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SÁBADO, 14 DE JANEIRO DE 2012 - ANO XXXII - Nº 10683 Segunda a Sábado R$0,50 / Domingo R$1,00 BOM DIA, BAHIA Atenção, pais: matrículas na rede estadual de ensino começam dia 18 O QUE A BAHIA QUER SABER www.correio24horas.com.br Correio * Autos * 1.381 ofertas nesta edição DIVULGAÇÃO CHINÊS FLEX Conta milionária deixa juiz baiano sob suspeita Dois paulistas e um baiano fizeram maiores movimentações bancárias atípicas. Mais de três mil são denunciados 30 e 31 S18 da Chery passa a ter versão bicombustível Sujeira até debaixo d’água Assim ficou o fundo do mar no Porto da Barra depois da virada do ano: repleto de latinhas, espetinhos, muito lixo e até camisinhas 26 e 27 BENARDO MUSSI / O FUNDO DA FOLIA 24h 3 Último dia de Festival de Verão com preço antigo MAIS 28 e 29 Carros ficam mais caros com airbag obrigatório 24h 9 Polícia faz operação na cracolândia da Cidade Baixa Jairo Costa Junior Governo vai gastar R$ 56 mil para divulgar escolas de samba do Rio 4

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Page 1: nestaedição Co o · Salvador,sábado,14de janeiro2012 Segundo ele,como omer-gulho recreativo com turistas érealizadoemáguasdemaior profundidade,ondeseencon-tram os navios autorizados

SÁBADO, 14 DE JANEIRO DE 2012 - ANO XXXII - Nº 10683 Segunda a Sábado R$0,50 / Domingo R$1,00

BOM DIA, BAHIA Atenção, pais: matrículas na rede estadual de ensino começam dia 18

O QUE A BAHIA QUER SABER

www.correio24horas.com.br

Correio*Autos*1.381 ofertasnesta edição

DIVULGAÇÃO

CHINÊS FLEX

Conta milionária deixajuiz baiano sob suspeitaDois paulistas e um baiano fizeram maiores movimentaçõesbancárias atípicas. Mais de três mil são denunciados 30 e 31

S18 da Chery passa a terversão bicombustível

Sujeira até debaixo d’água

Assim ficou o fundo do mar no Porto da Barra depois da virada do ano:repleto de latinhas, espetinhos, muito lixo e até camisinhas 26 e 27

BENARDO MUSSI / O FUNDO DA FOLIA

24h 3

Último dia deFestival deVerão compreço antigo

MAIS 28 e 29

Carros ficammais caroscom airbagobrigatório

24h 9

Polícia fazoperação nacracolândia daCidade Baixa

Jairo CostaJunior

Governo vai gastarR$ 56 mil paradivulgar escolasde samba do Rio 4

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Mais*26 | Salvador, sábado, 14 de janeiro 2012

CORREIO

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Até debaixo d’águaFotos de mergulhadores no mar dapraia do Porto da Barra revelamque a sujeira não está apenas naareia como constataram banhistasdesde o fim de semana. No fundodo mar, há copos, sacos e garrafasde plástico, embalagens de picolé,sandálias e até camisinhas

Salvador Meio ambiente

No fundo, o lixoNão é só a areia dapraia que estáimunda. Há sujeiratambém no marRafael Rodrigues/ Ítalo Oliveira

mais @correio24horas.com.br

No meio de peixes e corais,copos, sacos e garrafas deplástico, embalagem de pico-lé, recipiente de protetor so-lar,sandalhas, bandanas, ca-misinha e muitas latinhas debebida. Quem decide mergu-lhar próximo à praia do Portoda Barra nos fins de semana eapós festas como Reveillon ouCarnaval vive a desagradávelexperiência de sentir-se empleno lixão abaixo da linha domar.

“Umdiadepoisdeumafestaou final de semana com volu-me maior de pessoas fica umabagaceira, e não é somente obanhista, mas o pessoal dessaslanchas caras e luxuosas quepoluem”, lamentou o instru-tor de mergulho Gilson Gal-vão, 41 anos, que frequenta ofundo da Baía de Todos os San-tos há mais de 20 anos.

Apaixonado por nossas be-lezas naturais, Gilson destacaa posição privilegiada da Baíade Todos os Santos para mer-gulho. “É uma das poucasbaías do mundo que a água nãoé poluída, como é a de Guana-bara, no Rio. Tem uma exce-lentecondiçãodevisibilidade,muitos peixes e uma série denaufrágios de navios de sécu-los passados”, diz. “Não me-rece está parecendo um aquá-rio cheio de lata”.

No fundo do mar do Porto da Barra, há copos, sacos e garrafas de plástico, embalagem de picolé, camisinha e muitas latinhas de bebida

FOTO DE BENARDO MUSSI / O FUNDO DA FOLIA

Lixo acumulado no fundo do mar pode comprometer a fauna marinha, alertam os especialistas

Catar lixo no mar não é solução.Solução é evitar que o lixo chegue láBERNARDO MUSSI, surfista e fotógrafo

FOTOS DE JUVENAL BARREIRO

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CORREIO Mais | 27Salvador, sábado, 14 de janeiro 2012

Segundo ele, como o mer-gulho recreativo com turistasé realizado em águas de maiorprofundidade, onde se encon-tram os navios autorizadospara visitação, o lixo apareceem pequenas proporções, en-tre o patrimônio histórico eambiental baiano.

“Os mergulhadores even-tualmente encontram uma la-tinha, um copo, mas nada co-mo acontece próximo àpraia”. Ele lamenta, porém,que estes lixos com o tempoacabam poluindo a qualidadede água, famosa na Bahia porser cristalina

Já para o surfista BernardoMussi, que fotografa o estragoproduzido pelo lixo no fundodo mar, além da falta de edu-cação da população, há umaausência de iniciativas gover-namentais consolidadas.

“O que vemos são ações sa-zonais, campanhas isoladas.Ao contrário do que muitosacham, que a incidência desseproblema está diminuindo,ela está piorando, na verda-de”, afirma. “Catar lixo nofundodomarnãoéasolução,asolução é evitar que o lixo che-gue lá”, conclui.

PERIGO Além de danoso aomeio ambiente, o lixo na areiae no mar é perigoso aos fre-qüentadores. Ato comum nasareias das praias soteropolita-nas, a venda de queijo e chur-rasco em palitos tem causadodanos físicos a quem vai àpraia. O material é descartadona areia por onde adultos ecrianças passam todos dias.

“Outro dia eu vim aqui equando fui me ajeitar na ca-deira,quandoempurreiaareiasenti uma dor no pé. Fui ver etinha me furado com um des-ses palitos de queijo. É um pe-rigo, principalmente pra ascriançasqueficamaícorrendoe brincando”, indigna-seAlexsandro de Souza, 35 anos,professor de educação física.

Segundo as amigas UraniaSanta Bárbara e Elaine Bastos,que aproveitavam a tarde desexta para tomar sol, a falta deeducaçãoédopovo,masacul-pa é do governo. “Falta ao go-verno incentivar a conserva-çãoeosbonsmodos.Nãobastaapenas campanha de cons-cientização porque isso é umacoisa que deve começar desdecedo. O ensino dessas atitudescidadãs, como não jogar lixono chão, tem que ser iniciadona escola”, diz Urania, que éprofessora de português.

Essa é a mesma opinião docasal de turistas André e Naia-ra Costa. Ele, mineiro, e ela,baiana de Vitória da Conquis-ta. Para eles, a educação desdecedo é que vai mudar essa rea-lidade de descaso e abandonoda população com os bens dacidade. “Falta de investimen-to na educação das criançaspara que aprendam isso desdecedo”, comenta Naiara.

O problema, no entanto,não estaria restrito apenas àpopulação de Salvador. Ovendedor Adenilson Nasci-mento, conhecido como Xu-xa, que trabalha como vende-dor na praia do Porto há 18anos, afirma que jogar lixo nochão pode ser um problemacultural brasileiro.

“O povo que é daqui da Ba-hia joga o lixo também, masisso acontece com turistas ca-riocas, paulistas, cearense,pernambucanos,. Eu acho quea falta de educação é geral. Ra-ramente você vê um estran-geiro deixando o lixo na areiaou jogando coisas na água domar”, afirma Xuxa.

Esse é um problema que nãoafasta apenas os turistas, mastambém moradores do bairro.“Eu vinha mais, mas é tantasujeira, tanta imundice que euprefiro ficar em casa. No Ve-rão, então, nossa senhora te-nha piedade dessa praia”,afirma a moradora aposentadaAna Mendonça, que mora nobairro há 34 anos.

ARMADILHAS O oceanógra-fo Guy Marcovald, do projetoTamar, alerta que o lixo acu-mulado no fundo do mar podecomprometer a fauna mari-nha. Isso porque alguns destesdejetos podem se tornar ver-dadeiras armadilhas.Segundoele, algumas latinhas, porexemplo, podem se prenderem peixes, causando ferimen-tos que os matam. “Para astartarugas, o principal perigoé que elas comem os plásticosachandoqueécomida,quees-tão comendo água viva”.

O especialista cita que oprincipal problema da polui-ção no fundo do mar continuasendo os rios urbanos que de-sembocam nas praias e trazemem suas águas boa parte do li-xo recolhido na cidade. Ele la-menta, entretanto, que aindahoje seja grande a quantidadede pessoas que poluem aspraias. “Neste caso os olhosestão vendo e o coração estásentindo. Isso é um problemade educação sério”.

Prefeitura faz operação para conscientizar população

Hoje faz 23 dias que come-çou o Verão. Mas, só depoisque a reportagem do COR-REIO denunciou o abando-no da orla da Barra, nos úl-timos dias 10 e 11, que aOperação Verão da prefei-tura chegou a esse que é umdos principais pontos turís-ticos da cidade.Com um conjunto de ações,que integram diferentes ór-gãos, a Prefeitura pareceestar correndo atrás dotempo perdido, e já dá praver que mudou. A ação deconscientização dos fre-quentadores da praia, que

começou na quarta-feiracom os ambulantes, seguiuontem, quando 15 estagiá-rios da Limpurb conversa-ram com os banhistas sobrea importância de não deixaro lixo na areia.A ação surpreendeu o baia-no Cleriston Fernandes, 27.“Estou sempre por aqui eessa é a primeira vez quevejo uma campanhas do ti-po”, disse ele, após conver-sar com o estudante de en-genharia ambiental Rodri-go Maia. Rodrigo relata que,em suas abordagens, os fre-quentadores sempre apon-

tam a barraca ao lado,“Acham legal a ação, para-benizam, mas ninguém dizque joga o lixo no lugar er-rado, são sempre os outrosque fazem”.Assumindo ou não a culpa,a ação tem dado certo, co-mo conta Eduardo Luis Ve-loso, funcionário da Lim-purb responsáveis pela açãono local. “No final da noite,quando fazemos a limpezamais pesada, já dá pra per-ceber que agora tem tidomais lixo nas caixas do quena areia”.

ALEXANDRO MOTA

Um dia depoisde uma festaou final desemana commaior númerode pessoasfica bagaceiraGILSON GALVÃO, instrutor demergulho

Banhistas têm culpaFalta de conscientização,

falta de educação, omissão dopoder público... As causaspara a sujeira encontrada naspraias e no mar da Barra, emSalvador, são muitas, mas aconsequência é uma só:prejuízo para todos. Além dolixo recolhido nas praias doPorto e do Farol da Barra,uma outra parte dessematerial vai parar no fundodo mar e a culpa também énossa. “Não é culpa só dogoverno. Têm latas de lixo napraia, o que custa a pessoaterminar de comer e beber ejogar a latinha e o pratinho nalata? A culpa éprincipalmente das pessoas,que não têm consciência e

nem um pingo de educação”,afirma a vendedoraambulante Márcia da Cruz, 53anos, que trabalha na praiado Porto. “Você vê os paisdeixando as crianças irem prao mar com garrafinha deágua, brincando com lata derefrigerante na beira do mar.Aí, na hora de ir embora, elessão incapazes de pegar dascrianças e jogar na cesta dolixo. Às vezes, os própriospais tomam das crianças ejogam na água”, reclamaMárcia. Segundo avendedora, o problema dolixo afasta todos, apesar daspraias da Barra estaremsempre cheias. "Podia estarmais cheia ainda", finaliza.

MARINA SILVA

Fiscais conversam com banhistas e comerciantes sobre a importância de não deixar o lixo na areia

Barra: ambulante sedefende e reclamados frequentadores

Travessia terá açãode mergulhadorespara limpar o mar

Será realizada no próximodomingo a 49ª Travessia Ma-rítima Mar Grande/ Salvador.A competição da nataçãobaiana este ano terá um viésambiental. Duas escolas demergulho, a Dive Bahia e aBahia Scuba, reunirão instru-tores para, equipados com ci-lindros de ar, realizarem ummutirão de recolhimento dolixo do fundo do mar. A ope-

ração contará com a ajuda dediversos outros mergulhado-res que recolherão a sujeiraque fica mais próxima á praiae pode ser retirada sem o usode equipamentos de respira-ção. "Queremos a ajuda detodos que puderem ir para apraia e no raso mesmo ajudenossas equipes, ou recolha oque está ao seu alcance",convidou o instrutor Gilson.Operações similares a estaforam realizadas após o car-naval nos últimos anos. Em2011, ao menos 1,5 mil lati-nhas saíram do fundo do mar.

ALMIRO LOPES

Xuxa: ‘a nossa parte, a gente faz’

Não é só nos períodos degrandes festejos, como Car-naval e Réveillon, que a Barrasofre com a falta de educaçãoda população e o descaso dopoder público. Numa tarde, épossível observar na areia to-do o lixo que é deixado pelosusuários das praias, que vãoembora, mas não se impor-tam de deixar as latinhas decerveja, os palitos do queijo e

os pratinhos do acarajé naareia. “O pessoal diz que aculpa também é dos ambu-lantes, mas não é não. Se apessoa compra, ela deve jogardepois no lixo. A nossa partea gente faz. Na área da praiaem que eu trabalho, eu reco-lho o lixo da areia, pego tudoque os mal educados deixam:copos, garrafas, latas, pratosde plástico, côco. Além de serum problema pra a natureza,a praia suja também é ruimpra quem tira seu sustentodaqui”, reclama AdenilsonNascimento, o Xuxa.