nesta edição: atividade profissional e investimentos · com investidores globais em busca de...

26
ANO 3 · Edição 8 · Jul.Ago.Set’2016 Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS: CONCENTRAR OU DIVERSIFICAR? Caco Santos, CFP ® O RISCO DE NÃO CORRER RISCO Flavia Montoro, CFP ® , CFA PENSANDO EM MUDAR? CONHEÇA AS VANTAGENS DE PORTUGAL Luciana Pantaroto, CFP ® Professional MAGAZINE A PREVENÇÃO E O COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO NO BRASIL Geraldo Magela Siqueira

Upload: nguyenminh

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

1C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

ANO 3 · Edição 8 · Jul.Ago.Set’2016

Nesta edição:

ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS: CONCENTRAR OU DIVERSIFICAR? Caco Santos, CFP®

O RISCO DE NÃO CORRER RISCOFlavia Montoro, CFP®, CFA

PENSANDO EM MUDAR? CONHEÇA AS VANTAGENS DE PORTUGALLuciana Pantaroto, CFP®

ProfessionalM A G A Z I N E

A PREVENÇÃO E O COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO NO BRASILGeraldo Magela Siqueira

Page 2: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

2C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

EditorialJan Karsten, CFP®, CFA

InvestimentosFlavia Montoro, CFP®, CFA

Planejamento Sucessório e Tributário Luciana Pantaroto, CFP®

Planejamento Financeiro PessoalCaco Santos, CFP®

Conduta ProfissionalGeraldo Magela Siqueira

Rodrigo Vazquez, CFP®

A Vida Como Ela É Renan Lima, CFP®

EntrevistaRodrigo Assumpção, CFP®

Educação Continuada

SUMÁRIO

pag. 03

pag. 04

pag. 07

pag. 11

pag. 14

pag. 19

pag. 22

pag. 25

Page 3: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

3C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 3

Há uma percepção geral no mundo que estamos prestes a vivenciar, ou já estamos vivendo, uma nova revolução na humanidade. Estudamos as revoluções industriais e tivemos a oportunidade de presenciar o surgimento da internet: somos a última geração a ter vivido o mundo off-line.

As mudanças demográficas em nível global e as chamadas tecnologias disruptivas, que vêm se tornando mais acessíveis ao longo dos últimos anos, são os grandes impulsionadores dessa transição iminente. Uma visão otimista propõe que estamos passando de uma sociedade de conhecimento para uma sociedade da consciência1; outra não tão positiva afirma que saímos da era da informação para a era da distração2.Quanto à nossa atividade profissional, temos acompanhado a rápida evolução do segmento de FinTech no Brasil e no mundo. A expectativa de mudanças significativas nas áreas do planejamento financeiro – fluxo de caixa, meios de pagamento, gestão de recursos, seguros, empréstimos, etc – promete mexer com os agentes tradicionais do mercado. Desta vez, não apenas presenciaremos como as forças se reorganizarão: somos agentes da mudança.Ineficiências do mercado e demanda por maior transparência pelos consumidores são outros elementos que compõem o cenário da transformação da indústria financeira. Em nosso dia-a-dia já é realidade

EDITORIAL

usar diversos serviços financeiros, desde transações bancárias até abrir conta pelo celular, sem interação direta com outra pessoa ou precisar ir ao banco.

Um dos pontos centrais das tecnologias disruptivas é a melhoria da experiência do usuário, conhecida como UX (User Experience). Este conceito coloca o usuário como peça central no desenvolvimento de um produto ou serviço. As recentes inovações tecnológicas no segmento de finanças têm essa proposta; assim podemos afirmar que são, em sua essência, client-centric.

Aqui faço um paralelo com a Certificação CFP, que em seu Código de Normas Éticas e Responsabilidade Profissional estabelece como princípio básico para o planejador financeiro colocar o cliente em primeiro lugar. A sinergia é evidente: tanto o planejador financeiro CFP quanto as FinTechs têm como núcleo de sua missão o consumidor. Alguns provedores estão inclusive colocando consumidores interagindo entre si e trocando idéias de como melhor alocar seus recursos. A tecnologia chega para aprimorar a atividade do planejador financeiro.

O exercício de imaginar o futuro, de qualquer forma, é difícil e naturalmente impreciso. Importante é buscar estar conectado e consciente das possíveis evoluções

Jan Karsten, CFP®, CFA

VOLTAR

Jan Karsten, CFP®, CFA

Graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas com Mestrado (strictu senso) em Economia pela Fundação Getúlio Vargas - SP. Tem especialização em Estratégia pelo IMD de Lausanne e é CFA (Charter Financial

Analyst) e Planejador Financeiro CFP®.

Possui 25 anos de experiência no mercado financeiro com passagens pelo Citi, UBS, Matrix e BankBoston. Atualmente é sócio e CEO da GPS (Multi-Family Office), Diretor de Edu-cação do IBCPF e membro do IBGC (Instituto Brasileiro de

Governança Corporativa).

(não apenas as revoluções) que certamente terão impacto em todos os aspectos de nossas vidas, na esfera pessoal e profissional.

Boa leitura!

1 Da sociedade do conhecimento à sociedade da consciência: princípios, práticas e paradoxos. Arnoldo José de Hoyos Guevara, Vitória Catarina Dib. Editora Saraiva, 20072 Estamos na ‘era da distração’ - entenda o valor de se desconectar. http://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2015/07/estamos-na-era-da-distracao-entenda-o-valor-de-se-desconectar.html

Page 4: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

4C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 4

Investidores que não investem em moedas estrangeiras, títulos do governo brasileiro, produtos indexados à inflação e renda variável correm grande risco: não atingir seus objetivos de longo prazo. Já por meio da diversificação de portfólio, incluindo produtos além de fundos de DI, pode-se garantir boa rentabilidade no longo termo.

A grande maioria dos meus clientes se considera conservador, principalmente as mulheres. Não foram raras as vezes em que vi o patrimônio líquido de um cliente investido 100% em fundos DI. Fundos que sequer conseguem alcançar a rentabilidade do CDI. O medo de investir em outros mercados, moedas e índices acarreta o grande risco de performance fraca num portfólio concentrado, que mal consegue bater a inflação.

O RISCO DE NÃOCORRER RISCO

Como o planejamento financeiro contempla o longo prazo, eu prefiro usar como indicador de performance a inflação, em vez da Selic. Toda a análise de longevidade que produzo (assim como meus colegas) está baseada nos ativos crescendo acima da inflação. Uso, geralmente, uma taxa de 1 a 2% acima da inflação, considerando um crescimento potencial do Brasil no longo prazo de 3,5%, com inflação controlada no centro da meta por volta de 4,5% e juros reais depois de imposto e taxas entre 2,0 e 4,0%.

No entanto, se olharmos para 2015, um ano de inflação crescente, a rentabilidade dos fundos DI não conseguiu superar essa meta que estipulei. A rentabilidade do CDI foi de 13,23% e a inflação (IPCA) foi de 10,74%. Ou seja, se considerarmos o imposto de renda de 22,5%, os

ativos investidos em fundos DI não ganharam da inflação.

Com base na performance de 2015, concluímos que muito conservadorismo resultou em uma under-performance, performance abaixo da rentabilidade estimada. No ano de 2016, com a inflação em queda, esse cenário já mudou. Nos últimos doze meses até Julho, a performance do CDI foi de 14,07% e a inflação (IPCA) foi de 8,74%. Voltamos a ser um dos países de maiores juros reais do mundo e de novo alguns não veem a necessidade de diversificação.

Quando olhamos para investimento de renda fixa no resto do mundo, o cenário é ainda mais desanimador (e favorável para o Brasil). Desde junho, investidores

Flavia Montoro, CFP®, CFA

VOLTAR

Page 5: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

5C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

globais pagaram (pasmem!) para emprestar dinheiro para a Alemanha, ao comprar o German Bunds, títulos do governo alemão de 10 anos com taxas negativas. A taxa do título de 10 anos do governo dos Estados Unidos rende 1,55% ao ano. Isso é difícil de imaginar, para nós brasileiros, mas aproximadamente 30% dos títulos globais hoje apresentam taxas negativas. Imaginem esses investidores buscando alternativas para investir – o que pensariam das taxas praticadas no Brasil?

Analistas de bancos globais alertam para riscos de uma recessão mundial. Baixo crescimento tende a ser negativo para o lucro das empresas, o que não reflete positivamente para as bolsas de valores do mundo. Notem que empresas listadas na bolsa americana já estão apresentando lucros em queda: a ação da Apple caiu 6,3% no dia em que apresentou a primeira queda em vendas em 13 anos. A expectativa, segundo fontes do mercado, é de lucros caindo 5,5% no segundo semestre de 2016.

Embora longe de perfeito, o índice P/L, ou preço/lucro, é um índice amplamente usado para avaliação de empresas e índices de bolsa de valores. O índice P/L da bolsa americana S&P 500, , encontra-se em 18,4 vezes, o nível mais alto dos últimos 5 anos, de acordo com a Bloomberg. Indicadores de P/L altos e lucros declinantes levam-nos a acreditar que a bolsa americana não está barata.

A bolsa brasileira também não está de graça: o índice Ibovespa, principal índice de ações do Brasil, fechou a ontem (05/09) em 59.566,35 pontos, acumulando alta

de 37,4% em 2016. Do mesmo modo, uma queda no PIB global prejudicaria ainda mais o crescimento do PIB brasileiro. A expectativa do mercado baseada no relatório Focus, publicado pelo Banco Central brasileiro, projeta queda de 3,25% para o PIB em 2016 e um modesto crescimento de 1,10% para 2017. O Ibovespa apresenta P/E de 18,5X com baixa expectativa de crescimento de lucros.

Com investidores globais em busca de maior rentabilidade para seus ativos e um quadro político mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e ter o dólar comercial perdido 16% do valor desde o começo do ano. No período de janeiro a maio, o investidor estrangeiro colocou R$ 477 milhões em dívida brasileira contra uma saída de R$ 1,149 milhão no mesmo período do ano passado.

Fonte: Bloomberg LP.

Investimentos

Page 6: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

6C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

Com um panorama tão favorável para os juros e a moeda no Brasil, por que estou defendendo a diversificação? A diversificação do portfólio entre diferentes classes de ativos, mercados e moedas é uma das poucas estratégias provadas para investidores com o horizonte de longo prazo. Um portfólio bem diversificado reduz o risco de não atingir uma rentabilidade adequada.

Eu gosto muito da história de Franklin Templeton, pioneiro no conceito de portfólio global diversificado na indústria de fundos mútuos. Durante a grande depressão nos Estados Unidos, Templeton investiu em firmas europeias em dificuldade. Nem todos os investimentos foram bem sucedidos, mas a diversificação do portfólio garantiu boa performance. Com o passar dos anos, sempre investindo globalmente, Templeton acreditava que investimentos globais ofereciam oportunidades que os investidores americanos não encontravam em casa. Eu acredito que isso seja verdade também para investidores brasileiros.

Além da estratégia de investimento a longo prazo devemos também olhar para o nossa própria cesta de inflação. O que eu quero dizer? Muitos dos produtos consumidos no nosso dia a dia dependem mais do valor do dólar do que da economia local. Olhe o exemplo do pão francês, que teve um aumento médio de 60% em 2015. A alta do dólar de 48% no ano passado acarretou aumento do trigo, um insumo cujo preço é denominado em dólares. Analistas de mercado estimam que o pass-through, ou transmissão da alta do dólar nos preços locais varia entre 3,5 a 5,0%.

Uma família que pretende viajar todos os anos para o exterior deveria poupar em moeda estrangeira? Eu acredito que sim. Nesse caso o investimento em moeda estrangeira não é especulação, mas simplesmente um hedge contra eventuais flutuações e impactos no planejamento dessa família em sua programação de férias.

Na BMF&Bovespa, investidores brasileiros podem comprar produtos que refletem o retorno da principal bolsa de valores dos Estados Unidos, o S&P 500, com taxas de administração geralmente menores que as taxas dos fundos de investimento. Ou seja, investir na bolsa americana é acessível a todos os brasileiros através dos ETFs, ou Exchange Traded Funds (Fundos de Investimento em Cotas de Fundo de Índice).

Com o tesouro direto, todos os brasileiros podem comprar títulos do governo indexados à inflação (IPCA), com taxas bastante atrativas. O investidor individual pode emprestar dinheiro diretamente para o governo brasileiro sem ter de investir em fundos. Por exemplo, em 5 de setembro de 2016, um título a vencer em 15 de maio de 2019 está sendo vendido por inflação mais 6,17%. Para uma pessoa que está pensando em trocar o carro ou comprar um imóvel daqui a três anos, essa seria a minha recomendação. Eu considero uma ótima opção de investimento para quem pode esperar para resgatar o dinheiro na data de vencimento.

Essa estratégia também é valida para prazos mais longos, uma vez que os títulos têm diferentes datas de resgate, variando de 2019 a 2050. Para outros objetivos

e/ou sonhos, como garantir o pagamento da faculdade do meu filho de 9 anos, todo mês eu coloco dinheiro no título Tesouro IPCA+ 2024, com taxa de 5,93% em 5 de setembro de 2016. Em 2024, ele fará 18 anos e poderá resgatar todo o dinheiro investido, com ótima rentabilidade.

Ao contrário da opinião popular, investir fora do Brasil ou em títulos com indicadores de inflação não é só para investidores arrojados ou profissionais, mas também para aqueles que se consideram conservadores garantirem rentabilidade acima da inflação.

Para garantir uma boa rentabilidade no longo prazo, reduzindo o risco do portfólio, é imperativo diversificar!

Flavia Montoro, CFP®, CFA

Flavia Montoro tem ampla experiência em Finanças, atua nessa área ha mais de 19 anos. Sua carreira

começou em 1996, como trader de ações, moedas e derivativos. Em 1999, mudou-se para Nova York, para fazer um MBA com foco em finanças na Stern School of Business, NYU. Terminando os estudos, trabalhou

em Nova York na Salomon Smith Barney/Citibank e no banco de investimentos Morgan Stanley, no “sell side”

e depois no “buy side” na Merrill Lynch Investment Managers, que mais tarde foi comprada pela BlackRock. Atualmente, trabalha na área de planejamento financeiro pessoal, desenvolvendo estratégias individualizadas de

gerenciamento de todos os aspectos financeiros pessoais. Além do MBA, possui mestrado em finanças pela FIPE/

USP e também é uma profissional CFA (Certified Financial Analyst) e CFP® (Certified Financial Planner).

Investimentos

Page 7: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

7C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 7

Os acontecimentos políticos e econômicos dos últimos anos no Brasil têm levado muitos brasileiros a considerarem seriamente a opção de deixar o país em busca de maior segurança e estabilidade financeira. Portugal figura entre os principais destinos levados em consideração por esses brasileiros por vários motivos, entre eles a cultura, o idioma e, mais recentemente, pelas facilidades concedidas pelo país aos estrangeiros que tenham condições de investir na economia portuguesa.

1- Regime Especial de Autorização de Residência para Atividade de Investimento em Portugal (ARI)

O Regime Especial de Autorização de Residência para Atividade de Investimento em Portugal (ARI), também conhecido como golden visa, foi criado em 2012 para

PENSANDO EM MUDAR? CONHEÇA AS VANTAGENS DE PORTUGAL

conceder as seguintes vantagens aos estrangeiros que decidem investir no país:

•Entrar em Portugal com dispensa de visto de residência;•Residir e trabalhar em Portugal, podendo manter residência em outro país, desde que permaneça em Portugal por pelo menos sete dias no primeiro ano e pelo menos 14 dias nos anos subsequentes;•Circular pelos países europeus signatários do Acordo de Schengen sem necessidade de visto;•Solicitar o reagrupamento familiar (autorização para a entrada de familiares em Portugal);•Tornar-se elegível para requerer residência permanente após cinco anos; e•Tornar-se elegível para requerer nacionalidade portuguesa após seis anos.

Para obter estas vantagens, os estrangeiros devem investir em Portugal, como pessoa física ou jurídica, de acordo com as condições abaixo, por um período mínimo de cinco anos:

1.Gerando, pelo menos, dez postos de trabalho;2.Aplicando a partir de EUR 250.000,00 em investimento ou apoio à produção artística, recuperação ou manutenção do patrimônio cultural nacional;3.Aplicando a partir de EUR 350.000,00 em investimento para aquisição e reforma de bem imóvel construído há pelo menos 30 anos ou localizado em áreas de reabilitação urbana ou em investimento para atividades de investigação desenvolvidas por instituições públicas ou privadas de investigação científica;4.Aplicando a partir de EUR 500.000,00 em

Luciana Pantaroto, CFP®

VOLTAR

Page 8: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

8C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

investimento para aquisição de imóvel ou para a aquisição de quotas em fundos de investimento ou de capital de risco voltados à capitalização de pequenas e médias empresas; ou5.Aplicando a partir de EUR 1.000.000,00 em transferência de capitais.

Abaixo, seguem os documentos e requisitos necessários para a solicitação da concessão de ARI:

1.Passaporte válido;2.Ser portador de visto Schengen, se aplicável, e regularizar a situação junto ao SEF no prazo de 90 dias, a contar da data da primeira entrada em Portugal;3.Comprovativo de Seguro Saúde Internacional, particular ou PB4-INSS (Certificado de Direito à Assistência Médica que proporciona aos brasileiros com visto de turista, temporário ou de residência, direito à assistência médica e aquisição de medicamentos em Portugal);4.Autorização destinada ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, para consulta do registo criminal português do requerente;5.Atestado de antecedentes criminais brasileiro ou do país onde resida há mais de um ano;6.Declaração de Compromisso de Honra, pelo qual o requerente atesta que cumprirá os requisitos da atividade de investimento em território nacional;7.Comprovante do pagamento da taxa de análise do pedido de ARI;8.Ausência de condenação por crime que, em Portugal, seja punível com pena privativa de liberdade, de duração superior a um ano;

9.Não se encontrar no período de interdição de entrada em Portugal;10.Ausência de indicação no Sistema de Informação Schengen; e11.Ausência de indicação no Sistema Integrado de Informações do SEF para efeitos de não admissão.

Além desses documentos e requisitos, obrigatórios para todos os que dão entrada no pedido de concessão de ARI, é necessário apresentar outros documentos,

dependendo do tipo de investimento escolhido.

Para requerer a concessão de ARI, é preciso registrar-se no site http://ari.sef.pt, preencher o formulário informando o tipo de investimento escolhido, enviar os documentos necessários e o comprovante da taxa de análise (EUR 517,40). O pedido é analisado em até 72 horas.

Caso o pedido de concessão de ARI seja deferido, é necessário ainda pagar uma taxa de concessão de EUR 5.173,60, e periodicamente pagar novamente a taxa de análise e a taxa de renovação, de EUR 2.586,80. Estes valores podem sofrer alterações.

2.Regime Fiscal para o Residente Não Habitual

Portugal ainda concede outra vantagem para estrangeiros que tenham qualificação profissional ou que sejam beneficiários de pensão no exterior, e que já tenham se registrado como residentes em Portugal: o Regime Fiscal para o Residente Não Habitual.

O regulamento do regime considera válidas as seguintes qualificações profissionais: arquitetos, engenheiros, artistas, auditores, médicos, dentistas, professores, psicólogos, profissionais da informática, cientistas, designers, investidores, administradores, entre outras profissões relacionadas.

A inscrição como residente não habitual somente pode ser solicitada por quem se tornou residente em Portugal

"PORTUGAL FIGURA ENTRE OS PRINCIPAIS DESTINOS LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO POR ESSES

BRASILEIROS POR VÁRIOS MOTIVOS, ENTRE ELES

A CULTURA, O IDIOMA E, MAIS RECENTEMENTE, PELAS FACILIDADES

CONCEDIDAS PELO PAÍS AOS ESTRANGEIROS QUE TENHAM CONDIÇÕES DE INVESTIR NA ECONOMIA PORTUGUESA".

Planejamento Sucessório e Tributário

Page 9: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

9C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

(lembre-se de que quem recebe a concessão de ARI pode solicitar a residência em Portugal apenas após 5 anos).

Outra exigência é que o solicitante não tenha sido considerado residente em Portugal nos cinco anos anteriores ao ano do pedido de inscrição como residente não habitual.

O pedido deve ser feito até o dia 31 de março do ano seguinte ao ano em que o solicitante tenha se tornado residente em Portugal, por meio do site www.portaldasfinancas.gov.pt ou por requerimento entregue em qualquer Serviço de Finanças, Loja do Cidadão, ou ainda enviados, por via postal, para a Direção de Serviços de Registo de Contribuintes, em Lisboa.

Se o pedido for deferido, o solicitante adquire o direito a ser tributado como residente não habitual no período de dez anos consecutivos e improrrogáveis, desde que em todos os anos cumpra os requisitos para ser considerado residente em Portugal.

Se, em algum dos dez anos, o solicitante não cumprir os requisitos de residência e perder o direito de ser tributado como residente não habitual, é possível retomar o direito a esta tributação em qualquer dos anos remanescentes dentro do período de dez anos, desde que cumpra, naquele ano, os requisitos de residência em Portugal.

Os rendimentos decorrentes de trabalho em Portugal são tributados pela alíquota de 20%, exceto se houver opção por englobamento. Neste caso, os rendimentos serão tributados de acordo com a tabela progressiva portuguesa, cujas alíquotas podem chegar a 46,5%, porém com a possibilidade de reduzir o imposto utilizando despesas dedutíveis.

Os rendimentos no exterior são considerados em grande parte isentos, principalmente quando são recebidos em países que firmaram acordo para evitar dupla tributação com Portugal, como é o caso do Brasil. Quando estes rendimentos não forem considerados isentos, serão

tributados pela alíquota de 20%.

Apesar de isentos, os rendimentos são considerados para determinar qual a alíquota a ser aplicada aos rendimentos tributáveis em Portugal.

Existe ainda a possibilidade, em algumas situações, de utilização do imposto pago no exterior como crédito de imposto em Portugal. Estas são apenas algumas regras gerais, uma vez que este regime tem uma série de regras bastante específicas.

3- Semelhanças com o Visto EB-5 (Estados Unidos)

O pedido de concessão de ARI, ou golden visa, vem sendo comparado com o visto EB-5, que é o visto norte-americano concedido a investidores estrangeiros.

Pelo visto EB-5, o investidor qualificado e sua família (cônjuge e filhos solteiros menores de 21 anos) se tornam elegíveis para dar entrada no green card, que é o visto de residência permanente nos EUA. A residência obtida pelo investidor é condicional por dois anos e pode se tornar permanente se após este período os investimentos e postos de trabalho forem mantidos. O investimento direto mínimo é de USD 500.000,00 a ser aplicado em regiões com altas taxas de desemprego ou áreas rurais (“centros regionais”), ou investimento direto a partir de USD 1.000.000,00 a ser aplicado em qualquer região dos EUA.

Planejamento Sucessório e Tributário

Page 10: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

10C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

Além do investimento, é preciso gerar pelo menos dez postos de trabalho para os cidadãos americanos. Além destes requisitos, o requerente não pode ter sido condenado por crimes financeiros ou violação às leis de imigração americana. Ainda, é preciso comprovar que o dinheiro investido tem origem lícita. Por fim, não há qualquer garantia de retorno do valor investido. O programa norte-americano para atrair investidores através da concessão do visto EB-5 foi originalmente concebido para durar até setembro de 2015. No entanto, o Congresso aprovou a extensão do programa por mais um ano – setembro de 2016 – sem previsão de nova prorrogação.

4- Outras considerações

Ressalta-se que este texto tem caráter meramente informativo. Recomenda-se aos interessados que consultem especialistas em imigração, tributação e legislação portuguesa ou americana para verificar, além de questões fiscais, questões sucessórias, financeiras, entre outras.

Destacam-se, em especial, as questões sucessórias: enquanto a alíquota máxima de ITCMD no Brasil é de 8% (em São Paulo, essa alíquota é de apenas 4%), nos Estados Unidos, a tributação sobre a herança pode chegar a 40%, e em Portugal, pode chegar a aproximadamente 10%. Como cada país possui legislação específica, é importante consultar especialistas em planejamento sucessório para, se possível, minimizar a carga tributária.

Outro ponto importante é verificar os impactos trazidos

Luciana Pantaroto, CFP®

É planejadora financeira certificada desde 2015. Sócia do escritório Dian & Pantaroto, especializado em

consultoria tributária e sucessória para brasileiros e estrangeiros. Atuou anteriormente na Deloitte e Ernst & Young (EY) assessorando empresas multinacionais na

transferência internacional, bem como no planejamento tributário e adequação fiscal de executivos brasileiros e estrangeiros. Possui experiência também em Direito

Civil. Advogada pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (FDSBC), pós-graduada em Direito

Tributário pela FGV.

pela saída fiscal do Brasil. De modo geral, há diferenças na tributação sobre os rendimentos recebidos na condição de residente fiscal e na condição de não residente fiscal.

Esses impactos talvez sejam mais leves para os que se mudam para Portugal, país que firmou acordo para evitar dupla tributação com o Brasil. Para os que mudam para os EUA, por exemplo, a mudança pode trazer impactos maiores do ponto de vista fiscal, já que o país não

firmou acordo para evitar dupla tributação com o Brasil (atualmente, há apenas reciprocidade de tratamento tributário, que permite a compensação de impostos em determinadas situações).

Outro ponto a ser considerado é que uma mudança de país costuma trazer custos que, em conjunto, podem gerar grande impacto no orçamento, principalmente daqueles que pretendem manter patrimônio e rendimentos no Brasil, como a contratação de contadores e advogados em ambos os países, taxas bancárias maiores por conta de transferências internacionais, entre outras situações.

Planejamento Sucessório e Tributário

Page 11: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

11C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 11

Meu avô era um homem de negócios. Ganhava seu dinheiro comprando e vendendo imóveis. Construiu um patrimônio lidando muitas vezes com fazendas em lugares ermos, que muitos anos depois se valorizariam de forma importante. Isso fazia com que precisasse muitas vezes empatar boa parte de seu capital num determinado pedaço de terra, e ficar apertado até que conseguisse vender um outro. Talvez por isso eu sempre tenha ouvido da minha avó “não coloque todos os ovos na mesma cesta”, uma frase famosa quando pensamos em diversificação. Acho que todo texto sobre diversificação contém essa frase!

Existe farta literatura sobre esse conceito, que é um dos mais importantes no mundo de gestão de riscos. Harry Markowitz desenvolveu na matemática a fronteira eficiente, em que se consegue determinar o ponto ótimo de combinação de ativos considerando seus retornos

ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS: CONCENTRAR OU DIVERSIFICAR?

esperados, riscos e correlação entre eles.

Profissionais de finanças estão acostumados com isso. Gestores de investimentos têm de conhecer o assunto de trás para frente, de olhos fechados. Usam todas as teorias, matemática e conhecimento dos mercados para administrar fundos ou auxiliar seus clientes na montagem de portfólios equilibrados para os cenários econômicos que vislumbram.

Administradores fazem o mesmo com seus negócios. Grandes grupos empresariais investem em setores diferentes com este objetivo. Um deles tem negócios em cimento, metais, energia, papel e celulose, banco e suco de laranja. Outro tem açúcar, álcool, ferrovias, fazendas, logística. A diversificação também é geográfica, afinal o Brasil pode não estar bem enquanto outros mercados estão “bombando”. Então se produz cerveja por aqui,

nos Estados Unidos e na Europa.

Quando trazemos a questão para o indivíduo, um planejador financeiro deve analisar também a atuação profissional do seu cliente perante todo o entorno de suas finanças. O risco de sua principal fonte de renda – seu emprego ou seu negócio – deve necessariamente ser levado em consideração quando pensar em seus investimentos, previdência e seguros. Destaco abaixo dois aspectos para levar em conta, que muitas vezes vejo negligenciados pelos clientes – e também por planejadores.

O primeiro é o ramo de atividade. O dono de uma construtora deve ter fundos imobiliários em sua carteira? Um executivo de uma rede varejista deve investir em ações daquele setor? Se o fizerem, estarão de certa forma alavancando sua atuação, colocando mais ovos

Caco Santos, CFP®

VOLTAR

Page 12: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

12C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

VOLTAR

na mesma cesta.

Entre exemplos menos óbvios, descobri que um obstetra tem feito menos partos durante a crise, pois muita gente fica insegura e resolve postergar o plano de ter filhos. Qual será a correlação da economia com a atividade de meu cliente? Como devem ser então seus investimentos? Talvez haja algum tipo de “hedge” para ser pensado.

Outro fator é remuneração. Muitos executivos recebem ações da empresa em que trabalham como forma de alinhamento de interesses de longo prazo (pessoalmente, acho perfeitamente razoável). Normalmente, esses programas de incentivos são atrelados a um prazo mínimo para o colaborador ter direito de vender as ações (vesting period). Na minha experiência, vejo que a maioria continua com estes investimentos após esse período, muitas vezes compondo uma parcela relevante de seu patrimônio. Os motivos alegados são diversos: preguiça de mexer, comodidade, apego emocional pelo empregador, ou por racionalmente acreditarem no potencial da companhia em que trabalham (o que é ótimo, aliás!). Nosso papel, contudo, é mostrar que estão concentrando risco desta forma: mantendo recursos investidos na mesma empresa de que recebem seu salário. Como toda concentração de riscos, se a empresa for bem, ótimo! E se não for? Podem perder ao mesmo tempo emprego, bônus, previdência e o dinheiro das ações…

Tenho um amigo que trabalhava num grande banco norte-americano. Como é prática no setor, recebeu muitas ações e opções de ações ao longo dos anos.

Seu banco começou a andar mal, mas ele estava lá e via tudo indo bem. Resolveu comprar, com suas reservas, mais ações, porque “o preço no mercado está irreal, eu sei o que acontece aqui dentro”. Infelizmente não sabia. Todos os seus recursos estavam investidos em ações da Lehman Brothers. Em outubro de 2008, ele pediu dinheiro emprestado ao pai para fazer supermercado.

“Ora, mas todo mundo viu que a Lehman ia quebrar!” Não, não viu. É fácil falar depois do fato, e mais fácil ainda quando estamos fora da empresa, sem envolvimento. Não podemos nos esquecer de que nenhuma empresa é imune a problemas. A Petrobras perdeu enormemente valor nos últimos anos. Seus problemas arrastaram não só empresas de óleo & gás, mas também outros derivados destes – quantos especialistas do setor no mundo bancário ficaram sem trabalho pela falta de perspectivas nos mercados de capitais por conta disso? Várias construtoras viram negócios minguarem de forma substancial, e nem precisaram estar envolvidas em corrupção para isso. Financiamentos sumiram, contratos foram cancelados, várias empresas desapareceram.

Para ir além de nossas fronteiras, em setembro de 2015 a Volkswagen esteve nas manchetes com um escândalo de falsificação de resultados de emissões de poluentes. No mês seguinte, divulgou seu primeiro prejuízo em 15 anos, resultado de reserva de 6,7 bilhões de euros para cobrir custos com a fraude. Esse número já dobrou desde então, e não se encerrou ainda o assunto. Suas ações chegaram a cair 45% depois das notícias, e ainda hoje estão 25% abaixo dos níveis pré-escândalo. Outros casos aparecem de tempos em tempos.

Caco Santos, CFP®

É planejador financeiro certificado desde 2013. Atua como planejador financeiro pessoal e é palestrante sobre

finanças pessoais e educação financeira. Formado em Administração de Empresas pela FEA/USP e MBA em

Finanças pela FIA/USP. Curso de formação em Coaching pela ICI. Certificado como Agente Autônomo de

Investimentos e Corretor de Seguros. Foi empreendedor no setor de varejo. Tem experiência de 23 anos nas

áreas comerciais de produtos financeiros de tesouraria e gestão de riscos, tendo trabalhado nos bancos

JPMorgan, ING e Barclays em São Paulo e Nova York.

Repito: nenhuma companhia é imune a surpresas negativas.

Claro, existem as histórias positivas. Quem começou no Facebook sem salário, só recebendo ações, virou multimilionário. Conheço gente que se aposentou de empresas sólidas e recebe uma remuneração, advinda do plano de pensão, extremamente interessante.

Nosso papel é levantar esses pontos e levar em consideração esses fatores, trazendo aos nossos clientes um entendimento holístico dos riscos a que estão expostos. Indo muito além daqueles que eles estão acostumados a ver nos extratos de seus bancos e corretoras, daremos a eles a oportunidade de tomarem decisões mais embasadas, sejam em investimentos, seguros ou até em suas carreiras. Afinal, devemos ajudá-los a estarem conscientes sobre quantos ovos querem efetivamente colocar em cada cesta!

Planejamento Financeiro Pessoal

Page 14: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

14C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 14

A consolidação do processo de globalização econômica pelo qual o mundo vem passando nas últimas décadas, a par de fortalecer o relacionamento comercial entre os diversos países, favorece também a interação dos mercados financeiros e dos sistemas internacionais de pagamento entre as diversas nações. Um dos grandes desafios atuais da comunidade financeira internacional é, sem dúvida, continuar no caminho da modernidade e do incremento do processo de globalização e integração econômica sem, contudo, permitir o uso proliferado dos sistemas financeiros para dar suporte à movimentação de recursos vinculados a operações ilícitas e criminosas.

A maioria das nações está atenta a essas questões.

A PREVENÇÃO E O COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO NO BRASILGeraldo Magela Siqueira

VOLTAR

O combate e a prevenção à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e à corrupção têm sido, nas últimas décadas, objeto de permanente preocupação e de ações por parte da comunidade internacional.

Em nível mundial, o combate à lavagem de dinheiro ganhou força a partir da Convenção de Viena em 1988, no âmbito da ONU, que buscou incentivar os países participantes a tipificar penalmente o ilícito praticado com bens, direitos e valores oriundos do narcotráfico. Os países signatários da convenção, incluído o Brasil, se comprometeram a emitir leis que tipificassem como crime a lavagem de dinheiro vinculada a atividades relacionadas ao narcotráfico.

A Convenção de Viena foi ratificada pelo Brasil por meio

do Decreto nº 154, de 26 de junho de 1991.

Na esteira da Convenção de Viena, foi criado, em 1989, o FATF (Financial Action Task Force), com a sigla Gafi em português (Grupo de Ação Financeira). O Gafi é um organismo intergovernamental1 cujos objetivos são estabelecer padrões mundiais e promover a efetiva aplicação de medidas legais, regulamentares e operacionais para o combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e a outras ameaças relacionadas com a integridade do sistema financeiro internacional.

O Gafi é, portanto, um órgão de decisão política

1 A elaboração desta parte do artigo apoiou-se em informações obtidas nas páginas do Gafi e do Coaf na na internet.

Page 15: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

15C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Conduta Profissional VOLTAR

que funciona para gerar a vontade dos governantes internacionais necessária à condução de reformas legislativas e regulamentares nacionais envolvendo os referidos temas.

O Gafi divulgou, em 1990, documento contendo o que se passou a chamar de “Quarenta Recomendações”, relacionando as melhoras práticas a serem adotadas pelos países com o propósito de combater a lavagem de dinheiro e promover a necessária cooperação internacional. A partir de 2001, após o atentado de 11 de setembro nos EUA, foram acrescidas ao documento nove recomendações especiais, contemplando o combate e a prevenção ao financiamento ao terrorismo2. Essas recomendações do Gafi são reconhecidas e adotadas por mais de 180 países e constituem um guia para adoção de padrões e para promoção da efetiva implementação de medidas legais, regulatórias e operacionais destinadas a combater a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas nucleares, além de outras ameaças à integridade do sistema financeiro relacionadas a esses crimes.

Essas recomendações definem as medidas que os países devem adotar, em seus sistemas regulatórios e de justiça criminal, buscando garantir transparência com relação à titularidade de pessoas jurídicas e outras estruturas, o estabelecimento de autoridades competentes com funções apropriadas, poderes e mecanismos de cooperação com outros países.O Brasil é membro do Gafi e tem se engajado fortemente nesse esforço internacional, apresentando como

resultados práticos a tipificação do crime de lavagem de dinheiro na legislação brasileira, por meio da Lei nº 9.613, de 3 março de 1998, com as alterações promovidas pelas Leis nºs 10.701, de 9 de julho de 2003, e 12.683, de 9 de julho de 2012.

Com a edição da Lei nº 9.613, foi criado o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no âmbito do Ministério da Fazenda, que passou a ser a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil3, atuando eminentemente na prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, com as seguintes competências: i) receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas; ii) comunicá-las às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis nas situações em que o conselho concluir pela existência, ou fundados indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito; iii) coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores; e iv) disciplinar e aplicar penas administrativas.

A Lei nº 9.613 também atribuiu ao Coaf a competência residual de regular os setores econômicos para os quais não haja órgão regulador ou fiscalizador próprio. Nesses casos, cabe ao conselho definir as pessoas, bem como a expedição das instruções para a identificação de clientes e manutenção de registros de transações, além da aplicação de sanções previstas na referida lei.Além da tipificação do crime, a legislação estruturou um regime administrativo, pelo qual são definidos setores

Page 16: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

16C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Conduta Profissional VOLTAR

O Código de Ética e Responsabilidade Profissional do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros – (IBCPF) estabelece Princípios e Regras aplicáveis a todas as pessoas a quem tiver sido autorizado o uso da Certificação CFP®. A aceitação de tal autorização acarretará a obrigação de cumprir as ordens e as exigências de todas as Leis e Regulamentos aplicáveis elencados no Código de Etica, mas não se limitando a ele, e de assumir a responsabilidade de agir de maneira etica e profissionalmente responsável em todos os serviços e atividades profissionais em que se envolva.

O Profissional CFP® pode atuar em diversas áreas que abrangem o planejamento financeiro pesstoal, que indicam os campos de ação básicos cobertos pelo processo de planejamento financeiro, que podem incluir, mas não se limitam a: preparação e análise de declaração financeira (incluindo análise do fluxo de caixa/planejamento e orçamento); planejamento do investimento (incluindo projeto do portfólio, isto é, distribuição do ativo e gerenciamento do portfólio); planejamento fiscal; planejamento de gastos com educação; gerenciamento de riscos; planejamento de aposentadoria; e planejamento sucessório.

Podemos destacar que temos Profissionais CFP®

atuando em instituições financeiras, com destaque para o segmento de Private Banking; agentes autônomos de investimentos ligados a corretoras de valores, ou a sociedade de agentes autônomos; consultores registrados na CVM que atuam de forma independente; advogados atuando em instituições financeiras ou em sociedades de advogados; profissionais que exerçam sua atividade em empresas de gestão de patrimônio;

contadores; corretores de seguros.

Sujeitam-se às obrigações previstas na Lei n.º 9.613/98, que foi modificada pela 12.683/12, entre outros, as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações.

O Profissional CFP®, quando regulado por órgão competente em sua atividade principal, mantém sob sua responsabilidade o acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes e eventuais distorções devem ser tratadas e levadas ao conhecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), se for o caso. É de extrema importância conhecer o cliente e adotar políticas e procedimentos de controles internos adequados e compatíveis com o volume de operações, na forma disciplinada pelos órgãos reguladores.

O PROFISSIONAL CFP® E SUAS RESPONSABILIDADESda atividade econômica4 que compartilham com o Estado a responsabilidade pela prevenção do crime de lavagem de dinheiro, e é estabelecido um conjunto de procedimentos que dificultam o encobrimento da origem ilícita dos recursos e facilitam o trabalho de investigação.

É um sistema baseado nos seguintes princípios fundamentais: identificação de clientes, manutenção de cadastros atualizados e de registros das operações, monitoramento para a detecção de situações atípicas ou suspeitas e comunicação dessas ocorrências ao Coaf, que as coteja e as compila para a produção de Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) disseminados posteriormente às autoridades competentes para conduzir investigações.

Do ponto de vista conceitual, não há na doutrina um conceito padrão, mas os existentes convergem para definir que a prática conhecida por lavagem de dinheiro visa dar aparência lícita a bens e recursos obtidos de forma ilícita. No que diz respeito aos aspectos legais, o crime de lavagem de dinheiro foi definido pela Lei 9.613, de 1998, como a ocultação ou dissimulação da natureza, da origem,

2 Em 2012, houve a incorporação das nove recomendações especiais ao documento geral das “Quarenta Recomendações”. 3 Uma das recomendações do Gafi é que cada país defina sua própria Unidade de Inteligência Financeira (UIF).4 Instituições financeiras, contadores, corretores de imóveis, consultores, joalheiros, agentes que atuam na área de obras de artes e de antiguidades, entre diversas outras atividades econômicas.

RODRIGO VAZQUEZ, CFP®

É planejador financeiro certificado desde 2010. Graduado em Administração de Empresas e MBA

Executivo em Gestão de Negócios Financeiros pela FGV. Possui 18 anos de experiência profissional no setor

financeiro, sendo 7 anos na área de Private Banking e nos últimos 5 anos atuando como Planejador Financeiro

Independente, assessorando famílias de alta renda.Membro da Comissão de Relacionamento com

Associados desde maio/2012 e membro do Conselho de Ética do IBCPF desde março/2014.

Page 17: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

17C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Conduta Profissional VOLTAR

da localização, da disposição, da movimentação ou da propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal5.

Em 2003, foi criada a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla), com o objetivo de incrementar e fortalecer as ações articuladas do poder público, em nível estratégico, para combater a lavagem de dinheiro e a corrupção e, em sentido mais amplo, o crime organizado no Brasil6.

O trabalho da Enccla consiste na articulação de diversos órgãos dos três poderes da República, dos ministérios públicos e da sociedade civil que atuam, direta ou indiretamente, na prevenção e combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, com o objetivo de identificar e de propor o seu aprimoramento.

Atualmente, mais de 60 órgãos e entidades fazem parte da Enccla. Uma vez por ano, esses órgãos se reúnem para debater e definir ações e esforços buscando otimizar recursos públicos e difundir informações. A meta da entidade é atingir uma política pública eficaz e

eficiente, de modo que o Estado se organize de forma consistente.

Nas reuniões anuais são definidas ações conjuntas a serem desenvolvidas nos anos seguintes, as quais são acompanhadas por um grupo de representantes dos órgãos que compõem a Enccla, denominado Grupo de Gestão Integrada (GGI), sob coordenação do Ministério da Justiça.

No âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), cabe ao Banco Central do Brasil definir as regras e os procedimentos a serem observados pelas instituições financeiras, além de supervisionar o sistema e aplicar sanções administrativas às instituições que venham eventualmente a infringir ou descumprir o que tiver sido estabelecido. Tem o Banco Central, em razão da sua missão institucional, a atribuição de “assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente”, exercendo papel preponderante no processo de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo no âmbito do SFN.

O sistema de prevenção à lavagem de dinheiro implementado no Brasil a partir da Lei nº 9.613, alinhado com as recomendações internacionais, já vem mostrando significativos resultados, como pode se observar a partir das repercussões da Operação Lava Jato, de conhecimento de todos. A Operação Lava Jato tem mostrado e ratificado a estreita relação que há entre a corrupção e a lavagem de dinheiro no Brasil, deixando claro que os crimes contra a administração pública direcionam mais recursos para

5 Esta redação foi dada pela Lei nº 12.683, de 2012, que ampliou o alcance da tipificação de crime de lavagem de dinheiro, antes ligada a crimes antecedentes especificamente definidos. Agora, os crimes de lavagem de dinheiro são derivados de infração penal considerada de forma genérica, sem distinção. Esse tipo de lei é caracterizado na doutrina como sendo de terceira geração. Por sua vez, a legislação que contempla somente tráfico de drogas e entorpecentes como crime antecedente é considerada de primeira geração, conforme definido na Convenção de Viena. Já a legislação que contempla esse tipo de crime e acrescenta outros de forma específica é considerada como sendo de segunda geração, como era o caso brasileiro até 2012.

6 Informações constantes da página da ENCCLA na internet.

"A OPERAÇÃO LAVA JATO TEM MOSTRADO E RATIFICADO A ESTREITA RELAÇÃO QUE HÁ ENTRE A CORRUPÇÃO E A

LAVAGEM DE DINHEIRO NO BRASIL, DEIXANDO CLARO QUE OS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIRECIONAM MAIS RECURSOS PARA A LAVAGEM DE

DINHEIRO QUE O TRÁFICO DE DROGAS, ATIVIDADE QUE

TRADICIONALMENTE MOVIMENTA SOMAS EXPRESSIVAS E

QUE SEMPRE DESAFIOU AS AUTORIDADES INTERNACIONAIS

NO COMBATE A ESSE TIPO DE CRIME, PREOCUPAÇÃO ORIGINAL

DA CONVENÇÃO DE VIENA DE 1988."

Page 18: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

18C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Geraldo Magela Siqueira

Administrador pós-graduado pela UNB – Universidade de Brasília, funcionário aposentado do Banco Central

do Brasil, com mais de 38 anos de trabalho dedicado à Instituição sendo 32 anos na área de câmbio e capitais

internacionais, tendo encerrado sua carreira como Secretário-Executivo, quando teve a oportunidade de coordenar, no âmbito da Autarquia, o Comitê

Estratégico de Prevenção à Lavagem de Dinheiro no contexto das instituições financeiras. Acompanhou de perto a evolução cambial no Brasil nas últimas

décadas, tendo participado da equipe que unificou o mercado de câmbio brasileiro em 2005 através de sua regulamentação. Palestrante e escritor, é autor do livro

“Cambio e Capitais Internacionais, o relacionamento Financeiro do Brasil com o Exterior”, editora Aduaneiras.

a lavagem de dinheiro que o tráfico de drogas, atividade que tradicionalmente movimenta somas expressivas e que sempre desafiou as autoridades internacionais no combate a esse tipo de crime, preocupação original da Convenção de Viena de 1988.

Mas, felizmente, o combate à corrupção parece também estar se inserindo na agenda da sociedade brasileira. A Lei nº 12.846, regulamentada pelo Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015, também conhecida como Lei Anticorrupção, dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. São enquadráveis na referida lei todos os atos praticados que atentam contra o patrimônio público, nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como exemplo: i) oferecer vantagem indevida a agente público; ii) simular, fraudar contratos; iii) impedir concorrência em licitação; e iv) dificultar fiscalização.

Mas novas formas de operar estão surgindo a cada dia, com maior dificuldade para identificar e apurar. O desafio é consolidar nosso sistema de forma a estabelecer padrões estruturados e sistematizados suficientes e eficazes para acompanhar a evolução das organizações criminosas, nos seus diversos níveis.Assim, esperamos todos nós, cidadãos brasileiros, que todo esse esforço seja recompensado com a inclusão de nosso país entre aqueles preparados para combater todo esse tipo de crime, resultando sempre em efetivas punições aos responsáveis, sem exceção.

Conduta Profissional VOLTAR

Page 19: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

19C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 19

Pode-se dizer que minha carreira no mercado financeiro teve início muito cedo. Desde a infância tive um grande incentivador que sempre compartilhou seu conhecimento sobre o assunto, através de livros e recortes de jornais sobre economia guardados com muito cuidado e carinho. Junto com a literatura, vinham os exemplos diários de muita dedicação ao trabalho e respeito ao dinheiro, para não se dar um passo maior que a perna... Sempre ouvia o ditado “Pai rico, filho nobre e neto pobre”, e adivinha quem sou eu nessa história? O neto. O recado estava dado e os exemplos eram os melhores conselhos para quebrar o velho ditado e, quem sabe, ajudar outras pessoas.

Com todo esse incentivo, não deu outra: optei por cursar economia, sempre com um olhar muito curioso sobre investimentos. Durante a faculdade, mantive o interesse sobre o assunto, até que conquistei a oportunidade de

A VIDACOMO ELA É...

estagiar com um gestor de recursos. Foi um momento de grande aprendizado, em que pude conhecer na prática o mundo dos investimentos, em um período de ouro do mercado acionário brasileiro, entre 2006 e 2007. Passei a ver a Bolsa de Valores com admiração, entendendo o seu papel no desenvolvimento do país, e o investimento em ações com a visão de dono e com um horizonte a longo prazo, sempre atento aos gestores, números e estratégias de crescimento das empresas.

Já formado como economista, aventurei-me no exterior por um tempo, conhecendo diferentes países e culturas. Neste período, pude trabalhar no coração do mercado financeiro da Europa, em Londres, no Financial Times Group. A experiência internacional ampliou a minha visão sobre o mercado financeiro, ao conhecer a sua magnitude, importância e diversidade, trabalhando com profissionais de diferentes culturas (britânicos,

franceses, chineses etc.). Foi um período de grande evolução profissional e pessoal.

Ao retornar ao Brasil, em meio à crise de 2008, a maior desde 1929, reencontrei o gestor de recursos do qual fui estagiário e decidimos iniciar uma gestora de investimentos, dessa vez como sócios. No início, focamos na gestão de carteiras de ações, dada a nossa experiência e por acreditarmos ser uma estratégia de investimento vencedora a longo prazo, apesar da crise em curso e, certamente, das que viriam pela frente. Em 2013, como uma evolução pessoal e do negócio, decidi ampliar o conhecimento em Planejamento Financeiro. Ao conhecer a certificação CFP®, percebi que sua visão abrangente (investimentos, seguros, previdência etc.) contribui para oferecer um trabalho completo, alinhado aos interesses dos clientes. Foram muitas horas de dedicação e xícaras de café para

Renan Lima, CFP®

VOLTAR

Page 20: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

20C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

A vida como ela é VOLTAR

conquistar a certificação. A partir de então, iniciou-se uma nova etapa nos negócios e na minha vida, agora como planejador financeiro, em Vitória, Espírito Santo, literalmente uma ilha fora do centro financeiro brasileiro.Trabalhar fora de um grande centro financeiro é um desafio e ao mesmo tempo uma grande oportunidade, pois se vislumbra um grande oceano azul a ser navegado. Como a figura do planejador financeiro é pouco conhecida, torna-se ainda mais importante apresentar o seu papel e como pode ajudar a vida das pessoas. Na maioria das vezes, tenho uma ótima receptividade e, ao expor os benefícios do trabalho, muitos acabam se perguntando “por que não conheci um planejador financeiro antes?” O entendimento de que o trabalho ajuda a tomar melhores decisões ao longo da vida, motiva a contar com o seu apoio o quanto antes.

Nesse sentido, exerço o trabalho de planejador financeiro com grande responsabilidade, pois os sonhos de famílias inteiras são perseguidos a partir das minhas orientações. Tenho ciência de como posso ajudá-las na construção do seu patrimônio e desejo estabelecer uma relação de confiança duradoura. Assim como um médico de família, meu objetivo é estar ao lado nos momentos mais importantes da vida, auxiliando nas decisões.

Desenvolvo o trabalho a partir da análise de perfil comportamental, orçamento, balanço patrimonial, seguros, previdência, aposentadoria, planejamento fiscal e sucessório. Isso permite o levantamento de informações qualitativas e quantitativas essenciais para tomada das melhores decisões e, como costumo dizer, para evitar grandes erros. Isso porque, muitas vezes, o impacto de nossas decisões é maior do que

imaginamos, e o planejador financeiro, profissional multiespecialista, é capaz de analisar as consequências sem estar envolvido emocionalmente no problema. Assim, acredito que o trabalho proporciona maior organização, confiança e controle. Compartilho também que, durante todo o processo, é fundamental que o cliente esteja aberto a mudanças e tenha disciplina, pois só assim o plano de ação poderá ser executado e as metas atingidas.

Recomendo ainda o uso de recursos tecnológicos para o controle das finanças, através de aplicativos, por exemplo, que são um grande aliado para maior eficiência na execução do plano. Quando o processo se torna mais simples e ágil, o cliente participa mais e, concomitantemente, também sobra mais tempo para que se dedique às coisas boas da vida.

A busca pelo contínuo aperfeiçoamento da atividade também é uma rotina em minha vida, a partir da participação em palestras, cursos e de leituras sobre o tema. A literatura brasileira ainda é muito reduzida, de modo que busco referências na literatura americana, bem mais desenvolvida. Nesse quesito, o estudo de finanças comportamentais e a análise das emoções que estão por trás das nossas decisões financeiras estão entre os temas que mais chamam minha atenção ultimamente. É evidente a influência dos vieses comportamentais nas nossas ações, fazendo com que, na maioria das vezes, tomemos decisões ruins, com grandes impactos financeiros. Sendo assim, é papel do planejador financeiro estar atento a estas questões.

Vale salientar ainda o grande apoio do Instituto Brasileiro

Page 21: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

21C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

A vida como ela é VOLTAR

Renan Lima, CFP®

É planejador financeiro certificado desde 2013. Gestor de Recursos (Autorização CVM nº 12.321). Atuou no Financial Times Group - Merger Market - em Londres,

Inglaterra, e foi Trainee nas Lojas Riachuelo S.A. Graduado em Economia pela Universidade Federal do

Espírito Santo.

de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) no desenvolvimento profissional. Todo o conteúdo produzido por planejadores para planejadores faz com que as melhores práticas sejam compartilhadas e que exista interação entre os profissionais, criando um ciclo virtuoso no desenvolvimento da atividade. Todavia, percebo hoje como um grande desafio a necessidade de aumentar o número de profissionais certificados fora dos grandes centros, dado que este é um gargalo para alavancar o desenvolvimento da atividade nessas regiões. Procuro assim ser um incentivador para que novos profissionais aproveitem as oportunidades que existem.

Por fim, agradeço aos clientes pela confiança em abrir o seu patrimônio e compartilhar seus medos e sonhos. Ao longo do tempo, vivemos momentos de alegrias e desafios, histórias recheadas de boas risadas, choros e mudanças de comportamento tão necessárias para atingir seus sonhos. É ainda a melhor forma de aprendizado e aperfeiçoamento profissional. É muito gratificante se dedicar ao planejamento de suas vidas e ser reconhecido com indicações para amigos e familiares, o que, sem dúvida, é a melhor evidência da confiança no meu trabalho. Em suma, acredito que a minha missão como planejador financeiro seja ajudar pessoas a atingir seus objetivos de vida, evitando que o velho ditado “Pai rico, filho nobre e neto pobre” se repita. E vale um agradecimento final a quem me incentivou a chegar até aqui e ajudar outras pessoas: obrigado, vô!

Page 22: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

22C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8 22

ENTREVISTA

Rodrigo Assumpção, CFP®

VOLTAR

Respondendo objetivamente a essa questão, certamente a pergunta mais frequente é sobre as alternativas mais rentáveis para suas reservas financeiras, mas essa não é a pergunta mais importante. Nesses 20 anos de atuação como consultor de investimentos, a maior parte deles dedicado ao atendimento a clientes de elevado patrimônio (UHNW), tive a oportunidade de atender muitas famílias, com as mais diversas características. Na primeira reunião com o Planejador Financeiro o cliente conta sobre seus investimentos, taxas de retorno, explica suas decisões passadas e seu perfil de exposição à riscos, além de outras informações relacionadas ao seu portfolio, mas dificilmente percebe que a alocação dos ativos é apenas uma parte de um longo caminho, que começa muito antes das decisões de alocação.

Quais são os valores dessa família? E os sonhos, quais são os mais importantes? Como está o fluxo de caixa atual, ele é positivo? Há grandes desembolsos previstos a curto ou médio prazos? E o patrimônio não financeiro, como anda? E a empresa? Existem seguros contratados para riscos potenciais? E o planejamento sucessório?

Como se pode perceber há um longo caminho a percorrer

Sem dúvida alguma é a consolidação da profissão. Desde criança sabemos que o médico cobra pelos serviços prestados, ou que se comprarmos uma casa de campo e precisarmos de um caseiro, teremos que pagar. Agora, pagar para que alguém cuide do meu dinheiro ou para que me ajude a começar a poupar? Isso não está em nossa cultura, infelizmente. Falo aqui não apenas em causa própria, pois sabemos que muitas pessoas não conseguem se manter sem a ajuda de terceiros após a fase produtiva, o que é extremamente preocupante principalmente em um país com sérios problemas na saúde pública e com elevado déficit previdenciário.

Como participante ativo do Conselho de Ética e de outras duas comissões, sei que o IBCPF vem fazendo um papel importante não só para divulgação da profissão, como

Existe uma mudança ainda muito pequena no comportamento dos clientes, mas que considero de extrema importância. Com as notícias recentes sobre corrupção em diversos setores no país, envolvendo inclusive empresas antes consideradas referências em seus segmentos,

QUAL A PERGUNTA MAIS FREQUENTE DOS SEUS CLIENTES?

QUAL O MAIOR DESAFIO DO PLANEJADOR FINANCEIRO HOJE?

AS EXIGÊNCIAS E NECESSIDADES DOS CLIENTES TÊM MUDADO NOS ÚLTIMOS ANOS? COMO O PLANEJADOR DEVE SE ADAPTAR ÀS NOVAS DEMANDAS?

antes da definição da carteira de investimentos financeiros e o Planejador tem um papel fundamental de conselheiro que vai muito além da equação dos números, já que as perguntas mais importantes são as que o cliente normalmente não faz.Podemos fazer um paralelo com aquela famosa frase do Steve Jobs: “os clientes não sabem o que querem, até mostrarmos a eles”. Precisamos ampliar o escopo da conversa com os clientes.

para garantir a qualidade dos serviços prestados através da certificação, educação e da exigência de adesão ao código de conduta ética, mas existe uma questão histórica ainda com grande influência sobre os dias atuais.

Há apenas 30 anos atrás vivíamos em um país com hiperinflação em que o acumulo de poupança não fazia sentido algum, e sabemos que uma mudança cultural não acontece do dia para a noite.

Além de ajudar as famílias o Planejador tem o papel fundamental de contribuir para elevação do (ainda muito baixo) nível de poupança privada do país, que considero um dos principais obstáculos para nosso desenvolvimento econômico e social.

Page 23: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

23C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

começa a despertar no cliente o olhar do impacto social. Além do retorno financeiro, começam a surgir perguntas como: Para que meu dinheiro será usado? Essa empresa está envolvida em algum caso de corrupção? A atividade dela produz um impacto social positivo?

Claro que essa é uma mudança cultural ainda mais complexa do que a constituição de reserva financeira que citamos na questão anterior, mas é muito satisfatório ver que o caminho começa a ser trilhado. Também é nosso papel, como conselheiros familiares, estimular esse tipo de pensamento de forma a adequar as decisões de investimento aos próprios valores do cliente.

Além disso a regulamentação vem se aprimorando, os produtos e serviços se modernizando e ficando mais sofisticados e é fundamental que Planejador Financeiro esteja em constante contato com o tema.

Entrevista VOLTAR

Como citado acima, estar atualizado é essencial ao profissional e fontes de atualização não faltam. Além das leituras diárias e conferências com especialistas, costumo procurar bons cursos presenciais. Ainda acho esse o melhor modelo pois, além de normalmente ter maior profundidade nos temas abordados, me permite encontrar colegas de profissão e manter uma boa rede de contatos.O próprio IBCPF promove diversos encontros (PECs) com temas atuais, onde podemos nos atualizar e manter relacionamento com profissionais certificados.

ONDE ESTÃO OS GARGALOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO HOJE?

QUAL A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGEM EDUCACIONAL E PROFISSIONAL DO PLANEJADOR? QUAIS SÃO AS SUAS FONTES DE ATUALIZAÇÃO?

Aqui eu divido a profissão de Planejador Financeiro em dois grupos. Os planejadores que atuam como funcionários de grandes instituições financeiras (que é a grande maioria dos profissionais certificados) e os chamados profissionais independentes.

Para o primeiro grupo, do qual eu fazia parte até 2015, vejo que o principal desafio é efetivamente prestar o serviço de planejamento financeiro. Da forma como as grandes instituições financeiras estão organizadas, o planejador atua muito mais como um consultor de investimentos, que acompanha a carteira de investimentos e sugere adequações de acordo com o perfil do cliente do que efetivamente como planejador financeiro.

Para nós, planejadores independentes, o tema mais complexo é como estruturar uma operação de trabalho financeiramente viável. Como já citei no início, a disposição dos clientes em pagar por planejamento financeiro, apesar de crescente, ainda é pequena, mesmo que o custo do serviço seja menor que os benefícios gerados. Outras questões como governança e processos também são muito relevantes para esse grupo.

Para ambos considero um outro importante gargalo, que é a transparência. De forma geral os clientes sempre pensam (ainda que não perguntem diretamente) se tal sugestão é realmente a melhor disponível ou se, na verdade, é a mais interessante para o Planejador ou para a Instituição Financeira naquele momento, em função do cumprimento de metas.

Creio que é uma discussão bastante complexa, em uma

realidade financeira onde o pagamento de comissões faz parte do cotidiano. Mas aqui todos temos responsabilidades, seja o Planejador Independente ou as Instituições Financeiras que devem sempre colocar o cliente em primeiro lugar, seja o próprio cliente, que precisa ter a consciência que existe um custo pelo serviço de excelência. Ele também pode (e deve) decidir se prefere o modelo mais praticado hoje, onde o custo não é aparente ou se prefere saber quanto paga efetivamente. Tanto o independente como as instituições podem trabalhar com ambos os modelos, então o cliente tem sim sua responsabilidade nessa decisão.

O que me motiva muito é ver, em todos os fóruns que participo, que temos uma turma de profissionais muito boa e engajada em fazer dessa profissão uma referência, isso é muito animador.

Page 24: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

24C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Entrevista VOLTAR

Rodrigo Assumpção, CFP®

Formação educacional: Bacharel em DireitoCidade / Estado de atuação: São Paulo - SP

Especialidade: Planejador Financeiro (CFP) e Consultor de Investimentos (CVM), Fundador da Ethos Investimentos,

Membro do Conselho de Ética e das Comissões de Educação e Conscientização Financeira do IBCPF.

Empresa de atuação: Ethos InvestimentosOs aplicativos estão se tornando casa vez mais comuns e não tenho dúvida que terá um papel cada vez mais importante em nosso trabalho diário. É incrível poder avaliar uma complexa base de dados históricos em segundos e poder extrair informações essenciais para complementar nossa proposta de trabalho.

Além de ajudar o profissional, creio que essas ferramentas terão também um papel importante na educação financeira da população, introduzindo de maneira prática conceitos como fluxo de caixa, orçamento, diversificação etc.

De qualquer forma não podemos jamais esquecer que existe uma pessoa do outro lado da mesa, com seus valores, sua história, suas crenças e vivências. Minha experiência demonstra que a atividade do planejador financeiro se aproxima muito a um conselheiro (patrimonial) familiar e está mais ligada às ciências humanas. Os aplicativos terão cada vez mais relevância, mas a sensibilidade humana não será substituída.

COMO AS NOVIDADES TECNOLÓGICAS, OS APLICATIVOS PRINCIPALMENTE, TÊM AJUDADO O PLANEJADOR FINANCEIRO?

Page 25: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

25C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 1 2525C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

EDUCAÇÃO CONTINUADA

QUIZ

Profissional, faça o lançamento na área do associado.

VOLTAR

https://pt.surveymonkey.com/r/Quiz_CFPMagazine8

Vale 2 créditos no Programa de Educação Continuada

Page 26: Nesta edição: ATIVIDADE PROFISSIONAL E INVESTIMENTOS · Com investidores globais em busca de maior ... mais estável no Brasil, não é surpresa o Real estar mais fortalecido e

26C F P ® P R O F E S S I O N A L / M A G A Z I N E / E D I Ç Ã O · 8

Diretoria do IBCPF Ana Claudia Leoni

André Novaes, CFP®

Eduardo Forestieri, CFP®

Fabio Euzébio

Fábio Whitaker Vidigal

Francisco José Levy, CFP®

Giuliano de Marchi, CFP®

Jan Karsten, CFP®

João Albino Winkelmann

Lavínia Martins, CFP®

Louis Frankenberg, CFP®

Luiz Severiano Ribeiro, CFP®

Luiz Sorge, CFP®

Marcia Dessen, CFP®

Sergio Bini, CFP®

Syllas dos Passos Ramos, CFP®

Tobias Maag, CFP®

Equipe do IBCPF Cintia Valim

Diego Gonçalves

Emilio Otranto Neto

Felipe Gandolfi Tomasi

Fernando Pureza

Monica Azevedo

Raquel Sousa

Roseli Assis

A Certificação CFP® única credencial de profissionalismo mudialmente reconhecida para o planejador financeiro pessoal. Ao bus-car aconselhamento objetivo, competente e de confiança, procure um profissional CFP®.

Para mais informações sobre a Certificação CFP® visite:www.ibcpf.org.br e www.fpsb.org

CERTIFICAÇÃO CFP® EXCELÊNCIA GLOBAL EM PLANEJAMENTO FINANCEIRO

As marcas CFP®, CERTIFIED FINANCIALPLANNER e CFP pertencem ao Financial Planning Standards Board Ltd. para uso fora do território norte-americano. O Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros - IBCPF é a entidade autorizada pelo FPSB mediante acordo firmado entre ambas para a concessão e administração destas marcas no território brasileiro.

ProfessionalMAGAZIN E

Editor-chefeJan Gunnar Karsten, CFP®

Conselho Editorial Gisele Colombo Andrade, CFP®

Maria Angela Nunes Assumpção, CFP® Ulf Mannhardt, CFP®

Valter Police, CFP®

CoordenaçãoFelipe Gandolfi Tomasi

DiagramaçãoRadio Design

Ano 3 . Edição 8.Jul.Ago.Set 2016

Associada SêniorRealização Associados Especiais PJ