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IMPUGNAÇÃO

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EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ DIRETOR DO JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA DA REGIO METROPOLITANA DE CURITIBA PR

EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 3 JUIZADO ESPECIAL CVEL DA COMARCA DA REGIO METROPOLITANA DE CURITIBA PRRef.: Ao de Indenizao Por Perdas e Danos n. 0024762-43.2011.8.16.0012

LUIS FELIPE PEREIRA PONTES, j qualificado nos Autos de Indenizao Por Perdas e Danos em epgrafe, que move em face de NET SERVIOS DE COMUNICAO S/A FILIAL CURITIBA, vem, respeitosamente, presena de Vossa Excelncia, apresentar- Impugnao Contestao -aduzida pela ora Reclamada, a Empresa NET, conforme as razes de fato e de direito adiante consignadas.Outrossim, reitera os fatos e pedidos apresentados na exordial, pugnando, portanto sua confirmao em sede de julgamento da presente demanda.I PRELIMINARMENTE: DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE IMPUGNAO CONTESTAO.1.Cumpre, preliminarmente, ressaltar que o Reclamante realizou a leitura da intimao e abertura de prazo para apresentar sua Impugnao Contestao da Reclamada, a Empresa NET, na data de 15.12.2011.2.Ainda, com base na Resoluo n 08/2008, que instituiu o Dirio da Justia Eletrnico (E-DJ) como instrumento de comunicao oficial, publicao e divulgao dos atos judiciais e administrativos do Poder Judicirio do Estado do Paran, seu Art. 4 deixa claro que Considera-se como data da publicao o primeiro dia til seguinte ao da veiculao da informao no Dirio da Justia Eletrnico e o 1. define o incio da contagem do prazo: Os prazos processuais, para o Tribunal de Justia e todas as comarcas, tero incio no primeiro dia til que se seguir ao considerado como data da publicao.

Ocorrendo a juntada da pea de Contestao por parte da Reclamada em 14.12.2011, considera-se como data da publicao e leitura de intimao a data de 15.12.2011.

Inicia-se, portanto, a contagem do prazo de 10 dias no dia 16.12.2011 (Art. 184, 2.), este foi suspenso, devido ao recesso do Tribunal de Justia do Estado de Paran (Resoluo n. 19/2011), que ocorreu no perodo de 20.12.2011 at 06.01.2012, quando se encontraram suspensos o expediente forense, os prazos processuais, a publicao de acrdos, sentenas e decises, bem como a intimao de partes ou advogados, no mbito do Poder Judicirio do Estado do Paran.

3.De acordo, portanto, com as referidas Resolues do Tribunal de Justia do Estado do Paran, bem como em consonncia com o disposto no Art. 184, 1., o prazo fatal para apresentao da presente pea de Impugnao Contestao, considerando que o re-incio do prazo ocorreu em 09.01.2012, recai no dia 13.01.2012, data em que est sendo efetivamente protocolizada.II. BREVE SNTESE PROCESSUAL4.O Reclamante ajuizou a presente demanda, tendo como cerne e fundamentao para o seu pedido, primordialmente, o CANCELAMENTO INDEVIDO de seus servios de TV a CABO e INTERNET, sem que houvesse razo ou justificativa, e ainda, realizada nica e exclusivamente por parte da Empresa Reclamada, que se deu na data de 16.09.2011.5.Para complementar o alegado, apresentou todos os fatos ocorridos anteriormente referida data e que devero tambm, ser objeto de anlise desta ao.

6.Os fatos aduzidos na exordial foram:

a) Que em 26.07.2011 o Reclamante entrou em contato com a NET, solicitando a retirada do ponto adicional, e que houve a referida retirada na data de 06.08.2011.b) Que na fatura do ms de Agosto/2011 o valor referente ao ponto adicional no fora cobrado, porm em Setembro/2011 o valor fora cobrado novamente e integralmente em sua fatura;

c) Que aps novo contato, o Reclamante fora informado de que no havia qualquer pedido de retirada de ponto adicional, e o atendente da Empresa NET agendou uma vistoria para a data de 16.09.2011 com o fim de verificar a retirada;

d) Que a vistoria no fora realizada e que nesta mesma data de 16.09.2011, verificou que seus servios de TV a Cabo e Internet no estavam funcionando e, quando em contato com a Empresa NET, fora informado de que seus servios estavam CANCELADOS sem nenhuma justificativa, e mesmo estando o Autor em total ADIMPLEMENTO com suas obrigaes contratuais.7.Diante das razes de fato e de direito que sero reiteradas nessa pea de Impugnao, requereu: a) fosse determinada a restituio dos valores cobrados indevidamente do Reclamante, referente ao ponto adicional que j havia sido retirado, acrescidos da repetio do indbito, no valor de R$ 59,80; b) fosse determinado o pagamento de Danos Morais ao Reclamante, face aos prejuzos este causados, no valor de R$ 8.000,00, ou critrio e arbitramento do D. Juzo; c) que a Empresa NET fornecesse todos os histricos de ligaes gravadas, com o intuito de instruir o livre convencimento do Juiz.

8.Restando infrutfera a Audincia de Conciliao agendada para a data de 01.12.2011, o Reclamante solicitou e juntou, na oportunidade da Audincia de Conciliao, documento informando o D. Juzo, de que estava recebendo ligaes e mensagens de texto (SMS) em seu celular, com cobranas da Empresa NET, referente cobrana indevida realizada por esta, conforme consta da Certido exarada na Audincia9.Sobrevindo a Contestao da Empresa Requerida, esta alegou: a) inexistncia de infrao contratual; b) inexistncia de cobrana indevida; c) inexistncia de desabilitao dos sinais; d) inexistncia de dano material; e) a impossibilidade de restituio em dobro; f) inexistncia de dano moral; g) da ausncia de provas e da impossibilidade de inverso do nus.

10.Contudo, conforme restar demonstrado nos argumentos trazidos a seguir, NO PROCEDE e no merece prosperar qualquer das alegaes apresentadas na Contestao da Requerida.

III. DAS RAZES PARA PROCEDNCIA DOS PEDIDOS FORMULADOS PELO RECLAMANTE NA INICIALIII. A. DA INFRAO CONTRATUAL FACE AO CANCELAMENTO DOS SERVIOS.

11.

Em primeiro lugar a Empresa Reclamada aduz que na condio de empresa prestadora de servios contratada, sempre disponibilizou os servios conforme pactuado, sendo o servio plenamente prestado. Tal afirmao foi verdadeira no caso em questo, e para o cliente em apreo, at a data de 16.09.2011, quando, sem motivo, razo ou justificativa para tanto, CANCELOU o sinal dos servios at ento prestados. 12.

A Reclamada afirma que o ora Reclamante alterou a realidade dos fatos, e na sequncia afirma que os fatos narrados foram comprovados pelas telas de sistema e documentos juntados na exordial e ainda, que o reclamante no trouxe qualquer prova aos autos.

13.

Ora, a Empresa NET se contradiz em suas prprias alegaes e mais: aduz no existir inverso do nus da prova, mas logo em seguida, reconhece que a presente ao trata-se claramente de relao consumerista, e que tal instituto tem previso expressa no Cdigo de defesa do Consumidor, em seu Art. 6, inciso VIII. Tal aplicao ser melhor debatida mais adiante.14.

Em segundo lugar, acerca ainda da desabilitao ou cancelamento dos sinais do Reclamante, a Empresa NET tenta novamente desobrigar-se de seu dever legal em apresentar as provas alegadas pelo Reclamante. Note que o Decreto n 6.523/2008, cita que a Empresa tm o dever de ceder os histricos ao consumidor no prazo de at 72 horas. 15.

Alm disso, o Reclamante apresentou, em fls. 03 de sua pea inicial, o n de Protocolo 884110322147784, no podendo, JAMAIS, a Empresa tentar alegar o fato de que no houve contato para tentar entender o motivo de os sinais estarem desabilitados, vez que estava com suas obrigaes adimplidas, ou ainda, de que no houve qualquer desabilitao do sinal.

16.

Como ser melhor explicitado a frente, no poderia o Reclamante comprovar que realizou as referidas ligaes se no detm o poder sobre as gravaes, tampouco sobre o sistema, caracterizando claramente sua hipossuficincia frente Empresa prestadora dos servios.

17.

Com todo respeito, no estaria o Reclamante recorrendo ao Poder Judicirio, embasado em fatos fantasiosos como desrespeitosamente afirmou a Empresa NET, para sanar os danos a ele ocasionados, caso no houvesse fundamentos e, sobretudo, veracidade em suas afirmaes.

18.

De modo totalmente contraditrio aos fatos apresentados pelo Reclamante, a Empresa afirma que no consta qualquer pedido de cancelamento dos servios antes da data em que o Reclamante alega estar sem sinal. Por bvio, no existe pedido de cancelamento e nem h tal alegao na exordial, POIS O RECLAMANTE NO SOLICITOU O CANCELAMENTO DOS SERVIOS DE TV A CABO E INTERNET. Este ocorreu de forma indevida, sem justificativa e por ato, frise-se, EXCLUSIVO da Empresa NET.

19.

Novamente a NET tenta induzir o D. Juzo em erro, imaginando fatos que no foram em momento algum exarados pelo Reclamante, quando diz que este possua a inteno de proceder ao cancelamento de seus servios, O QUE MANIFESTAMENTE NO VERDADE.20.

O pedido realizado anteriormente ao dia 16.09.2011 (dia do cancelamento), referia-se nica e exclusivamente retirada do ponto adicional, cobrado no valor de R$ 29,90 (vinte e nove reais e noventa centavos) e NO DA TOTALIDADE DOS SERVIOS, como claramente se pode notar na pea inicial.

21.

Inverdicos, portanto, os argumentos trazidos pela Reclamada, razo pela qual no merecem prosperar e devendo ser considerados procedentes os pedidos do Reclamante contidos na presente lide.III. B. DA COBRANA INDEVIDA ATRIBUDA AO RECLAMANTE E DA APLICAO DA REPETIO DO INDDITO22.

Com acusaes pfias de que o Reclamante esteja tentando ludibriar o Juzo, a Empresa NET recai em novo erro quando aduz que as cobranas efetuadas no foram indevidas.

23.

Ressalta-se que a retirada do Ponto Adicional se deu em 06.08.2011. Confirma-se tambm, que o valor PROPORCIONAL de utilizao do servio at a referida data no fora computada na Fatura de Agosto/2011. 24.

Afirma, contudo, a NET, que naturalmente realizou a cobrana na Fatura de Setembro/2011, porm, note V. Excelncia que da simples leitura da Fatura de Setembro/2011, a Empresa cobrou a utilizao proporcional do Ponto Adicional (ALUGUEL EQUIP HABILITADO PROP) no valor de R$ 4,82 (quatro reais e oitenta e dois centavos) corretamente. Porm, na mesma fatura cobrou INDEVIDAMENTE o valor do aluguel do Ponto Adicional de R$ 29,90 (vinte e nove reais e noventa centavos), pois este no estava sendo utilizado.25.

Desta feita, no pode jamais a Empresa Requerida tentar alegar de que no houve cobrana indevida, pois manifestamente comprovado conforme consta das Faturas trazidas aos autos.26.

Note-se ainda, que o Reclamante entrou em contato com a Empresa NET para informar que os valores haviam sido cobrados indevidamente e foi quando surpreendentemente foi informado de que no havia pedido de retirada de Ponto Adicional, sendo que o aparelho j havia sido retirado na data de 06.08.2011, conforme comprovado pela Ordem de Servio de retirada do aparelho.27.

Ato contnuo em sua pea de Contestao, a Empresa NET afirma que o Reclamante requer a restituio em dobro do valor referente s cobranas que alega serem indevidas, no pontuando claramente os valores (?). Explicitados esto os valores s fls. 02 e s fls. 13 do pleito inicial, quando apresenta o motivo e o valor da cobrana indevida de R$ 29,90 (vinte e nove reais e noventa centavos), e o quando realiza pedido acrescido da repetio do indbito no valor de R$ 59,80 (cinquenta e nove reais e oitenta centavos).

28.

Portanto, pleiteia o valor de R$ 59,90 (cinquenta e nove reais e oitenta centavos) a ttulo de indenizao e restituio, frente aos argumentos j trazidos na exordial.

29.

Tal valor encontra-se comprovado como cobrana indevida, conforme juntada de documentos na exordial, e ainda, com confirmao da prpria NET, pois em momento algum conseguiu comprovar qualquer fato que justificasse sua cobrana indevida, no sendo, portanto, esses valores cobrados nos exatos termos do contrato como deseja fazer entender a Empresa Reclamada.30.

Insurge a Empresa NET, acerca do disposto no Art. 42 do CDC, que versa sobre a repetio do indbito, apresentando a concepo subjetivista, qual seja da necessidade de comprovao de m-f para aplicao do referido instituto, tentando sua aplicao no caso em apreo. Com todo respeito, demonstrar-se- que esta concepo acaba por enfraquecer o sistema de proteo do consumidor e no o entendimento recente firmado pelo E. Tribunal de Justia do Paran.31.

Primeiramente, atenta-se para o disposto no Art. 14 do CDC, o Princpio da Responsabilidade Objetiva do fornecedor nas relaes de consumo, sendo que este o Princpio que norteia todo o sistema consumerista.

32.

Ao aplicar, portanto, uma concepo subjetivista sobre o instituto da repetio do indbito, pode-se incorrer em flagrante desrespeito norma contida no Art. 42 do CDC. A ideia reside em entender o dispositivo, juntamente com os princpios aplicveis ao Direito do Consumidor, como forma de punio pedaggica, desestimulando novas prticas abusivas e nunca como favorecimento ilcito ao Consumidor, que j que este se encontra lesado.33.Coerente a ideia de que a repetio do indbito assemelha-se s punitives damages, ou seja, uma indenizao com o objetivo de sano. Conforme assevera a doutrinadora em Direito do Consumidor Cludia Lima Marques:

(...) estes pequenos erros de cobrana s podem ser combatidos com maior eficincia e s haver a maior diligncia e percia exigida dos fornecedores pelo CDC, se a jurisprudncia entender o art. 42 como uma sano exemplar (exemplary damages), que certo beneficia um, mas que leva a mudana da prtica de mercado.

34.

Vrios entendimentos doutrinrios atentam para a referida aplicabilidade do instituto, bem como para as questes de permitir que a sano prevista cumpra efetivamente seu papel de forma pedaggica e corretiva. Veja-se: O abandono de critrios subjetivos para aferio da aplicao da sano civil privilegia o direito do consumidor e inibe prticas abusivas, conformando o mercado aos parmetros de qualidade dele esperados. Assim, apenas o caso fortuito, a fora maior e o fato do prncipe seriam justificativas aptas a impedir a incidncia da pena civil prevista pelo art. 42, pargrafo nico, do Cdigo de Defesa do Consumidor. Caso contrrio, o dano decorrente da cobrana indevida seria suportado pelo consumidor em flagrante desrespeito aos princpios vetores do CDC.

De uma releitura das garantias tradicionais sob o prisma da produo, comercializao e consumo em massa. Busca-se com ela dar, pelo menos no plano terico, unicidade de fundamento responsabilidade civil do fornecedor em relao aos consumidores. Nada mais de discusses estreis e prejudiciais proteo do consumidor entre responsabilidade contratual e extracontratual. Tudo passa a ser mera decorrncia de um dever de qualidade e quantidade

35.

Sempre atento tendncia jurisprudencial e doutrinria assente nos Tribunais Ptrios, o E. Tribunal de Justia do Paran tem recentemente se manifestado no sentido de que: a) no h necessidade de comprovao de m-f para a restituio em dobro dos valores cobrados indevidamente conforme Art. 42, CDC e; b) aplica-se a repetio do indbito com o carter pedaggico e inibitrio de reiterao do ato, sob pena de ferir os princpios norteadores da proteo ao consumidor, sobretudo o da Responsabilidade Objetiva do fornecedor. Veja-se:

REVISIONAL. CONTRATO DE ABERTURA DE CONTA CORRENTE. 1. APLICABILIDADE DO CDC EM FACE DAS COOPERATIVAS DE CRDITO. 2. COMISSO DE PERMANNCIA. INVERSO DO NUS DA PROVA. PREVISO CONTRATUAL NO ILIDIDA PELA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE DE COBRANA CUMULADA COM OUTROS ENCARGOS. 3. CAPITALIZAO DE JUROS. INVERSO DO NUS DA PROVA. PREVISO CONTRATUAL NO ILIDIDA PELA COOPERATIVA. ILEGALIDADE NA COBRANA. EXCLUSO MANTIDA. 4. MULTA MORATRIA. INVERSO DO NUS DA PROVA. PREVISO CONTRATUAL NO ILIDIDA PELA COOPERATIVA. REDUO PARA 2% MANTIDA. 5. REPETIO EM DOBRO. POSSIBILIDADE. INDEPENDE DE DEMONSTRAO DE M-F. MANUTENO DA SENTENA. 6. NUS DA SUCUMBNCIA MANTIDO. FIXAO DOS HONORRIOS DE ADVOGADO DE SUCUMBNCIA POR EQUIDADE. ALTERAO DO JULGADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelao Cvel N 784.736-9. Relator:Luiz Taro Oyama. Fonte: DJ: 745. Data Publicao: 31/10/2011. rgo Julgador: 13 Cmara Cvel Data Julgamento: 19/10/2011)PRESTAO DE CONTAS. SEGUNDA FASE. AGRAVO RETIDO: 1. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NO CONHECIDO. APELAO. 2. CDC. PRECLUSO. NO CONHECIMENTO. 3. IMPUGNAO ESPECFICA S CONTAS DO BANCO. 4. CAPITALIZAO MENSAL E ANUAL EXCLUDAS. 5. LIMITAO DOS JUROS REMUNERATRIOS TAXA MDIA DE MERCADO. AUSNCIA DE CONTRATO. REFORMA DA SENTENA. 6. TAXAS E TARIFAS. AUSNCIA DE CONTRATO. EXCLUSO MANTIDA, EXCETO NOS VALORES DE QUITAO A BANEFCIO DA PRPRIA AUTORA (LUZ, AGUA, SEGUROS, ETC.). (MAIORIA) 7. REPETIO DO INDBITO DOBRADA. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DA PROVA DO ERRO OU DE M-F. (MAIORIA) 8. REDISTRIBUIO DA SUCUMBNCIA. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO ADESIVO: INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NO CONHECIDO. (Apelao Cvel N 767.455-5. Relator:Luiz Taro Oyama Data Publicao: 21/09/2011. rgo Julgador: 13 Cmara Cvel. Data Julgamento: 13/07/2011) 36.

O Superior Tribunal de Justia tambm se manifestou a respeito, no sentido do direito repetio do indbito.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. TARIFA DE GUA E ESGOTO. ENQUADRAMENTO NO REGIME DE ECONOMIAS.CULPA DA CONCESSIONRIA. RESTITUIO EM DOBRO.1. O art. 42, pargrafo nico, do CDC estabelece que "o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel".(...)

(REsp 1.079.064/SP, 2 Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 20.4.2009)."basta a culpa para a incidncia de referido dispositivo, que s afastado mediante a ocorrncia de engano justificvel por parte do fornecedor " (REsp 1.085.947/SP, 1 Turma, Rel. Min. Francisco Falco, DJe de 12.11.2008). 37.

Portanto, a repetio do indbito em dobro prevista pelo art. 42, pargrafo nico, do Cdigo de Defesa do Consumidor consubstancia verdadeira sano civil imposta ao fornecedor que efetua cobrana indevida e recebe tais valores ilicitamente e deve ser aplicada no caso em concreto, confirmando o pedido formulado pelo Reclamante na exordial.III. C. DA VERIFICAO E EXISTNCIA DE DANOS MORAIS OCASIONADOS AO RECLAMANTE E O QUANTUM INDENIZATRIO38.

A Reclamante tenta, furtivamente, e mesmo em face de incontestveis fatos, alegar que no houve evento danoso capaz de caracterizar o ilcito civil e ensejar a responsabilidade civil, decorrendo, da, a verificada indenizao.39.

H que se aclarar resumidamente, quais foram os fatos ocorridos (eventos danosos) e sua conseqncias (danos) imputadas ao Reclamante:

a) Cobrana manifestamente e comprovadamente indevida de Ponto Adicional j retirado em 06.08.2011, na fatura de Setembro/2011 do valor integral de R$ 29,90;

b) Dos inmeros contatos, informando a cobrana indevida, da informao equivocada ao Reclamante qualquer pedido de retirada de ponto adicional (que j havia sido retirado em 06.08.2011), e a vistoria agendada para a data de 16.09.2011 com o fim de verificar a retirada, no cumprida;c) Com o pice dos transtornos na data de 16.09.2011, quando o Recorrente teve seus sinais de TV a Cabo e Internet CANCELADOS/ DESABILITADOS, e quando em contato com a Empresa NET, no logrou em obter explicao alguma.40.

Diante dos fatos, no h como se sustentar que no houve fato danoso ou ainda, que a cobrana realizada ocorreu em pleno exerccio regular de direito.41.

Fato importante e que merece ateno de V. Excelncia, que em toda anlise argumentativa trazida pela NET em sua pea de Contestao acerca da inexistncia do dano moral, faz referncia sobre apenas um dos fatos alegados, qual seja, da cobrana indevida. EM MOMENTO ALGUM A EMPRESA NET FAZ REFERNCIA AO CERNE DA QUESTO, QUE ENSEJOU NO AJUIZAMENTO DA PRESENTE DEMANDA, QUAL SEJA DO CANCELAMENTO/ DESABILITAO DOS SERVIOS!42.

Ora, no est o Recorrente pleiteando indenizao por Danos Morais somente em face da cobrana indevida, mas principalmente, diante da situao grave e frustrante a que foi submetido, face ao cancelamento de seus servios.43.

Frise-se que tal fato causou-lhe um aborrecimento incomum, uma privao e diminuio de seus bens ntimos, sentindo-se impotente diante da Empresa NET que privou-lhe de usufruir de servios que estavam em total adimplemento de sua parte e que deveriam estar sendo plenamente executados pela Empresa. No se trata de mero aborrecimento, mas manifesto prejuzo liberdade individual do Recorrente.44.

Acerca do assunto, o Recorrente delimitou em sua exordial, a importncia da prestacionabilidade dos servios de telecomunicaes pelos entes privados e tambm a essencialidade dos servios principalmente de transmisso de dados. Sabe-se que hodiernamente, as tecnologias no so apenas ferramentas de entretenimento e lazer, mas tratam-se precipuamente de formas comunicao, relaes de trabalho e extenses da educao.

45.

Alm disso, importante lembrar que o Recorrente, teve que obrigatoriamente e contra sua vontade quedar-se inerte e impotente diante da situao, pois, para agravar todo o ocorrido, o cancelamento dos servios se deu no dia 16.09.2011, sexta-feira, noite, sendo impossvel que este procurasse a prestao dos servios de outra Empresa. Demonstrada, est, a leso Liberdade do Recorrente, um dos direitos da personalidade que foram feridos diante da presente situao ftica.46.

Reitera-se que o abalo sofrido pelo Recorrente se deu diante das diversas falhas ocorridas pela Empresa, tendo o seu pice, no CANCELAMENTO injustificado de seus servios, sendo que JAMAIS a inteno do Recorrente desvirtuar o instituto jurdico da indenizao por Dano Moral.

47.

Ao contrrio, deseja sua aplicabilidade em face dos fatos ocorridos, aos danos ocasionados, diante da jurisprudncia manifestamente de acordo com o pleiteado e principalmente, dar sentido ao instituto, por meio da reparao pecuniria do ato, entendendo-a como uma forma de punio pedaggica, que coba futuros eventos da mesma similitude ftica.

48.

O Reclamante deixa claro, que todas as argumentaes e alegaes acerca da no aplicabilidade do instituto da indenizao por dano moral da Empresa NET, devem ser totalmente improcedentes, ainda que no as tenha rebatido uma a uma nesta Impugnao, por entender que a NET tentou mudar o foco de ateno do cerne da presente demanda, e induzir o D. Juzo em erro, pois no se trata somente da cobrana indevida, mas tambm o CANCELAMENTO dos servios, fato que realmente ensejou o ajuizamento da ao.49.

Com relao ao quantum indenizatrio, o Reclamante entende todos os requisitos aplicveis ao pedido de Reparao e ainda, que atendeu a todos eles quando pleiteou o valor, quais sejam, a extenso dos danos, o grau de reprovabilidade do ato, o prejuzo moral sofrido e as condutas de vtima e infrator.

50.

Infelizmente, a Reclamada prejudica todo o entendimento quando somente coloca como ponto incontroverso a questo da cobrana indevida, razo pela qual no h como considerar seus argumentos de que a indenizao exagerada ou que a indenizao deveria ser atribuda de forma consciente e moderada ou ainda, quando suscita a possibilidade de locupletamento indevido.

51.

Veja-se excerto da pea de Contestao da Empresa NET quando MANIFESTAMENTE e EQUIVOCADAMENTE em suas fls. 16, diz que somente as cobranas indevidas so objeto de discusso na demanda:

Portanto fatos como: a) Cobrana nos termos do contrato; b) a ausncia de repercusso social do caso; c) ausncia de danos honra. Imagem, nome dentre outros direitos da personalidade da Reclamante; d) em se considerando evento danoso, a cobrana no fere exarcebadamente a psique da Reclamante; e) servios prestados de forma perfeita durante toda a vigncia do contrato vez que apenas as cobranas so alvo de discusso.52.

No h como se admitir e aceitar que a reclamada tente, intermitentemente alterar a verdade dos fatos e principalmente, mudar o foco da demanda. Quanto aos argumentos aduzidos, o Reclamante rebate no sentido de que:

a) A cobrana foi manifestamente indevida, conforme simples leitura da fatura de Setembro/2011 juntada nos autos;

b) Conforme documento juntado na data de 01.12.2011 foi informado aos autos de que a Empresa estava tentando contato com o Reclamante para cobrar-lhe dvida inexistente, proveniente de cobrana indevida e objeto desta demanda. A repercusso social do caso poder acontecer a qualquer momento, com a incluso do nome do Reclamante nos cadastros de restrio de crdito;

c) Danos honra, liberdade individual e aqueles danos que molestam a parte afetiva do Reclamante, foram frontalmente lesados, decorrncia dos atos errneos praticados pela Reclamada e principalmente, pelo cancelamento indevido;

d) Os servios foram prestados conforme previa o contrato, at a data de 16.09.2011, quando a Empresa unilateralmente, e sem motivao procedeu ao seu cancelamento, frisando-se que esta questo primordialmente eu se discute e no apenas a cobrana indevida. Embora os servios tenham sido prestados corretamente at a aludida data, o Reclamante foi submetido alguns transtornos, bem como ficou claro que as cobranas no foram realizadas conforme previa o contrato.51.

Conforme cedio, o Art. 300 do Cdigo de Processo Civil deixa claro que na Contestao, o ru deve manifestar-se sobre todos os pontos trazidos pelos autor, bem como lhe vedada a negao genrica. Nesse sentido, Luiz Guilherme Marinoni preleciona:

Vigora, assim, no direito processual brasileiro, o princpio da eventualidade, segundo o qual toda e qualquer defesa que o ru tiver a opor pretenso do autor dever ser deduzida na ocasio da contestao, sob pena de precluso.

52.

Nesse sentido, em tendo a Reclamada apenas rebatido a incidncia dos danos morais sobre a cobrana indevida, deixando de manifestar-se acerca de sua incidncia face ao cancelamento dos servios, pede seja reconhecida a precluso consumativa do ponto apresentado, incidindo sobre ele presuno legal, tornando-o indiscutvel no processo e no sujeito a prova.III. D. DA INVERSO DO NUS DA PROVA53.

Aduz a Reclamada acerca da ausncia de provas nos autos e da impossibilidade da inverso do nus da prova.54.

Primeiramente o argumento no merece prosperar, pois, em reconhecendo a aplicao do Cdigo de Defesa do Consumidor ao contrato de prestao de servios em comento, impossvel negar-se vigncia ao inciso VIII, Art. 6 do referido texto legal, que garante ao consumidor a inverso do nus da prova.55.

Veja-se que comete um equvoco a Empresa Reclamada, quando reduz o conceito de hipossuficincia, um dos requisitos a serem observados para a inverso do nus de produzir provas, apenas ao critrio tcnico.56.

A hipossuficincia pode ser, de forma genrica, econmica, tcnica ou jurdica, observados os casos concretos. Pretendeu o legislador, quando da redao do referido artigo de lei, trazer o equilbrio nas relaes entre consumidores e fornecedores. Nesse sentido, BENJAMIN (2001, p. 325) demonstra a diferena entre a vulnerabilidade e hipossuficincia: A vulnerabilidade um trao universal de todos os consumidores, ricos ou pobres, educadores ou ignorantes, crdulos ou espertos. J a hipossuficincia marca pessoal, limitada a alguns - at mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores.

57.

Assim, no h dvidas em afirmar que o Reclamado encontra-se manifestamente em desvantagem tcnica com relao Empresa NET, pois: a) No detm o conhecimento tcnico acerca do funcionamento do servio; b) No possui controle algum sobre as gravaes das ligaes efetuadas Empresa, sendo que somente esta as possui em seu banco de dados. Possui tambm desvantagem econmica, pois trata-se de grande empresa de telecomunicaes, em face de um consumidor trabalhador assalariado. Alm disso, a desvantagem jurdica fica clara, quando, o Reclamante, ao propor a demanda no Juizado Especial, segundo o rito sumrio, abdicou de ter um patrono em sua causa.58.

Frise-se ainda, que mesmo entendendo a manifesta aplicabilidade da inverso do nus da prova, o Reclamante entrou em contato com o Servio de Atendimento da Empresa com o fim de que fossem disponibilizadas as demandas de ligaes efetuadas conforme preleciona os Arts. 10, 3; 15 3; e 16 do Decreto n 6.523/2008 j citados na inicial.59.

O primeiro contato ocorreu em 15.12.2011 No tendo sido enviadas as gravaes solicitadas no prazo assinalado pela Empresa, novo contato foi realizado em 06.01.2012. O ltimo contato ocorreu em 11.01.2012, sob protocolo n. 884120377323230, sendo que foi informado o prazo de 10 dias a partir da data de 06.01.2012.60.

Nota-se que o Reclamante vem encontrando bices na obteno das referidas gravaes, diante do que se pode verificar mais uma vez, a relao de hipossuficincia estabelecida entre a Empresa Fornecedora e o Consumidor Reclamante que fica impotente diante do poder de informaes e de dados que a Empresa NET detm, razo pela qual pede pela procedncia da inverso do nus da prova, determinando que a Empresa NET se preste a produz-las.IV. DOS PEDIDOS61.

O Reclamante, portanto, pugna pela confirmao dos pedidos exarados em sua pea inicial, diante dos argumentos de fato e de direito trazidos e nesta pea de Impugnao Contestao confirmados, quais sejam:

a) determine procedente a presente demanda, em face da responsabilidade civil atribuda a Reclamada, decorrentes dos danos materiais e morais sofridos pelo ora Reclamante;

b) Determine a restituio dos valores cobrados indevidamente do Reclamante, referente ao ponto adicional que j havia sido retirado, acrescidos da repetio do indbito, no valor de R$ 59,80;

c) Reconhea o pedido de Danos Morais pleiteados, face aos prejuzos este causados, frustrao e dano por este sofrido em decorrncia do cancelamento dos servios por parte da Empresa NET, no valor de R$ 8.000,00, ou critrio e arbitramento do D. Juzo em valor no nfimo ou irrisrio, mas que possa atender finalidade primordial do instituto da indenizao por danos morais; d) Que seja confirmado o entendimento da hipossuficincia do Reclamante face Empresa NET, determinando a inverso do nus da prova. Caso no seja esse o entendimento, o que se admite apenas para fins de argumentao, pede sejam oportunizadas todas as formas de produo de provas a serem oportunamente elencadas.61. Confirma-se o valor da causa em R$ 8.059,80 (oito mil e cinqenta e nove reais e oitenta centavos).

Pede Deferimento.

Curitiba, 13 de Janeiro de 2012.

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LUIS FELIPE PEREIRA PONTES

CPF: 062.653.349-05

Resoluo 19/2011 TJPR Disponvel em: HYPERLINK "http://portal.tjpr.jus.br/download/decretos/resolucao_19_2011.pdf" http://portal.tjpr.jus.br/download/decretos/resolucao_19_2011.pdf

Cludia Lima Marques. In Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor. 4 edio. So Paulo: RT. 2002, p. 1.052.

Artigo acessado em 10.01.2011. Disponvel em:

HYPERLINK "http://www.fdc.br/Artigos/..%5CArquivos%5CArtigos%5C10%5CArt42CDC.pdf" http://www.fdc.br/Artigos/..%5CArquivos%5CArtigos%5C10%5CArt42CDC.pdf

BENJAMIN apud ALMEIDA, Luiz Cludio Carvalho de. A repetio de indbito em dobro no caso de cobrana indevida de dvida oriunda de relao de consumo como hiptese de aplicao dos punitives damages no direito brasileiro ob. cit., 2005, p. 166.

MARINONI. Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil. Processo de Conhecimento. Volume II. Editora RT, 2011. pg. 136.

BENJAMIN, Antnio Herman de Vasconcelos. Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7 .ED. So Paulo: Forense Universitria, 2001. PAG. 325

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