neuromodul hipotal e obes

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Revista de Medicina e Saúde de Brasília ARTIGO DE REVISÃO 192 _______________________________________________________________________________________________ 1. Graduandas do Curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia-GO 2. Médico neurocirurgião, mestre, docente do Curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail do primeiro autor: [email protected] Recebido em 16/06/2014 Aceito, após revisão, em 05/07/2014 Neuromodulação Hipotalâmica: uma proposta terapêutica para obesidade Hypothalamic Neuromodulation: a therapeutic proposal for obesity Sarah Sant`Anna 1 , Naiana Melo Caiado 1 , Ledismar José da Silva 2 Resumo Obesidade é um problema de saúde pública crescente em todo o mundo, que acomete, atualmente, 300 milhões de pessoas. Tem origem multifatorial, incluindo fatores neuroendócrinos, psíquicos, intestinais e genéticos. Causa desequilíbrio metabólico-energético, predispondo ao acúmulo de tecido adiposo, o que se relaciona com diminuição da qualidade de vida, comorbidades e redução da expectativa de vida. A opção terapêutica mais eficaz, na atualidade, é a cirurgia bariátrica. No entanto, além de não controlar todos os fatores etiopatogênicos, principalmente no que concerne ao aspecto neuropsiquiátrico, esse procedimento apresenta altas taxas de recidiva a longo prazo e pode causar complicações graves. A estimulação cerebral profunda, técnica já consagrada no tratamento de distúrbios do movimento, como doença de Parkinson e doenças psiquiátricas refratárias, surge como outra opção terapêutica promissora para controle da obesidade. Esse tratamento neurocirúrgico atua no hipotálamo lateral e ventromedial, centros da fome e da saciedade, respectivamente, podendo suprimir ou diminuir o apetite, propiciando consequente perda de peso. Neste artigo, teve-se como objetivo conduzir uma revisão sistemática de literatura sobre a neuromodulação hipotalâmica como nova proposta terapêutica para controlar a obesidade, mostrando suas vantagens e desvantagens em relação à cirurgia bariátrica. Palavras chave: Hipotálamo, obesidade, neurocirurgia, fome, cirurgia bariátrica, perda de peso. Abstract Obesity is a growing worldwide public health problem which currently affects 300 million people. It has multifactorial origin, including neuroendocrinological, psychological, intestinal, and genetic factors. It causes metabolic-energetic imbalance, predisposing the individual to adipose tissue accumulation, a fact that is associated with decreased quality of life, comorbidities, and reduced life expectancy. Currently, the most effective therapeutic option is the bariatric surgery. However, besides not controlling all the etiopathogenic factors, mainly regarding the neuropsychiatric aspect, this procedure presents high recidivism rates in the long run and can cause severe complications.

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Neuromodul Hipotal e Obes

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  • RevistadeMedicinaeSadedeBrasliaARTIGODEREVISO

    192 _______________________________________________________________________________________________ 1. Graduandas do Curso de Medicina da Pontifcia Universidade Catlica de Gois, Goinia-GO 2. Mdico neurocirurgio, mestre, docente do Curso de Medicina da Pontifcia Universidade Catlica de Gois. E-mail do primeiro autor: [email protected]

    Recebido em 16/06/2014 Aceito, aps reviso, em 05/07/2014

    Neuromodulao Hipotalmica: uma proposta teraputica para obesidade Hypothalamic Neuromodulation: a therapeutic proposal for obesity

    Sarah Sant`Anna 1, Naiana Melo Caiado 1, Ledismar Jos da Silva 2

    Resumo

    Obesidade um problema de sade pblica crescente em todo o mundo, que acomete, atualmente,

    300 milhes de pessoas. Tem origem multifatorial, incluindo fatores neuroendcrinos, psquicos,

    intestinais e genticos. Causa desequilbrio metablico-energtico, predispondo ao acmulo de

    tecido adiposo, o que se relaciona com diminuio da qualidade de vida, comorbidades e reduo da

    expectativa de vida. A opo teraputica mais eficaz, na atualidade, a cirurgia baritrica. No

    entanto, alm de no controlar todos os fatores etiopatognicos, principalmente no que concerne ao

    aspecto neuropsiquitrico, esse procedimento apresenta altas taxas de recidiva a longo prazo e pode

    causar complicaes graves. A estimulao cerebral profunda, tcnica j consagrada no tratamento

    de distrbios do movimento, como doena de Parkinson e doenas psiquitricas refratrias, surge

    como outra opo teraputica promissora para controle da obesidade. Esse tratamento

    neurocirrgico atua no hipotlamo lateral e ventromedial, centros da fome e da saciedade,

    respectivamente, podendo suprimir ou diminuir o apetite, propiciando consequente perda de peso.

    Neste artigo, teve-se como objetivo conduzir uma reviso sistemtica de literatura sobre a

    neuromodulao hipotalmica como nova proposta teraputica para controlar a obesidade,

    mostrando suas vantagens e desvantagens em relao cirurgia baritrica.

    Palavras chave: Hipotlamo, obesidade, neurocirurgia, fome, cirurgia baritrica, perda de peso.

    Abstract

    Obesity is a growing worldwide public health problem which currently affects 300 million people.

    It has multifactorial origin, including neuroendocrinological, psychological, intestinal, and genetic

    factors. It causes metabolic-energetic imbalance, predisposing the individual to adipose tissue

    accumulation, a fact that is associated with decreased quality of life, comorbidities, and reduced life

    expectancy. Currently, the most effective therapeutic option is the bariatric surgery. However,

    besides not controlling all the etiopathogenic factors, mainly regarding the neuropsychiatric aspect,

    this procedure presents high recidivism rates in the long run and can cause severe complications.

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    Deep brain stimulation, a technique already used in the treatment of movement disorders, such as

    Parkinsons disease and refractory psychiatric disorders, emerges as another promising therapeutic

    option to control obesity. This neurosurgical treatment acts on the lateral and ventromedial

    hypothalamus, centers of hunger and satiety, respectively, and can suppress or reduce appetite,

    consequently causing weight loss. The aim of this article was to carry out a systematic literature

    review about hypothalamic neuromodulation as a novel therapeutic proposal to control obesity,

    showing its advantages and disadvantages compared with the bariatric surgery.

    Key words: Hypothalamus, obesity, neurosurgery, hunger, bariatric surgery, weight loss.

    Introduo

    A obesidade uma desordem

    complexa caracterizada pelo acmulo

    excessivo de tecido adiposo em decorrncia

    de desequilbrio do balano energtico-

    corporal.1 Pode ser medida a partir do ndice

    de Massa Corporal (IMC), calculado

    dividindo-se o peso (kg) do indivduo por sua

    altura ao quadrado (m2). So consideradas

    obesas as pessoas com IMC a partir de 35

    kg/m2 e obesas mrbidas aquelas com IMC

    maior ou igual a 40 kg/m2.14 De acordo com

    esses critrios, atualmente, em mdia, 300

    milhes de adultos so obesos em mbito

    mundial.5 As projees para 2030 so ainda

    mais preocupantes, indicando que 57,8% da

    populao adulta mundial apresentar

    sobrepeso ou obesidade.3

    Na atualidade, tem-se investido muito

    em diversas formas teraputicas para essa

    patologia, visto que causa impacto negativo

    na qualidade de vida dos indivduos,

    apresenta alto risco de comorbidades e reduz

    a expectativa de vida. A ferramenta

    teraputica considerada mais eficaz na prtica

    atual a cirurgia baritrica, indicada para

    obesos mrbidos ou refratrios a outros

    tratamentos.6 No entanto, 40% dos pacientes

    podem apresentar complicaes aps esse tipo

    de procedimento cirrgico, as quais variam de

    acordo com a tcnica realizada, sendo as mais

    expressivas as complicaes metablicas,

    nutricionais, neurolgicas, psicolgicas e

    psiquitricas.7

    Devido taxa de insucessos e

    complicaes oriundas das terapias

    atualmente empregadas no controle da

    obesidade, vm sendo pesquisados outros

    tipos de recursos teraputicos. Com base nos

    avanos na rea da modulao enceflica e

    crescente domnio da neuropsiquiatria, uma

    nova alternativa para o tratamento de

    indivduos obesos surgiu a partir da tcnica de

    neuromodulao hipotalmica, com o intuito

    de atuar diretamente nos ncleos responsveis

    pela fome e a saciedade. Assim, no

    presente artigo objetivou-se fazer uma reviso

    sistemtica de literatura sobre essa nova

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    2238-5339 Rev Med Saude Brasilia 2014; 3(2):192-204

    proposta teraputica para controle da

    obesidade, apresentando suas vantagens e

    desvantagens em relao cirurgia baritrica.

    Mtodo

    Para a consecuo da reviso

    sistemtica de literatura, foram realizadas

    buscas nas bases de dados PubMed, Medline

    e Scielo por artigos nacionais e internacionais,

    publicados de 2003 a 2013, utilizando as

    seguintes palavras chave e suas combinaes,

    em portugus e ingls: obesidade/obesity,

    estimulao cerebral profunda/deep brain

    stimulation, cirurgia baritrica/bariatric

    surgery, sistema nervoso central/central

    nervous system, leptina/leptin,

    insulina/insulin,

    estereotaxia/stereotaxy,

    complicaes/complications, perda de

    peso/weigth loss, obesidade

    mrbida/morbid obesity,

    hipotlamo/hypothalamus.

    Discusso

    A obesidade considerada uma

    doena crnica, de etiologia multifatorial, que

    engloba fatores sociais, comportamentais,

    ambientais, culturais, psicolgicos,

    metablicos, hormonais e genticos.2,3 At

    passado recente, essa doena ocorria mais

    caracteristicamente em pases desenvolvidos.

    Porm, a obesidade atualmente considerada

    um problema de sade pblica tambm em

    pases em desenvolvimento, em decorrncia

    da transio nutricional, que corresponde s

    mudanas negativas sequenciais verificadas

    nos padres de nutrio humanos,

    caracterizada por aumento do consumo de

    alimentos de origem animal, gorduras,

    acares refinados, alimentos industrializados

    e reduzida quantidade de carboidratos

    complexos e fibras, que acompanham

    mudanas econmicas, sociais e demogrficas

    das populaes.1,3,6,8,9

    Dessa forma, o estilo de vida

    contemporneo apontado como o principal

    responsvel pelo rpido crescimento da

    prevalncia da obesidade. A facilidade de

    acesso e o baixo custo de alimentos altamente

    palatveis e de grande densidade calrica,

    aliados ao menor requerimento de atividades

    fsicas dirias, levaram ao aumento da

    prevalncia da obesidade em propores

    alarmantes.3

    Aproximadamente metade da

    populao adulta brasileira apresenta excesso

    de peso, enquanto 12,5% dos homens e 16,9%

    das mulheres apresentam obesidade.3 O Brasil

    ocupa a 77 posio no ranking que define o

    pas mais gordo do mundo. Alm disso, o

    excesso de peso representa o quinto fator de

    risco de morte em nvel mundial, matando

    cerca de 2,8 milhes de adultos anualmente,

    como consequncia de diversas complicaes

    e comorbidades advindas desta enfermidade.10

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    As projees para os prximos anos

    indicam que em 2015 o mundo ter 2,3 bilhes

    de pessoas com excesso de peso e 700 milhes

    de obesos.10 Para 2030, os dados se tornam

    ainda mais alarmantes, estimando-se que

    aproximadamente 3,3 bilhes de adultos

    apresentaro sobrepeso ou obesidade.3

    A obesidade interfere, de forma

    relevante, em vrios aspectos da vida dos

    indivduos. Alm de exercer grande estigma

    social, est associada a reduo da qualidade

    de vida e morte prematura. Ademais,

    considerada fator de risco para importantes e

    graves doenas decorrentes da carga de peso

    em excesso no organismo, como artropatias e

    apneia do sono, bem como doenas

    decorrentes de alteraes metablicas, tais

    como sndrome metablica, diabetes melito

    tipo 2, hipertenso arterial sistmica,

    dislipidemias, colelitase, doenas

    cardiovasculares e alguns tipos de cncer.1,3,6,8

    O sobrepeso e a obesidade tambm

    esto associados a distrbios psicolgicos,

    incluindo depresso, distrbios alimentares,

    imagem corporal distorcida e baixa

    autoestima.8 A prevalncia de ansiedade e

    depresso de trs a quatro vezes mais alta

    em indivduos obesos.11 Com base nesses

    fatos, est sendo proposto que a obesidade

    seja includa na lista de diagnstico de

    doenas psiquitricas na prxima edio do

    Diagnostic and Statistical Manual of Mental

    Disorders (DSM).5

    Os fatores genticos desempenham

    papel importante na determinao da

    suscetibilidade do indivduo para o ganho de

    peso, embora os fatores ambientais e de estilo

    de vida, tais como hbitos alimentares

    inadequados e sedentarismo, que geralmente

    levam a balano energtico positivo,

    favoream o surgimento da obesidade.8,11

    Somam-se a isso os vrios fatores envolvidos

    na regulao da ingesto de alimentos e de

    armazenamento de energia, entre os quais

    merecem destaque os intestinais, os

    comportamentais e os neuroendcrinos.12

    Os fatores intestinais tm participao

    importante na fisiopatologia da obesidade. A

    absoro, ou mesmo a presena de alimento

    no trato gastrintestinal, contribui para a

    modulao do apetite e para a regulao de

    energia. O trato gastrintestinal possui

    diferentes tipos de clulas secretoras de

    peptdeos que, combinados a outros sinais,

    regulam o processo digestivo e atuam no

    sistema nervoso central (SNC) para a

    regulao da fome e da saciedade. A

    sinalizao ocorre por meio dos nervos

    perifricos e receptores.3,8,12

    Evidncias demonstram que a

    saciedade prandial atribuda,

    predominantemente, ao da

    colecistoquinina (CCK), hormnio liberado

    pelas clulas I do trato gastrintestinal em

    resposta presena de gorduras e protenas.

    Alm de inibir a ingesto alimentar, a CCK

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    tambm induz a secreo pancretica, a

    secreo biliar e a contrao vesicular. Outro

    inibidor da ingesto alimentar o peptdeo

    YY ou PYY (peptide YY), constitudo de 34

    aminocidos e secretado por clulas presentes

    no revestimento mucoso do clon e do

    intestino delgado. Sua secreo ocorre com a

    entrada do bolo alimentar e, portanto, os

    nveis plasmticos deste hormnio aumentam

    quase imediatamente aps a ingesto de

    alimentos. Ele age inibindo a liberao de

    NPY (neuropeptide Y) por neurnios

    orexgenos atravs do receptor PYY3-36. Dado

    que o NPY responsvel pela sensao de

    fome e o PYY a inibe, este ltimo, juntamente

    com o GLP-1 (glucagon-like peptide-1), so

    importantes para o controle da ingesto

    alimentar, pois so responsveis pela

    sensao de saciedade.13 Indivduos obesos

    apresentam menor elevao dos nveis de

    PYY ps-prandial, especialmente em

    refeies noturnas, o que leva a uma ingesto

    calrica maior.3,8,14

    No que concerne aos fatores

    comportamentais, sabe-se que o sistema

    lmbico constitudo por vrias estruturas do

    encfalo que participam no controle das

    emoes.8 Esse sistema possui conexes com

    o hipotlamo e exerce influncia sobre o

    comportamento alimentar. Nessa perspectiva,

    humor e ingesto de alimentos esto

    interligados.8,15 No encfalo, o sistema

    envolvido no controle do humor utiliza

    serotonina como neurotransmissor.

    Determinaes de serotonina no hipotlamo

    revelaram que suas concentraes so baixas

    durante perodos de jejum, aumentam em

    antecipao chegada de alimento e

    apresentam um pico durante a refeio,

    especialmente em resposta a carboidratos. A

    serotonina produzida a partir do aminocido

    triptofano, presente na dieta. As

    concentraes de triptofano no sangue variam

    de acordo com a quantidade de carboidratos

    ingerida. Assim, o aumento do triptofano no

    sangue com o consequente aumento da

    serotonina no encfalo uma provvel

    explicao para a ocorrncia de bom humor

    aps a ingesto de alimentos especficos.8

    Assim sendo, o prazer alimentar pode

    produzir comportamentos viciosos e

    compulsivos, levando obesidade.

    O controle do balano entre ingesto e

    gasto corporal de energia realizado pelo

    SNC, por meio de conexes neuroendcrinas,

    em que hormnios perifricos circulantes,

    como a leptina e a insulina, sinalizam

    neurnios especializados do hipotlamo.15 O

    hipotlamo uma rea relativamente pequena

    do diencfalo, situada abaixo do tlamo, que

    tem importantes funes relacionadas

    principalmente com o controle de atividades

    viscerais. Ele est acima da hipfise e ao

    redor do terceiro ventrculo cerebral e possui

    vrios agrupamentos de clulas neuronais

    denominados ncleos, entre os quais podem

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    ser citados o ncleo ventromedial, o ncleo

    arqueado e o hipotlamo lateral, principais

    estruturas envolvidas no balano energtico

    corporal.8,16

    No final da dcada de 1930,

    Hetherington e Ranson conduziram uma srie

    de experimentos que demonstraram pela

    primeira vez, mediante um eletrodo

    introduzido pela parte superior do crnio, o

    desenvolvimento de obesidade hipotalmica

    em ratos. Os animais apresentaram acentuada

    hiperfagia, seguida de ganho progressivo de

    massa adiposa, aps leso da regio

    ventromedial do hipotlamo.3 Posteriormente,

    Anand e Brobeck descreveram o

    desenvolvimento de afagia em ratos e gatos

    aps leso bilateral de uma pequena rea

    localizada no hipotlamo lateral.3 Com base

    nesses estudos, props-se a existncia de um

    centro da fome localizado no hipotlamo

    lateral e um centro da saciedade, localizado

    no hipotlamo ventromedial.17

    O centro de regulao do apetite no

    crebro e da massa gorda caracterizado por

    uma complexa interao entre o SNC e o

    sistema nervoso perifrico (SNP). Para

    equilibrar a ingesto e o gasto calrico,

    mantendo constantes as reservas de energia,

    necessrio que o crebro seja capaz de obter

    informaes sobre a quantidade dessas

    reservas. Isso ocorre por meio da deteco,

    pelo hipotlamo, de hormnios presentes na

    circulao sangunea.3,15 Os dois principais

    hormnios envolvidos na homeostase

    energtica so a leptina e a insulina.3,8,14

    A leptina um polipeptdeo produzido

    pelo tecido adiposo branco e secretado na

    circulao sangunea em nveis proporcionais

    massa deste tecido. Ela atravessa a barreira

    hemato-enceflica e se liga ao seu receptor

    (ObR ou LepR), localizado no hipotlamo. Os

    neurnios que expressam os receptores esto

    localizados principalmente em dois ncleos

    hipotalmicos: o ventromedial, com funes

    anorexgenas e pr-termognicas, e o

    hipotlamo lateral, com funes orexgenas e

    antitermognicas.3,8

    Outro hormnio com importante papel

    na fisiologia da obesidade a insulina, que

    produzida pelas clulas do pncreas e secretada tonicamente, com incrementos

    durante as refeies, sendo a secreo basal e

    a secreo estimulada pela glicose

    diretamente proporcionais adiposidade. A

    insulina tambm transportada pela barreira

    hematoenceflica e age em receptores

    expressos predominantemente no hipotlamo.

    Alm da funo clssica na regulao do

    metabolismo da glicose, esse hormnio possui

    aes centrais no controle do balano

    energtico semelhantes s da leptina, ou seja,

    em contraste com seus efeitos anablicos

    sobre tecidos perifricos, sua ao

    hipotalmica produz efeitos catablicos.

    Ainda existe uma relao entre as vias da

    leptina e da insulina: a atividade da leptina no

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    hipotlamo modulada positivamente pela

    insulina e vice-versa.3,8

    Uma queda na gordura corporal

    sentida no ncleo arqueado do hipotlamo

    como uma diminuio da concentrao dos

    nveis de insulina e leptina. Isso causa

    supresso nos sinais anorexgenos e estmulo

    nos sinais orexgenos, o que gera aumento da

    ingesta alimentar, queda no gasto energtico e

    reestoque de massa gorda. De forma

    contrria, em momentos de ingesto

    alimentar, ocorre aumento da sensibilidade a

    leptina e insulina, com sensao de

    saciedade.8,18 Portanto, a grande maioria dos

    indivduos obesos no apresenta deficincia

    de leptina ou insulina, mas resistncia ao

    central dos sinais de adiposidade.3,8

    Com os avanos na rea da

    fisiopatologia da doena, tem-se investido

    muito em novas propostas teraputicas para a

    obesidade, visto que a reduo do peso

    corporal pode levar diminuio da

    morbidade cardiovascular e da prevalncia de

    cncer entre 25% e 60%, alm de outras

    comorbidades.19 Atualmente, as duas maiores

    vertentes na teraputica da obesidade so a

    clnica e a cirrgica. O tratamento clnico

    consiste em medidas farmacolgicas e no

    farmacolgicas (mudanas de hbitos

    comportamentais, exerccios fsicos e dietas

    com restries calricas). Porm, as taxas de

    insucesso e recidiva da modalidade clnica

    so extremamente elevadas, porquanto mais

    de 90% dos pacientes no conseguem atingir

    reduo de 5% a 10% do peso corporal e

    mant-la por perodo superior a 5 anos.20

    Dessa forma, vem ocorrendo aumento

    expressivo da abordagem cirrgica em

    pacientes obesos mrbidos e refratrios aos

    tratamentos clnicos. As cirurgias baritricas

    so consideradas o tratamento mais efetivo

    para controle da obesidade na atualidade e

    podem ser divididas em dois tipos: restritivas

    e mistas. As cirurgias restritivas so:

    gastroplastia vertical com bandagem, balo

    intragstrico e bandagem gstrica ajustvel

    por vdeo. J as cirurgias mistas mais

    conhecidas so: derivao biliopancretica

    com gastrectomia distal (cirurgia de

    Scopinaro) e derivao gastrojejunal em Y-

    de-Roux (cirurgia de Fobi-Capella).4,21

    A perda de peso aps a cirurgia

    baritrica varia de 20% a 60%5 e causada

    por restrio e m absoro dos nutrientes.

    Consequentemente, pode levar o paciente a

    necessitar de suplementao medicamentosa e

    complexos vitamnicos por toda a vida, alm

    de desenvolver complicaes neurolgicas,

    como as polineuropatias.

    Tal abordagem teraputica, apesar de

    eficaz, resulta em diversos efeitos colaterais

    indesejados e complicaes, principalmente

    em pacientes acima de 60 anos,19 com taxa de

    mortalidade em torno de 1,5% em centros de

    referncia.5 As complicaes variam entre

    15% a 55%, sendo as mais comuns: sndrome

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    disabsortiva, polineuropatias, falncia a longo

    prazo do controle do peso corporal e at

    mesmo morte.5

    O ganho de peso aps a cirurgia

    baritrica ocorre pela manuteno de hbito

    alimentar inadequado prvio, principalmente

    em pacientes com IMC superior a 50 kg/m2.5

    Certos estudos mostram que 2 anos aps a

    cirurgia, o ganho de peso varia de 20% nos

    obesos a 40% nos superobesos, enquanto

    outros trabalhos mostram recorrncia do peso

    inicial em 46% dos pacientes operados.5

    Como o comportamento alimentar

    modulado pelo sistema lmbico, mediado pelo

    ncleo acumbens e o ncleo lateral, no

    passvel de abordagem pela cirurgia

    baritrica. Por isso, pacientes com compulso

    alimentar apresentam ganho de peso a longo

    prazo ps-cirurgia baritrica.22

    Assim sendo, surgiu a necessidade de

    se propor uma nova abordagem teraputica

    para controle da obesidade, que seja menos

    invasiva, gere menos complicaes, propicie

    melhor qualidade de vida ps-tratamento e

    atue mais diretamente no centro

    neuroendcrino e emocional. Dessa maneira,

    objetiva-se conseguir atingir menores taxas de

    falhas teraputicas, uma vez que a cirurgia

    baritrica no corrige os diversos fatores

    etiolgicos envolvidos nessa

    enfermidade.19,2327

    Os avanos na rea da neurocirurgia e

    modulao cerebral propiciaram muitos

    estudos voltados para a uma nova abordagem

    cirrgica que atua especificamente nos

    ncleos hipotalmicos envolvidos com o

    balano enrgico-corporal por meio da

    neuromodulao hipotalmica23,26,27 A

    neuromodulao realizada por mtodo

    estereotxico, o qual usa um sistema

    tridimensional de coordenadas para

    localizao e implante de eletrodos nos

    ncleos do hipotlamo lateral ou

    ventromedial, conhecidos como centros da

    fome e da saciedade, respectivamente.28,29

    O hipotlamo compreende um grande

    agregado de ncleos, que exibem diversas

    funes neurolgicas, no apenas limitadas ao

    apetite, as quais incluem a regulao da

    temperatura corporal, da atividade sexual, de

    hormnios envolvidos com o ciclo

    reprodutivo e a ao de luta ou fuga, entre

    outras. Ao estimular qualquer regio

    adjacente ao hipotlamo lateral e

    ventromedial, ocorrem alteraes das funes

    cognitivas e endcrinas.5,16

    Para maior preciso do mtodo

    estereotxico, realizada uma fuso de

    imagens de ressonncia magntica e

    tomografia computadorizada a partir de um

    software que permite o clculo das

    coordenadas, de modo que a trajetria

    cirrgica possa ser planejada de forma eficaz

    e segura. Durante a trajetria, devem ser

    evitados sulcos e ventrculos para preservar os

  • Sant`Anna S, Caiado NM, Silva LJ Neuromodulao hipotalmica para obesidade

    200

    2238-5339 Rev Med Saude Brasilia 2014; 3(2):192-204

    vasos sanguneos, no intuito de reduzir a

    incidncia de complicaes hemorrgicas.28,29

    Portanto, para a execuo de

    procedimento seguro e preciso, diversos

    detalhes devem ser levados em considerao,

    entre os quais se destacam: avaliao clnica

    criteriosa, seleo apropriada de pacientes,

    clculo meticuloso das coordenadas e da

    trajetria e equipe familiarizada com os

    princpios bsicos da tcnica.28,29

    Um dos problemas enfrentados nos

    estudos sobre neuromodulao hipotalmica,

    publicados at o momento, guarda relao

    com o tamanho e a localizao dos ncleos

    alvos de tratamento.5,17 O ncleo do

    hipotlamo lateral se encontra em uma

    pequena regio do hipotlamo medindo

    aproximadamente 6 mm 3,5 mm 5 mm

    em suas maiores dimenses lateral,

    anteroposterior e posterior, respectivamente.

    Devido ao tamanho inapropriado dos

    eletrodos, durante a estimulao cerebral

    profunda (ECP) no hipotlamo lateral ou

    ventromedial, h risco de estimular outros

    ncleos prximos regio, gerando efeitos

    colaterais indesejveis. Estruturas localizadas

    perto do hipotlamo lateral so o frnix, que

    se situa acima dele, o nervo ptico e o

    quiasma ptico, situados

    superoposteriormente a ele. Estudos em ratos

    demonstraram que a estimulao do

    hipotlamo lateral em altas frequncias (180

    200 Hz) induziu reduo de peso at 2,3%,

    em comparao com o grupo controle, que

    no recebeu estmulos e que auferiu ganho

    ponderal de peso de 13,8%. O interessante foi

    que no houve diferena na quantidade de

    ingesto alimentar entre os dois grupos do

    estudo, demonstrando que a ECP tem tambm

    atuao importante no metabolismo corporal

    do animal. Em contraste, foi demonstrado que

    quando o hipotlamo lateral estimulado com

    baixas frequncias (50100 Hz) induz

    aumento instantneo na ingesto alimentar em

    ratos j saciados, alm de estimular

    movimentos mastigatrios. Alguns estudos

    em ces demonstraram que estmulo com 100

    Hz provocou algumas alteraes, como

    aumento do fluxo coronariano, presso

    arterial, risco cardaco, arritmias, entre outras

    alteraes ligadas ao sistema autnomo

    simptico.5,17

    O impacto da diminuio do apetite a

    partir de leses no ncleo lateral pode ser

    parcialmente explicado pela ao dos

    peptdeos presentes no hipotlamo lateral,

    como hormnio melanocorticotrfico (MCH)

    e hormnios orexgenos, e sua interao com

    alguns receptores orexgenos tambm

    situados nesta regio. Os neuropeptdeos Y

    (NPY) e agouti-related peptide (AGRP),

    excretados em grandes quantidades no

    hipotlamo lateral, esto comprovadamente

    envolvidos com hiperfagia e ganho de

    peso.5,17

  • Sant`Anna S, Caiado NM, Silva LJ Neuromodulao hipotalmica para obesidade

    201

    2238-5339 Rev Med Saude Brasilia 2014; 3(2):192-204

    Da mesma forma que o hipotlamo

    lateral, o ventromedial tambm atua na

    regulao do apetite e no controle da

    homeostase corporal. Existem diversos

    desafios cirrgicos para que se possa alcanar

    o ncleo do hipotlamo ventromedial, os

    quais devem ser considerados no

    planejamento da ECP. O hipotlamo

    ventromedial uma estrutura pequena,

    bilobulada, que mede em seu maior dimetro,

    no eixo vertical 2 mm 3 mm 5 mm.

    Situado logo abaixo da comissura anterior, em

    seu plano anteroposterior possui relaes

    anatmicas com o nervo ptico e com os

    corpos mamilares. Geralmente, seu acesso na

    ECP se faz por meio dos ventrculos, em

    decorrncia de sua localizao medial.

    Estudos mais recentes sobre a ECP, em

    primatas no humanos, mostraram que o

    estmulo do hipotlamo ventromedial com

    altas frequncias (180200 Hz) est associado

    maior ingesto alimentar. J a estimulao

    do hipotlamo ventromedial com baixas

    frequncias (60100 Hz) inibe a fome de ratos

    famintos, alm de melhorar seu metabolismo

    basal.5,17

    A neuromodulao hipotalmica

    realizada por intermdio da implantao de

    determinados eletrodos em locais cujas

    coordenadas foram previamente calculadas,

    utilizando-se gerador de pulso e enviando

    uma corrente eltrica para os ncleos

    hipotalmicos, gerando um campo

    eletromagntico que poder estimular ou

    inibir os ncleos conforme o objetivo

    teraputico desejado.28,29 Com a tcnica

    estereotxica, o procedimento se torna

    possvel e seguro, a despeito do tamanho

    reduzido dos ncleos hipotalmicos.19

    Contudo, os eletrodos disponveis atualmente

    so inadequados pelo seu tamanho

    desproporcional em relao s estruturas

    hipotalmicas. Portanto, o tamanho dos

    eletrodos e a proximidade do hipotlamo com

    estruturas nobres, como o nervo ptico, o

    frnix e os corpos mamilares, podem levar

    estimulao indesejada a tais estruturas.

    O primeiro estudo feito com humanos

    centrado no tratamento da obesidade

    empregando leso e estmulo de centros

    especficos no hipotlamo foi conduzido em

    1974 por Quaade. Naquela pesquisa, cinco

    pacientes com obesidade mrbida foram

    submetidos estimulao eltrica do

    hipotlamo lateral. Dois dos pacientes

    receberam leso por eletrocoagulao

    unilateral e apresentaram importante reduo

    da ingesta calrica com consequente perda de

    peso.18

    As taxas de sucesso da ECP para

    controle da obesidade so consideradas

    equivalentes s da cirurgia baritrica, girando

    em torno de 83%. No entanto, a

    neuromodulao tem taxa de 19,4% de

    complicaes, enquanto a cirurgia baritrica

    apresenta taxa de complicaes de 33,4%.19

  • Sant`Anna S, Caiado NM, Silva LJ Neuromodulao hipotalmica para obesidade

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    2238-5339 Rev Med Saude Brasilia 2014; 3(2):192-204

    Portanto, a neuromodulao hipotalmica

    um procedimento menos invasivo e reversvel

    em comparao com a cirurgia baritrica.

    Concluso

    A neuromodulao hipotalmica

    uma tcnica experimental que vem sendo

    apontada como uma alternativa promissora s

    cirurgias baritricas no tratamento da

    obesidade. Com o emprego desse moderno

    procedimento cirrgico, tm sido obtidos

    bons resultados, com menor nmero de falhas

    teraputicas e proporcionando melhor

    qualidade de vida ps-operatria aos

    pacientes, com menos complicaes e riscos.

    notria sua estreita relao com os diversos

    mecanismos presentes na fisiopatologia da

    obesidade, como fatores psquicos

    envolvendo as compulses alimentares e

    mediados pelo sistema lmbico e fatores

    neuroendcrinos, sobre os quais a cirurgia

    baritrica no atua. Sendo assim, com o

    advento da teoria dos centros de fome-

    saciedade, envolvendo os ncleos do

    hipotlamo lateral e ventromedial, mais

    estudos esto sendo realizados a fim de

    esclarecer melhor a relao da ECP com o

    sistema neuroendcrino e o tecido adiposo.

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