seus mamilos aparecerem ao vivo.

“Por qualquer

medida, isso marca

a maior resposta

pública a qualquer

decisão na história

da FCC. E a Batalha

pela Rede está

apenas

começando.”

(Jul/2014)

Ninguém precisa de permissão de outrem

para fazer algo

Provedores tem servido de portas para o

mundo da Internet, mas não tem agido

como porteiros

Essa abertura tem permitido que a Internet

sirva de meio de transformação radical de

diversas indústrias, desde a entrega de

alimentos até a indústria financeira, tudo

isso por ter diminuído a barreira de entrada

Significativas “disrupções” tecnológicas jáacontecem, e muitas ainda serãocatalisadas pela evolução da Computação em Nuvem.

Essas disrupções vão se tornar cada vezmais frequentes e profundas, criandooportunidades não apenas para reformulara própria indústria da tecnologia, mas todas as arquiteturas institucionais e práticas de gerenciamento numa gamacada vez mais ampla de outras indústrias.

É marcante a diminuição do nível de investimento mínimo necessário para se criaruma empresa no setor de web para o consumidor, caindo do patamar de milhões paracentenas de milhares de dólares.

Os recursos e o material necessários paraexperimentar com um novo serviço de alcanceglobal se tornaram gratuitos ou de baixo custo, sem falar na comoditização da tecnologia.

O surgimento dos novos serviços de combinaçãocom outros serviços já existentes que jápropiciam excelente valor na nuvem através de features, dados, efeitos de rede, e API’s.

Como destacou recentemente Marc

Andreessen, co-fundador da Netscape

e capitalista de ventura, o custo de se

manter uma aplicação básica de

Internet caiu de US$150.000 por mês em

2000 para US$1.500 por mês em 2011. E

continua a cair.

A Internet é apenas a mais recente e

talvez a mais impressionante daquilo

que os economistas chamam de

"tecnologias de uso geral," desde o

motor a vapor até a rede elétrica, as

quais, desde o seu início, tiveram um

impacto massivamente desproporcional

sobre a inovação e o crescimentoeconômico.

Em um relatório de 2012, o Boston Consulting Group constatou que a economia da Internet representou 4,1% (cerca de 2,3 trilhões) do PIB nos países do G-20 em 2010. Se a Internet fosse uma economia nacional, o relatório observou, estaria entre as cinco maiores do mundo, àfrente da Alemanha.

E um relatório de 2013 da Fundação Kauffman mostrou que nas três décadas anteriores, o setor de alta tecnologia teve 23% maischances, e do setor de tecnologia da informação 48%, de dar origem a novasempresas do que o setor privado em geral.

Toda essa inovação tem ocorrido sem a autorização dos provedores de Internet.

Mas isso pode mudar à medida que a neutralidade da rede esteja sob ameaça.

Provedores têm consistentemente mantidoque a neutralidade da rede é uma soluçãoem busca de um problema, mas esta frasemuitas vezes repetida é simplesmenteequivocada.

Nos Estados Unidos, tanto os pequenos comoos grandes provedores já violaram os própriosprincípios que a neutralidade da rede éprojetada para proteger.

Desde 2005 que a FCC tem buscado

uma política que se assemelha à

neutralidade da rede, mas que dá

margem suficiente para a interpretação

para que as empresas encontrem

formas de minar isso.

De 2005 a 2008, o maior provedor nos EstadosUnidos, a Comcast, usou tecnologias quemonitoram todos os dados provenientes de usuários para bloquear secretamente as chamados tecnologias peer-to-peer, comoBitTorrent e Gnutella.

Estas ferramentas são populares para se fazerstreaming de TV online (às vezes de forma ilegal), usando o armazenamento baseadoem nuvem e compartilhamento de serviços, tais como os fornecidos pela Amazon, e comunicação através de serviços de telefoniaonline, como o Skype.

Em 2005, um provedor de pequeno portena Carolina do Norte chamado Madison Rio Communications bloqueou a Vonage, uma empresa que permite aos clientesfazer chamadas telefônicas nacionais e internacionais baratas através da Internet.

De 2007 a 2009, o contrato da AT&T com a Apple exigiu que essa última bloqueasse o Skype e outros serviços de telefoniaconcorrentes no iPhone, para que osclientes não pudessem usá-los quandoconectados a uma rede de celular.

De 2011 a 2013, AT&T, Sprint, Verizon e bloquearam todas as funcionalidades do Google Wallet, um sistema de pagamentomóvel, em smartphones Google Nexus, provavelmente porque todos os trêsprovedores são parte de uma joint venture concorrente chamada Isis.

Na Europa, as violações generalizadas de neutralidade da rede afetam pelo menos um em cada cinco usuários, de acordo com um relatório de 2012 do Organismo de Reguladores Europeus das ComunicaçõesElectrônicas. Restrições afetam tudo, desdeserviços de telefonia online e as tecnologiaspeer-to-peer até aplicações de jogos e e-mail.

No final de 2007, a Verizon Wireless cortou o acesso a um programa de mensagens de texto pelo grupo de direitos pró-abortoNARAL que o grupo usou para enviarmensagens para os seus apoiadores.

A Verizon afirmou que não iria servirprogramas de qualquer grupo “que visa promover uma agenda ou distribuirconteúdo que, a seu critério, pode ser vistocomo controverso ou desagradável paraqualquer um dos nossos usuários."

Em 2011, a operadora de telefonia móvel dominanteda Holanda, a KPN, viu que sua receita de mensagensde texto estava despencando e tomou atitudes parabloquear aplicativos como o WhatsApp e Skype, quepermitem aos usuários enviem textos gratuitamente.

Do outro lado do Atlântico, em 2005, a empresa de telecomunicações canadense Telus usou seu controlesobre as comunicações para bloquear o site de um membro do sindicato que participava de uma grevecontra a empresa.

A partir de 2007, e por 5 anos, a Rogers bloqueou oudegradou tráfego contendo arquivos encriptados, supostamente para combater BitTorrent.

Em Junho/2014 dois grandes provedoresCaribenhos bloquearam oudegradaram o acesso a Skype e Viber

Em Maio/2014 o governo do México tentou aprovar lei que permitiria a fragmentação da Internet com acessocontrolado

Em Junho/2014 a Spotify fez acordo com provedores na Áustria para acessoprivilegiado a seu serviço de streaming

Uma rede neutra é aquela que é livre de

restrições sobre os tipos de equipamento

que nela pode ser ligado, e os modos

de comunicação permitidos; que não

restringe conteúdo, portais ou

plataformas; e onde a comunicação

não é degradada sem motivos razoáveis

por outros fluxos de comunicação.

Network Neutrality,

Broadband Discrimination,

Journal of

Telecommunications

and High

Technology Law,

Vol. 2, pp. 141-179,

2003.

“Ontem à noite Wheeler divulgou um comunicado acusando o Wall Street Journal de estar "totalmente errado". Ainda assim, o Washington Post confirmou, com base emfontes internas, que a nova regra dá aosprovedores de banda larga "a capacidadede entrar em negociações individuais com provedores de conteúdo... de uma maneiracomercialmente razoável. "Isso é a payola das teles, e uma clara violação da promessade Obama. (…)”

“Isto é o que se poderia chamar de uma

regra de discriminação de rede, e, se

aprovada, irá mudar profundamente a

Internet como uma plataforma para a

liberdade de expressão e inovação em

pequena escala.

Corre o risco de tornar a Internet como

tudo na sociedade americana: desigual de

uma forma que ameaça profundamente a

nossa prosperidade a longo prazo.”

“A Internet é um motor

de crescimento

econômico e

inovação devido a um

princípio simples:

neutralidade da rede,

que assegura aos

inovadores que sua

próxima grande idéia

estará disponível aos

consumidores,

independente do que

dela pensam os donos

da rede. ”

“Esse é um elementocentral para a neutralidade da rede: a infovia nãopode censurar ouinterferir no tráfegode conteúdo, sejaeste qual for.”

“Todos osdatagramas sãoiguais perante a Rede” (Maio/2007)

Gerald R. Faulhaber,

Professor Emeritus

of Business and

Public Policy

“Adam Smith, que todos chamamos de maior defensor do livre mercado, foi o primeiro a chamar a atenção para o fatode que produtores nunca se encontram, mas que eles conspiram contra o público.

Produtores estiveram sempre tentandodescobrir como monopolizar e senão obtermais lucros do público. E foi só porquehouve um grande número deles competindo que eles não conseguiramfazer isso. Mas, não obstante, elescontinuam tentando.”

“Mas os produtores vão sempre buscar

maneiras de fugir à competição (…)

seja através de marketing, de prender o

consumidor à sua marca, com política

predatória de preço, com efeitos em

rede, etc.”

“E a tecnologia é simplesmente um

conjunto a mais de variáveis

estratégicas em sua aljava.

Será que vamos estruturar nossa

tecnologia de modo que ela

essencialmente nos permita construir

barreiras à entrada?

Onde se encontra o argumento fim-a-

fim (e2e) em tudo isso?”

“Se pudermos traduzir isso em termos de

economia global, aquele fim-a-fim em

engenharia é o equivalente do

mercado competitivo perfeito que os

economistas conhecem e adoram.

É a coisa que torna tudo isso

transparente, é aberto, qualquer um

pode fazer qualquer coisa.”

Robert McDowell foimembro do colegiadoda Comissão Federal de Comunicações (FCC) até 2013.

Foi nomeado pelospresidentes George W. Bush (2006) e Barack Obama (2009), porunanimidade e confirmado pelo Senadodos EUA a cada vez.

Atualmente é Fellow do Hudson Institute

“Governos podem ter um assento na mesa

multilateral de governança da Internet,

mas simplesmente não devem ser donos

da mesa. O atual paradigma existente

tem produziu resultados positivos e

construtivos, e continuará a fazê-lo se os

governos ficarem fora do caminho.”

(Robert McDowell)

“How Regulation and

Competition Influence

Discrimination in

Broadband Traffic

Management: A

Comparative Study of

Net Neutrality in the

United States and the

United Kingdom” Tese

de Doutorado, Oxford

University, Dezembro

2013.

“Esta tese demonstra que os operadores de redeadotam o gerenciamento discriminatório de tráfego principalmente para controlar a gestãode custo, rendimento, ou ambos. Competiçãopromove ao invés de dissuadir discriminaçãoporque impulsiona preços da banda larga parabaixo, incentivando os operadores a gerenciaraplicações de alto volume cujo tráfego incorreem altos custos. A ameaça de regulamentaçãopode ser suficiente para neutralizar esses impulos, mas na sua ausência e sem preocupaçõesvocalizadas por grupos de interesse, as abordagens discriminatórias vão perdurar.”

“Competição deveria prevenir, e normalmente preveniria a interferência no fluxo de dados conforme o conteúdo, mas não vai impedir. Em primeiro lugar, as manipulações dos nossos dados nem sempresão facilmente detectáveis; o conteúdopode ser adiado ou distorcido em aspectosimportantes, mas sutis. Em segundo lugar, o custo de construir um grande serviço de banda larga de alta velocidade é altíssimo, por isso não há muitos deles. Daí, não haverámuitos competidores.”

Nicholas

Economides,

Professor de

Economia at N.Y.U.’s

Stern School of

Business: “'Net

Neutrality,' Non-

Discrimination and

Digital Distribution of

Content Through the Internet”, 2007

“Há um grande número de preocupaçõesanticoncorrenciais verticais ... As redes de acesso, se não forem controladas por regras de não-discriminação, têm incentivos parafavorecer seus próprios serviços, aplicações e conteúdos e para matar serviços concorrentes, como provedores VOIP independentes, quefornecem serviços telefônicos alternativosatravés da Internet. Além disso, as redes de acesso têm incentivos para alavancarem o seupoder de mercado como monopólio ouduopólio de acesso em muitos outros mercadoscomplementares, oferecendo contratos do tipopegar ou largar.” (Nicholas Economides)

A Comcast, maior provedor residencial de serviços de Internet dos EUA, foi denunciada pelas ONGs Free Press e Public Knowledge à Federal Communications Commission(FCC) por estar degradando tráfico de usuários que usavam software online baseado no protocolo peer-to-peer BitTorrent, para a troca de arquivos (música, filme, etc.).

Em 01/Ago/08, numa votação apertada (3-2) os membros do colegiado da FCC decidiram que a Comcast violou as regras de neutralidade da rede, e ordenaram que ela parasse com a prática "não-neutra".

Um mês depois a Comcast entrou com uma apelação desafiando a base legal sobre a qual residiria a "ordem" da FCC, alegando a inexistência de legislação federal que possa ter sido violada por suas ações de administração da rede.

25 Fev 2008: Harvard, com a presença de

representante da Comcast (David L.

Cohen, Executive Vice President) (Obs. A

Comcast foi acusada de ter pago pessoas

para ocupar a audiência.)

17 Abr 2008: Stanford, sem a presença de

representante da Comcast

Apoio das bases? Ou Claque?

por Sam Gustin 26 Fev 2008

Comcast admite que contratou pessoas

para ocupar lugares numa audiência

da F.C.C. sobre suas prácticas.

“Seria correto se a ECT abrissesua correspondência, decidisse que não queriaentregá-la, e escondesse essefato enviando-a de volta a você com o carimbo de “endereço desconhecido –retorne ao remetente”?

Ou seria correto, quandoalguém lhe envia uma cartade primeira-classe, se a ECT a abrisse, decidisse que devidoao fato de que o caminhãode entrega às vezes estálotado, as cartas para vocêpoderiam esperar, e entãoescondesse que leu suas cartas e as retardou?”

“Diferente do que disse a Comcast, elabloqueou usuários que estavam usando muitopouco de largura de banda simplesmenteporque estavam usando uma aplicaçãopreterida.

Diferente do que disse a Comcast, ela nãoafetou outros usuários que estavam tambémusando uma quantidade extraordinária de largura de banda mesmo durante períodos de congestão de rede desde que ele/ela nãoestivesse usando uma aplicação preterida.

Diferente do que disse a Comcast, elaretardou e bloqueou usuários que usavamuma aplicação preterida mesmo quando nãohavia congestão na rede.

Diferente do que disse a Comcast, a atividadese estendeu a regiões muito maiores que ondeela diz que ocorreu congestão de rede.”

“Não conseguí fazerupload de certos

conteúdos legais e

históricos da época de

Tin-Pan Alley e

Barbershop Quartet –

24 horas por dia,

durante meses.”

“Usando rastreamento de pacotes e

comparações fim-a-fim entre conexões

Comcast e não-Comcast, concluí que TCP

Reset flags estavam sendo usadas para

derrubar conexões P2P quando o par que

que carregava estava na rede da Comcast.

Investigando essa tecnologia ainda mais,

descobrí que era universalmente

considerada inaceitável – é o mesmo

método usado por The Great Firewall of

China.”

“No mínimo, consumidores merecem umadescrição completa do que eles estão obtendoquando eles compram “acesso ilimitado à Internet“ de um provedor. Somente se elessouberem o que está acontecendo e quemdeve ser responsabilizado por interferênciadeliberada podem os consumidores fazerescolhas informadas sobre quais provedores elespreferem (desde que eles tenham escolha entre provedores residencias de banda-larga) ou quecontra-medidas eles poderiam empregar. Os responsáveis pelas políticas públicas tambémprecisam entender o que está realmente sendofeito pelos provedores de modo a desmontar a retórica evasiva e ambígüa empregada poralguns provedores para descrever suasatividades de interferência.”

Seu provedor estáinterferindo com suasconexões BitTorrent? Cortando suaschamadas VOIP?

Minando os princípios de neutralidade da rede?

Para responder a essasquestões, usuários de Internet precisam de ferramentas para testarsuas conexões de Internet e coletarevidência sobre práticasde interferência do provedor.

“Durante o surgimento explosivo da Internet, um princípio fundamental predominava: Todos os usuários e todo o conteúdo seriamtratados da mesma forma. A rede física de cabos e roteadores não sabia ou não se preocupava com o usuário ou o conteúdo. O princípio da não-discriminação, ou "Net Neutrality", permitiu aos usuários navegarpara qualquer lugar na Internet, livre de interferências. Não-discriminação, em váriasformas, tem sido um alicerce da Lei e da Política das Telecomunicações há décadas.”

“Nos primeiros dias da Internet, a não-discriminação era fácil de defender, porque nãoera tecnologicamente viável para provedoresde serviços inspecionar mensagens e avaliar o seu conteúdo em tempo real. Mas, por volta de 2003, os fabricantes de eletrônicosdesenvolveram a chamada Deep Packet Inspection (DPI), tecnologia capaz de rastrear as comunicações via Internet, em tempo real, monitorar o conteúdo, e decidir quaismensagens ou aplicações vão passar maisrápido.”

“Historicamente, as comunicações via Internet eram processadasusando apenas informaçõesno cabeçalho, porque só essa informação énecessária para transferir pacotes de sua origematé seu destino. Por outro lado, a tecnologia DPI permite abrir e ler o campo de dados em tempo real, possibilitando aos operadores de redeidentificar e controlar, num nível preciso, usoscotidianos da Internet. Os operadores podemmarcar pacotes para atribuir tratamento de maior ou menor prioridade - ou bloquear ospacotes completamente - com base no que elescontêm ou qual aplicativo os enviou.”

A arquitetura original da Internet foi baseada em 4 princípios de desenho --modularidade, hierarquiaem camadas, e duasversões do muitocelebrado mas muito mal-entendido argumento fim-a-fim.

Van Schewick demonstraque esse desenhoestimulou a inovação emaplicações e permitiu queaplicações e serviçoscomo e-mail, World Wide Web, eBay, Google, Skype, Flickr, Blogger e Facebook emergissem.

“A capacidade da Internet de oferecer maiorliberdade ao indivíduo, devido à sua capacidadede propiciar umaplataforma para umamelhor participaçãodemocrática, e suacapacidade de estimularuma cultura mais crítica e auto-reflexiva estãofortemente associadas a características resultantesda versão mais ampla dos chamados argumentosfim-a-fim.”

“Além das regras que proíbem provedores de rede de bloquear aplicações, conteúdos e serviços, as regras de não-discriminação sãoum componente chave de qualquer regime de neutralidade de rede. Regras de nãodiscriminação se aplicam a qualquer forma de tratamento diferenciado que fica aquémdo bloqueio. Os formuladores de políticasque consideram a adoção de regras de neutralidade de rede precisam decidir quais, se houver, as formas de tratamentodiferenciado devem ser proibidas.”

“Este artigo propõe um arcabouço que os

formuladores de políticas e outros podem

usar para escolher entre diferentes opções

de regras de neutralidade de rede e usa

esse arcabouço para avaliar as propostas

existentes para as regras de não-

discriminação e a regra de não

discriminação adotada pela FCC na sua

Regulação Open Internet.”

“Se quisermos proteger a Internet como umaplataforma para a liberdade de expressão, a inovação de aplicações, e o crescimentoeconômico, precisamos banir taxas de acesso pay-to-play e adotar uma regra cristalina de não-discriminação, que proíbe a discriminação contra as aplicações ou classes de aplicações. Os usuários, empresários, investidores e grupos de interessepúblico encaminharam o debate na direção certa, tirando reclassificação da mesa e levando ao NPRM. Se queremos uma Internet aberta e as regrasnecessárias para preservá-la, temos de continuar a fazer nossas vozes ouvidas e trabalhar duro paraeducar e convencer o FCC, a Casa Branca, e osmembros do Congresso.”

No contexto da regulamentação das telecomunicações nos Estados Unidos, as operadoras de telecomunicações sãoregulados pela FCC no Title II da Lei de Comunicações de 1934.

O Telecommunications Act de 1996 fez extensas revisões das disposições "Title II" em relação a common carriers e revogou o decreto judicial de consentimento da AT&T de 1982, que efetua a dissolução da Bell System da AT&T.

Um common carrier em países de direitocomum (correspondendo a um transportador público nos sistemas de direito civil, em geral chamadosimplesmente de uma transportadora) éuma pessoa ou empresa que transportabens e pessoas para qualquer pessoa ouempresa, e que é responsável porqualquer perda possível das mercadorias durante o transporte.

Alguns democratas do CongressoAmericano, bem como startups de Web e grupos de defesa apoiaram a ideia da FCC reivindicando autoridade pararegular os serviços da Web como umautilidade.

Operadoras de serviços de Internet e aliados, incluindo legisladoresrepublicanos, disseram que tal medidairia impedir o investimento.

As regras atuais de neutralidade de rede da FCC foram derrubadas por um tribunal federal que anulou a maior parte dos pedidos de Internet Aberta de 2010 da agência emjaneiro. Na esteira dessa decisão, presidenteda FCC, Tom Wheeler propôs novas regras sob a Seção 706 da Lei de Comunicações queficam aquém da reclassificação para o Título II e abriria a porta para a chamada “priorizaçãopaga", em que provedores de banda largapoderiam fazer acordos especiais com empresas de Internet para tratamentopreferencial.

“A Comissão estabeleceu que a seção 706 da Lei de Telecomunicações de 1996 a reveste da autoridade afirmativa para aprovar medidas queincentivem a implantação de infraestrutura de banda larga. A Comissão, adicionamos, interpretou razoavelmente a seção 706 para lhedar poderes para promulgar regras que regem o tratamento de tráfego de Internet dos provedores de banda larga, e sua justificativapara as regras específicas em questão aqui --que eles vão preservar e facilitar o "círculovirtuoso" de inovação que tem impulsionado o crescimento explosivo da Internet -- é razoável e apoiada por evidência substancial.”

“Dito isto, ainda que a Comissão tenhaautoridade geral para regular nesta área, nãopode impor exigências que contrariemmandatos legais expressos. Dado que a Comissão escolheu classificar provedores de banda larga de forma que os isenta do tratamento como common carriers, o Communications Act proíbe expressamente a Comissão de, no entanto, regulá-los como tal. Em razão da Comissão não ter conseguidoestabelecer que as regras de anti-discriminaçãoe anti-bloqueio não impõem por si obrigaçõesde common carrier, anulamos aquelas partes da Open Internet Order.”

Apenas uma parte das regras de

neutralidade da rede da FCC sobreviveu à

decisão do tribunal de apelações federal, e

todas as quatro grandes operadoras dos EUA

acabam de ser acusadas de violá-la.

O Tribunal anulou as regras anti-bloqueio e

anti-discriminação, mas deixou em seu lugar

uma exigência de divulgação de

informações precisas sobre as práticas de gestão de rede e desempenho.

"Sprint e Verizon violam a regra da transparência ao não divulgarsignificativamente quais os assinantes serãoelegíveis à otimização. AT&T, Sprint, e Verizon violam a regra da transparência ao nãodivulgar quais áreas da rede estãocongestionadas, portanto, sujeitas a otimização. T-Mobile viola a regra da transparência, impedindo que os assinantesafetados pela otimização determinem a velocidade real da rede disponível para eles". (06/Agosto/2014)

Tom Wheeler, Chairman da FCC trabalhou comocapitalista de ventura e lobbista para a indústriada TV a cabo e da Telefonia Celular, com posções incluindoPresidente da National Cable Television Association (NCTA) e CEO da Cellular Telecommunications & Internet Association (CTIA).

Daniel Alvarez está

atualmente servindo

como conselheiro

jurídico de Wheeler. Já

trabalhou antes no

escritório de

advocacia Willkie Farr

& Gallagher, LLP onde

foi um representante

orgulhoso de ninguém

menos que a

Comcast.

Phillip Verveer (Senior Counselor to FCC Chair)

Antes de assumir essaposição altamenteinfluente, Verveer(como Alvarez) também trabalhou naWillkie Farr & Gallagher quando ela era a principal conselheiraregulatória da Comcast.

Ajit Pai: Antes de ser

membro do conselho

da FCC, foi um dos

principais advogados

da Verizon

Tem como conselheiro

jurídico Brendan Carr,

que já trabalhou para

a Verizon, e para o

sindicato das

telecoms

“Números recentemente liberados sobrelobbying mostra que provedores de bandalarga ainda estão bem à frente de empresasde Internet no que diz respeito a gastos emWashington, D.C., à medida em quereguladores federais consideram comoescrever novas regras para linhas da Internet.

Coletivamente, provedores de Internet (e suasentidades representativas) gastaram $42.4 milhões até agora neste ano para fazerlobbying com legisladores e reguladores, de acordo com dados federais divulgados.”

Chile (2010): primeiro no mundo

Holanda (2012): primeiro na Europa

França: projeto de lei de 2011

Bélgica: projeto de lei de 2011

Slovenia (2013)

Israel (Fev 2014)

Japão (2006) neutralidade como“common carrier”

Brasil (2014): Marco Civil