neurocriminologia

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  • 7/24/2019 Neurocriminologia

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    Neurocriminologia Fonte: Conjur

    Interessante entrevista com o psiquiatra britnico Adrian Raine sobre

    Neurocriminologia.

    FATR!" #!R!$IT%RI" INF&'!NCIA( N C()RTA(!NT CRI(IN"

    'ma entrevista com o psiquiatra britnico Adrian Raine publicada na edi*+odesta semana da revistaVejamostra que o mundo os ,atores neurol-gicosenvolvidos no comportamento violento das pessoas. especialista discorresobre a possibilidade de as pessoas serem julgadas com base em suas imagenscerebrais capa/es de di/er se s+o predispostas ou n+o a terem comportamentoviolento.

    Raine ,ala tamb0m sobre o amadurecimento do c0rebro que tra/ quest1escomo a maioridade penal 2 baila. "egundo o psiquiatra a idade deamadurecimento do c0rebro 0 34 anos. 5Adolescentes de 67 e 68 anos s+oimpulsivos n+o controlam suas emo*1es porque seu c-rte9 pr0,rontal n+oest; completamente desenvolvido5 e9plica.

    Leia trechos da entrevista:

    Existe uma predisposio gentica para a violncia? que n-s j; sabemos 0 que cerca de 74< da varia*+o nas ta9as de viol=nciapode ser atribu>da a ,atores gen0ticos. Toda uma gera*+o de pesquisasreali/ada com irm+os g=meos e ?l@os adotivos mostrou que os ,atores@eredit;rios s+o sim importantes. A pr-9ima gera*+o de pesquisas 0 amolecular que j; come*a a identi?car quais os genes envolvidos. At0 agora omais estudado 0 o gene da monoamina o9idase A (AAB que quando produ/uma bai9a quantidade de sua en/ima atrapal@a o ,uncionamento deneurotransmissores. Indiv>duos com essa muta*+o s+o particularmentesuscet>veis ao comportamento antissocial principalmente quando so,remabusos na in,ncia. (as 0 muito importante destacar que nunca vamosdescobrir um gene que seja so/in@o respons;vel pela viol=ncia. $escobriremosv;rios que ser+o associados a muitos outros ,atores sociais. ambientetamb0m 0 importante por alterar o modo como os genes ,uncionam. $NA 0?9o mas o modo como ele se e9pressa e como a,eta o c0rebro pode seralterado pelo ambiente.

    O comportamento violento pode ser prevenido?N-s sabemos que se pudermos mel@orar o ,uncionamento do c0rebropodemos mel@orar o comportamento. ! e9istem estudos que colocaram isso empr;tica. !m um deles en,ermeiras visitaram m+es durante sua gravide/ e nosdois primeiros anos de vida da crian*a. !las aconsel@avam as mul@eres a pararde beber e ,umar ensinavam qual a nutri*+o adequada mostravam asnecessidades psicol-gicas dos beb=s. Ao comparar o resultado dessas crian*ascom o de um grupo de controle que n+o recebeu as visitas os pesquisadoresdescobriram que a delinqu=ncia juvenil caiu pela metade. N-s ?/emos umestudo com crian*as de tr=s anos no qual ,ornecemos uma mel@or nutri*+omais e9erc>cios ,>sicos que resultam no desenvolvimento de novas c0lulas

    nervosas e e9erc>cios cognitivos durante dois anos. ito anos depois essascrian*as tin@am mel@ores ,un*1es cerebrais elas estavam mais alerta e atentas

    http://www.estudodirecionado.com/2013/08/neurocriminologia.htmlhttp://www.conjur.com.br/2013-jul-14/fatores-hereditarios-influenciam-comportamento-criminoso-psiquiatrahttp://www.conjur.com.br/2013-jul-14/fatores-hereditarios-influenciam-comportamento-criminoso-psiquiatrahttp://www.estudodirecionado.com/2013/08/neurocriminologia.html
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    e seus c0rebros pareciam ser pelo menos um ano mais maduros do que o grupode controle. N+o 0 s- isso: seguimos essas crian*as at0 os 3D anos e vimos umaredu*+o de DE< no nmero de in,ra*1es penais. #; uma ltima t0cnica quepode ser til que 0 a medita*+o. !studos mostram que ela mel@ora o,uncionamento do l-bulo pr0,rontal uma ;rea cerebral que sabemos estardis,uncional em indiv>duos violentos. !ssa t0cnica ainda n+o ,oi testada em

    prisioneiros. Isso porque os cientistas relutam em recon@ecer que e9istembases cerebrais para o comportamento violento. !spero que meu livro abra asportas para esse novo campo de pesquisas.

    Do ponto de vista da neurocincia, quando o crero est! maduro e apessoa pode ser "ulgada como um adulto?!ssa quest+o 0 bastante debatida em todo o mundo. que sabemos 0 que oc0rebro @umano n+o est; completamente maduro at0 os 34 anos. sadolescentes de 67 e 68 anos s+o impulsivos n+o controlam suas emo*1esporque seu c-rte9 pr0,rontal n+o est; completamente desenvolvido. !m algunscasos ele demora at0 os D4 anos para se desenvolver e sabemos quedis,un*1es nessa regi+o s+o encontradas em criminosos. Ac@o que ,a/ sentido

    levar em conta o desenvolvimento cerebral para analisar conceitos como aresponsabilidade penal mas n+o e9iste uma lin@a m;gica. #; pessoas de 6Ganos com c0rebros ,uncionando como o de indiv>duos de 68 anos mas tamb0me9istem pessoas de 67 com c0rebro de 34. No ,uturo poderemos usar outrasmedidas de maioridade neural que usem imagens cerebrais para analisar seuma pessoa 0 respons;vel por seu comportamento. (as 0 claro que @oje temosde ser pr;ticos e decidir uma idade de corte. Nesse caso ?9;la em 6H anosn+o me parece ruim.

    O sistema "udici!rio pode usar imagens cererais para "ulgar algumou prever suas chances de cometer crimes? poss>vel mas n-s ainda n+o podemos colocar isso em pr;tica. )esquisas

    iniciais ,eitas neste ano mostraram que imagens cerebrais ajudam a prevermel@or quais criminosos podem voltar a cometer atos violentos nos pr-9imostr=s ou quatro anos. Atualmente a justi*a usa ,atores demogr;?cos comoidade g=nero emprego e @ist-rico para prever quais indiv>duos s+o maisperigosos. s ju>/es t=m de ,a/er isso o tempo todo quando decidem secondenar+o algu0m a trabal@os comunit;rios ou 2 cadeia. As t0cnicas deimagem cerebrais est+o come*ando a nos dar mais in,orma*1es que podemajudar a saber se determinado indiv>duo 0 um perigo para a sociedade.

    O senhor no tem medo que isso leve a algum tipo de auso, comindiv#duos sendo presos por causa de seu per$l cereral?Na verdade sim J como no caso do ?lme Minority Report. Nele a pol>cia impede

    os crimes antes que aconte*am. 'm grande medo que ten@o 0 que no ,uturousemos a gen0tica as imagens cerebrais e outros ,atores neurobiol-gicos paraprever a viol=ncia e aprisionar as pessoas antes mesmo de elas cometeremqualquer crime. Isso me preocupa. At0 porque min@as imagens cerebrais separecem com a de um criminoso que matou 8E pessoas eu ten@o o c0rebrode um serial killer. Al0m disso ten@o outros ,atores biol-gicos para o crimecomo bai9a press+o sangu>nea e tive problemas de nutri*+o e no parto. "eesse cen;rio acontecer o ,uturo eu seria um dos primeiros a ser preso. Ac@oque devemos tomar muito cuidado nessa ;rea. !9iste uma tens+o entreproteger as liberdades civis e n+o prender ningu0m por probabilidade e anecessidade de proteger a sociedade. !ssa 0 a tens+o que teremos de en,rentarno ,uturo.

    O senhor %alou sore a in&uncia do crero, da gentica e doamiente no comportamento' Onde $ca o livre(ar#trio?

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    !sse 0 outro desa?o da min@a ;rea de pesquisas que costuma dei9ar muitaspessoas descon,ort;veis. )ense em um beb= inocente cuja m+e ,umou e bebeuna gravide/ que teve uma nutri*+o ruim e problemas no parto com genes quepodem resultar em mau comportamento com problemas de @abita*+o e deeduca*+o durante seu desenvolvimento. N-s sabemos que essa crian*a temmuito mais c@ances de se tornar um adulto violento. 'ma pergunta que surge a

    partir disso: ser; que essa pessoa tem livrearb>trioK !la 0 respons;vel por seusatosK !m meu livro eu digo que o livrearb>trio 0 redu/ido em algumas pessoaslogo no come*o de suas vidas por inLu=ncias que est+o al0m de seu controle. livrearb>trio tem v;rios tons: a pessoa pode ter total livrearb>trio pouco ouquase nen@um. Ac@o que devemos levar isso em conta no sistema judicial na@ora de punir as pessoas. !9iste um caso real de um indiv>duo que teve umtumor em seu c-rte9 pr0,rontal que o trans,ormou num ped-?lo. s m0dicosretiraram o tumor e seu comportamento voltou ao normal. "er; que ele era t+orespons;vel por seus atos quanto algu0m que ,e/ a mesma coisa e n+o tin@a otumorK !ssa 0 a di?culdade e a tens+o desse campo de estudos e elas n+oser+o superadas de modo ,;cil. !m um n>vel 0 importante recon@ecer os,atores de risco que conspiram para diminuir o livrearb>trio. (as tamb0m temos

    de levar em conta a igualdade e a justi*a buscando uma lei igual para todos.N+o ten@o respostas no momento. !sse 0 um debate aberto.

    )omo a neurocriminologia pode a"udar a explicar os casos extremos deviolncia?A neurocriminologia 0 uma nova disciplina que estou come*ando a desenvolvernos !stados 'nidos que envolve a aplica*+o de t0cnicas da neuroci=ncia paraentender as causas do crime. N-s tentamos juntar tudo que aprendemos nosltimos anos na gen0tica t0cnicas de imagem cerebral neuroqu>micapsico?siologia e neurocogni*+o para e9plicar porque algumas pessoascrescem para se tornar criminosos violentos. Mueremos entender o c0rebro portr;s n+o s- dos criminosos comuns mas tamb0m o de psicopatas criminosos

    de colarin@o branco e @omens que batem em suas esposas. N-s estudamostodo o leque de comportamento antissocial e observamos que n+o importa a,orma e9iste uma base biol-gica para todos eles.

    *odas essas %ormas di%erentes de violncia tm a mesma asecereral?#; di,eren*as. )or e9emplo min@a equipe estudou psicopatas os criminososque n+o t=m empatia nem remorso. ; sab>amos que eles t=m um bai9o,uncionamento da am>gdala o centro emocional do c0rebro. Nossa pesquisamostrou ainda mais: que nesses indiv>duos a estrutura ,>sica dessa ;rea 0 6Hgdalas s+o muito ativas mas o c-rte9 pr0,rontal n+o ,unciona direito. c-rte9 pr0,rontal 0 a ;rea que regula as emo*1es. Nossa conclus+o 0 que aalta atividade da am>gdala resulta em rea*1es e9ageradas a est>mulos levescomo receber cr>ticas da esposa o que os dei9a mais agressivos. !sses@omens que respondem e9ageradamente aos est>mulos n+o possuem osrecursos cognitivos para controlar essa emo*+o. "+o ,ormas di,erentes decomportamentos antissociais com tipos di,erentes de predisposi*1esbiol-gicas.

    )omo se explica que prolemas em !reas cererais espec#$cas possam

    levar a comportamentos violentos?Muando temos de tomar uma decis+o moral e pensamos em quebrar a lei etodos n-s j; pensamos em ,a/er algo erradoB ?camos ansiosos com um pouco

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    de medo. !sse 0 o ,reio de emerg=ncia que nos impede de quebrar as regras dasociedade. (as esse ,reio n+o ,unciona direito nos psicopatas. !les sabem o que0 certo e errado mas n+o t=m o sentimento correspondente. ! 0 essesentimento e n+o o con@ecimento que nos ,a/ ,rear nosso impulso. Isso tra/uma quest+o que me ,ascina. Como os psicopatas t=m o motor emocionalquebrado e eles n+o t=m culpa de possu>rem essa dis,un*+o ser; correto

    culp;los e castig;los por seu comportamentoK !ssa 0 uma quest+o queteremos que discutir no ,uturo.

    Revista )onsultor +ur#dico 6E de jul@o de 346D