negÓcio de oportunidade. piora no cenário econômico … · 2017-12-12 · tomados pela justiça,...

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Em Destaque DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 24, 25 E 26 DE OUTUBRO DE 2015 3 NEGÓCIO DE OPORTUNIDADE. Empresas de self storage avançam com imóveis menores, redução de estoque do varejo e até com retomada de propriedades pela Justiça por falta de pagamento Piora no cenário econômico impulsiona aluguel de boxes LOCAÇÃO Ana Paula Silva São Paulo [email protected] A dificuldade econômica so- mada a mudanças no mercado imobiliário começam a impul- sionar um novo setor no Brasil, o de pequenos espaços para armazenamento. O chamado self storage já conta hoje com mais de 150 unidades espalha- das pelo País e o potencial é considerado muito forte. “Só nos Estados Unidos, esse modelo de negócio já é bem consolidado e conta com cerca de 55 mil empreendimentos”, explica o CEO do GuardeAqui, Allan Paiotti. Segundo o executivo, o au- mento do número dos imóveis tomados pela justiça, somado à necessidade do varejo (princi- palmente o pequeno) de rever custos de centros de distribui- ção, abrem um caminho pro- missor para as empresas que lo- cam pequenos espaços de armazenagem. Diante desse cenário, muitas empresas projetam ampliação de mais dois dígitos nos próxi- mos anos, apoiando-se, justa- mente, nestes fatores. Uma das maiores empresas deste ramo, a GuardeAqui man- tém 12 operações e traça planos DIVULGAÇÃO Empresa Self Storage oferecem alarmes e segurança 24 horas ousados para quase triplicar a operação, com investimento de R$ 1 bilhão no segmento nos pró- ximos anos. “Temos um projeto de chegar em 50 unidades até 2020. A nossa ideia e manter as inaugurações entre seis e oito unidades por ano”, diz Paiotti, lembrando que a 13ª unidade da rede já está sendo construída em São Paulo e a 14ª (já em negocia- ção) será no Rio de Janeiro. O CEO da GuardeAqui explicou ao DCI que o self storage funciona como qualquer negócio de loca- ção. Assim, os locatários recebem uma senha para poder acessar o seu box na hora que quiser. “O es- paço também conta com câme- ras de vigilância e alarmes indivi- duais”, aponta. Segundo o executivo, o modelo também oferece a vantagem de se adequar a demanda de cada cliente e pode ser ampliado ou devolvido ao final de cada mês. Em média, 50% dos espaços es- tão locados para o público corpo- rativo. A localização, todas em re- giões de fácil acesso, também ajuda a expandir o negócio. Os preços dos boxes acompa- nham o crescimento da necessi- dade e expansão do mercado imobiliário. A média cobrada pe- la GuardeAqui é de R$ 80 por me- tro quadrado. Outra grande concorrente é a GoodStorage, que mantém seis unidades em operação e a sétima em construção. A empresa pre- tende multiplicar por cinco sua operação, chegando ao final de 2017 com 30 unidades. “Nosso objetivo é abrir dez unidades por ano. Atualmente, temos cinco mil boxes disponíveis. Cada ar- mazém tem, em média, 600 bo- xes por unidade”, comentou o CEO da GoodStorage, Thiago Cordeiro. A empresa oferece es- paços de locação de um metro quadrado até 100 metros, a um custo médio de R$ 65. Cordeiro afirma que as empresas veem no self storage uma opção barata e flexível para estocar. Imóveis menores Segundo o empresário, os atuais formatos de imóveis na cidade de São Paulo também impulsionam o mercado de bo- xes. “Nos últimos dois anos te- mos uma maior oferta de imó- veis menores. Essa diminuição leva as pessoas a procura de es- paços para armazenar seus bens”, diz Cordeiro. A retomada de imóveis pela Justiça por falta de pagamento também tem ajudado a procura no setor, se- gundo as empresas. A My Box registrou um cresci- mento no número de pedidos de orçamento, em torno de 1100% em três meses, de maio a agosto deste ano. Segundo o ge- rente comercial e de marketing, Bernardo Coelho Ferreira, mes- mo que a conversão dos pedi- dos de orçamento não tenham se concretizado, a alta nos nego- cios efetivados foi de 18% para 21%. “Nós determinamos o pre- ço por metro cúbico, assim, um boxe com 3,5 m² tem um custo médio de R$ 256”, diz. A empresa, que atua na região de Belo Horizonte (MG), conta hoje com uma unidade de 25 mil metros quadrados, sendo 9 mil metros de área para arma- zenagem. Os espaços da com- panhia são diversificados e a My Box possui 350 clientes. Potencial A Metrofit também apostou no setor e já investiu R$ 120 mi- lhões para desenvolver as qua- tro primeiras unidades no esta- do de São Paulo. Duas já estão em operação. Esse ano a empre- sa deve investir mais de R$ 40 milhões para a aquisição de dois novos espaços e para 2016 estima um aporte de até R$ 140 milhões, para mais cinco unida- des. Com 1.150 boxes, e uma média do preço de locação en- tre R$ 70 a R$ 75, a empresa teve um aumento de 35% na receita este ano. “Na crise, as empresas tendem a procurar alternativas para conter custos. E por isso, estamos com um bom desem- penho no momento”, diz o CEO da MetroFit, Hans Scholl. Uma das pioneiras nesse ra- mo, a Minidocks iniciou a ope- ração em 1996 e, segundo o só- cio diretor, Luiz Otávio Correa, o crescimento do número de con- correntes fez com que a empre- sa revisse seu plano de expan- são para os próximos anos. “O mercado está um pouco satura- do. Não é um momento certo de expansão”, disse o executivo. Segundo ele, a meta é ir além do Estado de São Paulo. A empresa, que oferece boxes de 30 tama- nhos diferentes, tem uma taxa de ocupação entre 85% e 90%. “Este mês, estamos em 88%”, diz. Para garantir o crescimento de 15% sobre 2014, o executivo conta que a estratégia é atender o segmento premium . “Temos concorrentes fazendo a locação pela metade do preço, mas eu ofereço itens a mais em segu- rança e conforto para o cliente”.

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Em DestaqueDIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS � SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 24, 25 E 26 DE OUTUBRO DE 2015 3

NEGÓCIO DE OPORTUNIDADE. Empresas de self storage avançam com imóveis menores, redução deestoque do varejo e até com retomada de propriedades pela Justiça por falta de pagamento

Piora no cenário econômicoimpulsiona aluguel de boxesL O CAÇ ÃO

Ana Paula SilvaSão Pauloa n a . s i l va @ d c i . c o m . b r

�A dificuldade econômica so-mada a mudanças no mercadoimobiliário começam a impul-sionar um novo setor no Brasil,o de pequenos espaços paraarmazenamento. O chamadoself storage já conta hoje commais de 150 unidades espalha-das pelo País e o potencial éconsiderado muito forte.“Só nos Estados Unidos, essemodelo de negócio já é bemconsolidado e conta com cercade 55 mil empreendimentos”,explica o CEO do Gu a rd e Aq u i ,Allan Paiotti.

Segundo o executivo, o au-mento do número dos imóveistomados pela justiça, somado ànecessidade do varejo (princi-palmente o pequeno) de revercustos de centros de distribui-ção, abrem um caminho pro-missor para as empresas que lo-cam pequenos espaços dear mazenagem.

Diante desse cenário, muitasempresas projetam ampliaçãode mais dois dígitos nos próxi-mos anos, apoiando-se, justa-mente, nestes fatores.

Uma das maiores empresasdeste ramo, a GuardeAqui man-tém 12 operações e traça planos

D I V U L G AÇ ÃO

Empresa Self Storage oferecemalarmes e segurança 24 horas

ousados para quase triplicar aoperação, com investimento deR$ 1 bilhão no segmento nos pró-ximos anos. “Temos um projetode chegar em 50 unidades até2020. A nossa ideia e manter asinaugurações entre seis e oitounidades por ano”, diz Paiotti,lembrando que a 13ª unidade darede já está sendo construída emSão Paulo e a 14ª (já em negocia-ção) será no Rio de Janeiro.

O CEO da GuardeAqui explicouao DCIque o self storage funcionacomo qualquer negócio de loca-ção. Assim, os locatários recebemuma senha para poder acessar oseu box na hora que quiser. “O es-paço também conta com câme-ras de vigilância e alarmes indivi-d u a i s”, aponta.

Segundo o executivo, o modelotambém oferece a vantagem dese adequar a demanda de cadacliente e pode ser ampliado oudevolvido ao final de cada mês.Em média, 50% dos espaços es-tão locados para o público corpo-rativo. A localização, todas em re-giões de fácil acesso, tambémajuda a expandir o negócio.

Os preços dos boxes acompa-nham o crescimento da necessi-dade e expansão do mercadoimobiliário. A média cobrada pe-la GuardeAqui é de R$ 80 por me-tro quadrado.

Outra grande concorrente é aG oodStorage, que mantém seisunidades em operação e a sétimaem construção. A empresa pre-

tende multiplicar por cinco suaoperação, chegando ao final de2017 com 30 unidades. “No s s oobjetivo é abrir dez unidades porano. Atualmente, temos cincomil boxes disponíveis. Cada ar-mazém tem, em média, 600 bo-xes por unidade”, comentou oCEO da GoodStorage, ThiagoCordeiro. A empresa oferece es-paços de locação de um metroquadrado até 100 metros, a umcusto médio de R$ 65. Cordeiroafirma que as empresas veem noself storage uma opção barata eflexível para estocar.

Imóveis menoresSegundo o empresário, osatuais formatos de imóveis nacidade de São Paulo também

impulsionam o mercado de bo-xes. “Nos últimos dois anos te-mos uma maior oferta de imó-veis menores. Essa diminuiçãoleva as pessoas a procura de es-paços para armazenar seusb e n s”, diz Cordeiro. A retomadade imóveis pela Justiça por faltade pagamento também temajudado a procura no setor, se-gundo as empresas.

A My Box registrou um cresci-mento no número de pedidosde orçamento, em torno de1100% em três meses, de maio aagosto deste ano. Segundo o ge-rente comercial e de marketing,Bernardo Coelho Ferreira, mes-mo que a conversão dos pedi-dos de orçamento não tenhamse concretizado, a alta nos nego-cios efetivados foi de 18% para21%. “Nós determinamos o pre-ço por metro cúbico, assim, umboxe com 3,5 m² tem um customédio de R$ 256”, diz.

A empresa, que atua na regiãode Belo Horizonte (MG), contahoje com uma unidade de 25mil metros quadrados, sendo9 mil metros de área para arma-zenagem. Os espaços da com-panhia são diversificados e a MyBox possui 350 clientes.

PotencialA Me t ro f i t também apostou nosetor e já investiu R$ 120 mi-lhões para desenvolver as qua-tro primeiras unidades no esta-do de São Paulo. Duas já estão

em operação. Esse ano a empre-sa deve investir mais de R$ 40milhões para a aquisição dedois novos espaços e para 2016estima um aporte de até R$ 140milhões, para mais cinco unida-des. Com 1.150 boxes, e umamédia do preço de locação en-tre R$ 70 a R$ 75, a empresa teveum aumento de 35% na receitaeste ano. “Na crise, as empresastendem a procurar alternativaspara conter custos. E por isso,estamos com um bom desem-penho no momento”, diz o CEOda MetroFit, Hans Scholl.

Uma das pioneiras nesse ra-mo, a Mi n i d o c k s iniciou a ope-ração em 1996 e, segundo o só-cio diretor, Luiz Otávio Correa, ocrescimento do número de con-correntes fez com que a empre-sa revisse seu plano de expan-são para os próximos anos. “Omercado está um pouco satura-do. Não é um momento certo dee x p a n s ã o”, disse o executivo.Segundo ele, a meta é ir além doEstado de São Paulo. A empresa,que oferece boxes de 30 tama-nhos diferentes, tem uma taxade ocupação entre 85% e 90%.“Este mês, estamos em 88%”,diz. Para garantir o crescimentode 15% sobre 2014, o executivoconta que a estratégia é atendero segmento p re m i u m . “Te m o sconcorrentes fazendo a locaçãopela metade do preço, mas euofereço itens a mais em segu-rança e conforto para o cliente”.