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Apostila do Curso de Necropapiloscopia da SENASP

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Scientia potentia est.(O conhecimento é poder.)

Olá! Seja bem-vindo(a) a este curso!Inicialmente, você pode estar se perguntando:mas o que é exatamente a necropapiloscopia ?Vamos lá, a necropapiloscopia é a perícia de identi caçãopost mortem baseada nos arranjos das

cristas de fricção existentes na pele espessa. De forma geral, é o método de individualização mais rápido ede menor custo para o Estado.

É importante ressaltar que a necropapiloscopia não precisa ser resumida apenas às falanges distais,

pois como deriva da ciência papiloscópica, analisa os dermatóglifos presentes napalma das mãos e plantados pés.

Ao estudar e compreender a função da necropapiloscopia, espera-se que essa atividade pericialespecializada seja mais aproveitada. Muitas vezes, a perícia necropapiloscópica não é requerida pelas auto-ridades competentes, as quais não conhecem sua aplicabilidade. A aplicação desse método de identi caçãodeve ser excluída antes da utilização de outros mais dispendiosos.

Assim, opropósito deste curso é divulgar , para os pro ssionais da Segurança Pública no Brasil,o trabalho desenvolvido pelos pro ssionais dapapiloscopia que realizam essa perícia de identi cação hu-mana post mortem e discutir questões ligadas à identi cação cadavérica e seu importante destaque nacomprovação de identidade de pessoas.

Este curso também é recomendado para papiloscopistas que procuram atualização nessa área e quepodem ser multiplicadores do conhecimento para colegas da Segurança Pública e comunidade em geral,ministrando cursos e palestras com este texto (desde que citada a fonte).

Entretanto, para uma melhor compreensão dos conceitos aqui expostos, é necessário que você játenha nalizado o curso de Perícia papiloscópica em identi cação humana 1 da Secretaria Nacional deSegurança Pública via EAD.

Ressalta-se, por m, queeste trabalho não forma peritos em necropapiloscopia , já que, paraisso, seria necessário curso com mais detalhamento técnico, além de horas e horas de muita prática com“mão na massa”, o que foge ao escopo de um curso a distância.

Feitas essas considerações, já é possível iniciar o conteúdo deste curso.Bom trabalho!

Objetivos do cursoAo nal do curso, você será capaz de:

• Compreender os conceitos, a fundamentação metodológica, as características e aplicações danecropapiloscopia;

• Aplicar procedimentos de biossegurança na necropapiloscopia;• Enumerar os passos para identi cação de cadáveres;• Enumerar os passos para identi cação de vítimas em desastres; e• Reconhecer o papel social da perícia necropapiloscópica e sua importância nos desdobra-

mentos jurídicos.

APRESENTAÇÃO

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Estrutura do cursoEste curso está dividido nos seguintes módulos:

• Módulo 1 – Conceitos gerais e aplicações da necropapiloscopia• Módulo 2 – Biossegurança na necropapiloscopia

• Módulo 3 – Identi cação de cadáveres em morte recente e condições especiais• Módulo 4 – Identi cação de vítimas em desastres

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Apresentação do móduloOlá! Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso, o módulo “Conceitos gerais e aplicações

da necropapiloscopia”.Dentre os métodos de identi cação humanapost mortem , a necropapiloscopia tem papel de des-

taque por suas características mais básicas: resposta rápida, baixo custo para o Estado e individualização depessoas amparada por metodologia cientí ca.

Neste módulo, você estudará o caráter imprescindível da identi cação necropapiloscópica para asociedade, com ênfase também em seus aspectos técnicos.

Bons estudos!

Objetivos do móduloAo nal deste módulo, você será capaz de:

• Conceituar necropapiloscopia;• Descrever a estrutura básica do laudo papiloscópico;• Indicar os efeitos jurídicos da identi cação necropapiloscópica; e• Reconhecer a importância da necropapiloscopia na investigação de homicídios e no luto para

as famílias.

Estrutura do módulo• Aula 1 – Conceitos gerais• Aula 2 – Análise técnica• Aula 3 – Efeitos jurídicos da necropapiloscopia para a sociedade• Aula 4 – A contribuição da perícia necropapiloscópica na investigação de homicídios e no

luto dos familiares

Aula 1 – Conceitos gerais

1.1 O que é necropapiloscopia?A necropapiloscopia é aperícia dentro da ciência papiloscópica que trata daindividualização

humana post mortem de cadáveres em morte recente e em condições especiais.

Perícia é a pesquisa, investigação e averiguação, procedida por pessoa que dispõe de conheci-mentos especializados, a propósito de coisa ou matéria necessária para a instrução de processo (DANTAS,

2014).

De acordo com oScienti c Working Group on Friction Ridge Analysis, Study and Technology (SW-

MÓDULO

1CONCEITOS GERAIS E APLICAÇÕES DANECROPAPILOSCOPIA

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GFAST) – o Grupo Cientí co de Trabalho em Análise, Estudo e Tecnologia em Impressões digitais –, “‘indivi-dualização’ é sinônimo do termo ‘identi cação’, usado no exame das cristas de fricção da impressão digital.[...] O termo individualização foi originalmente introduzido em exames de impressão latentes para fornecer

um termo mais especí co do que a identi cação” (tradução livre).

Os cadáveres em condições especiais são corpos que sofreramprocessos destrutivos (putrefação e maceração) ou conservadores (mumi cação e saponi cação ).

Esses fenômenos serão estudados com mais detalhamento no módulo 3.

A carbonização também é considerada uma condição especial do cadáver, tendo em vista que osprocedimentos aplicados na obtenção de impressões digitais são diversos daqueles realizados nos cadáveresem morte recente.

Apapiloscopia é, então, a ciência da identi cação humana por intermédio do estudo e análise dosdermatóglifos (dermato = pele; glifos = desenhos) existentes na região de pele espessa: polpas digitais,palma das mãos e planta dos pés.

De acordo com Houaiss (2009), é “[...] a forma dos sulcos nas superfícies inferiores dos pés e dasmãos cuja con guração é estudada em antropologia e direito como meio de estabelecer identidade e, em

medicina, como indicador clínico e genético.”

Dessa forma, a necropapiloscopia compartilha, então, dos mesmos princípios dessa ciência:pe-renidade , imutabilidade e variabilidade , sendo esses os alicerces da con abilidade e segurança desseprocesso.

Lembre-se: o detalhamento sobre os princípios da papiloscopia foram trabalhados no curso Períciapapiloscópica em identi cação humana 1, requisito para este curso.

1.2 Estrutura da pele espessaÉ de grande relevância também para os estudiosos da necropapiloscopia, ou para aqueles que utili-

zam essa perícia, compreender basicamente a estrutura dapele espessa , que pode ser chamada de “objetode trabalho ”do papiloscopista .

A região da pele ditaespessa, também chamada depele glabra , é aquela que não tem folículospilosos e, portanto, nem glândulas sebáceas. Contudo, em toda a superfície corporal existem os poros, osquais também podem auxiliar naidenti cação . Estes são visíveis em algumas impressões digitais e aindasão responsáveis pela eliminação do suor.

Região espessa: região que possui uma larga camada de queratina na parte super cial.

Já que a posição, forma, quantidade e dimensão dos mesmos também variam de uma pessoa paraa outra.

Do ponto de vista anatômico, a pele é composta por duas camadas superpostas: a epiderme e aderme.

Nota:Observe que, na parte superior, é possível perceber grande camada de queratina se destacando.

Na parte inferior, os cinco estratos da epiderme e as papilas dérmicas.

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1.2.1 EpidermeA epiderme é a parte super cial da pele, constituída de duas faces:externa e interna .Aface externa é lisa e nela encontram-se poros, unhas e queratina. Aface interna é delgada e

recobre as papilas, provocando altos e baixos relevos, o que resulta na visualização de várias cristas.

Importante!

Por apresentar essaestrutura externa e interna , a epiderme, quando sofre processos transfor-mativospost mortem , pode se destacar da derme, formando a chamada luva cadavérica, extremamenteimportante para a identi cação, pois pode conservar tanto externa quanto internamente os dermatóglifos(BRASIL, 2013, p. 211).

Queratina: a proteína que faz toda a diferença

À medida que envelhecem, as células epidérmicas tornam-se achatadas e passam a fabri-car e acumular dentro de si uma proteína resistente e impermeável, a queratina. As células maissuper ciais, ao se tornarem repletas dessa proteína, morrem e passam a constituir um revesti-mento resistente ao atrito e altamente impermeável à água, denominado camada queratinizadaou córnea. A partir da quantidade de deposição na superfície do tegumento, classi ca-se a pelecomo na (estrato córneo delgado) ou espessa.

(Fonte: http://www.afh.bio.br/tegumentar/tegumentar.asp)

1.2.2 DermeAderme, por outro lado, é a camada subjacente à epiderme, na qual atuam os fatores que inter-

vêm namorfologia e na con guração dos desenhos papilares . A derme se constitui de duas camadas emforma de rede e tecido broso.

As papilas são evaginações que se projetam a partir da parte mais profunda da pele (derme),for-mando relevos irregulares na camada mais super cial (epiderme), servindo ainda para aumentar a ade-rência entre estas duas camadas.

Quando esses relevos têm a forma de uma montanha são chamados decristas papilares ; quandose assemelham a um vale são chamados desulcos interpapilares . Nas imagens de coletas de impressõesdigitais, as cristas se apresentam na cor preta e os vales na cor branca (ANGELONI, 2013, p. 15).

As impressões, portanto, se formam a partir da reprodução desses relevos e são classi cadassegundo sua localização: impressões digitais, palmares e plantares, sendo que os métodos que analisamestas regiões são respectivamente: a datiloscopia, a quiroscopia e a podoscopia.

Importante!

A necropapiloscopia, no entanto, possui como limite a problemática de alguns cadáveres nãoapresentarem mais a pele espessa em bom estado, podendo esta apresentar-se muito fragilizada devidoà putrefação, ou, totalmente carbonizada, sendo necessária a atuação das outras perícias de identi caçãohumana post mortem , como a odontológica e a genética.

Você verá mais detalhes sobre outras perícias de identi caçãopost mortem no módulo 3.

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Aula 2 – Análise técnica

2.1 Impressão desconhecida X impressão padrãoO objetivo primordial da necropapiloscopia, portanto, é a identi cação por intermédio de con-

fronto feito entre aimpressão desconhecida do cadáver (impressão questionada) e aimpressão padrão (registrada em documentos civis); a partir disso, chega-se ao resultado para responder ao seguinte quesitopresente no laudo necropapiloscópico:

Ambas as impressões pertencem ao mesmo indivíduo?Nesse caso especí co, usou-se o verbo pertencer, pois a impressão questionada é aquela obtida

pela coleta do necropapiloscopista no cadáver, com a aplicação de várias técnicas, e não a que foi postapelo próprio indivíduo emsuperfícies ou locais – esta é decalcada ou revelada por outros procedimentostécnicos da perícia papiloscópica.

Também chamadas de questionadas – mas aqui a resposta é se foi produzida ou não pelo mesmoindivíduo.

Já as impressões padrões são as coletadas para a confecção dedocumentos ditos de identi ca-ção civil, os quais devem ser feitos a partir de documentação comprobatória. Dessa forma, a identi caçãoo cial tem por nalidade emprestar credibilidade e con ança acerca da pessoa com quem se está tratando,de modo que a identi cação civil representa uma fonte estatal, por consequência com uma presunção delegitimidade e segurança, sobre a identidade de cada indivíduo (ROSA, 2013).

Carteira de identidade, carteira de trabalho, identi cação funcional, etc. Todas de acordo com a leifederal n. 12037/2009.

Importante!

A identi cação criminal, é realizada a partir de dados informados pelo próprio identi cado à auto-ridade policial, não dispondo, portanto, de nenhum documento comprobatório de tais informações.

2.2 Exame papiloscópicoDe acordo com o Grupo Cientí co de Trabalho em Análise, Estudo e Tecnologia em Impres-

sões digitais (Scienti c Working Group on Friction Ridge Analysis, Study and Technology – SWG-FAST), o exame papiloscópico envolve 4 fases distintas dométodo ACE-V:

Como o teste de hipóteses, os quatro processos de análise, comparação, avaliação e verifticaçãopodem ser vistos como os processos necessários para realizar uma comparação visual. O acrônimo ACE-Vdescreve tarefas que analistas têm realizado há mais de 100 anos. Atualmente, analistas ou agências em-pregam diferentes procedimentos para o processo ACE-V. Por exemplo, no processo de comparação, [...]

algumas agências utilizam lupas enquanto outras utilizam softwares computacionais; muitas agências usamambos. [...] Comparando diferentes procedimentos (metodologias) e as conclusões associadas, isso indicaque um procedimento especí co de ACE-V tem uma base mais forte e fornece resultados mais favoráveisem comparação com outros métodos; por conseguinte, a utilização especí ca do ACE-V pode quali car-se

como um método validado. (TRIPLETT, 2012, p. 6-7, tradução livre).

Para saber mais sobre o SWGFAST, acesse o arquivo “Mas o que é SWGFAST”, que está nosanexos do curso.

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Method ACE-V: Analysis, Comparison, Evaluation and Veri cation

Análise Confronto Avaliação Veri cação

Estude, a seguir, sobre cada uma delas!

Afase de análise é a apreciação daimpressão papilar para determinar suas condições técnicaspara confronto.

impressão papilar: Aqui neste contexto signi ca a impressão digital, palmar e plantar.

Na fase de confronto , é feita a observação direta (lado a lado) dos detalhes das impressões paradeterminar regiões coincidentes, baseada em critérios de similaridade, sequência e relação espacial.

Na fase de avaliação, a formulação da conclusão é baseada na análise e comparação das impres-sões papilares. As conclusões que podem ser alcançadas são resultados de três fatores:

• Identi cação – comparação de duas ou mais impressões com qualidade para confronto e

com quantidade su ciente de coincidências de detalhes. Uma identi cação acontece quando o papilosco-pista conclui que duas ou mais impressões digitais têm a mesma origem, excluindo todas as demais;

• Exclusão – comparação de duas ou mais impressões digitais com qualidade para confrontoe com quantidade su ciente de divergências de detalhes. Uma exclusão acontece quando o papiloscopistaconclui que duas ou mais impressões digitais não têm a mesma origem;

• Inconclusão – a inconclusão acontece quando o papiloscopista não consegue identi car ouexcluir a origem de uma impressão digital.

Por m, a fase de veri cação é o exame independente efetuado por outro papiloscopista e queresulta na mesma conclusão.

fase de veri cação: A indicação da veri cação não importa em exigência de mais de um perito o cialpara a realização da perícia. A veri cação trata de uma revisão por pares na busca por garantia de qualidade. Não é,portanto, requisito para a existência da perícia, esta sim se deve à provocação do agente mediante a solicitação da

autoridade competente, conforme preconizado no art. 5º do Código de Processo Penal. O principal objetivo da revi-são por pares (veri cação) é compreender como se chegou àquela conclusão (por exemplo, de um confronto positivo

e não simplesmente con rmá-la (TRIPLETT; COONEY, 2006, p. 348, tradução livre).

Para mais informações sobre a metodologia ACE-V, acesse: http://www.fprints.nwlean.net/JFI.pdf

Importante!

As impressões que não alcançarem níveis de visibilidade su ciente de caracteres individualizadoresdeverão ser consideradas sem condições técnicas para uma a rmativa de identidade (retirado de Souza etal., 2012, p. 51, no prelo).

2.3 Laudo papiloscópicoApós o exame de veri cação, quando os dois especialistas concordam que as impressões digitais

têm a mesma origem, é produzido o laudo papiloscópico como resultado nal dessa análise. Entretanto,cada estado do país, juntamente com a polícia federal, possui modelos diversos de laudos papiloscó -

picos relacionados ao exame necropapiloscópico , que é o caso aqui discutido.Diante dessa situação, recomenda-se, portanto, como forma de padronização das respostas de exa-mes necropapiloscópicos, a utilização do modelo de laudo que consta no trabalho intitulado ProcedimentoOperacional Padrão de Perícia Criminal (2013), Pop 6.3 – Identi cação Necropapiloscópica, item 6 – Estrutura

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básica do Laudo, produzido pela Senasp, com o objetivo de, entre outros, “uniformizar o processo de produ-ção da prova técnica no país” (BRASIL, 2013, p. 7).

Veja a seguir!

Estrutura do Laudo

1. Cabeçalho: identi cação da unidade pericial;

2. Título e subtítulo : “Laudo de Perícia Papiloscópica”, seguido abaixo do subtítulo: “ExameNecropapiloscópico”;

3. Preâmbulo: informações acerca do laudo – título, data de elaboração, unidade, nome dospapiloscopistas designados e/ou da equipe pericial, nome da autoridade que designou, informações sobrea requisição, quesitos, etc.;

4. Histórico: relato breve do fato que originou a requisição – quando, como, quem, onde, o quê,etc.;

5. Objetivo: são descritos os objetivos a serem buscados nos exames que devem estar alinhadoscom a requisição da perícia. Normalmente se referem à obtenção e à identi cação de impressões;

6. Dos exames: descrição das técnicas empregadas; a relação de impressões aproveitadas. Men-cionar se houve pesquisas no AFIS sobre a identi cação realizada; as ampliações e assinalamentos, etc.;

7. Resposta aos quesitos e conclusão : deve ser uma consequência natural do que foi argu-mentado, interpretado e discutido, portanto contém o resultado das identi cações com o nome das pessoasidenti cadas por meio dos confrontos realizados. A resposta aos quesitos deve ser realizada na sequênciaformulada, transcrevendo os quesitos – artigo 160 do CPP;

8. Encerramento do laudo : fechamento do laudo, constando o número de páginas do docu-mento, nome dos peritos, número de fotogra as, anexos, etc.;

9. Anexos: fotogra as, assinalamentos, croquis, desenhos esquemáticos, diagramas, etc. Rela-cione os anexos que fazem parte do laudo. Tamanho recomendado das fotos: 1) de ambiente e objetos 10cmx 15cm; 2) datilogramas para assinalamentos, com ampliação de 5 vezes, tamanho 8cm x 8cm.

(Fonte: Pop 6.3 – Identi cação Necropapiloscópica, item 6 – Estrutura básica do Laudo - BRASIL. Procedimento Operacio-nal Padrão de Perícia Criminal. Brasília: SENASP, 2013. p. 214 -215)

Antes de nalizar o estudo dessa aula sobre a análise técnica do trabalho da necropapiloscopia, vejaa recomendação sobre a quantidade de pontos coincidentes em laudos papiloscópicos:

De acordo com os padrões utilizados pelaInternational Association for Identi cation (IAI) ,não existe base cientí ca que justi que um número mínimo de pontos característicos coin-cidentes como critério para concluir que duas impressões digitais foram produzidas pelomesmo quirodáctilo . Ao efetuar o confronto, o papiloscopista não observa somente a quan-tidade de pontos, mas também a ausência de minúcias discordantes, a con guração dos ca-racteres individualizadores quanto à raridade, ao formato das linhas e até mesmo à estruturados poros, que são elementos técnicos que permitem sua absoluta convicção da identidadedo periciado. (SOUZA et al., 2012, p. 52)

Quirodáctilo: dedo da mão humana.

SAIBA MAIS

A International Association for Identi cation (IAI) é a maior e mais antiga associação forense domundo. Para mais informações sobre a IAI, acesse:https://www.theiai.org/ .

Aula 3 – Efeitos jurídicos da necropapiloscopia para a sociedade

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3.1 A identi cação humana e a morteAidenti cação humana é importante em todas as fases da vida,desde o nascimento , com aiden-

ti cação dos recém-nascidos, até mesmo após a morte, sendo necessário identi car o cadáver de pessoadesconhecida ou até mesmo con rmar a sua identidade quando esta for apresentada, para que o cadáverpossa ter sepultamento digno e seus familiares possam buscar seus direitos.

Para saber mais sobre a identi cação dos recém-nascidos, acesse:https://www.youtube.com/wat-ch?v=w32OwnmzRUw.

O conceito biológico de morte está de nido em medicina como a cessação de todos osprocessos biológicos e constitui uma irreversível perda de toda a unidade biológica do ser humano(SANTOS, 1997). Entretanto,aqui a morte será trabalhada também com suas implicações so -ciais e jurídicas.

É difícil alguém chegar à idade adulta sem ter enfrentado alguma morte na família ou entre co-nhecidos. A conceituação da morte na psicologia “[...] pertence ao grupo de experiências ditas irrealizáveis,ou seja, eventos que não conseguimos imaginar para nós mesmos, nem para as pessoas que amamos [...]”(SANTOS; SALES, 2011, p. 216).

Entretanto, somente os indivíduos que sofreram algum tipo de morte violenta (homicídio, suicídio eacidente) ou que a sua morte seja considerada suspeita são encaminhados aos institutos médico-legais paraserem submetidos a diversos exames e perícias.

A necropapiloscopia é um dos processos de identi cação humana que faz parte do rol dosexames nos institutos médico-legais e fornece a individualização do cadáver de forma rápida e barata,mas que exige do papiloscopista uma constante especialização para que haja sucesso no tratamento dostecidos e obtenção de impressões digitais com condições de aproveitamento papiloscópico.

3.2 Declaração de óbitoApós a identi cação do cadáver que está no instituto médico-legal, e nalizados todos os exames

referentes ao corpo, o médico-legista assina a declaração de óbito.Adeclaração de óbito (DO) é o documento base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do

Ministério da Saúde (SIM/MS) e é composta de três vias autocopiativas, pré-numeradas sequencialmente.

Para saber mais sobre a declaração de óbito (DO), acesse:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudele-gis/svs/2009/prt0116_11_02_2009.html.

A DO tem dois objetivos principais:

• Social – documento padrão para a coleta das informações sobre mortalidade que servem debase para o cálculo das estatísticas vitais e epidemiológicas do Brasil.

• Jurídico – documento hábil, conforme preceitua a Lei dos Registros Públicos – Lei n. 6015/73,para lavratura, pelos Cartórios de Registro Civil, daCertidão de Óbito, indispensável para as formalidadeslegais do sepultamento (BRASIL, 2006).

Para saber mais sobre a Certidão de Óbito, acesse:https://reader009.{domain}/reader009/html5/0320/5aaff3eae0948/5aaff3f50166c.jpg

Essa certidão é essencial também para dar início, por exemplo, aos processos sucessórios no âmbito

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do direito civil, comotestamentos e inventários, além de pleitear pensões e seguros.

Testamento : forma de deixar registrada a vontade do proprietário dos bens em relação à futurapartilha, que deverá ser feita após seu falecimento.

Inventário: procedimento que, em regra, visa a liquidação e partilha entre os herdeiros dos bens edireitos do falecido.

Um dos seguros mais conhecidos é oDPVAT que, para mortes no trânsito, possui valor indenizatóriopara familiares ou herdeiros legais.

Para saber mais sobre o DPVAT, acesse:http://www.dpvatsegurodotransito.com.br/como-dar-en-trada-dicas-importantes.aspx.

A identi cação necropapiloscópica , portanto, será utilizada na maioria das vezes, contribuindopara que haja comprovação da identidade ou o seu esclarecimento. Será também utilizada para a identi ca-ção de vítimas de homicídios, catástrofes, desastres e também de pessoas desaparecidas, nas mais diversas

formas de violência e tragédia.

Importante!

Além do instituto médico-legal disponibilizar a declaração de óbito, os hospitais e os Serviços deVeri cação de Óbito (SVO) também são responsáveis por fornecer esse documento.

Para ilustrar um exemplo de SVO, no Quadro 1 tem-se ouxograma de atendimento do Serviçode Veri cação de Óbitos da Capital (SVOC) da cidade de São Paulo, em parceria com a Universidade deSão Paulo. Esse serviço é regulamentado pela Lei Estadual 5.452, de 22 de dezembro de 1986, em vigor, quemanteve o SVOC vinculado ao Departamento de Patologia da FMUSP.

Para saber mais sobre o SVOC, acesse:http://www.svoc.usp.br/ .

Veja a seguir!

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Fonte: http://www.svoc.usp.br/ uxograma.htm

Conforme de nição da Organização Mundial da Saúde (OMS), óbito é o desaparecimento per-manente de todo sinal de vida, em um momento qualquer depois do nascimento, sem possibilidade deressuscitação (BRASIL, 2006).

O óbito por causa natural é aquele em que previamente existia uma doença ou um estado mórbi-do. Édiferente daquele cuja causa é externa , sendo este decorrente de uma lesão provocada por violência(homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), qualquer que seja o tempo decorrido entre o evento e oóbito (BRASIL, 2006).

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre esse assunto, leia os textos a seguir:

• Município sem SVO. Quem emite o atestado de óbito? Jus Navigandi. Disponível emhttp:// jus.com.br/artigos/12438.

• Governo incentiva municípios a adotarem sistema que registra mortes naturais. Portal Brasil.Disponível emhttp://www.brasil.gov.br/saude/2011/11/governo-incentiva-municipios-a-adotarem-sistema--que-registra-mortes-naturais.

• Promotoria exige criação de Serviço de Veri cação de Óbitos no município. Ministério Públicodo Estado do Paraná. Disponível emhttp://www.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=2599.

Aula 4 – A contribuição da perícia necropapiloscópica na inves-tigação de homicídios e no luto dos familiares

4.1 Por que falar de homicídio?“É o crime mais grave, praticado contra o bem maior protegido

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pelo ordenamento jurídico – a vida” (ENASP, 2012, p. 22).

De acordo com oMapa da Violência 2012, “o Brasil tem 26,2 homicídios para cada 100 mil habitan-tes, índice que, no contexto internacional, equivale à situação de violência endêmica. A taxa máxima admitidaé de 10 homicídios por 100 mil habitantes” (ENASP, 2012, p. 22).

Para saber mais sobre o Mapa da Violência 2012, acesse:http://www.mapadaviolencia.org.br/

pdf2012/mapa2012_web.pdf .

O Estudo Global sobre Homicídios, produzido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas eCrimes – UNODC, apresenta que “o país tem o maior número absoluto de homicídios do mundo (43.909 em2009), mais do que a Índia (40.752 em 2009), que tem o equivalente a cinco vezes a nossa população e maiorvolume de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria” (ENASP, 2012, p. 22).

Disponível em: http://www.unodc.org/gsh/.

Para saber mais sobre o “Estudo Global sobre Homicídios” acesse:http://www.unodc.org/gsh/ .

No Brasil, em relação aos crimes de homicídio, a taxa de elucidação é baixíssima. “Estima-se, empesquisas realizadas, inclusive a realizada pela Associação Brasileira de Criminalística, 2011, que varie entre5% e 8%. Esse percentual é de 65% nos Estados Unidos, no Reino Unido é de 90% e na França é de 80%”(ENASP, 2012, p. 22).

Contudo, em trabalhos publicados sobre a violência, outras pesquisas indicam que a redução daimpunidade está diretamente relacionada ao campo da investigação dos eventos supostamente criminosos,elevando as taxas de esclarecimento acerca das condições de sua ocorrência e respectiva autoria (SENASP,2013, p. 279).

Pode-se dizer, então, que a identi cação correta de um corpo (vítima de homicídio), “[...] é um dosprimeiros passos em direção a uma investigação bem-sucedida. É como um ponto de partida [...]” (SENASP,2013, p. 254), ainda mais com a força da prova pericial que provém de um laudo necropapiloscópico.

Entretanto, ainda de acordo com oMapa da Violência 2012, a onda de violência agora migrou dascapitais para o interior, na esteira de novos polos de crescimento econômico. Segundo o autor - o sociólogoJulio Jacobo Waisel sz - as taxas de assassinatos em capitais e grandes municípios diminuíram 20,9%, noperíodo de 2003 a 2012, enquanto as de municípios menores cresceram 23,6%.

É possível, com essas novas informações, pensar que seria interessante para as investigações de ho-micídio uma expansão do atendimento dos necropapiloscopistas em direção às cidades menores, condiçãomuitas vezes difícil devido ao número reduzido de pro ssionais disponíveis em cada estado (SENASP, 2012).

Para saber mais sobre Julio Jacobo Waisel sz, acesse:http://oglobo.globo.com/brasil/mapa-da--violencia-2014-taxa-de-homicidios-a-maior-desde-1980-12613765#ixzz3BMdu01Us.

4.2 O lutoInfelizmente, devido às circunstâncias e motivações que envolvem os homicídios, o processo de

luto dos familiares apresenta particularidades distintas às das mortes naturais. “Eventos traumáticos comoas mortes violentas costumam, em um primeiro momento, provocar nas famílias estresse, angústia e buscaincessante pela pessoa falecida” (RAPHAEL et al., 2006 apud DOMINGUES; DESSEN, 2013, p. 145).

O luto ...

[...] é de nido como um conjunto de reações e comportamentos desencadeados pelo rom-

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pimento de um vínculo existente entre dois indivíduos; porém, a palavra luto não é utilizadapara designar a perda em qualquer tipo de circunstância, mas é reservada ao processo ao qualuma pessoa ca submetida ante a morte de um ente querido. (SANTOS; SALES, 2011, p. 215).

Diante da morte violenta de um ente querido, o estado de choque pode in uenciar o reconheci-mento que é feito de forma empírica. A identi cação por método seguro e cientí co garante que os fami-liares possam seguir adiante com seusrituais da morte , que “são parte da organização social e contribuem

para a manutenção da continuidade estrutural da família através das cerimônias fúnebres” (PEREIRA, 2013,p. 2704).

Rituais da morte: Ritos fúnebres.

Os rituais também atuam como um ambiente para a expressão de emoções como o sofrimento,a dor e o desamparo. Por conseguinte, sepultar o corpo é fundamental para que os familiares possam darprosseguimento às suas vidas, já que vários pesquisadores concordam que a falta do corpo e a impossibili-dade de vê-lo pode causar danos intensos, complicando o processo para um luto saudável, isto é, saber queo familiar morreu, ter o seu tempo de sofrimento e encerrar este ciclo (D’ORIO, 2010).

Outras atuações da necropapiloscopia

• Bloqueio de cadastro após confecção do laudo necropapiloscópico – para evitar a açãode falsários;

• Extinção de punibilidade – na con rmação post mortem da identidade do réu;• Individualização de gêmeos univitelinos – ainda que compartilhem o mesmo código ge-

nético, suas impressões digitais são diferentes;• Identi cação post mortem de pessoas adotadas – nesse caso, o genoma do indivíduo

difere dos pais adotantes, sendo que a necropapiloscopia e a odontologia legal podem identi car com se-

gurança.

Finalizando...Neste módulo, você aprendeu que:

• A necropapiloscopia é a perícia, dentro da ciência papiloscópica, que trata da identi caçãohumana post mortem de cadáveres em morte recente e em condições especiais.

• Com objetivos de “uniformizar o processo de produção da prova técnica no país” (BRASIL,2013, p. 7) e padronizar as respostas de exames necropapiloscópicos, recomenda-se a utilização da seguinteestrutura de laudo: cabeçalho; título e subtítulo; preâmbulo; histórico; objetivo; dos exames; resposta aosquesitos e conclusão; encerramento do laudo e anexos.

• Diante da identi cação correta no instituto médico-legal, o médico tem segurança para for-necer à família a declaração de óbito, documento necessário para a obtenção da certidão de óbito – baselegal para os desdobramentos jurídicos com relação aos direitos dos familiares.

• A necropapiloscopia é de grande auxílio para os familiares seguirem com seu luto e ritos fú-nebres, pois a sua resposta é rápida e segura.

• A perícia necropapiloscópica pode contribuir muito para o sucesso de investigações, inclusive

se expandida para as regiões nas quais se constata o aumento na taxa de homicídios.

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Exercícios

1. Como é a estrutura e quais os itens do laudo papiloscópico, de acordo com o POP da Se -nasp?

2. De acordo com o que você estudou sobre a declaração de óbito, marque o item correto:

a. É composta por 2 vias não numeradas sequencialmente.b. É o documento padrão para a coleta de informações sobre mortalidade no Brasil.c. É feita no cartório.d. Só é fornecida pelo instituto médico-legal.

3. Considerando as fases da perícia papiloscópica, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª:

1. Análise.2. Confronto.3. Avaliação.4. Veri cação

( ) É feita a observação direta (lado a lado) dos detalhes das impressões para determinar regiõescoincidentes, baseada em critérios de similaridade, sequência e relação espacial.

( ) Exame independente efetuado por outro especialista quali cado e que resulta na mesma con-clusão.

( ) É a apreciação da impressão digital para determinar suas condições técnicas.( ) A formulação da conclusão é baseada na análise e comparação das impressões digitais.

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Gabarito

1. Resposta correta: Volte à aula 2 e veja a estrutura do laudo.

2. Resposta correta: Alternativa B.

3. Resposta correta: Ordem correta das alternativas: 2 – 4 – 1 – 3.

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v

Apresentação do móduloOlá, seja bem-vindo(a) ao módulo 2 deste curso!A biossegurança é imprescindível para a proteção dos papiloscopistas que trabalham com manipu-

lação de cadáveres. São ações que agregam qualidade técnica à rotina da necropapiloscopia.Neste módulo, você estudará sobre essas ações.

Objetivos do móduloAo nal deste módulo, você será capaz de:

• De nir o que é biossegurança;• Identi car os tipos de risco no ambiente de trabalho;• Diferenciar as classes de risco biológico;• Aplicar as barreiras de contenção na prática da necropapiloscopia;• Veri car a necessidade de protocolos QBRN.

Estrutura do módulo• Aula 1 – Conceitos de biossegurança, perigo e risco• Aula 2 – Tipos de riscos• Aula 3 – Classi cação de agentes biológicos• Aula 4 – Barreiras de contenção• Aula 5 – Acidentes QBRN

Aula 1 – Conceitos de biossegurança, perigo e risco

Os conceitos de biossegurança e sua respectiva aplicação têm como objetivo principal dotar ospro ssionais – neste caso, os necropapiloscopistas e as instituições (IML e institutos de identi cação) – deferramentas que visemdesenvolver as suas atividades com um grau de segurança adequado, seja para opro ssional, para o meio ambiente ou para a comunidade.

MÓDULO

2BIOSSEGURANÇA NA NECROPAPILOSCOPIA

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Para melhor ilustrar esses conceitos, veja os exemplos no Quadro 1.

Os perfurocortantes, por exemplo, são instrumentos formados por umalâmina com um ou maisgumes cortantes e/ou ponta na extremidade que perfura, associando as duas ações .Os ferimentos com agulhas e materiais perfurocortantes, em geral, são considerados extremamente

perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais devinte tipos de patógenos diferentes ,sendo os vírus da hepatite B e C e do HIV os agentes infecciosos mais comumente envolvidos nesses aci-dentes.

Aula 2 – Tipos de riscos

O conhecimento e a identi cação dos riscos possibilitam a aplicação de técnicas e procedimentospara atenuá-los ou eliminá-los. Dessa forma, os riscos no ambiente de trabalho podem ser classi cados emcinco tipos de acordo com aPortaria n. 3.214/1978, do Ministério do Trabalho, Norma Regulamentadora (NR)9:

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Para saber mais sobre a Portaria n. 3.214/1978, acesse:http://www010.dataprev.gov.br/sislex/pagi-nas/63/mte/1978/3214.htm.

Risco de acidentes: qualquer fato que coloque o trabalhador em situação vulnerável e que possaafetar sua integridade, seu bem estar psíquico e físico.

Exemplo: probabilidade de incêndio e explosão.

Risco ergonômico: qualquer fator que possa interferir nas características psico siológicas do tra-balhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.

Exemplo: ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade.

Risco físico: são agentes as diversas formas de energia as quais possam estar expostos os traba-lhadores.

Agente: qualquer componente de natureza física, química, biológica que possa comprometer asaúde do homem, dos animais, do ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (Queiroz, 2009).

Exemplo: frio, calor, umidade, vibração, etc.

Risco químico: substâncias, compostos ou produtos os quais possam penetrar no organismo dotrabalhador pela via respiratória através de poeiras, fumos, gases ou vapores. Ou também, pela natureza daatividade e exposição, tais substâncias podem ter contato ou ser absorvidas pelo organismo através da peleou ingestão.

Risco biológico: são agentes de risco biológico as bactérias, fungos, vírus,riquétsias, parasitos eoutros organismos.

Para saber mais sobre Riquétsias, consulte o arquivo “Riquétsias”, disponível nos anexos do curso.

Aula 3 – Classi cação de agentes biológicosPartindo dos tipos de riscos, acrescenta-se que, no risco biológico, existe um diferencial importante

em seus agentes, pois eles são classi cados segundo suavirulência, modo de transmissão, concentração,volume e disponibilidade de medidas pro láticas e de tratamento e caz , entre outras características.

A capacidade do agente de produzir efeitos graves ou fatais, de produzir toxinas e de se multipli-car.

O Quadro 2 apresenta a classe à qual pertence o agente biológico de acordo com a classi cação doMinistério da Saúde.

Quadro 2 – Classi cação de risco biológico

Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade)

• Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos ani-mais adultos sadios. Exemplo:Lactobacillus sp. e Bacillus subtilis .

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Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade)

• Inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo poten-cial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existemmedidas terapêuticas e pro láticas e cazes.

Exemplo:Schistosoma mansoni e vírus da Rubéola.

Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade)

• Inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratóriae que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmentemedidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meioambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo:Bacillus anthracis e vírus da Imunode ciênciaHumana (HIV).

Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade)

• Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória oude transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida pro lática ou terapêutica e caz.Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunida-de e no meio ambiente. Exemplo: vírusEbola e vírusLassa .

Para saber mais sobreBacillus subtilis , acesse:http://www.infoescola.com/reino-monera/bacillus--subtilis.

Para saber mais sobreSchistosoma mansoni , acesse:http://drauziovarella.com.br/letras/e/esquis-tossomose/ .

Para saber mais sobreBacillus anthracis , fazer o link parahttp://www.uva.br/pdfs/graduacao/ccbs/ revistabiologia/Artigos/bacillus.htm.

Para saber mais sobre o vírus Ebola, acesse:https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades--medicas/ebola.

Para saber mais sobre Lassa, acesse:http://pt.wikipedia.org/wiki/Febre_de_Lassa.

Veja, a seguir, uma reportagem sobre a importância da biossegurança em institutos médico-legais.

Manipulação de cadáveres requer medidas de biossegurança em IML (Reportagem site Isau -de.net, publicada em 25/12/2009)

Manipular cadáveres nos institutos médico-legais (IML) do Brasil requer muito cuidados dos pro-ssionais de saúde e técnicos de necropsia. Isso porque a atividade está oferecendo risco de contaminaçãoa esses pro ssionais. Um estudo realizado em 50 cadáveres pelo odonto-legista Marcus Vinícius Ribeiro deCarvalho para detectar a presença do vírus HIV mostrou que 2,4% das amostras apresentaram agente etio-lógico, mesmo 24 horas após o óbito do indivíduo.

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“Não é uma porcentagem alta do ponto de vista estatístico, mas aponta para o risco que os pro s-sionais correm sem o uso de equipamentos de segurança no processo de necropsia. Aliás, este foi apenasum dos agentes etiológicos investigados, mas poderia listar uma série de doenças que oferecem mais riscospor serem mais resistentes, entre as quais a hepatite C e a tuberculose”, salienta Carvalho.

Carvalho rea rmou no estudo dados da literatura mundial que indicam a pesquisa necroscópi-ca como fator de risco de transmissão para a equipe envolvida na execução do ato investigatório. Algunsautores conseguiram detectar HIV e hepatite C até 30 horas depois da morte do indivíduo. Ele considera

ainda que essas doenças podem se desenvolver de quatro a cinco semanas na pessoa infectada. Segundo oodonto-legista, o ideal seria que as salas de manipulação de cadáveres fossem equipadas à semelhança deum centro cirúrgico. Isso porque, na prática diária, os pro ssionais recorrem a determinados procedimentosque necessitam de cuidados especiais. Um exemplo seria a necessidade de detectar a presença de projétil dearma de fogo. Nesses casos, explica Carvalho, o pro ssional precisa manipular o cadáver em vários pontospara conseguir a sua localização exata. [...]

Reportagem do site Isaude.net, publicada em 25/12/2009

Embora a reportagem esteja se referindo mais ao trabalho dos técnicos em necropsia – que reali-zam um trabalho importante dentro dos institutos médico-legais do Brasil –, os pro ssionais que circulam

dentro desse órgão, especi camente no necrotério (médicos-legistas, necropapiloscopistas, fotógrafos eoutros) também estão expostos a esses mesmos agentes etiológicos: vírus, bactéria, fungo, protozoário ouhelmintos.

SAIBA MAIS...

Um bom exemplo da utilização de biossegurança pode ser visto no estado de Goiás, que confeccio-nou o seu Manual de Biossegurança do Instituto Médico-Legal Aristoclides Teixeira em 2009.

Para saber mais sobre o Manual, acesse o arquivo “Manual”, que está nos anexos do curso.

O conhecimento da biossegurança expresso no manual de Goiás, bem como em outras fontes, é desuma importância para que se crie a consciência da possibilidade dos gestores públicos se organizarem paraproporcionarmelhores condições e medidas de segurança para os que trabalham com manipulação decadáveres.

Aula 4 – Barreiras de contenção

4.1 De niçõesA barreira de contenção é o conjunto formado por procedimentos, equipamentos e instalações uti-

lizados para o manejo de agentes de risco, objetivando a redução ou eliminação destes em relação à saúdehumana, animal e vegetal, ao meio ambiente e à qualidade do trabalho realizado (Portaria N. 3204, 2010).

Fazem parte das barreiras de contenção osequipamentos de proteção individual (EPI) e os equi-pamentos de proteção coletiva (EPC), aliados a boas práticas no ambiente de trabalho.

O EPI é todo dispositivo deuso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a prevenir riscosque podem ameaçar a sua segurança e saúde (Anvisa, 2009). Já oEPC é o equipamento de uso coletivo destinado também a proteger a saúde do trabalhador, a comunidade e o meio ambiente, dos riscos inerentesàs suas atividades laborais (Portaria n. 3204, 2010).

4.1.1 Equipamentos de proteção individual

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Os equipamentos de proteção individual são fundamentais para a qualidade técnica da perícianecropapiloscópica e devem estar sempre disponíveis ao papiloscopista que irá desempenhar suas funçõesdentro de um instituto médico-legal ou repartição congênere.

Tais equipamentos são (BRASIL, 2013):• Jaleco;• Luvas;

• Equipamentos de Proteção Respiratória ;• Protetor Facial;• Sapatos.

Jaleco

Uso individual, de preferência descartável ou de material impermeável, com manga longa, na alturados joelhos e usado abotoado. Não deve ser usado fora da área de trabalho, nem guardado depois de usado junto com objetos pessoais. Há necessidade de descontaminação com hipoclorito de sódio antes da lavagemse for de algodão.

Luvas

Uso para todos que trabalham com manipulação de cadáveres.Descartar sempre que estiverem contaminadas ou quando sua integridade estiver comprometida.

As mais comuns são as nitrílicas e de látex, ambas descartáveis após o uso.

Equipamentos de Proteção Respiratória

Devem sempre ser utilizados quando se manipula o cadáver. Podem ser descartáveis ou exigir ma-nutenção. Exemplos:respiradores semifaciais (máscaras descartáveis, respiradores com ou sem válvulas),respiradores semifaciais com manutenção (com cartucho químico ou ltro mecânico),respiradores fa -ciais de peça inteira (protegem o sistema respiratório, os olhos e a face do usuário).

Protetor Facial

Destinado à proteção da face contra respingos de material biológico, substâncias químicas e partí-culas. Deve ser leve, resistente e com visor em acrílico.

Sapatos

Devem ser fechados, evitando-se assim impactos e respingos. O calçado pode ser bota de PVC, bo-tina e outros de cano curto ou longo, com biqueira de reforço e solado antiderrapante.

Além desses, podem ser acrescentados a essa lista atouca, a manga plástica , e os óculos de pro-teção.

Por m, existe também omacacão impermeável com capuz que cobre o corpo inteiro, ideal parao trabalho com corpos putrefatos e a ns.

4.1.2 Equipamentos de proteção coletivaSão considerados como EPC (alguns exemplos):

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• Chuveiros de emergência – usados quando ocorrem acidentes com derramamento de grandequantidade de material biológico ou químico sobre as roupas e pele;

• Lava-olhos – em acidentes no qual exista contato de material com os olhos e/ou a face;• Caixa para descarte de perfurocortantes;• Extintores esinalização de emergência .

“Símbolos com formas e cores diferenciadas que indicam sinalização de aviso, interdição, obriga-ção, segurança e prevenção de incêndio, de acordo com Lima e Silva, sem data”.

4.2 Boas práticas no exercício da necropapiloscopiaComo foi dito anteriormente, a primeira barreira de contenção é formada pela união dos EPI, EPC e

boas práticas. A seguir, tem-se um quadro com lista de bons hábitos, adaptados depráticas laboratoriaispara necropapiloscopia .

Sugestão para papiloscopistas: imprima este quadro e xe-o em local visível para que essas práti-cas se tornem hábitos durante a execução do seu trabalho.

Quadro 3 – Boas práticas para a necropapiloscopia

Procedimentos

• Estabelecer normas de procedimento operacional padrão (POP), que tem como nalidadedeterminar regras para a melhoria da qualidade de trabalho. Trata-se de um protocolo que descreve cadaatividade realizada pelo papiloscopista, desde a utilização dos materiais até normas de biossegurança.

• Preparar e organizar antecipadamente os recursos necessários para cada etapa da perícia ne-cropapiloscópica.

• Solicitar com antecedência os seus materiais.

Lavar as mãos

• Lavar as mãos antes de iniciar o trabalho e após a manipulação dos cadáveres.

Luvas

• Anéis ou outros adereços de mão que interferem com o uso da luva devem ser retirados. Nãodescartar luvas em lixeiras de áreas administrativas, banheiros, etc.; descarte-as em lixo próprio para resíduosbiológicos.

• Utilizar sempre 2 pares de luvas durante o trabalho. Saibaaqui como retirar as luvas contami-nadas.

Cabelos, adornos e sapatos

• Cabelos compridos devem estar presos durante o trabalho.• O uso de adornos (anéis, brincos, correntes) deve ser evitado ao máximo, pois além de acu-

mular sujeira ou micro-organismos, podem ser causa de acidentes.• É vedado o uso de calçados abertos (chinelos e sandálias).

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• Utilizar sempre calças compridas.

Fumar, beber

• Não fumar, ingerir líquidos ou se alimentar dentro das salas de necropsia.

Lentes de contato

• Evitar o uso de lentes de contato; se houver necessidade de usá-las, proteja os olhos comóculos de segurança. Lentes de contato não devem ser manuseadas nas áreas de trabalho. Em caso indispen-sável do seu ajuste, isso deverá ser feito após lavagem das mãos, fora do ambiente de atividade prática.

EPI em geral

• É obrigatório o uso de EPI durante a realização da perícia necropapiloscópica.• Orientar-se sobre a utilização e adequação das máscaras.

• Retirar o jaleco ou avental antes de sair do necrotério.• Aventais devem ter seu uso restrito; não devem ser usados em áreas administrativas, cantina,

etc.

Perfurocortante

• Não deixar instrumentos perfurocortantes em locais que ofereçam riscos aos demais ou a simesmo e descartá-los no recipiente adequado após o uso.

EPI não descartáveis

• Botas, respiradores faciais, óculos de proteção, entre outros, deverão ser previamente higieni-zados antes de serem guardados.

Vacinas

• Estar protegido por imunização apropriada quando disponível.

Muito importante!

• Máxima atenção durante a realização dos procedimentos.• Trabalhar comseriedade e ética sempre.• Nenhuma perícia necropapiloscópica deve ser apressada.A pressa leva a maus resultados

e péssimas coletas . Não se deixe “perturbar” por pressões externas. Quem de ne o tempo da perícia é operito papiloscopista.

Para saber mais sobre Boas práticas para a necropapiloscopia, acesse o arquivo “Boas Práticas”,que está nos anexos do curso.

Para saber mais sobre a importância de se lavar as mãos, acesse o arquivo “Lavar as mãos”, queestá nos anexos do curso.

Para saber como retirar as luvas contaminadas, acesse:http://2.bp.blogspot.com/-pcN_chYzSis/

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É claro que esta lista é adaptável às rotinas gerais de cada papiloscopista, mas é importante que asideias de organização e cuidados permaneçam.

Dessa forma, é necessária uma mudança de “cultura” em relação à biossegurança no trabalho de-senvolvido dentro dos institutos médico-legais do Brasil. São práticas e cazes para garantir a continuidadedessa mão de obra especializada, evitando, de modo geral, licenças de saúde e despesas médicas por aci-dentes. Investir em treinamento e precauções pode ser, no m das contas, economia para o Estado.

SAIBA MAIS...

Sugestão para necropapiloscopistas: • Esquema de imunização – Sociedade Brasileira de Imunizações. Calendário de vacinas. Dispo-

nível em:http://www.riscobiologico.org/resources/6236.pdf .• Exposição a materiais biológicos – orientações da Anvisa. Acidentes com perfurocortantes,

disponível nos anexos do curso com o nome de “Protocolo de exposição”.

Aula 5 – Acidentes QBRNA exposição a substâncias “Químicas, Biológicas, Radiológicas ou Nucleares” (QBRN) devido a

acidentes ou desastresexige protocolos institucionalizados e treinamento para lidar com tais situações.As operações QBRN devem ser executadas com os princípios básicos detempo, distância e blin -

dagem. Deve-se levar em conta que as rotas de entrada no corpo humano são através de absorção, inalação,ingestão ou injeção (SOUZA et al., 2012; Interpol, 2009, p. 52).

O agente QBRN deve serclaramente identi cado em relação aos níveis de equipamentos de pro-teção individual, os tempos de operação segura, ameaças reais e os métodos de descontaminação (SOUZAet al., 2012).

Pessoal e equipamentosdeverão ser descontaminados após qualquer incidente . Devem ser dis-ponibilizados detectores radiológicos e químicos e tudo deve estar completamentelivre de contaminan-tes, ou pelo menos bem abaixo de qualquer nível perigoso. Como regra geral, a remoção das roupas vaieliminar de 80% a 85% da contaminação (SOUZA et al., 2012; Interpol, 2009, p. 52).

Invólucros especí cos para QBRN devem ser utilizados para otransporte e armazenagem de cor-pos. Os equipamentos QBRN devem incluir instruções sobre descontaminação e lista de contatos atualizadasde empresas especializadas em materiais de proteção e detecção QBRN (SOUZA et al., 2012).

Devido à ação de agentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares, a coleta de impressõesdigitais em cadáveres pode ser comprometida exigindo também que os necropapiloscopistas estejam fami-

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liarizados com protocolos para tais situações.

Assim, antes de terminar o estudo do módulo, veja a seguir umaapresentação sobre ProteçãoQBRN, do Maj Victor Guimarães Marques de Oliveira.

Observem com atenção os símbolos e as guras de agentes químicos, biológicos, radiológicos enucleares.

Acesse a apresentação sobre Proteção QBRN, do Maj Victor Guimarães Marques de Oliveira nabiblioteca do curso.

Finalizando...

Neste módulo, você aprendeu que: • A biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas

a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúdehumana, animal, vegetal e o meio ambiente;

• Os riscos no ambiente de trabalho podem ser classi cados em cinco tipos de acordo com aPortaria n. 3.214 do Ministério do Trabalho: acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e biológicos;• Em relação ao risco biológico, existe uma classi cação diferenciada segundo o Ministério da

Saúde, sendo ela: classe de risco 1; classe de risco 2; classe de risco 3; e classe de risco 4. A última classe é dealto risco individual e para a comunidade, como o vírus Ebola;

• A primeira barreira de contenção de riscos é formada pelos equipamentos de proteção indi-vidual (EPI), equipamentos de proteção coletiva (EPC) e boas práticas no exercício da necropapiloscopia;

• As boas práticas são hábitos que devem ser desenvolvidos por todos que atuam na perícianecropapiloscópica: usar todos os EPI, restringir o uso do jaleco às áreas técnicas, descartar luvas em lixopróprio de resíduos biológicos, etc.;

• Os acidentes com substâncias químicas, biológicas, radiológicas e nucleares necessitam deprotocolos institucionalizados e treinamento, inclusive para a coleta de impressões digitais, que pode sercomprometida devido à exposição da pele a esses agentes.

Exercícios

1. Qual a diferença entre perigo e risco? Cite exemplos além daqueles colocados no mó -dulo.

2. De acordo com o que estudou sobre os equipamentos de proteção individual (EPI), indiquequais são os fundamentais para a perícia necropapiloscópica.

a. Luvas e touca.b. Jaleco, luvas, equipamentos de proteção respiratória, protetor facial e sapatos fechados.c. Jaleco e luvas.d. Luvas, jaleco e touca.

3) Leia as argumentações a seguir e marque as sentenças verdadeiras.

a. Bacillus anthracis é um agente biológico pertencente à classe de risco 3.b. É facultativo o uso de EPI durante a realização da perícia necropapiloscópica.c. A primeira barreira de contenção é formada pela união dos EPI, EPC e boas práticas no exercício

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da necropapiloscopia.d. É recomendado o uso de jalecos nos ambientes administrativos.e. A classe de risco biológico 1 é a de maior risco para a comunidade.

4) Leia as argumentações a seguir e marque as sentenças verdadeiras.

a. As rotas de entrada no corpo humano de agentes QBRN são absorção pela pele e inalação, por

isso é necessária máscara e proteção para todo o corpo.b. Não é possível fazer o transporte de corpos que sofreram exposição a agentes QBRN, devendoser identi cados no próprio local do acidente.

c. Conhecer o protocolo para as ações QBRN e fazer treinamento são fundamentais para a seguran-ça.

d. Os equipamentos utilizados em operação QBRN devem ser descartados, não é possível descon-taminá-los.

e. Invólucros especí cos para QBRN devem ser utilizados para o transporte e armazenagem decorpos.

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Gabarito

1. Resposta correta: Volte a aula e compare a sua resposta.

2. Resposta correta: Alternativa B.

3. Resposta correta: Alternativa A e C.

4. Resposta correta: Alternativa C e E.

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MÓDULO

3IDENTIFICAÇÃO DE CADÁVERES EM MORTE RECENTE ECONDIÇÕES ESPECIAIS

Apresentação do móduloOlá! Seja bem-vindo(a) ao terceiro módulo deste curso: “Identi cação de cadáveres em morte re-

cente e condições especiais”.Antes de iniciar o conteúdo deste módulo, vale ressaltar que a identi cação e compreensão dos

fenômenos post mortem é de extrema valia para a realização da perícia necropapiloscópica de forma maisrápida e com mais qualidade para a análise que irá fundamentar o laudo.

Além disso, além da aplicação de procedimentos especiais quando necessário, o papiloscopistatambém pode contar com a ferramenta AFIS para a agilidade na pesquisa por indivíduos.

Objetivos do móduloAo nal deste módulo, você será capaz de:

• Descrever as características de cadáver em morte recente e condições especiais;• Citar, de modo geral, algumas técnicas utilizadas em morte recente e condições especiais;• Compreender a aplicabilidade da ferramenta AFIS na necropapiloscopia.

Estrutura do módulo• Aula 1 – Cadáveres em morte recente;• Aula 2 – Cadáveres em condições especiais;• Aula 3 – AFIS como ferramenta para a necropapiloscopia

Aula 1 – Cadáveres em morte recente

1.1 CaracterísticasA morte biológica apresenta características especí cas como a cessação dos fenômenos vitais, por

parada da função cerebral, respiratória e circulatória, e o surgimento dosfenômenos abióticos , lentos eprogressivos, que lesam irreversivelmente os órgãos e tecidos (CROCE; CROCE Jr., 2012, p. 1094).

São fenômenos relacionados com o meio (umidade, temperatura, pressão atmosférica...).

Ainda se compreende também que a morte real é o ato de cessar a conexão orgânica humana, porausência da coesão intermolecular, assim formando a decomposição do cadáver até o limite dos compo-nentes minerais do corpo que, dessa forma, passam a integrar outras formas de organizações celularescomplexas (CROCE; CROCE Jr., 2012).

Os fenômenos abióticos imediatos são (CROCE; CROCE Jr., 2012, p. 1097):

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• perda da consciência;• abolição do tônus muscular com imobilidade;• perda da sensibilidade;• relaxamento dos esfíncteres;• cessação da respiração;• cessação dos batimentos cardíacos;

• ausência de pulso;• fácies hipocrática;• pálpebras parcialmente cerradas.

Para saber mais sobre “fácies”, acesse o arquivo “Fácies”, que está nos anexos do curso.

Consoante ainda com Croce e Croce Jr. (2012, p. 1098), os fenômenos abióticos consecutivos são:

• resfriamento paulatino do corpo –algor mortis ;

• rigidez cadavérica –rigor mortis ;• espasmo cadavérico – última posição antes da morte;• manchas de hipóstase e livores cadavéricos –livor mortis ;• dessecamento – decréscimo de peso,pergaminhamento da pele e das mucosas dos lábios;

modi cações dos globos oculares; mancha da esclerótica; perda da tensão do globo ocular, etc.

Por efeito da evaporação, a pele desseca, endurece, tomando um aspecto de pergaminho, com tona -lidade pardacenta ou parda amarelada.

Tríade dos fenômenos abióticos consecutivos

• Algor mortis – o resfriamento paulatino do corpo não ocorre com rigorosa uniformidade,pois é in uenciado por fatores ambientais, idade, gordura corporal e agasalhos.

• Rigor mortis – a rigidez cadavérica é fenômeno constante no cadáver, originado por uma re-ação química que desaparece quando se inicia a putrefação. Nos cadáveres em decúbito dorsal, a rigidez seinicia pela face, mandíbula e nuca, seguindo-se os músculos do tronco, os membros superiores e, por último,os membros inferiores, desaparecendo, posteriormente, na mesma ordem em que surgiu.

• Livor mortis – as hipóstases viscerais são originadas pela deposição do sangue nas partesdeclivosas do cadáver, em torno de 2 a 3 horas após a morte, em forma de estrias, ou arredondadas, que seagrupam posteriormente, em placas, em extensas áreas corporais. (CROCE; CROCE Jr., 2012)

Importante!

Na prática da necropapiloscopia, as falanges distais podem ou não acompanhar as característicasdo cadáver. Entretanto, ainda assim, o conhecimento sobre os fenômenos da morte recente in uencia nadecisão sobre a melhor técnica a ser utilizada.

1.2 Exemplos de técnicas de identi cação a serem utilizadas emcadáveres com morte recente

Após os fenômenos citados, uma das maiores di culdades para o início da perícia necropapiloscó-

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pica é a posição enrijecida das mãos “escondendo” as falanges distais; entretanto, com massagens aplicadasnas articulações, é possível sim realizar uma coleta bem sucedida.

Além dessa característica, outra situação muito comum é o enrugamento da polpa digital, di cul-tando a obtenção de impressões com qualidade. Nessa situação, é aplicada a técnica da regeneração plástica(CARVALHO, 1950 apud BRASIL, 2013) que melhora sobremaneira a condição para a coleta.

Pele espessa de idosos em morte recenteJá os casos de idosos em morte recente, “[...] o envelhecimento leva à redução da espessurada derme e epiderme, bem como ao aplanamento da junção dermoepidérmica. As mudançasda pele ao longo da vida nem sempre seguem um per l linear, mostrando drásticas alteraçõesnas últimas décadas de vida” (ORIÁ et al., 2003).

Diante dessas características, a coleta de impressões digitais em indivíduos idosos também apre-senta di culdades.

Aula 2 – Cadáveres em condições especiais2.1 CaracterísticasOs cadáveres em condições especiais são os corpos que passaram por fenômenos transformativos,

que compreendem os processos destrutivos (autólise, putrefação e maceração ) e os conservadores (mu-mi cação e saponi cação ).

Dentro dos transformativos conservadores, ainda existem acori cação e a calci cação , sendo,contudo, muito raros.

Relatado por Della Volta em 1985 – cadáveres recolhidos em ataúdes metálicos herméticos, prin-cipalmente de zinco, pele de cor e aspecto do couro curtido, abdome achatado e musculatura e tecido

subcutâneo preservados.

Veja a seguir, com mais detalhes, cada um deles!

2.1.1 Processos destrutivos

Aautólise se caracteriza pela ausência inicial de ação bacteriana. Com a morte, a falta de oxigena-ção celular promove a acidi cação do pH e a consequente ruptura de membranas lisossômicas. Esse derra-me enzimático irá provocar a digestão da parte orgânica das células e, consequentemente, a sua destruição(BRASIL, 2013).

Já a putrefação (em sequência) é a decomposição do corpo pela ação de bactérias e micro-orga-nismos. É composta por 4 períodos. São eles:

• Período da coloração: Surgimento da mancha verde abdominal, acúmulo de gases e con-centração de bactérias. Nos afogados, a coloração verde dostegumentos aparece primeiramente na metadesuperior e anterior do tórax e, depois, na cabeça, pela posição declive assumida pelo corpo dentro d’água(CROCE; CROCE Jr., 2012).

O tegumento é a parte exterior do corpo de um animal, podendo ser constituído de pele, penasetc. Em aves e mamíferos serve para controlar a temperatura corporal e acumular substâncias de reserva.

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(Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Tegumento).

• Período gasoso: A produção intensa de gases no corpo provoca distensão nos tecidos, sendoa etapa na qual ocorre o maior destacamento da epiderme. Essa fase confere ao cadáver a postura de boxe-ador e aspecto gigantesco, especialmente na face, no tronco, no pênis e bolsas escrotais (CROCE; CROCE Jr.2012).

• Período coliquativo: A dissolução pútrida das partes moles do cadáver pela ação conjunta

das bactérias e da fauna necrófaga (proliferação de larvas de insetos).• Período da esqueletização: Corpo desprovido das partes moles restando apenas ossos, den-tes, cabelos e tendões (MOURA, 2014).

Já a maceração é o fenômeno de transformação destrutiva em que a pele do cadáver, que se en-contra em meio contaminado, se torna enrugada, amolecida e facilmente destacável em grandes retalhos,com diminuição de consistência inicial, achatamento do ventre e liberação dos ossos de suas partes de sus-tentação, dando a impressão de estarem soltos; ocorre quando o cadáver cou imerso em líquido, como osafogados, ou feto retido no útero materno (MOURA, 2014).

Importante!

Nas mãos, os retalhos cutâneos destacam-se formando a “luva cadavérica”, que conserva as unhase as cristas de fricção, o que permite ao necropapiloscopista calçá-la e efetuar a tomada das impressões di-gitais do cadáver (CROCE; CROCE Jr., 2012).

2.1.2 Processos conservadores

Em relação aosfenômenos conservadores, a mumi cação é a desidratação rápida e acentuadados tecidos, restando o cadáver com seu peso corporal muito reduzido, pele endurecida e preservação deunhas e dentes. A natural acontece em regiões de clima quente e seco, de forma que a ação microbiana daputrefação é impedida.

Por m a saponi cação (fenômeno também conservador) aparece após um estágio já avançadode putrefação, em que o cadáver adquire consistência untuosa, mole, como o sabão ou a cera (adipocera), àsvezes quebradiça, exalando odor de queijo rançoso (CROCE; CROCE Jr., 2012).

Estudo de caso: liberação de corpo em adiantado estado de decomposição por auto dereconhecimento

“Narrou que no dia XXXXX, às 15h, sua lha Silvani XXXXX saiu de sua residência e não mais r-tornou [...] Na mesma data, cerca de 17h30min, teria sido encontrado um cadáver feminino na Estrada doPalmital, segundo a ocorrência n. xxxx/2010, sendo tentado contato com a demandante, porém sem sucesso,para que comparecesse ao Departamento Médico-Legal (DML) para realizar o reconhecimento do corpo [...].

A rmou que sua outra lha, Cristiane XXXXXX, foi ao DML, certa de que se tratava do corpo da irmãSilvani, em vista da informação divulgada pela rádio. Após, esteve na Delegacia de Polícia, registrando bo-letim de ocorrência do reconhecimento do corpo encontrado como sendo de Silvani XXXXXX, desaparecidahá quatro dias. Após a realização do laudo de necropsia, o corpo foi liberado e entregue à família, a qualprovidenciou o enterro, restando impossibilitado o velório em face do adiantado estado de decomposiçãodo corpo.

Contudo, na noite posterior ao enterro, em XXXXXX, a família teria sido comunicada da localizaçãode Silvani na cidade de Tramandaí, não sendo o corpo encontrado anteriormente, portanto, da lha da au-

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tora. Sustentou que incumbia ao médico-legista a identi cação do cadáver, bem como da data da morte,considerando, em especial, o avançado estado de decomposição e o recente desaparecimento de Silvani.

Mencionou que a irmã, Cristiane, estava sugestionada pela situação [...]. Argumentou que a situaçãogerada pela falha no reconhecimento do corpo pelo médico-legista gerou danos na esfera extrapatrimonial,os quais merecem reparação pelo demandado.[...]”

Veja o Acórdão completo em:http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21551748/apelacao-civel--ac-70046319778-rs-tjrs/inteiro-teor-21551749.

2.2 Exemplos de técnicas de identi cação em cadáveres em con -dições especiais

A análise do tegumento pelo papiloscopista é o primeiro passo na escolha e combinação dastécnicaspost mortem , garantindo a obtenção de datilogramas nítidos para a continuação da perícia necro-papiloscópica.

A luva cadavérica, por exemplo, fornece meios de coleta tanto da face externa quanto da faceinterna.

Nesse caso, utiliza-se ométodo do entintamento, microadesão ou até fotogra a para o registroda impressão digital.

Importante!

Para o grupo de pessoas que chega primeiramente ao local onde está o cadáver e veri ca a pre-sença da luva cadavérica, é importante estar atento para a cadeia de custódia desse vestígio. A luva deveser mantida junto ao corpo, ou, se ainda não estiver totalmente destacada, as mãos do cadáver devem serprotegidas para que este material não seja perdido até o deslocamento ao instituto médico-legal.

Entretanto, emcorpos macerados , a epiderme sem condições para uma coleta de qualidade podeestar ainda muito aderida à falange e, dessa forma, é necessária a sua retirada para o aproveitamento daderme na coleta. A derme também preserva o desenho digital, com a singularidade do arranjo das papilasdérmicas correspondentes às cristas de fricção.

Já para a obtenção de impressões de falanges mumi cadas, nas quais o tecido se apresentaduro, seco e enrugado, pode ser utilizada atécnica da moldagem , resultando em um desenho digital nítido,que servirá para a análise do papiloscopista.

Outro procedimento muito utilizado pelos papiloscopistas consiste naaplicação da água ferventena falange quando o tecido remanescente de um destacamento epidérmico apresenta cristas normalmentefrágeis e sem detalhes, como nostecidos saponi cados.

Importante!

Os métodos aqui descritos exempli cam resultados obtidos mediante a análise acurada do pro ssionalespecializado, já que, para cada mudança após a morte, existem técnicas rotineiras para o registro das im-

pressões digitais.

No caso de falanges queimadas ou carbonizadas, pode ser feita a excisão dos quirodáctilos paratratamento depois de esgotadas todas as possibilidades de coleta de impressões digitais diretamente nocorpo. O procedimento de excisão é inclusive recomendado pelo Federal Bureau of Investigation:

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[...] em algumas vezes, mesmo a pele estando visível, não é possível a coleta pelo métodonormal do entintamento. Nesses casos a pele pode ser removida da falange ou a própriafalange pode ser removida, fazendo-se uma incisão a partir da segunda articulação [...] . (FBI,2011, p. 210, tradução livre)

Por m, quando a necropapiloscopia não pode identi car o cadáver, como, por exemplo, em casosde mutilação ou corpos sem as extremidades, serão solicitadas as outras perícias de identi cação humanapost mortem , quais sejam:odontologia legal e genética forense.

SAIBA MAIS...

Leia os artigos a seguir:• Odontologia legal. Disponível em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fo/arti-

cle/viewFile/1245/2881.

• Aplicação da Odontologia legal. Disponível em:http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=587.• Genética forense. Disponível em:http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_realidade_do_csi_7.html.

• Laboratório conjunto de Genética Forense. Disponível em:http://www.pucrs.br/portal/?p=no-ticias&n=1402075503.html.

Aula 3 – AFIS como ferramenta na necropapiloscopia

Os Sistemas Automatizados de Impressões Digitais (AFIS, em inglês) contribuíram de forma muitosigni cativa para uma revolução na busca por fragmentos de impressões digitais de indivíduos, gerandograndes resultados para a perícia papiloscópica como um todo. Antes desse sistema, por exemplo, os cadá-veres encontrados eram submetidos à identi cação quando havia uma identidade provável ou boas condi-ções para a coleta da cha decadactilar completa, que viabilizava a pesquisa das impressões nos arquivosfísicos (DIAS et al., 2013).

No Brasil, de uma forma geral, vários estados adquiriram o sistema ou estão em fase de implemen-tação. Em estados nos quais ele já funciona, acredita-se que houve um incremento signi cativo dos resulta-dos das identi cações tanto criminais quanto necropapiloscópicas.

O AFIS permite que as impressões digitais sejam melhoradas por meio de ltros de imagem e, apóso perito delimitar a área útil do fragmento e con rmar quais minúcias serão utilizadas, o sistema cria umamatriz e realiza a busca no banco de dados. Em seguida, uma série de suspeitos é apresentada, cabendo aopapiloscopista veri car a coincidência. Sistemas desse tipo são ferramentas de trabalho e auxiliam o pro s-sional nas suas atividades de perícia com relação ao seu convencimento e tomada de decisões (DIAS et al.,2013).

Em relação à perícia necropapiloscópica, principalmente em casos de cadáveres em condições espe-ciais, o AFIS, que não depende da decadactilar para realizar a busca, sem dúvida produz muitos resultados,inclusive para desconhecidos ou desaparecidos.

Importante!

A Polícia Federal – por intermédio de um acordo de cooperação técnica entre o Instituto Nacional de Identi-

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cação (PF), Secretarias de Segurança Pública (Institutos de Identi cação) e Secretaria Nacional de SegurançaPública (Senasp) – estabeleceu entre os partícipes o intercâmbio de informações e ações para estender aosestados o Sistema Nacional de Informações Criminais (SINIC) e o Sistema Automatizado de Impressões Di-gitais (AFIS).

A partir dissoestá em fase de implementação o projeto Cadê – Cadastro Biométrico de PessoasDesaparecidas, que tem por objetivo criar esse registro biométrico dentro da base de dados AFIS, oferecendo

uma ferramenta que auxilie as investigações da polícia civil na efetiva localização de pessoas desaparecidas. A alimentação do Banco Cadê deverá ser feita pelos Institutos de Identi cação median-te solicitação das delegacias que recebam registros de ocorrência de pessoas desaparecidas.

A partir da individual datiloscópica do prontuário civil, as impressões digitais da pessoa desapa-recida serão incluídas no AFIS. Dessa forma, caso a pessoa desaparecida venha um dia a ter as suas im-pressões digitais colocadas novamente no AFIS, por qualquer motivo, será possível identi cá-la.Créditos: Apresentação sobre o projeto Cadê por Rogério Silva dos Santos (Departamento de Polícia Federal/

Instituto Nacional de Identi cação)

Finalizando...Neste módulo, você aprendeu que:

• Após a morte, inicia-se uma sequência de fenômenos conhecidos como abióticos imediatose consecutivos. Em se tratando de morte recente, ainda pode haver di culdades na coleta de impressõesdigitais, mas existem técnicas especí cas para cada situação;

• Os cadáveres em condições especiais são corpos que passaram por estados transformativosou conservadores, ou, ainda, sofreram danos devido ao calor ou a produtos químicos;

• O conhecimento dos fenômenospost mortem é essencial ao necropapiloscopista para a cor-reta aplicação de procedimentos na coleta de impressões digitais;

• A luva cadavérica é um vestígio importante para a identi cação necropapiloscópica;• O Sistema Automatizado de Impressões Digitais (AFIS) é uma ferramenta de grande aplica-

bilidade na perícia necropapiloscópica, possibilitando, com parcerias entre órgãos da Segurança Pública, acriação de um banco de dados biométricos de pessoas desaparecidas.

Exercícios

1. Qual a tríade dos fenômenos abióticos consecutivos?

2. Por que a luva cadavérica é importante para a identi cação necropapiloscópica?

3. Qual a melhor de nição para cadáveres em condições especiais:

a. São características que se referem apenas aos cadáveres carbonizados.b. São os que ainda não passaram pelos fenômenos abióticos consecutivos.c. São os cadáveres putrefatos.d. São cadáveres que passaram por estados transformativos ou conservadores, ou sofreram da-

nos pelo calor ou produtos químicos.

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4. Considerando as técnicas de identi cação utilizadas em cadáveres em condições especiais,marque as sentenças verdadeiras:

a. A análise do tegumento pelo papiloscopista é o primeiro passo na escolha e combinação dastécnicaspost mortem.

b. A técnica adequada garantirá a obtenção de datilogramas nítidos para a continuação da pe-

rícia necropapiloscópica.c. Em corpos macerados, a epiderme não possui condições de coleta, portanto, não possui con-

dições de identi cação.d. Em falanges mumi cadas, nas quais o tecido se apresenta duro, seco e enrugado, pode ser

utilizada a técnica da moldagem.

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Gabarito1. Resposta correta: Algor mortis, rigor mortis e livor mortis.

2. Resposta correta: Porque fornece meios de coleta tanto da face externa quanto da face interna.

3. Resposta correta: alternativa D.

4. Resposta correta: alternativas A – B – D.

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Apresentação do móduloEste módulo foi elaborado tendo como referência o Guia de Desastres da Interpol (2009) e funda-

mentou-se no trabalho de Souza e colaboradores (2012, no prelo): Manual de Procedimentos de Papilos-copia para Identi cação de Vítimas em Desastres, confeccionado pela Polícia Federal em cooperação comvários estados brasileiros, o qual tem como objetivo difundir protocolos estabelecidos internacionalmentepara a identi cação de vítimas de desastres.

Preparado(a)?

Vamos lá!

Objetivos do módulo• De nir o que é DVI e seus conceitos mais gerais;• Diferenciar o trabalho realizado pelas Divisões AM, PM e de Identi cação;• Descrever o papel do Colegiado de Identi cação;• Listar casos brasileiros nos quais houve a atuação da perícia necropapiloscópica.

Estrutura do módulo• Aula 1 – De nições gerais e equipes de trabalho• Aula 2 – Divisões de Dados AM e PM• Aula 3 – Recomendações internacionais• Aula 4 – Estudo de casoBons estudos!

Aula 1 – De nições gerais e equipes de trabalho1.1 Desastres de massaO desastre em massa pode ser de nido como:

Um evento inesperado que causou mortes e feriu pessoas, excedendo a capacidade local deatendimento a essa demanda.

É nesse momento em que é acionada a estrutura de resposta a essas situações, contemplandoações em cascata de vários atores da Segurança Pública como aDefesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polí-cia Civil e Militar, governo municipal, estadual e federal, e assim por diante.

MÓDULO

4IDENTIFICAÇÃO DE VÍTIMAS EM DESASTRES (DVI)

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A partir disso, aidenti cação de vítimas em desastres inicia o atendimento segundo seus pro-cedimentos preestabelecidos.

“Disaster Victims Identi cation – DVI – sigla internacional para esse tipo de trabalho”.

Nota:Neste módulo será apresentada umasugestão de protocolo a ser adotado em relação ao trabalho

desenvolvido pela perícia papiloscópica.Não é do escopo deste módulo esgotar assunto tão vasto e comaspectos tão diversos (que é tema de muitos manuais), mas sim dedivulgar exemplo de estrutura que jáé utilizada inclusive em outros países.

1.2 A identi cação de vítimas em desastres de massaA identi cação de vítimas em desastres de massa é umprocesso complexo, que envolvequestões

afetivas relativas às famílias envolvidas, aosprocedimentos legais necessários e àcomoção popular. Por conseguinte, a interação entre as equipes multidisciplinares interestaduais atuantes no cenário

de desastre é imprescindível para o manejo correto das vítimas e a identi cação segura dos corpos. Acon-rmação da identidade das vítimas é essencial para as questões da investigação judicial, para a família,para o Estado e para os registros públicos (BENFICA; VAZ, s/d, p. 3).

Os pro ssionais em papiloscopia designados para executar este trabalho compõem 3 equipes maiso Colegiado.

Responsável pela identi cação nal de cada vítima, explicado mais adiante na Aula 3.

Os dadosante mortem (AM) são aqueles que foram produzidos pelas pessoasainda em vida (ma-terial padrão para a identi cação) e que servirão de base para a análise com os dadospost mortem (PM), istoé, coletados nos cadáveres (material questionado) (Interpol, 2009, p. 9).

Normalmente, os dados comparativos ante mortem em desastres fechados podem ser obtidos maisrapidamente do que em desastres abertos (National Institute of Justice, 2005).

Desastre aberto X Desastre fechado Umdesastre aberto é um grande evento catastró co gerando mortes cujo número édesconhe-

cido. Já o desastre fechado é aquele que resulta na morte de indivíduos pertencentes a umgrupo xo,identi cável , como o caso de um acidente aéreo, no qual já é possível iniciar os procedimentos com umalista de prováveis vítimas.

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1.2.1 Coleta de dados AMA coleta de dados AM (equipe AM) é realizada por meio deentrevistas com familiares, pessoas

próximas ao desaparecido e coleta de materiais de referência. O contato com os familiares tem por ob- jetivopesquisar características gerais da pessoa desaparecida como altura, idade, próteses, tatuagens,piercings, cicatrizes, detalhes de roupas (SOUZA et al., 2012, p. 10; Interpol, 2009, p. 19).

De acordo com as informações obtidas na entrevista, serão realizadas buscas por materiais de refe-rência relativos a:

• Impressões digitais, plamares ou plantares como documentos o ciais (declaração de nascidovivo, carteira de identidade, passaporte, carteiras pro ssionais);

• Objetos pessoais manipulados pelo desaparecido (cadernos, livros, etc.), os quais são periciadosna procura por impressões latentes.

Além disso, serão recolhidos registros das impressões digitais em bancos de dados biométricos delocais frequentados pelo desaparecido (academias de ginástica, clubes e congêneres) (SOUZA et al., 2012, p.

10; Interpol, 2009, p. 23).

Importante!

No caso da equipe AM, é necessário que os papiloscopistas possuam experiência em perícia papiloscópicaem local e identi cação civil.

1.2.3 Coleta de dados PMEm relação aos dados PM, os necropapiloscopistas são os responsáveis porcolher impressões

digitais (ou registro dos dermatóglifos) das vítimas do desastre (equipe PM). Não sendo possível o pa-piloscopista realizar o acompanhamento no local do desastre, as equipes devem ser orientadas para quepreservem, da melhor forma possível, os vestígios encontrados, como, por exemplo, a luva cadavérica(já comentada a sua importância em módulo anterior) (SOUZA et al., 2012).

Nessa equipe de dados PM, o necropapiloscopista utilizará todos os métodos e técnicas possíveispara a recuperação da pele, coletando, além das impressões digitais, se necessário as palmares e plantares,para a correta identi cação do cadáver.

Importante!

É necessário que o pro ssional possua experiência em identi cação de cadáveres em institutos médico-le-gais ou em laboratório de perícias necropapiloscópicas.

1.2.4 Equipe de Identi caçãoA equipe de trabalho nal, que se refere à Identi cação, examina asimpressões digitais utilizan-

do o método ACE-V e elabora documentos técnicos (laudos e outros). Além disso, essa equipe ainda podecontar com pro ssionais especializados em arte forense paramelhorar as imagens faciais dos cadáveresem morte recente ainda não identi cados paraindicação de suposta identidade por familiares e pessoaspróximas.

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Importante!

Os papiloscopistas devem ter experiência na confecção de laudos e na utilização da metodologia ACE-V,bem como familiarizados e treinados em AFIS.

Aula 2 – Divisões de Dados AM, PM e de Identi caçãoDentro da operação DVI, existem vários procedimentos relevantes para o trabalho de identi cação

que são executados por outros pro ssionais da segurança pública (que passaram por treinamento) além dospapiloscopistas. Isso se concentra principalmente naDivisão de Dados Ante Mortem (AM), responsávelpela busca de material padrão papiloscópico para o cotejo com o material coletado pelaDivisão de DadosPost Mortem (PM).

2.1 Divisão de Dados AMA Divisão de Dados AM relacionada à identi cação papiloscópica é composta pela:• Coordenação;• Seção de Entrevistas;• Seção de Apoio Médico-Psicológico;• Seção de Busca de Dados e Investigação;• Seção de Arquivo e Organização de Dados.Em cada Seção, exceto a de Apoio Médico-Psicológico, é importante a presença de um papilosco-

pista no assessoramento e orientação da coleta de dados AM (SOUZA et al., 2012).

Veja a seguir as atribuições das seções de entrevista; seção de busca de dados e investigação;e seção de arquivo e organização de dados.

2.1.1 Seção de Entrevistas A Seção de Entrevistas tem como atribuições principaisentrevistar familiares e pessoas próximas

aos desaparecidos;preencher os formulários de entrevista AM;solicitar ao entrevistadodocumentos pes-soais que contenham impressões digitais do desaparecido e informações sobre sua rotina; entre outras. Olocal das entrevistas deve ser umambiente confortável e afastado do local do evento, no qual os entre-

vistadores possamexplicar os procedimentos e ouvir os relatos dos familiares (SOUZA et al., 2012). Aqui éimprescindível que os entrevistadores tenham conhecimento dos formulários AM (por meio de treinamento)e habilidade na relação interpessoal.

2.1.2 Seção de Busca de Dados e investigação Na Seção de Busca de Dados e Investigação, há duas equipes; uma interna, para contatar os Institu-

tos de Identi cação e instituições congêneres (Interpol, embaixadas) apontados no formulário de entrevistapara veri car a possibilidade de registros papiloscópicos arquivados nesses locais; e aexterna , composta

por papiloscopistas, que, a partir dos dados coletados na entrevista, fará o levantamento deimpressõeslatentes em materiais e em local frequentado pelo desaparecido (SOUZA et al., 2012).

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2.1.3 Seção de Arquivo e Organização de Dados A Seção de Arquivo e Organização de Dadosreceberá todo o material encontrado pela seção

anterior e, após a conferência, enviará para o cotejamento da Divisão de Identi cação com os dados PM.

Observação

Na divisão de dados PM, existe a mesma Seção, com a diferença que serão os dados PM organiza-dos e enviados para a Identi cação. Tanto em uma quanto na outra é necessário que os pro ssionais conhe-çam os procedimentos relativos à cadeia de custódia dentro do DVI (SOUZA et al., 2012).

2.2 Divisão de Dados PMA Divisão de Dados PM é aquela em que haverá ocontato direto com o cadáver pelos papilos-

copistas, sendo composta pelaequipe externa de identi cação (acompanhamento das equipes no localpara a preservação do material necropapiloscópico),Coordenação, Seção de Papiloscopia (coleta das im-

pressões popiloscópicas e preenchimento de formulários PM) e a já citadaSeção de Organização de Dados (SOUZA et al., 2012).

2.3 Divisão de Identi caçãoJá a a Divisão de Identi cação é responsável por coordenar e realizar os confrontos entre os dados

Ante Mortem e Post Mortem , respectivamente coletados pelas Divisões de Dados AM e PM. Cabe também àDivisão de Identi cação elaborar e emitir os documentos técnicos resultantes do trabalho de identi cação.

A identi cação baseada unicamente em fotogra as deverá ser evitada a qualquer custo. O reco-nhecimento visual por testemunhas pode ser um indicador de identidade, contudo, não é su ciente para aidenti cação positiva. A reconstituição facial pode ajudar nesse processo. A hipótese de pessoas que simu-lam a própria morte ou a de outrem com o objetivo de fraudes diversas jamais pode ser descartada. (SOUZAet. al., 2012, p. 48).

Importante!

Deve haver rodízio entre as equipes, principalmente as que estiverem trabalhando fora de suas lotações. Acarga horária não deve ultrapassar 8 (oito) horas por dia. Em caso de trabalho contínuo, as equipes traba-lharão em sistema de plantão, em turnos de 12 (doze) horas por 24 (vinte e quatro) horas de descanso. Ospapiloscopistas terão função de nida durante todo o processo, não podendo trabalhar em duas ou mais

seções (SOUZA et al., 2012, p. 56; Interpol, 2009, p. 47).

Aula 3 – Recomendações internacionais

3.1 Requisitos exigidos para os métodos de identi cação em DVI Os métodos de identi cação usados em casos de desastres devem atender aos seguintes requisitos

(SOUZA et al., 2012, p. 47-48; Interpol, 2009, p. 15):

• Possuir base cientí ca;

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• Ser con ável e preciso;• Ter aplicabilidade sob condições de campo, mesmo na ausência de equipamentos ou instala-

ções especiais;• Ter capacidade de produzir resultados dentro de período de tempo razoável.

Importante!

Não existe um método capaz de atender perfeitamente aos requisitos, uma vez que todos possuempontos fortes e limitações. A escolha dependerá da análise dosmúltiplos fatores do desastre assim comoo grau de dano dos corpos, a qualidade dos dados PM, disponibilidade dos dados AM, bem como a

aplicabilidade dos métodos especí cos de identi cação.

3.2 Os métodos e a identi cação da vítima

Com base nas recomendações do Manual da Interpol (Interpol, 2009, p. 15), consideram-se como osúnicos métodos capazes de identi car um cadáver (métodos primários):• Papiloscopia;• Odontologia;• DNA.

Não há hierarquia entre os métodos primários.Basta haver o resultado positivo de apenas ummétodo para que o cadáver seja identi cado. Caso algum deles não apresente percentual de certeza su-ciente para o convencimento do Colegiado, poderá ser complementado por outro método de identi cação.

Dessa forma, oColegiado de Identi cação (CI) é responsável pelaidenti cação nal de cada

vítima e deve ser composto pelos especialistas nos métodos de identi cação primários mais experientesenvolvidos em toda a operação, ou seja,os coordenadores de identi cação, além do responsável por todaa operação DVI.

O CI deve:• revisar e avaliar os confrontos realizados pelas áreas de identi cação;• localizar e reavaliar as possíveis inconsistências e divergências nos exames realizados;• decidir se o conjunto de convergências apresentado é su ciente para identi car a vítima (em

caso negativo, o CI poderá solicitar a realização de novos exames);• compilar os resultados dos confrontos em um único Relatório de Identi cação de Vítimas, que

deverá ser aprovado com as assinaturas de todos os seus componentes. Este registro é então considerado acon rmação formal da identi cação de uma vítima de desastre.

Importante!

Em caso de eventos internacionais, é adequado que um ou dois representantes dos países relacionados como desastre também estejam presentes no Colegiado (SOUZA et al., 2012, p. 55).

Os métodos secundários (peculiaridades médicas, vestes e pertences, fotogra as),apesar de nãoterem a capacidade de identi car o cadáver, aceleram o processo de identi cação, apoiando os méto-dos primários (SOUZA et al., 2012, p. 48; Interpol, 2009, p. 17).

SAIBA MAIS...

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Veja abaixo algumas recomendações feitas na 1ª Conferência Internacional em Identi cação de Ví-timas de Desastres (2011) que tratou sobre DVI em grandes eventos, desastres internacionais e métodos deidenti cação:

• Planejamento e treinamento são fundamentais;• Conhecer os manuais disponíveis em DVI e adequar às necessidades de cada estado;• Se o AM não tiver qualidade, não adianta ter um bom PM;

• De nição prévia de atribuições – cada um precisa saber bem o seu papel;• Estrutura de comando clara e padronização das comunicações;• Fazer estoque de material, tendo tudo pronto e organizado;• Informática bem equipada e assessorada;• Manter a estrutura DVI com reuniões e treinamentos após os eventos;• Designar alguém de cada grupo técnico para a documentação do trabalho realizado para

posterior discussão, visando o aprimoramento;• Disponibilizar assistência médica e psicológica para aqueles que trabalharam no desastre.

Aula 4 – Estudo de casoO atendimento a casos DVI e o trabalho desenvolvido só alicerçam e contribuem para o signi cado

da importância da perícia necropapiloscópica. No Brasil, a identi cação das vítimas do acidente TAM AirFrance (peritos papiloscópicos de Pernambuco com a Polícia Federal) e do incêndio na Boate Kiss (papilos-copistas do Rio Grande do Sul) são exemplos da experiência brasileira em lidar com esses acidentes.

No entanto, o caso para estudo aqui proposto é o desastre dos deslizamentos da região serrana doRio de Janeiro (a partir do dia 11 de janeiro de 2011) que contou com a participação da Força Nacional deSegurança Pública, além da equipe de papiloscopistas da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Esse casoca aqui registrado como o exemplo da interação de vários atores da Segurança Pública em resposta ao que

é considerado um dos piores desastres do Brasil.

4.1 O que é a Força Nacional A Força Nacional foi criada por meio do Decreto n. 5.289, de 29 de novembro de 2004, sendo ini-

cialmente instituída para atuação nos Estados-Membros para executar atividades de policiamento ostensivo,em casos de perturbação da ordem pública, incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de acordosde cooperação.

Em 2007, a FNSP foi transformada emDepartamento da Secretaria Nacional de Segurança Pú -blica do Ministério da Justiça , por meio do Art. 16, Anexo I, do Decreto n. 6.061/2007. Posteriormente,com o advento da Lei n. 11.437/2007, o Distrito Federal foi incluído no projeto, mantendo-se as mesmasnalidades.

Em 2008, por meio da Portaria do Ministério da Justiça n. 0394/08, de 04 de março de 2008,as atri-buições da Força Nacional foram ampliadas, abrangendo também a cooperação com os órgãos federaisde segurança, o que foi corroborado por meio da Portaria MJ n. 178/2010.

Já no ano de 2010, com a alteração no Decreto n. 5.289/2004, por meio do Decreto n. 7.318/2010, aForça Nacional passou a contar compoliciais civis e peritos forenses.

AForça Nacional de Segurança Pública representa umaalternativa viável, concreta e e caz deprevenção, de preservação e de restauração da ordem pública , proporcionando à sociedade em geral asensação de segurança desejável, constituindo-se um esforço conjunto dos Estados e da União, por meio doprincípio de Cooperação Federativa.

Em cumprimento ao pacto de solidariedade federativa para apoio, cooperação e interação com os

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órgãos de Segurança Pública dos entes federados, o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública(DFNSP), no exercício de 2013, desenvolveu 59 operações, estando presente em 19 Unidades da Federação:

Desenvolveu as seguintes missões:• patrulhamento de fronteiras;• policiamento ostensivo;• combate a crimes ambientais;• policiamento em áreas indígenas;

• segurança em grandes eventos;• proteção a pessoas ameaçadas;• apoio aéreo;• apoio em investigação de crimes;• segurança de usinas hidrelétricas;• segurança em penitenciária; e• apoio a desastres climáticos.Atualmente, a FNSP desenvolve 30 operações, localizadas em 16 Estados da Federação.

4.1.1 Como acontecem as operaçõesBaseada na Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), a Força é coordenada pelaSe-

cretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça. Os policiais da Força Nacional,após treinamento ou atuação, se reintegram às suas respectivas funções, em seus Estados, onde também re-passam os conhecimentos adquiridos aos demais membros de suas corporações. Desde que foi criada, cercade 10,6 mil policiais passaram pelo treinamento para integrar a Força Nacional. Durante cerca de trêssemanas,policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e peritos forenses de todas as partes doPaís são submetidos a uma rigorosa rotina de exercícios e aulas teóricas e práticas de rotinas operacionais.

Durante o treinamento, os policiais têm que cumprir uma carga horária mínima de 110 horas. Namaior parte do tempo, os exercícios acontecem ao ar livre.Os agentes simulam perseguições e aborda -gens a suspeitos. A ideia do curso é criar um padrão de comportamento que seja seguido por todo o efetivo.

O processo de escolha dos policiais que participam do programa de treinamento ébastante ri-goroso. O Ministério da Justiça envia ofício para todas as Polícias Militares do País, que escolhem entre osvoluntáriosaqueles que mais se destacam. Os candidatos devem possuir,no mínimo, cinco anos deexperiência pro ssional. Outra exigência é terdisponibilidade para ser convocado pelo período de 90dias, em data indeterminada, e ter recebido oconceito “muito bom” nos testes (excerto do Boletim Anualde 2013 sobre a atuação do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública).

Cabe ainda destacar que, de acordo com o Boletim Anual de 2013, desde 2011 está em andamentoa operação “Cerrado”, em Luziânia e região de entorno (GO). Nesse boletim consta como resumo:

• Atividades do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública: Apoio ao governodo Estado de Goiás, a m de contribuir para a preservação da ordem pública, incolumidade das pessoas e dopatrimônio, nas cidades limítrofes entre Goiás e Distrito Federal, por meio de ações de polícia ostensiva, nocumprimento de mandado de prisão, de busca e apreensão, e barreiras policiais especí cas em rodovias.

• Atividades da Polícia Judiciária: Conclusão de inquéritos policiais anteriores ao ano de2008 – Meta 2 ENASP.

• Atividades da Perícia Forense : Exames de e ciência de balística, microcomparação balística,necropapiloscopia e identi cação criminal.

• Atividades dos Bombeiros: Ações do projeto social Força na Comunidade.Por m, salienta-se aqui aestatística das ações de Perícia Criminal da ForçaNacional em relação à Papiloscopia no ano de 2013:

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Papiloscopia: coleta e confronto*Mês N. de coletas jan. 108fev. 56mar. 85abr. 409mai. 750 jun. 715 jul. 776ago. 521set. 399out. 68nov. 58dez. 59

Total em 2013 4004* Coleta de fragmentos de impres -sões digitais identi cadas no localdo crime e a consulta no banco de

dados e em documentos para a iden-ti cação de pessoas.

Necropapiloscopista*Mês N. de coletas

jan. 126fev. 129mar. 144abr. 169mai. 188 jun. 185 jul. 150ago. 180set. 182

out. 159nov. 147dez. 197

Total em 2013 1956* Coleta de impressões digitais de

cadáveres, com utilização de técnicasapropriadas, e confronto das mesmasnos bancos de dados para identi ca -

ção de indivíduos.

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4.2 O desastreSegundo o relatório elaborado pelo Banco Mundial, com o apoio do governo do Estado do Rio de

Janeiro (2012, p. 9), os eventos de 11 e 12 de janeiro de 2011 no Rio con guraram o que viria ser opior de-sastre na história brasileira. Chuvas torrenciais em sete municípios da região serrana do estado causa-ram a morte de mais de 900 pessoas e afetaram mais de 300 mil pessoas. Grande parte dos impactos foi

causada por deslizamentos de terra devido ao grande volume de chuvas registrado na região. Por exemplo,o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou 166 mm de chuva para a cidade de Nova Friburgo, oque representa mais de 70% do valor médio histórico para o mês de janeiro.

Dentre os municípios afetados,Areal, Bom Jardim, Nova Friburgo, São José do Vale do Rio Pre-to, Sumidouro, Petrópolis e Teresópolis decretaram estado de calamidade pública.

A escala do desastre pode ser representada pelo número de funcionários envolvidos no processo deresposta.Mais de mil homens de diferentes organizações(Defesa Civil, prefeituras, governos estaduais,Força Nacional de Segurança Pública) foram destacados para atuar na região nas operações pós-desastre.

Os impactos do desastre na Região Serrana não se limitaram às perdas e danos, mas também con-guraram um marco nas políticas de gestão de riscos e desastre no País.

Imediatamente após as chuvas, no processo de resposta, a presidente Dilma Rousseff instalou umaforça tarefa bem como iniciou um processo duradouro de fortalecimento das práticas de gestão de riscose desastres a nível nacional.

4.3 A identi cação das vítimasEm relação à identi cação das vítimas, consta em artigo elaborado por Ferreira e colaboradores

(em 2011)o total de 895 vítimas, que conforme relatório do Banco Mundial de 2012 já contabiliza 905; noentanto, o texto é extremamente válido porque faz aestatística das metodologias empregadas para aidenti cação das vítimas, sendo um tipo de dado difícil de ser encontrado disponível mesmo em publica-ções o ciais.

Constata-se ainda que os dados referentes à operação DVI foram escassos não só nesse acidente.Muitos outros casos em que se sabe que apapiloscopia teve papel de grande relevância não estão con-centrados em local único, di cultando a procura por dados o ciais.

No texto de Ferreira, mesmo com o total de895 mortes, até aquela data foram identi cados 515corpos, sendo 487 por impressão digital; 27 por análise genética e 1 por odontologia .

O autor frisa, ainda, o grande desa o da identi cação nesse caso que, além das grandes propor-ções, também era umdesastre aberto, no qual o número de vítimas não parava de aumentar. Além disso,havia a constatação de que famílias inteiras morreram e, por isso, não havia sobreviventes para reclamaremos corpos.

Por m, ressalta o autor que a grande maioria da população brasileira possui impressões digitais embancos civis nos estados, o que facilitou sobremaneira a identi cação pela papiloscopia.

SAIBA MAIS...

Leia, a seguir, algumas manchetes da época:• Ações do governo federal na prestação de socorro às vítimas das enchentes do Rio. Acesse:

http://blog.planalto.gov.br/assunto/mortos-na-regiao-serrana.• Catástrofe no Rio de Janeiro. Acesse:http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/ca-

tastrofe-no-rio-de-janeiro/.

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Finalizando... Neste módulo você aprendeu que:

• DVI é a sigla internacional utilizada para operações de Identi cação de Vítimas em Desastres.• A chamada Divisão de Dados AM (Ante Mortem ) é responsável pelo material padrão papilos-

cópico para análise e a Divisão de Dados PM (Post Mortem ) é a responsável pela coleta das impressões noscadáveres; e a Divisão de Identi cação faz o cotejo dessas informações e emite documentos técnicos neces-sários.

• O Colegiado de Identi cação é responsável pela identi cação nal de cada vítima e deve sercomposto pelos especialistas nos métodos de identi cação primários mais experientes envolvidos em todaa operação.

• O trabalho de identi cação papiloscópica de vítimas fatais em desastres já foi desenvolvidoem vários casos no Brasil (vooAir France, Legacy e Gol, boateKiss e deslizamentos na região serrana do Riode Janeiro).

Exercícios1. Qual o signi cado da sigla DVI em português:

a. Divisão de Vítimas Internacionais.b. Departamento de Investigação de Vítimas.c. Investigação de Vítimas em Desastres.d. Identi cação de Vítimas em Desastres.

2. Marque a opção que completa o período a seguir:

Normalmente, os dados comparativos _________ desastres _______ podem ser obtidos mais rapida-mente do que em desastres _________.

a. post mortem , fechados, abertos.b. post mortem , abertos, fechados.c. ante mortem, fechados, abertos.d. ante mortem, abertos, fechados.

3. Considerando o que estudou sobre as equipes de trabalho, associe a 2ª coluna de acordo coma 1ª:

1. Equipe de trabalho AM2. Equipe de trabalho PM3. Equipe de trabalho de identi cação.

( ) Examina as impressões papiloscópicas utilizando o método ACE-V.( ) Trabalha na busca de material padrão das vítimas.( ) Faz a coleta papiloscópica nos cadáveres.

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Gabarito

1. Resposta correta: alternativa D).2. Resposta correta: alternativa C).3. Ordem correta das alternativas: 3 – 1 – 2.

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