nem tão #simples assim [recurso eletrônico]: o desafio de...

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Nemtão#simplesassim[recursoeletrônico]:odesafiodemonitorarpolíticaspúblicasnasredes sociais / Coordenação Marco Aurelio Ruediger. – 2. ed. - Rio de Janeiro : FGV, DAPP, 2017. 1 recurso online (34 p.). – (Caderno de referência de metodologia)

Dados eletrônicos Incluibibliografia. ISBN: 978-85-68823-50-7

1.Políticaspúblicas-Brasil.2.Redessociaison-line.3.Mineraçãodedados(Computação).4.Websemântica.I.Ruediger,MarcoAurelio,1959-.II.FundaçãoGetulioVargas.DiretoriadeAnálisedePolíticasPúblicas.

CDD – 351

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen

Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas

EscritórioPraia de Botafogo 190, Rio de Janeiro RJ - CEP 222509000 Caixa Postal 62.591 CEP 22257-970 Tel (21) 3799-5498 | www.fgv.br

DiretorMarco Aurelio Ruediger

DAPP(21) 3799-4300

www.dapp.fgv.br | [email protected]

Presidente FundadorLuiz Simões Lopes

PresidenteCarlos Ivan Simonsen Leal

Vice-PresidentesFrancisco Oswaldo Neves Dornelles (licenciado)Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque (licenciado)Sergio Franklin Quintella

EXPEDIENTE

CoordenadorMarco Aurelio Ruediger

Organizadores Lucas Calil Tatiana Ruediger Pesquisadores Amaro Grassi Danilo Carvalho Silva Humberto FerreiraPedro Lenhard Ricardo FariaThamyres Dias

Projeto GráficoLuis Gomes

Fundada em 1944, a Fundação Getulio Vargas nasceu com o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico do Brasil por meio da formação de administradores qualificados, nas áreas pública e privada. Ao longo do tempo, a FGV ampliou sua atuação para outras áreas do conhecimento, como Ciências Sociais, Direito, Economia, História e, mais recentemente, Matemática Aplicada, sendo referência em qualidade e excelência, com suas oito escolas.

ÍNDICE//

/

Visão Geral............................................. 6

Subjetividades Coletivas........................... 8

O Objeto Linguístico............................... 10

Monitor de Temas................................... 12

Interações na esfera virtual: Grafo de Retweets..... 15

Modularidade...................................... 16

O que significam os dados? ..........................18

Em qualquer idioma .................................20

O Debate Político no Brasil ..........................22

Jornadas de Junho ..................................23

Disputa Eleitoral .................................25

Protestos pró-impeachment .........................26

Pesquisa em andamento ..................................28

Considerações Finais ...................................30

Referências ............................................32

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

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VISÃO GERAL

A internet e as redes sociais representam profunda mudançanaformacomoosindivíduosserelacio-namnoiníciodoséculoXXI.Essesnovosparadig-mas de conectividade e interatividade, que afetaram asrelaçõessociais,tambémabriramgrandeespaçoparaainteraçãoentreaspessoaseoEstado,assimcomo reduziram custos de ação coletiva para movi-mentossociais.Ainfluênciadainternetnapolíticase verifica desde questões como o financiamen-todecampanhaspolíticas—nosEstadosUnidos,por exemplo — até a realização de grandes pro-testosempaísesdaAméricadoSul,daÁfricaedaÁsia,comoaPrimaveraÁrabe,entre2010e2012(CASTELLS,1999,2015;CHADWICKandHOWARD,2010;MARGETTSetal.,2016;OATESetal.,2006). As novas tecnologias de informação e comunica-

çãotêmpotencial,portanto,paraafetaraspolíticaspúblicasemdiferentesmomentosesobdiferentesposições teóricas. Elas podem afetar a discussãosobreosproblemasquedemandamaaçãodoEs-tadoealterarocicloclássicodepolíticaspúblicas,permitindoverificarpercepçõessobreexternalida-des negativas e positivas da ação estatal de forma mais imediata.

Tal processo de reformulação do entendimento das dinâmicas inerentes à esfera pública– em leituraatualizadadoconceitoestabelecidoporHabermas(1990)–, inclusive, representa um desafio para agestãopública,queéconvocadaaresponderdefor-mamaiscélereepropositivafrenteademandasdasociedade civil. Transparência, por exemplo, como

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um conceito central para a execução e acompa-nhamento de políticas públicas, com ininterruptacobrança,porpartedoscidadãos,efeedback–apartirdemecanismoscomoaspáginasoficiaisdasinstituições e órgãos em diferentes redes sociais. A apuradaanálisedodebatepúblico,portanto,sefazessencialparaquehajaaeficazcompreensãodosinteressesenarrativasdaweb.

Para fazer o monitoramento do debate públicoem redes sociais, a FGV/DAPP lança mão de um conjunto de metodologias e procedimentos de pesquisa, fazendo articulação entre as áreas deLinguística,Sociologia,Comunicação,EstatísticaeTecnologiadaInformação.Énecessáriaessainte-graçãodedomíniosparaquesejapossívelnãoape-nas extrair e organizar o enorme volume de dados dainternet,comoparaqualificarecompreenderapercepçãosocialcomrigorcientíficoe respeitoàrelevânciadasredessociais—emespecialoTwit-tereoFacebook—paraasociedadebrasileira.

OnúcleodeanálisederedessociaisdaFGV/DAPPse ocupa em acompanhar as discussões da so-ciedadee em realizar recortesdepesquisa sobrequaisquerassuntosdepolíticaspúblicas—objetoque estána essênciadopropósitodaFGV/DAPP.Ouseja,comfocoemdebatesdenívelnacional,in-ternacionaloumesmoregionalsobre,porexemplo,segurança pública, imigração, saúde, mobilidade,educaçãoepolítica.

Diante da consolidação de uma sociedade em rede (CASTELLS,2009),criadapelachamadarevoluçãoda informação, o monitoramento e a análise deredessociaisganhampapeldegrande relevância

para a melhor compreensão do comportamento políticodosbrasileiros(edosprincipaisatoresso-ciaisnasredes),configurando-seprodutivameto-dologiadeanálisepolítica.Nestedocumento,apre-sentamosalgunsestudosjárealizados,explicandoem detalhes o processo de levantamento e pesqui-sa que se propõe como um vetor de entendimento sobreaopiniãopúblicaeosinteressessociaisemdestaque no amplo universo da internet.

Lidar comgrandesquantidadesdedadosé sem-preumdesafio,eparatalempreitada,énecessáriauma metodologia rigorosa para que consigamos analisarsuaspossíveis implicaçõessociaisepo-líticas.Redescomplexascomoasqueanalisamostêm sido estudadas por diversas áreas do saber,assimcomoespecificamenteaidentificaçãodeco-munidades em computação e na teoria dos grafos (ELHADI;AGAM,2013;LEE;CUNNINGHAM,2013;MILKOVetal.,2006).Trata-sedeumamisturadeanálisesvisuaiseestatísticasqueutilizamalgorit-mos do software livre Gephi (BASTIAN et al., 2009).

Oprimeirodesafio,apósestabelecidasaspalavrasquepautarãoacoletadosdados,étentardetectaros diferentes grupos. Argumentamos neste estudo que os grupos encontrados nas discussões em re-des sociais podem ser entendidos como uma ca-madavirtualdassubjetividadescoletivas talqualconceituadas por Domingues (1995, 1999). Tal ar-gumentaçãosedábaseadanaconstataçãoempí-rica que algoritmos de clusterização dividem uma rede de retweets em grupos de visões distintas (CONOVER et al., 2011). Explicaremos primeira-menteoquesãoassubjetividadescoletivas,para,em seguida, detalhar a metodologia de pesquisa.

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ParaDomingues,oconceitodesubjetividadecole-tivaresolveriaodilemasociológicoclássicoentreaçãoeestrutura.Emsuaexplicação,fazquestãode descentrar tanto o indivíduo como a coletivi-dade tomada como unidade, focando na interação entreosdiferentes indivíduose subcoletividades(DOMINGUES, 1995; 1999; 2004). Assim, todo equalquer sistema social poderia ser entendido como uma subjetividade coletiva. Cabe lembrar,noentanto,queassubjetividadescoletivaspodemterníveisvariáveisdehomogeneidadeinterna,quedependemdainteraçãodeseusindivíduosesub-coletividades em relação a outras subjetividadescoletivas. Além disso, as coletividades possuemdiferentes níveis de intencionalidade (ou de cen-tramento, como coloca o autor), que variam de acordocomoníveldeidentidadeeorganizaçãodacoletividadeemquestão.Caberessaltar,noentan-to,queoimpactocausaldedeterminadasubjetivi-dadecoletivanãonecessariamenteestáatreladoaoseuníveldecentramento:mesmosubjetivida-des com baixo nível de intencionalidade podemexercer grande impacto causal no mundo.

Empresas, classes, grupos de amigos, Estados,movimentos sociais e atémesmo famílias pode-riamserentendidoscomosubjetividadescoletivas(DOMINGUES, 1998). O conceito abarca quatrodimensões das relações sociais: a dimensão her-

menêutica, a dimensão material, a dimensão do poder,eadimensãoespaço-tempo(DOMINGUES,1998;2002).Logo,todasessasdimensõesafetame delineiam as subjetividades coletivas, ao pas-soque tambémsãoestabelecidaspelasprópriassubjetividadescoletivaseminteraçãocomoutrascoletividades(DOMINGUES,1995;1998;2002).

Taisgrupospossuemcomocaracterísticaprinci-pal suacausalidadecoletiva, oque significaqueassubjetividadescoletivasinteragemdetalformainternamente e em relação aos outros grupos do mundorealqueacabamexercendoumefeitoespe-cíficonomundo-queresseefeitosejaintencionalou não. Se assumirmos que são os sistemas sociais que existem realmente, temos que enxergar a cau-salidadeexercidanelesdeumadadasubjetividadecoletiva como sendo diferente daquela causalidade ativa-típicadatradiçãoweberiana,naqualoquecontaéaatividade individual-oucondicionante-durkheimiana,quediz respeitoaoefeitodaso-ciedadesobsimesma(DOMINGUES,1999).Acau-salidadecoletivaéumapropriedadedossistemassociais, e diz respeito aos sistemas de interação.

Oquevale ser ressaltadonousode tal conceitoéque tal causalidadepodesermanifesta (inten-cional) ou latente. Muitas vezes os impactos da interaçãoemumsistemaespecíficonãosãoper-

SUBJETIVIDADES COLETIVAS

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cebidospelosseusmembros(DOMINGUES,2004,p.27).Noentanto,cabelembrarqueemcertasco-letividades existe consciência relacionada a pró-pria causalidade coletiva, mesmo que apenas de modoprático-nosentidoqueGiddensdistingueentreaconsciênciapráticaediscursiva(GIDDENS,1986).Issosignificaqueosindivíduosemquestãonão seriam capazes de expressar discursivamen-te o impacto causal que sofreram ou que causam. Domingues então chama de centramento involun-tárioacausalidadeexercidaporumacoletividadecujos atores ignoram seu impacto coletivo (DO-MINGUES,2004,p.28).Ocentramento,noentanto,dependedo “potencial intrínseco e específicodecadasistemasocial”(DOMINGUES,2004,p.29)enãoocorreránecessariamente,poisécontingente.

Dois aspectos centrais são responsáveis tantopelas mudanças nos sistemas sociais quanto pela reprodução e “inércia” dos mesmos: a memóriasocialeacriatividadesocial.Enquantoambasseencontram atreladas à subjetividade individual eseestabelecemapartirdeprocessos interativos,amemória é compostade elementosmnêmicos,fruto de processos interativos das próprias sub-jetividades coletivas que, ao longo do tempo, se cristalizam de forma variável, dependendo dasubjetividadecoletivaemquestão,tantomaterial-mente em símbolos e objetos como também nopróprio corpo, cérebro e inconsciente individuais(DOMINGUES, 1998). Tais elementos, aliados àsconsequências não intencionais da ação, ao poder eàs inclinações interativas individuaisedecadacoletividade, ajudam a organizar os sistemas so-ciais, sedimentando regras, comportamentos e padrõesdeinteraçãotantoentreindivíduoscomoentre coletividades.

Noentanto,elestambémsãopassíveisdetrans-formações maiores ou menores quando a criativi-dadesocialéexercidaatravésdetais interações.A fonte primária da criatividade é encontradanoinconscientesobaformadoqueFreudchamadeprocessoprimário,quenadamaiséqueo inces-sante deslizar de sentido típico do inconsciente

(DOMINGUES,1998).Posteriormente,talprocessodeve se articular à realidade social do indivíduopormeiodoprocessosecundário,noqualeletentacasar a imagem mental formada pelo id durante o processoprimáriocomumobjetodomundoreal(FREUD,1900).

Temos, portanto, que, segundo a conceituação de subjetividades coletivas por Domingues, “a vidasocialétecidaeseconstituicomoumaredeinte-rativa, multidimensional, na qual atores individu-aisecoletividadesseinfluenciamdeformamútuacasualmente” (DOMINGUES, 2002 p. 68). Sejavirtualmente ou face-a-face, a partir do momen-to em que atores se encontram em uma situação socialespecífica,elestentarão interpretarasitu-ação na qual estão inseridos, de forma similar a explicadaporGoffman(1974)emsuadefiniçãodasituação.Amaneiracomoosatoressepercebemmutuamente forma o campo comum de interação tantoentre indivíduoscomoentre subjetividades(MEAD,1934;DEWEY,1927;STONE,1962;SNOW,2001;CICOUREL,1993).

Porcontadisso,torna-senecessárioumaanálisequeleveemcontaasdiferentessubjetividadesco-letivas em relaçãoumas às outras, tentando en-tender as diferenças do “mundo da vida” de cada umaetambémcomosuasinterpretaçõessecons-troemumasemrelaçãoàsoutras.Noentanto,nãopodemosesquecerquetaiscoletividadestambémsão formadas por indivíduos, cujas constantesinterações sociais e interpretações simbólicasdas mesmas podem, por um lado, manter o sta-tusquo,perpetuandocomportamentosesímbolosjápadronizadose,poroutro lado,transformarossímbolos por meio da criatividade social, dandonovossentidosàsaçõeseàrealidade.Ummesmosímbolo pode emergir de uma coletividade e sercooptado por outra, que o emprega em um sentido diferente de seu primeiro uso devido ao contexto hermenêutico específicos de cada coletividade(SWIDLER, 2001; SCHUDSON, 1989; WALZER,1985;SAHLINS,1981;HALL,1973).

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Apesquisaemredessociaissobreassuntoscomosegurança, saúde, educação e corrupção deman-dacertacomplexidadena identificaçãodoobjetoestudadoena reflexãosobrecomoesseobjetoécoletadoapartirdasdiscussõespúblicas.Édife-rente,porexemplo,empenharumapesquisasobreum nome, uma hashtag ou uma marca, em que as palavras selecionadas para a busca obedecem aumarestriçãorígidaquantoàtemática.Entretanto,como repetiromesmoprincípiominimalistaparaalgoabrangentecomosegurançapública?Apala-vrasegurança?E,maisimportante:comosecerti-ficardequeabasededadosanalisadacorrespon-de,defato,aumuniversoaceitável—emrelaçãoàprecisãoeaovolume—dodebatesobreotemanainternet?

Sobessefoco,aFGV/DAPPdesenvolveu,deformapioneira,umprocessoespecíficodecategorizaçãosemântica,queobedeceaoraciocíniocientíficodasemióticadiscursiva(GREIMASeCOURTÉS,2011;HJELMSLEV,1978;GREIMAS,1986;FONTANILLE,2008), linha de estudos linguísticos de elevadaimportânciaprincipalmentenaEuropaecomam-pla adoção nas principais universidades do Brasil. A semiótica discursiva – cujo principal expoente históricoéAlgirdasJ.Greimas–entendeo texto

comorecortedeanálisedotadodecoerênciainter-na(BARROS,2005),esobreoqualháaemergênciade efeitos de sentido apreendidos pelas articula-çõessemânticasinerentesaoprópriotexto.

Ou seja: qualquer objeto discursivo, como umapintura,umacenadeumfilme,umcapítulodeumromanceouumtuíte,umavezrecortadoparaes-tudo, é considerado texto (FIORIN, 2004), e, paraaanálisededadosda internetoobjetosemióticose converte em amplo corpus, contemplado em larga escala, como um conjunto coerente. O re-ferencialde identidadecoerenteéapresença,emcadapostagemqueintegraessecorpus,defigurasdiscursivaspertencentesaocamposemânticoquese deseja estudar, com delimitação a priori – uma vez estabelecida a hipótese de recobrimentodoscampossemânticossobdeterminadoscon-ceitos,osobjetossãorecuperadosnacoletadepostagensviaweb.

Tome-secomoexemploasegurançapública, as-sunto extensamente estudado pela FGV/DAPP, e não apenas em pesquisas em redes sociais. Antes dese lançarumahipotéticabusca,combaseemumconjuntodepalavras-chave,faz-senecessáriocompreender o que compõe, nos âmbitos social

O OBJETO LINGUÍSTICO

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e institucional, a segurança pública noBrasil (oucom um recorte estadual, que considere as diferen-ças regionais). Nessa etapa, a equipe de pesquisa realiza um levantamento de quaisquer conceitos ou figuras discursivas que se associem à noçãoabstratadesegurança:apolícia;asdelegacias;osdelitos,comoassaltos,roubosoufurtos;asques-tões legislativas, como a legalização das drogas oua reformadocódigopenal;asautoridades;assiglas;eosórgãospúblicos.Comessepropósito,háumareflexão interdisciplinarentreosespecia-listas da FGV/DAPP, que se ocupam da delimitação das construções textuais que remetam ao tema da segurançapública(edequalqueroutrotema).

Essemétodoobjetivaiconizar(GREIMASeCOUR-TÉS,2011,p.250-251;BARROS,2005,p.69)astemáticassobbasesqualitativas–quantoàacu-ráciadacoletaeàpertinênciadasfigurasdiscur-sivas – e quantitativas, quanto ao volume de da-dos obtidos em absoluta proximidade ao volumecompleto de publicações referentes às temáticasnoperíodo(enafontededados)depesquisa.Porisso,finalizadaadelimitaçãodasfigurasdiscursi-vasqueremontamaotemadasegurança,éprecisofazertestesparaverificarovolumecategorizadoea assertividade da regra de pesquisa, um conjun-to de expressões, frases e termos organizados por operadores lógicos, de correlação entre campos semânticos. É nessa etapaque é possível excluirexpressõesincorretas,identificarironiaseconstru-ções metafóricas e avaliar o que deve ou não deve integrar a regra de pesquisa— emuma consultapréviaaouniversodedadosda fontepesquisada(principalmente o Twitter).

Ao fim, quando há o lançamento de uma regracomplexapara fazerabuscanas redessociais,oconjunto de textos que se encaixam em qualquer atributodessa regra (uma referênciaàpolícia,ouaumcrime,oumesmoaumórgãoestatal)évistocomodotadodeumarecorrênciasemânticainter-na — o que, na semiótica, se denomina isotopia(GREIMAS e COURTÉS, 2011, p. 275-278) — emrelaçãoaotemageral.Assim,épossívelfragmen-tarabuscaemmúltiplossubtemas,restringindooobjetoadeterminadosrecortesdentrodeumtemamaisabrangente:mençõesàpolícia,mençõesadi-ferentes crimes.

Na construção das regras de pesquisa, para que haja a correta delimitação do corpus, a FGV/DAPP, emconsonânciacomo raciocíniosemiótico, levaem consideração as regras de sintaxe inerentes ao sistema linguístico do idioma de estudo,massempre com o cuidado de contemplar variações regionais, erros gramaticais e o uso de expres-sões idiomáticasegírias, antevendopotenciaiscontrações, comuns no âmbito da internet, equaisquer construções coloquiais que integrem o debate. Textos que não obedeçam à normaculta,sobaperspectivadaLinguística(DISCINI,2013), não sofrem distinção.

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OMonitordeTemaséumaferramentaatualizadaemtemporeal,pelaFGV/DAPP,comovolumedemençõesaseisabrangentestemáticasdepolíticaspúblicas,noqueserefereaocontextobrasileirodedeba-te: segurança, saúde, educação,mobilidade, protestos e corrupção.Hátrêsanos,oMonitor identificatendências,oscilaçõeseassuntosque centralizam, por certo momento, as discussões no Twitter. Sempre queoEnemouprogramasdegovernoparaoensinosuperiorsurgemnapauta,ovolumedepostagenssobreeducaçãoaumenta;omesmoocorrecomasaúde—nocomeçodoano,porexemplo,houveelevadodebatesobreoassuntoporcausadovíruszika;e,emgeral,édesegu-rançapúblicaqueosbrasileirosmaisfalam,embora,desdeocomeçode 2015, haja muitas semanas em que a ferramenta chega a coletar maisdeummilhãodepostagenssobrecorrupção.

MONITOR DE TEMAS

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FERRAMENTA EM TEMPO REAL DA FGV/DAPP

COM DADOS DO TWITTER, EM PORTUGUÊS,SOBRE

GRANDES TEMAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS.

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O gráfico acima com alguns subtemas da pesquisa de seguran-ça pública exemplifica a possibilidade de ampliação ou reduçãode qualquer escopo de análise,mesmo que o assunto sejamaisabstratooumaisconcreto.Tantoodebatea respeitodosistemaprisional quanto da desmilitarização da polícia, da reforma doCódigo Penal ou da redução da maioridade constituem a pes-quisa abrangente sobre segurança, sendo, portanto, equiva-lentes quando se pensa no tema geral, mas diferentes quando sepensamnos subtemas específicos.Ou seja, umamençãoaqualquerumdostemasétambémumamençãoàsegurançapú-blica,masnãonecessariamenteumamençãoàsuperlotaçãodepresídiosdopaíséumamençãoàreduçãodamaioridadepenal.

UmavezqueouniversodemonitoramentoderedessociaisdaFGV/DAPPnãoécondicionadoatemáticaseobjetosrestritos,desenvol-veu-se uma metodologia de integração entre competências acadê-micas,consolidandoummodelodepesquisaaplicávelaqualquertema, amplo ou mais reduzido, em qualquer idioma (e inclusive a pesquisaspormarcas,siglas,hashtagsounomes).Eissoépossívelporquehá,nametodologia,umaconsideraçãolinguísticaarespeitodoobjetodeestudoedadefiniçãodoconjuntodetextosquesãocategorizados nas redes.

SUBTEMAS DE SEGURANÇA PÚBLICA

GRÁFICO DE BARRAS COM O VOLUME DE MENÇÕES A QUATRO

SUBCATEGORIAS QUE INTEGRAM A PESQUISA GERAL

POR SEGURANÇA PÚBLICA DO MONITOR DE TEMAS

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ação

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Maio

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Pena

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olíc

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ar

11.100

9.100

7.900

4.300

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Issoaconteceporque,nocontrasteentretemasmaisabstratoseconcretos,oselementosconcretoscompartilham,emgeral,umcamposemânticoemcomum,maisabstrato,masintegramoutroscampossemânticos,demenorescala,diferentes.Emesmoumsubtemaconcreto,comoosistemaprisio-nal,écompostodemuitasfigurasdiscursivasquesãopassíveisdeanálisesisoladas,comoasituaçãodospresosoudefuncionáriosdosistemapeniten-ciário.Importante:oquedefineassubdivisõesdepesquisaéexatamenteaescolhadotema,orecortedoobjetodepesquisaeadiversidadedefi-gurasecampossemânticosque,noplanodasmençõesemredessociais,recobremodebatesobreoassunto.Ouseja:quantomaisabrangenteapesquisa,maioracapacidadedesubcategorização.

vO TEMPO DA ANÁLISE TEXTUAL

É importante, na construção de qualquer regra de pesquisa, a concep-ção de que o sentido das palavras, de acordo com a noção saussuriana de valor(SAUSSURE,2006),érestringidoouampliadopelasituaçãohistóricaemqueodiscursoseinsere—operíododetempo.Ouseja,umaregradebuscaquesejadestinadaaumapesquisaampla,emtemporeal,aolongodosmeses,devecontemplarmudançaspontuais,conformenovasfiguraseexpressõespassemafazerpartedodebate.Umnovoprojetodelei,porexemplo,impactanapesquisasobreumtema,assimcomoaexoneraçãoou nomeação de um ministro ou um incidente destacado pela imprensa.

Umcasodedestaquequesepode recordaraconteceuemmarçode2015,quandooprocurador-geraldaRepública,RodrigoJanot,divulgoualistadepolíticosassociadosàOperaçãoLavaJato.Abuscapontualsobrearepercussãodesseepisódio—ouseja,comoobjetorecortadocomoadenúnciadeJanot—precisouisolarapalavra“lista”,que,naqueleperíodoreduzidodedebatenoTwitter,referia-seapenas,conformeverificaçãore-alizada,àtemáticadecorrupção.Emboraapalavra“lista”possasereferiradezenasdeconceitos,naquelas48horaselaseconsolidou,novocabulá-riodainternet,comosinônimodadenúnciadoprocurador-geral;portanto,comoumafiguradiscursivada“LavaJato”edacorrupção.

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Um retweet é uma forma de compartilhamentode uma mensagem ou imagem, e possui pri-mordial importância em eventos de rápida di-fusão informacional. Ao olharmos uma rede de retweets, conseguimos entender a relação que foicriadaentrediferentesperfisdeusuários,quenadamaiséqueumvestígiodeinteraçãovirtual.No caso de uma rede de retweets, sempre que A compartilha o tweet de B, a ligação entre A e B pode ser compreendida como uma propagação da informação que vai do indivíduo A para o B(CONOVERetal.,2011;BOYD;GOLDER;LOTAN,2008).Logo,aocompartilharapostagemdeou-tro perfil, por um lado estou concordando com o que ali foi dito e, por outro lado, estou repetindo e propagando a ideia contida na mensagem para toda a minha rede (MACSKASSY, 2011; BOYD;GOLDER;LOTAN,2008). Nesteprocesso,oindivíduoquecompartilhaalgoestá disseminando aquela construção discur-siva e articulação simbólica, o que aumenta as

chances de tais construções simbólicas sereminternalizadasporoutrousuário.Aindaassim,éimportante manter em mente que pessoas, dis-cursos e coletividades estão em constante movi-mento,poisinteraçõesacontecemdeformadinâ-micaenãofixa,tendoqueserentendidascomoumprocesso. Por conta disso, sempre que olhamos paraumgrafo,éessenciallembrarquesetratadeum retrato circunscrito baseado não apenas naspalavras de busca da pesquisa, mas também noespaço(nocaso,oambientevirtual)eotempoquefoidefinidoparaorecortedoobjeto.

Ografoderetweetsécriadodaseguinteforma:cada nó representa um perfil no twitter, e sempre que o usuárioA compartilha umapostagemdousuárioB,umaligação(ouaresta)entreosnósAeBécriada.Quandotodasasarestasenóssãocomputados, podemos gerar uma visualização da rede no software livre Gephi que nos ajuda a entenderarelaçãoentrediferentes indivíduosesubjetividadescoletivas.

INTERAÇÕES NA ESFERA VIRTUAL: GRAFO DE RETWEETS

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Depois de colocar os dados no Gephi, fazemos usodaestatísticademodularidadedoprogra-ma. A modularidade permite o mapeamento dosdiferentesgruposdeumarede(NEWMAN,2004; 2006). Um grupo/comunidade/clusterde nós assim será classificado caso a liga-ção entre os nós seja maior que sua ligação comoutrosnósda rede (VINCENZO,2008).Oalgoritmo utilizado pelo programa é baseadono método Louvain (BLONDEL et al., 2008).Eleencontrapartesdaredequepossuemaltamodularidade em duas principais etapas. A primeira delas otimiza a modularidade local, varrendo comvértices aleatórios toda a rede,enquanto a segunda agrega a comunidade re-petindopassesinterativamenteatéqueamo-dularidade atinja seu pontomáximo.Ou seja,a rede vai sendo dividida em grupos que vão testando todas as possíveis combinações denós existentes até que nenhum deles possapertencer a nenhum outro grupo (NEWMAN,2006).

Ao final do processo, o algoritmo separa a rede em grupos (GIRVAN; NEWMAN, 2004)chamados “clusters” e que aqui serão analisa-dos como representações das subjetividades

coletivas online em interação. Cada um dos grupos possui mais ligações entre seus nós do que entre seus nós e os de outro cluster, o que coincide com a intuição de Newman (2004;2006)dequeindivíduosvãoestabelecermaisrelações - aqui representadas por arestas - com pessoas dentro de seu grupo do que com pessoas que estão fora de seu grupo.

Cada uma das subcoletividades da subjetivi-dadecoletivaonlineserácoloridadeumacordiferente para que possamos distingui-las no grafo. Cada nó pertencerá a uma única sub-coletividade. Em seguida, calcula-se o grauponderado para que possamos diferenciar vi-sualmente os nós que são autoridades pelo ta-manhodeseunome/label.Ograusomaospe-sosdasarestas (nocaso, secontabilizapeso1 para cada retweet) e nos dirá quais perfistiverammais republicações,ouseja,dequemvem as informações mais propagadas. Chama-remosestesperfisdeautoridades.Essamedi-da é interessante para estudar fenômenos nainternet porque existe a tendência a uma mas-sificação de posts: primeiro, publicam umamensagem original que, em seguida, pode ser republicadaparasetentardifundirumassunto

MODULARIDADE//

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ou ponto de vista. Assim, o grau analisado em conjunto com a atividade do perfil indica o tipo de participação ou engajamento que o tornou relevante.

Agora, finalmente, podemos usar o algoritmo ForceAtlas2. O algoritmo atrai os nós cujasarestas são mais espessas - ou seja, os pon-tos que mais se relacionam -, e repele os nós que se relacionammenos (GIRVAN; NEWMAN2004), nos fornecendo uma informação visual de como os diferentes perfis e grupos se rela-cionamemrede(NOACK,2009;JACOMYetal.,2014). Segundo Conover et al.(2011), os algo-ritmos de clusterização como o ForceAtlas2 dividem a rede de retweets em grupos de perfis queexpressamvisõespolíticasdiferentes.

A representação que obtemos após a criaçãodo gráfico é informacional em alguns aspec-tos: as ligações entre os nós que mostram uma relação entre os perfis, a posição dos nós no grafo, o tamanho do rótulo dos nós e sua cor. Olharemos também para as autoridades dografo, ou seja, os nós que possuem maior grau de entrada. Depois, aliaremos este resultado a uma análise qualitativa dos principais tweetsporcluster.Dessaforma,teremosumaboano-ção de como cada grupo faz uso de diferentes significantes, significados e argumentos para publicizartemasespecíficos,oquenosajuda-ráaidentificaroqueuneosperfisdentrodele-seháumaideologiapredominantenogrupo,por exemplo.Alémdisso, poderemosverificarse uma interpretação de um assunto por deter-minado grupo é disputado em outro grupo, oquenosajudaráaentenderseassubjetivida-des coletivas em questão possuem inclinações interativas. As inclinações interativas se refe-rem à dimensão das subjetividades coletivasque ditam suas relações com as outras. Isso,

claro, irá variar dependendo do seu nível decentramento,quevariadeacordocomonívelde identificação interno.

Oquemelevaadizerqueumclusterpodeservistocomoumasubjetividadecoletivaéoaltoníveldecompartilhamentocomumqueosindi-víduos dentro de ummesmocluster possuem(NEWMAN,2004;2006), o que indicaumaltonível de interação entre seus membros. Issosignifica que, se estou dentro do cluster x, provavelmente compartilharei posts ou notí-cias que outras pessoas do meu cluster tam-bém irão compartilhar. Esse comportamentoindica que pensamos de forma similar em al-gum ponto, que existe uma espécie de lógicaquenosécomumequefazcomqueomesmoconteúdo x pareça interessante e relevante aponto de sentirmoso ímpeto de compartilhá--loe,assim,publicizá-lo(BOYD;GOLDER;LO-TAN, 2008). De certa forma isso significa dizer tambémque existeuma lógica compartilhadadentrodosgrupos,poisseus indivíduoscom-partilham o mesmo entendimento de certos símbolosevalores.

Como as pessoas interagem de forma mais ou menos orgânica na rede, a criação de gruposde interesse ocorre a partir de um centramento involuntário, comoDomingues (2004) coloca.Assim,partindodavisãodeDowboreSzwako(2013) na qual movimentos sociais são vistos como performances, poderemos interpretar um retweet comoomomento no qual alguémdo público passa a entoar o repertório juntocom os atores. Nessa transição de passividade para atividade, podem atémesmo sugerir re-pertóriosnovos,queserãoassimiladosàme-dida que tais repertórios encontrem atores que se juntem ao coro.

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A metodologia de construção e categorização usada pela FGV/DAPP éimportanteporqueimpedeolevantamentoarbitráriooulimitadosobre um tema, baseado emumconjunto pequenode palavras ehashtags, e sem considerar a perspectiva do conceito de texto e, principalmente,aspossibilidadessemânticasarespeitodeumas-sunto.Porisso,éfundamentalareflexãolinguísticaacercadoobje-todeestudoemredessociais.Umapalavra,maisqueumapalavra,é,sobretudo,umafiguradiscursiva,concretaouabstrata,dotadadeumefeitodesentidoemfunçãodasdemaisconstruçõeslinguísticascomasquaisseassocia.Porisso,asregrasdebuscadaFGV/DAPPconsideram associações e restrições entre termos e expressões.

Comabasededadoslevantadaapartirdessecomplexoprocessodecategorização,aFGV/DAPPproduzdiferentesanálisesevi-sualizações,comografos,nuvensdepalavras,gráficoselinhashistóricas—cadavisualizaçãocomumafunçãoespecífica,ade-pender da pesquisa feita.

v

v

Grafos

Mapadeumarededeperfisqueinteragemsobredeterminadoassuntoouperfil.Osgrafospermitemaidentificaçãodosgruposesubgruposquemaissecomunicam(osclusters),osin-fluenciadores mais relevantes e quem são as pessoas que operam como as “pontes” entre dois gruposdistintos.Emlevantamentossobrequestõespolíticas,essaspontessão,emgeral,aim-prensa,porqueproduzasnotíciasquerepercutemcoletivamente.

Umapesquisasimplessobresegurançapúblicaretornariaumresultadoimpreciso:comoes-tudarodebatesobreotemaapartir,porexemplo,apenasdaspalavras“segurança”e“polícia”?

O QUE SIGNIFICAM OS DADOS

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Ografoacimaserefereàrepercussão,noTwitter,da votação do processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff, na Câmara dosDeputados.No grafo— apresentado, aqui, semaidentificação dos atores que interagem no deba-te—épossívelver,emazul, do lado esquerdo, os perfiscujodiscursoéfavorávelàaberturadoimpe-achment contra Dilma, e, em vermelho, do lado di-reito,osperfiscontráriosaoprocesso.Comojáex-plicado, quanto maior o nó representando o ator na discussão,maiorarelevânciaqueeledesempenhanodebate,jáqueodiâmetrodocírculoéproporcio-nalàquantidadederetuítesqueesseatorobteve.

Alémdisso,aexemplodoquejáexplicamosante-riormente,quantomaiscentralumperfilnadispo-siçãodografo,maioroalcancedoqueelepublicaemaisvastaarededeperfiscomosquaisinterage;

neste caso, o cluster laranjaécompostoporperfisda imprensa, mais próximos do cluster azul, e por atoresdegrupospolíticoscontráriosaoimpeach-ment,mas adversários, na esferapolítica, do go-verno de Dilma.

Tambémépertinentedestacarque,paraacoletadabasededadosdoTwitterquecompõeografo,foiutilizadooprocesso linguísticodecategori-zaçãoporregrasdepesquisa,comaelaboraçãode uma extensa chave de busca com centenasde palavras e construções lexicais para capturar, comprecisão,odebatevolumosode17deabrilde2016,quandoaCâmaradecidiupelacontinu-açãodoimpeachmentdeDilma.Esseprocessoéomesmoparaqualquervisualização,análiseourecortedeestudo,porqueoobjeto,conformejámencionado,semantém:otexto.

GRAFO DO PROCESSO

DE IMPEACHMENT

DE DILMA ROUSSEFF 2016

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Da mesma forma, a FGV/DAPP faz estudos de redes sociais em diferentes idiomas, com pes-quisasdedicadasacontextossociopolíticos in-ternacionais— inclusive, já realizamosdiversasanálisesparaojornalbritânicoFinancialTimes,dentre as quais leituras dos protestos na Argen-tina e na Venezuela, em espanhol, e sobre aseleições gerais no Reino Unido, em 2015, coma então reeleição de David Cameron como pri-meiro-ministro.Osoperadoreslógicosutilizadospara fazeraconstrução linguísticadapesquisaatendem a qualquer idioma ocidental, evidente-mente respeitando as diferenças de sintaxe entre aslínguas,mascomoprocessodeestudoidên-ticoaodebuscasemportuguês,comolevanta-mento de palavras e expressões, a verificação de assertividadeealimpezaespecífica.

Veja-se o caso de estudo que fizemos a respeito do Brexit, em junho de 2016, a respeito da re-percussão, na França, na Alemanha e no Reino Unido,doplebiscitoqueculminoucomavitóriadoleaveecomafuturasaídadaGrã-BretanhadaUniãoEuropeia.Nessapesquisa,houveaseleçãode um período de duas semanas de coleta e abuscaparticularporexpressões,hashtagsepelodebate temáticode cadapaís.Verificou-sequea questão migratória estava com elevado desta-que, principalmente, na Alemanha e na França, onde se debatia a potencial chegada de mais

refugiados, enquanto as consequências econô-micas obtiverammaior volumede debate entreosbritânicos,sobretudoentreperfiscontráriosàsaídadoReinoUnidodaUniãoEuropéia.

Em um recorte textual de contexto político, asprincipais palavras e expressões se associam, comumente,às figurasdedestaqueem relaçãoaoassunto—como,nocasodaprimeiranuvemdemonstrada a seguir, Jo Cox, parlamentar con-tra o Brexitmorta pouco antes do plebiscito, eNigelFarage,líderdopartidonacionalistaUkipeumdosprincipaisdefensoresdasaídadoReinoUnido (emais debatido por opositores que poraliados). Já na segunda nuvem, destaca-se onomedachanceleralemã,AngelaMerkel.

Para a elaboração das nuvens apresentadas aseguir, houve, inicialmente, a ordenação dos perfis em um grafo, identificando os clusters associados a cada partido ou posicionamento emrelaçãoaoBrexit.Depois,oconteúdotextualdaspostagensdecadaclusteré isoladoeapli-cado em um gerador por contagem de palavras, que produz a nuvem. No entanto, conforme jáapresentado, sinais de pontuação, preposições e pronomes sempre se destacam pelo volume de repetiçõese,demodogeral,sãoexcluídosdavi-sualização final.

EM QUALQUER IDIOMA

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vNuvens de Palavras

Identificam as palavras e expressões que mais se repetiram no levantamento textual

a partir de um assunto qualquer. A FGV/DAPP, no entanto, não exibe as nuvens sem antes

realizar uma limpeza metodológica, privilegiando substantivos, adjetivos, advérbios

e quaisquer construções de valor específico para o melhor entendimento sobre o as-

sunto, eliminando repetições, artigos, numerais, preposições e pronomes (com exce-

ções, se o tema da pesquisa assim demandar). Por intermédio das nuvens, é possível

visualizar, com clareza, as principais figuras discursivas que integram o debate.

NUVEM DE PALAVRAS

EM FRANCÊS SOBRE

O BREXIT

NUVEM DE PALAVRAS

EM ALEMÃO SOBRE

O BREXIT

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DEBATE POLÍTICO NO BRASIL

A combinação entre ametodologia de análise deredes desenvolvida pela FGV/DAPP e as diferentes formas de visualização de dados apresentadas per-mite, ainda, um monitoramento detalhado do com-portamento político do brasileiro na internet— edasinterconexõesentreessedebateeapercepçãosocialsobrepolíticaspúblicas,fundamentalparaatomadadedecisõespelogestorpúblico.OMonitorde Temas, por exemplo, realiza, desde 2014, um levantamentodiáriodetemas,comosaúde,educa-çãoesegurança,observandosuaarticulaçãoaumdebatepolíticocomplexoeabrangente.

Utilizando-sedaanálisedegrafosépossívelmo-nitorar, durante períodos extensos de tempo, aevoluçãododebatepolíticonasredeseidentificarmudanças nas formas de interação e nos princi-paisatoresvinculadosaessadiscussão;conformeaagendapolíticadopaíssemodifica,asdinâmi-cas de interlocução também tendem àmudança.Apenas como exemplo das possibilidades analí-ticasdessametodologia—mas longedeesgotarsuasaplicações—,apresentamos,aseguir,quatrografos produzidos entre os anos de 2013 e 2016, a partir de dados do Twitter.

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Aprimeiravisualizaçãoéresultadodomonitoramentodarededu-rantetodoomêsdejunhode2013,comfoconadiscussãosobreasmanifestações que tomaram as ruas do Brasil. Omovimentoseiniciouemtornodoaumentonopreçodotransportepúblicoelogo assumiu outras pautas, como pedidos por mais investimentos na área de saúde e educação. Apesar de, no calor domomento,tersidodifícilidentificarosdiferentesgrupospolíticosenvolvidosnos protestos, ométodo aqui descrito semostrou eficiente paraexecutar tal tarefa.

JORNADAS DE JUNHO

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GRAFO 1: JORNADAS

DE JUNHO DE 2013

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Podemos ver que existiram diversas diferentes subcoletividades, cada uma representada porumacor,duranteJunhode2013.Asubcoletivi-dade em amarelo agrupa diversos segmentos da imprensa tradicional e possui centralidade no grafoporserutilizadaportodososgrupos.Elaéresponsávelporcercade13%demenções.

À esquerda, em rosa, encontramos perfis mais alinhados à esquerda política, incluindo o perfildodeputadoJeanWyllys.Asubcoletividaderosaé compostapelosmanifestantesquechamaramosprimeirosprotestos,efoiresponsávelporcer-cade5%daspostagens.Emvermelho, tambémà esquerda do grafo, encontra-se a subcoletivi-dade identificada como grupo de apoio ao PT e à Dilma, cujas hashtags mais populares foram#ApoioDilma #TamoJuntoDilma e #Brasil13. Na parte inferior do grafo podemos identificar o cluster azul, com orientação ideológica mais àdireita. Dentre suas autoridades estão o Blogdo-Noblat,aPMESPeoPastorMalafaia.Apesardashashtags mais populares se referirem aos protes-tosemgeral - como#vempraruae#mudabrasil-, também surge na coletividade a #ForaDilma,revelando o forte anti-petismo do grupo.

Na parte superior do grafo, podemos ver o cluster verde, amaior subcoletividade do período, abran-gendoquase29%dasmenções.Nogrupo,muitosdos tweets mais populares são postados por ce-lebridades virtuais e youtubers como Felipe Neto,PeceSiqueiraeatéafictícia IrmãZuleide,alémdeRafinha Bastos. A subcoletividade parece oscilarentre os espectros de direita e esquerda, dependen-do do tema em pauta. PeceSiqueira, por exemplo, édeclaradamentedeesquerda,enquantoFelipeNe-to parece ter um viésmais libertário, alémde seranti-petista. Apesar disso, ambos não possuemnenhumtipodefidelidadepartidária,oquepodeex-plicar como foram parar no mesmo grupo. Talvezelesapelemparaamassaqueingressouhápouconaesferapolítica,descrentesnosistemapo-líticoinstitucionaltalqualotemoshoje.Issoexpli-cariatambémaforterejeiçãoàpolíciaeàmídia.Noentanto, o que parece ser consenso no grupo é oorgulhonacional,quetambémserefletenashash-tagsmaispopulares,comomudabrasil,changebra-zil, ogiganteacordou e verásqueumfilhoteunãofo-geàluta.Alémdisso,outrospontosdeencontrodogruposãoacríticaàtruculênciapolicialeamídiatradicional, vista como tendenciosa e duramente repreendida por tentar deslegitimizar os protestos.

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Osegundoexemplorefere-seàrepercussão,narede,dosegundoturno das eleições presidenciais de 2014, a partir de dados cole-tadosdurante24horas,em25deoutubro,vésperadopleito.Nografo,háumamarcadapolarizaçãoentredoisgrupospolíticosemoposição,refletindoadinâmicaeleitoral.Essesgruposseorgani-zam em dois clusters: o primeiro (em azul, àesquerda), formadopelosperfisqueapoiavamacandidaturadosenadorAécioNeves(PSDB), e o segundo (em vermelho, àdireita),porperfisdeapoioàreeleiçãodaentãopresidenteDilmaRousseff(PT)—ambosmo-dalizados em torno dos perfis de maior influência dentro de cada cluster. No centro do grafo e, portanto, com maior alcance em dife-rentesclusters,surgemperfisligadosaveículosdeimprensa,comimportante papel de articulação.

DISPUTA ELEITORAL

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GRAFO 2: VÉSPERA

DO SEGUNDO TURNO

DAS ELEIÇÕES DE 2014

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PROTESTOSPRÓ-IMPEACHMENT

Oterceirografo,porsuavez,representaodebatepúbliconoTwitter sobre os protestos pró-impeachment realizados em15 de março de 2015, em diversos estados. Neste caso, o cluster da imprensa se dissipa, integrando-se ou àquele fa-vorável à manutenção governo Dilma — em vermelho — ouàquelequedefendiaseuafastamento—em azul.Esteúltimoocupa um espaço maior e mais central na visualização, o que denota uma posição mais hegemônica no debate, demons-trando uma significativa adesão dos principais atores que participaramdadiscussãoàsideiasdomovimento.

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GRAFO 3: PROTESTOS

PRÓ-IMPEACHMENT,

EM MARÇO DE 2015

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O último grafo, publicado a seguir, sem os ró-tulos, que identificam os atores, representa as menções, no Twitter, aos protestos de 13 de março de 2016, que reuniram mais de 3 milhões de pessoas em todo o Brasil, em torno de uma pauta majoritariamente pró-impeachment. Vê--se, neste, o surgimento de um grande cluster, em amarelo, ocupando a posição de maior des-taquedografo.Nessegrupo,estãoperfisfavorá-veis ao impedimento da então presidente Dilma e àsinvestigaçõesdaOperaçãoLavaJato.

A polarização verificada em momentos anterio-res dá lugar, dessa forma— diante da crise deconfiançadobrasileirocomrelaçãoaospolíticoseàpolítica,relacionadaaocrescentenúmerodedenúnciasdecorrupção—,aumafortedesiden-tificação popular com os dois grupos em dispu-ta, a exemplo do que ocorreu em 2013, quando as movimentações populares se mostravam, no plano do debate público da internet, afastadasdearticulaçõespolíticastradicionais.

GRAFO 4: MENÇÕES AOS

PROTESTOS DE 13 DE

MARÇO DE 2016

Omonitoramento do debate político na internetse configura, assim, uma das mais importantes linhasdeatuaçãodonúcleodeanálisederedessociais da FGV/DAPP. Conforme já apontado, autilização desta metodologia permite acompa-nhar as variações nos modelos de comportamen-to nas redes mais relevantes para a sociedade brasileira—especialmenteoFacebookeoTwit-ter —, e relacioná-las às mudanças na agenda

política.Aanálisedessassérieshistóricasajuda,ainda,naantevisãodecomportamentospolíticosa partir de padrões de interação. Tal aplicação foi utilizada pela FGV/DAPP, com sucesso, para esti-mar previamente as dimensões dos protestos de 13 de março de 2016, retratados no grafo acima, pormeiodaobservaçãodesuarepercussãonasredes em datas anteriores.

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PESQUISAEM ANDAMENTO

Ametodologiabrevementeapresentadaé frutode um projeto de pesquisa iniciado em 2013, que passa por constantes atualizações e aper-feiçoamentos, em conformidade com inovações quanto ao processamento de grandes volumes de dados e quanto aos softwares utilizados para asanálises.ApropostadaFGV/DAPPé,exata-mente,solucionarproblemasdaanálisederedes

sociais quanto a resultados qualitativos e quan-titativos,comoarestriçãodostermosdebusca,ainconsistênciadorecortedoobjetoeaausên-ciadeumareflexãolinguística—eaLinguísticaainda se faz pouco presente, no Brasil e interna-cionalmente, como integrante do processo de análisederedessociais.

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Umaetapapresentedodesenvolvimentodepesquisas em redes sociais pela FGV/DAPP consiste na construção de uma melhor es-trutura de análise de sentimentos, sem ouso—jáamplamentedifundido—debancosuniformes de palavras com uma atribuiçãodevalorpositivoounegativo.Combasenoraciocínioquenorteiaaconstruçãodasre-gras de pesquisa, a FGV/DAPP está elabo-rando chaves de busca em redes sociais,comatribuiçãode valor opinativo específi-co para cada regra, temática e período detempo — levando em consideração o que,de fato, é positivo ou negativo para cadatemaousubtema.Por isso,umabuscaso-bresegurançapúblicaavaliacomopositivoumdestaquesobreareduçãodecrimesemuma localidade e como negativo o aumento da sensação de insegurança ou postagens que enfatizem o medo da criminalidade co-tidiana.

Oscilaçõesquantoàpercepçãosocialsobrequalquerassuntonãoobedecemaumsiste-ma fixo de palavras predeterminadas como positivasounegativas—é fácilpensarso-bre esse princípio observando a diferença

entre a atribuição de valor estético a umaobraoupessoa(bonitaoufeia,porexemplo)eaatribuiçãoopinativasobreaeconomiadeum país, na qual o valor é condicionado auma variação de quantidade (se o PIB cres-ceu ou diminuiu) ou de ritmo (a produtivida-de acelerou ou desacelerou).

A avaliação de sentimento em redes sociais jáintegrapartedasanálisesrealizadaspelaFGV/DAPP e, hoje, consiste no principal foco de pesquisas da equipe, com a amplia-çãodobancodedadoscomcategorizaçõespositivas e negativas para contemplar as centenas de temas e subtemas já analisa-dos regularmente. Atualmente, a FGV/DAPP possui dicionário semântico com mais de3.500 regras de pesquisa, em sete idiomas, que são usadas e atualizadas conforme a necessidade. Todas submetidas aomesmocomplexo processo de categorização, ava-liação, limpeza e verificação que faz com que as pesquisas em redes sociais sejam coerentes,metodologicamenteconfiáveis ecorretas quanto à identificação do volume,do conteúdo e do alcance do debate sobrepolíticaspúblicasnainternet.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de metodologias qualitativas e quantitativas, aliadas à com-preensão linguística do volume textual recortado das redes sociais,asseguraaprecisãodocorpusdeestudoeaconfiabilidadequantoaoresultado da pesquisa, com a interlocução entre Sociologia, Tecnolo-giasdaInformaçãoeComunicação,LinguísticaeComunicaçãoSocial.

A metodologia empregada pela FGV/DAPP contempla as redes pro-duzidasapartir dos vestígiosdas interaçõesnoambienteonline,como compartilhamentos, menções ou curtidas, como laços en-contradosemredessociaiscomotextossobumafundamentaçãosemiótica, considerando as estratégias de produção textual, asfiguras de discurso e a identificação dos efeitos de sentido pre-sentes, de forma recorrente e com coerência, na base de dadosselecionada como corpus.resultado da pesquisa, com a interlocu-ção entre Sociologia, Tecnologias da Informação e Comunicação, LinguísticaeComunicaçãoSocial.

METODOLOGIA INTEGRADA DE PESQUISA EM REDES SOCIAIS

SOCIOLOGIA APLICADA

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AmetodologiaempregadapelaFGV/DAPPcontemplaaspublicaçõesemredessociaiscomotextossobumafundamentaçãosemiótica,con-siderandoasestratégiasdeproduçãotextual,asfigurasdediscursoea identificação dos efeitos de sentido presentes, de forma recorrente e comcoerência,nabasededadosselecionadacomocorpus.resultadoda pesquisa, com a interlocução entre Sociologia, Tecnologias da In-formaçãoeComunicação,LinguísticaeComunicaçãoSocial.

Aexibiçãodegráficos,grafosenuvensdepalavrasilustracomprecisãoesimplicidadeodebatepúbliconasredessociais,possibilitandoquehaja amplo alcance do resultado das pesquisas e a consequente com-preensão, pela sociedade, dos assuntos de destaque no Brasil e em ou-trospaíses.Aintegraçãoderígidametodologiadepesquisacomferra-mentasdedesignéparteessencialdaFGV/DAPP,queseempenhaemfazeracessíveisquestõescomplexaseimportantesparaasociedade.

Ousodeestruturascomplexasederegrascomcentenasdeexpres-sões e articulações sintáticas permite o estudo de temas abstratosemdebatesderedessociaiseasubdivisãoemcategoriasespecíficas,ampliandoapercepçãosocialsobrepolíticaspúblicas.

Todas as categorias e temáticas pesquisadas pela FGV/DAPP pas-sam por constante processo de atualização, modificação e verificação quantoàacuráciadostextosidentificados.Portanto,alteraçõesdelé-xicoeassociadasamudançaspolíticas,administrativasouaaconte-cimentosimprevistossãodevidamenteincorporadasàcategorização,querespeitaoperíododetempodabuscaemredessociais.

LINGUÍSTICA APLICADA

VISUALIZAÇÃO DE DADOS

A DIFICULDADE É POSITIVA

ATUALIZAÇÕES FREQUENTES

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