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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-11, 38, 4 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-124, 126, 31 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-42, 58 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-10 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-67, 90 ANDRÉ DIAS IRIGON-112, 118, 41, 85 BRUNO MIRANDA COSTA-132, 15, 75, 82 Carolina Augusta da Rocha Rosado-104, 31 CLEBSON DA SILVEIRA-25, 65, 99 DARIO PEREIRA DE CARVALHO-59 DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-134 DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-130, 134 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-81 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-100, 79, 87, 92 ES000255B - SIDNEY FERREIRA SCHREIBER-136, 16 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-138 ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-43, 80 ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA-48 ES003003 - NILSON FRIGINI-74 ES003373 - GILDO RIBEIRO DA SILVA-44 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-75 ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-83 ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-102, 78 ES004525 - ADELIA DE SOUZA FERNANDES-41 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-75 ES004732 - BENTO MACHADO GUIMARAES FILHO-132, 135 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-136, 16 ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA-117 ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-102 ES005098 - SIRO DA COSTA-98 ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-118 ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-123 ES006507 - NIVALDA ZANOTTI-17, 19 ES006578 - WELLINGTON BONICENHA-73 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-115, 34 ES006962 - PAULO ROBERTO BUSSULAR-136 ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO-103, 35, 86, 87 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-105, 114, 127, 39, 96 ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-129 ES007180 - LIETE VOLPONI FORTUNA-88 ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-81 ES007517 - JORGE TEIXEIRA NADER-60 ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI-78 ES007962 - ANA IZABEL VIANA GONSALVES-44 ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-84 ES009101 - INGRID SILVA DE MONTEIRO PASCOAL-136, 16 ES009223 - IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-106 ES009316 - BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS-136, 16 ES009320 - NEILIANE SCALSER-113 ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI-66 ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN-100 ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-110 ES010380 - ARMANDO VEIGA-85, 89

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Page 1: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ...€¦ · 01/07/2008, com a edição do Decreto nº 6.493, que estabeleceu que o primeiro ciclo de avaliação teria início

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-11, 38, 4ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-124, 126, 31ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-42, 58ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-10ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-67, 90ANDRÉ DIAS IRIGON-112, 118, 41, 85BRUNO MIRANDA COSTA-132, 15, 75, 82Carolina Augusta da Rocha Rosado-104, 31CLEBSON DA SILVEIRA-25, 65, 99DARIO PEREIRA DE CARVALHO-59DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-134DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-130, 134ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-81ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-100, 79, 87, 92ES000255B - SIDNEY FERREIRA SCHREIBER-136, 16ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-138ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-43, 80ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA-48ES003003 - NILSON FRIGINI-74ES003373 - GILDO RIBEIRO DA SILVA-44ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-75ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-83ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-102, 78ES004525 - ADELIA DE SOUZA FERNANDES-41ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-75ES004732 - BENTO MACHADO GUIMARAES FILHO-132, 135ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-136, 16ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA-117ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-102ES005098 - SIRO DA COSTA-98ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-118ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-123ES006507 - NIVALDA ZANOTTI-17, 19ES006578 - WELLINGTON BONICENHA-73ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-115, 34ES006962 - PAULO ROBERTO BUSSULAR-136ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO-103, 35, 86, 87ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-105, 114, 127, 39, 96ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO-129ES007180 - LIETE VOLPONI FORTUNA-88ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-81ES007517 - JORGE TEIXEIRA NADER-60ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI-78ES007962 - ANA IZABEL VIANA GONSALVES-44ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-84ES009101 - INGRID SILVA DE MONTEIRO PASCOAL-136, 16ES009223 - IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-106ES009316 - BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS-136, 16ES009320 - NEILIANE SCALSER-113ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI-66ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN-100ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-110ES010380 - ARMANDO VEIGA-85, 89

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ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-1, 2, 4, 47ES010785 - PEDRO COSTA-137ES010800 - MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO-136, 16ES010957 - CARLA CARRARA DA SILVA JARDIM-67ES011225 - MARCIO GARCIA DOS SANTOS-13ES011301 - ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA-13ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-75ES011661 - PATRÍCIA DA CUNHA CASTANHEIRA JACINTO-77ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-1, 2, 4, 47ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-115, 34ES012179 - DANIELLE GOBBI-130, 134ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO-72ES012398 - ERIMAR LUIZ GIURIATO-107ES012399 - GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-92, 93ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-136, 16ES012448 - PRISCILLA THOMAZ DE OLIVEIRA-102ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI-128, 131ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-11, 21, 9ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-116, 37, 79ES013037 - BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA-136, 16ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO-18ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA-118ES013258 - VINICIUS BIS LIMA-44ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-75ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA-118ES013351 - KENIA PACIFICO DE ARRUDA-20ES013392 - VANESSA SOARES JABUR-38ES013488 - ROSEMERI FERREIRA SAMPAIO-68ES013565 - MARCIO MENDONSA BATISTA-88ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-108ES013604 - PATRICIA DE FREITAS RONCATO-48ES013747 - BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO-104ES013765 - SAULO NASCIMENTO COUTINHO-45ES013876 - MARIA NAZARET DE CASTRO BATISTA-45ES014081 - FELIPE ZANOTTI BRUMATTI-38ES014093 - VANUZA CABRAL-101, 95ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO-130ES014537 - MARIANA MARCHEZI BRUSCHI-57, 58, 59ES014655 - EDIMAR MOLINARI-74ES014978 - WELINGTON COSTA BRAGA-70ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-121ES015411 - CARLOS EDUARDO FERNANDES MARTINS-64ES015626 - RONALDO SANTOS COSTA-100ES015638 - GABRIELA DANTAS DE MELLO FONSECA-99ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI-99ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-3, 90ES015744 - CATARINE MULINARI NICO-125ES015770 - Davi Alves Nascimento-102ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-109, 76, 82ES015854 - WALLACE VOTIKOSKE RONCETE-61, 62, 63ES015993 - FREDERICO DOMINGOS ALTREIDER IABLONOWSKY-65ES016053 - RODOLFO NICKEL NEVES-109, 76ES016202 - ALMIR ANTÔNIO DA SILVEIRA JÚNIOR-136, 16ES016746 - katiuscia Oliveira de Souza Marins-102ES016751 - Valber Cruz Cereza-112, 91, 97ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-105

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ES016966 - Eliza Thomaz de Oliveira-102ES017019 - MICHELLE THIARLA FERREIRA-111ES017041 - BRUNA MARCHIORI-102ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-105ES017208 - CAROLINA VICENTINI MADEIRA-130ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES-130, 134ES017361 - Rafael Thomaz de Oliveira-102ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO-130, 134ES017452 - FLÁVIA SPINASSÉ FRIGINI-74ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES-130, 134ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES-130, 134ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca-130ES017787 - YGHOR FELIPE DEL CARO DALVI-130ES017867 - CAIO FREITAS VAIRO-130ES017915 - Lauriane Real Cereza-112, 97ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA-110ES018389 - THIERS COSTA VERÍSSIMO-130ES018445 - ANA PATRÍCIA DE ALBUQUERQUE MESQUITA-106ES018446 - GERALDO BENICIO-119ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES-133ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA-130, 134ES019850 - ELCIO MACIEL-122ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO-26, 42, 46, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-15ES020946 - KELLY VANESSA DE OLIVEIRA-70ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-10, 12, 6ES035417 - VIVIANE MONTEIRO-130EUGENIO CANTARINO NICOLAU-37GUSTAVO CABRAL VIEIRA-120GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-24, 29GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-21, 68HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-127Isabela Boechat B. B. de Oliveira-124, 134, 23, 69JANICE MUNIZ DE MELO-45JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-30, 43JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-109, 18JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-12, 122, 80JULIANA ALMENARA ANDAKU-17, 19, 2Karina Rocha Mitleg Bayerl-25KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO-33LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-1, 60, 63LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA-40, 53LIDIANE DA PENHA SEGAL-120, 28, 30LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-123, 72LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-34, 89, 91, 97, 98LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA-46, 51, 52, 55LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES-133, 137MARCELA BRAVIN BASSETTO-116, 135, 86MARCELA REIS SILVA-83MARCIA RIBEIRO PAIVA-66MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA-129MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-103, 77MARCOS JOSÉ DE JESUS-126, 14MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-13MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-102, 106, 111, 115, 20MARINA RIBEIRO FLEURY-26, 32, 7, 9

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MG044306 - JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-94MG063077 - JOSÉ NASCIMENTO-94MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR-71NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-8OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-94PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA-5Paulo Henrique Vaz Fidalgo-95PEDRO GALLO VIEIRA-49, 50, 54, 56, 57PEDRO INOCENCIO BINDA-101, 128RAQUEL MAMEDE DE LIMA-61, 62RENATA BUFFA SOUZA PINTO-44RICARDO FIGUEIREDO GIORI-23RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU-134RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK-14, 7RJ184452 - LUCIANA PANNAIN PAREIRA-134RODRIGO BARBOSA DE BARROS-16, 22, 27, 36RODRIGO COSTA BUARQUE-131, 136RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-78, 88ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-119, 76SC013520 - CARLOS BERKENBROCK-8SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-10, 12, 14, 6, 7, 8SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO-7, 8SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-73SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-125, 130, 138, 3, 6, 70SP252049 - HELENITA COELHO DE ALMEIDA-69TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-121THIAGO COSTA BOLZANI-84THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-114, 39UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-108, 110, 71, 74, 93, 96VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-64VILMAR LOBO ABDALAH JR.-28VIVIANE MILED MONTEIRO CALIL SALIM-47

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000130 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

13/11/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000707-69.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000707-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.) x VICENTE GOMES RODRIGUES(ADVOGADO: ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).RECURSO Nº 0000707-69.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000707-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VICENTE GOMES RODRIGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. GDASS. TERMO FINAL. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDOAPENAS PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 135/139, contra acórdão proferido às fls. 130/132, que negouprovimento ao recurso inominado da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Alega, para tanto,

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que o acórdão embargado não tratou da matéria ventilada no recurso inominado, isto é, a fixação da data do término dasdiferenças a serem pagas a título de GDASS. Afirma que o acórdão abordou matéria estranha ao recurso, ao tratar dapossibilidade de extensão do pagamento da referida gratificação aos inativos e pensionistas no mesmo patamar pago aosservidores em atividade. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, atribuindo-se efeitosinfringentes ao julgado.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico que asuscitada omissão não acarreta a nulidade do acórdão embargado, cabendo apenas acrescer fundamentação a fim detornar a questão indene de dúvidas, uma vez que a limitação temporal do pagamento da GDASS foi arguida expressamenteno recurso inominado (fl. 120).

04. A sentença abordou esse ponto específico nos seguintes termos (fls. 105/106):

“(...) Quanto à data fim, observa-se que a regulamentação dos critérios e procedimentos de avaliação efetivou-se, em01/07/2008, com a edição do Decreto nº 6.493, que estabeleceu que o primeiro ciclo de avaliação teria início trinta diasapós a data de publicação das metas de desempenho, o que se deu com a Portaria nº 397/INSS/PRES, publicada em23/04/2009.Desta feita, encerrada a etapa de transição, ou seja, a partir do início do primeiro ciclo de avaliação, que se deu em23-05-2009, a GDASS deve ser paga aos servidores inativos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo art. 16 daLei nº 10.855/2004, vez que restabelecida sua natureza de vantagem pro labore faciendo.Assim, a parte autora faz jus direito à paridade requerida até a data de 22/05/2009.Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para condenar a ré a pagar, respeitada a prescriçãoqüinqüenal, a diferença apurada a título de GDASS entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas e os seguintespontos:a) 60% do valor máximo da GDASS devidos entre 12/12/2003 (MPV 146/2003) e 28/02/2007 (Lei 11.501/2007, artigo 11, §11);b) 80 pontos devidos entre 01/03/2007 até 22/05/2009, data do início do primeiro ciclo de avaliação individual e institucionalde que tratam os §§ 11º e 12º da Lei 11.501/2007(...)”

05. O embargante alega pagamento das diferenças em questão deveria ter como data limite o dia 30/04/2009, e não22/05/2009. Neste particular, a autarquia argumentou, no recurso inominado, com base na Portaria nº 397/INSS/PRES, queestabeleceu o dia 01/05/2009 como data de início do primeiro ciclo de avaliação (fl. 120). Contudo, o embargante não logrouêxito em infirmar os fundamentos da sentença, que apreciou a matéria e fixou corretamente o termo final do pagamento daGDASS.

06. Ressalto que, até 23.05.2009, vigoraram as regras de transição previstas na Lei 10.855/2004 (arts. 19 e 11, §11º,com a redação prevista pela Lei 11.501/2007), garantindo aos servidores em atividade sem a avaliação de desempenhopercentual e pontuação máximos (60% e 80 pontos) superiores aos garantidos aos inativos (30% e 30 pontos), restandoviolada, neste interregno, a garantia constitucional de paridade entre vencimentos e proventos, disposta no art. 40, §8º daConstituição da República de 1988, a qual somente foi suprimida com o advento da Emenda Constitucional n.º 41/2003,mas que restou assegurada aos servidores que já se encontravam aposentados e para as pensões já instituídas quando desua publicação, bem como aos servidores e pensionistas abrangidos pelo art. 3º da Emenda Constitucional n.º 41/2003 epelo art. 3º da Emenda Constitucional n.º 47/2005.

07. Tal entendimento se coaduna com a atual orientação do Supremo Tribunal Federal, que aprovou, na sessãoplenária de 16/10/2014, a súmula vinculante nº 34, com o seguinte teor: “A Gratificação de Desempenho de Atividade deSeguridade Social e do Trabalho - GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valorcorrespondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória 198/2004, convertida na Lei 10.971/2004,quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (EC 20/1998, 41/2003 e 47/2005)”.

08. Dito isso, ao se considerarem as regras de transição previstas na Lei 10.855/2004 (artigos 19 e 11, §11º, com aredação prevista pela Lei 11.501/2007), que levaram a GDASS a ser calculada com base em percentual e pontuação fixos,não variáveis em função de produção ou desempenho, conclui-se ser cabível a extensão aos inativos deste percentual epontuação garantidos a todos, desde o momento em que os servidores em atividade passaram a recebê-lo sem anecessidade de qualquer avaliação de desempenho, mas pelo exclusivo fato do exercício do cargo.

09. No entanto, encerrada a etapa de transição, ou seja, a partir do início do primeiro ciclo de avaliação (23.05.2009),a gratificação deve ser paga aos servidores inativos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo art. 16, da Lei10.855/2004, uma vez que restabelecida sua natureza de vantagem pro labore faciendo, não podendo o Poder Judiciáriocriar um novo parâmetro para os inativos. Em apoio a essa ilação, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo TribunalFederal da 2ª Região em julgamento da APELRE 2009.51.01.253180 (Oitava Turma, Rel. Juiz Federal Marcelo Pereira daSilva, DJF2R 29.03.2011, p. 232/233):APELAÇÃO CÍVEL. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. GRATIFICAÇÃO DEDESEMPENHO DE ATIVIDADE DO SEGURO SOCIAL (GDASS). NATUREZA. EXTENSÃO AOS INATIVOS.REGULAMENTAÇÃO. ATRASADOS. HONORÁRIOS. 1. Em que pese ser a Gratificação de Desempenho de Atividade do

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Seguro Social – GDASS variável, visando a incentivar o profissional a ser eficiente no exercício de suas tarefas, não setratando, em princípio, de um benefício de caráter geral, extensível a todos indistintamente, mas mensurável de acordo como efetivo desempenho do servidor, é imperioso verificar que as regras de transição previstas na Lei 10.855/2004 (artigos 19e 11, §11º, com a redação prevista pela Lei 11.501/2007), garantindo aos servidores em atividade sem a avaliação dedesempenho percentual e pontuação máximos (60% e 80 pontos) superiores aos garantidos aos inativos (30% e 30pontos), violaram a garantia constitucional de paridade entre vencimentos e proventos, disposta no art. 40, §8º da CRFB/88,a qual somente foi suprimida com o advento da Emenda Constitucional n.º 41/2003, mas que restou assegurada aosservidores que, como a parte autora (fls. 95), já se encontravam aposentados e para as pensões já instituídas quando desua publicação, bem como aos servidores e pensionistas abrangidos pelo art. 3º da Emenda Constitucional n.º 41/2003 epelo art. 3º da Emenda Constitucional n.º 47/2005. 2. Finda a etapa de transição, ou seja, após a regulamentação peloDecreto n.º 6.493 e com o início do primeiro ciclo de avaliação (23.05.2009), a GDASS deve ser paga aos servidoresinativos e pensionistas de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo art. 16 da Lei 10.855/2004, vez que restabelecidasua natureza de vantagem pro labore faciendo, não podendo o Poder Judiciário criar um novo parâmetro para os inativos. 3.Nos termos do §4º do art.20, do CPC, nas causas em for vencida a Fazenda Pública os honorários deverão ser fixadosconsoante a apreciação eqüitativa do Juiz, pautada nos critérios previstos nas alíneas a, b e c do §3º do mesmo artigo edispensada a obediência ao limite mínimo de 10% e máximo de 20%. 4. Remessa necessária e apelação do INSS providasem parte. (Original sem grifos).

10. Ademais, observo que o acórdão não desbordou dos limites da matéria passível de apreciação, sobretudo dianteda profundidade do efeito devolutivo do recurso inominado (aplicação analógica dos artigos 515, §1º, e 516, ambos doCódigo de Processo Civil), restando incabível a pretensão do embargante, no sentido da exclusão de toda a fundamentaçãoadotada no julgado.

11. Nesse contexto, viabiliza-se o provimento dos declaratórios apenas para esclarecimento do julgado, nos termosda fundamentação ora expendida.

12. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento parcial apenas para acrescera fundamentação acima expendida, sem modificação do resultado expresso no acórdão embargado.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

2 - 0004098-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004098-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x LUIS COELHO DE SOUSA RIBEIRO (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOLVINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.).RECURSO Nº 0004098-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004098-3/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: LUIS COELHO DE SOUSA RIBEIRORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ABONO DE PERMANÊNCIA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RECURSODA UNIÃO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. A UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 47/54, contra sentença que julgou procedentes os pedidos para declarar ainexistência de relação-jurídica tributária a autorizar a incidência de imposto de renda sobre a verba recebida a título deabono de permanência, bem como para condená-la a restituir os valores do tributo indevidamente recolhido, observada aprescrição quinquenal. Em suas razões, a recorrente sustenta que o abono de permanência é adicional de naturezaremuneratória, tendo-se em vista que a postergação da aposentadoria não configura perda patrimonial.2. A parte autora apresentou contrarrazões (fls. 58/59), nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o abonode permanência, previsto no art. 40, §19, da Constituição da República de 1988 é verba de natureza indenizatória, pois épago para compensar o valor da contribuição social que deveria ser recolhido pelo servidor que já faria jus à aposentadoria.3. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da União para instituir imposto sobre“renda e proventos de qualquer natureza”. O legislador infraconstitucional definiu no art. 43, caput, do Código TributárioNacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à “aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos” (inciso I),ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais” não subsumidos no conceito derenda.5. O art. 3º, §1º, da Emenda Constitucional n. 41/03, dispõe que o servidor público que tenha preenchido as condições paraaposentar-se com trinta anos de contribuição, se homem, e vinte e cinco anos de contribuição, se mulher, e opte porpermanecer em atividade fará jus a um abono de permanência, equivalente ao valor de sua contribuição previdenciária atécompletar as exigências para sua aposentadoria compulsória. O pagamento do referido abono visa à manutenção daremuneração recebida pelo servidor, sem que sobre ela haja o desconto indevido de contribuição previdenciária, uma vez

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que o sujeito passivo já teria preenchido os requisitos exigidos para concessão de aposentadoria voluntária. Portanto, opagamento do abono de permanência não tem natureza indenizatória, valendo destacar que os vencimentos totais doservidor são acrescidos mediante a compensação operada entre a verba e o desconto que seja feito da contribuiçãoprevidenciária. Nesse sentido, posicionou-se a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP1.192.556/PE (Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 06.09.2010), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil.6. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.7. Certificado o trânsito, baixem os autos ao Juizado de origem.8. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

3 - 0000492-11.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000492-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x VALDIR GOMES (ADVOGADO:ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.).RECURSO Nº 0000492-11.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000492-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALDIR GOMESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS PARAJULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL. OMISSÃO. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO DOSVALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 130/134, contra acórdão proferido à fl. 98 ao argumento deexistência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que, embora o acórdão embargado tenha dado provimento aorecurso da autarquia, silenciou sobre a restituição de valores pagos ao segurado por força de tutela antecipadaposteriormente revogada. Afirma que o Superior Tribunal de Justiça entende que é devido o ressarcimento em da verba emtal hipótese. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não houve manifestação expressa acerca da matéria tratada nos embargos dedeclaração, o que autoriza o provimento parcial do recurso, de modo a esclarecer o julgado.

04. Inicialmente saliento que, embora omisso o acórdão no tocante à revogação da antecipação dos efeitos da tutela,trata-se de consectário lógico do julgado, que deu provimento ao recurso do INSS para julgar improcedente o pedido inicial.Com efeito, proferido acórdão no sentido da improcedência da pretensão autoral, não se pode cogitar da subsistência datutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art.273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

05. Em análise dos argumentos apresentados pela Embargante, saliento minha convicção pessoal de que a parte,que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão dotítulo e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assimefetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunalde Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acerca

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da prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

06. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença de fls. 75/77.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento, para que conste, no acórdãorecorrido, a revogação da tutela antecipada deferida na sentença de fls. 75/77, com a determinação de restituição ao INSSdos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

4 - 0001426-36.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001426-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA BALBINO(ADVOGADO: ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.) x UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).RECURSO Nº 0001426-36.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001426-8/01)RECORRENTE: MARIA DA PENHA BALBINORECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ABONO DE PERMANÊNCIA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RECURSODA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A parte autora interpõe recurso inominado, às fls. 49/56, contra sentença que julgou improcedentes os pedidos paradeclarar a inexistência de relação-jurídica tributária a autorizar a incidência de imposto de renda sobre a verba recebida atítulo de abono de permanência, bem como para condenar a UNIÃO a restituir os valores do tributo indevidamenterecolhidos. Em suas razões recursais, sustenta que o abono de permanência, previsto no art. 40, §19, da Constituição da

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República de 1988 é verba de natureza indenizatória, pois é pago para compensar o valor da contribuição social quedeveria ser recolhido pelo servidor que já faria jus à aposentadoria. De igual modo, requereu que lhe fosse concedido obenefício de gratuidade de justiça.2. A UNIÃO apresentou contrarrazões (fls. 59/69), nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o abono depermanência é adicional de natureza remuneratória, tendo-se em vista que a postergação da aposentadoria não configuraperda patrimonial.3. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da União para instituir imposto sobre“renda e proventos de qualquer natureza”. O legislador infraconstitucional definiu no art. 43, caput, do Código TributárioNacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à “aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos” (inciso I),ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais” não subsumidos no conceito derenda.5. O art. 3º, §1º, da Emenda Constitucional n. 41/03, dispõe que o servidor público que tenha preenchido as condições paraaposentar-se com trinta anos de contribuição, se homem, e vinte e cinco anos de contribuição, se mulher, e opte porpermanecer em atividade fará jus a um abono de permanência, equivalente ao valor de sua contribuição previdenciária atécompletar as exigências para sua aposentadoria compulsória. O pagamento do referido abono visa à manutenção daremuneração recebida pelo servidor, sem que sobre ela haja o desconto indevido de contribuição previdenciária, uma vezque o sujeito passivo já teria preenchido os requisitos exigidos para concessão de aposentadoria voluntária. Portanto, opagamento do abono de permanência não tem natureza indenizatória, valendo destacar que os vencimentos totais doservidor são acrescidos mediante a compensação operada entre a verba e o desconto que seja feito da contribuiçãoprevidenciária. Nesse sentido, posicionou-se a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP1.192.556/PE (Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 06.09.2010), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil.6. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça que ora defiro (fl. 10), de acordo com o art. 12, daLei n. 1.060/50.7. Certificado o trânsito, baixem os autos ao Juizado de origem.8. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

5 - 0003107-87.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.003107-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA.) x KARLA AZEVEDO TOGNERE ALMEIDA MARCHIORI.RECURSO Nº 0003107-87.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.003107-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: KARLA AZEVEDO TOGNERE ALMEIDA MARCHIORIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ASSISTÊNCIA PRÉ-ESCOLAR PRESTADA DE FORMA INDIRETA.NATUREZA INDENIZATÓRIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 47/55, contra sentença que julgou procedentes pedidos para declarar ainexistência de relação-jurídico tributária a autorizar a incidência de imposto de renda sobre a verba recebida pela parteautora a título de assistência pré-escolar, bem como para condená-la a restituir os valores indevidamente recolhidos,atualizados mediante a aplicação da taxa SELIC, desde o pagamento indevido até a efetiva restituição. Em suas razõesrecursais, sustenta que: i) a parte autora não juntou prova de que incorreu em despesas a título de auxílio-creche, tal comodispõe o art. 28, §9º, da Lei n. 8.212/91; ii) o art. 6º, da Lei n. 7.713/88, não inclui o valor recebido a título de auxílio-crechecomo verba isenta de imposto de renda; e iii) a eventual condenação da UNIÃO à restituição do imposto de renda deveobservar os ajustes feitos nas declarações anuais prestadas pelo contribuinte.2. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 60).3. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da União para instituir imposto sobre“renda e proventos de qualquer natureza”. O legislador infraconstitucional definiu no art. 43, caput, do Código TributárioNacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à “aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos” (inciso I),ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais” não subsumidos no conceito derenda.5. O Decreto n. 977/93 disciplina a assistência pré-escolar aos dependentes dos servidores públicos da AdministraçãoPública federal direta, autárquica e fundacional, dispondo, em seu art. 7º, que tal assistência poderá ocorrer de forma direta,por meio de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, “que consiste em valor expresso em moedareferente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”.A impossibilidade de prestação do serviço deforma direta é causa da conversão da assistência pré-escolar em verba pecuniária que, por conseguinte, tem conteúdoindenizatório, dada a incoerência de penalizar-se o servidor pela omissão administrativa. Logo, por não consistir emacréscimo patrimonial, o recebimento de quantia paga para que os dependentes dos servidores públicos federais, desde onascimento até os seis anos de idade, possam ter acesso a condições básicas de educação, desenvolvimento e saúde(arts. 3º e 4º), não constitui fato gerador do imposto de renda. Precedentes do STJ: AgRg no Ag 1.169.671/RS (Primeira

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Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 20.04.2010), RESP 1.019.017/PI (Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJE29.04.2009), RESP 625.506/RS (Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 06.03.2007).6. No presente feito, a parte autora apresentou cópia de declaração do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (fl. 04),com a descriminação das quantias pagas a título de auxílio pré-escolar e dos respectivos valores recolhidos a título deimposto de renda. A ausência de documentos que demonstrassem que tais montantes foram destinados ao custeio daeducação do dependente menor da servidora não infirma o seu direito, uma vez que a fonte pagadora tem o dever de aferiressa informação ao restituir o valor gasto dentro do limite legal (art. 10, do Decreto n. 977/93). Aplicação de regra especialem detrimento do disposto pelo 28, §9º, ‘s’, da Lei n. 8.212/91.7. O ajuste anual dos valores pagos a título de imposto de renda não impede que o pedido de restituição seja julgadoprocedente, determinando-se a devolução dos valores indevidamente recolhidos. A UNIÃO, por deter as informaçõesrelacionadas às compensações efetuadas, poderá impugnar os cálculos apresentados pela contribuinte, em fase deliquidação, caso apurado que o valor a ser restituído já foi objeto de compensação em declaração anual de ajuste.8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a UNIÃO ao pagamento de custas (art. 4º,I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, uma vez que a demandante nãoincorreu em despesa para contratar advogado para assisti-la.9. Certificado o trânsito, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

6 - 0105324-12.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105324-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ BATISTA (ADVOGADO:SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0105324-12.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105324-6/01)RECORRENTE: LUIZ BATISTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

LUIZ BATISTA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 128/143, contra acórdão proferido à fl. 126 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que não foram analisados os fundamentos de índoleconstitucional trazidos no recurso inominado, baseados no art. 5º, II e XXXVI, bem como no art. 62, §3º, da Constituição daRepública de 1988. Afirma que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito adquirido do segurado ao cálculo daaposentadoria na data que lhe for mais vantajosa. Alega que, por se tratar de direito adquirido, não deveria ser aplicado oinstituto da decadência. Requer o provimento do recurso para sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitos

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infringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que tanto a sentença (fls. 76/77) quanto o acórdão fl. 126 analisaram a aplicabilidade do prazodecadencial decenal aos benefícios concedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade damedida provisória que instituiu o referido prazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais,conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência defundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p.288). Portanto, no caso dos autos, não vislumbro as alegadas omissões.

06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se aos recursos sobrestados o regime do art.543-B do CPC”.

07. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

7 - 0005694-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005694-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEXANDRE FERRARI(ADVOGADO: RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.).PROCESSO Nº 0005694-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005694-2/01)RECORRENTE: ALEXANDRE FERRARIRECORRIDO: UNIAO FEDERAL

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RELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou improcedente o pedido de restituição de valoresrecolhidos a título de contribuição para entidade de Previdência Privada. Alega, em síntese, que não se trata de ação derestituição em virtude da ocorrência da bitributação, mas sim em virtude de expressa determinação em lei pela isenção,razão pela qual, faz jus à inexigibilidade do imposto de renda sobre o benefício recebido da entidade privada a título depensão por morte, bem como a restituição daquilo que foi indevidamente retido na fonte, respeitado o qüinqüênio anteriorao do ajuizamento da demanda. Contrarrazões às fls. 102/110.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

3. A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

4. Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005aplicava-se a regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir dalegislação sobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

5. Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

6. Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 05/08/2011, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 05/08/2006 ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacional deUniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.

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4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecidoe provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

7. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

9. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado.

10. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

11. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

12. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

13. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

14. No que tange ao índice de correção monetária e juros de mora, por força do art. 39, da Lei 9.250/1995 e sem afronta aoart. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critério de atualização para os casos de repetição dostributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). A SELIC não pode ser cumuladacom qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque já abrange, a um só tempo, o índice deinflação do período e a taxa de juros real.

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15. Recurso a que se dá provimento, para declarar a inexistência de relação jurídica válida a sustentar a cobrança deimposto de renda sobre a complementação de aposentadoria percebida pelo contribuinte, com a conseqüente condenaçãoda União à restituição do indébito nos termos acima estabelecidos, observada a prescrição das parcelas relativas aoperíodo anterior ao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

16. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

8 - 0100565-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100565-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR JOSE CAETANO(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDADOMINGUES CARVALHO.).RECURSO Nº 0100565-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100565-3/01)RECORRENTE: VALDIR JOSE CAETANORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

VALDIR JOSE CAETANO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 70/85, contra acórdão proferido à fl. 68 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que não foram analisados os fundamentos de índoleconstitucional trazidos no recurso inominado, baseados no art. 5º, II e XXXVI, bem como no art. 62, §3º, da Constituição daRepública de 1988. Afirma que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito adquirido do segurado ao cálculo daaposentadoria na data que lhe for mais vantajosa. Alega que, por se tratar de direito adquirido, não deveria ser aplicado oinstituto da decadência. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabe

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a apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que tanto a sentença (fls. 28/29) quanto o acórdão (fl. 68) analisaram a aplicabilidade do prazodecadencial decenal aos benefícios concedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade damedida provisória que instituiu o referido prazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais,conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência defundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p.288). Portanto, no caso dos autos, não vislumbro as alegadas omissões.

06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se ao recursos sobrestados o regime do art. 543-Bdo CPC”.

07. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

9 - 0000793-11.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000793-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLY RODRIGUES MOTTA

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(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIROFLEURY.).PROCESSO Nº 0000793-11.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000793-6/02)RECORRENTE: MARLY RODRIGUES MOTTARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou extinto o processo, sem julgamento do mérito, cujopedido é de restituição de valores recolhidos a título de contribuição para entidade de Previdência Privada. O acórdão, defls. 112/116, conheceu o recurso e deu-lhe parcial provimento para afastar a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para processar e julgar a demanda. Por outro lado, declarou a prescrição da pretensão autoral. Interposto Pedidode Uniformização de Jurisprudência, o MM. Juiz Federal Presidente das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto inadmitiu-o e determinou o encaminhamento dos autos a essa relatoria para apreciar a adequação do acórdãoprolatado pela Turma Nacional de Uniformização em julgamento do PEDILEF 200683005146716 (Rel. Juiz Federal ManoelRolim Campbell Penna, DJ 28.09.2012) à presente hipótese.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

3. A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

4. Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005aplicava-se a regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir dalegislação sobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

5. Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

6. Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 25/01/2009, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 25/01/2004 ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacional deUniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.

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1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecidoe provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

7. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

9. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado.

10. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

11. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

12. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

13. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o

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que tiver sido pago será objeto de repetição.

14. No que tange ao índice de correção monetária e juros de mora, por força do art. 39, da Lei 9.250/1995 e sem afronta aoart. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critério de atualização para os casos de repetição dostributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). A SELIC não pode ser cumuladacom qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque já abrange, a um só tempo, o índice deinflação do período e a taxa de juros real.

15. Recurso a que se dá provimento, para declarar a inexistência de relação jurídica válida a sustentar a cobrança deimposto de renda sobre a complementação de aposentadoria percebida pelo contribuinte, com a conseqüente condenaçãoda União à restituição do indébito nos termos acima estabelecidos, observada a prescrição das parcelas relativas aoperíodo anterior ao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

16. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

10 - 0103349-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103349-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ICLECIRO DOS SANTOS(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0103349-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103349-1/01)RECORRENTE: ICLECIRO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

ICLECIRO DOS SANTOS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 128/143, contra acórdão proferido à fl. 126ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que não foram analisados os fundamentos de índoleconstitucional trazidos no recurso inominado, baseados no art. 5º, II e XXXVI, bem como no art. 62, §3º, da Constituição daRepública de 1988. Afirma que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito adquirido do segurado ao cálculo daaposentadoria na data que lhe for mais vantajosa. Alega que, por se tratar de direito adquirido, não deveria ser aplicado oinstituto da decadência. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIO

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JURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que tanto a sentença (fls. 91/92) quanto o acórdão (fl. 126) analisaram a aplicabilidade do prazodecadencial decenal aos benefícios concedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade damedida provisória que instituiu o referido prazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais,conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência defundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p.288). Portanto, no caso dos autos, não vislumbro as alegadas omissões.

06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se ao recursos sobrestados o regime do art. 543-Bdo CPC”.

07. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

11 - 0100361-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100361-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INARA PALASSI QUINTELA(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANAZANDONADE.).PROCESSO Nº 0100361-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100361-9/01)RECORRENTE: INARA PALASSI QUINTELARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.1. A parte autora interpôs recurso em face da sentença que julgou improcedente o pedido de restituição de valoresrecolhidos a título de contribuição para entidade de Previdência Privada. Alega, em síntese, inocorrência de prescrição defundo de direito, por se tratar de relação de trato sucessivo, razão pela qual estariam apenas prescritas as parcelas dodébito relativas ao decênio anterior ao do ajuizamento da demanda (LC 118/2005), sendo devida a restituição do imposto derenda que incidiu sobre a complementação de aposentadoria no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Prequestionamentodo art. 6, VII, b, da Lei 7.713/1988; art. 4, V, da Lei 9.250/1995; art. 3º da Lei Complementar 118/2005, art. 7º da MedidaProvisória 1459/2001, LC 109/2001 e MP 2.222/2001. Contrarrazões às fls. 67/69.

2. No que tange à prescrição, de acordo com o entendimento atualmente adotado pelo Egrégio STF no RE 566621/RS, derelatoria da Exma. Ministra Ellen Gracie, na data de 04/08/2011, a aplicação do prazo de prescrição de cinco anos previstono inciso I do art.168 da Lei Complementar nº 118/2005 somente será aplicado às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, ou seja, a partir de 09/06/2005:“Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC nº 118/2005 - 5

É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros MarcoAurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)1ª parte (Informativo 634, Plenário, Repercussão Geral)” sem grifos no original.

3. A matéria já foi, inclusive, objeto da Súmula nº 52, aprovada na Sessão Plenária de 30/03/2009, cujo teor é o seguinte: “éinconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional”, constante do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 09 de fevereirode 2005, por violação ao art. 5º - XXXVI da Constituição Federal”.

4. Decidia-se, anteriormente, que a todos os recolhimentos indevidos realizados até a vigência da LC nº 118/2005aplicava-se a regra prescricional antes sedimentada pelo STJ (tese dos “cinco mais cinco”), adotando-se, a partir dalegislação sobrevinda, o novo prazo trazido pelo artigo 3º da referida legislação complementar.

5. Diante do novo paradigma exarado pelo Supremo Tribunal Federal, o entendimento acima mencionado, defendido,inclusive, pelos Ministros Celso de Mello e Luiz Fux quando do julgamento da Repercussão Geral no RE 566621/RS citado,não deve ser aplicado, de modo que se deve assegurar a aplicação do novo prazo de 5 anos às ações ajuizadas após odecurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005.

6. Desse modo, adotando tal orientação, tendo sido a demanda ajuizada em 31/01/2013, aos recolhimentos tributáriosefetuados anteriormente a 31/01/2008, ter-se-á operado a prescrição. Neste sentido já decidiu a Turma Nacional deUniformização, conforme se infere do PEDILEF 201072500039094, in verbis:

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VOTO-PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDASOBRE COMPLEMENTAÇÃO DECOMPLEMENTAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. REFERÊNCIA AS PARCELASVERTIDASPELO PARTICPANTE NO PERÍODO DE 01/01/1989 À 31/12/1995. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. TURMARECURSAL DE SANTA CATARINA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DARÉ. PRESCRIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. LEI7.713/88. PEDIDO CONHECIDO E PROVIDO.1. Ação proposta em face da UniãoFederal na qual se discute a incidência de dupla tributação do impostode renda sobre aparte da suplementação da aposentadoria que se refere àscontribuições vertidas pelo participante de plano de previdênciaprivadadurante o período de vigência da Lei n.º 7.713/88.2. A sentença julgou procedente o pedido da parte autora, declarando ainexigibilidade do imposto de renda sobre obenefício de aposentadoriacomplementar da parte autora, até o limite do que foi recolhido sobre acontribuição vertida peloparticipante no período de vigência da Lei7.713/88.3. A Turma Recursal de Santa Catarina deu provimento ao recurso da UniãoFederal pra julgar improcedente o pedido.4. Incidente de Uniformização jurisprudencial, manejado pela parte autora,com fundamento no artigo 14 da Lei 10.259/2001.5. Dissídio jurisprudencial instaurado ante a citada súmula 85 do STJ.6. A jurisprudência da Corte Cidadã e desta TNU já sefirmou no sentido deque não incide imposto de renda sobre a complementação de aposentadoriae/ou resgate de plano deprevidência privada, sobre o montante referenteàs contribuições do participante, vertidas no período de 01/01/1989à31/12/1995. (PEDILEF 200683005146716 /200685005020159) 7. A prescrição atinge as parcelas de restituição vencidasantes doquinquenio anterior à propositura da ação, incidindo a Súmula n.º 85do STJ.7. Pedido de Uniformização conhecidoe provido para fixar a entendimentodeste colegiado no sentido de que não incide imposto de renda sobre acomplementaçãode aposentadoria e /ou resgate de plano de previdênciaprivada, no que tange ao montante referente às contribuiçõesdoparticipante, vertidas no período de 01/01/1989 à 31/12/1995.8. Desconstituo o acórdão recorrido, para restabelecer asentença deprimeiro grau. (Processo: PEDILEF 201072500039094 SC Relator(a): Juíza Federal MARISA CLÁUDIAGONÇALVES CUCIO Julgamento: 20/02/2013 Publicação: DJ 08/03/2013 Parte(s): Requerente: PAULO ROBERTO DESOUZA Requerido(a): FAZENDA NACIONAL)

7. Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto derenda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou aapresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

9. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado.

10. Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguintemetodologia: as contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).

11. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

12. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.

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13. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

14. No que tange ao índice de correção monetária e juros de mora, por força do art. 39, da Lei 9.250/1995 e sem afronta aoart. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critério de atualização para os casos de repetição dostributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). A SELIC não pode ser cumuladacom qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque já abrange, a um só tempo, o índice deinflação do período e a taxa de juros real.

15. No que se refere à matéria objeto de prequestionamento, somente a ofensa a preceito constitucional autoriza aadmissão do recurso extraordinário (STF-RE-AgR-154.158/SP, Relator Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 20.9.2002)(STF-AI-AgR-495.880/SP, Relator Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, DJ 05.8.2005). Hipótese em que a parte autoralimitou-se a aduzir questões infraconstitucionais

16. Recurso a que se dá provimento, para declarar a inexistência de relação jurídica válida a sustentar a cobrança deimposto de renda sobre a complementação de aposentadoria percebida pelo contribuinte, com a conseqüente condenaçãoda União à restituição do indébito nos termos acima estabelecidos, observada a prescrição das parcelas relativas aoperíodo anterior ao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da demanda.

17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na forma do voto/ementaque passa a integrar o presente julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

12 - 0105319-87.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105319-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AILTON BANDEIRA(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0105319-87.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105319-2/01)RECORRENTE: AILTON BANDEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

AILTON BANDEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 110/125, contra acórdão proferido à fl. 108 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que não foram analisados os fundamentos de índoleconstitucional trazidos no recurso inominado, baseados no art. 5º, II e XXXVI, bem como no art. 62, §3º, da Constituição daRepública de 1988. Afirma que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito adquirido do segurado ao cálculo daaposentadoria na data que lhe for mais vantajosa. Alega que, por se tratar de direito adquirido, não deveria ser aplicado oinstituto da decadência. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir

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questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que tanto a sentença (fls. 63/64) quanto o acórdão (fl. 108) analisaram a aplicabilidade do prazodecadencial decenal aos benefícios concedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade damedida provisória que instituiu o referido prazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais,conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência defundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p.288). Portanto, no caso dos autos, não vislumbro as alegadas omissões.

06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se ao recursos sobrestados o regime do art. 543-Bdo CPC”.

07. O acórdão proferido pela Suprema Corte recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciação

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dos elementos de prova já valorados.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

13 - 0004506-91.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004506-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x MERCEDES PIMENTEL DA SILVA (ADVOGADO: ES011301 -ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA, ES011225 - MARCIO GARCIA DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0004506-91.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004506-8/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MERCEDES PIMENTEL DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ALÍQUOTA INCIDENTE SOBRE PARCELAS VENCIDAS PAGAS EMVERBA ÚNICA. REGIME DE COMPETÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 55/65, contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinarque o cálculo do imposto de renda devido pela parte autora, incidente sobre parcelas vencidas pagas em verba única,observe os parâmetros de apuração vigentes à época a que se referem, somando-se as parcelas vencidas aos rendimentospagos em cada período respectivo, bem como que a UNIÃO seja condenada a restituir os valores indevidamente pagos atítulo de imposto de renda em decorrência dos montantes recebidos, compensados com eventuais valores já restituídos nasdeclarações anuais de ajuste. Para tanto, sustenta que inexiste nos autos prova de que os rendimentos apontados às fl. 27possuem vinculação com o que foi decidido nos autos da ação n. 0000121-08.2006.4.02.5050. Pugna, na hipótese de seentender que a documentação carreada aos autos é suficiente, que seja determinado que a parte autora apresente outrosdocumentos para fins de execução do julgado. Sustenta ainda que: i) os rendimentos recebidos pelo contribuinte sãotributados à alíquota de 27,5%, independentemente de eles serem pagos nas datas de seus vencimentos ou de formacumulada; e ii) as verbas recebidas acumuladamente são tributadas sob o “regime de caixa”, por força do disposto pelo art.12, da Lei n. 7.713/88, uma vez que o fato gerador se realiza quando a renda fica disponível (art. 46, da Lei n. 8.541, art. 3º,da Lei n. 9.250; art. 43, do Código Tributário Nacional);2. O recorrido apresentou contrarrazões, às fls. 70/72, nas quais requer o desprovimento do recurso.3. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. Conforme se infere do contracheque de fl. 10, a autora recebeu, em novembro de 2008, o valor de R$ 27.405,63 sob arubrica “exc ant trib”. Considerando que a pensão da autora naquele mês era composta por soldo de R$ 3.738,00 eadicional militar de R$ 710,22 é possível afirmar que o valor recebido em novembro de 2008 a título de “exc ant trib” érelativo ao pagamento das parcelas atrasadas da pensão devida à parte autora. Soma-se, ainda, o fato de a ação n.0000121-08.2006.4.02.5050 ter sido julgada extinta sem julgamento do mérito por ausência do interesse de agirsuperveniente no ano de 2009 (fl. 38).5. No que se refere à execução do julgado, ressalto que a apuração administrativa dos valores devidos é admitida,conforme se extrai do enunciado n. 4 das Turmas Recursais do Espírito Santo. Acrescento que cabe ao Juízo a quo,competente para a execução do julgado, avaliar a adoção das medidas que entender mais adequadas à celeridade da fasede cumprimento da sentença, sendo certo que a UNIÃO tem o dever legal de diligenciar a obtenção dos dados necessáriosjunto à unidade pagadora da recorrida (art. 11, da Lei n. 10.259/01).6. O art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da União para instituir imposto sobre“renda e proventos de qualquer natureza”. O legislador infraconstitucional definiu no art. 43, caput, do Código TributárioNacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à “aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos” (inciso I),ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais” não subsumidos no conceito derenda.7. Os fatos jurígenos do imposto de renda podem ser instantâneos e continuados (Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso deDireito Tributário Brasileiro. 6a edição. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 313). Embora a definição do fato geradorcontinuado do imposto de renda tenha provocado debate, especialmente à luz da orientação veiculada pelo enunciado n.584, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a hipótese versada nos autos escapa aos contornos de taldiscussão, uma vez que o ajuste anual a ser feito pelo contribuinte não se relaciona com a questão controversa atinente àincidência da maior alíquota do tributo quando feito o pagamento a destempo pelo credor de obrigação de dar dinheiro emprestações mensais.8. A observância escorreita do Direito acarretaria resultado diverso daquele ora observado, porque o montante a serrecolhido pelo sujeito passivo, a título de imposto de renda, seria menor se o salário ou o benefício mensalmente devido àparte autora houvesse sido corretamente pago, pois proporcional à alíquota pertinente. Contudo, em mora o devedor, oprejuízo patrimonial da parte autora é enfatizado, pois além de receber o que lhe é devido com atraso, também paga tributoem fração correspondente a uma aquisição de riqueza deturpada, uma vez que revelaria disponibilidade de dinheiro nãocorrespondente ao ganho que deveria ser mensalmente auferido pelo contribuinte. Logo, o art. 12, da Lei n. 7.713/88,

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consoante a interpretação da parte ré, veiculava norma dissonante ao previsto pelo art. 116, I, do Código TributárioNacional, o qual, por ser norma geral tributaria, tem aplicação prioritária (art. 146, III, da Constituição da República de 1988).Em apoio a esse entendimento, posiciona-se a iterativa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 613.996,Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 15.06.2009; AGRESP 1.069.718, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux,DJe 25.05.2009; RESP 1.075.700, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 17.12.2008). Essa orientação foi acatadamediante a promulgação da Lei n. 12.350/2010, que conferiu nova redação ao art. 12-A, da Lei n. 7.713/88, a fim de que “osrendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma,pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes aanos-calendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento oucrédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês”.9. Acrescento que o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 614.406/RS (j. 23.10.2014), em regime derepercussão geral, decidiu que a incidência do imposto de renda, sobre rendimentos recebidos acumuladamente, deveobservar a alíquota que recairia sobre o rendimento recebido mês a mês (regime de competência), e não sobre aquela queincidiria sobre o valor total pago de uma única vez (regime de caixa), para evitar um tratamento desigual entre oscontribuintes.10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a UNIÃO ao pagamento de custas (art.4º, I, da Lei n. 9.289/96). Condeno a recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.11. Certificado o trânsito, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

14 - 0100333-27.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100333-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO SOBREIRAGUEDES (ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0100333-27.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100333-0/01)RECORRENTE: FRANCISCO SOBREIRA GUEDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

FRANCISCO SOBREIRA GUEDES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 109/124, contra acórdão proferidoà fl. 107 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que não foram analisados os fundamentos de índoleconstitucional trazidos no recurso inominado, baseados no art. 5º, II e XXXVI, bem como no art. 62, §3º, da Constituição daRepública de 1988. Afirma que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito adquirido do segurado ao cálculo daaposentadoria na data que lhe for mais vantajosa. Alega que, por se tratar de direito adquirido, não deveria ser aplicado oinstituto da decadência. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANA

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CALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que tanto a sentença (fls. 59/60) quanto o acórdão (fl. 107) analisaram a aplicabilidade do prazodecadencial decenal aos benefícios concedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade damedida provisória que instituiu o referido prazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais,conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência defundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p.288). Portanto, no caso dos autos, não vislumbro as alegadas omissões.

06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se ao recursos sobrestados o regime do art. 543-Bdo CPC”.

07. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

15 - 0004162-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004162-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAIR DONATO DE SANT'ANA(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).

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RECURSO Nº 0004162-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004162-5/01)RECORRENTE: JAIR DONATO DE SANT'ANARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

JAIR DONATO DE SANT’ANA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 119/133, contra acórdão proferido à fl.117 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que tanto o acórdão quanto a sentença se omitiram emrelação ao motivo da declaração de decadência, com base no art. 103 da Lei n. 8.213/91, diante da natureza jurídicaespecífica da revisão pretendida. Afirma que, na presente ação, não se busca a revisão, mas a concessão de outrobenefício, com outra DIB, mais vantajosa para o segurado, com fundamento no direito adquirido. Alega que o julgadoembargado afronta tese jurídica consolidada pelo Supremo Tribunal Federal. Argumenta, ainda, que o tema é similar àdesaposentação, de modo que deveria ser aplicado ao caso o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a fim deafastar a decadência. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Saliento que o acórdão (fl. 117) analisou a aplicabilidade do prazo decadencial decenal aos benefíciosconcedidos antes de 28/06/1997. Também foi apreciada a constitucionalidade da medida provisória que instituiu o referidoprazo, inclusive à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais, conforme amplamente reconhecido pelajurisprudência, não há que se confundir fundamentação sucinta com ausência de fundamentação (REsp 763.983/RJ, Rel.Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 10/11/2005, DJ 28/11/2005, p. 288). Portanto, no caso dos autos, nãovislumbro as alegadas omissões.

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06. Para esclarecimento, acrescento que a tese do direito adquirido ao benefício mais vantajoso, cujos contornosforam delineados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do recurso extraordinário n. 630.501/RS, com repercussãogeral reconhecida, não afasta a aplicação dos prazos de decadência e prescrição. A propósito, transcrevo o seguinte trechodo voto condutor do julgado, proferida pela Exma. Ministra Ellen Gracie:

“Ante todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso extraordinário.

Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se apossibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior rendamensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma data casotivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional, comefeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadênciado direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Aplica-se ao recursos sobrestados o regime do art. 543-Bdo CPC”.

07. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal recebeu a seguinte ementa:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, poucoimportando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre

�o instituto do direito adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501,Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2013,DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

08. Ademais, observo que não pode ser aplicada ao caso dos autos a tese da não incidência do prazo decadencialrelativamente aos pedidos de desaposentação. Afinal, o objeto da ação não consiste em pretensão de renúncia ao benefícioprevidenciária vigente, para fins de obtenção de outro benefício mais vantajoso, calculado com base nas contribuiçõesvertidas após o primeiro jubilamento. De fato, o que a parte autora pleiteia é a revisão da renda mensal do benefício, combase em suposto direito à retroação da DIB. A propósito, transcrevo o teor de um dos pedidos veiculados na petição inicial(fl. 16):

“(...) II – a emissão de provimento jurisdicional que CONDENE o réu ao adimplemento de OBRIGAÇÃO DE FAZER,consistente em revisar a renda mensal do benefício, a contar do mês de ajuizamento da ação, conforme segue (...)”

09. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

10. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

12. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

16 - 0006987-72.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.006987-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x JOAO BATISTA DA SILVA NETO (ADVOGADO: ES009101 - INGRIDSILVA DE MONTEIRO PASCOAL, ES000255B - SIDNEY FERREIRA SCHREIBER, ES004770 - MARIA DA CONCEICAOCHAMUN, ES016202 - ALMIR ANTÔNIO DA SILVEIRA JÚNIOR, ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA,ES009316 - BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS, ES013037 - BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA, ES010800 -MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO.).RECURSO Nº 0006987-72.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.006987-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: JOAO BATISTA DA SILVA NETORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ALÍQUOTA INCIDENTE SOBRE PARCELAS VENCIDAS PAGAS EMVERBA ÚNICA. REGIME DE COMPETÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 154/159, contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidospara determinar que o cálculo do imposto de renda devido pela parte autora, incidente sobre parcelas vencidas pagas emverba única, observe os parâmetros de apuração vigentes à época a que se referem, somando-se as parcelas vencidas aosrendimentos pagos em cada período respectivo, bem como que a UNIÃO seja condenada a restituir os valoresindevidamente pagos a título de imposto de renda em decorrência dos montantes recebidos, compensados com eventuais

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valores já restituídos nas declarações anuais de ajuste. Para tanto, sustenta que: i) os rendimentos recebidos pelocontribuinte são tributados à alíquota de 27,5%, independentemente de eles serem pagos nas datas de seus vencimentosou de forma cumulada; ii) as verbas recebidas acumuladamente são tributadas sob o “regime de caixa”, por força dodisposto pelo art. 12, da Lei n. 7.713/88, uma vez que o fato gerador se realiza quando a renda fica disponível (art. 46, daLei n. 8.541, art. 3º, da Lei n. 9.250; art. 43, do Código Tributário Nacional); e iii) a configuração do fato gerador com orecebimento acumulado faz com que se observem as alíquotas então vigentes (art. 144, do Código Tributário Nacional).2. O recorrido apresentou contrarrazões, às fls. 164/171, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que oimposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas ealíquotas das épocas próprias a que eles se referem.3. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da União para instituir imposto sobre“renda e proventos de qualquer natureza”. O legislador infraconstitucional definiu no art. 43, caput, do Código TributárioNacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à “aquisição da disponibilidadeeconômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos” (inciso I),ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais” não subsumidos no conceito derenda.5. Os fatos jurígenos do imposto de renda podem ser instantâneos e continuados (Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso deDireito Tributário Brasileiro. 6a edição. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 313). Embora a definição do fato geradorcontinuado do imposto de renda tenha provocado debate, especialmente à luz da orientação veiculada pelo enunciado n.584, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a hipótese versada nos autos escapa aos contornos de taldiscussão, uma vez que o ajuste anual a ser feito pelo contribuinte não se relaciona com a questão controversa atinente àincidência da maior alíquota do tributo quando feito o pagamento a destempo pelo credor de obrigação de dar dinheiro emprestações mensais.6. A observância escorreita do Direito acarretaria resultado diverso daquele ora observado, porque o montante a serrecolhido pelo sujeito passivo, a título de imposto de renda, seria menor se o salário ou o benefício mensalmente devido àparte autora houvesse sido corretamente pago, pois proporcional à alíquota pertinente. Contudo, em mora o devedor, oprejuízo patrimonial da parte autora é enfatizado, pois além de receber o que lhe é devido com atraso, também paga tributoem fração correspondente a uma aquisição de riqueza deturpada, uma vez que revelaria disponibilidade de dinheiro nãocorrespondente ao ganho que deveria ser mensalmente auferido pelo contribuinte. Logo, o art. 12, da Lei n. 7.713/88,consoante a interpretação da parte ré, veiculava norma dissonante ao previsto pelo art. 116, I, do Código TributárioNacional, o qual, por ser norma geral tributaria, tem aplicação prioritária (art. 146, III, da Constituição da República de 1988).Em apoio a esse entendimento, posiciona-se a iterativa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 613.996,Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 15.06.2009; AGRESP 1.069.718, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux,DJe 25.05.2009; RESP 1.075.700, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 17.12.2008). Essa orientação foi acatadamediante a promulgação da Lei n. 12.350/2010, que conferiu nova redação ao art. 12-A, da Lei n. 7.713/88, a fim de que “osrendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma,pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes aanos-calendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento oucrédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês”.7. Acrescento que o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 614.406/RS (j. 23.10.2014), em regime derepercussão geral, decidiu que a incidência do imposto de renda, sobre rendimentos recebidos acumuladamente, deveobservar a alíquota que recairia sobre o rendimento recebido mês a mês (regime de competência), e não sobre aquela queincidiria sobre o valor total pago de uma única vez (regime de caixa), para evitar um tratamento desigual entre oscontribuintes.8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a UNIÃO ao pagamento de custas (art. 4º,I, da Lei n. 9.289/96). Condeno a recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.9. Certificado o trânsito, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

17 - 0000402-39.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000402-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x LUZIMAR DE OLIVEIRA E OUTROS (ADVOGADO: ES006507 - NIVALDAZANOTTI.).RECURSO Nº 0000402-39.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000402-7/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: LUZIMAR DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RAZÕES DO RECURSODISSOCIADAS DO OBJETO DA LIDE. RECURSO DA UNIÃO NÃO CONHECIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a esse título, observada

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a prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) não há autorização para isenção ou não incidência do imposto derenda fora dos casos expressamente previstos no ordenamento jurídico; e ii) a natureza remuneratória do terçoconstitucional de férias está consagrada no artigo 61, da Lei n. 8.112/90;2. Intimada, a parte autora apresentou contrarrazões, nas quais requer o desprovimento do recurso inominado e amanutenção da sentença atacada.3. Em exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso, consigno que os demandantes ajuizaram ação, em face daUNIÃO, para que não houvesse desconto de contribuição previdenciária sobre o acréscimo de 50% (cinquenta por cento)sobre a remuneração recebida pelos servidores para gozo de férias, bem como para que a parte ré fosse condenada aefetuar o pagamento das parcelas indevidamente recolhidas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratórios.Os autores sustentam que são servidores públicos integrantes do Município de Colatina que, por não ter regime próprio, fazcom que sejam vinculados ao Regime Geral da Previdência Social. Afirmam que a UNIÃO é parte legítima para figurar nopolo passivo da causa, por força do disposto pelo art. 2º, caput, da Lei n. 11.457/07.4. Na sentença, de fls. 85/90, o pedido foi julgado procedente para que a UNIÃO se abstivesse de “recolher na fonte ascontribuições previdenciárias incidentes sobre a gratificação de férias de 50% (substituta do terço constitucional por LeiMunicipal) dos autores”, bem como os ressarcisse dos “valores da contribuições previdenciárias incidentes sobre agratificação de férias de 50% (substituta do terço constitucional por Lei Municipal) já recolhidas na fonte no valor a serapurado pela contadoria do juízo”.5. Da leitura das razões recursais de fls. 93/101, constato que há patente ausência de correlação entre os fundamentosdeclinados pela UNIÃO para impugnação da sentença e aqueles efetivamente utilizados para julgamento de procedência dopedido. Com efeito, a recorrente aduz a constitucionalidade e a legalidade da incidência do imposto de renda sobre o teçoconstitucional de férias, matéria que não é objeto da lide, conforme o relato antes feito, sem qualquer menção sobre aquestão efetivamente controversa nos autos (recolhimento de contribuição previdenciária sobre a gratificação municipal deférias de 50%).5. Ante o exposto, deixo de conhecer o recurso inominado, em razão da incongruência entre os fundamentos de fato e dedireito apresentados na impugnação e na sentença atacada (art. 514, II, do Código de Processo Civil). Sem custas (art. 4º,I, da Lei n. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor a ser pagoa cada litisconsorte ativo (art. 55, da Lei n. 9.099/95).6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

18 - 0106442-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106442-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAURA LENKE(ADVOGADO: ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0106442-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106442-6/01)RECORRENTE: IZAURA LENKERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO INOMINADO PROVIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS.

IZAURA LENKE interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 67/71, contra acórdão proferido às fls. 59/64 aoargumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que, embora o recurso inominado interposto pelaembargante tenha sido provido, o acórdão embargado foi omisso por não ter condenado o recorrido (INSS) ao pagamentode honorários advocatícios. Requer o provimento do recurso, a fim de que sejam sanadas as omissões e contradições,inclusive para fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.

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1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Acrescento que consta do acórdão confrontado a base legal para o afastamento da condenação ao pagamentode honorários advocatícios, isto é, o art. 55 da Lei n. 9.099/95 (fl. 63). Portanto, não há que se falar em omissão, tampoucoem contradição. Ainda assim, por argumentar, consigno que o referido dispositivo estabelece que o recorrente vencidopagará a verba honorária. Não há previsão legal, na disciplina especial dos Juizados Especiais, capaz de amparar acondenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, ao pagamento da verba honorária em favor dopatrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se pode falar em lacuna legislativa, de modo a atraira aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a questão se resolve peloprincípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seu âmbito de incidência,sempre que verificado conflito em face da regra geral.

06. Concluído o julgamento dos Embargos interpostos, remetam-se os autos à Presidência da Turma Recursal paraexame de admissibilidade do recurso extraordinário interposto pelo INSS (fls. 73/83), na forma do art. 5º, parágrafo único,III, do Regimento Interno das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

19 - 0000334-89.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000334-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x AILTON GRASSI E OUTROS (ADVOGADO: ES006507 - NIVALDAZANOTTI.).RECURSO Nº 0000334-89.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000334-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: AILTON GRASSI e OUTROSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RAZÕES DO RECURSODISSOCIADAS DO OBJETO DA LIDE. RECURSO DA UNIÃO NÃO CONHECIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a esse título, observadaa prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) não há autorização para isenção ou não incidência do imposto derenda fora dos casos expressamente previstos no ordenamento jurídico; e ii) a natureza remuneratória do terçoconstitucional de férias está consagrada no artigo 61, da Lei n. 8.112/90;2. Intimada, a parte autora apresentou contrarrazões, nas quais requer o desprovimento do recurso inominado e a

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manutenção da sentença atacada.3. Em exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso, consigno que os demandantes ajuizaram ação, em face daUNIÃO, para que não houvesse desconto de contribuição previdenciária sobre o acréscimo de 50% (cinquenta por cento)sobre a remuneração recebida pelos servidores para gozo de férias, bem como para que a parte ré fosse condenada aefetuar o pagamento das parcelas indevidamente recolhidas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratórios.Os autores sustentam que são servidores públicos integrantes do Município de Colatina que, por não ter regime próprio, fazcom que sejam vinculados ao Regime Geral da Previdência Social. Afirmam que a UNIÃO é parte legítima para figurar nopolo passivo da causa, por força do disposto pelo art. 2º, caput, da Lei n. 11.457/07.4. Na sentença, de fls. 90/95, o pedido foi julgado procedente para que a UNIÃO se abstivesse de “recolher na fonte ascontribuições previdenciárias incidentes sobre a gratificação de férias de 50% (substituta do terço constitucional por LeiMunicipal) dos autores”, bem como os ressarcisse dos “valores da contribuições previdenciárias incidentes sobre agratificação de férias de 50% (substituta do terço constitucional por Lei Municipal) já recolhidas na fonte no valor a serapurado pela contadoria do juízo”.5. Da leitura das razões recursais de fls. 98/106, constato que há patente ausência de correlação entre os fundamentosdeclinados pela UNIÃO para impugnação da sentença e aqueles efetivamente utilizados para julgamento de procedência dopedido. Com efeito, a recorrente aduz a constitucionalidade e a legalidade da incidência do imposto de renda sobre o terçoconstitucional de férias, matéria que não é objeto da lide, conforme o relato antes feito, sem qualquer menção sobre aquestão efetivamente controversa nos autos (recolhimento de contribuição previdenciária sobre a gratificação municipal deférias de 50%).5. Ante o exposto, deixo de conhecer o recurso inominado, em razão da incongruência entre os fundamentos de fato e dedireito apresentados na impugnação e na sentença atacada (art. 514, II, do Código de Processo Civil). Sem custas (art. 4º,I, da Lei n. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor a ser pagoa cada litisconsorte ativo (art. 55, da Lei n. 9.099/95).6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

20 - 0002073-43.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002073-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDILETE FRICKS PORTO(ADVOGADO: ES013351 - KENIA PACIFICO DE ARRUDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002073-43.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002073-7/01)RECORRENTE: EDILETE FRICKS PORTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

EDILENE FRICKS PORTO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 91/94, contra acórdão proferido às fls.84/88 ao argumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que não foi apreciado o atestado médicoapresentado no momento do exame pericial, o qual teria sido emitido no dia anterior à realização da perícia e comprovariaque a autora não tinha condições de trabalhar. Afirma, também, que, ao contrário do afirmado no acórdão, o quadro desaúde da embargante é complexo, o que demandaria nova avaliação por médico especializado. Sustenta, ainda, que aautora ostenta a qualidade de segurada da Previdência Social, o que não foi reconhecido no acórdão. Requer o provimentodo recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.

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2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Em relação ao laudo médico apresentado ao perito por ocasião do exame pericial, emitido no dia anterior àrealização da perícia, vejo que tal circunstância não modifica o resultado do julgamento, uma vez que o acolhimento dasconclusões do perito judicial não decorreu apenas da extemporaneidade dos laudos particulares apresentados pela autora(ora embargante), conforme se extrai da fundamentação da sentença e do acórdão (fls. 65 e 87). Ademais, o indigitadolaudo contemporâneo ao exame pericial não foi juntado aos autos, mas apenas mencionado pelo perito nomeadojudicialmente (fl. 51). Logo, não há que se falar em omissão ou contradição, mesmo em face da afirmação, no acórdão, deque “o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntado pelo recorrenteem sua petição inicial” (fl. 87).

06. Com relação à ausência de complexidade do quadro de saúde da embargante, que pudesse ensejar a realizaçãode outro exame pericial, destaco que tal constatação não se relaciona à gravidade das enfermidades, mas decorre dadesnecessidade de conhecimentos especializados que não estejam ao alcance do perito nomeado judicialmente. Comefeito, embora a embargante tenha listado as enfermidades que a acometem, não restou evidenciada a necessidade denovo exame, a cargo de profissional de outra especialidade. A propósito, transcrevo o seguinte trecho do acórdão (fls.85/86):“06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento paraque fosse realizada nova perícia, com médico especialista na doença que a acomete. Alega, ainda, que o laudo pericial écompletamente divergente das provas dos autos, não possui conclusão fundamentada e tampouco narrou o quadro clínicoda autora. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que oindeferimento do pleito para a realização de nova perícia mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que oespecialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. Ademais, aTurma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entende que a perícia médica porespecialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médicocomplexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010)”.

07. No que concerne à qualidade de segurada, que restou afastada no acórdão com base no documento de fl. 42,destaco que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dos declaratórios. É que osembargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentação está estritamentevinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lei n. 9.099/95.Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciação dos elementosde prova já valorados.

08. Saliento que a contradição somente é vício a ser corrigido, mediante interposição de embargos de declaração, seno julgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código deProcesso Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Contudo, na presente hipótese, verifico que o acórdãonão contém divergência interna, não sendo possível rever a valoração dada à prova por meio dos Embargos de Declaração.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

21 - 0000459-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000459-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x MARIA JOSÉ DOS SANTOS BORGO (ADVOGADO:ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0000459-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000459-4/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARIA JOSÉ DOS SANTOS BORGORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 101/111, contra acórdão proferido às fls. 90/98, que deuprovimento ao seu recurso inominado, ao argumento de existência de omissão e contradição. Alega, para tanto, que ajurisprudência firmada acerca da não incidência do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria não seaplica ao caso dos autos, que trata de complementação de pensão por morte. Afirma que houve julgamento extra petitaquanto ao método de apuração do indébito e sustenta a necessidade de definição detalhada dos parâmetros a seremaplicados, a fim de evitar o surgimento de incidentes no curso da liquidação. Requer o provimento do recurso, de modo asanar as falhas apontadas, inclusive para fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame dos alegados vícios, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, que houve aanálise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível,mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de umadas partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimode efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma,Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

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05. Quanto à fixação, no acórdão embargado, dos parâmetros de cálculo dos consectários legais incidentes sobre ovalor da condenação, não há que se falar em violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetívelao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

06. Com relação à atualização monetária, aos juros moratórios e à forma de liquidação do julgado, descabe suscitaromissão, obscuridade, contradição, ou mesmo dúvida, uma vez que o acórdão embargado analisou a matéria à exaustão,com o devido detalhamento (parágrafos 15 e 16, fls. 93/96).

07. Outrossim, destaco que a pretensão manifestada pela embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

08. Saliento que a contradição somente é vício a ser corrigido, mediante interposição de embargos de declaração, seno julgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código deProcesso Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Contudo, na presente hipótese, verifico que o acórdãonão contém divergência interna, não sendo possível rever a valoração dada à prova por meio dos Embargos de Declaração.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pela União e, no mérito, nego-lhes provimento.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

22 - 0002730-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002730-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x MARIA NAZARETH PEREIRA CALDAS FREITAS.RECURSO Nº 0002730-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002730-6/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARIA NAZARETH PEREIRA CALDAS FREITASRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a essetítulo, observada a prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federaisnão foi excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n.10.887/2004); ii) o art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.41/2003, dispõe que o regime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão porque o financiamento da previdência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionaisem favor do contribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas aocusteio de suas respectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.Argumenta que a correção de valores eventualmente devidos não pode ser feita pela taxa SELIC. Aduz que, se admitida anatureza tributária da contribuição previdenciária, deve-se aplicar o artigo 167, parágrafo único do CTN e o enunciado n.188 da Súmula do STJ. Pede que eventual indébito seja corrigido pelos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 62).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critériode atualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Porser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público.9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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23 - 0001929-04.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001929-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GENILDA JOSÉ PENA EOUTRO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0001929-04.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001929-2/01)RECORRENTE: GENILDA JOSÉ PENARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 111DA SÚMULA DO STJ. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 223/230, contra acórdão proferido às fls. 217/218, que negouprovimento ao recurso da autarquia, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, para finsde prequestionamento, que o índice adotado no Manual de Cálculos da Justiça Federal (INPC) contraria a forma deatualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo TribunalFederal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357e 4425. Alega, ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula da jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em relação à sistemática de cálculo dos consectários legais, verifica-se, da leitura do acórdão ora guerreado, quehouve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendoadmissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da motivado pelairresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não écabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Passo ao exame da alegada ausência de manifestação sobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, dasúmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestaçõesvencidas após a sentença”).

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06. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolaçãoda sentença proferida pelo Juízo a quo.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento parcialpara que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquiafederal deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

24 - 0002728-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002728-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x LORENZA SIQUEIRA AFONSO ZANETTI.RECURSO Nº 0002728-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002728-8/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: LORENZA SIQUEIRA AFONSO ZANETTIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a essetítulo, observada a prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federaisnão foi excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n.10.887/2004); ii) o art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.41/2003, dispõe que o regime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão porque o financiamento da previdência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionaisem favor do contribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas aocusteio de suas respectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 49).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Acrescento que ausência do valor líquido da quantia a ser paga pela parte condenada não infringe o art. 52, I, da Lei n.9.099/95, uma vez que o cumprimento adequado da sentença pode ser feito a partir da definição dos parâmetros fixados na

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sentença.9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

25 - 0003574-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003574-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HENRIQUE PENA MIRANDA(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSONDA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0003574-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003574-0/01)RECORRENTE: HENRIQUE PENA MIRANDARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 109/115, contra acórdão proferidoàs fls. 103/106 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, para fins de prequestionamento, que o julgadoé omisso, porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LV,93, IX e 134 todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorários advocatícios em favor darecorrente. Afirma que o afastamento da condenação do INSS ao pagamento de honorários em todos os litígios judiciaistravados com a DPU traduz manifesta violação à isonomia processual. Alega, também, que a gratuidade de justiça, deferidanos termos da Lei n. 1.060/50, não afasta a referida condenação.

02. Em análise dos pressupostos de admissibilidade dos Embargos de Declaração, constato que a recorrente nãotem interesse processual na substituição do acórdão que isentou a parte beneficiária da gratuidade de justiça do pagamentode honorários advocatícios.

03. No caso dos autos, foi desprovido o recurso inominado interposto pela parte autora (representada pela DPU) emface da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial. Sendo assim, os honorários advocatícios seriamdevidos ao INSS, de acordo com o art. 55 da Lei n. 9.099/95, caso não houvesse sido deferida a gratuidade de justiça, naforma da Lei n. 1.060/50.

04. Posto isso, deixo de conhecer os Embargos de Declaração, porque ausente o interesse processual darecorrente.

05. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

26 - 0106585-97.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.106585-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x ZELBER RENATO FERRARI (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).RECURSO Nº 0106585-97.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.106585-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ZELBER RENATO FERRARIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GRATIFICAÇÃO POREXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRE TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO PARA DECLARAR A INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

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QUANTO AO PEDIDO PARA NÃO-INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS GRATIFICAÇÕESPAGAS POR EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condená-la arestituir os valores recolhidos a título de contribuição previdenciária sobre as gratificações pagas pelo exercício de funçãode confiança e sobre o adicional de um terço de férias recolhidos até 19.07.2012, observada a prescrição quinquenal. Arecorrente sustenta que: i) a parte autora não provou o exercício de função de confiança que pudesse ter dado causa aopagamento de gratificação, o que torna o pedido de restituição incerto (art. 286, do Código de Processo Civil); ii) o terço deférias dos servidores públicos federais não foi excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida poreles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n. 10.887/2004); iii) o art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redaçãodada pela Emenda Constitucional n. 41/2003, dispõe que o regime próprio de previdência dos servidores públicos temcaráter contributivo e solidário, razão por que o financiamento da previdência não está condicionado a uma contrapartida deprestações específicas ou proporcionais em favor do contribuinte; e iv) as contribuições previdenciárias pagas pelosservidores públicos não visam apenas ao custeio de suas respectivas aposentadorias, mas também dos demais benefíciosprevistos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 71).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A alegação de inépcia da petição inicial, por ausência de pedido certo, deve ser reconhecida no que toca ao pleito paraque deixe de incidir contribuição previdenciária sobre gratificações pagas por exercício de função de confiança, bem comoque seja restituído o montante indevidamente recolhido a esse título. Com efeito, a peça vestibular não contémespecificação quanto à causa e ao efetivo pagamento dessas gratificações, não sendo possível, da leitura dos documentosjuntados pelo demandante, que o Juízo afira o efetivo recolhimento de contribuição sobre essas verbas, uma vez queinexiste prova nesse sentido (fls. 17/28).

5. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.6. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.7. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.8. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).9. Acrescento que ausência do valor líquido da quantia a ser paga pela parte condenada não infringe o art. 52, I, da Lei n.9.099/95, uma vez que o cumprimento adequado da sentença pode ser feito a partir da definição dos parâmetros fixados nasentença.10. No que se refere à execução do julgado, ressalto que a apuração administrativa dos valores devidos é admitida,conforme se extrai do enunciado n. 4 das Turmas Recursais do Espírito Santo. Acrescento que cabe ao Juízo a quo,competente para a execução do julgado, avaliar a adoção das medidas que entender mais adequadas à celeridade da fasede cumprimento da sentença, sendo certo que a UNIÃO tem o dever legal de diligenciar a obtenção dos dados necessáriosjunto à unidade pagadora da recorrida (art. 11, da Lei n. 10.259/01).11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento para julgar extinto o processo, sem resolução domérito, quanto ao pedido para que não sejam recolhidas contribuições previdenciárias sobre gratificações por exercício defunção de confiança, bem como para que a UNIÃO seja condenada a proceder a restituição desses valores (art. 267, I, doCódigo de Processo Civil). Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sucumbente em maior fração, condeno a UNIÃO aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

27 - 0002515-51.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.002515-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x MARIA DE LOURDES CARVALHO PEREIRA SCHIAVON.

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RECURSO Nº 0002515-51.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.002515-2/02)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARIA DE LOURDES CARVALHO PEREIRA SCHIAVONRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a essetítulo, observada a prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federaisnão foi excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n.10.887/2004); ii) o art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.41/2003, dispõe que o regime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão porque o financiamento da previdência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionaisem favor do contribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas aocusteio de suas respectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.Argumenta que a correção de valores eventualmente devidos não pode ser feita pela taxa SELIC. Aduz que se admitida anatureza tributária da contribuição previdenciária, deve-se aplicar o artigo 167, parágrafo único do CTN e o enunciado n.188 da Súmula do STJ. Pede que eventual indébito seja corrigido pelos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 139).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critériode atualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Porser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público.9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

28 - 0003524-43.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003524-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANITA REIS APULEO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VILMARLOBO ABDALAH JR..).RECURSO Nº 0003524-43.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003524-7/01)RECORRENTE: ANITA REIS APULEORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 177/187, contra acórdão proferidoàs fl. 168/173 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, para fins de prequestionamento, que o julgadoé omisso, porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LV,93, IX e 134 todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorários advocatícios em favor darecorrente, excluída a possibilidade de confusão de créditos em relação à União e às suas autarquias prevista no enunciadon. 421, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Concluído o julgamento dos Embargos interpostos, remetam-se os autos à Presidência da Turma Recursal paraexame de admissibilidade do recurso extraordinário interposto pelo INSS (fls. 188/198), na forma do art. 5º, parágrafo único,III, do Regimento Interno das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

29 - 0001810-82.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001810-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x SILVINO PEDRO LOPES.RECURSO Nº 0001810-82.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001810-7/02)

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RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: SILVINO PEDRO LOPESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para determinar que não incidacontribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, e condená-la a restituir os valores recolhidos a essetítulo, observada a prescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federaisnão foi excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n.10.887/2004); ii) o art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.41/2003, dispõe que o regime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão porque o financiamento da previdência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionaisem favor do contribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas aocusteio de suas respectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 117).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Acrescento que ausência do valor líquido da quantia a ser paga pela parte condenada não infringe o art. 52, I, da Lei n.9.099/95, uma vez que o cumprimento adequado da sentença pode ser feito a partir da definição dos parâmetros fixados nasentença.9. Ressalto que, embora a presente ação tenha sido ajuizada em face do INCRA e não da UNIÃO, a demora na citaçãodesta não deve ser imputada ao autor. O processo tramitou com polo passivo irregular até a fase recursal, quando foideterminado o retorno dos autos para inclusão da UNIÃO (fl. 79). Ademais, a parte autora não está assistida por advogado,não sendo adequado exigir rigor excessivo na interpretação de legislação processual. Logo, não merece respaldo aalegação da recorrente de que devem ser reputadas prescritas as parcelas do período anterior a cinco anos da data da suacitação.10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

30 - 0003783-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003783-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x SELMA PEREIRABASTOS DA SILVA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).RECURSO Nº 0003783-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003783-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SELMA PEREIRA BASTOS DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESPROVIMENTO DO RECURSO INOMINADO DO INSS. CONDENAÇÃO DA PARTERECORRENTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECORRIDA REPRESENTADA NOS AUTOSPELA DEFENSORIA PÚBLICA. ENUNCIADO Nº 421 DA SÚMULA DO STJ. PRECEDENTE FIRMADO NA SISTEMÁTICADO ART. 543-C DO CPC. VERBA HONORÁRIA INDEVIDA. RECURSO PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 84/88, contra acórdão prolatado às fls. 77/81 ao argumento deexistência de contradição. Sustenta, para tanto, que, embora a parte recorrida esteja representada em juízo pela DefensoriaPública da União, o acórdão embargado condenou a autarquia embargante ao pagamento de honorários advocatícios àordem de 10% sobre o valor da condenação. Alega que o STJ assentou o entendimento de que não são devidos honoráriosadvocatícios à DPU quando esta atua contra a mesma Fazendo Pública da qual é parte integrante, nos termos doenunciado n. 421 da súmula de sua jurisprudência. Afirma que a condenação contraria a interpretação da legislação federalfeita pelo STJ. Requer a discussão acerca das teses recursais suscitadas, inclusive para fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, observo que a parteautora, ora embargada, foi representada nos autos pela Defensoria Pública da União, o que afasta a condenação do INSSao pagamento de honorários advocatícios. Com efeito, de acordo entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiçasob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, não são devidos honorários à Defensoria Pública quando elaatua contra pessoa jurídica de direito público integrante da mesma Fazenda Pública. Transcrevo, por oportuno, a ementa dojulgado:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios.(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

04. Ampliou-se, assim, o alcance do enunciado nº 421 da súmula do STJ, cujo teor consta da ementa acimacolacionada. Desta feita, o INSS, por ser autarquia federal, não deve sofrer condenação ao pagamento de honoráriosadvocatícios em favor da DPU.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação doINSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

31 - 0000384-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000384-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DOMINGAS EUGENIO DOSSANTOS (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0000384-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000384-6/01)RECORRENTE: DOMINGAS EUGENIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 94/100, contra acórdão proferidoàs fls. 88/91 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, para fins de prequestionamento, que o julgado éomisso, porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LV, 93,IX e 134 todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorários advocatícios em favor da

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recorrente. Afirma que o afastamento da condenação do INSS ao pagamento de honorários em todos os litígios judiciaistravados com a DPU traduz manifesta violação à isonomia processual. Alega, também, que a gratuidade de justiça, deferidanos termos da Lei n. 1.060/50, não afasta a referida condenação.

02. Em análise dos pressupostos de admissibilidade dos Embargos de Declaração, constato que a recorrente nãotem interesse processual na substituição do acórdão que isentou a parte beneficiária da gratuidade de justiça do pagamentode honorários advocatícios.

03. No caso dos autos, a parte autora (representada pela DPU) restou sucumbente tanto em primeiro grau quantoem sede recursal, porquanto foi desprovido o recurso inominado por ela interposto contra a sentença que julgouimprocedente o seu pedido. Sendo assim, os honorários advocatícios seriam devidos ao INSS, de acordo com o art. 55 daLei n. 9.099/95, caso não houvesse sido deferida a gratuidade de justiça, na forma da Lei n. 1.060/50.

04. Posto isso, deixo de conhecer os Embargos de Declaração, porque ausente o interesse processual darecorrente.

05. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

32 - 0000991-03.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000991-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x RALPH ABRANCHES ALCANTARA.RECURSO Nº 0000991-03.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000991-7/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: RALPH ABRANCHES ALCANTARARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condená-la arestituir os valores recolhidos a título de contribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, observada aprescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federais não foi excluído dabase de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n. 10.887/2004); ii) o art.40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 41/2003, dispõe que oregime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão por que o financiamento daprevidência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionais em favor docontribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas ao custeio de suasrespectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 61).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Acrescento que ausência do valor líquido da quantia a ser paga pela parte condenada não infringe o art. 52, I, da Lei n.9.099/95, uma vez que o cumprimento adequado da sentença pode ser feito a partir da definição dos parâmetros fixados nasentença.

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9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

33 - 0000558-96.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000558-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO.) x MARCOS PATRICK SANTOS CAZELLI.RECURSO Nº 0000558-96.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000558-4/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARCOS PATRICK SANTOS CAZELLIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA SOBRETERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condená-la arestituir os valores recolhidos a título de contribuição previdenciária sobre o adicional de um terço de férias, observada aprescrição quinquenal. A recorrente sustenta que: i) o terço de férias dos servidores públicos federais não foi excluído dabase de cálculo da contribuição previdenciária a ser recolhida por eles (art. 4º, §1º, I a IX, da Lei n. 10.887/2004); ii) o art.40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 41/2003, dispõe que oregime próprio de previdência dos servidores públicos tem caráter contributivo e solidário, razão por que o financiamento daprevidência não está condicionado a uma contrapartida de prestações específicas ou proporcionais em favor docontribuinte; e iii) as contribuições previdenciárias pagas pelos servidores públicos não visam apenas ao custeio de suasrespectivas aposentadorias, mas também dos demais benefícios previstos pelo art. 185, da Lei n. 8.112/90.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 38).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O regime de previdência próprio do servidor público é balizado pelo seu caráter contributivo e solidário, sendo mantidopor contribuições arcadas pelo ente público e pelos servidores, ativos e inativos, com o intuito de manter seu equilíbriofinanceiro e atuarial (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988, com a redação conferida pela EmendaConstitucional n. 41/2003). O conteúdo jurídico do princípio da solidariedade e a não adoção de um regime de capitalizaçãoimplicam a ausência de retribuição necessária entre as contribuições recolhidas pelo servidor e os benefíciosprevidenciários por ele auferidos. Portanto, ainda que o terço constitucional de férias não componha as remunerações quese somam para formação da média aritmética usada para apurar a renda mensal dos proventos a serem pagos ao servidoraposentado, ou da pensão a ser recebida pelos seus dependentes, inexiste proibição constitucional a essa exação, ante ocaráter solidário do regime. Ademais, por não ter natureza indenizatória, o terço de férias não poderia ser excluído da basede cálculo da remuneração, por uma interpretação com resultado extensivo da redação originária do art. 4º,§1º, da Lei n.10.887/2004.5. Contudo, a jurisprudência Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados (cf. AgR no AI 772.880/MG, Primeira Turma,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 18.06.2009; AgR no AI 710.361/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE08.05.2009; AgR no RE 587.941/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE 20.11.2088; AgR no AI 603.537/DF,Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 30.03.2007, p. 92), decidiu que as contribuições previdenciárias não podem incidirsobre parcelas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do servidor, o que passou a embasar oentendimento de que a contribuição previdenciária sobre o terço de férias seria contrária ao caráter contributivo do regime.6. Nesse sentido, a Lei n. 12.688/2012 deu nova redação ao art. 4º, §1º, X, da Lei n. 10.887/2004, a fim de excluir oadicional de férias da base de cálculo da contribuição previdenciária paga pelo servidor público.7. Inteligência do enunciado n. 39, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto (“Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas nãoincorporáveis ao salário do servidor público”).8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.9. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

34 - 0000842-49.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000842-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA ROSA RODRIGUES(ADVOGADO: ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).RECURSO Nº 0000842-49.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000842-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA ROSA RODRIGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA RURALPOR IDADE. CUMULAÇÃO COM PENSÃO POR MORTE.POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO APENAS PARA PRESTARESCLARECIMENTOS.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 124/128, contra acórdão prolatado às fls. 121/122 ao argumentode existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, que o acórdão embargado considerou como início de provamaterial, para comprovação de exercício de atividade rural, documentos extemporâneos. Alega, também, que há omissãoquanto à percepção, pela embargada, de pensão por morte do ex-cônjuge, qualificado como industriário. Requer oprovimento do recurso, a fim de que sejam sanadas as falhas apontadas, inclusive para fins de prequestionamento.

02. A parte autora (ora embargada) apresentou impugnação aos embargos de declaração às fls. 130/132, sob aalegação de ausência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão confrontado. Afirma que há nos autos vastaprova documental, de modo que a oitiva das testemunhas apenas complementa os argumentos trazidos no pleito inicial.Sustenta que a concessão de pensão por morte do ex-marido, que exercia atividade urbana, não tem o condão de afastar aqualidade de segurada da embargada, e que a aposentadoria deve ser concedida ainda que o exercício de atividade ruralpelo segurado ocorra de forma descontínua. Requer a rejeição dos embargos de declaração.

03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico que asuscitada omissão não acarreta a nulidade do acórdão embargado, cabendo apenas acrescer fundamentação a fim detornar a questão indene de dúvidas.

05. Compulsando os autos, observo que a sentença de fls. 88/90 julgou procedente o pedido, condenando o INSS aconceder à parte autora o benefício de aposentadoria por idade, com DIB na data do requerimento administrativo, e a pagaro valor das prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal.

06. Tanto a sentença quanto o acórdão que negou provimento ao recurso inominado da autarquia contêmmanifestações expressas acerca da existência de início de prova material e sua corroboração pela prova testemunhal (fls.88 e 121). Também restou devidamente esclarecido, no acórdão confrontado, que o início de prova material não precisacorresponder a todo o período equivalente à carência do benefício, conforme a inteligência do enunciado n. 14 da TNU.Neste particular, portanto, não há que se falar em omissão, tampouco em contradição, haja vista que a conclusão dojulgado revela-se coerente e harmônica com as suas premissas.

07. Não obstante, com relação ao argumento da percepção de pensão por morte de ex-cônjuge, que foi suscitado norecurso inominado (fl. 96), cumpre tecer algumas considerações, de modo a integrar a fundamentação do julgado.

08. Consoante jurisprudência iterativa, não há óbice ao recebimento cumulativo de pensão por morte eaposentadoria rural por idade, ainda que o óbito tenha ocorrido antes da entrada em vigor da Lei n. 8.213/91 (cf. STJ, AgRgno RESP 1.280.036/RS, Sexta Turma, Rel. Des. Convocado Haroldo Rodrigues, DJE 28.06.2010; TNU, PEDILEF200583035020062, Rel. Juiz Federal Valter Antoniassi Maccarone, DJU 19.02.2008).

09. Conforme apontado na sentença, o acervo probatório existente nos autos (em especial, a prova testemunhal),demonstra suficientemente o exercício de atividade rural pela autora. Segundo se depreende dos depoimentostestemunhais transcritos no corpo da sentença (fl. 89), a autora exerceu labor rural em período posterior ao falecimento docônjuge (ocorrido em 1989). Ademais, não há nos autos qualquer elemento de convicção revelador de capacidadecontributiva expressiva a ponto de afastar a caracterização da embargada como segurada especial. Ressalto que a autorarecebe pensão por morte no valor de um salário mínimo, conforme consta do documento de fl. 75, extraído do banco dedados da Previdência Social. Desta feita, restou demonstrado que, no caso concreto, o exercício de atividade urbana emperíodo pretérito, pelo finado esposo da embargada, não a desqualifica como segurada especial, em conformidade com oenunciado n. 41 da TNU.

10. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pelo embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 48 da Lein. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

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11. Consigno que, da leitura do acórdão ora guerreado, que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargosde Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão sobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

12. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

13. Nesse contexto, viabiliza-se o provimento dos declaratórios apenas para esclarecimento do julgado, nos termosda fundamentação ora expendida.

14. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento parcial apenas para acrescera fundamentação acima expendida, sem modificação do resultado expresso no acórdão embargado.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

35 - 0001094-69.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001094-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CRISTINA RIBEIRO DASILVA (ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS.RECURSO Nº 0001094-69.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001094-9/01)RECORRENTE: CRISTINA RIBEIRO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIVERGÊNCIA DE POSICIONAMENTO TR-ES E TNU. CONDENAÇÃO DA PARTERECORRIDA AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95.VERBA HONORÁRIA INDEVIDA. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 116/124, contra acórdão prolatado às fls. 112/113 ao

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argumento de existência de contradição e omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado encontra-se emdivergência do enunciado n. 34 da súmula da TNU. Outrossim, afirma que o julgado conteria contradição, porque, embora orecurso inominado tenha sido interposto pela parte autora, o acórdão atacado condenou o ora embargante ao pagamentode honorários advocatícios. Alega, com base no art. 55 da Lei nº 9.099/95 e no enunciado nº 57 do FONAJEF, que somenteo recorrente vencido deve arcar com os honorários, razão pela qual não deve haver condenação para o recorrido. Sustentaque a referência ao Manual de Cálculos da Justiça Federal é contrária à forma de atualização monetária prevista pelo art.1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo Tribunal Federal não se pronunciar sobre amodulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357 e 4425. Requer a manifestaçãoacerca da tese recursal suscitada, inclusive para fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, saliento que - no quetange à alegada divergência com o enunciado n. 34 da súmula da TNU - a contradição configura vício a ser corrigido,mediante interposição de embargos de declaração, se no julgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (JoséCarlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548).Contudo, na presente hipótese, verifico que o acórdão não contém divergência interna, não sendo possível rever avaloração dada à prova por meio dos Embargos de Declaração. Ademais, no item 4, do acórdão recorrido, é mencionadoque a prova documental não precisa abranger todo o período de atividade rural e deve ser analisada juntamente com aprova testemunhal e com base nas regras da experiência.

04. Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientaçãoesposada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a forma de atualização monetária das parcelas vencidas, eventual contrasteentre o acórdão atacado e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não é contradição a ser sanada em julgamento deEmbargos de Declaração, não devendo o recurso ser provido quanto a essa questão.

05. No que tange à omissão relacionada às razões empregadas para que a atualização monetária seja feita emobediência aos parâmetros fixados pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal, os quais incluem o INPC em substituição àTR, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

06. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013), motivo por que não existe omissão a ser suprida.

07. Consigno que o artigo 55 da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. Não háprevisão legal, na disciplina especial dos Juizados Especiais, capaz de amparar a condenação do recorrido, que se abstevede interpor recurso próprio, ao pagamento da verba honorária em favor do patrono da parte contrária. Presente talregramento específico, sequer se pode falar em lacuna legislativa, de modo a atrair a aplicação, por analogia, das regrasgerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a questão se resolve pelo princípio da especialidade. Cabe aointérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seu âmbito de incidência, sempre que verificado conflito em faceda regra geral.

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08. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para excluir acondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

36 - 0001990-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001990-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x FLAVIA FARDIN SOARES LIRA.RECURSO Nº 0001990-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001990-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: FLAVIA FARDIN SOARES LIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

ADMINISTRATIVO. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL DE QUALIFICAÇÃO. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para declarar indevida a cobrança decontribuição previdenciária sobre “adicional de qualificação decorrente de ações de treinamento” pago a servidor públicointegrante do Poder Judiciário federal e a condenou a proceder à restituição das parcelas da contribuição previdenciáriarecolhidas a esse título, observada a prescrição quinquenal, atualizadas pela taxa SELIC. Em suas razões recursais,sustenta que: i) o adicional de qualificação incidente sobre o vencimento básico do servidor, que participe de “conjunto deações de treinamento que totalize pelos menos 120 (cento e vinte horas)”, à razão de 1% (um por cento) até o limite de 3%(três por cento), nos termos do art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, não se incorpora aos proventos e pensões, mas integra aremuneração que servirá de base contributiva para cálculo da renda mensal dos benefícios de aposentadoria e pensão, nostermos do art. 24, da Resolução n. 126/2010, do Conselho da Justiça Federal, e do art. 1º, da Lei n. 10.887/2004; ii) aseguridade social do servidor público é baseada em um regime contributivo e solidário (art. 40, caput, §§2º, 3º, 17º e 18º, daConstituição da República de 1988), o que torna possível que a contribuição previdenciária incida sobre parcelas que nãoinfluenciem o cálculo dos proventos e das pensões instituídas por servidores públicos; e iii) a incidência da contribuiçãoprevidenciária sobre as verbas remuneratórias – excluídas aquelas previstas pelo art. 4º, §1º, da Lei n. 10.887/2004 -, visaà preservação do equilíbrio financeiro e atuarial da Seguridade do servidor público (art. 40, caput, da Constituição daRepública de 1988), cujas receitas também abrangem o pagamento de benefícios concedidos a par da noção deretributividade.2. Regularmente intimada, a parte autora não ofereceu contrarrazões (fl. 49).3. É o relatório.4. O art. 15, V, da Lei n. 11.416/06, institui o adicional de qualificação, à razão de 1% (um por cento) a 3% (três por cento),sobre o vencimento básico do servidor integrante do Poder Judiciário federal que tenha frequentado conjunto de ações detreinamento que totalize pelo menos 120 (cento e vinte) horas. O art. 14, §5º, do mesmo diploma legal, dispõe que oadicional de qualificação, pago nos termos do aludido art. 15, V, não é considerado no cálculo dos proventos e pensões, oque, segundo a parte autora, infirmaria a existência de fundamento idôneo para a incidência de contribuição previdenciária.Nesse sentido, o douto Juízo a quo referiu-se à orientação fixada em julgado do Supremo Tribunal Federal, no qual sedecidiu que “somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária”(cf. AgRg no RE 589.441/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJE 06.02.2009).5. Contudo, observo que a regra, que exclui o adicional de qualificação - apurado nos termos do art. 15, V, da Lei n.11.416/06 - do cálculo dos proventos e pensões, não impede que ele seja considerado na média aritmética simples dasmaiores remunerações correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, de acordo com o art. 1º,da Lei 10.887/04. Portanto, ainda que o adicional de qualificação não se some ao vencimento básico para definição dopatamar máximo da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se aposentou (art. 40, §2º, da Constituição daRepública de 1988; art.1º, §5º, da Lei n. 10.887/2004), ele compõe a base de cálculo empregada para o cálculo dosproventos ou das pensões instituídas pelos servidores públicos, o que infirma o argumento relacionado à ausência de causalegítima para a incidência do tributo em regime previdenciário contributivo.6. Ademais, conforme convicção já externada em questões análogas, observo que a Seguridade Social é financiada portoda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195, caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma aexistência de um sistema contributivo rígido, ante a ausência de uma correspondência imediata entre as contribuiçõesvertidas e os benefícios a que os servidores façam jus. O cerne dessa lógica é explicitado no conteúdo jurídico do princípioda solidariedade (art. 40, caput, da Constituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estataisdevem “chegar àquelas pessoas que se encontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa”(Gregorio Peces-Barba Martinez. Lecciones de derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direitoprevidenciário, alia-se à “participação social e intergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção deelementos próprios à noção de repartição (Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social:prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que severifica, por exemplo, na hipótese prevista pelo art. 40, I, da Constituição da República de 1988.

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7. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”8. Portanto, ao verificar que o adicional de qualificação pode ser considerado na base de cálculo dos benefícios deaposentadoria e pensão, bem como que a irrestrita retributividade – pressuposta no argumento de que a contribuiçãoprevidenciária somente poderá incidir sobre as parcelas suscetíveis à incorporação nos vencimentos do servidor – écontraria ao principio da solidariedade vigente no regime da seguridade social, assiste razão à recorrente.9. Contudo, a despeito da fundamentação lançada, cumpre salientar que o Conselho da Justiça Federal, no julgamento doCF-PPN-2012/00092, na sessão de 29.09.2014, aprovou proposta de alteração do art. 28, da Resolução n. 126/2010, praexcluir o adicional de qualificação, decorrente de ações de treinamento, da base de cálculo das contribuições para o planode seguridade social dos servidores do próprio Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º graus . O colegiado seguiu oentendimento de que o adicional de qualificação é provisório, não se incorpora aos proventos e às pensões e, portanto, nãodeve integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária.10. Desse modo, ressalvada minha pessoal convicção, houve reconhecimento administrativo do pedido formulado pelaparte autora, razão por que o recurso não deve ser provido.11. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/95). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogado pararepresentá-la judicialmente, o que infirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, umavez que não há custo a ser ressarcido.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

37 - 0000273-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000273-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON DINOMAR DEPAULA (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000273-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000273-3/01)RECORRENTE: ADILSON DINOMAR DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 128/135, contra acórdão proferido às fls. 118/125 que deu parcialprovimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, condenou a autarquia a restabelecer o benefício de auxíliodoença e a pagar as parcelas vencidas corrigidas monetariamente pelo INPC, ao argumento de existência de omissão econtradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não definiu os critérios a serem aplicados no tocante aos jurose à correção monetária. Alega que a determinação de aplicação do INPC é contrária à forma de atualização monetáriaprevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo Tribunal Federal não se pronunciarsobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357 e 4425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

No que tange à omissão alegada, registro que o acórdão embargado foi claro (parágrafos 12 e 13) ao determinar a correçãodas parcelas vencidas pelo INPC, acrescidas de juros de mora à razão de 0,5% ao mês, a partir da citação, por ser a taxabásica aplicada às cadernetas de poupança, de acordo com a parte válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãoconferida pela Lei n. 11.960/2009.

Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientação esposada pelo

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Supremo Tribunal Federal sobre a forma de atualização monetária das parcelas vencidas, destaco que a contradição é vícioa ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José CarlosBarbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Logo,eventual contraste entre o acórdão atacado e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não é contradição a ser sanadaem julgamento de Embargos de Declaração.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

38 - 0005063-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005063-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS BATISTA DASILVA (ADVOGADO: ES013392 - VANESSA SOARES JABUR, ES014081 - FELIPE ZANOTTI BRUMATTI.) x UNIAOFEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).RECURSO Nº 0005063-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005063-7/01)RECORRENTE: JOSE CARLOS BATISTA DA SILVARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RAZÕES DO RECURSO DISSOCIADAS DO OBJETO DALIDE. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença (fls. 43/49) que julgou improcedente pedido, com espeque noart. 269, I e IV, do código de Processo Civil, para que fossem restituídos os valores indevidamente pagos, entre 2000 e2009, a título de contribuição previdenciária incidente sobre gratificação natalina recolhida pelo segurado, ao argumento deque o art. 37, §§ 6º e 7º, do Decreto n. 612/92, seria ilegal.2. Em suas razões de fls. 75/97, o recorrente pugna pela substituição da sentença e sustenta que: i) o magistrado julgouimprocedente o pedido para que fosse reconhecido o direito de renúncia à aposentadoria, condicionada à concessão deidêntico benefício, consideradas as contribuições vertidas pelo segurado que continuou a trabalhar; e ii) a desaposentação éum direito adquirido, não existindo óbices legais à sua observância.3. A UNIÃO, em suas contrarrazões (fls. 102/105), requer que seja negado provimento ao recurso, uma vez que éconstitucional a incidência de contribuição previdenciária sobre o décimo-terceiro salário e o salário de dezembroseparadamente.4. Em exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso, constato que há patente ausência de correlação entre osfundamentos declinados pela parte autora para impugnação da sentença e aqueles efetivamente utilizados para julgamentode improcedência do pedido. Com efeito, a recorrente aduz a constitucionalidade do direito à renúncia de sua aposentadoriae do direito à concessão de idêntico benefício com o incremento do tempo de contribuição, matéria que não é objeto da lide,conforme o relato antes feito, sem qualquer menção à questão efetivamente controversa nos autos (recolhimento decontribuição previdenciária sobre gratificação natalina e valores que superam o teto constitucional do benefícioprevidenciário).5. Ante o exposto, deixo de conhecer o recurso inominado, em razão da incongruência entre os fundamentos de fato e dedireito apresentados na impugnação e na sentença atacada (art. 514, II, do Código de Processo Civil). Deixo de condenar aparte autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios, tendo-se em vista o benefício de gratuidade de justiçadeferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50).6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

39 - 0000776-95.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000776-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO DOS SANTOS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000776-95.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000776-6/01)RECORRENTE: BENEDITO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

1. BENEDITO DOS SANTOS interpôs Embargos de Declaração contra decisão monocrática que, com base no artigo 4º, daLei n. 10.259/01, negou seguimento ao recurso inominado interposto contra sentença que julgou extinto o processo, semresolução do mérito, nos termos do artigo 267, VI, do Código de Processo Civil. Alega que a decisão é obscura porque asTurmas Recursais do Espírito Santo revogaram o seu enunciado n. 12 e admitem a interposição de recursos contrasentenças terminativas. Aduz que, no caso concreto, o não reconhecimento do recurso implicaria negativa de jurisdiçãoquanto a pedido e período não abrangidos pela demanda anteriormente proposta.2. Embora tenha entendimento pessoal de que os embargos de declaração podem ser interpostos contra qualquermanifestação judicial com conteúdo decisório, observo que a jurisprudência majoritária é favorável à admissão dosembargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir a decisão monocrática do relator impugnada, como agravoregimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDcl no ARESP519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 09.10.2014), sendo essa a regra veiculada pelo art.6º, §5º do Regimento Interno das Turmas Recusais do Espírito Santo.3. Com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar erro grosseiro, tendo sidoobservado o prazo recursal, os presentes embargos de declaração são admitidos como agravo regimental.4. É o relatório do necessário. Passo a decidir.5. A revogação do enunciado n. 12, das Turmas Recursais do Espírito Santo, não afasta a aplicação do disposto no artigo4º da Lei n. 10.259/01.6. No caso concreto, o recorrente ajuízara, em 27/04/2009, a ação atuada sob o n. 0000424.11.2009.4.02.5052, na qualpedira a condenação do INSS a conceder o benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo(26/02/2009) e convertê-lo em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento de existência de incapacidade laborativa, porser portador de problemas na coluna.7. Em 09/06/2011, ajuizou a presente ação, com pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença n.545.301.465-9, requerido em 13/05/2011, e a sua conversão em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento deexistência de incapacidade laborativa, por ser portador de problemas na coluna. Embora o autor tenha requerido orestabelecimento do benefício, verifica-se que não houve concessão administrativa a ensejar o restabelecimento (fl. 6).Quando o autor ajuizou a presente ação, pedido idêntico já estava sendo analisado nos autos da ação n.0000424.11.2009.4.02.5052. Logo, considerando que o objeto da ação n. 0000424.11.2009.4.02.5052 é a condenação doINSS a conceder o benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (26/02/2009) e a convertê-loem aposentadoria por invalidez, a sentença terminativa, que extinguiu o processo por identificar litispendência, não implicanegativa de jurisdição.8. Posto isso, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento.9. Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos.10. Publique-se.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

40 - 0003800-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003800-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x THIAGO LEMES DE ANDRADE.RECURSO Nº 0003800-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003800-6/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: THIAGO LEMES DE ANDRADERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AJUDA DE CUSTO. PROCURADOR DA REPÚBLICA.1. A remoção a pedido de membro do Ministério Público Federal é realizada para a consecução do interesse público, motivopor que é devida a correspondente ajuda de custo.2. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

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RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 80/95, contra sentença proferida pela MM. Juíza do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 70/73), que julgou procedente pedido para condená-la ao pagamento de ajuda decusto, correspondente ao subsídio do mês de julho de 2012, atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios.Sustenta que a indenização por ajuda de custo e transporte somente é devida se a remoção for feita ex officio, nos termosdo art. 227, I, alínea ‘a’, e III, alínea ‘a’, §8º, da Lei Complementar n. 75/93, razão por que seu pagamento seria indevido nahipótese em que o deslocamento deu-se por pedido singular (arts. 209 e 212, da Lei Complementar n. 75/93). Alega que aatualização monetária deve observar a regra prevista pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09.

02. A parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 100).

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. No presente recurso, o pedido do cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido. A recorrente sustenta que o pagamento da indenizaçãonão teria amparo legal, porquanto ela se deu por pedido singular, hipótese não abrangida pelo art. 227, I, alínea ‘a’, e III,alínea ‘a’, §8º, da Lei Complementar n. 75/93. Contudo, assinalo que a candidatura do recorrido foi apresentada apóspublicação de edital com vagas abertas para remoção de Procuradores da República (fls. 12/20), não sendo correto afirmarque o deslocamento gerado não pretendesse a consecução do interesse público, inerente ao exercício das atribuições docargo ocupado pelo recorrido. O fato de a chefia do Ministério Público Federal não ter efetuado a remoção da parte autoraao seu alvedrio não elimina a identidade de propósitos constatada quando tal vaga é promovida ex officio ou por pedidosingular, uma vez que a sua oferta foi antecedida por uma avaliação feita pela direção do órgão quanto à maior urgência nopreenchimento das vagas disponíveis.

06. A coincidência do interesse do recorrido com a necessidade dos seus serviços também atrai a regra do art. 53,da Lei n. 8.112/90, inexistindo fundamento legítimo para que os membros do Ministério Público Federal tenham umtratamento mais gravoso do que aquele concedido aos demais servidores públicos federais em igual situação, razão porque a regra de extensão prevista pelo art. 287, § 2º, da Lei Complementar n. 75/93, aplica-se à presente hipótese. Em apoioa esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento doAGRESP 1.128.630 (Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 02.08.2010):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. MAGISTRADO. REMOÇÃO A PEDIDO. AJUDA DE CUSTO. DIREITORECONHECIDO. 1. A jurisprudência desta Casa firmou-se no sentido de que a remoção a pedido do magistrado também éefetuada no interesse da Administração, razão pela qual é devida a correspondente a ajuda de custo. Precedentes. 2.Agravo regimental a que se nega provimento.

07. No que tange à atualização monetária, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, semredução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição daRepública de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de naturezatributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, porconseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09,por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional,no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualizaçãomonetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituiçãoda República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esseregime.

08. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade

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de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer o entendimento de que, na presentesituação, aplica-se o IPCA (cf. AGRESP 1398307/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 25/10/2013).

09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, por não ter a parte contratado advogadopara representá-la judicialmente, o que infirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial,uma vez que não há custo a ser ressarcido.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

41 - 0001935-81.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001935-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ELIZA PEPE PEREIRA (ADVOGADO: ES004525 -ADELIA DE SOUZA FERNANDES.).RECURSO Nº 0001935-81.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001935-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIZA PEPE PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. ACÓRDÃO QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO DO INSS PARA JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL. OMISSÃO. TUTELA ANTECIPADAREVOGADA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

ELIZA PEPE PEREIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 163/166, para fins de prequestionamento,contra acórdão prolatado às fls. 157/160 ao argumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta quenão utilizou o período laborado em escola particular para efeito de aposentadoria como servidora pública. Afirma que faz jusà aposentadoria integral por tempo de serviço, na qualidade de professora da educação básica. Invoca o § 5º, do artigo 40da Constituição da República de 1988.

02. INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 168/172, contra acórdão prolatado às fls. 157/160 aoargumento de existência de omissão e contradição. Aduz que, embora o acórdão embargado tenha dado provimento aorecurso da autarquia, silenciou sobre a restituição de valores pagos ao segurado por força de tutela antecipadaposteriormente revogada. Afirma que o Superior Tribunal de Justiça entende que é devido o ressarcimento em da verba emtal hipótese. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

03. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Passando-se ao exame de possíveis vícios alegados pela parte autora, da leitura do acórdão ora guerreado,verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados,não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pelairresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não écabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou de

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obscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Em análise do possíveis vícios alegados pelo INSS, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil,destaco que não houve manifestação expressa acerca da matéria tratada nos embargos de declaração, o que autoriza oprovimento parcial do recurso, de modo a esclarecer o julgado.

06. Inicialmente saliento que, a despeito da omissão no acórdão no tocante à revogação da antecipação dos efeitosda tutela, trata-se de consectário lógico do julgado, que deu provimento ao recurso do INSS para julgar improcedente opedido. Com efeito, prolatado acórdão no sentido da improcedência do pedido, não se pode cogitar da subsistência datutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art.273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

07. Em análise dos argumentos apresentados pela Embargante, saliento minha convicção pessoal de que a parte,que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão dotítulo e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assimefetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunalde Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.

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11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

08. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração da parte autora e, no mérito, nego-lhes provimento. Conheçoos Embargos de Declaração do INSS e, no mérito, dou-lhes provimento, para que conste, no acórdão recorrido, arevogação da tutela antecipada deferida na sentença, com a determinação de restituição ao INSS dos valores recebidospela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

42 - 0100910-65.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.100910-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO ROCHA(ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.).RECURSO Nº 0100910-65.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.100910-2/01)RECORRENTE: GERALDO ROCHARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDPGPE – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERALDE CARGOS DO PODER EXECUTIVO. GRATIFICAÇÃO PRO LABORE FACIENDO. EFEITO RETROATIVO DAAVALIAÇÃO. AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO apagar-lhe mensalmente a diferença entre os valores recebidos pelos servidores em atividade e os inativos relacionados àGDPGPE – Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, até que seja iniciada a avaliaçãodo desempenho dos servidores ativos, bem como as parcelas vencidas sob esse título, atualizadas monetariamente eacrescidas de juros moratórios. Sustenta que o pagamento de valores distintos viola o princípio da isonomia, tal comoveiculado na Súmula Vinculante n. 20, do Supremo Tribunal Federal; o art. 40, §8º, da Constituição da República de 1988; eo art. 189, da Lei n. 8.112/90.2. A UNIÃO não apresentou contrarrazões, apesar de intimada (fl. 85).3. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. A Medida Provisória n. 431/2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.784/2008, acrescentou o art. 7º-A à Lei n.11.357/2006, para instituir a GDPGPE - Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo,calculada numa faixa de pontuação variável de 30 a 100, apurada a partir dos resultados obtidos nas avaliações dodesempenho institucional e individual do servidor. O art. 7º-A, §7º, dispõe que, até a regulamentação da GDPGPE e aobtenção dos resultados da primeira avaliação institucional e individual, os servidores inseridos no Plano Geral de Cargosdo Poder Executivo perceberão a GDPGPE no “valor correspondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo,observada a classe e o padrão do servidor”. Contudo, o §6º, do mesmo dispositivo legal, preconiza que “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor”.5. A parte autora afirma que a disciplina legal da GDPGPE para os aposentados e pensionistas é contrária ao princípio daisonomia (arts. 5º, caput, 40, §8º, da Constituição da República de 1988), porque prevê que o pagamento dela ocorrerá empatamares distintos daqueles utilizados para cálculo da verba recebida por seus homólogos em atividade (art. 7º-A, §4º, daLei 11.357/2006, com a redação dada pela Lei n. 11.784/2008)6. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha declarado a inconstitucionalidade de gratificação de desempenho paga, comvalores distintos, a servidores em atividade e a aposentados ou pensionistas que faziam jus à paridade, enquanto nãorealizada a avaliação prevista em lei (Súmula Vinculante n. 20), observo que o tratamento desigual não resta configurado napresente hipótese, uma vez que o exame do cumprimento das metas institucional e individual do servidor ativo terá efeitoretroativo que repercutirá no montante recebido a título de GDPGPE, a qual será compensada nas parcelas vincendas,caso haja uma avaliação que resulte numa pontuação maior, ou menor, a 80. Em obediência a tal determinação, foi editadoo Decreto n. 7.133/2010, cujo art. 1º, I, estabeleceu os critérios de avaliação dos servidores em atividade, tendo sidoposteriormente publicadas portarias para especificação dos elementos a serem observados na fixação de metasinstitucionais e individuais. Portanto, confirmada a natureza de gratificação pro labore faciendo, não há infração ao previsto

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no art. 40, §8º, da Constituição da República de 1988; e no art. 189, da Lei n. 8.112/90.7. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do STJ: EDcl no ARESP 429.853/PE (Segunda Turma, Rel.Min. Herman Benjamin, DJE 27.03.2014); AgRg no ARESP 302.738/CE (Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJE04.09.2013); RESP 1.368.150/PE (Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 25.04.2013).8. Não obstante tal fundamentação, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 631.389/CE (Pleno, Rel. Min. MarcoAurélio, DJE 02.06.2014) no regime de repercussão geral, decidiu que a GDPGPE, no percentual de 80 pontos, é extensívelaos servidores inativos e pensionistas, enquanto não adotadas as medidas para avaliação de desempenho dos servidoresem atividade, não tendo bastado, para tanto, a edição do Decreto n. 7.133/2010. Na presente hipótese, a parte autoraintegra o quadro dos servidores do Ministério dos Transportes, no qual a avaliação de desempenho aludida foi divulgada em29/10/2010, data da publicação da Portaria n. 2592 (fl. 45).9. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no IPCA/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, o SuperiorTribunal de Justiça, no julgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013), noregime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, entendeu aplicável o IPCA/IBGE como índice de atualização monetáriapara as condenações arcadas pela Fazenda Pública, quando inexistir regra especial em sentido diverso.11. Recurso conhecido e provido para condenar a UNIÃO a pagar a GDPGPE no valor correspondente a 80 pontos até odia anterior a 29/10/2010. O pagamento das diferenças devidas deverá sofrer atualização monetária pela incidência doIPCA/IBGE da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final que deverá embasar aexpedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão ser computados de acordo com o disposto pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95 (fl. 33).12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

43 - 0001978-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001978-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MARLENE NEVESSTOFEL DE LIMA (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).RECURSO Nº 0001978-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001978-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE NEVES STOFEL DE LIMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS PARAJULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL. OMISSÃO. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO DOSVALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 135/139, contra acórdão prolatado às fls. 129/132 ao argumentode existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que, embora o acórdão embargado tenha dado provimento aorecurso da autarquia, silenciou sobre a restituição de valores pagos ao segurado por força de tutela antecipadaposteriormente revogada. Afirma que o Superior Tribunal de Justiça entende que é devido o ressarcimento em da verba em

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tal hipótese. Requer o provimento do recurso, de modo a sanar as falhas apontadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não houve manifestação expressa acerca da matéria tratada nos embargos dedeclaração, o que autoriza o provimento parcial do recurso, de modo a esclarecer o julgado.

04. Inicialmente saliento que, embora omisso o acórdão no tocante à revogação da antecipação dos efeitos da tutela,trata-se de consectário lógico do julgado, que deu provimento ao recurso do INSS para julgar improcedente o pedido. Comefeito, prolatado acórdão no sentido da improcedência do pedido, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada,ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, doCódigo de Processo Civil).

05. Em análise dos argumentos apresentados pela Embargante, saliento minha convicção pessoal de que a parte,que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão dotítulo e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assimefetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunalde Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintes

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parâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

06. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento, para que conste, no acórdãorecorrido, a revogação da tutela antecipada deferida na sentença, com a determinação de restituição ao INSS dos valoresrecebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

44 - 0108432-40.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.108432-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALTER CORREA DAROCHA (ADVOGADO: ES007962 - ANA IZABEL VIANA GONSALVES, ES003373 - GILDO RIBEIRO DA SILVA, ES013258- VINICIUS BIS LIMA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.).RECURSO Nº 0108432-40.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.108432-4/01)RECORRENTE: WALTER CORREA DA ROCHARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDPGPE – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERALDE CARGOS DO PODER EXECUTIVO. GRATIFICAÇÃO PRO LABORE FACIENDO. EFEITO RETROATIVO DAAVALIAÇÃO. AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO apagar-lhe mensalmente a diferença entre os valores recebidos pelos servidores em atividade e os inativos relacionados àGDPGPE – Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, até que seja iniciada a avaliaçãodo desempenho dos servidores ativos, bem como as parcelas vencidas sob esse título, atualizadas monetariamente eacrescidas de juros moratórios. Sustenta que o pagamento de valores distintos viola o princípio da isonomia e o art. 40, §8º,da Constituição da República de 1988.2. A UNIÃO não apresentou contrarrazões, apesar de intimada (fl. 68).3. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. A Medida Provisória n. 431/2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.784/2008, acrescentou o art. 7º-A à Lei n.11.357/2006, para instituir a GDPGPE - Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo,calculada numa faixa de pontuação variável de 30 a 100, apurada a partir dos resultados obtidos nas avaliações dodesempenho institucional e individual do servidor. O art. 7º-A, §7º, dispõe que, até a regulamentação da GDPGPE e aobtenção dos resultados da primeira avaliação institucional e individual, os servidores inseridos no Plano Geral de Cargosdo Poder Executivo perceberão a GDPGPE no “valor correspondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo,observada a classe e o padrão do servidor”. Contudo, o §6º, do mesmo dispositivo legal, preconiza que “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor”.5. A parte autora afirma que a disciplina legal da GDPGPE para os aposentados e pensionistas é contrária ao princípio daisonomia (arts. 5º, caput, 40, §8º, da Constituição da República de 1988), porque prevê que o pagamento dela ocorrerá empatamares distintos daqueles utilizados para cálculo da verba recebida por seus homólogos em atividade (art. 7º-A, §4º, daLei 11.357/2006, com a redação dada pela Lei n. 11.784/2008)6. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha declarado a inconstitucionalidade de gratificação de desempenho paga, comvalores distintos, a servidores em atividade e a aposentados ou pensionistas que faziam jus à paridade, enquanto nãorealizada a avaliação prevista em lei (Súmula Vinculante n. 20), observo que o tratamento desigual não resta configurado napresente hipótese, uma vez que o exame do cumprimento das metas institucional e individual do servidor ativo terá efeitoretroativo que repercutirá no montante recebido a título de GDPGPE, a qual será compensada nas parcelas vincendas,caso haja uma avaliação que resulte numa pontuação maior, ou menor, a 80. Em obediência a tal determinação, foi editadoo Decreto n. 7.133/2010, cujo art. 1º, I, estabeleceu os critérios de avaliação dos servidores em atividade, tendo sidoposteriormente publicadas portarias para especificação dos elementos a serem observados na fixação de metasinstitucionais e individuais. Portanto, confirmada a natureza de gratificação pro labore faciendo, não há infração ao previstono art. 40, §8º, da Constituição da República de 1988; e no art. 189, da Lei n. 8.112/90.7. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do STJ: EDcl no ARESP 429.853/PE (Segunda Turma, Rel.Min. Herman Benjamin, DJE 27.03.2014); AgRg no ARESP 302.738/CE (Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJE

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04.09.2013); RESP 1.368.150/PE (Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 25.04.2013).8. Não obstante tal fundamentação, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 631.389/CE (Pleno, Rel. Min. MarcoAurélio, DJE 02.06.2014) no regime de repercussão geral, decidiu que a GDPGPE, no percentual de 80 pontos, é extensívelaos servidores inativos e pensionistas, enquanto não adotadas as medidas para avaliação de desempenho dos servidoresem atividade, não tendo bastado, para tanto, a edição do Decreto n. 7.133/2010. Na presente hipótese, a parte autoraintegra o quadro dos servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no qual a avaliação dedesempenho aludida foi divulgada em 23/12/2010, data da publicação da Portaria n. 1213.9. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no IPCA/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, o SuperiorTribunal de Justiça, no julgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013), noregime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, entendeu aplicável o IPCA/IBGE como índice de atualização monetáriapara as condenações arcadas pela Fazenda Pública, quando inexistir regra especial em sentido diverso.11. Recurso conhecido e provido para condenar a UNIÃO a pagar a GDPGPE no valor correspondente a 80 pontos até odia anterior a 23/12/2010. O pagamento das diferenças devidas deverá sofrer atualização monetária pela incidência doIPCA/IBGE da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final que deverá embasar aexpedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão ser computados de acordo com o disposto pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95 (fl. 17).12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

45 - 0005149-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005149-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JANICE MUNIZ DE MELO.) x ANTONIO CABRAL SOBRINHO (ADVOGADO:ES013765 - SAULO NASCIMENTO COUTINHO, ES013876 - MARIA NAZARET DE CASTRO BATISTA.).RECURSO Nº 0005149-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005149-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO CABRAL SOBRINHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

ANTÔNIO CABRAL SOBRINHO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 270/274, contra acórdão proferido àsfls. 262/267 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, que o julgado é contraditório e omisso, porquantoconsiderou que a suspensão do pagamento do benefício teria ocorrido em dezembro de 2000 e os documentos dos autoscomprovariam que a suspensão ocorrera em 2003. Alega, ainda, que o julgado é obscuro no que tange ao reconhecimentoda prescrição. Sustenta que o pedido de condenação da autarquia ao pagamento de dano moral se refere aos danosprovocados no período em que o benefício previdenciário esteve suspenso (01/2003 – data do último pagamento a 08/2006- quando teria ocorrido o trânsito em julgado da sentença que determinou o restabelecimento do benefício).

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02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dospedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novojulgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado.Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamenteanalisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Insta salientar que no acórdão recorrido destacou-se que:“06. Da leitura da petição inicial, verifico que o pedido para que o réu seja condenado ao pagamento de indenizaçãopor dano moral apóia-se nos transtornos sofridos pelo demandante após a suspensão do pagamento de sua aposentadoria,o que teria lhe causado privação econômica e comprometimento do pagamento pontual de suas obrigações. Contudo, apresente ação somente foi proposta em 07 de agosto de 2008 (fl. 01), mais de cinco anos depois da ciência docancelamento do benefício em dezembro de 2000. Embora o INSS tenha arguido a prescrição da pretensão de acordo como disposto pelo art. 206, §3º, V, do Código Civil, o Juízo a quo rejeitou a exceção, uma vez que a propositura de ação em2003 teria acarretado a interrupção da fluência do prazo, que somente foi iniciado a partir do trânsito em julgado dasentença que restabeleceu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição em 2006. 07. Entretanto,assinalo que a suspensão do benefício foi ato que teria infringido o direito do segurado de aposentar-se com o cômputo doperíodo de trabalho prestado em condição especial e também violado os seus direitos da personalidade, o que constituiriacausa para a indenização pleiteada pelos danos morais. Em que pese à origem comum da lesão aos seus direitospatrimoniais e da personalidade, a parte autora somente ingressou em juízo, em 2003, para ver condenado o INSS aimplantar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mantendo-se inerte quanto ao exercício de suapretensão para obter reparação pecuniária pelos danos morais suportados. Desse modo, a hipótese prevista pelo art. 202, I,do Código Civil, não se aplica à hipótese, porque a convicção sobre a existência do dano patrimonial não é questãoprejudicial à eventual existência de dever de pagamento de indenização por dano moral, oriundo da lesão aos direitos dapersonalidade do segurado (fls. 264/265).08. Logo, por ser a prescrição questão sujeita ao conhecimento de ofício do julgador (art. 219, §5º, do Código deProcesso Civil), constato a sua configuração no presente recurso, porquanto a ação para que o INSS fosse condenado aopagamento de indenização por danos morais somente foi proposta em 07 de agosto de 2008, quando já transcorrido oprazo quinquenal positivado pelo art. 1º, do Decreto n. 20.910/32, que teria se iniciado com a ciência inequívoca do atoadministrativo que suspendeu o pagamento do benefício em dezembro de 2000.”

04. Conquanto o Embargante sustente que o acórdão faça referência a datas que não correspondem aosacontecimentos que lhe são relacionados, assinalo que os fatos narrados na petição inicial se referem à comunicação dasuspensão do benefício em junho de 2000 (fl. 103), e à efetivação do ato de cassação, que teria ocorrido em dezembro de2002 (fl. 04). A conclusão sufragada no acórdão atacado observou que os danos morais alegados tiveram origem noconhecimento da atuação administrativa do INSS para interromper o pagamento do benefício. O conteúdo desseentendimento, lastreado na análise do acervo probatório e nas alegações jurídicas expendidas pelas partes, não pode sersuperado mediante a interposição dos Embargos de Declaração, uma vez que ele não configura vício de omissão,contradição ou obscuridade a ser sanado pela via processual eleita. Ademais, ainda que tomada a data de cancelamento dobenefício como marco inicial do prazo de decadência (dezembro de 2002), a pretensão autoral também estaria prescrita.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

46 - 0104160-09.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.104160-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMIR ADRIANO DA SILVA

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(ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRAMOREIRA.).RECURSO Nº 0104160-09.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.104160-5/01)RECORRENTE: EMIR ADRIANO DA SILVARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDPGPE – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERALDE CARGOS DO PODER EXECUTIVO. GRATIFICAÇÃO PRO LABORE FACIENDO. EFEITO RETROATIVO DAAVALIAÇÃO. AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO apagar-lhe mensalmente a diferença entre os valores recebidos pelos servidores em atividade e os inativos relacionados àGDPGPE – Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, até que seja iniciada a avaliaçãodo desempenho dos servidores ativos, bem como as parcelas vencidas sob esse título, atualizadas monetariamente eacrescidas de juros moratórios. Sustenta que o pagamento de valores distintos viola o princípio da isonomia, tal comoveiculado na Súmula Vinculante n. 20, do Supremo Tribunal Federal; o art. 40, §8º, da Constituição da República de 1988; eo art. 189, da Lei n. 8.112/90.2. A UNIÃO não apresentou contrarrazões, apesar de intimada (fl. 82).3. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. A Medida Provisória n. 431/2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.784/2008, acrescentou o art. 7º-A à Lei n.11.357/2006, para instituir a GDPGPE - Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo,calculada numa faixa de pontuação variável de 30 a 100, apurada a partir dos resultados obtidos nas avaliações dodesempenho institucional e individual do servidor. O art. 7º-A, §7º, dispõe que, até a regulamentação da GDPGPE e aobtenção dos resultados da primeira avaliação institucional e individual, os servidores inseridos no Plano Geral de Cargosdo Poder Executivo perceberão a GDPGPE no “valor correspondente a 80% (oitenta por cento) de seu valor máximo,observada a classe e o padrão do servidor”. Contudo, o §6º, do mesmo dispositivo legal, preconiza que “o resultado daprimeira avaliação gera efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 2009, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor”.5. A parte autora afirma que a disciplina legal da GDPGPE para os aposentados e pensionistas é contrária ao princípio daisonomia (arts. 5º, caput, 40, §8º, da Constituição da República de 1988), porque prevê que o pagamento dela ocorrerá empatamares distintos daqueles utilizados para cálculo da verba recebida por seus homólogos em atividade (art. 7º-A, §4º, daLei 11.357/2006, com a redação dada pela Lei n. 11.784/2008)6. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha declarado a inconstitucionalidade de gratificação de desempenho paga, comvalores distintos, a servidores em atividade e a aposentados ou pensionistas que faziam jus à paridade, enquanto nãorealizada a avaliação prevista em lei (Súmula Vinculante n. 20), observo que o tratamento desigual não resta configurado napresente hipótese, uma vez que o exame do cumprimento das metas institucional e individual do servidor ativo terá efeitoretroativo que repercutirá no montante recebido a título de GDPGPE, a qual será compensada nas parcelas vincendas,caso haja uma avaliação que resulte numa pontuação maior, ou menor, a 80. Em obediência a tal determinação, foi editadoo Decreto n. 7.133/2010, cujo art. 1º, I, estabeleceu os critérios de avaliação dos servidores em atividade, tendo sidoposteriormente publicadas portarias para especificação dos elementos a serem observados na fixação de metasinstitucionais e individuais. Portanto, confirmada a natureza de gratificação pro labore faciendo, não há infração ao previstono art. 40, §8º, da Constituição da República de 1988; e no art. 189, da Lei n. 8.112/90.7. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do STJ: EDcl no ARESP 429.853/PE (Segunda Turma, Rel.Min. Herman Benjamin, DJE 27.03.2014); AgRg no ARESP 302.738/CE (Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJE04.09.2013); RESP 1.368.150/PE (Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 25.04.2013).8. Não obstante tal fundamentação, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 631.389/CE (Pleno, Rel. Min. MarcoAurélio, DJE 02.06.2014) no regime de repercussão geral, decidiu que a GDPGPE, no percentual de 80 pontos, é extensívelaos servidores inativos e pensionistas, enquanto não adotadas as medidas para avaliação de desempenho dos servidoresem atividade, não tendo bastado, para tanto, a edição do Decreto n. 7.133/2010. Na presente hipótese, a parte autoraintegra o quadro dos servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no qual a avaliação dedesempenho aludida foi divulgada em 23/12/2010, data da publicação da Portaria n. 1213 (fl. 39).9. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no IPCA/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do

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crédito a ser pago sob esse regime.10. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, o SuperiorTribunal de Justiça, no julgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013), noregime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, entendeu aplicável o IPCA/IBGE como índice de atualização monetáriapara as condenações arcadas pela Fazenda Pública, quando inexistir regra especial em sentido diverso.11. Recurso conhecido e provido para condenar a UNIÃO a pagar a GDPGPE no valor correspondente a 80 pontos até odia anterior a 23/12/2010. O pagamento das diferenças devidas deverá sofrer atualização monetária pela incidência doIPCA/IBGE da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final que deverá embasar aexpedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão ser computados de acordo com o disposto pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95 (fl. 23).12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

47 - 0000227-76.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000227-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: VIVIANE MILED MONTEIRO CALIL SALIM.) x JOSÉ SILVEIRA (ADVOGADO:ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).RECURSO Nº 0000227-76.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000227-8/01)RECORRENTE: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERECORRIDO: JOSÉ SILVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DA SEGURIDADESOCIAL E DO TRABALHO – GDASST. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE CARREIRA DA PREVIDÊNCIA DASAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. RECURSO DA FUNASA CONHECIDO E DESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DEOFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. A Gratificação de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho - GDASST foi instituída enquanto gratificação pro laborefaciendo, com o propósito de prestigiar o mérito e a eficiência dos servidores no exercício de suas atribuições no PoderExecutivo (art. 6o da Lei n. 10.483/2002). Sob a égide da Lei n. 10.483/2002, conforme seu art. 8º, inciso II e parágrafoúnico, os aposentados e pensionistas recebê-la-iam no equivalente a 10 (dez) pontos, enquanto os ativos recebê-la-iam noequivalente a 40 (quarenta) pontos, até 31 de maio de 2002, e 60 (sessenta) pontos a partir dessa data (arts. 11 e 13 daLei). Embora este Juízo tenha externado em decisões anteriores que a incongruência entre tais percentuais justificava-secom esteio na natureza da gratificação instituída, há que se ressaltar que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, emjulgamento do RE 572.052-DF (Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Dje 17.04.2009), decidiu que o montante pago aosservidores ativos, independentemente de avaliação, deveria ser estendido aos aposentados e pensionistas, porqueconstituiria gratificação geral (art. 7o, da Emenda Constitucional n. 41/2003).2. A Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho (GDPST) também foi instituída comopro labore faciendo, uma vez que buscava prestigiar o mérito e a eficiência dos servidores no exercício de suas atribuiçõesno Poder Executivo. Ainda que tenha manifestado em decisões anteriores que a incongruência entre tais percentuaisjustificava-se com esteio na natureza da gratificação instituída, há que se ressaltar que o Pleno do Supremo TribunalFederal, em julgamento do RE 476.279-DF (Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 15.06.2007, p. 21), decidiu que o montantepago aos servidores ativos, independentemente de avaliação, deveria ser estendido aos aposentados e pensionistas,porque constituiria gratificação geral (art. 7o, da Emenda Constitucional n. 41/2003).3. Recurso da FUNASA conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo daatualização monetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Juros moratórioscomputados de acordo com o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Semcustas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre ovalor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

A FUNASA interpõe recurso inominado, às fls. 126/151, contra sentença (fls. 115/122) proferida pelo MM. Juiz do Juizado

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Especial Federal da Serra que julgou parcialmente procedente o pedido para condená-la a pagar à parte autora a GDASST,desde a data da vigência da Lei n. 10.483/2002 até a instituição da GDPST, bem como a GDPST no período de 01/03/2008a 15/12/2010, no percentual equivalente ao auferido pelos servidores em atividade. Sustenta que a GDASST e a GDPSTpossuem caráter personalíssimo, com nítido cunho pro labore faciendo, e foram instituídas pelo legislador com o objetivo deremunerar os servidores conforme o desempenho individual e institucional. Pede, subsidiariamente, a reforma parcial dasentença para reduzir o período da condenação, fixando como termo inicial a data da publicação da MP 441/2008(29/08/2008) e, como marco final, a data da publicação do Decreto n. 7.133/10 (22/03/2010).

02. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 155/162, nas quais requer o desprovimento do recurso.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Para melhor resolução da questão controversa, faz-se mister traçar breve escorço histórico sobre o tratamentoconstitucional previsto aos proventos pagos aos servidores inativos e aos pensionistas. A Constituição da República de1988, em sua redação original, dispunha em seu art. 40, §§4º e 5º:“Art. 40 – O servidor será aposentado:...................§4º - Os proventos de aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar aremuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos inativos quaisquer benefício ou vantagensposteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificaçãodo cargo ou função em que se de a aposentadoria, na forma da lei.§5º - O benefício da pensão por morte corresponderá à totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, até olimite estabelecido em lei, observado o disposto no parágrafo anterior.”

06. Promulgada a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998, a redação do art. 40, §§4º e 5º, foimodificada, bem como houve a inclusão do §8º àquele dispositivo constitucional, o qual preconizava:“Art. 40 – Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídassuas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo..........................§8º - Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporçãoe na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aosaposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores ematividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu aaposentadoria ou que serviu de referência para a concessão de pensão, na forma da lei.”

07. A Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, já vigente à data da edição da Medida Provisória n.198, de 15 de julho de 2004, posteriormente convertida na Lei n. 10.971/2004, conferiu novo texto ao art. 40, §8º, daConstituição da República de 1988, que passou a dispor, in verbis:“Art. 40 – Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídasuas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuiçãoo respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos, dos pensionistas, observados os critérios que preservem oequilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo..............................§8º - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conformecritérios estabelecidos em lei.”

08. No entanto, o art. 7º, da Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, fez ressalva expressa quantoà modulação temporal do novo regime jurídico nos seguintes termos:“Art. 7º - Observado o disposto no art. 37, XI da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidorespúblicos titulares de cargos efetivos e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como osproventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serãorevistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidosaos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do caro ou função em quese deu a aposentadoria ou que serviu de referência pra a concessão da pensão, a forma da lei.”

09. Da leitura dos textos acima transcritos dessume-se que: i) a Constituição da República de 1988, em sua redaçãooriginal, garantia que proventos e pensões seriam revistos, na mesma proporção e data de reajuste da remuneração dosservidores públicos ativos, sendo assegurados aos aposentados e pensionistas os mesmos benefícios e vantagensconcedidas aos seus homólogos em atividade, ainda que decorrentes de transformação ou reclassificação de cargo oufunção; ii) a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998, conservou tal regra, acrescendo que o valor dosproventos e pensões deveria observar o limite remuneratório máximo dos servidores públicos, consoante a norma veiculada

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pelo art. 37, XI; e iii) a Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, excluiu do texto constitucional previsãoquanto ao tratamento isonômico remuneratório entre os servidores ativos e inativos, assegurando apenas, aos jubilados eaos pensionistas, a manutenção do valor real de seus benefícios, preservando, porém, regime anterior em prol daquelesque já fruíam seus benefícios em data anterior a 19 de dezembro de 2003.

10. No caso em análise, não é controverso que parte autora já era aposentada quando da publicação da Lei nº.10.971/2004; portanto, há substrato jurídico a amparar o pleito para que fosse mantida a paridade com os vencimentospagos aos servidores em atividade à luz do art. 3o, §2o, da Emenda Constitucional n. 41/2003. Contudo, a despeito daexistência desse lastro constitucional ao pedido formulado, há que se destacar que a Gratificação de Atividade daSeguridade Social e do Trabalho - GDASST foi instituída enquanto gratificação pro labore faciendo, com o propósito deprestigiar o mérito e a eficiência dos servidores no exercício de suas atribuições no Poder Executivo (art. 6o da Lei n.10.483/2002). 11. Observa-se que, sob a égide da Lei n. 10.483/2002, conforme seu art. 8º, inciso II e parágrafo único, osaposentados e pensionistas recebê-la-iam no equivalente a 10 (dez) pontos, enquanto os ativos recebê-la-iam noequivalente a 40 (quarenta) pontos, até 31 de maio de 2002, e 60 (sessenta) pontos a partir dessa data (arts. 11 e 13 daLei). Embora este Juízo tenha externado em decisões anteriores que a incongruência entre tais percentuais justificava-secom esteio na natureza da gratificação instituída, há que se ressaltar que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, emjulgamento do RE 572.052-DF (Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Dje 17.04.2009), decidiu que o montante pago aosservidores ativos, independentemente de avaliação, deveria ser estendido aos aposentados e pensionistas, porqueconstituiria gratificação geral (art. 7o, da Emenda Constitucional n. 41/2003).

12. Contudo, o recebimento da Gratificação de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho (GDASST) fica limitadaaté 01 de março de 2008, ante a sua extinção pela Lei n. 11.784/2008 (art. 39 da lei, que alterou o art. 5 da Lei no11.355/2006), quando passa a vigorar a GDPST, como se passará a analisar.

13. Sabe-se que a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho (GDPST)também foi instituída como pro labore faciendo, uma vez que buscava prestigiar o mérito e a eficiência dos servidores noexercício de suas atribuições no Poder Executivo. Tal ilação é confirmada pelo art. 5º-B da Lei n. 11.355/2006, incluído pelaLei n. 11.784/2008, que, ao cuidar do sistema de avaliação para cômputo das gratificações, dispõe verbis:Art. 5o-B. Fica instituída, a partir de 1o de março de 2008, a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, daSaúde e do Trabalho - GDPST, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da Carreira da Previdência, da Saúdee do Trabalho, quando lotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo no Ministério daPrevidência Social, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e Emprego e na Fundação Nacional de Saúde -FUNASA, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional dorespectivo órgão e da entidade de lotação. § 1o A GDPST será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor,correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo IV-B desta Lei,produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de março de 2008. § 2o A pontuação referente à GDPST será assim distribuída: I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; e II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional. § 3o Os valores a serem pagos a título de GDPST serão calculados multiplicando-se o somatório dos pontos auferidos nasavaliações de desempenho individual e institucional pelo valor do ponto constante do Anexo IV-B desta Lei de acordo com orespectivo nível, classe e padrão. § 4o Até 31 de janeiro de 2009, a GDPST será paga em conjunto, de forma não cumulativa, com a Gratificação deAtividade de que trata a Lei Delegada no 13, de 27 de agosto de 1992, e não servirá de base de cálculo para quaisqueroutros benefícios ou vantagens. § 5o Até que sejam efetivadas as avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPSTserá paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos aos servidores alcançados pelo caput deste artigo postos àdisposição dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, conforme disposto no art. 20 da Lei no 8.270, de 17 dedezembro de 1991.

14. Em relação aos servidores aposentados, o § 6º do art. 5º-B da Lei n. 11.355/2006 preconiza:§ 6o Para fins de incorporação da GDPST aos proventos de aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintescritérios: I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDPST será: a) a partir de 1o de março de 2008, correspondente a 40% (quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e b) a partir de 1o de janeiro de 2009, correspondente a 50% (cinqüenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004: a) quando aos servidores que lhes deram origem se aplicar o disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41,de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão ospercentuais constantes do inciso I deste parágrafo; e b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junhode 2004.” 15. Procedendo-se ao cotejo entre os §§ 5º e 6º do art. 5º-B da Lei n. 11.355/2006, observa-se que enquanto nãoregulamentado o sistema de avaliação para percepção das gratificações, os servidores em atividade recebê-la-iam no total

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de 80 pontos, enquanto os inativos recebê-la-iam no valor correspondente a 40% do máximo do respectivo nível, até 01 demarço de 2008, e, a partir dessa data, 50% do máximo. Embora este Juízo tenha externado em decisões anteriores que aincongruência entre tais percentuais justificava-se com esteio na natureza da gratificação instituída, há que se ressaltar queo Pleno do Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 476.279-DF (Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 15.06.2007, p.21), decidiu que o montante pago aos servidores ativos, independentemente de avaliação, deveria ser estendido aosaposentados e pensionistas, porque constituiria gratificação geral (art. 7o, da Emenda Constitucional n. 41/2003).

16. O termo final da extensão, por paridade, é 22/11/2010 para os servidores do Ministério da Saúde (data dapublicação da Portaria 3.627/GM/MS), 15/12/2010 para os servidores da FUNASA (data da publicação da Portaria 1.743) e04/02/2011 para os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (data da publicação da Portaria 197/MTE), uma vezque, após concluída a avaliação individual, os seus efeitos retroagem a essa data, conferindo efetivo caráter pro laborefaciendo à gratificação (neste sentido, TRF da 2ª Região, 6ª Turma, AC 201051010123468 e REO 201051010122178, eTRF da 5ª Região, 4ª Turma, 00205083420114058300).

17. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

18. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE02.08.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, entendeu aplicável o IPCA/IBGE como índice deatualização monetária para as condenações arcadas pela Fazenda Pública, quando inexistir regra especial em sentidodiverso.

19. Contudo, consta da sentença que, a partir da entrada em vigor da Lei n. 11.960/09, os valores deverão sercalculados na forma do art. 5º, que alterou o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 (fl. 181). Desta feita, a admissão do IPCA/IBGEpara atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática de cálculo da correçãoadotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas deinconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetívelao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou aconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio aesse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei

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8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

20. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

21. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da atualização monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI4.425/DF, de modo a determinar a incidência do IPCA/IBGE da data em que houve o vencimento das parcelas até aapuração do cálculo final que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão sercomputados de acordo com o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009. Semcustas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre ovalor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

22. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

48 - 0001080-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001080-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES013604 - PATRICIA DE FREITAS RONCATO, ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA.) xMANOEL RAMOS DA SILVA E OUTRO.RECURSO Nº 0001080-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001080-9/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRECORRIDO: MANOEL RAMOS DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. NÃOCONHECIMENTO.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 132/134, contra acórdão proferido àsfls. 125/127, nos quais pugna que se proceda a uma retratação da decisão atacada, reconhecendo-se a ausência da boa-fédos mutuários.

02. Verificada a tempestividade do recurso, consigno que ele não deve ser conhecido, uma vez que a recorrente nãoaduz a existência de qualquer das hipóteses de cabimento previstas no art. 535, do Código de Processo Civil, para embasara sua irresignação. Com efeito, a mera alegação de que o acórdão recorrido deveria ser substituído, por ausência de boa-fédos autores, não caracteriza vício de omissão, contradição ou obscuridade a ser sanado pelos Embargos oferecidos.

03. Da leitura do acórdão guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,

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novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Insta salientar que, no acórdão recorrido, destacou-se que “No presente recurso, as partes não controvertemsobre a natureza das benfeitorias realizadas e tampouco discutem a boa-fé dos mutuários, estando a disputa limitada àexistência do dever de ressarcimento ante o estipulado pela cláusula vigésima-sexta do contrato de mútuo feneratício,celebrado para aquisição de imóvel pelas regras do Sistema Financeiro da Habitação (...)”.

05. Posto isso, não conheço os Embargos de Declaração.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

49 - 0102813-41.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102813-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x DEUNICE DOS SANTOS (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0102813-41.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102813-6/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: DEUNICE DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER efoi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente argúi a ocorrência de coisa julgada em relação à ação coletiva nº 2006.34.00.006627-7.Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dos servidores inativos do extinto DNERpara a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação do plano de cargos do DNIT ocorreu em 05de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a ação em 2013, a pretensão aoreenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 94).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Afasto a preliminar de ocorrência de coisa julgada, uma vez que o ajuizamento de ação coletiva não impede apropositura de ação individual (art. 104 da Lei 8.078/90). Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória,destaco que o instituidor da pensão era servidor inativo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e foi

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redistribuído para a União, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que osservidores em atividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Ademandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos em atividade, foi violada com apromulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especial de cargos do DNIT de formamais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

50 - 0105814-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105814-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x DINAH RAMOS DOS SANTOS (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).RECURSO Nº 0105814-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105814-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: DINAH RAMOS DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo, que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNERe foi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente argúi a ocorrência de coisa julgada em relação à ação coletiva nº 2006.34.00.006627-7.Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dos servidores inativos do extinto DNERpara a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação do plano de cargos do DNIT ocorreu em 05de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a ação em 2013, a pretensão aoreenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 105).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Afasto a preliminar de ocorrência de coisa julgada, uma vez que o ajuizamento de ação coletiva não impede apropositura de ação individual (art. 104 da Lei 8.078/90). Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória,destaco que o instituidor da pensão era servidor inativo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e foiredistribuído para a União, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que osservidores em atividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Ademandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos em atividade, foi violada com apromulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especial de cargos do DNIT de formamais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de lei

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que conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

51 - 0101608-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101608-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x PLACEDINO RIBEIRO DA SILVA (ADVOGADO: ES020468 -EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0101608-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101608-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: PLACEDINO RIBEIRO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo, que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNERe foi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dosservidores inativos do extinto DNER para a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação doplano de cargos do DNIT ocorreu em 05 de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a açãoem 2013, a pretensão ao reenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 112).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória, destaco que o autor era servidor inativo do DepartamentoNacional de Estradas de Rodagens e foi redistribuído para a União, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de05 de junho de 2001, ao passo que os servidores em atividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional deInfra-Estrutura de Transportes. O demandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos ematividade, foi violada com a promulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especialde cargos do DNIT de forma mais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC

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2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

52 - 0100907-16.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100907-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x IRENE MARQUES DA SILVA (ADVOGADO: ES020468 -EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0100907-16.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100907-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: IRENE MARQUES DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER efoi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dosservidores inativos do extinto DNER para a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação doplano de cargos do DNIT ocorreu em 05 de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a açãoem 2013, a pretensão ao reenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 184).5. É o Relatório.

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6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória, destaco que a autora era servidora inativa doDepartamento Nacional de Estradas de Rodagens e foi redistribuída para a União, por força do disposto pelo art. 117, daLei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que os servidores em atividade foram redistribuídos para o DepartamentoNacional de Infra-Estrutura de Transportes. A demandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seushomólogos em atividade, foi violada com a promulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre oplano especial de cargos do DNIT de forma mais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados epensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

53 - 0103131-87.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.103131-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x MARIA ELIETE DE SOUZA BASTOS (ADVOGADO: ES020468 -EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0103131-87.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.103131-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERAL

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RECORRIDO: MARIA ELIETE DE SOUZA BASTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo, que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNERe foi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dosservidores inativos do extinto DNER para a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação doplano de cargos do DNIT ocorreu em 05 de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a açãoem 2014, a pretensão ao reenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 123).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. A recorrente argúi que o presente feito é conexo com aquele autuado sob o n. 0103127-50.2014.4.02.5050, uma vez queo julgamento de procedência do pedido lá formulado acarretaria a produção de condenação contraditória ao pleito deduzidopela parte autora nessa demanda. Em consulta aos autos eletrônicos n. 0103127-50.2014.4.02.5050, constato que houveprolação de sentença em 18 de agosto de 2014 - já transitada em julgado - nos termos do art. 269, III, do Código deProcesso Civil, em decorrência de transação proposta pela União. Portanto, a reunião dos processos requerida não maissurtiria o efeito pretendido pela recorrente, incidindo o enunciado n. 235, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunalde Justiça, na hipótese vertente.8. Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória, destaco que destaco que a autora é pensionista deservidor inativo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens que foi redistribuído para a União, por força dodisposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que os servidores em atividade foramredistribuídos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. A demandante alega que a isonomia, a quefaria jus em relação aos seus homólogos em atividade, foi violada com a promulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembrode 2005, que dispôs sobre o plano especial de cargos do DNIT de forma mais vantajosa em comparação ao regime vigentepara os aposentados e pensionistas.9. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).10. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).11. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei

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10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

54 - 0100964-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100964-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x JACKSON SANT'ANNA SILVA (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).RECURSO Nº 0100964-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100964-6/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: JACKSON SANT'ANNA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo, que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNERe foi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente argúi a ocorrência de coisa julgada em relação à ação coletiva nº 2006.34.00.006627-7.Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dos servidores inativos do extinto DNERpara a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação do plano de cargos do DNIT ocorreu em 05de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a ação em 2013, a pretensão aoreenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 81).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Afasto a preliminar de ocorrência de coisa julgada, uma vez que o ajuizamento de ação coletiva não impede apropositura de ação individual (art. 104 da Lei 8.078/90). Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória,destaco que o autor era servidor inativo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e foi redistribuído para aUnião, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que os servidores ematividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. O demandante alega que aisonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos em atividade, foi violada com a promulgação da Lei n. 11.171, de02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especial de cargos do DNIT de forma mais vantajosa em comparaçãoao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais em

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Transportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

55 - 0101860-77.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101860-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x SEBASTIAO NASCIMENTO (ADVOGADO: ES020468 -EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0101860-77.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101860-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: SEBASTIAO NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo, que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNERe foi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para a

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competência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dosservidores inativos do extinto DNER para a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação doplano de cargos do DNIT ocorreu em 05 de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a açãoem 2013, a pretensão ao reenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 109).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória, destaco que o autor era servidor inativo do DepartamentoNacional de Estradas de Rodagens e foi redistribuído para a União, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de05 de junho de 2001, ao passo que os servidores em atividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional deInfra-Estrutura de Transportes. O demandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos ematividade, foi violada com a promulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especialde cargos do DNIT de forma mais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

56 - 0101065-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101065-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x ANTONIA TOSTA LEAL ROMANO DE ARAUJO (ADVOGADO: ES020468 -EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0101065-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101065-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ANTONIA TOSTA LEAL ROMANO DE ARAUJORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO/PENSIONISTA DO EXTINTO DNER. REENQUADRAMENTOFUNCIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-la a proceder àequiparação do cargo em que se deu a aposentadoria ou a morte do instituidor do benefício de pensão em relação ao cargoocupado por seu homólogo que estava em atividade no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER efoi transferido para ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT, em obediência aos padrões ecritérios estabelecidos pela Lei n. 11.171/05, observada a prescrição quinquenal e o valor máximo fixado para acompetência dos Juizados Especiais Federais.2. Em suas razões, a recorrente sustenta a ocorrência de coisa julgada em relação à ação coletiva nº 2006.34.00.006627-7.Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, uma vez que a absorção dos servidores inativos do extinto DNERpara a União deu-se com a publicação da Lei n. 10.233/01. Ademais, a criação do plano de cargos do DNIT ocorreu em 05de setembro de 2005, data de publicação da Lei n. 11.171. Logo, proposta a ação em 2013, a pretensão aoreenquadramento funcional já estaria prescrita, nos termos do art. 1º, do Decreto n. 20.910/32.3. De igual modo, a União alega que inexiste direito adquirido a regime jurídico, razão por que, extinto o DNER, caberia aolegislador definir como deveria ser feita a redistribuição de seus servidores (art. 37, da Lei n. 8.112/90), sendo legal atransferência dos servidores inativos e pensionistas oriundos do DNER para o quadro de pessoal do Ministério dosTransportes, de acordo com o art. 117, da Lei n. 10.233/01.4. Embora regularmente intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 74).5. É o Relatório.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. Afasto a preliminar de ocorrência de coisa julgada, uma vez que o ajuizamento de ação coletiva não impede apropositura de ação individual (art. 104 da Lei 8.078/90). Ao examinar a alegada prescrição da pretensão condenatória,destaco que o instituidor da pensão era servidor inativo do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e foiredistribuído para a União, por força do disposto pelo art. 117, da Lei n. 10.233, de 05 de junho de 2001, ao passo que osservidores em atividade foram redistribuídos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Odemandante alega que a isonomia, a que faria jus em relação aos seus homólogos em atividade, foi violada com apromulgação da Lei n. 11.171, de 02 de setembro de 2005, que dispôs sobre o plano especial de cargos do DNIT de formamais vantajosa em comparação ao regime vigente para os aposentados e pensionistas.8. Proposta a ação com o intuito de condenar a União a enquadrar a parte autora em equivalência com servidor ocupantede cargo no DNIT, em conformidade com o plano especial veiculado pela Lei n. 11.171/05, verifico que a lesão ao direitoalegado teve início a partir da aplicação desse diploma legal, iniciada com a sua publicação em 05 de setembro de 2005(art. 31). Entretanto, tal como informado pela União em sua contestação, a Associação dos Servidores Federais emTransportes propôs ação coletiva, autuada sob o n. 2006.34.00.006627-7, cujo pedido visava “ao enquadramento dos seusassociados, servidores aposentados do extinto DNER, no plano especial de cargos do DNIT, implantado pela Lei nº11.171/2005, com a percepção das vantagens pecuniárias oriundas do referido plano”, consoante o relatório expendido pelaExma. Desembargadora Federal relatora da AC 2006.34.00.006627-7 (j. 15.05.2008), cujo acórdão, favorável aosassociados, somente transitou em julgado em 20.07.2010 (consulta ao sítio eletrônico de acompanhamento processual doTRF da 1ª Região em 21.20.2014).9. A coincidência entre as causas de pedir e pedidos, bem como a atuação da associação, como substituta processual,permitem que se considere interrompida a prescrição para a ação individual com o ajuizamento da ação coletiva (art. 219,§1º, do Código de Processo Civil), somente voltando a fluir o prazo quinquenal a contar do trânsito em julgado do acórdãoprolatado, conforme a ratio decidendi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.091.539/AP(Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 30.03.2009) Assim, verificado que não houve o transcursode cinco anos entre a propositura da presente demanda e o trânsito em julgado do acórdão prolatado nos autos da AC2006.34.00.006627-7, a pretensão da parte autora não foi atingida pela prescrição. Todavia, interposto o recurso inominadopelo INSS, a situação jurídica do recorrente não pode ser prejudicada pelo resultado do presente julgamento (proibição dareformatio in pejus), razão por que mantenho a declaração da prescrição das parcelas que se venceram no quinquênioanterior ao ajuizamento da ação (art. 1º, do Decreto n. 20.910/32).10. Em relação à equiparação pretendida com os servidores homólogos em atividade no DNIT, assinalo que o pedidoencontra amparo no art. 40, §4º, da Constituição da República de 1988, sob o risco de infração à isonomia a ser mantidaentre servidores inativos e ativos. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE677.730/RS (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28.8.2014), em regime de repercussão geral, conforme se extrai doseguinte trecho publicado no Informativo STF n. 756 (25 a 29 de agosto de 2014):

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“Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento deservidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar debenefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a conclusão do Plenário, que negou provimento a recursoextraordinário em que se discutia o direito de servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, oTribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de que oart. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de vencimentos entre servidoresativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a edição de lei que promovesse a extensãodas vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Emseguida, no que se refere à reestruturação da carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos doDNIT, o Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo emconta a autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de leique conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dosprivilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os servidores aposentados e ospensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte reconheceu a incidência da cláusulaconstitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas doDNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem seralocados, por conta de suas atribuições, para o DNIT.”11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lein. 9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% (dez por cento) do valorda condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

57 - 0003422-84.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003422-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GEOVANNA APARECIDABERNARDES DA CRUZ (ADVOGADO: ES014537 - MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR:PEDRO GALLO VIEIRA.).RECURSO Nº 0003422-84.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003422-3/01)RECORRENTE: GEOVANNA APARECIDA BERNARDES DA CRUZRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. VANTAGEM PECUNIÁRIA INDIVIDUAL - VPI. ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO QUE NÃOEQUIVALE À REVISÃO GERAL DE REMUNERAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO aproceder ao reajuste linear de sua remuneração correspondente à diferença entre o índice de 14,23% e aqueleefetivamente devido decorrente da Vantagem Pecuniária Individual – VPI, a partir de maio de 2003, nos termos da Lei n.10.698/2003. Sustenta que: i) a promulgação da Lei n. 10.698/2003, a qual concedeu um igual acréscimo de R$ 59,87(cinquenta e nove reais e oitenta centavos) aos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário daUnião, as autarquias e fundações públicas federais, ocupantes de cargos efetivos ou empregos públicos (art. 1º), incluindoos aposentados e os pensionistas (art. 3º), consubstanciou uma revisão geral de remuneração; ii) a concessão de aumentoem um mesmo valor acarretou um reajuste em percentual distinto para os servidores, considerando-se as respectivasremunerações básicas, o que infringe o art. 37, X, da Constituição da República de 1988; iii) a restrição do índice completode revisão geral a apenas uma parcela dos servidores públicos implica enriquecimento sem causa da UNIÃO; e iv) odesrespeito à norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, caracteriza infração aos princípios damoralidade, da isonomia e da regra da irredutibilidade de vencimentos.2. Em suas contrarrazões, a UNIÃO afirmou que: i) o Judiciário não pode substituir o Presidente da República e oCongresso Nacional na definição de índices distintos de reajuste de servidores públicos; ii) a concessão de qualquervantagem ou aumento de remuneração só poderá ser feita se houver prévia e suficiente dotação orçamentária (art. 169,§1º, da Constituição da República de 1988); e iii) a concessão de aumento, por demandas judiciais individuais, implicatratamento discriminatório vedado constitucionalmente.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. A norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, pretende assegurar a preservação do poderaquisitivo dos servidores públicos mediante revisão geral de suas respectivas remunerações e subsídios, observadas acompetência legislativa privativa e a necessária existência de recursos orçamentários capazes de suprir as despesasincorridas com o reajuste (art. 169, §1º, da Constituição da República de 1988). Para o cumprimento dessa regra, foipromulgada a Lei n. 10.697/2003, cujo art. 1º previu o reajuste de 1%, a partir de 1º de janeiro de 2003, para “asremunerações e os subsídios dos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da união, dasautarquias e fundações públicas federais.”5. A Lei n. 10.698/2003 promoveu um acréscimo remuneratório aos servidores públicos federais com propósito distinto,

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uma vez que instituiu a Vantagem Pecuniária Individual – VPI no valor fixo de R$ 59,87. A Vantagem Pecuniária Individualnão consubstanciou um reajuste da remuneração básica paga, por tratar-se de um acréscimo pecuniário que não seincorporou aos vencimentos dos servidores públicos federais, uma vez que há previsão legal expressa à sua exclusão dabase de cálculo de qualquer outra vantagem (art. 1º, parágrafo único). Embora a intenção do legislador não seja dadoessencial à interpretação da norma, mostra-se conforme à Constituição o propósito de reduzir as disparidades entre amenor e a maior remuneração paga pela Administração Pública, o que – ante a vedação do uso de índices distintos dereajuste – somente poderia ser feito graças à concessão de um acréscimo linear em todas as remunerações. Logo, sendo aredução do desequilíbrio material um dos aspectos do princípio da igualdade, não há violação aos princípios da isonomia eda moralidade (arts. 5º, caput, e 37, caput, da Constituição da República de 1988).6. Precedentes do STJ contrários ao pedido da parte autora: RESP 1.450.279/DF (Primeira Turma, Rel. Min. BeneditoGonçalves, DJE 16.06.2014); AgRg no RESP 1.256.760/RS (Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJE12.12.2013).7. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (fl. 108), de acordo com o art. 12, da Lei n. 1.060/50.8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

58 - 0003309-33.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003309-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACYR DE ALVARENGABAPTISTA JUNIOR (ADVOGADO: ES014537 - MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANABEATRIZ LINS BARBOSA.).RECURSO Nº 0003309-33.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003309-7/01)RECORRENTE: MOACYR DE ALVARENGA BAPTISTA JUNIORRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. VANTAGEM PECUNIÁRIA INDIVIDUAL - VPI. ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO QUE NÃOEQUIVALE À REVISÃO GERAL DE REMUNERAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO aproceder ao reajuste linear de sua remuneração correspondente à diferença entre o índice de 14,23% e aqueleefetivamente devido decorrente da Vantagem Pecuniária Individual – VPI, a partir de maio de 2003, nos termos da Lei n.10.698/2003. Sustenta que: i) a promulgação da Lei n. 10.698/2003, a qual concedeu um igual acréscimo de R$ 59,87(cinquenta e nove reais e oitenta centavos) aos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário daUnião, as autarquias e fundações públicas federais, ocupantes de cargos efetivos ou empregos públicos (art. 1º), incluindoos aposentados e os pensionistas (art. 3º), consubstanciou uma revisão geral de remuneração; ii) a concessão de aumentoem um mesmo valor acarretou um reajuste em percentual distinto para os servidores, considerando-se as respectivasremunerações básicas, o que infringe o art. 37, X, da Constituição da República de 1988; iii) a restrição do índice completode revisão geral a apenas uma parcela dos servidores públicos implica enriquecimento sem causa da UNIÃO; e iv) odesrespeito à norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, caracteriza infração aos princípios damoralidade, da isonomia e da regra da irredutibilidade de vencimentos.2. Em suas contrarrazões, a UNIÃO afirmou que: i) o Judiciário não pode substituir o Presidente da República e oCongresso Nacional na definição de índices distintos de reajuste de servidores públicos; ii) a concessão de qualquervantagem ou aumento de remuneração só poderá ser feita se houver prévia e suficiente dotação orçamentária (art. 169,§1º, da Constituição da República de 1988); e iii) a concessão de aumento, por demandas judiciais individuais, implicatratamento discriminatório vedado constitucionalmente.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. A norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, pretende assegurar a preservação do poderaquisitivo dos servidores públicos mediante revisão geral de suas respectivas remunerações e subsídios, observadas acompetência legislativa privativa e a necessária existência de recursos orçamentários capazes de suprir as despesasincorridas com o reajuste (art. 169, §1º, da Constituição da República de 1988). Para o cumprimento dessa regra, foipromulgada a Lei n. 10.697/2003, cujo art. 1º previu o reajuste de 1%, a partir de 1º de janeiro de 2003, para “asremunerações e os subsídios dos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da união, dasautarquias e fundações públicas federais.”5. A Lei n. 10.698/2003 promoveu um acréscimo remuneratório aos servidores públicos federais com propósito distinto,uma vez que instituiu a Vantagem Pecuniária Individual – VPI no valor fixo de R$ 59,87. A Vantagem Pecuniária Individualnão consubstanciou um reajuste da remuneração básica paga, por tratar-se de um acréscimo pecuniário que não seincorporou aos vencimentos dos servidores públicos federais, uma vez que há previsão legal expressa à sua exclusão dabase de cálculo de qualquer outra vantagem (art. 1º, parágrafo único). Embora a intenção do legislador não seja dadoessencial à interpretação da norma, mostra-se conforme à Constituição o propósito de reduzir as disparidades entre amenor e a maior remuneração paga pela Administração Pública, o que – ante a vedação do uso de índices distintos dereajuste – somente poderia ser feito graças à concessão de um acréscimo linear em todas as remunerações. Logo, sendo a

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redução do desequilíbrio material um dos aspectos do princípio da igualdade, não há violação aos princípios da isonomia eda moralidade (arts. 5º, caput, e 37, caput, da Constituição da República de 1988).6. Precedentes do STJ contrários ao pedido da parte autora: RESP 1.450.279/DF (Primeira Turma, Rel. Min. BeneditoGonçalves, DJE 16.06.2014); AgRg no RESP 1.256.760/RS (Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJE12.12.2013).7. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (fl. 111), de acordo com o art. 12, da Lei n. 1.060/50.8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

59 - 0005074-39.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005074-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOLINDO PEREIRA DEAGUIAR (ADVOGADO: ES014537 - MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: DARIO PEREIRADE CARVALHO.).RECURSO Nº 0005074-39.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005074-5/01)RECORRENTE: JOLINDO PEREIRA DE AGUIARRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. VANTAGEM PECUNIÁRIA INDIVIDUAL - VPI. ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO QUE NÃOEQUIVALE À REVISÃO GERAL DE REMUNERAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido para condenar a UNIÃO aproceder ao reajuste linear de sua remuneração correspondente à diferença entre o índice de 14,23% e aqueleefetivamente devido decorrente da Vantagem Pecuniária Individual – VPI, a partir de maio de 2003, nos termos da Lei n.10.698/2003. Sustenta que: i) a promulgação da Lei n. 10.698/2003, a qual concedeu um igual acréscimo de R$ 59,87(cinquenta e nove reais e oitenta centavos) aos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário daUnião, as autarquias e fundações públicas federais, ocupantes de cargos efetivos ou empregos públicos (art. 1º), incluindoos aposentados e os pensionistas (art. 3º), consubstanciou uma revisão geral de remuneração; ii) a concessão de aumentoem um mesmo valor acarretou um reajuste em percentual distinto para os servidores, considerando-se as respectivasremunerações básicas, o que infringe o art. 37, X, da Constituição da República de 1988; iii) a restrição do índice completode revisão geral a apenas uma parcela dos servidores públicos implica enriquecimento sem causa da UNIÃO; e iv) odesrespeito à norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, caracteriza infração aos princípios damoralidade, da isonomia e da regra da irredutibilidade de vencimentos.2. Em suas contrarrazões, a UNIÃO afirmou que: i) há prescrição do fundo do direito; ii) não há ilegalidade na conduta daAdministração que cumpre o mandamento legal (art. 37, caput da Constituição da República de 1988); iii) a postulação dosautores encontra óbice no enunciado n. 339 da súmula da jurisprudência do STF; e iv) a concessão de qualquer vantagemou aumento de remuneração só poderá ser feita se houver prévia e suficiente dotação orçamentária (art. 169, §1º, daConstituição da República de 1988. Em relação aos juros de mora, sustenta, em atenção ao princípio da eventualidade, quedeve ser observada a regra prevista pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.4. Ressalto que o pedido de fl. 107 de suspensão do processamento da presente demanda até o trânsito em julgado daação n. 0001935-37.2008.4.02.5001 está superado. A sentença que julgou improcedente o pedido nos autos da ação n.0001935-37.2008.4.02.5001 já transitou em julgado, conforme se infere de consulta ao sistema eletrônico deacompanhamento processual da Seção Judiciária do Espírito Santo.5. A norma veiculada pelo art. 37, X, da Constituição da República de 1988, pretende assegurar a preservação do poderaquisitivo dos servidores públicos mediante revisão geral de suas respectivas remunerações e subsídios, observadas acompetência legislativa privativa e a necessária existência de recursos orçamentários capazes de suprir as despesasincorridas com o reajuste (art. 169, §1º, da Constituição da República de 1988). Para o cumprimento dessa regra, foipromulgada a Lei n. 10.697/2003, cujo art. 1º previu o reajuste de 1%, a partir de 1º de janeiro de 2003, para “asremunerações e os subsídios dos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da união, dasautarquias e fundações públicas federais.”6. A Lei n. 10.698/2003 promoveu um acréscimo remuneratório aos servidores públicos federais com propósito distinto,uma vez que instituiu a Vantagem Pecuniária Individual – VPI no valor fixo de R$ 59,87. A Vantagem Pecuniária Individualnão consubstanciou um reajuste da remuneração básica paga, por tratar-se de um acréscimo pecuniário que não seincorporou aos vencimentos dos servidores públicos federais, uma vez que há previsão legal expressa à sua exclusão dabase de cálculo de qualquer outra vantagem (art. 1º, parágrafo único). Embora a intenção do legislador não seja dadoessencial à interpretação da norma, mostra-se conforme à Constituição o propósito de reduzir as disparidades entre amenor e a maior remuneração paga pela Administração Pública, o que – ante a vedação do uso de índices distintos dereajuste – somente poderia ser feito graças à concessão de um acréscimo linear em todas as remunerações. Logo, sendo aredução do desequilíbrio material um dos aspectos do princípio da igualdade, não há violação aos princípios da isonomia eda moralidade (arts. 5º, caput, e 37, caput, da Constituição da República de 1988).

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7. Precedentes do STJ contrários ao pedido da parte autora: RESP 1.450.279/DF (Primeira Turma, Rel. Min. BeneditoGonçalves, DJE 16.06.2014); AgRg no RESP 1.256.760/RS (Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJE12.12.2013).8. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (fl. 112), de acordo com o art. 12, da Lei n. 1.060/50.9. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

60 - 0000943-75.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000943-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO COUTINHO(ADVOGADO: ES007517 - JORGE TEIXEIRA NADER.) x INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DABIODIVERSIDADE - ICMBIO (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.).RECURSO Nº 0000943-75.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000943-0/01)RECORRENTE: FRANCISCO COUTINHORECORRIDO: INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTAGEM ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO. ADICIONAL DEPERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO PERMANENTE OU HABITUAL À SITUAÇÃO DE RISCO DE MORTE.NÃO-CONFIGURAÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA. CAUSA MADURA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A parte autora interpõe recurso inominado, às fls. 133/155, contra sentença que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o réu a pagar-lhe adicional de periculosidade no percentual de 10% sobre o vencimento de seu cargo efetivo, e asparcelas vencidas até a sua implantação, observada a prescrição quinquenal. Em suas razões, sustenta que faz jus àcontagem especial de tempo de serviço de atividade penosa, prestada na Reserva Biológica de Comboios (projeto Tamar),nos termos do art. 57, § 2º, da Lei 8.213/91, e, em conformidade com o Mandado de Injunção n. 1.067/09. Afirma querequereu administrativamente a contagem especial do tempo de serviço, nos autos do processo n. 02009002513/1996.Alega, ainda, que o pagamento do adicional de periculosidade é devido ao servidor público federal se há prova deexposição à situação que possa trazer risco à sua vida.2. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio ofereceu contrarrazões, às fls. 159/182, nas quaisrequer a manutenção do julgamento de improcedência do pedido. Aduz que a parte autora ocupa cargo com atribuiçõesmajoritariamente administrativas, motivo por que a participação em atividades arriscadas de fiscalização ocorreria de formaesporádica e, por conseguinte, descaracterizaria a habitualidade e a intermitência exigidas para pagamento do adicional depericulosidade (arts. 61 e 68, da Lei n. 8.112/90; art. 12, da Lei n. 8.270/91; Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010;arts. 193 e 194, da Consolidação das Leis do Trabalho). Alega que as atividades desenvolvidas pelo autor não autorizam oseu enquadramento como especial por categoria profissional. Sustenta, ainda, que não foi comprovada a exposição dotrabalhador a agentes nocivos à sua saúde.3. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. Compulsando-se os autos, verifico que o Juízo a quo não se manifestou sobre o pedido de contagem especial de tempode serviço de atividade penosa, prestada pelo autor na Reserva Biológica de Comboios (projeto Tamar), nos termos do art.57, § 2º, da Lei 8.213/91, e, em conformidade com o Mandado de Injunção n. 1.067/09. Configurada nulidade, por ser asentença citra petita (arts. 128 e 460, do Código de Processo Civil), entendo, porém, que a causa já se encontra madurapara julgamento, sendo possível o julgamento do recurso interposto, nos termos do art. 515, §3º, do Código de ProcessoCivil.5. Ressalto que, diferentemente do alegado pelo recorrente, o processo administrativo n. 02009002513/1996 versa sobreconcessão de adicional de insalubridade e periculosidade (fls. 64 e 66). Assim, não ficou comprovada a alegação do autorde que teria feito o pedido administrativo de contagem especial de tempo de serviço de atividade penosa, prestada naReserva Biológica de Comboios. Contudo, observo que a inexistência de prévio requerimento administrativo não implica acarência de ação, uma vez que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade contestou o pedido, mediante aoferta de defesa direta ao pleito de contagem especial do tempo de serviço.6. Em sua inicial, o autor pediu o reconhecimento do exercício de atividade especial a partir de 01/09/1988, na atividadeprestada na Reserva Biológica de Comboios (projeto Tamar), com base no artigo, 57, § 2º da Lei 8.213/91, nos códigos2.2.2 e 2.2.3, do anexo, do Decreto n. 53.831/64 e no teor do julgado no Mandado de Injunção n. 1067/09.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.8. Nos códigos 2.2.2 e 2.2.3, do anexo do Decreto n. 53.831/64, constam as atividades de trabalhadores florestais,caçadores e pescadores como prejudiciais à saúde do trabalhador.

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9. Para comprovar a sua alegação, o autor juntou aos autos carteira funcional (fl. 33), carteira de trabalho (fl. 36), fotografias(fls. 39/44), laudo emitido em 29/06/2012, por médico do trabalho (fls. 47/56) e laudo pericial subscrito por engenheiro emédico do trabalho, da DRT/ES, em 24/07/1996 (fls. 58/60).10. Nesse sentido, sublinho que o recorrente exerce o cargo de auxiliar administrativo na Base Operacional do CentroNacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas/ES (fl. 126). As fotografias de fls. 39/44 não são hábeis acomprovar o desempenho das atividades descritas nos itens 2.2.2 e 2.2.3, do anexo do Decreto n. 53.831/64. O laudopericial de fls. 58/60, da Delegacia Regional do Trabalho do Espírito Santo, descreve as atividades dos servidores lotadosna Reserva Biológica de Sooretama que realizam, no sistema de revezamento, fiscalização fixa e no interior, e afirma queas mencionadas atividades não estão enquadradas como insalubres, nem perigosas, mas como penosas. Por outro lado,conforme informação de fl. 126, o autor não foi designado agente de fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservaçãoda Biodiversidade. Sendo assim, não ficou demonstrado o exercício das atividades constantes nos itens 2.2.2 e 2.2.3, doanexo do Decreto n. 53.831/64, tampouco a exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador.11. O adicional de periculosidade, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo, é devido ao servidor público federal quetrabalhe com habitualidade em atividades que ponham sua vida em risco, observada a legislação específica (arts. 61, IV, 68e 70, da Lei n. 8.112/90). A Lei n. 8.270/91, em seu art. 12, dispôs que o adicional de periculosidade corresponderia a 10%do vencimento do cargo efetivo do servidor cujas atividades tivessem risco de morte, o que deveria ser aferido de acordocom as normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral.12. A legislação trabalhista prevê que o pagamento do adicional pelo exercício de atividades ou operações perigosas, emobediência à regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, ocorrerá se demonstrado que a naturezaou os métodos de trabalho utilizados nelas implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhadora “inflamáveis, explosivos ou energia elétrica” e a “roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionaisde segurança pessoal ou patrimonial” (art. 193, I e II, da Consolidação das Leis do Trabalho).13. No âmbito administrativo federal, a Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010 define que a concessão do adicional depericulosidade está atrelada à emissão de laudo técnico que considere a situação individual de trabalho do servidor (arts. 7ºe 8º, §1º), no qual deverá ser avaliado se há exposição a risco de forma habitual, assim considerada “aquela em que oservidor submete-se a circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo por temposuperior à metade da jornada de trabalho semanal” (art. 5º, §3º), ou de modo permanente, entendida como aquela em quea exposição ao risco é “constante, durante toda a jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor” (art. 5º,§4º).14. Do exame das normas aplicáveis, verifico que o pagamento de adicional de periculosidade será devido se o servidorpúblico federal expõe-se, em razão da natureza, do método ou do ambiente de seu trabalho, à situação de risco àmanutenção de sua vida provocado por atividades desempenhadas no exercício do cargo, de forma permanente ouhabitual, esta na hipótese em que mais da metade da sua carga horária seja trabalhada em tal condição.15. No presente recurso, a parte autora, lotada na Base Operacional do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação deTartarugas Marinhas/ES, ocupa o cargo de auxiliar administrativo, cuja atribuição abrange “o desempenho das atividadesadministrativas e logísticas de nível básico relativas ao exercício das competências constitucionais e legais a cargo doIbama e do Instituto Chico Mendes” (art. 8º, da Lei n. 10.410/02). O recorrido não efetuou administrativamente laudo técnicodas atividades realizadas pelo recorrente e o laudo técnico elaborado por solicitação da Associação Nacional dos Fiscais doMeio Ambiente não contém descrição específica do seu ambiente de trabalho. Ademais, conforme já mencionado, o autornão foi designado agente de fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (fl. 126).16. A análise das provas coligidas nos autos não autoriza o provimento do recurso inominado, porque o conteúdo principaldas atribuições do cargo ocupado pela parte autora não impõe a exposição permanente à situação de risco. Ademais, aparticipação em atividades de fiscalização, com o exercício de poder de polícia, não consubstancia fração superior ametade de sua carga horária, sendo certo que a expectativa de submeter-se à situação de risco de morte – porventurademonstrada pelo porte de arma de fogo – não é suficiente para preenchimento das condições legais para o pagamento doadicional de periculosidade. Precedentes: TRF da 5ª Região, AC 200984000071462 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed.Francisco Wildo, DJE 17.02.2011); AC 200984000071450 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Edílson Nobre, DJE 09.09.2011);AC 200984000071486 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJE 29.09.2011). Inteligência doenunciado n. 364, da súmula da jurisprudência do TST (“Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado expostopermanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-sede forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”).17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50.18. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

61 - 0002443-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002443-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ROBERTOSOARES (ADVOGADO: ES015854 - WALLACE VOTIKOSKE RONCETE.) x INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIOAMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA (PROCDOR: RAQUEL MAMEDE DE LIMA.).RECURSO Nº 0002443-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002443-2/01)RECORRENTE: CARLOS ROBERTO SOARESRECORRIDO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. IBAMA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃOPERMANENTE OU HABITUAL À SITUAÇÃO DE RISCO DE MORTE. NÃO-CONFIGURAÇÃO. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A parte autora interpõe recurso inominado, às fls. 233/243, contra sentença que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o IBAMA a pagar-lhe adicional de periculosidade no percentual de 10% sobre o vencimento de seu cargo efetivo,e as parcelas vencidas até a sua implantação, observada a prescrição quinquenal. Em suas razões, sustenta que opagamento do adicional de periculosidade é devido ao servidor público federal se há prova de exposição à situação quepossa trazer risco à sua vida. Afirma que os documentos juntados nos autos, particularmente o MemorandoMEM.000034/2014/DITEC/ES/IBAMA, demonstram que as atividades de fiscalização desempenhadas apresentam elevadograu de perigo, ocorrem em locais remotos e de difícil acesso, bem como estão sujeitas à violência eventualmente geradapela reação das pessoas punidas administrativamente.2. O IBAMA ofereceu contrarrazões, às fls. 249/260, nas quais requer a manutenção do julgamento de improcedência dopedido e o reconhecimento da prescrição quinquenal, caso o recurso seja provido. Aduz que a parte autora ocupa cargocom atribuições majoritariamente administrativas, motivo por que a participação em atividades arriscadas de fiscalizaçãoocorreria de forma esporádica e, por conseguinte, descaracterizaria a habitualidade e a intermitência exigidas parapagamento do adicional de periculosidade (arts. 61 e 68, da Lei n. 8.112/90; art. 12, da Lei n. 8.270/91; OrientaçãoNormativa SRH/MPOG n. 2/2010; arts. 193 e 194, da Consolidação das Leis do Trabalho).3. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O adicional de periculosidade, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo, é devido ao servidor público federal quetrabalhe com habitualidade em atividades que ponham sua vida em risco, observada a legislação específica (arts. 61, IV, 68e 70, da Lei n. 8.112/90). A Lei n. 8.270/91, em seu art. 12, dispôs que o adicional de periculosidade corresponderia a 10%do vencimento do cargo efetivo do servidor cujas atividades tivessem risco de morte, o que deveria ser aferido de acordocom as normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral.5. A legislação trabalhista prevê que o pagamento do adicional pelo exercício de atividades ou operações perigosas, emobediência à regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, ocorrerá se demonstrado que a naturezaou os métodos de trabalho utilizados nelas implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhadora “inflamáveis, explosivos ou energia elétrica” e a “roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionaisde segurança pessoal ou patrimonial” (art. 193, I e II, da Consolidação das Leis do Trabalho).6. No âmbito administrativo federal, a Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010 define que a concessão do adicional depericulosidade está atrelada à emissão de laudo técnico que considere a situação individual de trabalho do servidor (arts. 7ºe 8º, §1º), no qual deverá ser avaliado se há exposição a risco de forma habitual, assim considerada “aquela em que oservidor submete-se a circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo por temposuperior à metade da jornada de trabalho semanal” (art. 5º, §3º), ou de modo permanente, entendida como aquela em quea exposição ao risco é “constante, durante toda a jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor” (art. 5º,§4º).7. Do exame das normas aplicáveis, verifico que o pagamento de adicional de periculosidade será devido se o servidorpúblico federal expõe-se, em razão da natureza, do método ou do ambiente de seu trabalho, à situação de risco àmanutenção de sua vida provocado por atividades desempenhadas no exercício do cargo, de forma permanente ouhabitual, esta na hipótese em que mais da metade da sua carga horária seja trabalhada em tal condição.8. No presente recurso, a parte autora, lotada na sede da Superintendência do IBAMA no Espírito Santo, ocupa o cargo detécnico administrativo cuja atribuição abrange “a atuação em atividades administrativas e logísticas de apoio relativas aoexercício das competências constitucionais e legais a cargo do IBAMA e do Instituto Chico Mendes” (art. 7º, da Lei n.10.410/02). Embora o IBAMA não tenha efetuado administrativamente laudo técnico das atividades realizadas pelorecorrente e o laudo técnico elaborado por solicitação da Associação Nacional dos Fiscais do Meio Ambiente não contenhadescrição específica do seu ambiente de trabalho, observo que os documentos administrativos relacionados ao trabalho doautor informam que ele participou de 55 ações de fiscalização e lavrou 80 autos de infração em dois anos (fl. 84).9. A análise das provas coligidas nos autos não autoriza o provimento do recurso inominado, porque o conteúdo principaldas atribuições do cargo ocupado pela parte autora não impõe a exposição permanente à situação de risco. Ademais, aparticipação em atividades de fiscalização, com o exercício de poder de polícia, não consubstancia fração superior ametade de sua carga horária, sendo certo que a expectativa de submeter-se à situação de risco de morte – porventurademonstrada pelo porte de arma de fogo – não é suficiente para preenchimento das condições legais para o pagamento doadicional de periculosidade. Precedentes: TRF da 5ª Região, AC 200984000071462 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed.Francisco Wildo, DJE 17.02.2011); AC 200984000071450 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Edílson Nobre, DJE 09.09.2011);AC 200984000071486 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJE 29.09.2011). Inteligência doenunciado n. 364, da súmula da jurisprudência do TST (“Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado expostopermanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-sede forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”).10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

62 - 0002433-15.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002433-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO GARCIA(ADVOGADO: ES015854 - WALLACE VOTIKOSKE RONCETE.) x INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOSRECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA (PROCDOR: RAQUEL MAMEDE DE LIMA.).RECURSO Nº 0002433-15.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002433-0/01)RECORRENTE: SEBASTIAO GARCIARECORRIDO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. IBAMA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃOPERMANENTE OU HABITUAL À SITUAÇÃO DE RISCO DE MORTE. NÃO-CONFIGURAÇÃO. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A parte autora interpõe recurso inominado, às fls. 244/253, contra sentença que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o IBAMA a pagar-lhe adicional de periculosidade no percentual de 10% sobre o vencimento de seu cargo efetivo,e as parcelas vencidas até a sua implantação, observada a prescrição quinquenal. Em suas razões, sustenta que opagamento do adicional de periculosidade é devido ao servidor público federal se há prova de exposição à situação quepossa trazer risco à sua vida. Afirma que os documentos juntados nos autos, particularmente o MemorandoMEM.000032/2014/DITEC/ES/IBAMA, demonstram que as atividades de fiscalização desempenhadas apresentam elevadograu de perigo, ocorrem em locais remotos e de difícil acesso, bem como estão sujeitas à violência eventualmente geradapela reação das pessoas punidas administrativamente.2. O IBAMA ofereceu contrarrazões, às fls. 259/270, nas quais requer a manutenção do julgamento de improcedência dopedido e o reconhecimento da prescrição quinquenal, caso o recurso seja provido. Aduz que a parte autora ocupa cargocom atribuições majoritariamente administrativas, motivo por que a participação em atividades arriscadas de fiscalizaçãoocorreria de forma esporádica e, por conseguinte, descaracterizaria a habitualidade e a intermitência exigidas parapagamento do adicional de periculosidade (arts. 61 e 68, da Lei n. 8.112/90; art. 12, da Lei n. 8.270/91; OrientaçãoNormativa SRH/MPOG n. 2/2010; arts. 193 e 194, da Consolidação das Leis do Trabalho).3. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O adicional de periculosidade, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo, é devido ao servidor público federal quetrabalhe com habitualidade em atividades que ponham sua vida em risco, observada a legislação específica (arts. 61, IV, 68e 70, da Lei n. 8.112/90). A Lei n. 8.270/91, em seu art. 12, dispôs que o adicional de periculosidade corresponderia a 10%do vencimento do cargo efetivo do servidor cujas atividades tivessem risco de morte, o que deveria ser aferido de acordocom as normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral.5. A legislação trabalhista prevê que o pagamento do adicional pelo exercício de atividades ou operações perigosas, emobediência à regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, ocorrerá se demonstrado que a naturezaou os métodos de trabalho utilizados nelas implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhadora “inflamáveis, explosivos ou energia elétrica” e a “roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionaisde segurança pessoal ou patrimonial” (art. 193, I e II, da Consolidação das Leis do Trabalho).6. No âmbito administrativo federal, a Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010 define que a concessão do adicional depericulosidade está atrelada à emissão de laudo técnico que considere a situação individual de trabalho do servidor (arts. 7ºe 8º, §1º), no qual deverá ser avaliado se há exposição a risco de forma habitual, assim considerada “aquela em que oservidor submete-se a circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo por temposuperior à metade da jornada de trabalho semanal” (art. 5º, §3º), ou de modo permanente, entendida como aquela em quea exposição ao risco é “constante, durante toda a jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor” (art. 5º,§4º).7. Do exame das normas aplicáveis, verifico que o pagamento de adicional de periculosidade será devido se o servidorpúblico federal expõe-se, em razão da natureza, do método ou do ambiente de seu trabalho, à situação de risco àmanutenção de sua vida provocado por atividades desempenhadas no exercício do cargo, de forma permanente ouhabitual, esta na hipótese em que mais da metade da sua carga horária seja trabalhada em tal condição.8. No presente recurso, a parte autora, lotada na sede da Superintendência do IBAMA no Espírito Santo, ocupa o cargo deanalista administrativo, cuja atribuição abrange “o exercício de todas as atividades administrativas e logísticas relativas aoexercício de competências constitucionais e legais a cargo do IBAMA e do Instituto Chico Mendes” (art. 5º, da Lei n.10.410/02). Embora o IBAMA não tenha efetuado administrativamente laudo técnico das atividades realizadas pelorecorrente e o laudo técnico elaborado por solicitação da Associação Nacional dos Fiscais do Meio Ambiente não contenhadescrição específica do seu ambiente de trabalho, observo que os documentos administrativos relacionados ao trabalho doautor informam que ele participou de 77 ações de fiscalização e lavrou 270 autos de infração em dois anos (fl. 79); bemcomo que, em 2013, ele não realizou ações de fiscalização nos temas de fauna e flora, tendo participado, no ano de 2013,“de ações no Estado do Espírito Santo totalizando 45 dias em viagens a trabalho com maior constância de diversas outrasações na região da Grande Vitória que são realizadas regularmente” (Memorando MEM.000032/2014/DITEC/ES/IBAMA, fls.209/210).9. A análise das provas coligidas nos autos não autoriza o provimento do recurso inominado, porque o conteúdo principaldas atribuições do cargo ocupado pela parte autora não impõe a exposição permanente à situação de risco. Ademais, aparticipação em atividades de fiscalização, com o exercício de poder de polícia, não consubstancia fração superior ametade de sua carga horária, sendo certo que a expectativa de submeter-se à situação de risco de morte – porventurademonstrada pelo porte de arma de fogo – não é suficiente para preenchimento das condições legais para o pagamento do

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adicional de periculosidade. Precedentes: TRF da 5ª Região, AC 200984000071462 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed.Francisco Wildo, DJE 17.02.2011); AC 200984000071450 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Edílson Nobre, DJE 09.09.2011);AC 200984000071486 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJE 29.09.2011). Inteligência doenunciado n. 364, da súmula da jurisprudência do TST (“Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado expostopermanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-sede forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”).10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

63 - 0002449-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002449-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DAVID BELSHOFF(ADVOGADO: ES015854 - WALLACE VOTIKOSKE RONCETE.) x INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOSRECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.).RECURSO Nº 0002449-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002449-3/01)RECORRENTE: DAVID BELSHOFFRECORRIDO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. IBAMA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃOPERMANENTE OU HABITUAL À SITUAÇÃO DE RISCO DE MORTE. NÃO-CONFIGURAÇÃO. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A parte autora interpõe recurso inominado, às fls. 281/291, contra sentença que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o IBAMA a pagar-lhe adicional de periculosidade no percentual de 10% sobre o vencimento de seu cargo efetivo,e as parcelas vencidas até a sua implantação, observada a prescrição quinquenal. Em suas razões, sustenta que opagamento do adicional de periculosidade é devido ao servidor público federal se há prova de exposição à situação quepossa trazer risco à sua vida. Afirma que os documentos juntados nos autos, particularmente o MemorandoMEM.000035/2014/DITEC/ES/IBAMA, demonstram que as atividades de fiscalização desempenhadas apresentam elevadograu de perigo, ocorrem em locais remotos e de difícil acesso, bem como estão sujeitas à violência eventualmente geradapela reação das pessoas punidas administrativamente.2. O IBAMA ofereceu contrarrazões, às fls. 297/308, nas quais requer a manutenção do julgamento de improcedência dopedido e o reconhecimento da prescrição quinquenal, caso o recurso seja provido. Aduz que a parte autora ocupa cargocom atribuições majoritariamente administrativas, motivo por que a participação em atividades arriscadas de fiscalizaçãoocorreria de forma esporádica e, por conseguinte, descaracterizaria a habitualidade e a intermitência exigidas parapagamento do adicional de periculosidade (arts. 61 e 68, da Lei n. 8.112/90; art. 12, da Lei n. 8.270/91; OrientaçãoNormativa SRH/MPOG n. 2/2010; arts. 193 e 194, da Consolidação das Leis do Trabalho).3. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O adicional de periculosidade, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo, é devido ao servidor público federal quetrabalhe com habitualidade em atividades que ponham sua vida em risco, observada a legislação específica (arts. 61, IV, 68e 70, da Lei n. 8.112/90). A Lei n. 8.270/91, em seu art. 12, dispôs que o adicional de periculosidade corresponderia a 10%do vencimento do cargo efetivo do servidor cujas atividades tivessem risco de morte, o que deveria ser aferido de acordocom as normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral.5. A legislação trabalhista prevê que o pagamento do adicional pelo exercício de atividades ou operações perigosas, emobediência à regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, ocorrerá se demonstrado que a naturezaou os métodos de trabalho utilizados nelas implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhadora “inflamáveis, explosivos ou energia elétrica” e a “roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionaisde segurança pessoal ou patrimonial” (art. 193, I e II, da Consolidação das Leis do Trabalho).6. No âmbito administrativo federal, a Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010 define que a concessão do adicional depericulosidade está atrelada à emissão de laudo técnico que considere a situação individual de trabalho do servidor (arts. 7ºe 8º, §1º), no qual deverá ser avaliado se há exposição a risco de forma habitual, assim considerada “aquela em que oservidor submete-se a circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo por temposuperior à metade da jornada de trabalho semanal” (art. 5º, §3º), ou de modo permanente, entendida como aquela em quea exposição ao risco é “constante, durante toda a jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor” (art. 5º,§4º).7. Do exame das normas aplicáveis, verifico que o pagamento de adicional de periculosidade será devido se o servidorpúblico federal expõe-se, em razão da natureza, do método ou do ambiente de seu trabalho, à situação de risco àmanutenção de sua vida provocado por atividades desempenhadas no exercício do cargo, de forma permanente ouhabitual, esta na hipótese em que mais da metade da sua carga horária seja trabalhada em tal condição.

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8. No presente recurso, a parte autora, lotada no Escritório Regional de Cachoeiro de Itapemirim ERCI/IBAMA/ES, ocupa ocargo de técnico ambiental cuja atribuição abrange “prestação de suporte e apoio técnico especializado às atividades dosGestores e Analistas Ambientais; execução de atividades de coleta, seleção e tratamento de dados e informaçõesespecializadas voltadas para as atividades finalísticas; e orientação e controle de processos voltados às áreas deconservação, pesquisa, proteção e defesa ambiental”. Ressalto que: “O exercício das atividades de fiscalização pelostitulares dos cargos de Técnico Ambiental deverá ser precedido de ato de designação próprio da autoridade ambiental àqual estejam vinculados e dar-se-á na forma de norma a ser baixada pelo Ibama ou pelo Instituto Chico Mendes deConservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, conforme o Quadro de Pessoal a que pertencerem” (art. 6º, daLei n. 10.410/02). Embora o IBAMA não tenha efetuado administrativamente laudo técnico das atividades realizadas pelorecorrente e o laudo técnico elaborado por solicitação da Associação Nacional dos Fiscais do Meio Ambiente não contenhadescrição específica do seu ambiente de trabalho, observo que os documentos administrativos relacionados ao trabalho doautor informam que ele participou de 5 ações de fiscalização e realizou algumas viagens, no ano de 2013 (MemorandoMEM.000035/2014/DITEC/ES/IBAMA, fls. 241/243 e fls. 244/258).9. A análise das provas coligidas nos autos não autoriza o provimento do recurso inominado, porque o conteúdo principaldas atribuições do cargo ocupado pela parte autora não impõe a exposição permanente à situação de risco. Ademais, aparticipação em atividades de fiscalização, com o exercício de poder de polícia, não consubstancia fração superior ametade de sua carga horária, sendo certo que a expectativa de submeter-se à situação de risco de morte – porventurademonstrada pelo porte de arma de fogo – não é suficiente para preenchimento das condições legais para o pagamento doadicional de periculosidade. Precedentes: TRF da 5ª Região, AC 200984000071462 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed.Francisco Wildo, DJE 17.02.2011); AC 200984000071450 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Edílson Nobre, DJE 09.09.2011);AC 200984000071486 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJE 29.09.2011). Inteligência doenunciado n. 364, da súmula da jurisprudência do TST (“Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado expostopermanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-sede forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”).10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

64 - 0002437-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002437-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO BRASILEIRO DOMEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) xDECIO LUIZ CASTELLÕES MOTTA (ADVOGADO: ES015411 - CARLOS EDUARDO FERNANDES MARTINS.).RECURSO Nº 0002437-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002437-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMARECORRIDO: DECIO LUIZ CASTELLÕES MOTTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. IBAMA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃOPERMANENTE OU HABITUAL À SITUAÇÃO DE RISCO DE MORTE. NÃO-CONFIGURAÇÃO. RECURSO CONHECIDO EPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. IBAMA interpõe recurso inominado, às fls. 211/236, contra sentença que julgou procedentes os pedidos para condená-loa pagar adicional de periculosidade no percentual de 10% sobre o vencimento do cargo efetivo do demandante, e asparcelas vencidas desde 28/04/2011 – data em que foi concedida ao autor a cautela de arma de fogo, até a implantação doadicional, observada a prescrição quinquenal. Em suas razões, sustenta a incompetência absoluta do Juizado EspecialFederal para processar e julgar o feito, em razão da necessidade de produção de prova pericial. Aduz que para a percepçãodo adicional de periculosidade é imprescindível a existência de lauto pericial atestando o exercício de atividades emcondições perigosas (arts. 1º, 2º, 4º e 6º do Decreto n. 97.458/89). Alega que a parte autora ocupa cargo com atribuiçõesmajoritariamente administrativas, motivo por que a participação em atividades arriscadas de fiscalização ocorreria de formaesporádica e, por conseguinte, descaracterizaria a habitualidade e a intermitência exigidas para pagamento do adicional depericulosidade (arts. 61 e 68, da Lei n. 8.112/90; art. 12, da Lei n. 8.270/91; Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010;arts. 193 e 194, da Consolidação das Leis do Trabalho). Sustenta violação ao artigo 61, § 1º, II, da Constituição daRepública de 1988. Invoca os artigos 169, I, § 1º, 63, 2º e 37, da Constituição da República de 1988.2. A parte autora não ofereceu contrarrazões (fl. 240).3. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. Afasto a preliminar de incompetência absoluta do Juizado Especial Federal para processar e julgar o feito, uma vez que ovalor da causa inferior a sessenta salários mínimos determina a competência dos juizados especiais e eventualnecessidade de realização de perícia não afasta tal competência (ROMS 30170, STJ, Terceira Turma, Rel. Nancy AndriguiData da Publicação 13/10/2010).5. O adicional de periculosidade, calculado sobre o vencimento do cargo efetivo, é devido ao servidor público federal quetrabalhe com habitualidade em atividades que ponham sua vida em risco, observada a legislação específica (arts. 61, IV, 68

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e 70, da Lei n. 8.112/90). A Lei n. 8.270/91, em seu art. 12, dispôs que o adicional de periculosidade corresponderia a 10%do vencimento do cargo efetivo do servidor cujas atividades tivessem risco de morte, o que deveria ser aferido de acordocom as normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral.6. A legislação trabalhista prevê que o pagamento do adicional pelo exercício de atividades ou operações perigosas, emobediência à regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, ocorrerá se demonstrado que a naturezaou os métodos de trabalho utilizados nelas implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhadora “inflamáveis, explosivos ou energia elétrica” e a “roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionaisde segurança pessoal ou patrimonial” (art. 193, I e II, da Consolidação das Leis do Trabalho).7. No âmbito administrativo federal, a Orientação Normativa SRH/MPOG n. 2/2010 define que a concessão do adicional depericulosidade está atrelada à emissão de laudo técnico que considere a situação individual de trabalho do servidor (arts. 7ºe 8º, §1º), no qual deverá ser avaliado se há exposição a risco de forma habitual, assim considerada “aquela em que oservidor submete-se a circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu cargo por temposuperior à metade da jornada de trabalho semanal” (art. 5º, §3º), ou de modo permanente, entendida como aquela em quea exposição ao risco é “constante, durante toda a jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor” (art. 5º,§4º).8. Do exame das normas aplicáveis, verifico que o pagamento de adicional de periculosidade será devido se o servidorpúblico federal expõe-se, em razão da natureza, do método ou do ambiente de seu trabalho, à situação de risco àmanutenção de sua vida provocado por atividades desempenhadas no exercício do cargo, de forma permanente ouhabitual, esta na hipótese em que mais da metade da sua carga horária seja trabalhada em tal condição.9. No presente recurso, a parte autora, lotada na sede da Superintendência do IBAMA no Espírito Santo, ocupa o cargo deanalista ambiental, cuja atribuição abrange “o planejamento ambiental, organizacional e estratégico afetos à execução daspolíticas nacionais de meio ambiente formuladas no âmbito da União” (art. 4º, da Lei n. 10.410/02). Embora o IBAMA nãotenha efetuado administrativamente laudo técnico das atividades realizadas pelo recorrido e o laudo técnico elaborado porsolicitação da Associação Nacional dos Fiscais do Meio Ambiente não contenha descrição específica do seu ambiente detrabalho, observo que os documentos administrativos relacionados ao trabalho do autor informam que ele participou de 17ações de fiscalização e lavrou 36 autos de infração no período compreendido entre 26/11/2009 a 28/07/2010 (fl. 59).10. A análise das provas coligidas nos autos não autoriza o provimento do pedido, porque o conteúdo principal dasatribuições do cargo ocupado pela parte autora não impõe a exposição permanente à situação de risco. Ademais, aparticipação em atividades de fiscalização, com o exercício de poder de polícia, não consubstancia fração superior ametade de sua carga horária, sendo certo que a expectativa de submeter-se à situação de risco de morte – porventurademonstrada pelo porte de arma de fogo – não é suficiente para preenchimento das condições legais para o pagamento doadicional de periculosidade. Precedentes: TRF da 5ª Região, AC 200984000071462 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed.Francisco Wildo, DJE 17.02.2011); AC 200984000071450 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Edílson Nobre, DJE 09.09.2011);AC 200984000071486 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJE 29.09.2011). Inteligência doenunciado n. 364, da súmula da jurisprudência do TST (“Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado expostopermanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-sede forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido”).11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

65 - 0002709-75.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002709-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACYR COLARESGUEDES (ADVOGADO: ES015993 - FREDERICO DOMINGOS ALTREIDER IABLONOWSKY.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0002709-75.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002709-0/01)RECORRENTE: MOACYR COLARES GUEDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. MOACYR COLARES GUEDES interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, sem resoluçãodo mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interesse de agir. Oobjeto da presente ação é o pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial debenefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS e oMemorando-Circular n. 28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010, não afastam o interesse de agir; ii) o Supremo Tribunal Federal,

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no julgamento do RE n. 549239, posicionou-se no sentido de afastar a exigibilidade de prévio requerimento administrativocomo condição de acesso ao Judiciário; iii) possui direito à revisão do benefício, nos termos do artigo 29, § 5º da Lei8.213/91. Prequestiona a matéria. Contrarrazões às fls. 67/71.3. Inicialmente, ao proceder à análise do cabimento do recurso, entendo que a admissibilidade de recurso inominado contrasentença terminativa deve ocorrer se a causa apontada para a extinção do processo, sem resolução do mérito, possaimplicar efetiva negativa da prestação jurisdicional, tal como se dá caso a sentença atacada tiver como fundamento questãoque não possa ser corrigida ou superada pelo ajuizamento de nova demanda (art. 5º, da Lei n. 10.259/01; enunciado n. 18,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). Na presente hipótese, a extinção do feito esteve embasadano entendimento de que transação homologada judicialmente em ação coletiva é fato idôneo para caracterizar a ausênciade interesse processual. Contudo, persistente a irresignação da parte autora contra a forma de pagamento das parcelasvencidas decorrente da revisão da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, reputo que a não admissibilidade dorecurso inominado caracterizaria recusa definitiva do Poder Judiciário em ver apreciado o pedido formulado, razão por queo recurso inominado é cabível na presente hipótese.4. Ademais, tendo o INSS oferecido contestação ao pedido, considero que a causa está em condições de imediatojulgamento, podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de ProcessoCivil.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.8. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 24/06/2002 ecessado em 31/07/2003 (NB 122.556.978-5 – fl. 18) e, o segundo, concedido em 14/11/2007, sem data de cessação (NB522.812.005-6 – fl. 20). A presente demanda foi ajuizada em 28/05/2012 (fl. 21), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelasvencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação

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dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12.Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(122.556.978-5 e 522.812.005-6), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente, de acordo com o INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F,da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Semcondenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

66 - 0009102-55.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009102-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIVALDO RODRIGUESVIEIRA (ADVOGADO: ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0009102-55.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009102-5/01)RECORRENTE: EDIVALDO RODRIGUES VIEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. DESCONTO PARCELASAUXÍLIO-DOENÇA. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de pagamento das parcelasatrasadas referentes ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, sem o desconto referente às parcelas deauxílio-doença recebidas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) a aposentadoria por tempo de contribuição requerida em11/11/2004 somente foi deferida em 21/01/2008; ii) os valores atrasados foram pagos sem atualização monetária; iii) não serespeitou a diferença paga entre o auxílio-doença e a aposentadoria; iv) o artigo 41, § 7º da Lei 8.213/91 garante a correçãomonetária dos valores atrasados; v) a correção monetária é devida nos termos dos enunciados n. 8 da súmula do TRF da3ª Região, 71 da súmula do extinto TFR e 19 da súmula do TFR da 1ª Região.3. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 171).4. O autor requereu aposentadoria por tempo de contribuição em 11/11/2004. O benefício foi concedido em 01/2008, comDIB em 11/11/2004. Ao fazer os cálculos das parcelas atrasadas, a autarquia reajustou a mensalidade, incluiu as parcelasde 13º salário e corrigiu monetariamente o valor devido (fl. 16). No entanto, verificou que o autor recebeu auxílio-doença novalor de R$ 10.656,64, já corrigido, no período em que aguardava o deferimento do benefício de aposentadoria por tempode contribuição (fl. 124). Com base no disposto no artigo 124, I da Lei n. 8.213/91, o INSS descontou o referido valor domontante que seria devido a título de parcelas atrasadas da aposentadoria por tempo de contribuição.5. A autora alega que não houve atualização monetária. Porém, como já mencionado, o INSS comprovou que efetuou acorreção do valor devido. Com efeito, o pagamento de quantia menor daquela esperada pela demandante não decorreu de

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supressão ou erro na realização de atualização monetária, mas da constatação de que houve pagamento errôneo de doisbenefícios, sendo possível que a autarquia previdenciária efetuasse a compensação, sob pena de enriquecimento ilícito dosegurado, nos termos do art. 115, II, da Lei n. 8.213/91. Nesse sentido, posicionou-se o Tribunal Federal da 4ª Região emjulgamento do AG 2002.04.01.056463-6/PR (Sexta Turma, Re. Des. Fed. Tadaaqui Hirose, DJ 09.07.2003, p. 559).6. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 170).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

67 - 0000793-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000793-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CORREIA BRAULINO(ADVOGADO: ES010957 - CARLA CARRARA DA SILVA JARDIM.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO Nº 0000793-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000793-0/01)RECORRENTE: MARIA CORREIA BRAULINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. AUSÊNCIA DECOMPROVAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA LEGALMENTE EXIGIDA. TABELA PROGRESSIVA. ART. 142 DALEI N. 8213/91. RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS POR EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES QUE NÃO SUBSTITUI ACONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DEVIDA PELO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra a sentença de fl. 215/217 (integrada pela sentença de fls. 232/234),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus/ES, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder aposentadoria por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimentoadministrativo.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que a sentença desconsiderou as contribuições pagas no período de1997 a 1998, mediante recolhimento unificado de impostos e contribuições por empresa optante pelo SIMPLES. Afirma queo cômputo das contribuições vertidas sob o regime simplificado previsto para as microempresas e empresas de pequenoporte permite que se apure um total de 13 anos, 10 meses e 26 dias de contribuição, o que satisfaz a carência legalmenteexigida.3. Nas contrarrazões, o INSS ressalta que as contribuições e os impostos pagos pela empresa não suprem a necessidadede efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias pelo contribuinte individual. Destaca que a autora não cumpriu acarência necessária para a concessão do benefício. Afirma que o recurso não merece prosperar, uma vez que não infirmaos fundamentos da sentença.4. Compulsando-se os autos, observo que a autora completou 60 anos de idade em 15/06/2008 (fl. 7) e a sua filiação àPrevidência Social ocorreu em 01/08/1979 (fl. 19), razão pela qual ela faz jus à aplicação da regra de transição prevista noart. 142 da Lei n. 8.213/91. Observando-se a tabela progressiva contida no mencionado dispositivo legal, verifico que acarência legalmente exigida para o benefício de aposentadoria por idade é de 162 (cento e sessenta e dois) meses decontribuição, o que equivale a 13 (treze) anos e 6 (seis) meses.5. Conforme bem salientado na sentença (fl. 234), a autora comprovou 143 contribuições, o que corresponde a 11 anos, 10meses e 26 dias, período insuficiente para a obtenção do benefício pleiteado.6. Os recolhimentos unificados, efetuados por empresa individual optante pelo SIMPLES, não substituem nem suprem ascontribuições previdenciárias devidas pelo contribuinte individual, conforme a inteligência dos artigos 12, V, f, e 30, II, da Lein. 8.212/91, c/c artigos 11, V, f, e 27, II, da Lei n. 8.213/91. A adesão ao SIMPLES, nos termos do art. 3º, da Lei n. 9.317/96,implicava o pagamento integrado da contribuição devida pelo empregador à Previdência Social, o que não abrangia aquelaa ser paga pelo empresário, contribuinte individual, em decorrência de sua filiação. Correta, portanto, a sentença, aoassentar que “as declaração de fls. 116/117, todavia, referem-se aos tributos devidos pela pessoa jurídica Maria CorreiaBarulino ME nos anos 1997/1998, recolhimentos que não se confundem com as contribuições devidas pelos contribuintesindividuais à seguridade social. Em síntese, a embargante não comprovou o recolhimento de contribuições previdenciária,em seu favor, nos exercícios em questão, de modo que não lhe assiste razão”(fl. 234).7. Ademais, os documentos apresentados originariamente em sede recursal não podem ser admitidos (fls. 241/285), sobpena de indevida reabertura da instrução processual e inadmissível supressão de instância. Ressalto que a recorrente nãodemonstrou eventual hipótese de força maior que pudesse ter obstado a apresentação oportuna dos elementos oracoligidos aos autos, nos termos dos arts. 517 e 397 do Código de Processo Civil.8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 54).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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68 - 0001723-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001723-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x MÁRIO BASTOS DA SILVA (ADVOGADO: ES013488 -ROSEMERI FERREIRA SAMPAIO.).RECURSO Nº 0001723-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001723-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MÁRIO BASTOS DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE. SENTENÇA EXTRA PETITA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. A UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 72/81, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 65/67 e 83/84), que julgou parcialmente procedente pedido para quefosse declarada a inexistência de relação jurídico-tributária entre a autora e a ora recorrente “acerca da incidência de IRPFsobre os atrasos recolhidos em função de condenação judicial indicados nesta lide”, tendo condenado a parte ré a procederao cálculo do tributo devido, observado o regime contábil de competência, dentro do exercício fiscal em que deveria ter sidopaga a diferença tributada, bem como a restituir os valores indevidamente recolhidos a título de imposto de renda, nestestermos.2. A recorrente sustenta que a sentença é nula, pois o julgamento recaiu sobre objeto distinto do pedido formulado pelaparte autora, a qual pleiteou que não houvesse a incidência de contribuição previdenciária sobre as diferenças apuradas emreclamação trabalhista, uma vez que já havia contribuído no patamar máximo para a Seguridade Social, o quecaracterizaria infração ao disposto pelo art. 460, do Código de Processo Civil. Outrossim, sustenta que inexiste interesseprocessual da parte autora, uma vez que o contribuinte poderia obter, administrativamente, o ressarcimento perseguido navia judicial. Acrescenta que as hipóteses de isenção do pagamento de imposto de renda estão previstas em lei, e que anatureza da verba recebida em reclamação trabalhista não se caracteriza como proventos de aposentadoria ou outrobenefício previdenciário.3. Regularmente intimado, o recorrido não ofereceu contrarrazões (fl. 93).4. Presentes os requisitos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. Em análise da alegada nulidade da sentença, observo que a parte autora afirmou que propusera reclamação trabalhista,autuada sob o n. 906.1999.002.17.00-8, na qual seu ex-empregador foi condenado a pagar verbas rescisórias sobre asquais incidiriam imposto de renda e contribuições para a Seguridade Social. O demandante sustentou que tal tributaçãoseria ilegal, porque as contribuições recolhidas sobre seu salário eram calculadas em patamar máximo, bem como porqueele é portador de doença grave, a qual lhe confere isenção do pagamento de imposto de renda, de acordo com o art. 6º,XIV, da Lei n. 7.713/88, com a redação dada pela Lei n. 11.052/2004.6. Entretanto, a sentença recorrida pronunciou-se sobre pedido diverso, tendo condenado a UNIÃO a restituir os valoresindevidamente recolhidos a título de imposto de renda sobre pagamento realizado em parcela única, a fim de que fosseobservado o regime contábil de competência na apuração do montante devido. Logo, verificada a incongruência entre ascausas de pedir e os pedidos deduzidos na petição inicial e aqueles apreciados pela sentença proferida, resta configuradanulidade, de acordo com o art. 460, do Código de Processo Civil.7. Acrescento que o reconhecimento da nulidade da sentença extra petita não é suscetível de saneamento na fase recursal(art. 515, § 4º, do Código de Processo Civil), tampouco permite que o mérito da causa seja ora apreciado, por interpretaçãoextensiva da regra do art. 515, §3º, do Código de Processo Civil, uma vez que não foi encerrada a instrução do feito,valendo a propósito destacar o requerimento apresentado pelo INSS para que seja juntada cópia dos autos da reclamaçãotrabalhista ajuizada (fl. 47).8. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para que seja declarada a nulidade da sentença de fls. 65/67 e83/84. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.9. Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

69 - 0003600-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003600-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IEDA BORBOREMA(ADVOGADO: SP252049 - HELENITA COELHO DE ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0003600-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003600-8/01)RECORRENTE: IEDA BORBOREMARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADA ESPECIAL. PESCADORA ARTESANAL. INÍCIO DEPROVA MATERIAL. REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL INDEFERIDO. NECESSIDADE DE

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REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. PRECEDENTES. SENTENÇA ANULADA. RECURSO PREJUDICADO.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).4. O juízo de origem concluiu pela ausência de prova material contemporânea a período anterior ao ano de 2004, do quedecorreria a inutilidade da prova testemunhal. Contudo, conforme entendimento sedimentado pela TNU, o início de provamaterial, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado em qualquer momento ao longo do intervalo que sepretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode ser estendida prospectivamente ou retroativamente, seconjugado com prova testemunhal convincente e idônea.5. A autora requereu, na petição inicial, a oitiva de testemunhas, cujo rol foi juntado na mesma oportunidade. Apresentadoinício de prova material, cumpre dar oportunidade para que a ora recorrente produza prova testemunhal.6. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja reaberta a instrução processual, comdesignação de audiência para oitiva de testemunhas.7. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

RELATÓRIO

IEDA BORBOREMA interpõe recurso inominado, às fls. 138/142, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 135/136), que julgou improcedente o pedido para condenar oINSS a pagar à autora o benefício de aposentadoria por idade, incluídas as prestações vencidas desde o indeferimento dorequerimento formulado administrativamente.

02. A recorrente alega ter apresentado documentos que caracterizam início de prova material, razão pela qualdeveria ter sido realizada a oitiva de testemunhas. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para queseja reconhecido o período de 1992 a 2009, em que a autora teria trabalhado como pescadora artesanal (marisqueira).

03. O recorrido apresentou contrarrazões às fls. 146/151, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez quea comprovação do efetivo exercício da atividade deve ser feita através de documentação contemporânea à data daprestação do serviço e deve abranger todo o período mencionado. Afirma que os documentos apresentados pela recorrentesão genéricos e extemporâneos ao período por ela alegado. Sustenta que o único período homologado pelo INSS(24/08/2004 a 22/01/2009) é muito inferior ao necessário para preencher a carência exigida.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.

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Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. A comprovação do exercício da atividade rural ou pesqueira constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vezque a apreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola ou pescador que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Emboraa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

10. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

11. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

12. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 23/12/1948 (fl. 12) a afirma exercer a atividadede pescadora artesanal (marisqueira) desde 1992 (fl. 02). Para comprovar suas alegações, juntou: i) declaração deexercício de atividade rural firmada pelo presidente da colônia de pescadores “Almirante Noronha” em 22/01/2009 (fls.14/15); ii) declarações particulares datadas de 22/01/2009 (fls. 16/18); iii) ficha de colônia de pescadores (fl. 19); iv) carteirade pescador profissional, na categoria de pesca artesanal, expedida em 04/05/2007, a qual indica 24/08/2004 como data doprimeiro registro (fl. 20); v) certidão de casamento e averbação de sentença de separação judicial (fls. 21/22); vi) termo dehomologação da atividade rural emitido pelo INSS em 15/04/2009, do qual consta que foi homologado o período de24/08/2004 a 22/01/2009, na categoria de marisqueiro (fl. 25); vii) ficha do sindicato dos trabalhadores rurais de NovaMódica (MG), em nome do ex-cônjuge da autora, datada de 20/03/1976 (fl. 35); viii) certidão de óbito da mãe da autora,emitida em 14/08/2009 (fl. 58); ix) certidão lavrada por cartório de registro de imóveis em 12/01/1993, da qual consta que amãe da autora adquiriu imóvel rural, por força de formal de partilha expedido nos autos de ação de inventário (fl. 59); x)escritura de compra e venda de imóvel rural lavrada em 11/09/1997, em que constam a autora, como compradora, e suamãe, como vendedora (fls. 60/62).

13. Conforme consta da sentença confrontada, o INSS reconheceu a qualidade de segurada especial apenas noperíodo de 24/08/2004 a 22/01/2009. O ilustre magistrado prolator da sentença considerou, ainda, que a certidão decasamento com divórcio averbado em 1986 qualificou a autora como modista e o marido dela como motorista, e que adeclaração da colônia de pescadores não vale como início de prova material, porque não está homologada pelo INSS.Concluiu, assim, que, sem início de prova material idôneo e contemporâneo para período anterior a 2004, seria inútilproduzir prova testemunhal (fl. 135).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício (fl. 41).Contudo, destaco que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural,sobretudo se a prova testemunhal revelar-se idônea e apta a complementar os indícios documentais, conforme a orientaçãocontida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

15. Na hipótese vertente, conforme constatado pelo Juízo de origem, a certidão de casamento não basta paracaracterizar o início de prova documental, pois qualifica a autora como modista e o seu ex-cônjuge como motorista.

16. No entanto, há outros documentos nos autos (acima relacionados), que suprem a exigência legal de início deprova material, o que permite a sua complementação pela prova testemunhal. A propósito, destaco os seguintes elementos:ficha de colônia de pescadores (fl. 19); carteira de pescador profissional, na categoria de pesca artesanal, expedida em

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04/05/2007, a qual indica 24/08/2004 como data do primeiro registro (fl. 20); e termo de homologação da atividade ruralemitido pelo INSS em 15/04/2009, do qual consta que foi homologado o período de 24/08/2004 a 22/01/2009, na categoriade marisqueiro (fl. 25). Insta salientar que o benefício pretendido pela demandante foi concedido administrativamente, comdata de início em 17 fevereiro de 2014 (fl. 158), o que não infirma o seu interesse processual, tendo-se em vista apossibilidade de ser fixada data anterior em sede judicial e, por conseguinte, gerar proveito econômico à recorrente.

17. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (TNU, PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif,DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. AVERBAÇÃO. SEGURADO ESPECIAL. EXTENSÃO DA EFICÁCIAPROBATÓRIA DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL PELA PROVA TESTEMUNHAL. POSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 14/TNU.INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Pretende o autor a modificação de acórdão que não reconheceu o seu direito àaverbação do tempo de serviço rural supostamente exercido no período de 28/01/61 a 14/01/66 e 18/11/66 a 24/05/77 (comexceção do ano de 1968, que foi reconhecido na sentença), ao argumento de que o início de prova material não precisacorresponder a todo o período de carência, desde que corroborado por adequada prova testemunhal. Adentro o méritorecursal, já que presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso manejado, assinalando que a decisão do em.Presidente desta Turma Nacional admitiu apenas em parte o presente incidente, deixando de dele conhecer em relação aoalegado cerceamento de defesa. 2. Esta Turma Nacional já pacificou o entendimento, cristalizado no enunciado da Súmulanº 14, de que “para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”, atribuindo-se à prova testemunhal a aptidão de estender a eficáciaprobatória desse início de prova material, seja de forma prospectiva, seja retrospectiva. 3. Por conseguinte, o documentodatado de 1968, qual seja, ficha da Cooperativa Tritícola Santiaguense, relativo à comercialização de produtos agrícolaspelo autor, que foi considerado idôneo como início de prova material, pode ter a sua eficácia probatória estendida poradequada prova testemunhal, tanto para o período anterior quanto para o posterior àquele ano. 4. Confirmação deentendimento desta TNU veiculado no acórdão prolatado nos autos do Pedilef 2005.81.10.001065-3, de minha relatoria, aoqual se imprimiu a sistemática prevista no art. 7º do Regimento Interno, que determina a devolução às Turmas de origemdos feitos congêneres, para manutenção ou adaptação dos julgados conforme a orientação pacificada. 5. Não tendo sidoainda colhida a indispensável prova testemunhal (o juízo de procedência do período deferido na sentença se baseou,exclusivamente, nos depoimentos realizados em justificação administrativa, perante o INSS), determino a anulação dasentença e o retorno dos autos ao Juizado de origem, para reabertura da instrução processual, para fins de realização daprova testemunhal e exame da sua adequação para ampliação da eficácia probatória do início de prova material. Este olimite à nova decisão a ser prolatada pelo condutor do processo, uma vez que a idoneidade do início de prova material e apossibilidade de seu aproveitamento para os períodos questionados está sendo reconhecida por esta Turma Nacional, nãopodendo, portanto, ser objeto de nova deliberação. 6. Ressalto que relativamente ao período anterior a 14/01/66, deverá serobjeto de exame apenas o período entre 28/01/61 a 31/12/62, já que o julgado recorrido reconheceu como descaracterizadoo trabalho rural entre 1963 e 14/01/66, uma vez que, nessa época, o autor “já estudava na cidade e voltava apenas aosfinais de semana”, segundo depoimento de uma das testemunhas ouvidas. Como não houve específica impugnação do

�julgado, nesse particular, aqui ele se mantém hígido. 7. Incidente parcialmente provido. (TNU, PEDILEF00137684620074047195, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

18. Portanto, no caso dos autos, há que se dar oportunidade à recorrente para comprovação de suas alegaçõesmediante oitiva de testemunhas. Ressalto que a prova testemunhal foi requerida na petição inicial, tendo sido inclusiveapresentado o respectivo rol naquela oportunidade (fl. 8).

19. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem e a reabertura dainstrução processual, a fim de que seja oportunizada a produção de prova testemunhal, com a designação de audiênciapara esse fim, e posterior prolação de nova sentença. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por nãoterem as partes dado causa à nulidade identificada.

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20. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

21. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

70 - 0103460-02.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.103460-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRACEMA DOS SANTOS DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES020946 - KELLY VANESSA DE OLIVEIRA, ES014978 - WELINGTON COSTA BRAGA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0103460-02.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.103460-8/01)RECORRENTE: IRACEMA DOS SANTOS DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DAREPÚBLICA DE 1988). SEGURADO DESEMPREGADO OU SEM RENDA. AUSÊNCIA DE PROVA DE DEPENDÊNCIAECONÔMICA DA MÃE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O art. 201, IV, da Constituição da República de 1988, em sua redação atual, limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, a qual é definida e reajustada de acordo com o disposto pelo art. 13, da EmendaConstitucional n. 20/98.2. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.3. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.4. No momento da prisão do segurado (02/07/2013, fl. 17), a Portaria Interministerial MPS/MF 15, de 10/01/2013, fixava abaixa renda em R$ 971,78. Embora o último salário-de-contribuição fosse superior a esse limite, ele estava desempregadodesde 13.05.2013 (fl. 29), o que impediu que fosse aferido o salário-de-contribuição referente àquela data. Conquanto oINSS afirme que a concessão do benefício deva observar o último rendimento mensal percebido enquanto o seguradomantinha vínculo de emprego, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.480.461/SP (Segunda Turma, Rel.Min. Herman Benjamin, DJE 10.10.2014), decidiu que o auxílio-reclusão deve ser concedido aos dependentes do seguradodesempregado ou sem renda, em período de graça, em obediência ao disposto pelo art. 80, da Lei n. 8.213/91, e pelo art.116, §1º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que em tais hipóteses não há salário-de-contribuição quando se deu orecolhimento à prisão.5. Entretanto, compulsando-se os autos, não verifico prova de efetiva dependência econômica da demandante em relaçãoao seu filho, valendo destacar que a cópia do contrato de locação de imóvel não está subscrita por ele e pelo locador (fl.19); bem como por ser o documento de fl. 17 (comprovante de pagamento à empresa prestadora de serviços funerários)insuficiente para demonstrar que a ajuda prestada pelo segurado era indispensável à subsistência de sua mãe, orarecorrente.6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 49).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

71 - 0000202-06.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000202-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSÉ LUIZ AYOLPHI (ADVOGADO:MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR.).RECURSO Nº 0000202-06.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000202-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ LUIZ AYOLPHIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentesnocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de

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exposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.2. A extemporaneidade, por si só, não basta para desnaturar os laudos técnicos e PPPs apresentados pela parte autora,sobretudo quando tais documentos se revelam suficientemente esclarecedores e se reportam expressamente aos períodospretéritos em questão. Inteligência do enunciado nº 68 da TNU.3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para adequar, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Juros de mora incidentes apartir da citação, observada a nova redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 a partir da entrada em vigor da Lei n. 11.960/09.Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) dovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dejurisprudência dominante do STJ. Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específicapara a matéria (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 97/102, contra sentença (fls. 91/94), proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de Linhares, que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder aposentadoria por tempo de contribuiçãointegral, com DIB na data do requerimento administrativo (17/08/2009) e DIP na data da sentença, e a pagar o valor dasprestações vencidas, não atingidas pela prescrição quinquenal. Foi reconhecido, na fundamentação do julgado, o exercíciode atividades em condições especiais nos períodos de 21/05/1977 a 01/12/1980, 01/01/1981 a 30/01/1981, 16/03/1981 a24/10/1985 e 30/10/1985 a 02/09/1996.

02. A autarquia sustenta que o autor não comprovou, através da documentação exigida pela legislaçãoprevidenciária, que as atividades por ele exercidas estavam sujeitas a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física.Alega que o enquadramento do intervalo de 21/05/1977 a 01/12/1980, com base na atividade de mecânico, não procede,uma vez que tal atividade não foi exercida ininterruptamente. Afirma, também, que os laudos técnicos apresentados peloautor são extemporâneos, e que o agente ruído possui valor único, sem especificação do tempo de avaliação e do trabalhoem cada nível. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam julgados improcedentes ospedidos iniciais.

03. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 110/113, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que sempre esteve exposto a agentes nocivos. Alega que, no período compreendido entre 21/05/1977 e01/12/1980, desempenhou as atividades de mecânico e operador de máquinas/operador de trator, cabendo oenquadramento por exposição a agentes químicos (atividade de mecânico) e ao ruído (atividade de motorista). Afirma queas condições de trabalho que dão direito à aposentadoria especial restaram comprovadas pelas demonstrações ambientais(laudos periciais), que foram ratificadas pelos PPPs emitidos pelas empresas.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

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08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. No caso dos autos, foi comprovado o exercício das atividades de motorista, mecânico e operador demáquinas, no período de 21/03/1977 a 01/12/1980, conforme consta do PPP de fls. 34/35. Embora tenha sido mencionadoo cargo de motorista de veículo leve no intervalo de 21/03/1977 a 31/10/1977, observo que consta da descrição daatividade, no mesmo período, “dirigir o caminhão para o transporte de madeiras, mudas, trabalhadores, máquinas eequipamentos para as frentes de serviços” (fl. 34).

13. O mesmo PPP também revela a exposição a ruídos de intensidade superior a 80 dB no referido período(01/11/1977 a 01/12/1980).

14. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997(edição do Decreto 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475; enunciado n. 32, da súmula nº 32, da TNU).

15. Trata-se, portanto, na espécie vertente, de atividades enquadradas como especiais pela legislação vigente àépoca em que o labor foi exercido (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79).

16. Com relação aos períodos de 16/03/1981 a 24/10/1985 e de 30/10/1985 a 02/09/1996, a irresignação do INSStambém não procede. É que os PPPs e laudos técnicos colacionados aos autos, além de atestarem o exercício da funçãode mecânico, comprovam a efetiva exposição a agentes nocivos. No primeiro intervalo (16/03/1981 a 24/10/1985), o PPP

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de fls. 44/45 revela que houve exposição a ruído no patamar de 83 dB e a hidrocarbonetos aromáticos, alifáticos e outrostóxicos orgânicos em forma de gases/vapores, neblinas e líquidos por contato, o que se subsume ao item 1.2.11 do anexodo Decreto n. 53.831/64. Além disso, a descrição das atividades inclui operação de equipamentos como máquinas de soldaelétrica e oxi-acetilênica, o que se enquadra ao item 2.5.3 do anexo II do Decreto n. 83.080/79. Quanto ao segundo intervalo(30/10/1985 a 02/09/1996), destaco o teor do formulário de fl. 54 e do laudo técnico de fl. 55, que se referem ao período de30/10/1985 a 26/11/1990 e relatam exposição a ruído de 83,5 dB, bem como o PPP de fls. 58/59, que aponta ruído de 94dB entre 06/04/1992 e 02/09/1996. O período de 27/11/1990 a 05/04/1992, em que não houve comprovação do exercício deatividade especial, não foi computado nos cálculos realizados pelo Juízo de origem, conforme revela a planilha de fl. 95.

17. Ressalto que a extemporaneidade dos laudos periciais e dos PPPs não basta, por si só, para infirmar os dadosneles contidos, sobretudo quando se revelam suficientemente esclarecedores e se reportam expressamente aos períodospretéritos pleiteados pelo autor. No mesmo sentido, destaco o teor do enunciado n. 68 da TNU: “O laudo pericial nãocontemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado”.

18. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

19. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

20. Contudo, não consta da sentença a sistemática de cálculo da correção monetária e dos juros de mora. Destafeita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária complementação dojulgado confrontado, no que diz respeito aos consectários legais, a fim de ajustá-lo ao que decidiu o STF nas mencionadasações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se dequestão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, dasúmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração de

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inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

21. Os juros de mora incidem a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ(“Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”). A partir da entradaem vigor da Lei n. 11.960/09, deverá ser aplicada, neste particular, a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

22. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para adequar, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora incidirão a partir da citação,observando-se a nova redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09. Semcondenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, osquais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida noenunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidemsobre as prestações vencidas após a sentença”).

23. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

24. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

72 - 0001021-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001021-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DARLI BRAZ FRAGA(ADVOGADO: ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0001021-83.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001021-2/01)RECORRENTE: DARLI BRAZ FRAGARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Atividade de lubrificador. Exposição a agentes nocivos de forma habitual e permanente comprovada. Ampliação dopedido em fase recursal para conversão de período não pleiteado na petição inicial. Contrariedade ao disposto nos arts.264, parágrafo único, e 515, ambos do Código de Processo Civil. Pedido julgado improcedente, por ausência de temposuficiente para o deferimento do benefício pleiteado.3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista

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o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

DARLI BRAZ FRAGA interpõe recurso inominado, às fls. 123/126, contra sentença (fls. 114/118), proferida pelo MM. Juiz do1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSSa conceder aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita acondições especiais no período de 01/07/1978 a 03/10/1979, 08/11/1979 a 13/05/1982, 21/06/1982 a 30/09/1986,12/01/1987 a 21/02/1992, 19/08/1992 a 05/01/1994, 10/01/1994 a 28/04/1994 e 01/03/1995 a 16/04/1996.

02. O recorrente sustenta que a sentença merece reforma, porque os documentos juntados aos autos comprovariamo efetivo exercício de atividades em condições especiais. Aduz que a ausência de mensuração de sua exposição aosagentes nocivos no laudo técnico não pode ser considerada, uma vez que a legislação da época determinava a simplescomprovação da exposição ao agente, sem necessidade de comprovação de sua intensidade. Pugna pelo reconhecimentodo trabalho exercido no período de 16/01/1975 a 29/09/1977.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 130/132, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que acategoria de lubrificador não estava relacionada na legislação em vigor à época da prestação do serviço. Aduz que asatividades mencionadas na lei referem-se à produção de determinado agente químico e não ao seu simples uso oumanuseio, situação que exige a prova da exposição. Sustenta que não foi comprovado o alegado período trabalhado naempresa CONVAP – MK Engenharia Ltda.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,

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biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Observo que o pedido inicial é de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante oreconhecimento do exercício de atividade sujeita a condições especiais nos períodos de 01/07/1978 a 03/10/1979,08/11/1979 a 13/05/1982, 21/06/1982 a 30/09/1986, 12/01/1987 a 21/02/1992, 19/08/1992 a 05/01/1994, 10/01/1994 a28/04/1994 e 01/03/1995 a 16/04/1996 (fl. 6). Ao fazer o cálculo do tempo de atividade comum do autor, a sentença deixoude computar o período em que ele alega ter trabalhado na empresa CONVAP - MK Engenharia Ltda (12/09/1974 a15/01/1975 – fl. 12), por não sido comprovado o efetivo labor. Também deixou de considerar o período concomitante emque o autor laborou para as empresas Metropolitana Conservação Ambiental Ltda, Condomínio do Edifício Treviso e IDSNegócios e Serviços Ltda. Assim, concluiu pelo período incontroverso de 26 anos, 5 meses e 2 dias. O recorrente não seinsurgiu quanto ao referido ponto e a matéria encontra-se preclusa. No que tange ao período compreendido entre16/01/1975 e 29/09/1977, observo que ele não constou do pedido inicial (fl. 6), tampouco da simulação apresentada às fl.12, o que configura ampliação do pedido em fase recursal, não admitida de acordo com o previsto pelos arts. 264,parágrafo único, e 515, ambos do Código de Processo Civil.

13. Quanto aos períodos relacionados na inicial (fl. 6) e na simulação de fl. 12 (01/07/1978 a 03/10/1979, 08/11/1979a 13/05/1982, 21/06/1982 a 30/09/1986, 12/01/1987 a 21/02/1992, 19/08/1992 a 05/01/1994, 10/01/1994 a 28/04/1994 e01/03/1995 a 16/04/1996, o autor alega que laborou na função de lubrificador. Tal atividade não constava do rol dasatividades profissionais classificadas como insalubres, penosas ou perigosas (Decretos 53.831/64 e 53.080/79). Contudo, épossível o reconhecimento da especialidade do trabalho se demonstrada, por qualquer meio de prova, a sujeição dosegurado a agentes nocivos (TRF da 4ª Região, AC 8904177952, Primeira Turma, Rel. Des. Ellen Gracie Northfleet, DJ31.07.1991):“APOSENTADORIA. INSALUBRIDADE, ATIVIDADE NÃO RELACIONADA NO ANEXO AO DECRETO-53831/64.EXERCICIO ALTERNADO EM ATIVIDADES COMUNS E INSALUBRES. CONVERSÃO. 1. E INSALUBRE A ATIVIDADEDE LUBRIFICADOR SE O EMPREGADO MANIPULA OLEO DE CAIXA, OLEO DE MOTOR E OLEO QUEIMADO, ALEMDE LABORAR EM LOCAL ENCHARCADO, SENDO IRRELEVANTE QUE NÃO CONSTE DENTRE AS FUNÇÕESRELACIONADAS NOS QUADROS DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE, QUE NÃO E EXAUSTIVA. 2. O TEMPO DESERVIÇO EXERCIDO ALTERNADAMENTE EM ATIVIDADES COMUNS E EM ATIVIDADES INSALUBRES SERASOMADO PARA EFEITO DE APOSENTADORIA, APLICADA A TABELA DE CONVERSÃO DO DECRETO-87374/82. 3.RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.”

14. Os PPPs de fls. 57, 59, 61 e 63 se referem apenas aos períodos de 21/06/1982 a 30/09/1986, 12/01/1987 a21/02/1992, 19/08/1992 a 05/01/1994 e 01/03/1995 a 16/04/1996, respectivamente. Os agentes ali constantes são ruído,

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calor a céu aberto, óleo lubrificante e desengraxante de peças. Não consta avaliação quantitativa quanto ao ruído. Quantoaos demais agentes, observo que o autor trabalhava na empresa Tracomal Terraplanagem e Construções Machado Ltda,na função de lubricador, e, dentre as suas atividades constam a troca óleo lubrificante e de filtro dos equipamentos eveículos, lubrificação dos equipamentos e veículos, lavagem, lubrificação e pulverização de equipamentos (limpeza pesadacom uso de desengraxante rodol). Entendo, portanto, que nos períodos de 21/06/1982 a 30/09/1986, 12/01/1987 a21/02/1992, 19/08/1992 a 05/01/1994 e 01/03/1995 a 16/04/1996 o autor laborou exposto, de modo habitual e permanente,a agentes nocivos à saúde. No entanto, somando-se o tempo convertido ao tempo comum chega-se, na data dorequerimento administrativo (25/08/208 – fl. 14), a 31 anos 02 meses e 15 dias de contribuição, insuficientes para aconcessão de aposentadoria por tempo de contribuição integral ou com proventos proporcionais.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 55, da Lei n.9.099/95.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

73 - 0000312-70.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000312-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.) x JOSEMAR MANTOVANI (ADVOGADO:ES006578 - WELLINGTON BONICENHA.).RECURSO Nº 0000312-70.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000312-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSEMAR MANTOVANIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentesnocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição de forma habitual e permanente a tensões superiores a 250volts.3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 251/253, contra sentença (fls. 238/244), proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Colatina, que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder aposentadoria por tempo decontribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita a condições especiais nos períodos de02/02/1979 a 28/02/1987, 01/03/1987 a 03/07/1989, 15/10/1991 a 31/05/1998 e 01/06/1998 a 14/08/2006.

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02. A autarquia sustenta que o autor não esteve exposto de modo habitual e permanente à alta tensão, uma vez quea Empresa Luz e Força Santa Maria S/A relata exposição a tensões de 127/220 volts e 127/254 volts. Alega que oGBENIN/INSS emitiu parecer desfavorável ao enquadramento, porque não restou comprovado o labor permanente emlinhas vivas com tensões acima de 220v.

03. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 256/191/198, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que sempre esteve exposto a agente nocivo, de modo habitual e permanente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição do

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ambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial,sujeita a agente nocivo, nos intervalos de 02/02/1979 a 28/02/1987, 01/03/1987 a 03/07/1989, 15/10/1991 a 31/05/1998 e01/06/1998 a 14/08/2006. Para tanto, anexou o perfil profissiográfico previdenciário de fls. 27/30 (abrangendo as atividadesdesenvolvidas pelo trabalhador), devidamente assinado pelo responsável pela avaliação. No PPP consta que o autor esteveexposto de forma habitual e permanente a tensões superiores a 250 Volts. As conclusões expendidas no referido PPPforam corroboradas no laudo técnico pericial, de fls. 197/200, no qual se concluiu que o empregado Josermar Mantovani“fica exposto de modo habitual e permanente, não ocasional nem intermitente (08:45 horas diárias), com tensões/voltagensem sistemas elétricos de potências superiores a 250 Volts” (fl. 199). A interpretação extraída pelo INSS da informação dadapela Empresa Luz e Força Santa Maria S/A (fl. 56) não infirma a assertiva do PPP.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

74 - 0000268-83.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000268-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADEVALDO GREGÓRIOSOEIRO (ADVOGADO: ES003003 - NILSON FRIGINI, ES017452 - FLÁVIA SPINASSÉ FRIGINI, ES014655 - EDIMARMOLINARI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000268-83.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000268-2/01)RECORRENTE: ADEVALDO GREGÓRIO SOEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição de forma habitual e permanente a agente nocivo ruído. Pedido improcedente, por ausência de temposuficiente para o deferimento do benefício pleiteado.3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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ADEVALDO GREGÓRIO SOEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 141/148, contra sentença (fls. 131/134), proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS aconceder aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita acondições especiais no período de 29/04/1995 a 24/10/2008.

02. O recorrente sustenta que faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição por ter laborado no período de29/04/1995 a 24/10/2008 na função de soldador, exposto a ruído e fumos metálicos de forma habitual e permanente,conforme demonstram os documentos juntados aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 153/167, nas quais requer o desprovimento do recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo

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trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997(edição do Decreto 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475; enunciado n. 32, da súmula nº 32, da TNU).

13. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial,sujeita a agente nocivo, no intervalo de 29/04/95 a 24/10/08. Para tanto, juntou laudos técnicos que informam exposição aoagente nocivo ruído, de modo habitual e permanente, de 87,0 dB nos seguintes períodos: 01/12/93 a 13/10/96, 14/10/96 a05/03/97, 06/03/97 a 31/12/98, 01/01/99 a 31/12/2002 (fls. 39, 55/57). De 87,3 dB no período de 01/01/03 a 31/12/03 (fl. 58),91,5dB, no período de 01/01/2004 a 31/12/2004 (fl. 59) e 95,0dB nos períodos de 01/01/2005 a 31/12/2006 e 01/01/2007 a31/12/08 (fls. 60/61). Quanto à exposição do trabalhador ao agente ambiental de característica química (fumos metálicos),os laudos de fls. 55/61 informam que ocorria abaixo do limite de tolerância.

14. Observo que a Junta de Recursos determinou o enquadramento do período compreendido entre29/04/95 e 05/03/97 (fls. 13/14). Sendo assim, no que tange ao mencionado período, o autor carece de interesse recursal.

15. No período de 19/11/2003 a 24/10/2008 (DER), o autor faz jus à conversão do tempo como especial, uma vezque esteve exposto ao agente nocivo ruído acima de 85 dB. No entanto, convertendo-se o mencionado período, bem comoos períodos de 21/09/84 a 22/03/90, 01/10/90 a 25/05/93, 21/09/93 a 30/09/93, 01/12/93 a 05/03/97 reconhecidosadministrativamente, a soma do tempo de contribuição é de aproximadamente 34 anos e 25 dias. Assim, na data dorequerimento administrativo, o autor não contava com tempo suficiente para se aposentar por tempo de contribuiçãointegral.

16. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 107).

17. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

75 - 0004525-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004525-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RAFAEL SOARESMAGALHÃES (ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS,ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ, ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0004525-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004525-3/01)RECORRENTE: RAFAEL SOARES MAGALHÃESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.

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2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição de forma habitual e permanente ao agente nocivo eletricidade. Pedido improcedente, por ausência de tempode contribuição suficiente para o deferimento do benefício requerido.3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

RAFAEL SOARES MAGALHÃES interpõe recurso inominado, às fls. 141/148, contra sentença (fls. 34/35), proferida peloMM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido paracondenar o INSS a conceder aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício deatividade sujeita a condições especiais no período de 18/05/1981 a 05/03/1997.

02. O recorrente sustenta que a sentença merece reforma, porque teria somado o período convertido de 06 anos, 03meses e 25 dias ao período computado até 31/12/2009 e não ao período computado na data do requerimento administrativo(22/01/2010). Sustenta que possuía 35 anos e dois dias de contribuição na data do requerimento administrativo.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 47).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,

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biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

13. Na presente demanda, a sentença reconheceu que o autor trabalhou em atividade sujeita a condiçõesespeciais no período de 18/05/1981 a 05/03/1997. No entanto, após a conversão, verificou que ele não atingiu o temponecessário para fins de concessão de aposentadoria integral por tempo de contribuição. Não merece respaldo a alegaçãodo recorrente de que teria sido considerada a data de 31/12/2009 e não a data do requerimento administrativo (22/01/2010).De acordo com o documento de fl. 19, “o tempo de serviço apurado até a data do requerimento foi de 28 anos, 07 meses e06 dias”. Somando-se o tempo convertido (6anos, 3 meses e 25 dias) não se chega a 35 anos de contribuição. Assim, nadata do requerimento administrativo, o autor não contava com tempo suficiente para se aposentar por tempo decontribuição integral.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art. 55, da Lei n.9.099/95.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

76 - 0002627-15.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002627-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO GONÇALVESPEREIRA (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS, ES016053 - RODOLFO NICKEL NEVES.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0002627-15.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002627-1/01)RECORRENTE: PAULO GONÇALVES PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição a agentes nocivos de forma habitual e permanente não comprovada.3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

PAULO GONÇALVES PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 61/69, contra sentença (fl. 44), proferida pelo MM. Juizdo 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar oINSS a conceder aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita acondições especiais nos diversos períodos mencionados na inicial.

02. O recorrente sustenta que a sentença merece reforma porque os documentos juntados aos autos comprovariamo efetivo exercício de atividades em condições especiais. Aduz que mesmo havendo lapso não mencionado no laudopericial deve-se entender pela continuidade da atividade especial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 73/77, nas quais requer o desprovimento do recurso, por não ter sidocomprovada a exposição a agente agressivo à saúde acima de tolerância fixada em lei.

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos ns. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei.

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..........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial, sujeita aagente nocivo, em diversos intervalos. Para tanto, juntou o perfil profissiográfico previdenciário de fls. 15/16, relativo aoperíodo de 05/11/2002 a 20/11/2008, no qual laborou na função de encanador. Contudo, não há menção à exposição aagentes nocivos capazes de garantir o reconhecimento do exercício de atividade especial.

13. O autor juntou, ainda, cópia da CTPS para comprovar que teria laborado nos cargos de eletricista e mecânicomontador em períodos compreendidos entre 12/03/1976 e 07/09/1996. As funções exercidas por ele, de acordo com aCPTS de fls. 21/32, foram de trabalhador rural, ajudante, ajudante de eletricista, oficial montador, montador, montadorindustrial, mecânico montador e encanador. Tais atividades não constavam do rol das atividades profissionais classificadascomo insalubres, penosas ou perigosas (Decretos 53.831/64 e 53.080/79). A despeito disso, é possível o reconhecimentoda especialidade do trabalho se demonstrada, por qualquer meio de prova, a sujeição do segurado a agentes nocivos. Noentanto, o autor deixou de demonstrar a exposição a agentes nocivos através de formulário SB-40, laudo técnico ou PPP.Sendo assim, a sentença recorrida não merece reparos.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 44).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

77 - 0000873-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000873-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x ROGERIO FIRMINO DA ROCHA

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(ADVOGADO: ES011661 - PATRÍCIA DA CUNHA CASTANHEIRA JACINTO.).RECURSO Nº 0000873-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000873-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ROGERIO FIRMINO DA ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Manipulação de produto químico passível de absorção cutânea. Querosene empregado na limpeza das máquinasimpressoras.3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 184/188, contra sentença (fls. 178/179), proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condená-lo a concederaposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais, mediante o reconhecimento do exercício deatividade sujeita a condições especiais no período de 01/01/1999 a 12/01/2006.

02. A autarquia sustenta que o agente químico querosene não consta na relação do anexo IV do Decreto n. 3.048/99.Alega que o enunciado n. 198 da súmula do extinto TFR fora aprovado em 20/11/1985, quando ainda estava em vigor oDecreto n. 83.083/79. Com o advento da Lei n. 8.213/91, foi editado o Decreto 3.048/99, cujo anexo IV, no qual consta arelação de agentes nocivos, afirma expressamente tratar-se de relação exaustiva. Prequestiona o art. 2º da Constituição daRepública de 1988, art. 58, da Lei n. 8.213/91 e o código 1.0.0, do anexo IV do Decreto n. 3.048/99

03. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 191/198, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que a tese apresentada pelo INSS está divorciada das normas jurídicas e do anseio da sociedade.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lein.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,

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exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovados pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que o rol de agentesnocivos é meramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direitoprevidenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, daConstituição da República de 1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange aaferição das hipóteses em que a atividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar odireito do segurado. Essa orientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos,é reiterada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código deProcesso Civil, no RESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.

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CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

13. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial, sujeita aagente nocivo, no intervalo de 01/01/1999 a 12/01/2006. Para tanto, anexou o laudo técnico de insalubridade por função defls. 105/116 e o perfil profissiográfico previdenciário de fls. 117/118 (abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador), ambos devidamente assinados pelo responsável pela avaliação. No laudo técnico de insalubridade consta queo autor manipula querosene, produto químico passível de absorção cutânea. Em contato com a corrente sanguínea, omencionado agente pode prejudicar a saúde do trabalhador. Sendo assim, embora o agente químico querosene não estejalistado no rol, exemplificativo, do anexo IV do Decreto n. 3048/99, a insalubridade restou comprovada e a sentençarecorrida não merece reparos.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

78 - 0000028-34.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000028-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x SILMAR BARBOSA NERES (ADVOGADO:ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA, ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI.).RECURSO Nº 0000028-34.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000028-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SILMAR BARBOSA NERESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. EPI. RECURSO DOINSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. O fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente, não basta para que sejadescaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade, sendo necessária a efetivaprova de que a utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado comexposição a agentes nocivos. Precedentes do STJ.3. A possibilidade de conversão de tempo especial em comum subsiste mesmo após o advento da Lei n. 9.711/98, porque arevogação do § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, prevista no art. 32 da Medida Provisória n. 1.663/15, de 20.11.98, não foimantida quando da conversão da referida Medida Provisória na Lei n. 9.711, em 20.11.1998.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 81/90, contra sentença (fls. 71/78), proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de São Mateus, que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo a conceder aposentadoria por tempo decontribuição com proventos integrais, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita a condições especiaisnos períodos de 01/08/1978 a 02/06/1980, 17/06/1980 a 22/02/1982, 06/03/1985 a 16/10/1987, 01/06/1988 a 10/07/1991 e11/07/1991 a 07/12/2006.

02. A autarquia alega, quanto ao período compreendido entre 10/07/1991 e 07/12/2006, que o autor utilizou EPIeficaz para eliminar o agente nocivo. Alega que não é possível computar como tempo de serviço o período de gozo debenefício sem posterior retorno para a atividade, nos termos do inciso II do artigo 55 da Lei 8.213/91. Sustenta aimpossibilidade de conversão de serviço especial em comum após a edição da Lei 9.711/98.

03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 97/99, nas quais requer o desprovimento do recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lein.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma

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estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovados pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que o rol de agentesnocivos é meramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direitoprevidenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, daConstituição da República de 1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange aaferição das hipóteses em que a atividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar odireito do segurado. Essa orientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos,é reiterada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código deProcesso Civil, no RESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

13. De igual modo, o INSS alega que há referência ao uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI no PPPjuntado aos autos, o que afastaria a inflûencia dos agentes nocivos à saúde do segurado e, por conseguinte, implicaria queo cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições não sofresse incremento. Contudo, o fornecimento deEquipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente, não basta para que seja descaracterizado o prejuízoinerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf. enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência doTribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de que a utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar osefeitos agressivos decorrentes do trabalho realizado com exposição a agentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRg no ARESP 551.460/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta para afastar o prejuízo à saúde, pois osdanos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este o entendimento consolidado noenunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”).

14. A possibilidade de conversão de tempo especial em comum subsiste mesmo após o advento da Lei n. 9.711/98,porque a revogação do § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, prevista no art. 32 da Medida Provisória n. 1.663/15, de 20.11.98,não foi mantida quando da conversão da referida Medida Provisória na Lei n. 9.711, em 20.11.1998. Nesse sentido,

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colaciono a ementa do acórdão prolatado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP1.151.363/MG, no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil (Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 05.04.2011):PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543-C, § 1º, DOCPC E RESOLUÇÃO N. 8/2008 - STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DEIDENTIDADE FÁTICA. DESCABIMENTO. COMPROVAÇÃO DE EXPOSIÇÃO PERMANENTE AOS AGENTESAGRESSIVOS. PRETENSÃO DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ÓBICE DA SÚMULA N. 7/STJ.1. Para a comprovação da divergência jurisprudencial é essencial a demonstração de identidade das situações fáticaspostas nos julgados recorrido e paradigma.2. Segundo asseverado pelo acórdão objurgado, o segurado estava "exposto de modo habitual e permanente, nãoocasional nem intermitente", ao frio e a níveis médios de ruído superiores ao limite regulamentar (e-STJ fl. 254). Amodificação dessa conclusão importaria em revolvimento de matéria fática, não condizente com a natureza do recursoespecial. Incidência, na espécie, do óbice da Súmula n. 7/STJ.PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL APÓS 1998. MP N. 1.663-14, CONVERTIDA NA LEIN. 9.711/1998 SEM REVOGAÇÃO DA REGRA DE CONVERSÃO.1. Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais para comum após 1998,pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitivasem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/1991.2. Precedentes do STF e do STJ.CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. OBSERVÂNCIA DA LEI EM VIGOR POR OCASIÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE. DECRETO N. 3.048/1999, ARTIGO 70, §§ 1º E 2º. FATOR DE CONVERSÃO. EXTENSÃODA REGRA AO TRABALHO DESEMPENHADO EM QUALQUER ÉPOCA.1. A teor do § 1º do art. 70 do Decreto n. 3.048/99, a legislação em vigor na ocasião da prestação do serviço regula acaracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais. Ou seja, observa-se o regramento daépoca do trabalho para a prova da exposição aos agentes agressivos à saúde: se pelo mero enquadramento da atividadenos anexos dos Regulamentos da Previdência, se mediante as anotações de formulários do INSS ou, ainda, pela existênciade laudo assinado por médico do trabalho.2. O Decreto n. 4.827/2003, ao incluir o § 2º no art. 70 do Decreto n. 3.048/99, estendeu ao trabalho desempenhado emqualquer período a mesma regra de conversão. Assim, no tocante aos efeitos da prestação laboral vinculada ao SistemaPrevidenciário, a obtenção de benefício fica submetida às regras da legislação em vigor na data do requerimento.3. A adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão somente, do tempo de contribuição total exigido em lei paraa aposentadoria integral, ou seja, deve corresponder ao valor tomado como parâmetro, numa relação de proporcionalidade,o que corresponde a um mero cálculo matemático e não de regra previdenciária.4. Com a alteração dada pelo Decreto n. 4.827/2003 ao Decreto n. 3.048/1999, a Previdência Social, na via administrativa,passou a converter os períodos de tempo especial desenvolvidos em qualquer época pela regra da tabela definida no artigo70 (art. 173 da Instrução Normativa n. 20/2007).5. Descabe à autarquia utilizar da via judicial para impugnar orientação determinada em seu próprio regulamento, ao qualestá vinculada. Nesse compasso, a Terceira Seção desta Corte já decidiu no sentido de dar tratamento isonômico àssituações análogas, como na espécie (EREsp n. 412.351/RS).6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido.

15. O INSS não comprovou a alegação de que o segurado não teria voltado a trabalhar após a percepção deauxílio-doença. Ademais, consta do documento de fl. 92 que o autor manteve vínculo de trabalho com a empresa GialloVeneziano Mineração Ltda até 07/12/2006, data limite de reconhecimento da atividade especial, não tendo sido incluído operíodo de gozo de auxílio-doença na conversão de tempo especial em comum (fls. 69/70).

16. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

17. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

79 - 0000682-18.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000682-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ADEMIR FRANCISCO DE JESUS (ADVOGADO:ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000682-18.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000682-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADEMIR FRANCISCO DE JESUSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.

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RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Comprovado o exercício de atividade especial, conforme anexos dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79.3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 57/60, contra sentença (fls. 42/44, integrada pela decisão de fls. 54/55),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou procedente o pedido para condená-lo aconceder aposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais, mediante o reconhecimento do exercíciode atividade sujeita a condições especiais nos períodos de 01/09/1972 a 23/09/1978, 01/12/1979 a 12/02/1986 e 01/07/1986a 14/07/1987.

02. A autarquia sustenta que a documentação juntada aos autos não é suficiente para comprovar que as atividadesdesempenhadas constavam dos anexos dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79. Aduz que, em relação aos períodos de01/09/1972 a 23/07/1986 e 01/07/1986 a 14/07/1987, o autor juntou apenas a CTPS de fl. 16, na qual consta o exercício dasfunções de lavador e serrador. Sustenta que tal informação não é indicativa de que o autor laborou de modo habitual epermanente exposto a vapores líquidos inflamáveis e manipulando rochas. Quanto ao período de 01/12/1979 a 12/02/1986,alega que a CTPS apresentada indica a função de encarregado e o documento de fl. 21 encontra-se rasurado. Aduz quenão foi colacionado laudo técnico para os agentes ruído e calor. Requer o afastamento da concessão do benefício, no casode manutenção do reconhecimento da averbação pleiteada, sob o fundamento de que o autor não contava com idademínima na data do requerimento administrativo (03/07/2001). Ademais, afirma que a concessão da aposentadoria com DIBa partir da data do ajuizamento da ação (07/10/2009) não deve prevalecer por ausência de requerimento administrativoapós o preenchimento dos requisitos legais.

03. O autor não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 67).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lein.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito a

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condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que esse rol émeramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direito previdenciário. 15.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, da Constituição da República de1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange a aferição das hipóteses em que aatividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar o direito do segurado. Essaorientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos, é reiterada pelajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, noRESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidade

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de configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

13. Na presente demanda, a sentença reconheceu o exercício de atividade especial, sujeita a agentenocivo, no intervalo de 01/09/1972 a 23/09/1978, 01/12/1979 a 12/02/1986 e 01/07/1986 a 14/07/1987, com base nos itens1.2.11 do Decreto n. 53.831/64 (exposição a vapores de líquidos inflamáveis) e 1.2.12 do Decreto 83.080/79 (manipulaçãode rochas).

14. Para comprovar o exercício da atividade especial, o autor anexou a CTPS de fl. 16 e o laudo de fl. 21.Em relação ao período compreendido entre 01/09/1972 e 23/09/1978 restou demonstrado que o autor trabalhou em postode gasolina, na função de lavador. As atividades desenvolvidas na área em que se operam bombas de combustível sãoconsideradas de risco, sujeitas à insalubridade e/ou periculosidade, em razão do risco resultante da armazenagem delíquidos inflamáveis no local (item 1.2.11 do anexo do Decreto 53.831/64). No que tange ao período de 01/12/1979 a12/02/1986, diferentemente do alegado pelo INSS, o autor comprovou que exerceu a atividade de polidor na MarmorariaLinhares Ltda. Portanto, no referido período, o demandante trabalhou manipulando rochas (item 1.2.12 do Decreto830.80/79).

15. Observo que a função de encarregado foi exercida no período de 02/01/1979 a 30/08/1979, o qual não foireconhecido como especial. Quanto à alegação de existência de rasura no documento de fl. 21, ressalto que foi afirmadoque a atividade era exercida de forma habitual e permanente e o complemento feito manualmente não desabona ainformação original. No que se refere ao período compreendido entre 01/07/1986 e 14/07/1987, o demandante comprovouque laborou na função de serrador na Marmoraria Juparanã Ltda. Portanto, no referido período, o demandante trabalhoumanipulando rochas (item 1.2.12 do Decreto 830.80/79).

16. Não merece respaldo a alegação do INSS de que a sentença deve ser reformada na parte em que condenou aautarquia à concessão do benefício, com DIB na data do ajuizamento. Ao contestar a presente ação, o INSS demonstrouque o pedido de concessão do benefício de aposentadoria seria indeferido se novo requerimento fosse apresentado.

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

80 - 0002331-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002331-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO LUIZ NOGUEIRA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0002331-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002331-2/01)RECORRENTE: ANTONIO LUIZ NOGUEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição de forma habitual e permanente a agente nocivo. Pedido improcedente, por ausência de tempo decontribuição suficiente para o deferimento do benefício requerido. Inovação do pedido em fase recursal para concessão deaposentadoria por tempo de contribuição a partir do segundo requerimento administrativo não pleiteado na petição inicial.

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Contrariedade ao disposto nos arts. 264, parágrafo único, e 515, ambos do Código de Processo Civil.3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ANTÔNIO LUIZ NOGUEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 338/344, contra sentença (fls. 333/335), proferida pelo MM.Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenaro INSS a conceder aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de atividade sujeita acondições especiais.

02. O recorrente sustenta que a sentença merece reforma, porque deveria considerar a data do segundorequerimento administrativo (02/04/2008) e não a do primeiro, apresentado em 15/10/2002. Aduz que preenchia osrequisitos para a concessão do benefício pleiteado em 02/04/2008.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 348/350, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que não é possível inovar em sede recursal.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lei n.º9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre 29de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,

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posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Na presente demanda, a sentença reconheceu que o autor trabalhou em atividade sujeita a condições especiaisno período de 16/07/1979 a 05/03/1997. No entanto, após a conversão, verificou-se que ele não atingiu o tempo necessáriopara fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, nem mesmo com proventos proporcionais,tomando-se como termo a data de apresentação de seu primeiro requerimento administrativo.

13. O autor ajuizou a presente ação para que o INSS concedesse o benefício de aposentadoria por tempo decontribuição, com o reconhecimento do exercício de atividade especial, sob o fundamento de que na data do requerimentoadministrativo, realizado em 15/10/2002 (fl. 11), já preenchia os requisitos para a sua concessão. Embora tenhamencionado que se tratava de primeiro requerimento (fl. 2), o autor não fez qualquer referência ao segundo pleitoadministrativo. A despeito disso, em sede recursal, com base nos cálculos efetuados pela sentença, que reconhecera oexercício de atividade sob condições especiais no período de 16/07/1979 a 05/03/1997, sustenta que faz jus à percepção dobenefício a partir do segundo requerimento (02/04/2008). Porém, sublinho que a mudança do termo do período a serconsiderado para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição configura ampliação do pedido em faserecursal, o que não é admitido de acordo com o previsto pelos arts. 264, parágrafo único, e 515, ambos do Código deProcesso Civil. Vale destacar que o demandante é assistido por advogado, o qual não apresentou pedido declaratório,tampouco pedido sucessivo para que fosse considerado o segundo requerimento administrativo como marco final doperíodo de contribuição na petição inicial distribuída.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 335).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

81 - 0003501-68.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003501-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x JORGE LUIS ROMANO(ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).RECURSO Nº 0003501-68.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003501-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JORGE LUIS ROMANORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.2. Comprovado o exercício de atividade especial, conforme anexos do Decreto n. 83.080/79 e a Lei n. 9.032/95. O laudopericial produzido no bojo de reclamação trabalhista é admitido inclusive em instruções normativas do próprio INSS.3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 156/159, contra sentença de fls. 151/153, proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condená-lo aconverter tempo especial em comum referente ao período de 01/12/1985 a 31/12/1996 e a revisar a renda mensal inicial daaposentadoria obtida pelo autor, pagando as prestações vencidas desde 21/05/2008 (data do indeferimento dorequerimento administrativo).

02. A autarquia alega que os documentos que demonstram a suposta especialidade do labor foram emitidos emvirtude de decisão da Justiça do Trabalho, baseada em laudo pericial produzido com o intuito de permitir a percepção deadicional de periculosidade. Afirma que o INSS não participou da referida perícia, e que os pressupostos para a concessãode adicionais de periculosidade e insalubridade, na Justiça do Trabalho, são diversos dos requisitos para o reconhecimentode atividade especial para fins de aposentadoria. Aduz que o laudo pericial de fl. 99 é claro ao afirmar ser remota apossibilidade de o agente de manutenção e/ou instalação na rede de telefonia ter contato com a rede elétrica, não cabendo,portanto, o enquadramento da atividade. Sustenta que não havia exposição habitual, não-intermitente e não-eventual atensão superior a 250 V. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença.

03. O autor ofereceu contrarrazões às fls. 163/174, nas quais requer a manutenção da sentença, uma vez que aatividade exercida estava enquadrada como perigosa pelo Decreto nº 93.412/86. Afirma que a prova da condição deatividade especial pode ser feita por laudos técnicos periciais, emitidos por determinação judicial, em ações trabalhistas.Alega que, até a edição da Lei n. 9.032/95, não eram exigidos os requisitos de permanência, não ocasionalidade e nãointermitência. Sustenta que a exigência de laudo pericial somente pode se dar a partir da data da publicação da Lei n.9.528/97.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada como perigosa,insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes da edição da Lein.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos. Entre29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição a agentesnocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97,exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição denocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,

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conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que esse rol émeramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direito previdenciário. 15.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, da Constituição da República de1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange a aferição das hipóteses em que aatividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar o direito do segurado. Essaorientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos, é reiterada pelajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, noRESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o que

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está de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

13. Na presente demanda, a sentença reconheceu o exercício de atividade especial, sujeita a agenteperigoso, no intervalo de 01/12/1985 a 31/12/1996, com base no item 1.1.8 do Decreto n. 53.831/64 (exposição àeletricidade). Ainda que não houvesse tal previsão, a jurisprudência tem admitido que a exposição à eletricidade caracterizaatividade especial, consoante revela o julgado acima, haja vista que, conforme dito, o rol de agentes nocivos é meramenteexemplificativo.

14. Para comprovar o exercício da atividade especial, o autor anexou PPP emitido em 22/05/2007 (fl. 20) elaudo pericial elaborado no bojo de reclamação trabalhista (processo nº 01972.2003.007.17.00-4), que se vê às fls. 30/62.

15. Destaco que o laudo em questão é oponível ao INSS, conforme reconhecido pela própria autarquia em suasnormas infralegais. A propósito, destaco o seguinte trecho da r. sentença:

“O laudo pericial incidental à reclamação trabalhista é oponível ao INSS para fins previdenciários, ainda que não tenhaparticipado da relação processual entre reclamante e reclamado. O art. 161, § 2º, I, da Instrução Normativa nº 20/2007dispõe que ‘poderão ser aceitos, em substituição ao LTCAT, ou ainda de forma complementar a este, os seguintesdocumentos, laudos técnico-periciais emitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em ações trabalhistas, acordos oudissídios coletivos’. No mesmo sentido, o art. 256, § 1º, I, da atual Instrução Normativa nº 45/2010. Trata-se de atonormativo editado pelo Presidente do INSS, que vincula hierarquicamente todas as instâncias administrativas daquelaautarquia”.

16. Ainda que assim não fosse, não haveria óbice à admissão do referido laudo pericial, haja vista que foioportunizado ao recorrente o exercício do contraditório acerca do documento, juntado aos autos em anexo à petição inicial.Ademais, a leitura da sentença revela que a decisão proferida pela Justiça do Trabalho não foi acolhida pelo Juízo deorigem com a eficácia de coisa julgada oponível ao do INSS.

17. O laudo redigido pelo perito nomeado pelo Juízo de origem aponta que a possibilidade de o agente querealiza manutenção ou instalação na rede de telefonia ter contato com a rede elétrica é muito remota, salvo se existirimprudência ou falta de atenção (fl. 99). No entanto, conforme bem salientado na sentença confrontada (fl. 152), “(...) ajurisprudência largamente majoritária considera que o cabista de companhia telefônica, tanto quanto o cabista decompanhia de energia elétrica, tem direito ao enquadramento da atividade especial em razão da exposição ao risco deacidente com eletricidade. A jurisprudência é exageradamente flexível a ponto de considerar que o mínimo risco deexposição a acidente com choque elétrico é suficiente para caracterizar a atividade como perigosa. E esse risco, ainda quemínimo, foi confirmado pelo perito do juízo”. No mesmo sentido, transcrevo os seguintes julgados:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO PREVISTO NO §1º DO ART. 557 DO C.P.C. ATIVIDADE ESPECIAL.ELETRICISTA. CONJUNTO PROBATÓRIO. I - A jurisprudência pacificou-se no sentido de que pode ser consideradaespecial a atividade desenvolvida até 10.12.1997, advento da Lei 9.528/97, independentemente da apresentação de laudotécnico, com base nas atividades previstas nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, cujo rol é meramente exemplificativo. II - Adescrição das atividades exercidas pelo autor demonstra que ele laborava em linhas de transmissão e distribuição deenergia, sob o risco de choque elétrico de altas tensões, na medida em que executava implantação e reparos emposteamentos públicos e semáforos, expondo-o certamente a tensões muito acima de 250 volts. III - Em se tratando deatividade perigosa, sua caracterização independe da exposição do trabalhador durante toda a jornada, assim,desnecessária a prova de habitualidade e permanência reclamada pelo agravante. IV - Agravo do INSS improvido (§1º do

�art. 557 do C.P.C). (TRF da 3ª Região, AC 00009873220104036122, Décima Turma, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento,e-DJF3 19/09/2012) (sem grifos no original).

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA.ADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA. RECONHECIMENTO DE TEMPO LABORADO EM CONDIÇÕESESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE. EPI. FATOR DE CONVERSÃO. RE 575.089 DO STF. CONSIDERADO TEMPO DESERVIÇO POSTERIOR À EC 20/98. DIREITO À APOSENTADORIA. JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. EFEITOSFINANCEIROS. 1. Os documentos apresentados com a petição inicial são suficientes à comprovação do direito pretendido,não havendo necessidade de dilação probatória, sendo, dessa forma, própria a via processual eleita (mandado desegurança). 2. O cômputo do tempo de serviço para fins previdenciários deve observar a legislação vigente à época daprestação laboral, tal como disposto no § 1º,art. 70 do Decreto nº 3.048/99, com redação do Decreto nº 4.827/03. 3. Aexigência da comprovação técnica da efetiva exposição do trabalhador aos agentes nocivos (Lei nº 9.032/95), para fins decontagem diferenciada do tempo de serviço, só teve lugar a partir da vigência do Decreto nº2.172/97. Precedentes do STJ.4. A necessidade de comprovação da atividade insalubre através de laudo pericial foi exigida após o advento da Lei 9.528,de 10.12.97. 5. O agente nocivo eletricidade (acima de 250 volts) tem enquadramento no Decreto nº 53.831/64 até05-03-97, sendo necessária a verificação da periculosidade no caso concreto, por meio de perícia, após a referida data. 6.O Impetrante trouxe aos autos os Formulários DSS 8030 e laudos técnicos correspondentes comprovando o exercício dassuas atividades profissionais e o risco à tensão elétrica superior a 250 volts. 7. Em se tratando de periculosidade porsujeição a altas tensões elétricas, não é necessário o requisito da permanência, já que o tempo de exposição não é umfator condicionante para que ocorra um acidente ou choque elétrico, tendo em vista a presença constante do risco potencial.8. O fornecimento de equipamentos de proteção individual - EPI ao empregado não é suficiente para afastar o caráter

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insalubre da prestação do trabalho. 9. Admite-se a conversão do tempo de serviço, para fins de aposentadoria comum,mesmo após maio de 1998, em razão do advento do Decreto 4.827/03, que alterou a redação do art. 70, § 2º, doRegulamento da Previdência Social. 10. O parágrafo único do art. 70 do Decreto 3.048/99 estabeleceu o índice de 1,4 comofator mínimo de conversão para o tempo de trabalho exercido por homens até 05.03.97. 11. No RE 575.089/RS o STFapenas apreciou a forma de cálculo da renda mensal inicial, não analisando a possibilidade de contagem de tempo deserviço posterior a EC 20/98 para concessão de aposentadoria por tempo integral e especial, hipótese presente. 12.Aplicação, ao caso concreto, da jurisprudência das 1ª e 2ª Turmas deste Tribunal no sentido de que a regra de transiçãodescrita no art. 9º da EC 20/98 restou sem efeito para a aposentadoria integral, seja por tempo de contribuição, sejaaposentadoria especial, aplicando-se apenas à aposentadoria proporcional. 13. O segurado implementou os requisitos paraa aposentadoria por tempo de serviço integral considerando o tempo de serviço especial reconhecido, o qual, apósconvertido em comum, e somado ao tempo de serviço após 15.12.1998, totaliza mais de 35 anos de serviço. 14. Juros demora mantidos em 0,5% a partir da intimação para o cumprimento da sentença, à míngua de recurso do autor. 15. Acorreção monetária deve ser aplicada desde a data em que cada parcela se tornou devida (Súmula 19 do TRF 1ª Região),com a utilização dos índices constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 16. A partir da edição da Lei n.11.960/2009 os juros e correção monetária devem incidir na forma da nova disciplina normativa. 17. Na via do Mandado deSegurança os efeitos financeiros se operam a partir da impetração. 18. Apelação e remessa oficial parcialmente

�providas. (TRF da 1ª Região, AMS 200438000432593, Terceira Turma Suplementar, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo deAlvarenga Lopes, e-DJF1 DATA:22/06/2012 PAGINA:1219.) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO. REVISIONAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO REQUERIDA ANTES DO ADVENTODA EC 20/98. ATIVIDADE ESPECIAL. ELETRICIDADE. COMPROVAÇÃO. REVISÃO CONCEDIDA. 1. A Lei nº 9.711/98 eo Regulamento Geral da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 resguardam o direito adquirido de ossegurados terem convertido o tempo de serviço especial em comum, mesmo que posteriores a 28-05-1998, observada,para fins de enquadramento, a legislação vigente à época da prestação do serviço. 2. Até 28/04/1995 é admissível oreconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meiode prova (exceto para ruído); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional,devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então,por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 3. Quanto ao agente nocivoeletricidade, a despeito de seu enquadramento não estar mais previsto no interregno posterior a 05-3-1997, em razão denão haver mais previsão legal no Decreto 2.172/97, ainda assim, é possível o reconhecimento de tal especialidade. Istoporque, de acordo com a Súmula 198 do TFR, quando a atividade exercida for insalubre, perigosa ou penosa, porém nãoconstar em regulamento, a sua constatação far-se-á por meio de perícia judicial. Dessa forma, tendo o perito judicialconcluído que a parte autora laborava em contato com eletricidade média superior a 250 volts, exercendo atividadeperigosa, é de ser reconhecida a especialidade do labor. 4. Cabe ainda destacar, quanto à periculosidade do labor, que otempo de exposição ao risco eletricidade não é necessariamente um fator condicionante para que ocorra um acidente ouchoque elétrico. Assim, por mais que a exposição do segurado ao agente nocivo eletricidade acima de 250 volts (altatensão) não perdure por todas as horas trabalhadas, trata-se de risco potencial, cuja sujeição não depende da exposiçãohabitual e permanente. 5. Comprovado o exercício das atividades exercidas em condições especiais, com a devida

�conversão, tem o autor direito à revisão de seu benefício de aposentadoria por tempo de serviço, a contar da DIB. ( TRF da4ª Região, AC 200471000014793, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 03/05/2010.)

18. Ademais, cumpre ressaltar o que consta do PPP (fl. 20), no que se refere ao período de 01/07/1978 a31/12/1996: “executavam a instalação de redes (linhas) telefônicas, subindo em postes para realizar o jumper do par (fio)telefônico destinado ao assinante. Realizava diversas conexões e manutenções nos armários localizados nos postes e nascalçadas, estes cabos telefônicos possuem uma alimentação em tensão contínua em 48 Vdc e em alternada variar entre100 volts a mais de 250 volts. (Conforme Laudo Técnico Pericial constante no processo de nº 01972.2003.007.17.00-4)”.

19. Portanto, no caso dos autos, a irresignação do INSS não merece prosperar, uma vez comprovada a exposição àeletricidade, que poderia superar 250 volts, no período reconhecido na sentença confrontada.

20. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

21. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que

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declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

22. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (fl. 153). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implicaa necessária modificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim deajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação àvedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, doCódigo de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, oefeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).23. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

24. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo

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final que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

25. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

26. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

82 - 0004390-85.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004390-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANTONIO DE ROSA DE SOUZA (ADVOGADO:ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0004390-85.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004390-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO DE ROSA DE SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentesnocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.2. Exposição a ruído, a agentes químicos e a calor dentro dos limites fixados pela Portaria Ministério do Trabalho n. 3.214,de 08 de junho de 1978, com suas alterações subsequentes.4. Recurso do INSS conhecido e provido. Sentença reformada. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art.55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 52/58, contra sentença (fls. 42/47), proferida pela MMª. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condená-lo a concederaposentadoria por tempo de contribuição integral, mediante cômputo do tempo de serviço rural de 07/05/1974 a 01/10/1990,assim como o período laborado entre 01/11/1990 a 27/10/2008 como tempo especial (coeficiente 1,40), fixando a DIB em31/12/2008 (data do requerimento administrativo).

02. A autarquia afirma que, para a comprovação da exposição ao ruído, faz-se necessário o laudo técnico pericial,mesmo antes do advento do Decreto nº 2.172/97, consoante o enunciado nº 5 da Turma Recursal de Santa Catarina. Alega,também, que o período compreendido entre 06/03/1997 e 18/11/2003 não pode ser reconhecido como especial, porque aexposição ao ruído se encontra abaixo dos limites de tolerância estabelecidos pela legislação. Sustenta que a comprovadaeficácia do EPI impede o reconhecimento da especialidade do labor, nos termos do enunciado nº 13 das Turmas Recursaisda Seção Judiciária do Espírito Santo. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejamjulgados improcedentes os pedidos iniciais.

03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 65/69, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o usode equipamentos específicos de proteção não descaracteriza o tempo de serviço especial. Alega, também, que a atividade

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de auxiliar de colador de pneus, por si só, garante o enquadramento da atividade desenvolvida como especial, e que o PPPé suficiente para demonstrar a atividade especial.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

06. Compulsando os autos, verifico que o recorrente não se insurge contra o reconhecimento do tempo de trabalhorural, mas limita a sua irresignação ao caráter especial da atividade desempenhada pelo recorrido.

07. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.

08. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

09. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

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12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

13. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovados pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que o rol de agentesnocivos é meramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direitoprevidenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, daConstituição da República de 1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange aaferição das hipóteses em que a atividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar odireito do segurado. Essa orientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos,é reiterada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código deProcesso Civil, no RESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

14. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial, sujeita aagente nocivo, no intervalo de 01/11/1990 a 27/10/2008. Para tanto, anexou o perfil profissiográfico previdenciário de fls.12/13 (abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador), firmado pelo representante legal da empresa. Consta doreferido documento a exposição do autor aos agentes físicos ruído (87.10 dB) e calor (29,97ºC), bem como a agentesquímicos, quais sejam: tolueno (0,1 ppm) e xileno (0,2 ppm). Ressalto que tais substâncias constavam do item 1.2.10 doAnexo I do Decreto n.º 83.080/79.

15. A despeito disso, a intensidade do ruído foi inferior ao nível estabelecido pela legislação no período de06/03/1997 a 18/11/2003, bem como a exposição aos agentes químicos (tolueno e xileno) e ao calor se deu em patamarabaixo daquele definido pela Portaria Ministério do Trabalho n. 3.214, 08 de junho de 1978, com suas subsequentesatualizações. Logo, embora o trabalho desenvolvido em recauchutadora de pneus seja árduo, o PPP juntado aos autos peloautor aponta que, além do uso de EPI, os níveis de exposição a agentes nocivos à saúde era abaixo daquele consideradoprejudicial pela legislação, razão por que a conversão de tempo especial em comum pretendida não deve ser julgadaprocedente.

16. A não apresentação do laudo técnico de condições ambientais de trabalho (LTCAT) não impede a comprovaçãodo exercício da atividade especial, uma vez que o preenchimento do PPP deve ser realizado com base no referido laudo.Portanto, somente é exigível o LTCAT quando surgem fundadas dúvidas na análise do PPP, o que não ocorre no caso dosautos. Ademais, o PPP de fls. 12/13 contém a identificação do profissional responsável pelos registros ambientais,mencionando nome e número de registro no conselho de classe. Acerca do tema, confira-se o seguinte precedente daTNU:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. AGENTEAGRESSIVO RUÍDO. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP). DOCUMENTO ELABORADO COM BASEEM LAUDO PERICIAL. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO CONJUNTA DO LAUDO, SALVO EM CASO DEDÚVIDA JUSTIFICADA. INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSS N. 84/2002 E 27/2008. HIPÓTESE AUSENTE NOSAUTOS. FORMULÁRIO PREENCHIDO POR PREPOSTO DA EMPRESA. LEI N. 8.213/91, ART. 58, § 1º. AUSÊNCIA DEIRREGULARIDADE. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. A parte autora interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária Federal do Paraná, que reformou asentença, alegando que não restou comprovada a natureza especial da atividade, pois o formulário PPP não poderia seraceito como prova, pois não há indicação de que foi preenchido com base em laudo, tampouco se encontra assinado porprofissional habilitado – médico ou engenheiro do trabalho. 2. Alega o recorrente que a interpretação adotada pelo acórdãorecorrido diverge de acórdão da 1ª. Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Goiás(JEF/GO – 1a. Turma Recursal, Recurso JEF 2007.35.00.706600-2, Relator Juiz Federal Roberto Carlos de Oliveira, Data

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do Julgamento 29/09/2007, DJ/GO 09/09/2007) e da jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização (TNU,PEDILEF 200772590036891, Relator JUIZ FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, Data do Julgamento 17/03/2011, DOU13/05/2011). 3. O recurso foi inadmitido pelo presidente da Turma Recursal de origem sob o fundamento de que o acórdãoapontado como paradigma trata de matéria sem similitude com a versada no acórdão atacado, não havendo prova dadivergência, bem como porque a pretensão do recorrente implicaria reexame de prova, o que é inviável neste incidente. Adecisão foi objeto de agravo. 4. A questão posta a desate diz respeito à possibilidade de reconhecimento do PPP – PerfilProfissiográfico Previdenciário - como documento hábil à comprovação do agente agressivo ruído, independentemente daapresentação do laudo técnico. 5. O PPP foi instituído pela Instrução Normativa do INSS n. 84/02, editada em 17/12/2002, erepublicada em 22/01/2003, que, em seu artigo 148, assim dispôs:“Art. 148. A comprovação do exercício de atividadeespecial será feita pelo PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário – emitido pela empresa com base em laudo técnico decondições ambientais de trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança, conforme Anexo XV –oualternativamente, até 30/06/2003, pelo formulário, antigo SB – 40, Dises BE 5.235, DSS-8030, Dirben 8.030. § 1º. Ficainstituído o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, que contemplará, inclusive, informações pertinentes aos formuláriosem epígrafe, os quais deixarão de ter eficácia a partir de 01/07/2003, ressalvado o disposto no parágrafo 2º deste artigo. §2º Os formulários em epígrafe emitidos à época em que o segurado exerceu atividade, deverão ser aceitos, exceto no casode dúvida justificada quanto a sua autenticidade. (...) 6. A Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, que alterou a InstruçãoNormativa n. 20/07, atualmente em vigor, rege a matéria quanto aos documentos necessários para requerimento deaposentadoria especial, consagrando, em seu artigo 161, inciso IV, que o único documento exigível do segurado para finsde comprovação de tempo especial, com a efetiva exposição aos agentes nocivos, é o PPP, se o período a ser reconhecidoé posterior a 1º de janeiro de 2004: “(...) IV - para períodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, o único documentoexigido do segurado será o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP”.7. Contudo, o parágrafo 1º do mesmo dispositivonormativo amplia de forma inequívoca o período que pode ser objeto de reconhecimento como especial, ao prever que,quando for apresentado o PPP, que contemple também os períodos laborados até (anteriormente a) 31/12/03, serãodispensados os demais documentos referidos neste artigo: “(...) § 1º Quando for apresentado o documento de que trata o14 do art. 178 desta Instrução Normativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário), contemplando também os períodoslaborados até 31 de dezembro de 2003, serão dispensados os demais documentos referidos neste artigo”.8. Forçosoreconhecer que a própria Administração Pública, por intermédio de seus atos normativos internos, a partir de 2003, prevê adesnecessidade de apresentação do laudo técnico, para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos,inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, considerando que o documento sob exame é emitido com base nopróprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado subsidiariamente emcaso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. 9. Verifica-se, pois, que o acórdão recorrido não logrou êxito emdemonstrar dúvida quanto veracidade das informações ali esposadas, limitando-se a afirmar a ausência de indicação deque o documento foi elaborado com base em laudo técnico e de assinatura por médico do trabalho ou engenheiro desegurança do trabalho. Embora o documento não esteja assinado por engenheiro do trabalho, o nome do profissionalresponsável pelo registro das condições ambientais foi indicado no formulário, presumindo-se, assim, que este foielaborado com base em laudo técnico. Hipótese em que não se faz necessária a assinatura do técnico, que na verdade éexigência para o LTCAT e não PPP, segundo artigo 58, § 1º da lei n 8.213/91: Art. 58. A relação dos agentes nocivosquímicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para finsde concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. § 1º Acomprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecidapelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos dalegislação trabalhista (g.n). 10. Não é cabível exigir-se, dentro da via judicial, mais do que o próprio administrador, sobpretexto de uma pretensa ilegalidade da Instrução Normativa, que, conforme já dito, não extrapolou o ditame legal, apenaso aclarou e explicitou, dando a ele contornos mais precisos, e em plena consonância com o princípio da eficiência, que devereger todos os atos da Administração Pública. 11. No mesmo toar já decidiu essa Turma Nacional de Uniformização noPedido de Uniformização (TNU, PEDIDO 2006.51.63.00.0174-1, Rel. Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, DJ04/08/2009). 12. Incidente de uniformização provido, restabelecendo-se os efeitos da sentença e condenando-se o INSS aopagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Súmula 111 do

�STJ. (PEDILEF 50379486820124047000, Rel. Juiz Federal André Carvalho Monteiro, DOU 31/05/2013 pág. 133/154.)(original sem grifos).

17. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento, para julgar improcedentes os pedidos formulados peloautor, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o disposto pelo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

83 - 0001525-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001525-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO CUSTODIO XAVIER(ADVOGADO: ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).

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RECURSO Nº 0001525-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001525-5/01)RECORRENTE: JOAO CUSTODIO XAVIERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentesnocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.2. O INSS reconheceu como especiais os períodos em que foi comprovada a exposição a agentes nocivos em nívelsuperior ao legalmente exigido, o que deu ensejo à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.3. Períodos de exercício de atividade especial insuficientes para a obtenção do benefício de aposentadoria especial.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

JOÃO CUSTÓDIO XAVIER interpõe recurso inominado, às fls. 168/175, contra sentença (fls. 164/166), proferida pela MMª.Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS amodificar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para aposentadoria especial.

02. O recorrente alega que as provas juntadas aos autos não foram analisadas na sentença confrontada. Afirma terapresentado contratos de trabalho, perfis profissiográficos previdenciários e cópia do LTCAT, elementos que comprovariamo exercício de atividade especial, por tempo suficiente para a obtenção da aposentadoria especial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 177/186, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que não foi demonstrado o exercício de atividade especial durante todo o período laborado pelo autor.

04. É o relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pela parte autora e passoao exame do seu mérito.

06. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,

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conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovados pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que o rol de agentesnocivos é meramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direitoprevidenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, daConstituição da República de 1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange aaferição das hipóteses em que a atividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar odireito do segurado. Essa orientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos,é reiterada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código deProcesso Civil, no RESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.

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4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

13. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997(edição do Decreto 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475; enunciado n. 32, da súmula nº 32, da TNU).

14. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial, sujeita aagente nocivo, nos intervalos de 09/01/1980 a 18/11/1981, 29/01/1982 a 01/01/1986, 02/01/1986 a 14/01/1991, 18/04/1991a 26/09/2001 e 02/05/2002 a 15/09/2008. Para tanto, anexou o laudo técnico de fls. 22/25, firmado por engenheiro dotrabalho em 06/08/2008, e os PPPs de fls. 26/36, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador.

15. Observo que o INSS considerou os seguintes períodos como tempo de serviço especial: 01/05/1980 a30/11/1980, 01/05/1981 a 18/11/1981, 29/01/1982 a 01/01/1986, 02/01/1986 a 14/01/1991, 18/04/1991 a 05/03/1997 e18/11/2003 a 15/09/2008, conforme decisão proferida pela 24ª Junta de Recursos do CRPS (fls. 142/143). Passo aexaminar, portanto, os períodos pleiteados pelo autor, que não foram reconhecidos pela autarquia.

16. No período de 09/01/1980 a 30/04/1980, o PPP de fls. 26/27, emitido em 20/07/2009, aponta exposição a ruídode 85,9 dB, superior ao limite legal então vigente. O PPP de fls. 53/54, datado de 21/02/2007, contradiz tal constatação, poisindica ruído equivalente a 69,5 dB no intervalo compreendido entre janeiro de 1980 e 30/04/1980. Contudo, não restouesclarecido nos autos o motivo que teria levado à aferição de ruído em intensidades tão díspares relativamente ao mesmolapso temporal. Ressalto que, segundo consta do campo “observações”, do PPP de fls. 53/54, não havia registro ambientalno período respectivo, razão pela qual foram utilizados os monitoramentos realizados posteriormente, visto ser o posto detrabalho o mesmo da época laborado. Portanto, ambos os PPPs foram emitidos com base em laudos extemporâneos, nãose podendo dizer de antemão qual deve prevalecer. Sendo assim, verifico que o autor não se desincumbiu do ônusprobatório previsto no art. 333, I, do Código de Processo Civil, no que tange ao exercício de atividade especial no intervaloem questão, sobretudo porque não veio aos autos esclarecimento suficiente e idôneo acerca da discrepância entre osdados lançados nos PPPs.

17. No intervalo de 01/12/1980 a 30/04/1981, foi comprovada exposição a ruído de intensidade de 65,9 dB, inferiorao nível de tolerância estabelecido pela legislação (fls. 53/54 e 26/27).

18. Nos períodos de 06/03/1997 a 26/09/2001 e de 02/05/2002 a 17/11/2003, foram verificados ruídos inferiores a 90dB (patamar previsto no Decreto 2.172/97), conforme revelam os PPPs de fls. 32/33 e 34/36.

19. O laudo técnico de fls. 22/25 apresenta diversos dados relevantes em língua estrangeira, sem que tenha sidoobservado o disposto no art. 157 do Código de Processo Civil, conforme assinalado na sentença (fl. 165). Além disso, nãorestaram esclarecidos os níveis médios de ruídos aos quais foi exposto o autor nos períodos específicos em que alega terexercido atividade especial e que não foram reconhecidos pelo INSS. Anoto que se trata de aferição extemporânea,realizada no ano de 2006 (fl. 23). Embora o laudo extemporâneo possa, em tese, servir como meio de prova da exposição aagentes nocivos (conforme o enunciado nº 68 da TNU), faz-se necessário que o exame técnico esclareça suficientemente aquestão, inclusive no que refere ao período pretérito, o que não ocorre no caso dos autos.

20. Acrescento que as funções exercidas pelo recorrente anteriormente à promulgação da Lei n. 9.032/95 nãopermitem o enquadramento por categoria profissional, exceto nos períodos já reconhecidos pelo INSS. Afinal, o autortrabalhou em calderaria no intervalo de 02/01/1986 a 14/01/1991, conforme consta do PPP de fl. 31, porém, as ocupaçõesanteriores (pintor, apontador de empacotamento, auxiliar de mecânico e marcador de saco) não induzem, por si só, acaracterização da atividade especial, de acordo com os anexos do Decreto n. 83.080/79.

21. Logo, a análise do conjunto probatório existente nos autos não permite a formação de juízo de certeza acerca dasuposta exposição do autor a agentes nocivos em intensidade superior à legalmente exigida para a caracterização daatividade especial, no que se refere aos períodos que não foram reconhecidos pelo INSS, razão por que a conversão deaposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial não deve ser julgada procedente.

22. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 37).

23. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

24. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

84 - 0000101-32.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000101-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZA DONDONIBOLDRINI (ADVOGADO: ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0000101-32.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000101-3/01)RECORRENTE: TEREZA DONDONI BOLDRINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA EXPRESSIVA. CÔNJUGEAPOSENTADO COMO EMPREGADOR RURAL. CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL NÃO CARACTERIZADA.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. A área do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar).4. Provas que indicam a presença de capacidade contributiva, contrária ao intuito de amparo ao trabalhador rural queembasa a concessão de aposentadoria por idade ao segurado especial.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

TEREZA DONDONI BOLDRINI interpõe recurso inominado, às fls. 103/116, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 99/100), que julgou improcedente seu pedido para condenar o INSS a pagar obenefício de aposentadoria rural por idade desde a data do requerimento administrativo.

02. A recorrente alega que sempre exerceu atividade rural em regime de economia familiar. Afirma ter completado osrequisitos legalmente exigidos para a obtenção do benefício. Sustenta que a aposentadoria de seu cônjuge é a única fontede renda da família atualmente, e que seu marido recolhia contribuições, porque fora informado pelos funcionários do INSSque receberia benefício inferior a um salário mínimo se não o fizesse. Argumenta que, quando comprovado o trabalho emregime de economia familiar, o tamanho do imóvel rural, ainda que superior a quatro módulos fiscais, não obsta o acessoao benefício. Aduz, ainda, que as propriedades rurais já foram doadas aos seus filhos há muitos anos. Pugna peloprovimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja concedido o benefício de aposentadoria por idade, desdea data do requerimento administrativo.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 119/127, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que aspropriedades do cônjuge da recorrente superam quinze módulos fiscais. Sustenta que a autora não juntou aos autos iníciode prova material contemporânea aos fatos alegados. Alega que os documentos apresentados são relacionados ao maridoda recorrente, que obteve aposentadoria como empregador rural, o que descaracterizaria o regime de economia familiar.Afirma, ainda, que a autora, em entrevista perante o INSS, confessou estar longe do trabalho rural há mais de quatorzeanos.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimento

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de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. No presente recurso, a parte autora não se opõe à aplicação da regra veiculada pelo art. 11, VII, alínea ‘a’, item1, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/2008, segundo a qual a condição de segurado especialrestaria descaracterizada se a pessoa for proprietária ou tiver a posse de imóvel com área superior a quatro módulos fiscaispara a exploração de atividade agropecuária.

10. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar. Nesse sentido, ressalto que aárea do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar), o que de fato foi feito nasentença recorrida.

11. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 25/09/1926 (fls. 17/18) e afirma ter exercidoatividades rurais desde a sua infância, com seus pais, bem como após seu casamento. Para comprovar suas alegações,juntou: i) certidão de casamento (realizado em 09/09/1946), lavrada em 21/09/2010 (fl. 17); ii) escritura pública de compra evenda de imóvel rural lavrada em 22/02/1977, em que consta o cônjuge da autora como adquirente (fls. 20/22); iii)certificados de cadastro de imóvel rural em nome do cônjuge, emitidos entre 1976 e 2009 (fls. 23/28 e 31); iv) recibos deentrega e declarações do ITR também em nome do cônjuge (fls. 29, 32/37); v) fichas de matrícula de filhos em escola,datadas de 1975 e 1978, das quais consta que o cônjuge da autora era lavrador (fls. 39/41); vi) carteiras do sindicato ruralde Linhares, em nome do cônjuge (fls. 43 e 47); vii) nota de crédito rural firmada pelo marido da autora em 18/11/1969, queaponta a sua profissão de agricultou (fl. 50); viii) notas fiscais de vendas de produtos agrícolas em nome do referido cônjuge(fls. 51/53); ix) notas fiscais de venda de café e comprovante de pagamento de tributo (ICM) incidente sobre operação de talnatureza, também em nome do cônjuge (fls. 54/58).

12. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora devido à “falta de período de carência– não comprovou efetivo exercício de atividade rural” (motivo 035 – fl. 80).

13. O ilustre magistrado prolator da sentença constatou que, diante dos documentos existentes nos autos e dosdepoimentos testemunhais colhidos em audiência, a autora deveria ser qualificada como produtora rural, motivo pelo qualdeveria recolher contribuições para poder usufruir dos benefícios previdenciários.

14. Embora entenda que a qualidade de segurado especial, em regime de economia familiar, não seja infirmada se aprodução rural excede o necessário à subsistência da família, quando tal parcela é colocada à venda para ajudar emorçamento familiar modesto, sublinho que o acervo probatório não permite que a recorrente seja incluída em tal exceção.Com efeito, a extensão dos imóveis rurais em questão e o fato de o cônjuge da autora ter obtido aposentadoria por idade nacondição de empregador rural (fl. 91) militam em desfavor da pretensão da recorrente de ser enquadrada como seguradaespecial. Ressalto que os documentos juntados aos autos estão em nome do referido cônjuge, de modo que a sua eficáciaprobatória, embora possa ser estendida à autora (conforme o enunciado nº 6 da TNU), não se desvincula da atividade porele exercida.

15. Sendo assim, o patrimônio do núcleo familiar, bem como a exploração da atividade rural no contexto delineadonos autos, não se amoldam ao regime de economia familiar, o que demonstra a obtenção de renda que não é congruentecom a ausência de capacidade contributiva pressuposta para a concessão do benefício pleiteado pela autora. Ainda que osimóveis rurais tenham sido transferidos a terceiros, tal circunstância não desnatura o caráter da atividade exercida pelonúcleo familiar, tampouco modifica a destinação econômica atribuída às propriedades no período em questão.

16. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 82).

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17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

85 - 0000891-27.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000891-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x TEREZINHA MARIA DE OLIVEIRA (ADVOGADO:ES010380 - ARMANDO VEIGA.).RECURSO Nº 0000891-27.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000891-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: TEREZINHA MARIA DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. ACERVO PROBATÓRIO FRÁGIL. AUSÊNCIA DE PROVADO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO OU AOIMPLEMENTO DA IDADE MÍNIMA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA.DEVOLUÇÃO DOS VALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. Os depoimentos da autora e das testemunhas, analisados em conjunto, não se revelaram seguros, coesos e harmônicos.3. O acervo probatório coligido nos autos não demonstra suficientemente o exercício de atividade rural, em regime deeconomia familiar, no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou ao implemento da idade mínima(artigos 39, I, e 143, ambos da Lei n. 8.213/91). Inteligência do enunciado n. 54 da TNU.4. Recurso do INSS conhecido e provido. Sentença reformada. Pedidos julgados improcedentes. Tutela antecipadarevogada, com determinação de reembolso dos valores recebidos pela autora, de conformidade com a jurisprudência doSTJ. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 129/136, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Cachoeiro de Itapemirim (fls. 126/127), que julgou procedente o pedido para condená-lo a implantar o benefício deaposentadoria rural por idade em favor da autora e a pagar as prestações vencidas, desde a data do requerimentoadministrativo.

02. O recorrente alega que não foi comprovado o exercício de atividade rural no período correspondente à carêncialegalmente exigida. Aponta diversas contradições entre os depoimentos colhidos em audiência e a prova material existentenos autos. Argui a falsidade do contrato de fl. 19/20, que não diria respeito à autora, o que somente teria sido descobertoem audiência. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença e a revogação da antecipação dos efeitos datutela. Subsidiariamente, requer que a DIB seja remanejada para a data da sentença, pois a escassez da documentaçãojuntada para a instrução do procedimento administrativo seria imputável à autora.

03. A recorrida, embora intimada, não apresentou contrarrazões (fl. 142).

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e

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especial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria requer iníciode prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 15/11/1949 (fls. 9 e 14) e pretende verreconhecido o exercício de atividade rural desde setembro de 1988. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento (realizadoem 19/07/1969), que qualifica o cônjuge da autora como lavrador (fl. 14); ii) contrato de parceria agrícola em nome de seufilho, datado de 23/07/1996 (fls. 17/19); iii) contrato de parceria agrícola em que o cônjuge da autora figura como parceirooutorgado, celebrado em 24/07/2000, do qual consta a existência de contrato verbal desde 01/08/1988 (fls. 24/26); iv) termode homologação de contrato de parceria agrícola emitido pelo Sindicato Rural de Afonso Cláudio (fl. 28); v) nota fiscal deprodutor rural emitida pelo cônjuge da autora (fl. 31); vi) declarações do ITR em nome de João Vicente Carnielli, que figuracomo parceiro outorgante nos contratos acima mencionados (fls. 32/36 e 38/42); vii) certificado de cadastro de imóvel ruralem nome do referido parceiro (fl. 37); viii) declarações particulares subscritas em 2005, 2006 (fls. 55/56 e 67/71); ix)certidão de nascimento de filho (ocorrido em 29/08/1990), que qualifica a autora como lavradora (fl. 62).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício.

15. No caso dos autos, os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de prova material, oque permite a sua complementação pela prova testemunhal. A propósito, destaco a certidão de casamento, que qualifica ocônjuge da autora como lavrador (fl. 14), e a certidão de nascimento de filho, que qualifica a própria recorrida comolavradora (fl. 62).

16. Entretanto, os depoimentos da autora e das testemunhas, colhidos em audiência, não complementamsuficientemente os indícios documentais, em especial no que se refere ao período imediatamente anterior ao implementoda idade mínima, o que ocorreu em 15/11/2004.

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17. É que as testemunhas apenas souberam informar, com segurança, acerca do período em que a autora trabalhoucomo meeira, em regime de economia familiar, na propriedade rural do Sr. João Vicente Carnielli, o que teria ocorrido entreos anos de 1986 e 2001. A própria autora, em seu depoimento pessoal, não soube esclarecer de forma definitiva o ano emque deixou de trabalhar na referida propriedade, tendo afirmado, a princípio, que teria deixado de exercer tal labor no anode 2000. No entanto, ao ser novamente inquirida, após a oitiva das testemunhas, informou que se separou do marido hánove anos, e que deixou de trabalhar para o Sr. João Carnielli por ocasião da separação. Tendo sido realizada a audiênciaem 10/08/2010, somente se pode concluir que a cessação da prestação de serviço rural naquela propriedade ocorreu noano de 2001.

18. Em relação ao período compreendido entre o ano de 2001 e o implemento da idade de cinquenta e cinco anos,em 15/11/2004, o acervo probatório constante dos autos revela-se frágil, e não permite a formação de juízo de certezaacerca do exercício de atividade rural em regime de economia familiar. A declaração de fl. 123, firmada por Moacir Florindode Freitas na véspera da audiência (em 09/08/2010), não foi corroborada pelos depoimentos testemunhais e não guardaharmonia com o conjunto probatório. Trata-se de documento extemporâneo, que se refere ao período de 2000 a 2004,durante o qual a recorrida teria trabalhado na propriedade do declarante, situada em Ibatiba/ES. Observo, ainda, que osubscritor da declaração não foi apresentado como testemunha, tampouco fora mencionado nos autos, ou mesmo naentrevista rural prestada ao INSS (fls. 12/13). Naquela oportunidade, a recorrida afirmou ter trabalhado como meeira napropriedade de João Vicente Carnielli no intervalo de 1988 a 2003, o que contradiz o conteúdo de seu depoimento pessoalcolhido em audiência. Aliás, a própria autora reconheceu que o contrato de parceria celebrado com o Sr. João Carnielli,referente ao período posterior a 2000, não lhe diz respeito.

19. Ademais, a testemunha Nivaldo Bernardis Leite, que se disse vizinho da recorrida, afirmou que ela não costumaficar muito tempo afastada de sua casa, situada em Afonso Cláudio/ES. No entanto, a autora alegou ter trabalhado para oSr. Moacir Florindo de Freitas (cuja propriedade se situa em Ibatiba/ES) no período de 2000 a 2004. Também afirmou queficava pouco tempo em Afonso Cláudio/ES, pois estaria trabalhando para seu irmão em Venda Nova do Imigrante/ES,desde o ano anterior à realização da audiência.

20. Nesse contexto, verifico haver diversas contradições e inconsistências entre os depoimentos, o que não leva àconclusão de que a autora teria efetivamente exercido atividade rural no período imediatamente anterior ao implemento daidade mínima ou à apresentação do requerimento administrativo, em 2005. Quanto ao período supostamente laborado parao irmão da demandante, também não há elementos convincentes nos autos que possam corroborar as alegações darecorrida.

21. Sendo assim, impõe-se reconhecer que a autora não faz jus ao benefício pleiteado. A propósito, destaco o teordo enunciado n. 54 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício deatividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou àdata do implemento da idade mínima”. No mesmo sentido, transcrevo os seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. RURAL. PERÍODO DE CARÊNCIA. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO.1. A lei não exige que a prova material se refira a todo o período de carência exigido, conforme versa o art. 143 da Lei n.8.213/1991, desde que ela seja amparada por prova testemunhal harmônica, no sentido da prática laboral referente aoperíodo objeto de debate.2. Segundo a instância ordinária, o conjunto fático- probatório dos autos não foi suficiente para demonstrar o labor rural emregime de economia familiar, pois a prova testemunhal atestou que a autora não trabalha no campo há mais de 10 anos eque desenvolve atividade não rural para sua subsistência.3. O implemento da idade para aposentadoria, por seu turno, ocorreu em 2005, ou seja, após o abandono das lides no meiorural.4. Assim, não se verifica, no caso, o exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento, pelonúmero de meses idêntico à carência.5. Agravo regimental improvido.(STJ, AgRg no REsp 1294351/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 05/03/2012) (original sem grifos).

EMENTA/VOTO PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICO-JURÍDICA. POSIÇÃO CONSOLIDADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA NO SENTIDO DA IMPRESCINDIBILIDADE DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL ANTES DOREQUERIMENTO OU DO IMPLEMENTO DA IDADE. PET. 7476. QUESTÃO DE ORDEM Nº 24. INCIDENTE NÃOCONHECIDO. 1. Pretende a autora o reconhecimento de seu direito à obtenção de aposentadoria rural por idade, insistindona idoneidade do início de prova material colacionado aos autos, bem como na inexigibilidade do preenchimento simultâneodos requisitos etário e de carência. 2. A sentença, mantida pelo acórdão recorrido por seus próprios fundamentos, julgouimprocedente o pedido por considerar o exercício de atividade urbana pelo marido da autora e a ausência de comprovaçãoda realização de atividade agrícola na maior parte do período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário ouao requerimento administrativo, quando morou em Santa Catarina. 3. A decisão recorrida não merece reparos, uma vez quea jurisprudência pátria consolidou entendimento no sentido da inaplicabilidade da Lei n.º10.666/03 às aposentadorias ruraispor idade. De fato, no julgamento da Pet 7476, que derivou de incidente julgado por esta TNU, o eg. Superior Tribunal deJustiça adotou tal entendimento, exigindo demonstração de efetiva atividade rurícola no período anterior ao requerimento ouao implemento da idade. A consolidação de jurisprudência em sentido oposto à pretensão do recorrente autoriza o nãoconhecimento deste incidente, no particular, com base na Questão de Ordem n.º 24 deste Colegiado. 4. Pedido de

�Uniformização de Jurisprudência não conhecido. (TNU, PEDILEF 200871540031620, Rel. Juíza Federal Simone dos

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Santos Lemos Fernandes, DOU 04/05/2012.) (original sem grifos).

22. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do julgadoque dá provimento ao recurso da parte ré para julgar improcedente o pedido. Com efeito, não se pode cogitar dasubsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final dojulgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

23. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente deeficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes àsituação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbasrecebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetível de ser atacada por recursodespido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseada em suporte fático-jurídicoque não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido e consequente confirmação da decisãoanterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal de Justiça, conforme demonstra ementa doacórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO. RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA.PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

24. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença.

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25. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para reformar a sentença, de modo a julgarimprocedentes os pedidos formulados pela parte autora, na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Porconsequência, revogo a tutela antecipada concedida na sentença e determino a restituição ao INSS dos valores recebidospela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

26. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

27. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

86 - 0003618-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003618-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEDIA HENKER KNIDEL(ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0003618-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003618-5/01)RECORRENTE: LEDIA HENKER KNIDELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. PENSÃO POR MORTE. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO NA DISCIPLINA INSTITUÍDA PELA LEI Nº 8.213/91. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA NOVA LEI. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. A jurisprudência predominante aponta que é possível, sob a égide da Lei nº 8.213/91, cumular os benefícios de pensãopor morte e de aposentadoria por idade.4. Os elementos de convicção constantes dos autos não comprovam suficientemente o exercício de atividade rural, emregime de economia familiar, após a entrada em vigor da Lei nº 8.213/91.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

LEDIA HENKER KNIDEL interpõe recurso inominado, às fls. 69/74, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 64/66), que julgou improcedente seu pedido para condenar oINSS a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data dorequerimento formulado em sede administrativa.

02. A recorrente alega que não precisaria comprovar que continua exercendo atividade rural, diante do seu supostodireito adquirido ao benefício, por ter comprovado que exerceu tal atividade até completar 55 (cinquenta e cinco) anos deidade. Afirma que sempre trabalhou em regime de economia familiar. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma dasentença, para que seja julgado procedente o pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 78/80, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que aautora completou 55 (cinquenta e cinco) anos em 1988 e deixou de trabalhar na roça em 1990, conforme depoimentoprestado por testemunha em sede administrativa. Alega que nenhuma das testemunhas ouvidas em Juízo afirmoucategoricamente que a recorrente teria continuado a laborar no campo após o falecimento do marido. Sustenta que,naquela época, a legislação previdenciária determinava que era devida aposentadoria rural apenas ao chefe ou arrimo da

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família. Aduz, ainda, que a recorrente recebe pensão por morte de seu marido desde 1990.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 22/09/1933 (fls. 15/16) e pretende verreconhecido o exercício de atividade rural no período compreendido entre 1972 e 1992. Para tanto, juntou: i) certidão decasamento lavrada em 08/07/1967, que qualifica o cônjuge da autora como lavrador (fl. 15); ii) declaração de exercício deatividade rural emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Baixo Guandu em 21/10/2002 (fl. 24); iii) declaraçãoparticular firmada por Ervino Ludtke em 21/10/2002 (fl. 25); iv) escritura pública de doação de imóvel rural em que o referidodeclarante figura como donatário (fl. 26); v) certificado de cadastro de imóvel rural também em nome de Ervino Ludtke (fl.28); vi) termos de declarações prestadas por terceiros perante o INSS (fls. 30/35).

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovada aqualidade de segurada (fl. 36).

12. O ilustre magistrado prolator da sentença constatou que, diante dos documentos existentes nos autos e dosdepoimentos testemunhais colhidos em audiência, não restou comprovado que a autora continuou exercendo atividade ruraldepois que passou a receber pensão por morte do marido. Trago à colação, por oportuno, os seguintes trechos da sentença(fls. 64/65):“(...) A primeira testemunha conheceu a autora há doze anos (ou seja, por volta de 1999), quando a autora já havia paradode trabalhar na roça. A testemunha nada soube dizer de concreto sobre a atividade rural da autora.(...)A segunda e a terceira testemunhas confirmaram, em linhas gerais, que a autora exerceu atividade rural durante muitosanos, mas não esclareceram até quando a autora exerceu atividade rural.A autora requereu pensão por morte do marido em 20/9/1988 (fl. 23). O marido já estava falecido nessa época. O benefíciofoi deferido em 16/3/1989 (DDB = data de deferimento do benefício). A autora já contava com renda mensal garantida deum salário mínimo. Não há nenhuma confirmação segura de que, depois que passou a receber o benefício previdenciário, aautora, que já contava com 56 anos de idade em 1989, tenha continuado a extrair sua subsistência do trabalho na roça.É certo que a autora trabalhou na roça junto com seu marido durante grande parte da sua vida, mas falta comprovação deque ela continuou efetivamente exercendo atividade rural depois que passou a receber pensão por morte do marido.Antes da Lei nº 8.213/91 vigorava a Lei Complementar nº 11/71, que regulava o Programa de Assistência ao TrabalhadorRural (PRO-RURAL). O art. 4º, parágrafo único, daquela lei dispunha que não era devida a aposentadoria por idade a maisde um componente da unidade familiar, cabendo apenas o benefício ao respectivo chefe ou arrimo. E a autora não erachefe da família. Dessa forma, ainda que exercesse efetiva atividade rural, não estava coberta pela previdência social rural.Assim, quando a autora parou de trabalhar na roça, não tinha direito à aposentadoria por idade, pois, embora completado orequisito etário, não era chefe de família e não tinha completado a idade mínima de 65 anos exigida pela lei então vigente. Auniversalização da cobertura previdenciária para toda a população rural, incluindo a extensão incondicional do direito àaposentadoria rural por idade para a mulher, assim como a redução da idade para aposentadoria do trabalhador ruralsomente foram previstas pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91. Entretanto, quando a lei nova entrou em vigor, a autora já havia

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parado de exercer atividade rural – ou, pelo menos, não há prova de que ela tenha continuado a trabalhar na roça após1991. Nesse caso, a lei nova não pode retroagir para regular fatos pretéritos (...)”

13. Embora a jurisprudência venha admitindo a cumulação de pensão por morte com aposentadoria por idade detrabalhador rural sob a égide da Lei nº 8.213/91, observo que a recorrente não logrou êxito em infirmar os demaisfundamentos da sentença, sobretudo no que concerne à ausência de comprovação do exercício de atividade rural após oóbito do seu cônjuge (ocorrido antes da entrada em vigor da Lei nº 8.213/91). A propósito, trago à colação o seguintejulgado:PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE TRABALHADOR RURAL. LEI DA DATA DO ÓBITO. APLICAÇÃO.APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. CUMULAÇÃO. LC N. 16/1973, ARTIGO 6º, § 2º. VEDAÇÃO.1. O fato gerador da pensão é a morte do instituidor, a qual será regida pela legislação então em vigor. Precedente.2. Na data do óbito vigorava a Lei n. 4.214/1963, o denominado Estatuto do Trabalhador Rural, que, pela primeira vez,reconheceu a condição de segurado obrigatório ao rurícola arrimo de família e criou o Fundo de Assistência e Previdênciado Trabalhador Rural - FUNRURAL, garantindo a concessão de pensão por morte a seus dependentes.3. O § 2º do artigo 6º da LC n. 16/1973, que alterou a LC n. 11/1971, restringiu o direito do dependente quando vedou apercepção cumulativa de aposentadoria rural com a pensão rural. Com efeito, o legislador limitou a concessão a apenasuma prestação substitutiva de renda, a ser paga pelo Programa de Assistência ao Trabalhador Rural.4. Na espécie, a autora, no ato de requerimento da pensão por morte de trabalhador rurícola, já gozava de aposentadoriarural, razão pela qual não há como deferir-lhe a cumulação pretendida, em virtude da expressa vedação legal.5. Recurso especial improvido(STJ, RESP 1.105.611/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 19.10.2009)

14. Nesse contexto, observo que o acervo probatório existente nos autos revela-se frágil, razão pela qual não conduzà formação de juízo de certeza acerca do exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, em períodoposterior à entrada em vigor da nova legislação, que veio a permitir o recebimento cumulativo dos referidos benefícios.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 65).

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

87 - 0000345-92.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000345-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ANA ARDIZZONSPASSINI (ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000345-92.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000345-5/01)RECORRENTE: MARIA ANA ARDIZZON SPASSINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. CAPACIDADE CONTRIBUTIVAEXPRESSIVA. EXISTÊNCIA DE OUTRAS FONTES DE RENDA. CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL NÃOCARACTERIZADA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. A área do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar).4. Provas que indicam a presença de capacidade contributiva, contrária ao intuito de amparo ao trabalhador rural queembasa a concessão de aposentadoria por idade ao segurado especial.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

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RELATÓRIO

MARIA ANA ARDIZZON SPASSINI interpõe recurso inominado, às fls. 147/159, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 143/144), que julgou improcedente seu pedido para concessão de aposentadoriarural a contar da data do seu requerimento administrativo. Sustenta que a qualidade de segurado especial restou provadapelos documentos e depoimentos prestados em Juízo, não devendo o tamanho de suas propriedades rurais ser critériosuficiente para infirmar tal qualidade e, por conseguinte, impedir que lhe seja concedido o benefício de aposentadoria poridade. Afirma também que as duas propriedades que possuía até o ano de 2007 não ultrapassavam quatro módulos fiscaise que sempre exerceu atividade rural em regime de economia familiar.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 161/162, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que aautora teve mais de uma propriedade rural até 2007, chegando a possuir pelo menos três imóveis, e atualmente possui umveículo Ford Focus Guia, ano 2000. Além disso, afirma que o cônjuge da recorrente foi proprietário de empresadenominada “Novo Chalé”, tendo sido também dono de uma oficina mecânica, o que infirmaria a alegada condição desegurado especial. Sustenta, ainda, a ausência de provas materiais nos autos.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

06. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

07. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

08. No presente recurso, a parte autora não se opõe à aplicação da regra veiculada pelo art. 11, VII, alínea ‘a’, item1, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/2008, segundo a qual a condição de segurado especialrestaria descaracterizada se a pessoa for proprietária ou tiver a posse de imóvel com área superior a quatro módulos fiscaispara a exploração de atividade agropecuária. Contudo, afirma que as propriedades rurais que possuía até o ano de 2007não ultrapassavam quatro módulos fiscais.

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar. Nesse sentido, ressalto que aárea do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar), o que de fato foi feito nasentença recorrida.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 06/01/1954 (fls. 13 e 15) e pretende verreconhecido o exercício de atividade rural desde o ano de 1971. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento, na qual constaque o cônjuge da autora era lavrador (fl. 17); ii) declarações particulares, nas quais se informa que a autora exerceuatividade rurais (fls. 18/20); iii) escrituras públicas de compra e venda de imóvel rural (fls. 21/29 e 46/47); iv) recibos deentrega e declarações do ITR em nome do cônjuge (fls. 30/31, 36/45, 58/64); v) certificados de cadastro de imóvel rural em

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nome do cônjuge (fls. 32/35 e 54/57); vi) escrituras públicas de doação de imóvel rural (fls. 50/51, 65/67, 77/79); vii) certidãoda matrícula de imóvel rural, em que consta o registro de doação feita pela autora e seu cônjuge, com reserva de usufrutovitalício (fl. 68); viii) certificados de cadastro de imóvel rural em nome da autora (fls. 69, 80); ix) recibos de entrega edeclarações do ITR (exercícios de 2007, 2008 e 2009) em nome da autora (fls. 70/76, 81/86); x) documento de atualizaçãode dados cadastrais/atividade da Previdência Social, datado de 13/05/2009, do qual consta o enquadramento da autoracomo segurada especial (fl. 87); xi) cadastro da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Bananal, datado de junho de 2003,do qual consta a autora como lavradora (fl. 91); xii) ficha de atendimento externo da Prefeitura Municipal de Rio Bananal,emitida em 21/10/2008, que indica a profissão da autora como lavradora (fl. 93); xiii) ficha de matrícula de filho da autora,realizada em 24/02/1992, em que consta a profissão de lavradora (fl. 94); xiv) ficha de cadastro em loja, datada de10/01/2009, que também a qualifica como lavradora; xv) notas fiscais de produtos agrícolas emitidas nos anos de 1999,2008, 2009, 2010 e 2011 (fls. 100/106); xvi) contrato de parceria agrícola em que consta o cônjuge da autora como parceirooutorgante (fls. 107/109).

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, tendo em vista não ter sidocomprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, conforme o ano em que implementoutodas as condições, por tempo igual a 168 contribuições (fls. 118/119). Colhe-se, ainda, do documento de “entrevista rural”,que ficou descaracterizada a condição de segurada especial, visto que a autora possuía outra fonte de renda há 8 anos,segundo consta do campo “conclusão da entrevista” (fl. 114).

12. O ilustre magistrado prolator da sentença considerou que os documentos apresentados pela autora não servemcomo início de prova material. Ademais, consignou que a entidade familiar da ora recorrente não foi sempre voltada à liderural e que possui rendimento superior àquilo que poderia ser considerado regime de economia familiar. Trago à colação,por oportuno, o seguinte trecho da sentença (fl. 143/144):“(...) Para concessão do benefício, a lei exige início de prova material. Tal requisito teria sido cumprido por meio da escriturapública de fls. 50/51, contudo, tal documento não descreve o imóvel que teria sido doado à autora, sendo, portanto,imprestável para servir como início de prova material. Além disso, há apenas documentos particulares em nome da autora,os quais são em regra insuficientes para servir como início de prova material. A testemunha João afirmou que conhece aautora há 15 (quinze) anos e que ambos residem no Córrego Santo Antônio, sendo que a autora possui uma propriedaderural, chamada Sítio Santa Bárbara, onde planta principalmente café (aproximadamente 12 mil pés). Afirmou que a autoravive em companhia do esposo, que também reside na propriedade. A testemunha José Mageski afirmou que conhece aautora há 14 (quatorze) anos e que ela trabalha no Sítio Santa Luzia e que a família cultiva café (aproximadamente 12 milpés) e coco (aproximadamente 5 mil pés). A testemunha Antonio Francisco afirmou que conhece a autora há mais de 30(trinta) anos e que a autora sempre trabalhou com lavoura, no Córrego Santo Antonio, onde planta café (uns 12 a 13 milpés) e coco (uns 200 pés), disse também que o marido da autora vive com ela mas não trabalha mais, em razão de umacidente que ele teria sofrido.Em virtude do exposto, considerando a ausência de início de prova material, além de outros fatos revelados no presenteprocesso (o marido da autora recebe benefício assistencial e não benefício rural; a autora possui um veículo Ford Focus,ano 2000, em seu nome; o marido da autora já possuiu duas empresas – um bar e uma mecânica; a autora possuía maisde uma propriedade rural, até 2007; tudo isso indicando que a entidade familiar da autora não foi sempre voltada à lide rurale que possui rendimento superior àquilo que poderia ser considerado regime de economia familiar), constato que a autoranão possui a qualidade de segurada especial (...)”

13. Embora entenda que a qualidade de segurado especial, em regime de economia familiar, não seja infirmada se aprodução rural excede o necessário à subsistência da família, quando tal parcela é colocada à venda para ajudar emorçamento familiar modesto, sublinho que o acervo probatório não permite que a recorrente seja incluída em tal exceção.Com efeito, além da exploração de outras atividades econômicas (inclusive empresariais) pelo núcleo familiar, o seupatrimônio – especialmente a existência de automóvel e imóveis rurais – demonstra a obtenção de renda que não écongruente com a ausência de capacidade contributiva pressuposta para a concessão do benefício pleiteado pela autora.Acrescento que, a par do patrimônio familiar da parte autora, os testemunhos não são congruentes entre si, pois cada umadas testemunhas narra que a demandante era com frequência vista em fazendas distintas à mesma época.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 121).

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

88 - 0000058-35.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000058-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO DE SOUZA(ADVOGADO: ES007180 - LIETE VOLPONI FORTUNA, ES013565 - MARCIO MENDONSA BATISTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000058-35.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000058-5/01)RECORRENTE: SEBASTIÃO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. ACERVO PROBATÓRIO FRÁGIL. EXISTÊNCIA DEDIVERSOS VÍNCULOS URBANOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. A certidão de casamento, ainda que qualifique o autor como lavrador, não basta para suprir a exigência legal de início deprova material quando se constata a existência de diversos vínculos urbanos supervenientes.3. Declarações particulares equiparam-se a depoimentos reduzidos a termo.4. Acervo probatório frágil, que não permite a formação de juízo de certeza acerca do exercício de atividade rural, emregime de economia familiar, durante período correspondente à carência legalmente exigida.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios,em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

SEBASTIÃO DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 161/167, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de São Mateus (fls. 156/159), que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de aposentadoria rural por idade, com DIB na data do requerimento administrativo, bem como a pagar-lhe o valordas prestações vencidas.

02. O recorrente alega ter apresentado prova material contemporânea ao exercício da atividade rural. Afirma,também, que a exigência de contemporaneidade da prova documental é ilegal, porque prevista em decreto autônomo.Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para julgar procedentes os pedidos iniciais.

03. O INSS apresentou contrarrazões à fl. 179, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois os períodos detrabalho rural do autor não são suficientes para compor a carência exigida para o benefício pretendido.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

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10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que o recorrente nasceu em 25/09/1947 (fls. 28 e 34) e afirma ter exercidoatividade rural desde a sua infância. Para comprovar suas alegações, juntou: i) certidão de casamento, realizado em07/12/1976, que o qualifica como lavrador (fl. 28); ii) declaração de exercício de atividade rural, expedida pelo Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Nova Venécia e Vila Pavão em 09/10/2008 (fls. 30/31); iii) contrato de parceria agrícola datado de12/02/2008, do qual consta que já existia contrato verbal desde 21/02/2004 (fls. 37/39); iv) certificado de cadastro de imóvelrural e declaração do ITR em nome de Adilson Paulo David, que figura como parceiro outorgante no referido contrato (fls.40/41); v) declarações particulares emitidas no ano de 2008 (fls. 42/45, 54/56, 66, 71/73 e 76/79); vi) declaração expedidapelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gabriel da Palha e Vila Valério em 24/04/2008 (fls. 52/53); vii) ficha deidentificação emitida por Igreja em 30/09/2006, que qualifica o autor como lavrador; viii) fichas de atendimento médicoemitidas em 2007 e 2008, das quais consta a profissão de lavrador (fls. 49/51); ix) termo de homologação de atividade ruralexpedido pelo INSS em 24/06/2009, que contempla o período de 26/10/2007 a 09/10/2008 (fl. 87).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício (fl. 91).

15. Na hipótese vertente, observo que o acervo probatório constante dos autos revela-se frágil, razão pela qual nãopermite a formação de juízo de certeza acerca do alegado exercício de atividade rural. A certidão de casamento (realizadoem 07/12/1976), embora mencione a profissão de lavrador, não basta para suprir a exigência legal de início de provamaterial, uma vez que foi constatada a existência de diversos vínculos urbanos posteriores, no período de 1977 a 1988(conforme CNIS - fls. 80/81). As declarações particulares emitidas no ano de 2008, além de extemporâneas, também nãosatisfazem a referida exigência, por se equipararem a depoimentos reduzidos a termo, conforme amplamente reconhecidopela jurisprudência. As declarações expedidas por sindicatos de trabalhadores rurais não foram homologadas pelo INSS e ocontrato de parceria agrícola não abrange todo o período exigido para a carência do benefício pretendido. A propósito,destaco o teor do enunciado nº 34 da TNU: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova materialdeve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”.

16. Nesse contexto, não vislumbro qualquer documento idôneo nos autos que possa servir como início de provamaterial capaz de corroborar as alegações do recorrente. Ainda que o INSS tenha homologado o período de 26/10/2007 a09/10/2008 (fl. 87), o conjunto probatório constante dos autos não se revela robusto a ponto de permitir estenderretrospectivamente a eficácia dos documentos emitidos em 2007 e 2008, de modo a alcançar o intervalo de 01/07/1990 a03/05/2003, alegado em entrevista rural perante a autarquia (fls. 85/86).

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 106).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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19. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

89 - 0000361-52.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000361-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA TERESA ALMANSA NOLASCO(ADVOGADO: ES010380 - ARMANDO VEIGA.).RECURSO Nº 0000361-52.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000361-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA TERESA ALMANSA NOLASCORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADA ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. INTERRUPÇÃO DO EXERCÍCIO DEATIVIDADE RURAL DURANTE PERÍODO SIGNIFICATIVO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA. RETOMADA DOLABOR RURAL. CÔMPUTO DO PERÍODO PRETÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO Nº 54 DA TNU. RECURSODO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. PEDIDOS JULGADOS IMPROCEDENTES. TUTELAANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O exercício de atividade urbana, com o afastamento do meio rural durante significativo lapso temporal impede o cômputodo período pretérito. Inteligência dos artigos 39, I, e 143 da Lei nº 8.213/91, bem como do enunciado nº 54 da TNU.3. O acervo probatório constante dos autos revela que a autora exerceu atividade urbana durante aproximadamente 13(treze) anos, após o que foi reiniciado o labor rural.4. Excluído o período anterior à interrupção da atividade rural, a autora não preenche os requisitos legalmente exigidos parao deferimento da aposentadoria por idade.5. Recurso do INSS conhecido e provido. Sentença reformada. Pedidos julgados improcedentes. Tutela antecipadarevogada, com determinação de reembolso dos valores recebidos pela autora, de conformidade com a jurisprudência doSTJ. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 136/143, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Cachoeiro de Itapemirim (fls. 131/134), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder à autoraaposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (29/09/2008), bem como a pagar-lhe ovalor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início razoável de prova documental contemporânea ao exercício daatividade rural. Afirma que o simples fato de a demandante ser proprietária rural não assegura a qualidade de seguradoespecial, e que não se admite prova exclusivamente testemunhal nesses casos. Sustenta que o fato de a autora ter deixadoo campo por mais de 7 (sete) anos acarretou a perda de eventual condição de segurada especial. Aduz que o tempo detrabalho comprovado não é suficiente para o deferimento do benefício previdenciário pleiteado, uma vez que não foicomprovado o exercício de atividade rural em regime de economia familiar durante o período de carência imediatamenteanterior ao requerimento administrativo. Alega, ainda, que a DIB não poderia ter sido fixada na data do requerimentoadministrativo, haja vista que, naquela oportunidade, não foi comprovado documentalmente o exercício da atividade ruraldurante o período correspondente à carência, razão pela qual a autarquia indeferiu o pleito. Pugna pelo provimento dorecurso, para julgar improcedentes os pedidos iniciais, ou para que seja modificada a DIB para a data da audiênciarealizada pelo Juízo de origem.

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 145/146, nas quais se reporta aos termos da sentença e requer odesprovimento do recurso.

04. É o relatório.

VOTO

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05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142, da Lei 8.213/91, estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

09. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 29/03/1953 (fls. 10 e 19) e alega ter exercidoatividade rural desde 19/07/1972 até 16/03/1989, bem como a partir do ano de 2002 em diante (até a data do ajuizamentoda ação, em 03/03/2010). Afirma ter exercido atividade urbana no período de 17/03/1989 a 01/09/2002. Para comprovarsuas alegações, juntou: i) certidão de casamento (celebrado em 19/07/1972), na qual consta que seu cônjuge era lavrador(fl. 19); ii) carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muniz Freire, que indica data de admissão em 25/04/2005 (fl.20); iii) certidão de quitação eleitoral emitida pelo Cartório de 19ª Zona Eleitoral em 26/08/2008, da qual consta “trabalhadorrural” como ocupação declarada pela autora (fl. 22); iv) comprovante de inscrição e de situação cadastral de pessoa jurídica(empresa individual M T A Nolasco ME), que indica data de abertura em 17/03/1989 e situação cadastral ativa em03/11/2005 (fl. 23); v) pedido de baixa de inscrição estadual (formulário da Secretaria de Estado da Receita do Rio deJaneiro), referente à mencionada empresa, no qual consta que o encerramento das atividades ocorreu em 01/09/2002 (fl.24); vi) declaração de exercício de atividade rural expedida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muniz Freire em29/09/2008, a qual contempla os períodos de 19/07/1972 a 16/03/1989 e 02/09/2002 a 29/09/2008 (fl. 25); vii) declaraçãoparticular firmada por Sebastiana Severino Nolasco em 22/09/2008, na qual se informa que a autora exerceu atividade rural,na condição de comodatária em regime de economia familiar, juntamente com seu esposo, na propriedade agrícola dadeclarante, no período de 19/07/1972 a 16/03/1989 (fl. 26); viii) escritura pública de doação de imóvel rural, lavrada em23/08/1990, na qual constam a autora e seu então cônjuge entre os donatários (fls. 29/32); ix) certidão emitida por Cartóriode Registro de Imóveis em 25/08/2008, que atesta o registro da referida doação em 19/09/1990 (fl. 33); x) declaraçãoparticular firmada por Lauzira Elminda Almansa em 22/09/2008, a qual afirma que a autora exercia atividade rural, nacondição de comodatária em regime de economia individual, na propriedade agrícola da declarante, desde 02/09/2002 até adata em que o documento foi emitido (fl. 34); xi) contrato de comodato celebrado entre a autora (comodatária) e LauziraElminda Almansa (comodante), em que se aponta o dia 15/11/2002 como “data do contrato verbal”; xii) certificado decadastro de imóvel rural e recibos de entrega de declaração do ITR em nome de Lauzira Elminda Almansa (fls. 45/48); xiii)declarações de exercício de atividades rurais emitidas em agosto e setembro de 2008 (fls. 49 e 51/53); xiv) prontuárioambulatorial da Secretaria Municipal de Saúde, Saneamento e Assistência Social de Muniz Freire/ES, da qual constam aprofissão de lavradora e anotações de atendimentos realizados nos anos de 2003 a 2007 (fl. 86); xv) declaração deseparação amigável subscrita pela autora, seu então cônjuge e três testemunhas em 27/10/2003 (fls. 88/89); xvi) certificadoemitido pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizado Rural), referente a treinamento realizado no período de 28 a 30 deabril de 2009 (fl. 102).

10. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício (fls. 68/69e 118).

11. Na espécie vertente, verifico que a interrupção do exercício de atividade rural, durante aproximadamente 13(treze) anos, impede o cômputo do período pretérito no cálculo do lapso temporal equivalente à carência legalmente exigidapara a obtenção do benefício.

12. Conforme afirmou a própria autora na petição inicial (fl. 03), “(...) o trabalho urbano se deu em 17 de março de1989 a 01 de setembro de 2002 (...)”. A propósito, destaco que, conforme mencionado acima, o comprovante de inscrição ede situação cadastral de pessoa jurídica (empresa individual M T A Nolasco ME) indica data de abertura em 17/03/1989 esituação cadastral ativa em 03/11/2005 (fl. 23). Além disso, juntou-se aos autos o pedido de baixa de inscrição estadual(formulário da Secretaria de Estado da Receita do Rio de Janeiro), referente à mencionada empresa, o qual aponta que oencerramento das atividades ocorreu em 01/09/2002 (fl. 24). No mesmo sentido, a declaração de exercício de atividaderural emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muniz Freire (fl. 25) somente contempla os períodos de19/07/1972 a 16/03/1989 e de 02/09/2002 a 29/09/2008, o que corrobora a interrupção ocorrida no período narrado pela

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autora, durante o qual ela se dedicou à atividade urbana.

13. Diante da interrupção do exercício de atividade rural durante significativo lapso temporal, somente pode serconsiderado, para efeito de aposentadoria por idade, na condição de segurada especial, o período laborado a partir de01/09/2002, ante o disposto no art. 39, I, e 143, ambos da Lei nº 8.213/91, conforme a orientação contida no enunciado nº54 da TNU, cujo teor segue transcrito: “Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo deexercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimentoadministrativo ou à data do implemento da idade mínima”. No mesmo sentido, transcrevo os seguintes julgados:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIALCORROBORADO POR ROBUSTA PROVA TESTEMUNHAL.1. O entendimento jurisprudencial do STJ é no sentido de que a atividade urbana exercida no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício ou ao implemento do requisito etário impede a concessão da aposentadoria por idaderural, conforme arts. 142 e 143 da Lei 8.213/1991.2. Na hipótese dos autos, o autor trabalhou na área rural de forma descontínua, tendo exercido labor urbano durante dezanos até 1993. A partir de então, reconheceu-se pelas provas material e testemunhal que ele trabalhou no campoininterruptamente até a data do requerimento administrativo em 2007. Agravo regimental improvido.(STJ, AgRg no AREsp 352.085/CE, Rel. Min. Humberto Martins, j. 15/08/2013, DJE 26/08/2013) (original sem grifos).

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA PORIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CARÊNCIA. SOMA DE TEMPO ANTERIOR E POSTERIOR ÀINTERRUPÇÃO DA ATIVIDADE RURAL. IMPOSSIBILIDADE. TNU. SÚMULA N. 54. QO N. 13. INCIDENTE NÃOCONHECIDO. 1. Sentença de improcedência do pedido de aposentadoria por idade rural, mantida pela Turma Recursal doRio Grande do Norte pelos próprios e jurídicos fundamentos. 2. Interposição de incidente de uniformização pela parteautora, sob a alegação de que o acórdão recorrido é divergente do entendimento do STJ. 3. Incidente não admitido naorigem ao fundamento da impossibilidade de reexame do conjunto probatório, consoante súmula STJ nº 7, aplicada poranalogia. 4. O incidente, com efeito, não merece ser conhecido. 5. Dispõe o art. 14, caput e § 2º da Lei nº 10.259/2001 quecaberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questõesde direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei. O pedido de uniformização nacional, contudo,deve estar escorado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou em contrariedade a súmula oujurisprudência dominante do e. Superior Tribunal de Justiça. 6. O acórdão da Turma Recursal do Rio Grande do Nortenegou provimento ao recurso interposto contra a sentença de primeiro grau sob o fundamento da não comprovação dolabor em regime de economia familiar pelo período de tempo mínimo exigido para a aposentadoria por idade paratrabalhador rural. 7. Inicialmente cumpre observar que a Súmula nº 14 da TNU não autoriza o entendimento de que não sedeve exigir o cumprimento da carência mínima, em se tratando de segurado especial. A ementa do acórdão do STJ trazidocomo suposto paradigma de divergência, do mesmo modo, não autoriza essa ilação. Com efeito, a súmula em questão rezaque para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo operíodo equivalente à carência do benefício. Ou seja, ainda que dispensada a apresentação de início de prova materialcorrespondente a todo o período da carência, a prova do cumprimento da carência, em sua integralidade, há que ser feita,ainda que mediante prova testemunhal. Isso é o que decorre claro do próprio texto da lei, pois do art. 143 , caput, da Lei nº8.213/91, parte final, consta expressamente que a prova do exercício da atividade rural deverá ser “em número de mesesidêntico à carência do referido benefício”.8. Quanto aos demais argumentos constantes da razões do recurso, conquanto severifique a presença de documentos reveladores do início de prova material da atividade rurícola (10 anos homologadospelo INSS entre 01/01/2000 e 13/06/2010 e outros 5 anos reconhecidos pelo magistrado até 28/07/1976, data do início doprimeiro vínculo urbano), observa-se que por mais de 20 (vinte) anos o recorrente ausentou-se do trabalho rural paradedicar-se à lide urbana. O STJ e a TNU têm posição firmada no sentido de que a descontinuidade do labor rural nãodescaracteriza a condição de segurado especial. Por outro lado, referidas Cortes não admitem que se some os temposanteriores e posteriores à interrupção da atividade rural para efeito de cumprimento de carência, devendo tal requisito seratendido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima(TNU, Súmula 54), o que não se observa no caso em exame. 9. A TNU, por meio da Questão de Ordem n. 13, assentouque “Não cabe Pedido de Uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”10. Ademais, a pretensão recursalexige o reexame da matéria fática, inadmissível em sede de incidente de uniformização, nos termos da Súmula nº 42 da

�TNU. 11. Incidente de uniformização de jurisprudência não conhecido. (TNU, PEDILEF 05135076320104058400, Rel. JuizFederal Paulo Ernane Moreira Barros, DOU 10/01/2014, pp. 121/134.) (original sem grifos)

14. Presente regramento específico a exigir o exercício da atividade, ainda que descontínua, no período,imediatamente anterior ao requerimento, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício (artigos 39, I,e 143 da Lei nº 8.213/91), não há que se aplicar a regra do art. 24, parágrafo único, da mesma lei, a qual diz respeito aosbenefícios que exigem carência propriamente dita (quantidade mínima de contribuições).

15. Com efeito, no caso dos autos, não poderá ser computado o período compreendido entre 19/07/1972 e16/03/1989, por ser anterior à interrupção do exercício de atividade rural, que perdurou por mais de 10 (dez) anos. Destafeita, ao se considerar apenas o período laborado a partir do ano de 2002, constata-se que não foi preenchido o lapsotemporal legalmente exigido, correspondente à carência do benefício de aposentadoria por idade, isto é, 180 (cento eoitenta) meses (artigos 39, I, e 25, II, da Lei nº 8.213/91). Ainda que se aplicasse ao caso a regra de transição prevista noart. 142 da referida lei, o período legalmente exigido seria de 162 (cento e sessenta e dois) meses, (ante o implemento daidade mínima em 2008), o qual também não restou atendido.

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16. Logo, não tendo a autora preenchido um dos requisitos exigidos para a obtenção do benefício de aposentadoriapor idade, impõe-se o julgamento de improcedência dos pedidos.

17. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do julgadoque dá provimento ao recurso da parte ré para julgar improcedente o pedido. Com efeito, não se pode cogitar dasubsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final dojulgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

18. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente deeficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes àsituação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbasrecebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetível de ser atacada por recursodespido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseada em suporte fático-jurídicoque não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido e consequente confirmação da decisãoanterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal de Justiça, conforme demonstra ementa doacórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO. RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA.PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

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19. Portanto, deve ocorrer a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedidona sentença.

20. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para reformar a sentença, de modo a julgarimprocedentes os pedidos formulados pela parte autora, na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Porconsequência, revogo a tutela antecipada concedida na sentença e determino a restituição ao INSS dos valores recebidospela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

21. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

22. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

90 - 0000159-59.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000159-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LUZIA HONORATODA SILVA VENANCIO (ADVOGADO: ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.).RECURSO Nº 0000159-59.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000159-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUZIA HONORATO DA SILVA VENANCIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADA ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIALSUFICIENTE. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO DA AUTORA QUE NÃO DESCARACTERIZA A SUACONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL. PRECEDENTES DA TNU E DO STJ. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O benefício de aposentadoria por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91,que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime deeconomia familiar (§1º), por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável orecolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a condição da autora de seguradaespecial. Inteligência do enunciado nº 41 da TNU (“A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenharatividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição quedeve ser analisada no caso concreto”).4. O acervo probatório constante dos autos não indica a presença de capacidade contributiva expressiva, tampouco permiteconcluir pela desnecessidade da renda oriunda da atividade pesqueira para a subsistência própria e da família.5. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício da atividade. Aplicação do enunciado nº 14da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda atodo o período equivalente à carência do benefício”).6. DIB fixada na data da entrada do requerimento administrativo, momento no qual a autora já havia preenchido osrequisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91).7. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contido no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 98/107, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deSão Mateus (fls. 91/96), que julgou procedente o pedido para condená-lo a implantar em favor da autora LUZIAHONORATO DA SILVA VENÂNCIO, o benefício de aposentadoria por idade, com DIB na data do requerimentoadministrativo (17/07/2009), bem como a pagar-lhe o valor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início de prova material contemporânea ao exercício da atividaderural. Afirma, também, que deve ser observado o rol de documentos previsto no art. 106 da Lei nº 8.213/91, de modo que adeclaração de sindicato de trabalhadores não ostenta valor jurídico caso não se encontre homologada pelo INSS. Aduz queo documento mais antigo apresentado pela autora é do ano de 2004 (fl. 25), razão pela qual se pode concluir que inexisteinício de prova material suficiente para cobrir o período de carência necessário. Ressalta que, conforme se extrai do CNIS,a inscrição da ora recorrida como pescadora artesanal junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura ocorreu em 15/12/2002.Sustenta, também, que constam do CNIS vários vínculos de trabalho do cônjuge da autora, que recebe aposentadoria portempo de contribuição desde 1996, o que seria incompatível com a qualidade de segurados especiais. Pugna peloprovimento do recurso, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 116/118, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez queas suas alegações foram confirmadas pelas provas materiais e depoimentos testemunhais constantes dos autos. Afirmaque sempre trabalhou na atividade pesqueira. Alega também que, conforme consta do CNIS, o cônjuge da autora exerciaatividades ligadas à pesca, e sua renda não superava um salário mínimo.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 16/10/1949 (fl. 22) e afirma ter trabalhado como

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pescadora desde a sua infância. Para comprovar suas alegações, juntou: i) certidão de casamento (celebrado em06/01/2006), da qual consta que sua profissão era de marisqueira, e a de seu cônjuge, pescador (fl. 23); ii) carteira depescador profissional em seu nome, emitida em 12/05/2006, porém com indicação de que o 1º registro ocorreu em15/12/2002; iii) recibos de colônia de pescadores, datados de 16/09/2008, 04/04/2005 e 02/12/2003 (fls. 28/30); iv)requerimento do seguro-desemprego (pescador artesanal), emitido em 10/11/2008 (fl. 31); v) atestado firmado pelopresidente de colônia de pescadores em 03/11/2008 (fl. 32), que afirma que a autora era pescadora profissional e estavaapta a requerer o seguro-desemprego durante o período de defeso do caranguejo (01/10/2008 a 30/11/2008); vi) no mesmosentido, atestados de colônia de pescadores e requerimentos de seguro-desemprego (pescador artesanal), referentes aosperíodos de defeso de 01/10/2007 a 30/11/2007 (fls. 34/35), 01/10/2005 a 30/11/2005 (fls. 36/37) e 01/10/2006 a 30/11/2006(fls. 38/39); vii) protocolo de recebimento de recadastramento de pescador profissional, datado de 01/08/2005 (fl. 40).

11. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela prova testemunhalcolhida em audiência. O ilustre magistrado prolator da sentença ressaltou, ainda, que os depoimentos das testemunhas eda autora mostraram-se coerentes e harmônicos entre si (fl. 95).

12. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por falta de comprovação de atividaderural em número de meses idêntico à carência do benefício (fl. 76). Contudo, destaco que o início de prova material nãoprecisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural, sobretudo quando a prova testemunhal revela-seidônea e complementa os indícios documentais, conforme a orientação contida no enunciado nº 14 da TNU (“Para aconcessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o períodoequivalente à carência do benefício”).

13. Nesse contexto, restou comprovado o exercício da atividade de pesca artesanal em período correspondente àcarência do benefício de aposentadoria por idade, com apoio na prova testemunhal. Na espécie vertente, aplica-se a regrade transição prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91, de modo que, preenchido o requisito etário em 2004, o período exigidolegalmente é de 138 (cento e trinta e oito meses).

14. Ressalto que o exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a sua condiçãoda autora de segurada especial. Nesse sentido, destaco o enunciado nº 41 da TNU: “A circunstância de um dos integrantesdo núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. No caso dos autos, verifico que o cônjuge da autoratambém laborou como pescador, tendo inclusive obtido aposentadoria por tempo de contribuição. A propósito, o extrato deconsulta ao CNIS (fls. 81/82) revela a existência de diversos vínculos laborais nessa qualidade, o que reforça a narrativaautoral.

15. O acervo probatório constante dos autos não permite concluir pela desnecessidade da renda oriunda da pescaartesanal para a subsistência própria e da família, tampouco indica a presença de capacidade contributiva capaz de afastara configuração do regime de economia familiar. A propósito do tema, transcrevo os seguintes julgados do STJ e da TNU:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHO URBANO DE MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR. POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIODA ATIVIDADE RURAL INDIVIDUALMENTE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL EM NOME DA AUTORA. AGRAVODESPROVIDO.1. A Primeira Seção desta Corte no julgamento do Recurso Especial 1.304.479/SP, representativo da controvérsia, derelatoria Min. HERMAN BENJAMIN, firmou o entendimento de que os registros no CNIS em nome do cônjuge da parteautora não afastam, por si só, o direito ao benefício pleiteado, uma vez que a lei prevê a possibilidade de que o seguradoespecial exerça sua atividade individualmente e não apenas em regime de economia familiar (art. 11, VII da Lei 8.213/91).2. In casu, o Tribunal de origem consignou que os documentos juntados aos autos, acrescidos pela prova testemunhal,são suficientes para demonstrar o exercício de atividade rural, fazendo a parte agravada, portanto, jus aosalário-maternidade. Precedentes desta egrégia Corte Superior de Justiça: AR 3.771/CE, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZADE ASSIS MOURA, DJe 18.11.2010; AR 1.411/SP, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 22.3.2010.3. Agravo Regimental desprovido.(AgRg no AREsp 269.807/CE, Primeira Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 25/02/2014, DJE07/03/2014)(original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. DESCONTINUIDADE DA ATIVIDADE RURAL DOREQUERENTE. ATIVIDADE URBANA INTERCALADA DO REQUERENTE. ATIVIDADE URBANA DO CÔNJUGE.REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. 1. A jurisprudência da TNU consolidou-se no sentido de que a descontinuidade daatividade rural admitida pela legislação é aquela que não representa uma ruptura definitiva do trabalhador em relação aocampo, situação que deve ser aferida em cada caso concreto. 2. A melhor exegese do art. 11, § 9°, III, da Lei nº 8.213/91 éno sentido de que, se o exercício de atividade remunerada fora do campo se der pelo prazo de até 120 dias por ano civil,não há descaracterização da qualidade de segurado especial do trabalhador, sendo desnecessário maiores digressões arespeito da influência do labor urbano sobre a condição de segurado especial. Isso não significa, contudo, que todoafastamento superior a 120 ao ano implique automaticamente a descaracterização da condição de segurado especial.Nesses casos, há que se perquirir se o afastamento representou ruptura definitiva do trabalhador em relação ao campo, oque somente pode ser avaliado diante das especificidades de cada caso concreto. 3. O fato de o cônjuge auferir proventosde aposentadoria decorrente de atividade urbana no período de 2004 a 2007 não necessariamente descaracteriza aqualidade de segurada especial da requerente. A descaracterização só se configura se ficar comprovado que a rendaassociada à atividade urbana é suficiente para a subsistência do grupo familiar. Aplicação da Súmula nº 41 da TNU. Há

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necessidade de aprofundar a análise da matéria fática para aferir até que ponto os proventos da aposentadoria urbana do�marido da requerente era suficiente para manter a família. 4. Pedido parcialmente provido. (TNU, PEDILEF

200870570011300, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 31/05/2013, pp. 133/154.)(original sem grifos).

16. Preenchidos os requisitos legais para a obtenção do benefício na data da apresentação do requerimentoadministrativo (17/07/2009 – fls. 61 e 76), esta deverá ser considerada como DIB, nos termos do art. 49, II, da Lei nº8.213/91. Afinal, conforme dito acima, o direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quandopreenchidos os requisitos para a sua fruição.

17. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

18. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

19. Contudo, consta da sentença (proferida em data anterior ao julgamento das referidas ADIs), que, a partir daentrada em vigor da Lei nº 11.960/09, os valores deverão ser atualizados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Destafeita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação dasistemática de cálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nasmencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, portratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n.254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.

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(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

20. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

21. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

22. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

23. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91 - 0001782-14.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001782-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x TEREZINHA PESSINI DE SOUZA(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza.).RECURSO Nº 0001782-14.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001782-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: TEREZINHA PESSINI DE SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADA ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIALSUFICIENTE. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO DA AUTORA QUE NÃO DESCARACTERIZA A SUACONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL. PRECEDENTES DA TNU E DO STJ. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O exercício de atividade urbana, bem como a posterior percepção de aposentadoria por tempo de contribuição, por partedo cônjuge, não bastam para descaracterizar a condição da autora de segurada especial. Inteligência do enunciado nº 41

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da TNU (“A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”).4. O acervo probatório constante dos autos não indica a presença de capacidade contributiva expressiva, tampouco permiteconcluir pela desnecessidade da renda oriunda do labor rural para a subsistência própria e da família.5. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).6. DIB fixada na data da entrada do requerimento administrativo, momento no qual a autora já havia preenchido osrequisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91).7. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111, da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 130/138, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do Juizado Especial Federalde Cachoeiro de Itapemirim (fls. 125/128), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder à autoraTEREZINHA PESSINI DE SOUZA aposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo(04/12/2008), bem como a pagar-lhe o valor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início razoável de prova documental contemporânea ao exercício daatividade rural. Afirma, também, que o marido da autora está aposentado por tempo de contribuição desde 1998, e exerceutrabalho urbano até 2002, percebendo salário bem superior ao mínimo, o que afastaria o enquadramento da ora recorridacomo segurada especial, uma vez que o seu trabalho no campo não era essencial à manutenção da família. Sustenta que aDIB não poderia ter sido fixada na data do requerimento administrativo, haja vista que, naquela oportunidade, não foicomprovado documentalmente o exercício da atividade rural durante o período de carência, razão pela qual a autarquiaindeferiu o pleito. Pugna pelo provimento do recurso, para julgar improcedentes os pedidos, ou para que seja modificada aDIB para o dia 17/03/2011 (data da audiência realizada pelo Juízo de origem).

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 145/148, nas quais requer a manutenção da sentença, pois oconjunto probatório constante dos autos comprova o exercício de atividade rural, que seria a sua principal fonte de renda.Reporta-se aos documentos apresentados e à prova testemunhal colhida em audiência. Afirma que o desempenho deatividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à demonstração da condição de seguradoespecial por outro componente da família, desde que a renda advinda da agricultura seja indispensável ao sustento do lar.

04. É o relatório.

VOTO

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05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque, para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 01/07/1953 (fls. 18 e 66) e pretende verreconhecido o exercício de atividade rural desde janeiro de 1990. Para tanto, juntou: i) Certidão do Cadastro Eleitoral,emitida pelo Cartório Eleitoral da 2ª Zona (Cachoeiro de Itapemirim/ES) em 12/12/2008, que aponta “trabalhador rural”como ocupação declarada pela eleitora (fl. 18); ii) declaração de exercício de atividade rural expedida em 04/12/2008 peloSindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo/ES, da qual consta que a autora trabalhou em regime de parceria agrícolano período de 01/1990 a 31/08/2008 (fls. 19/20); iii) contrato de parceria agrícola celebrado com Ana Maria Louzada Paiva,datado de 11/03/2005, que menciona a existência de contrato verbal no período de 10/01/2002 a 10/03/2005 (fls. 22/23); iv)contrato de parceria agrícola celebrado com Joel Francisco Secchin, datado de 28/10/2008, que afirma a existência decontrato verbal no período de janeiro de 1990 a 09 de janeiro de 2002 (fls. 24/25); v) ficha de cadastro expedida peloSindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo, que aponta admissão em 11/03/2005; vi) ficha de cadastro da SecretariaMunicipal de Saúde do Município de Cachoeiro de Itapemirim, datada de 01/07/2001, que descreve a ocupação da autoracomo “lavradora”; vii) declarações de testemunhas, firmadas em 25/11/2008 e 02/12/2008, que afirmam que a autoraexercia atividade rural, individualmente, na qualidade de parceira, há aproximadamente 15 (quinze) anos (fls. 42, 44 e 46);viii) declaração do ITR de Ana Maria Louzada Paiva (fls. 36/40).

11. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela prova testemunhalcolhida em audiência. A ilustre magistrada prolatora da sentença constatou, ainda, que os depoimentos das testemunhasforam coerentes e coesos com as alegações da parte autora (fl. 126).

12. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefícioimediatamente anterior ao requerimento ou à data em que foi implementada a idade exigida (fl. 106). Contudo, destaco queo início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural, sobretudo quando aprova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conforme a orientação contida no enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).

13. Na espécie vertente, foi apresentada certidão de quitação eleitoral, que, embora tenha sido emitida em12/12/2008, reflete os dados então existentes no Cadastro Eleitoral, inclusive a ocupação declarada pela demandante(trabalhadora rural), além de indicar que a autora estava domiciliada naquela Zona Eleitoral desde 18/09/1986 (fl. 18).Também consta dos autos ficha de cadastro da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cachoeiro de Itapemirim,datada de 01/07/2001 (contemporânea ao exercício da atividade rural), que descreve a ocupação da autora como“lavradora”. Destaco, ainda, a ficha do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo, que aponta o dia 11/03/2005 comodata de admissão. Os documentos emitidos no ano de 2008, acima elencados, embora não sejam contemporâneos aoexercício da atividade no período correspondente à carência do benefício, reportam-se aos períodos pretéritos narradospela recorrida.

14. O exercício de atividade urbana, bem como a posterior percepção de aposentadoria por tempo de contribuição,por parte do cônjuge, não basta para descaracterizar a sua condição de segurada especial. Nesse sentido, destaco o

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enunciado nº 41 da TNU (“A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana nãoimplica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada nocaso concreto”).

15. O acervo probatório constante dos autos não permite concluir pela desnecessidade da renda oriunda do laborrural para a subsistência própria e da família. A propósito, a autora afirmou, em entrevista perante o INSS, que o maridotrabalhava fora e obteve aposentadoria, de modo que a venda do café e a aposentadoria seriam as fontes de renda dafamília (fl. 99). Conforme consta da sentença (fl. 126), a ora recorrida alegou ainda, em seu depoimento pessoal, “(...) que omarido dela nunca trabalhou na roça; que o marido às vezes a ajudava; que o marido hoje é aposentado; que o maridotrabalhava próximo a sua casa; que tem filhos; que uma mora com ela e outra é casada; que antes ajudava a mesma; quecuidava da lavoura, plantava milho e feijão; que não adubava por causa do valor; explicou como se faz para plantar café;que explicou quais as características da planta do café; que quem vendia era seu marido ou seu patrão as sacas de café;que o marido recebe hoje cerca de R$ 600,00”. Ademais, observo que as provas existentes nos autos não indicam apresença de capacidade contributiva capaz de afastar a configuração do regime de economia familiar. A propósito do tema,transcrevo os seguintes julgados do STJ e da TNU:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHO URBANO DE MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR. POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIODA ATIVIDADE RURAL INDIVIDUALMENTE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL EM NOME DA AUTORA. AGRAVODESPROVIDO.1. A Primeira Seção desta Corte no julgamento do Recurso Especial 1.304.479/SP, representativo da controvérsia, derelatoria Min. HERMAN BENJAMIN, firmou o entendimento de que os registros no CNIS em nome do cônjuge da parteautora não afastam, por si só, o direito ao benefício pleiteado, uma vez que a lei prevê a possibilidade de que o seguradoespecial exerça sua atividade individualmente e não apenas em regime de economia familiar (art. 11, VII da Lei 8.213/91).2. In casu, o Tribunal de origem consignou que os documentos juntados aos autos, acrescidos pela prova testemunhal,são suficientes para demonstrar o exercício de atividade rural, fazendo a parte agravada, portanto, jus aosalário-maternidade. Precedentes desta egrégia Corte Superior de Justiça: AR 3.771/CE, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZADE ASSIS MOURA, DJe 18.11.2010; AR 1.411/SP, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 22.3.2010.3. Agravo Regimental desprovido.(AgRg no AREsp 269.807/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/02/2014,DJe 07/03/2014)(original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. DESCONTINUIDADE DA ATIVIDADE RURAL DOREQUERENTE. ATIVIDADE URBANA INTERCALADA DO REQUERENTE. ATIVIDADE URBANA DO CÔNJUGE.REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. 1. A jurisprudência da TNU consolidou-se no sentido de que a descontinuidade daatividade rural admitida pela legislação é aquela que não representa uma ruptura definitiva do trabalhador em relação aocampo, situação que deve ser aferida em cada caso concreto. 2. A melhor exegese do art. 11, § 9°, III, da Lei nº 8.213/91 éno sentido de que, se o exercício de atividade remunerada fora do campo se der pelo prazo de até 120 dias por ano civil,não há descaracterização da qualidade de segurado especial do trabalhador, sendo desnecessário maiores digressões arespeito da influência do labor urbano sobre a condição de segurado especial. Isso não significa, contudo, que todoafastamento superior a 120 ao ano implique automaticamente a descaracterização da condição de segurado especial.Nesses casos, há que se perquirir se o afastamento representou ruptura definitiva do trabalhador em relação ao campo, oque somente pode ser avaliado diante das especificidades de cada caso concreto. 3. O fato de o cônjuge auferir proventosde aposentadoria decorrente de atividade urbana no período de 2004 a 2007 não necessariamente descaracteriza aqualidade de segurada especial da requerente. A descaracterização só se configura se ficar comprovado que a rendaassociada à atividade urbana é suficiente para a subsistência do grupo familiar. Aplicação da Súmula nº 41 da TNU. Hánecessidade de aprofundar a análise da matéria fática para aferir até que ponto os proventos da aposentadoria urbana do

�marido da requerente era suficiente para manter a família. 4. Pedido parcialmente provido. (PEDILEF 200870570011300,JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 31/05/2013 pág. 133/154.)(original sem grifos).

16. Preenchidos os requisitos legais para a obtenção do benefício na data da apresentação do requerimentoadministrativo (04/12/2008), esta deverá ser considerada como DIB, nos termos do art. 49, II, da Lei nº 8.213/91, razão pelaqual a irresignação da autarquia não merece prosperar. Afinal, conforme dito acima, o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição.

17. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

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18. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

19. Contudo, consta da sentença (proferida em data anterior ao julgamento das referidas ADIs), que, a partir daentrada em vigor da Lei nº 11.960/09, em 01/07/2009, os valores deverão ser calculados na forma do art. 5º, que alterou oart. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica anecessária modificação da sistemática de cálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

20. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser

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mantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

21. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

22. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

23. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

92 - 0000203-54.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000203-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ENEIAS FIRMINO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES012399 - GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000203-54.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000203-0/01)RECORRENTE: ENEIAS FIRMINO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. CÔNJUGE APOSENTADA COMO SERVIDORA PÚBLICAESTADUAL. CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL NÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR OU COMO EMPREGADO NO PERÍODO DECARÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O mero exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a condição do autor desegurado especial, conforme estabelecido no enunciado nº 41 da TNU. Essa orientação baseia-se na constatação de queas módicas condições econômicas dos segurados, que laborem em regime de economia familiar, são capazes decomprometer sua subsistência, motivo por que eventual trabalho urbano não descaracteriza tal sistema colaborativo, desdeque a renda obtida com o trabalho rurícola continue sendo essencial à subsistência da família. Precedente do STJ.4. O acervo probatório constante dos autos não demonstra suficientemente o exercício de atividade rural, em regime deeconomia familiar, durante o período correspondente à carência legalmente exigida para a obtenção do benefício.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

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RELATÓRIO

ENEIAS FIRMINO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 85/94, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 81/82), que julgou improcedente seu pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de aposentadoria rural por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimento formulado emsede administrativa.

02. O recorrente alega que sempre exerceu atividade rural em regime de economia familiar. Sustenta que a atividadeurbana desempenhada pela sua esposa não é suficiente para a desqualificação da sua condição de segurado especial,uma vez que a renda obtida não basta para o sustento da família. Afirma que o início de prova documental foi corroboradopelos depoimentos testemunhais colhidos pelo Juízo de origem. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma dasentença, para que sejam julgados procedentes os pedidos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 97/98, nas quais requer o desprovimento do recurso, porque a esposa dorecorrente trabalhou como servidora estatutária e obteve benefício cujo valor supera o mínimo legal. Afirma também que oautor não trabalhou em regime de economia familiar, mas como trabalhador rural de certa especialização, tanto quedeclarou na escola dos filhos que sua profissão era de “gerente de fazenda”, “inseminador” e “veterinário”. Requer odesprovimento do recurso, ou a expedição de ofício ao Estado do Espírito Santo para que informe o valor do benefíciorecebido pela esposa do recorrente, haja vista que tal requerimento não foi deferido pelo Juízo de origem, diante dojulgamento de improcedência do pedido.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que o recorrente nasceu em 07/06/1948 (fls. 17/20) e pretende verreconhecido o exercício de atividade rural desde abril de 1982. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento lavrada em08/07/1967, que o qualifica como lavrador (fl. 17); ii) CTPS contendo anotações de contratos de trabalho como “chefe dosvaqueiros”, “gerente” e “vaqueiro”, nos seguintes períodos: 01/04/1982 a 31/01/1983, 01/03/1985 a 30/01/1987, 02/04/1990a 31/01/1997 e 01/10/1997 a 11/03/1998 (fls. 23/24); iii) fichas de matrícula de filhos em escola, das quais consta

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qualificação do autor como “seminador” e como “lavrador” (fls. 28/30, 34, 38); iv) certificado de “curso de inseminação paravaqueiros” emitido em 18/02/1978 (fl. 43); v) contrato de arrendamento celebrado em 23/11/2007 em que o autor figuracomo arrendatário (fls. 45/47); vi) escritura pública de compra e venda de imóvel rural lavrada em 23/11/2007, na qual figuracomo comprador o arrendador constante do contrato mencionado no item acima (fls. 48/49).

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício. Destacou-se,ainda, que o contrato de arrendamento não foi registrado, tampouco tinha firma reconhecida em cartório (fl. 65).

12. O ilustre magistrado prolator da sentença constatou que, diante dos documentos existentes nos autos e dosdepoimentos testemunhais colhidos em audiência, não restou comprovado o cumprimento do período de carência. Trago àcolação, por oportuno, o seguinte trecho da sentença (fls. 81/82):“(...) Para concessão do benefício, a lei exige início de prova material. Como início de prova material o autor juntou acertidão de casamento em que ele aparece qualificado como lavrador, bem como cópia de sua CTPS.Em seu depoimento pessoal, o autor disse que trabalhou de carteira assinada até 1998 e que, a partir de 2007, passou atrabalhar como meeiro.Disse também que depois de 1998 chegou a trabalhar como ambulante (vendendo queijos) e trabalhou também comodiarista em propriedades rurais.A testemunha Valmir afirmou que o autor vem trabalhando no terreno de “Carlinhos”, genro do autor, e disse que as tarefasdo autor na referida propriedade são: “trabalhar na roça”, “fazer cerca”, “cuidar das vaquinhas” etc.O autor também declarou em seu depoimento que sua esposa, com quem continua casado, trabalhou de 1979 a 1994como servidora pública estadual, tendo se aposentado em razão do exercício dessa atividade.Disse que os proventos de sua esposa giram entre 500 e 1000 (mil) reais.A testemunha ENÉIAS não soube dizer onde o autor trabalhou depois que saiu do terreno do Sr. José Antonacci da Silva(onde o autor trabalhou até 1998, conforme fl. 24). Em virtude do exposto, constato que no período posterior a 1991 (ano daedição da lei 8213), o autor trabalhou somente até 1998 como empregado rural, motivo pelo qual ainda não completou operíodo de carência exigido em lei.Além disso, reputo não comprovado o período rural em que o autor teria trabalhado nas terras do Sr. Carlos Alberto Oliveira(genro do autor), seja em razão da ausência do reconhecimento de firma no documento, seja em razão da falta deconfirmação do efetivo exercício das atividades por meio do depoimento das testemunhas (...)”

13. É certo que o exercício de atividade urbana pelo cônjuge, por si só, não basta para descaracterizar a condição desegurado especial (inteligência do enunciado nº 41 da TNU). Contudo, no caso dos autos, tanto o vínculo urbano da esposado autor quanto as funções por ele exercidas no meio rural militam em desfavor da sua pretensão. A propósito, destaco asanotações contidas na CTPS do recorrente, que revelam contratos de trabalho em funções como gerente e “chefe dosvaqueiros” (fl. 23). Além disso, constato que a prova testemunhal não se mostrou suficientemente segura e coesa a pontode satisfazer o ônus probatório previsto no art. 333, I, do Código de Processo Civil.

14. Nesse contexto, o acervo probatório existente nos autos revela-se frágil, razão pela qual não permite a formaçãode juízo de certeza acerca do exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, durante o período correspondeà carência legalmente prevista para a obtenção do benefício de aposentadoria por idade. Embora não se exija oreconhecimento de firma para que o “contrato de arrendamento de terras”, celebrado em 23/11/2007, seja reputado valido,o período de labor rural nele documentado, em regime de economia familiar, é insuficiente para cobrir a carência exigidapara a concessão do benefício. Na condição de trabalhador rural (empregado), o autor reuniu tempo de serviço/contribuiçãocorrespondente a 10 anos e 11 dias, findo em 11.03.1998 (fl. 13). Admitindo-se o contrato de arrendamento (fls. 45/47)como início de prova documental, tem-se que o período, como segurado especial, somente é provado a partir de23.11.2007, data em que a avença foi firmada (fl. 47). Logo, à data do requerimento administrativo (22.11.2010, fl. 15), oautor não demonstrou ter laborado, como trabalhador rural ou segurado especial, no período de carência necessária que éde 156 meses anteriores, tendo-se em vista ter completado 60 anos em 2008 (arts. 142, 143, da Lei n. 8.213/91)

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 70).

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

93 - 0000617-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000617-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALZIRA MARIA CATARINAFRANÇA (ADVOGADO: ES012399 - GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000617-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000617-5/01)RECORRENTE: ALZIRA MARIA CATARINA FRANÇARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. IMÓVEIS RURAIS DE TAMANHO TOTAL SUPERIOR AQUATRO MÓDULOS FISCAIS. ENUNCIADO Nº 30 DA TNU. PROVAS QUE INDICAM A PRESENÇA DE CAPACIDADECONTRIBUTIVA. CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL NÃO CARACTERIZADA. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. A área do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar).4. Provas que indicam a presença de capacidade contributiva, contrária ao intuito de amparo ao trabalhador rural queembasa a concessão de aposentadoria por idade ao segurado especial.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

ALZIRA MARIA CATARINA FRANÇA interpõe recurso inominado, às fls. 133/146, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares (fls. 130/132), que julgou improcedente seu pedido para concessão deaposentadoria rural a contar da data do seu requerimento administrativo.

02. A recorrente alega que exerceu atividade rural em regime de economia familiar até aproximadamente os seus 70(setenta) anos de idade. Afirma ter comprovado o preenchimento dos requisitos legalmente exigidos para a obtenção dobenefício pretendido. Sustenta a inconstitucionalidade da Lei nº 11.718/08, que alterou a Lei nº 8.213/91, em razão desuposta violação ao princípio da isonomia, ante a adoção do módulo fiscal como parâmetro para enquadramento comosegurado especial. Argumenta, ainda, que a referida lei não pode retroagir para alcançar os segurados que completaramtodos os requisitos para a obtenção do benefício até a data de sua publicação. Pugna pelo provimento do recurso, com areforma da sentença, para que seja julgado procedente o pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 150/160, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que aspropriedades da recorrente e de seu cônjuge superam o limite de quatro módulos fiscais. Afirma, também, que ambosfiguram como outorgantes em contratos de parceria agrícola e que possuem um trator, o que permite concluir não se tratarde segurada especial. Sustenta que o cônjuge da autora obteve aposentadoria como empresário rural em 1990.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período

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imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. O art. 11, VII, alínea ‘a’, item 1, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/2008, dispõe que acondição de segurado especial resta descaracterizada se a pessoa for proprietária ou tiver a posse de imóvel com áreasuperior a quatro módulos fiscais para a exploração de atividade agropecuária.

10. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar. Nesse sentido, ressalto que aárea do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar), o que de fato foi feito nasentença recorrida.

11. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 28/02/1929 (fls. 18/19) e afirma ter exercidoatividades rurais desde os seus 8 (oito) anos de idade, com seus pais, bem assim após o seu casamento, quando teriapassado a trabalhar em conjunto com o cônjuge, e posteriormente com seus filhos. Para comprovar suas alegações, juntou:i) certidão de casamento lavrada em março de 1947, em que consta a qualificação de seu cônjuge como lavrador (fl. 18); ii)declaração particular firmada por integrantes da Comunidade Nossa Senhora da Glória em 07/10/2010 (fl. 20); iii) escrituraspúblicas de doações de imóveis rurais lavradas em 31/07/2007 (fls. 21/22 e 34/35), em que a autora e seu cônjuge figuramcomo doadores (fls. 21/22); iv) certificados de cadastro de imóvel rural em nome do cônjuge (fls. 23/24, 28/29, 31 e 57); v)certidão lavrada por cartório de registro de imóveis em 03/11/1967, que atesta o registro de compra e venda de imóvel rural,na qual consta como adquirente o cônjuge da autora (fl. 30); vi) atos declaratórios ambientais em nome do referido cônjuge(fls. 40/41); vii) recibos de entrega e declarações do ITR em nome do cônjuge da autora (fls. 45/49 e 51/55); viii) notasfiscais de peças para tratores e implementos agrícolas (fls. 58/65); ix) contratos de comodato de áreas de imóveis ruraiscelebrados pelo cônjuge da autora, na condição de comodante, nos anos de 2001, 2002, 2006 e 2009 (fls. 66/73 e 76/77);x) contrato de parceria agrícola, celebrado em 23/09/2003, em que o mencionado cônjuge figura como parceiro outorgante(fls. 74/75); xi) guia de trânsito animal expedida em 14/11/2000 (fl. 78); xii) notas fiscais de produtor emitidas pelo cônjugeda autora (fls. 79/80).

12. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora por não ter sido comprovado o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, por tempo correspondente à carência do benefício (fl. 103).

13. O ilustre magistrado prolator da sentença constatou que, diante dos documentos existentes nos autos e dosdepoimentos testemunhais colhidos em audiência, a autora não poderia ser qualificada como segurada especial. Trago àcolação, por oportuno, o seguinte trecho da sentença (fls. 130/132):

“(...) O depoimento pessoal não foi prestado em razão de a autora atualmente não ter condição de se comunicar em razãode estar acometida pelo Mal de Alzheimer.Na condição de informante do Juízo, prestou informação o Sr. Manoel França Neto, marido da autora, que informou que foiconstatado que a autora possui Mal de Alzheimer há aproximadamente 8 (oito) anos. Disse que a primeira vez que procurouo INSS a fim de requerer aposentadoria para sua esposa foi há aproximadamente 2 (dois) anos, ou seja, em 2009. Dissetambém que, até adoecer, ela trabalhava diariamente na roça.O Sr. Manoel informou que possuía duas propriedades rurais mas que ambas foram transferidas aos filhos háaproximadamente 4 (quatro) anos.As testemunhas atestaram que a autora trabalhou na roça até aproximadamente 2002 quando ela deixou de exercer asatividades rurais em razão da doença que a acometeu.Pelos documentos juntados aos autos, verifica-se que as propriedades somadas atingem 4,6 (quatro vírgula seis) módulosfiscais.Além disso, constata-se que o marido da autora aposentou-se como “EMPREGADOR” rural desde 1990, ainda sob a égideda legislação previdenciária anterior ao advento da lei 8213/91.É preciso registrar que tal legislação só garantia direito de aposentadoria ao arrimo de família, não estendendo tal direito aocônjuge.De todo modo, a jurisprudência vem entendendo que caso preenchidas as condições previstas pela lei 8213/91, os direitosprevidenciários nela previstos podem ser estendidos também às pessoas que completaram o requisito etário na vigência dalegislação anterior.

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Contudo, ainda que se acolha tal entendimento, a autora não poderia beneficiar-se de tal interpretação, visto que ainda queela tenha exercido atividade rural após a edição da lei 8213/91, ela não pode ser qualificada como segurada especial, vistoque a área total das propriedades exploradas pela entidade familiar supera o limite legal de 4 (quatro) módulos fiscais.Sublinho que segundo as declarações do próprio marido da autora, as propriedades foram transmitidas aos filhos em 2007,época em que a autora já havia parado de trabalhar.Assim, durante todo o tempo que a autora alega ter trabalhado na roça, as duas propriedades pertenciam a ela e a seumarido (...)”

14. Embora entenda que a qualidade de segurado especial, em regime de economia familiar, não seja infirmada se aprodução rural excede o necessário à subsistência da família, quando tal parcela é colocada à venda para ajudar emorçamento familiar modesto, sublinho que o acervo probatório não permite que a recorrente seja incluída em tal exceção.Com efeito, a extensão dos imóveis rurais em questão e o fato de o cônjuge da autora ter obtido aposentadoria por idade nacondição de empregador rural (fl. 107) militam em desfavor da pretensão da recorrente de ser enquadrada como seguradaespecial. Ressalto que os documentos juntados aos autos estão em nome do referido cônjuge, de modo que a sua eficáciaprobatória, embora possa ser estendida à autora (conforme o enunciado nº 6 da TNU), não se desvincula da atividade porele exercida. Ademais, constam dos autos notas fiscais que indicam que o cônjuge da recorrente possui maquinárioagrícola (inclusive trator), bem como contratos de comodato e de parceria agrícola em que ele figura como comodante eparceiro outorgante.

15. Sendo assim, o patrimônio do núcleo familiar, bem como a exploração da atividade rural no contexto delineadonos autos, não se amoldam ao regime de economia familiar, o que demonstra a obtenção de renda que não é congruentecom a ausência de capacidade contributiva pressuposta para a concessão do benefício pleiteado pela autora. Ainda que osimóveis rurais tenham sido doados aos filhos do casal, tal circunstância não desnatura o caráter da atividade exercida pelonúcleo familiar, tampouco modifica a destinação econômica atribuída às propriedades no período em questão.

16. Ressalto que as teses relativas à suposta inconstitucionalidade e à irretroatividade da Lei nº 11.718/08 nãoprejudicam o resultado do julgamento, o qual não se baseou exclusivamente na extensão das propriedades rurais(quantidade de módulos fiscais). Afinal, tal circunstância restou sopesada com os demais elementos constantes dos autos,cujo cotejo revela que não ficou caracterizada a alegada condição de segurada especial.

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 106).

18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

94 - 0001563-98.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001563-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x ARY BANDEIRA (ADVOGADO: MG044306 -JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, MG063077 - JOSÉ NASCIMENTO.).RECURSO Nº 0001563-98.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001563-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARY BANDEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SUFICIENTE. EXERCÍCIODE ATIVIDADE URBANA EXERCIDA EM PERÍODO ANTERIOR QUE NÃO DESCARACTERIZA A CONDIÇÃO DESEGURADO ESPECIAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DOCRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O exercício de atividade urbana em período anterior ao que o autor precisa comprovar para obter o benefício nãodescaracteriza a sua condição de segurado especial.4. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).5. DIB fixada na data da entrada do requerimento administrativo, momento no qual a parte autora já havia preenchido os

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requisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91).6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contido no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 54/57, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deCachoeiro de Itapemirim (fls. 50/52), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder ao autor o benefício deaposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (30/10/2008), bem como a pagar-lhe ovalor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início razoável de prova documental contemporânea ao exercício daatividade rural. Afirma, também, que o autor possui diversos vínculos urbanos no CNIS, não possuindo documentoscontemporâneos nos autos que indiquem que o mesmo iniciou sua vida na lavoura logo após o seu último vínculo em 1990.Pugna pelo provimento do recurso, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais.

03. O recorrido não apresentou contrarrazões, embora intimado (fl. 62).

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que o recorrido nasceu em 16/08/1946 (fls. 8 e 15) e afirma que começou atrabalhar na roça com os pais ainda quando criança, vindo mais tarde a exercer serviço urbano até 01/09/1988, após o queteria retomado o labor rural. Para comprovar suas alegações, juntou: i) certidão de casamento (fl. 8); ii) certidão de óbito deseu pai (fl. 11); iii) notas fiscais e recibos de vendas de produtos agrícolas, emitidos nos anos de 1996, 2000, 2002, 2005 e2007 (fls. 12/14); iv) recibo de mensalidade do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guaçuí, Dores do Rio Preto e Divinode São Lourenço, datado de 04/03/2008 (fl. 13); v) carteira do referido sindicato, em que consta data de admissão em04/03/2008 (fl. 15); vi) contrato de parceria agrícola celebrado entre o autor e o Sr. Ely Bandeira Soares em 25/07/2007, quemenciona prazo de duração de 10 (dez) anos (fls. 16/17); vii) declaração particular firmada pelo referido parceiro e por duastestemunhas em 21/10/2008, a qual indica que o autor e sua companheira trabalhavam como meeiros desde 03/10/1989 (fl.18); viii) escritura pública de renúncia de usufruto lavrada em 31/07/2002 (fls. 19/20); ix) certidão da matrícula de imóvelrural adquirido pelo mencionado parceiro (fl. 21); x) certificados de cadastro de imóvel rural, também em nome de EliBandeira Soares (fl. 22).

11. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela prova testemunhal

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colhida em audiência. A ilustre magistrada prolatora da sentença constatou, ainda, que os depoimentos das testemunhasforam coerentes e coesos com as alegações da parte autora (fl. 51).

12. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, no período correspondente à carência do benefício (fl. 39). Contudo, destaco que o início deprova material não precisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural, sobretudo quando a provatestemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conforme a orientação contida no enunciado nº 14da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda atodo o período equivalente à carência do benefício”).

13. Na espécie vertente, observo que, conforme salientou o recorrente (fl. 56), as certidões de casamento do autor(fl. 8) e de óbito de seu pai (fl. 11) não bastam para caracterizar o início de prova documental, porque o casamento foicelebrado em 03/07/1982 e o óbito ocorreu em 01/05/1973, datas anteriores ao período em que o autor alega ter retomadoo exercício de atividade rural. Ademais, consta da certidão de casamento que o ora recorrido era mecânico.

14. No entanto, há outros documentos nos autos (acima relacionados), que suprem a exigência legal de início deprova material, o que permite a sua complementação pela prova testemunhal colhida pelo Juízo de origem. A propósito,cumpre destacar as notas fiscais e recibos de vendas de produtos agrícolas (documentos emitidos nos anos de 1996, 2000,2002, 2005 e 2007), dos quais consta o nome do autor (fls. 12/14), bem como o contrato de parceria agrícola. Por equivalerà prova testemunhal, a declaração de fl. 18 não é avaliada como prova documental.

15. Ressalto que o exercício de atividades urbanas em período anterior ao que o autor precisa comprovar para obtero benefício não descaracteriza a sua condição de segurado especial. Com efeito, os vínculos urbanos mencionados pelorecorrente estão compreendidos entre 08/03/1976 e 17/01/1990 (extrato de consulta ao CNIS – fls. 37/38). Conforme constada sentença confrontada, o autor declarou, em seu depoimento pessoal, que trabalhava como meeiro desde 1990, o que serevela consentâneo com a data de cessação das atividades urbanas, acima referida, e com os depoimentos testemunhaismencionados na sentença (fl. 51).

16. Saliento que o recorrido completou 60 (sessenta) anos de idade em 2006, o que atrai a exigência de 150(cinquenta e cinquenta) meses de exercício de atividade rural (artigos 142 e 143 da Lei nº 8.213/91). Sendo assim, ao seconsiderar o desempenho de tal atividade desde janeiro de 1990 até a data do requerimento administrativo (30/10/2008 - fl.39), não resta dúvida quanto ao cumprimento do período correspondente à carência legalmente exigida para a obtenção dobenefício de aposentadoria por idade.

17. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (TNU, PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif,DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretende

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comprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatóriaestendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone LemosFernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (TNU, PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz FederalRogério Moreira Alves, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

18. Logo, preenchidos os requisitos legais para a obtenção do benefício na data da apresentação do requerimentoadministrativo (30/10/2008), esta deverá ser considerada como DIB, nos termos do art. 49, II, da Lei nº 8.213/91.

19. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

20. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

21. Contudo, consta da sentença (proferida em data anterior ao julgamento das referidas ADIs), que, a partir daentrada em vigor da Lei nº 11.960/09, em 01/07/2009, os valores deverão ser calculados na forma do art. 5º, que alterou oart. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica anecessária modificação da sistemática de cálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.

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4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

22. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

23. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

24. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

25. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

95 - 0000117-17.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000117-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x MARIA DA PENHA RAMOS CORREA(ADVOGADO: ES014093 - VANUZA CABRAL.).RECURSO Nº 0000117-17.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000117-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DA PENHA RAMOS CORREARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SUFICIENTE. EXERCÍCIODE ATIVIDADE URBANA PELO CÔNJUGE DA AUTORA QUE NÃO DESCARACTERIZA A SUA CONDIÇÃO DESEGURADA ESPECIAL. PRECEDENTES DA TNU E DO STJ. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕESVENCIDAS.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

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2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a condição da autora de seguradaespecial. Inteligência do enunciado nº 41 da TNU (“A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenharatividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição quedeve ser analisada no caso concreto”).4. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).5. DIB fixada na data da apresentação do requerimento administrativo, momento no qual a parte autora já havia preenchidoos requisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91).6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contido no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 112/116, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do Juizado Especial Federalde Colatina (fls. 104/106), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder à autora o benefício deaposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (27/03/2009), bem como a pagar-lhe ovalor das prestações vencidas, que totalizavam R$ 15.344,97 (quinze mil, trezentos e quarenta e quatro reais e noventa esete centavos), conforme cálculos do contador do Juízo.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início razoável de prova documental contemporânea ao exercício daatividade rural. Afirma, também, que a certidão de casamento não serve para essa finalidade, por ser uma segunda via eporque o ex-marido da autora exerceu atividades urbanas durante um longo período. Sustenta que os documentosapresentados pela autora só comprovam a atividade rural do ano de 2001 em diante, de modo que, tendo sido apresentadoo requerimento administrativo em 2009, só restou comprovado o exercício de tal atividade pelo período de oito anos. Pugnapelo provimento do recurso, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais. Requer, ainda, caso seja mantida asentença recorrida, que seja proferida manifestação expressa sobre a suposta violação aos artigos 55, §3º, e 143, da Lei nº8.213/91, bem como à jurisprudência dominante do STJ sobre o tema, exteriorizada pelo enunciado nº 149 da sua súmula.

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 123/124, nas quais requer o desprovimento do recurso, ante apresença de início de prova documental nos autos acerca do exercício de atividade rural em regime de economia familiar,bem como em face dos depoimentos testemunhais.

04. É o relatório.

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VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 24/03/1954 (fls. 8 e 18) e afirma que sempreexerceu atividade rural, desde a sua infância. Para comprovar suas alegações, juntou: i) carteira do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Pancas e Alto Rio Novo, que aponta data de filiação de 28/06/2001 (fls. 9 e 20); ii) certidão decasamento (realizado em 01/07/1972), do qual consta que o cônjuge da autora era lavrador (fl. 18); iii) contrato de parceria

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agrícola celebrado pela autora e seu marido com a Sra. Geralda Valério Correa, datado de 09/01/2007, que prevê prazo deduração de três anos e sete meses, a partir de 19/12/2005, e menciona que os meeiros já estavam em parceria desde 1972(fls. 23/24); iv) declaração particular firmada pela parceira constante do referido contrato em 26/03/2009, que afirma que aautora exercia atividade rural, na condição de meeira, desde o ano de 1972 (fl. 25); v) declaração do ITR do exercício de2007, em nome da mencionada parceira (fl. 28); vi) certidão lavrada por Cartório de Registro de Imóveis em 10/07/1984 eescritura pública de demarcação e divisão amigável de imóvel rural emitida por tabelionato em 19/12/1983, das quais constaa área pertencente à Sra. Geralda Valério Correa (fls. 29/34); vii) declarações particulares emitidas em março de 2009, queafirmam que a ora recorrida exercia atividade rural na condição de meeira, na propriedade da referida Sra. Geralda ValérioCorrea, desde 1972 (fls. 35 e 39); viii) recibos de entrega de declarações do ITR, em nome de terceiros, subscritores dosdocumentos particulares referidos no item anterior (fls. 38 e 41); ix) declaração de atividade rural emitida pelo Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Pancas em 27/03/2009, que contempla o período de 1972 em diante (fls. 42/43); x) declaração deexercício de atividade rural expedida pelo Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados de Pancas e Alto Rio Novoem 25/07/2001, que abrange o período compreendido em janeiro de 1972 e julho de 2001 (fls. 63/64); xi) termo dehomologação da atividade rural exercida no período de 01/08/2001 a 26/03/2009, emitido pelo INSS, do qual consta quenão foi homologado o período de 01/01/1972 a 31/07/2001 (fl. 68).

14. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela prova testemunhalcolhida em audiência (fl. 105).

15. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício (fl. 70).Contudo, destaco que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural,sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conforme a orientaçãocontida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

16. Na hipótese vertente, observo que a certidão de casamento não basta para caracterizar o início de provadocumental. Afinal, o casamento foi celebrado em 01/07/1972 (fl. 18) e foi comprovado que o então cônjuge da autoraexerceu atividades urbanas após essa data (conforme CNIS – fl. 57). Contudo, não assiste razão ao recorrente ao tentarafastar a eficácia da mencionada certidão sob a alegação de que se trata de segunda via. A toda evidência, tal argumentonão procede, uma vez que a certidão foi lavrada por Cartório de Registro Civil, não havendo elemento algum nos autoscapaz de infirmar a presunção de veracidade das informações nela contidas. Ademais, a autarquia federal não poderiarecusar fé a documento público sem apresentar motivo idôneo para impugnar seu conteúdo ou à validade de sua expedição(art. 19, II, da Constituição da República de 1988). A propósito, transcrevo a ementa do acórdão prolatado pelo SuperiorTribunal de Justiça em julgamento da AR 3.385/PR (Terceira Seção, Relatora Min. Maria Thereza de Assis Moura, j.23.06.2008, FJE 09.09.2008):AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. INDICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS VIOLADOS. INÉPCIA DA INICIALAFASTADA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 343/STJ. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. DOCUMENTONOVO. SOLUÇÃO PRO MISERO. CERTIDÃO DE CASAMENTO. 2ª VIA JUNTADA POSTERIORMENTE.CONTRADITÓRIO ATENDIDO. PEDIDO PROCEDENTE.1. Tendo a autora indicado expressamente os dispositivos legais que a decisão rescindenda teria violado, podendo os fatose fundamentos do seu pedido serem extraídos da leitura da peça inicial, deve ser afastada a preliminar de inépcia dapetição aduzida pelo INSS.2. Não tendo o INSS demonstrado a aludida controvérsia quanto à interpretação da lei previdenciária nos tribunais, não seaplica o enunciado de nº 343 da súmula do STF.3. A certidão de casamento, que atesta a condição de lavrador do cônjuge da segurada, constitui início razoável de provadocumental, para fins de comprovação de tempo de serviço. Deve se ter em mente que a condição de rurícola da mulherfunciona como extensão da qualidade de segurado especial do marido. Se o marido desempenhava trabalho no meio rural,em regime de economia domiciliar, há a presunção de que a mulher também o fez, em razão das características daatividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência.4. Ainda que a certidão de casamento original não tenha vindo aos autos junto com a petição inicial, a sua juntada aposteriori, previamente anunciada, não foi feita com o intuito de surpreender a parte contrária ou este juízo, tendo sido dadaà autarquia previdenciária igual oportunidade para sobre ela se manifestar, na dialética do processo.5. A validade dos termos da segunda via da certidão de casamento é fortalecida pela fé pública do oficial do registro civilque a expediu. Havendo o início de prova material a corroborar a prova testemunhal produzida, fica autorizada a rescisãoda decisão monocrática que entendeu ser ele inexistente.6. Ação rescisória julgada procedente.

17. No entanto, há outros documentos nos autos (acima relacionados), que suprem a exigência legal de início deprova material, o que permite a sua complementação pela prova testemunhal colhida pelo Juízo de origem. A propósito,destaco os seguintes elementos: carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pancas e Alto Rio Novo, que apontadata de filiação de 28/06/2001 (fls. 9 e 20); contrato de parceria agrícola celebrado pela autora e seu marido com a Sra.Geralda Valério Correa, datado de 09/01/2007, que menciona que os meeiros já estavam em parceria desde 1972 (fls.23/24); declaração de exercício de atividade rural expedida pelo Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados dePancas e Alto Rio Novo em 25/07/2001, que abrange o período compreendido em janeiro de 1972 e julho de 2001 (fls.63/64); e o termo de homologação da atividade rural exercida no período de 01/08/2001 a 26/03/2009, emitido pelo INSS.

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18. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:

PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif, TNU,DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretendecomprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatóriaestendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone LemosFernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz Federal RogérioMoreira Alves, TNU, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

19. Portanto, no caso dos autos, não há que se falar em violação ao disposto nos artigos 55, §3º, e 143, da Lei nº8.213/91, tampouco em inobservância ao enunciado nº 149 da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

20. Ressalto que o exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a condição daautora de segurada especial. Nesse sentido, transcrevo o teor do enunciado nº 41 da TNU: “A circunstância de um dosintegrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhadorrural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

21. Ademais, o acervo probatório constante dos autos não permite concluir pela desnecessidade da renda oriunda dolabor rural para a subsistência própria e da família, tampouco indica a presença de capacidade contributiva capaz de afastara configuração do regime de economia familiar. Acerca do tema, transcrevo os seguintes julgados do STJ e da TNU:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHO URBANO DE MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR. POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIODA ATIVIDADE RURAL INDIVIDUALMENTE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL EM NOME DA AUTORA. AGRAVODESPROVIDO.1. A Primeira Seção desta Corte no julgamento do Recurso Especial 1.304.479/SP, representativo da controvérsia, derelatoria Min. HERMAN BENJAMIN, firmou o entendimento de que os registros no CNIS em nome do cônjuge da parteautora não afastam, por si só, o direito ao benefício pleiteado, uma vez que a lei prevê a possibilidade de que o seguradoespecial exerça sua atividade individualmente e não apenas em regime de economia familiar (art. 11, VII da Lei 8.213/91).2. In casu, o Tribunal de origem consignou que os documentos juntados aos autos, acrescidos pela prova testemunhal,são suficientes para demonstrar o exercício de atividade rural, fazendo a parte agravada, portanto, jus aosalário-maternidade. Precedentes desta egrégia Corte Superior de Justiça: AR 3.771/CE, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZA

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DE ASSIS MOURA, DJe 18.11.2010; AR 1.411/SP, 3S, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 22.3.2010.3. Agravo Regimental desprovido.(AgRg no AREsp 269.807/CE, Primeira Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/02/2014, DJe07/03/2014)(original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. DESCONTINUIDADE DA ATIVIDADE RURAL DOREQUERENTE. ATIVIDADE URBANA INTERCALADA DO REQUERENTE. ATIVIDADE URBANA DO CÔNJUGE.REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. 1. A jurisprudência da TNU consolidou-se no sentido de que a descontinuidade daatividade rural admitida pela legislação é aquela que não representa uma ruptura definitiva do trabalhador em relação aocampo, situação que deve ser aferida em cada caso concreto. 2. A melhor exegese do art. 11, § 9°, III, da Lei nº 8.213/91 éno sentido de que, se o exercício de atividade remunerada fora do campo se der pelo prazo de até 120 dias por ano civil,não há descaracterização da qualidade de segurado especial do trabalhador, sendo desnecessário maiores digressões arespeito da influência do labor urbano sobre a condição de segurado especial. Isso não significa, contudo, que todoafastamento superior a 120 ao ano implique automaticamente a descaracterização da condição de segurado especial.Nesses casos, há que se perquirir se o afastamento representou ruptura definitiva do trabalhador em relação ao campo, oque somente pode ser avaliado diante das especificidades de cada caso concreto. 3. O fato de o cônjuge auferir proventosde aposentadoria decorrente de atividade urbana no período de 2004 a 2007 não necessariamente descaracteriza aqualidade de segurada especial da requerente. A descaracterização só se configura se ficar comprovado que a rendaassociada à atividade urbana é suficiente para a subsistência do grupo familiar. Aplicação da Súmula nº 41 da TNU. Hánecessidade de aprofundar a análise da matéria fática para aferir até que ponto os proventos da aposentadoria urbana do

�marido da requerente era suficiente para manter a família. 4. Pedido parcialmente provido. (PEDILEF 200870570011300,Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, TNU, DOU 31/05/2013 pág. 133/154.)(original sem grifos).

22. Saliento que a recorrida completou 55 (cinquenta e cinco) anos de idade em 24/03/2009, o que atrai a exigênciade 168 (cinquenta e sessenta e oito) meses de exercício de atividade rural (art. 142 da Lei nº 8.213/91). Sendo assim,diante dos elementos de prova existentes nos autos, a autora havia preenchido os requisitos legais necessários à obtençãodo benefício na data do requerimento administrativo (27/03/2009 – fls. 69/70).

23. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

24. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

25. Contudo, consta dos cálculos elaborados em 17/06/2011 pela Contadoria do Juízo de origem (fls. 98/100), osquais foram acolhidos na sentença (fl. 106), que a correção monetária foi apurada com base no IPCA-E de 03/2009 a06/2009 e pela TR mensal no período de 07/2009 a 05/2011. Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária,no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática de cálculo da correção adotada no julgadoconfrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que nãocaracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício dojulgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conformedestacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativofederal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintesjulgados do Superior Tribunal de Justiça:

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PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

26. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

27. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

28. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

29. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

96 - 0000237-63.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000237-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOVENITA ROSA DE JESUS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000237-63.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000237-2/01)RECORRENTE: JOVENITA ROSA DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SUFICIENTE. BENEFÍCIOCONCEDIDO ADMINISTRATIVAMENTE APÓS SUCESSIVOS INDEFERIMENTOS. HOMOLOGAÇÃO DE PERÍODOPRETÉRITO PELA AUTARQUIA. FIXAÇÃO DA DIB NA DATA DO PRIMEIRO REQUERIMENTO, QUANDO OSREQUISITOS JÁ HAVIAM SIDO PREENCHIDOS. PRESERVAÇÃO DO DIREITO ADQUIRIDO. PRECEDENTES DA TNUE DO STJ. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. CONDENAÇÃO DO INSS AO PAGAMENTO DASPRESTAÇÕES VENCIDAS DESDE O PRIMEIRO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO, OBSERVADA A PRESCRIÇÃOQUINQUENAL.

1. O benefício de aposentadoria por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91,que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime deeconomia familiar (§1º), por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável orecolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O acervo probatório constante dos autos não indica que a homologação da atividade rural exercida em período anterior àentrada em vigor da Lei nº 8.213/91, bem como a concessão do benefício, tenham se fundamentado em novos elementosde prova acerca do período pretérito.4. Fixação da DIB na data da entrada do primeiro requerimento administrativo, momento no qual a autora já haviapreenchido os requisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91). Precedentes.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e provido. Sentença reformada em parte. Pedido julgado parcialmente procedente.Condenação do INSS a pagar as prestações vencidas até a DIB fixada administrativamente, observada a prescriçãoquinquenal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de conformidade com o art. 55 da Lei nº 9.099/95.

RELATÓRIO

JOVENITA ROSA DE JESUS interpõe recurso inominado, às fls. 160/162, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 149/151), que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aopagamento de indenização por danos morais e das prestações vencidas do benefício de aposentadoria por idade,referentes ao período compreendido entre 01/10/2003 e 15/02/2009.

02. A recorrente alega ter comprovado, mediante documentos e depoimentos testemunhais, que já haviaimplementado os requisitos legalmente exigidos para a obtenção da aposentadoria rural por idade em 01/10/2003, motivopelo qual faria jus ao recebimento do benefício entre o primeiro requerimento administrativo e a concessão daaposentadoria em 16/02/2009. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja julgadoprocedente o pedido.

03. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 166/168, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez queteria havido erro por parte da autarquia ao homologar o período de 1989 a 1994, ante a suposta ausência de início de provamaterial contemporânea ao requerimento formulado em 2009. Afirma que, quanto ao requerimento administrativo de 2003,haveria inconsistência entre duas declarações de sindicatos rurais de Aracruz e de Conceição da Barra. Sustenta que aautarquia acertou ao indeferir o benefício em 2003 e errou ao homologar o referido período no requerimento de 2009.Requer o desprovimento do recurso.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o

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empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 15/06/1942 (fls. 9 e 18) e afirma ter exercidoatividade rural desde a infância. Para comprovar suas alegações, juntou: i) título de domínio de imóvel rural outorgado peloINCRA em 14/12/1999 (fls. 10/11); ii) declaração emitida pelo INCRA em 26/08/2002 (fl. 15); iii) certidão também expedidapelo INCRA, em 26/09/2003, da qual consta que a autora era beneficiada pelo projeto de assentamento “Nova Esperança” edesenvolvia atividade rurais em regime de economia familiar no lote que lhe foi destinado desde 05/09/1996 (fl. 16); iv)declaração de exercício de atividade rural do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aracruz, que afirma que a autoraexerceu atividade rural, como diarista, no período de junho de 1989 a julho de 1994, e, na condição de comodatária(assentamento “Nova Esperança”), no interregno de novembro de 1994 até a data da emissão da declaração (29/09/2003 –fls. 19/20); v) declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição da Barra, datada de 16/09/2003, que trata doexercício de atividade rural, como diarista, no período de junho de 1989 a julho de 1994 (fls. 21/22); vi) declaração particularfirmada em 16/09/2003 (fl. 23); vii) termo de homologação de atividade rural expedido pelo INSS em 01/10/2003, quecontempla o período de 26/07/1995 a 30/09/2003 (fl. 26); viii) nova certidão lavrada pelo INCRA em 28/01/2009 (fl. 55), queatesta o exercício de atividades rurais pela autora, em regime de economia familiar, no lote que lhe foi destinado desde26/07/1995 (projeto de assentamento “Nova Esperança”); ix) declaração particular datada de 17/12/2003 (fl. 64); x)declaração de exercício de atividade rural do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aracruz, que trata do período laboradono referido assentamento, de 26/07/1995 até a data da emissão da declaração (26/03/2009 – fls. 65/66); xi) termo dehomologação da atividade rural expedido pelo INSS em 27/03/2009, que contempla os intervalos de 01/06/1989 a01/07/1994, na condição de “parceiro”, e de 26/07/1995 a 15/02/2009, a título de comodato (fl. 69).

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento formulado pela parte autora em 01/10/2003, por nãoter sido comprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, por tempo correspondente àcarência do benefício (fl. 27). Interposto recurso pela autora em face da referida decisão, a 24ª Junta de Recursosnegou-lhe provimento, por considerar que a segurada somente havia apresentado início de prova material da atividade rurala partir de setembro de 1996 (fl. 36). Apresentado novo requerimento em 05/02/2005 (fls. 41/45), sobreveio indeferimento,uma vez que, segundo alegou a autarquia, a decisão proferida pela Junta de Recursos seria definitiva, e não teriam sidoapresentados novos elementos pela interessada (fls. 49/50). No entanto, a ora recorrente apresentou outro requerimento,em 16/02/2009, que culminou com o deferimento do benefício, mediante homologação, pelo INSS, da atividade ruralexercida nos períodos de 01/06/1989 a 01/07/1994 e 26/07/1995 a 15/02/2009 (fls. 67/75).

12. Ainda assim, a autarquia alega ter incorrido em erro ao homologar tais períodos diante do requerimentoformulado em 2009, que teria se embasado apenas em declarações reduzidas a termo, de modo que teria sido correto oindeferimento do benefício em 2003 (fls. 93/94 e 167/168).

13. Ocorre que, uma vez homologado o período de atividade rural, após análise dos documentos e depoimentoscolhidos em sede administrativa, não cabe ao INSS insurgir-se contra seus próprios atos administrativos, pela via da defesaem ação ajuizada pelo segurado, uma vez que a legislação prevê mecanismos próprios para a revisão de tais atos emconformidade com os princípios do contraditório e da ampla defesa (artigos 11 da Lei nº 10.666/03, 179 do Decreto nº3.048/99 e 103-A da Lei nº 8.213/91).

14. Ademais, mesmo que não tenha sido apresentado início de prova material contemporâneo ao período anterior a1995, destaco que, conforme a inteligência do enunciado nº 14 da TNU, “para a concessão de aposentadoria rural poridade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”.Trata-se de entendimento consolidado na jurisprudência.

15. Observo que, segundo consta da sentença (fl. 150), o pagamento do benefício não poderia retroagir ao primeirorequerimento administrativo, por não haver prova documental daquele período (entre 1989 e 1994). No entanto, o início deprova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado em qualquer momento ao longo do intervaloque se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode ser estendida prospectivamente ouretroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não é outro o entendimento perfilhadopela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente à

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carência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif, TNU,DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretendecomprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatóriaestendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone LemosFernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz Federal RogérioMoreira Alves, TNU, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

16. No caso dos autos, verifico que há início suficiente de prova material, diante dos documentos acima elencados,dentre os quais destaco o título de domínio de imóvel rural outorgado pelo INCRA em 14/12/1999 (fls. 10/11) e a certidãolavrada pelo INCRA em 28/01/2009 (fl. 55), que atesta o exercício de atividades rurais pela autora, em regime de economiafamiliar, no lote que lhe foi destinado desde 26/07/1995 (projeto de assentamento “Nova Esperança”).

17. Ressalto que, conforme consta da sentença, a “testemunha Maria das Dores afirma que tanto ela como a autoratrabalharam sem carteira assinada para a empresa DISA, sob a coordenação do empreiteiro Sr. Joaquim, de 1989 a 1994.Afirmou que a atividade exercida por elas era a de cortar, capinar e plantar cana” (fl. 150).

18. Destaco, também, que a aparente contradição entre a declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais deAracruz (fls. 19/20) e as alegações da autora restou esclarecida, pois o Sr. Joaquim Jesus Santos figurava comoempreiteiro da empresa DISA, conforme relatado pela testemunha acima mencionada, o que confirma o contido nadeclaração particular de fl. 23. Portanto, não vislumbro efetiva incoerência entre a alegação da recorrente (de que trabalhoucomo diarista no corte de cana para a empresa DISA – fls. 24 e 161) e o teor das declarações emitidas pelos sindicatos(segundo as quais a autora trabalhou como diarista para o Sr. Joaquim Jesus Santos – fls. 19/22).

19. Diante de tais elementos, constato que há comprovação nos autos acerca do alegado labor rural. Além disso,conforme salientado acima, trata-se de período homologado administrativamente pelo próprio INSS.

20. Feitas tais considerações, cumpre analisar a questão central da controvérsia, isto é, a fixação da DIB daaposentadoria por idade deferida administrativamente em 2009. Neste particular, destaco que a definição do termo inicial dobenefício, ainda que de modo retroativo, não representa imposição de qualquer espécie de sanção à autarquia. Ao revés, oregramento legal da matéria (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91) encontra alicerce na garantia fundamental do direito adquirido(art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988, c/c art. 6º, §2º, do Decreto-Lei nº 4.657/42).

21. Desta feita, descabe cogitar-se de eventual insuficiência documental, verificada por ocasião do primeirorequerimento administrativo, como motivo para a postergação da DIB para o momento do reconhecimento judicial do direitovindicado, ou ainda para a ocasião do deferimento de outra postulação supervenientemente formulada em sedeadministrativa. Nessa linha, a jurisprudência sedimentou-se no sentido de que, preenchidos os requisitos legalmenteexigidos para a obtenção do benefício na data do requerimento administrativo, esta deverá ser a DIB. Vale referir, apropósito, o teor do enunciado nº 33 da TNU: “Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão

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da aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessãodo benefício”. Embora o enunciado mencione a aposentadoria por tempo de serviço, não é outro o entendimento aplicável àhipótese tratada nestes autos, ante o disposto no art. 49, II, da Lei nº 8.213/91. Nesse sentido, trago à colação os seguintesjulgados do STJ e da TNU:PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO RURAL. RECONHECIMENTO. TERMOINICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.1. Segundo o art. 49, II, da Lei 8.213/91, que trata dos benefícios previdenciários, a data do início da aposentadoria poridade será o momento de entrada do requerimento administrativo.2. A jurisprudência desta Corte fixou-se no sentido de que, tendo o segurado implementado todos os requisitos legais nomomento do requerimento administrativo, esse deve ser o termo inicial do benefício, independente da questão reconhecidana via judicial ser ou não idêntica àquela aventada na seara administrativa. Precedentes.3. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1213107/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, j. em 20/09/2011, DJE 30/09/2011) (original sem grifos).

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL INTERPOSTO PELO INSS. APOSENTADORIA POR TEMPO DECONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE RURAL. DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO. EFEITOSFINANCEIROS DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRECEDENTES DA TNU. SÚMULA N.º 33 DATNU. ACÓRDÃO IMPUGNADO PROFERIDO ACOMPANHANDO O MESMO ENTENDIMENTO DA TNU. INCIDENTE NÃOCONHECIDO. QUESTÃO DE ORDEM N. º 24. 1. Ação proposta em face do INSS com pedido de aposentadoria mediantereconhecimento de tempo de atividade rural. 2. O Juiz Federal de Apucarana –PR reconheceu parcial procedência da açãoe fixou a data do início do benefício na data da citação da ação. 3. Em recurso inominado, a parte autora pleiteou aampliação do tempo de atividade rural e a retroação dos efeitos da concessão do benefício desde a data da entrada dorequerimento administrativo. 4. A Turma Recursal do Paraná proveu em parte o recurso, ampliando parcialmente o períodorural, e quanto ao pedido de retroação dos efeitosfinanceiros, fixou a data do inicio do benefício (DIB) na mesma data daentrada do requerimento administrativo (DER). 5. Inconformado, o INSS interpôs o presente Incidente de uniformização dejurisprudência, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001, requerendo a uniformização pela Turma Nacionalquanto à retroação dos efeitos financeiros do início do benefício, apontando como paradigma julgado pela Turma Recursalde São Paulo. 6. Sustenta, em síntese, que se o segurado não apresentou toda a documentação necessária por ocasião dorequerimento administrativo, não pode a prova produzida na ação judicial gerar efeitos anteriores à data do ajuizamento ouda citação da ação . 7. Quanto à admissibilidade, verifico que o recurso cumpre o requisito quanto a similitudefático-jurídica. A despeito da fundamentação fática aparentemente ser distinta, uma vez que no julgado da Turma Recursalde São Paulo cuidou da revisão da renda mensal inicial de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição,reconhecimento de tempo especial enquanto nesta ação a parte pretende o reconhecimento de tempo rural, o benefíciopretendido é o mesmo, qual seja, a aposentadoria por tempo de contribuição e por fim, a questão que se busca auniformização, são os efeitos financeiros da retroação da data do início do benefício. Recurso, portanto, admitido. 8. ASúmula n.º 33 da TNU estabelece que: “Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão daaposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão dobenefício”.9. Filio-me a este entendimento e trago à colação as palavras proferidas pelo Juiz Federal HERCULANOMARTINS NACIF em julgado recentemente proferido por esta turma: “Não é importante se o processo administrativoestavainstruído com elementos de prova suficientes para o reconhecimento do fato constitutivo do direito. O que importa é saberse, no momento da concessão do benefício, todos os requisitos determinantes da revisão da renda mensal inicial estavampreenchidos. Em caso positivo, os efeitos financeiros da revisão da renda mensal inicial devem retroagir à data de início do

�benefício.” (PEDILEF 200972550080099/ DOU 23/04/2013) 10. Incidente de Uniformização não conhecido. (PEDILEF50027485220124047015, Rel. Juíza Federal Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, DOU 16/08/2013.) (original sem grifos).

REVISÃO JUDICIAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. TERMO INICIAL DOS EFEITOS FINANCEIROS. RETROAÇÃOÀ DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. IRRELEVÂNCIA DA INSUFICIÊNCIA DE DOCUMENTOS NO PROCESSOADMINISTRATIVO. 1. O INSS interpôs recurso inominado contra a sentença sustentando que os efeitos financeiros darevisão judicial deveriam incidir somente a partir do requerimento administrativo de revisão, quando o autor apresentou maisdocumentos para comprovar seu direito. A Turma Recursal negou provimento ao recurso por considerar que “os efeitosfinanceiros de concessão ou revisão de benefício previdenciário devem retroagir à DER independentemente do seguradoter apresentado toda a documentação na via administrativa ou formalizado todos os requerimentos específicos”.2. Não éimportante se o processo administrativo estava instruído com elementos de prova suficientes para o reconhecimento do fatoconstitutivo do direito. O que importa é saber se, no momento da concessão do benefício, todos os requisitos determinantesda revisão da renda mensal inicial estavam preenchidos. Em caso positivo, os efeitos financeiros da revisão da rendamensal inicial devem retroagir à data de início do benefício. 3. A sentença que reconhece direito à revisão judicial debenefício previdenciário, em regra, imbui-se de eficácia predominantemente declaratória (e não constitutiva), de forma queproduz efeitos ex tunc, retroagindo no tempo. Os documentos necessários para comprovação dos fatos determinantes darevisão judicial não constituem requisitos do benefício em si mesmos, mas apenas instrumentos para demonstração dopreenchimento dos requisitos. Por isso, ainda que a demonstração do fato constitutivo somente seja plenamente atingida naesfera judicial, a revisão do ato administrativo deve surtir efeitos financeiros retroativos ao momento do preenchimento dosrequisitos, ainda que anteriores à ação judicial. 4. “Segundo a teoria da norma, uma vez aperfeiçoados todos os critérios dahipótese de incidência previdenciária, desencadeia-se o juízo lógico que determina o dever jurídico do INSS conceder aprestação previdenciária. A questão da comprovação dos fatos que constituem o antecedente normativo constitui matériaestranha à disciplina da relação jurídica de benefícios e não inibem os efeitos imediatos da realização, no plano dos fatos,dos requisitos dispostos na hipótese normativa. (...) É inaceitável o sacrifício de parcela de direito fundamental de uma

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pessoa em razão de ela – que se presume desconhecedora do complexo arranjo normativo previdenciário – não terconseguido reunir, no âmbito administrativo, a documentação necessária para a perfeita demonstração de seudireito.”(TNU, PU 2004.71.95.020109-0, Relator Juiz Federal José Antonio Savaris, DJ 23/03/2010). 5. Na hipótese deconcessão de benefício por força de decisão judicial, a TNU já pacificou o entendimento de que os efeitos financeirosdevem retroagir ao momento do requerimento administrativo de concessão. Aplicação da Súmula nº 33 da TNU: “Quando osegurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data dorequerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício”. Essa orientação a respeito daretroação dos efeitos financeiros deve se aplicar também na hipótese de revisão judicial de benefício concedidoadministrativamente. A TNU já decidiu que a“fixação da data de início do benefício – DIB (no caso de concessão debenefício) ou a majoração da renda mensal inicial – RMI (no caso de revisão de benefício) deve ser orientada pelaidentificação da data em que foram aperfeiçoados todos os pressupostos legais para a outorga da prestação previdenciárianos termos em que judicialmente reconhecida” (PU 2008.72.55.005720-6, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DJ29/04/2011). 6. Aplica-se a Questão de Ordem nº 13 da TNU: “Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudênciada Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do

�acórdão recorrido”.7. Pedido não conhecido. (PEDILEF 50360250720124047000, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves,DOU 21/06/2013 pág. 105/162.) (original sem grifos).

22. Ainda que assim não fosse, vejo que, no caso dos autos, não se observa qualquer inovação relevante norequerimento formulado pela recorrente em 2009 (que foi deferido) em face daquele apresentado em 2003 (indeferido pelaautarquia), no que concerne à comprovação do exercício de atividade rural entre os anos de 1989 e 1994.

23. Embora tal período não tenha sido homologado em 2003 (fl. 26), o INSS não demonstrou que a homologaçãolevada a efeito em 2009 (fl. 69) ocorreu com base em novos documentos não apresentados pela autora por ocasião doprimitivo requerimento. Tampouco se pode dizer que o trabalho exercido posteriormente ao primeiro requerimento teria sidodeterminante para o deferimento do benefício, uma vez que a autora já havia preenchido os requisitos para aposentar-seàquela época, o que só não se viabilizou porque o INSS, naquela oportunidade, não homologou o período de 1989 a 1994.É que, excluído tal lapso temporal, restou afastada a aplicação da tabela progressiva prevista no art. 142 da Lei n. 8.213/91.Assim, reconhecido somente o intervalo de 26/07/1995 a 30/09/2003, inferior a 180 (cento e oitenta meses), a autora nãofaria jus ao benefício (artigos 25, II, e 39, I, da Lei n. 8.213/91).

24. De fato, a autora, por ser contemplada pela regra de transição (art. 142 da Lei n. 8.213/91) e ter preenchido orequisito etário no ano de 1997, deveria comprovar apenas 96 (noventa e seis) meses de exercício de atividade rural, demodo que, à época do primeiro requerimento administrativo (01/10/2003 – fl. 6), já havia adquirido o direito ao benefício deaposentadoria rural por idade. Afinal, os períodos de 01/06/1989 a 01/07/1994 e de 26/07/1995 a 30/09/2003, anteriores aorequerimento, e que vieram a ser homologados pelo INSS (fls. 26 e 69), excedem o lapso temporal legalmente exigido.

25. Sendo assim, impõe-se o pagamento das prestações vencidas desde 01/10/2003 até o dia anterior à DIB fixadaadministrativamente (16/02/2009 – fl. 75), devendo-se observar, contudo, a prescrição quinquenal (art. 103, parágrafo único,da Lei n. 8.213/91), razão pela qual ficam excluídas as parcelas anteriores a 05/04/2005 (lapso que antecedeu a propositurada ação, conforme termo de autuação – fl. 1), por aplicação do disposto no art. 219, §1º, do Código de Processo Civil.

26. As prestações contempladas na condenação deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE.A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

27. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior

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Tribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

28. Em relação aos juros de mora, a sua incidência se dá a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 dasúmula da jurisprudência do STJ. Neste particular, aplica-se a nova redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, uma vez que acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei n. 11.960/09.

29. Por outro lado, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

30. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento. Reformo a sentença, em parte, para julgarparcialmente procedentes os pedidos, na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil, de modo a condenar o INSS apagar à autora as prestações vencidas do benefício de aposentadoria rural por idade desde a data do primeiro requerimento(01/10/2003) até o dia anterior à DIB fixada administrativamente (16/02/2009 – fl. 75), observada a prescrição quinquenal,razão pela qual ficam excluídas as parcelas anteriores a 05/04/2005. Os valores apurados deverão ser corrigidosmonetariamente pelo INPC, da data em que houve o vencimento das parcelas até a consolidação do cálculo final quedeverá embasar a expedição do requisitório de pagamento, e acrescidos de juros legais a partir da citação, na forma do art.1º-F da Lei nº 9.494/97 (com a redação determinada pela Lei n. 11.960/09). Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios (art. 4º, I, da Lei 9.289/96 c/c art. 55, da Lei n. 9.099/95).

31. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

32. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

97 - 0000249-20.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000249-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA DE LOURDES MOZERCOMINOTE (ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.).RECURSO Nº 0000249-20.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000249-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DE LOURDES MOZER COMINOTERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SEGURADA ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIALSUFICIENTE. DIB FIXADA NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).4. DIB fixada na data da apresentação do requerimento administrativo, momento no qual a parte autora já havia preenchidoos requisitos para a obtenção do benefício (art. 49, II, da Lei nº 8.213/91).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

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O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 184/189, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do Juizado Especial Federalde Cachoeiro de Itapemirim (fls. 178/182), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder à autora o benefíciode aposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (16/09/2008), bem como a pagar-lhe ovalor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início de prova documental contemporânea ao exercício da atividaderural. Afirma que não foi comprovada a qualidade de segurada especial e o exercício de atividade rural durante períodocorrespondente à carência legalmente exigida para a concessão do benefício. Sustenta, ainda, que a DIB não poderia tersido fixada na data do requerimento administrativo, uma vez que, naquela oportunidade, a autora não apresentou provassuficientes de seu labor rural. Pugna pelo provimento do recurso, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.Sucessivamente, requer que os efeitos financeiros da condenação incidam somente a partir da data da audiência realizadapelo Juízo de origem.

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 195/198, nas quais requer o desprovimento do recurso, ante apresença de início de prova documental nos autos acerca do exercício de atividade rural em regime de economia familiar,bem como em face dos depoimentos testemunhais.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimental

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improvido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 09/08/1953 (fl. 19) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural desde janeiro de 1985. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento lavrada em 26/04/2001, quequalifica a autora e seu cônjuge como lavradores (fl. 19); ii) certidão de quitação eleitoral emitida em 19/08/2008, da qualconsta a ocupação declarada de agricultora (fl. 20); iii) certidão de nascimento de filha, expedida em 09/04/1977, quequalifica a autora e seu cônjuge como lavradores (fl. 21); iv) contratos de parceria agrícola datados de 01/09/1985,01/10/1990, 01/10/1993 e 01/10/1996, nos quais o cônjuge da ora recorrida figura como parceiro outorgado (fls. 22/32); v)fichas de cadastros e matrículas que apontam a ocupação da autora de lavradora (fls. 33/38); vi) ficha do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Rio Novo do Sul, em que consta 11/09/1995 como data de admissão (fl. 39); vii) declaraçõesparticulares de exercício de atividade rural (fls. 49, 52 e 55).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, sob alegação de perda da qualidadede segurado (fl. 17). Em seu recurso inominado, a autarquia alega que a prova material há de ser contemporânea aoperíodo que se pretende comprovar. Contudo, destaco que o início de prova material não precisa contemplar todo o períodode desempenho de atividade rural, sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indíciosdocumentais, conforme a orientação contida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural poridade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

15. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif, TNU,DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretendecomprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatóriaestendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos

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Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz Federal RogérioMoreira Alves, TNU, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

16. No caso dos autos, os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de prova material, oque permite a sua complementação pela prova testemunhal colhida pelo Juízo de origem. A propósito, destaco os seguinteselementos: certidão de casamento, lavrada em 26/04/2001 (fl. 19), e certidão de nascimento de filha, expedida em09/04/1977 (fl. 21), que qualificam a autora e seu cônjuge como lavradores; contratos de parceria agrícola datados de01/09/1985, 01/10/1990, 01/10/1993 e 01/10/1996, nos quais o cônjuge da ora recorrida figura como parceiro outorgado (fls.22/32); e a ficha do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Novo do Sul, em que consta 11/09/1995 como data deadmissão (fl. 39).

17. Destaco que, conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela provatestemunhal colhida em audiência. A ilustre magistrada prolatora da sentença consignou, ainda, que os depoimentos dastestemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte autora (fl. 179).

18. Ressalto que o recebimento de aposentadoria por invalidez pelo cônjuge da autora, com DIB em 01/11/1997, nãoprejudica a pretensão veiculada nestes autos. Ao revés, tal circunstância corrobora as alegações autorais, no que tange aoexercício de atividade rural em regime de economia familiar, uma vez que o referido cônjuge foi enquadrado como seguradoespecial e obteve o benefício em valor equivalente ao salário mínimo (fl. 137). Acerca do tema, transcrevo o seguintejulgado do STJ:AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. ERRO DE FATO. DECLARAÇÃOASSINADA POR PARTICULAR. DOCUMENTOS NOVOS JUNTADOS APÓS A CONTESTAÇÃO. PRINCÍPIO PROMISERO. NÃO-CONFIGURAÇÃO DA VIOLAÇÃO AO ART. 396 DO CPC. DEMONSTRATIVO DE QUE O CÔNJUGE ERAAPOSENTADO POR INVALIDEZ NA CONDIÇÃO DE RURÍCOLA. EXTENSÃO DA QUALIDADE DE SEGURADOESPECIAL DO MARIDO À AUTORA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL.AÇÃO RESCISÓRIA JULGADA PROCEDENTE.1. O erro de fato a autorizar a procedência da ação rescisória deve ser aquele referente à desconsideração da provaconstante dos autos. Entretanto, o documento não datado, assinado por um suposto empregador, é por demais fraco aservir como início razoável de prova documental, na medida em que as declarações de particulares equiparam-se a simplesdepoimento de informante reduzido a termo.2. Desconsiderar a juntada de documentos feita após a contestação, dos quais foi dada vista ao INSS, seria fazer tábularasa ao princípio do pro misero e das inúmeras dificuldades vividas por esses trabalhadores, as quais refletem na produçãodas provas apresentadas em juízo. Afastada a alegada violação ao art. 396 do Código de Processo Civil.3. O demonstrativo de que o marido da autora era aposentado por invalidez na condição de rural, por ela posteriormentejuntado, é o único documento suficientemente relevante para servir de início de prova material da atividade especial por eladesempenhada. A condição de rurícola da mulher funciona como extensão da qualidade de segurado especial do marido.Se o marido recebe o benefício de aposentadoria por invalidez na condição de rurícola, é porque desempenhava trabalhono meio rural, em regime de economia domiciliar. Exsurge, daí, a presunção de que a mulher também o fez, em razão dascaracterísticas da atividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência.4. Existindo o início razoável de prova material a corroborar a prova testemunhal produzida, a autora se encontra protegidapela lei de benefícios da previdência social - art. 11, inciso VII, da Lei 8.213/91, sendo de rigor o deferimento do benefício deaposentadoria por idade como rurícola.5. Ação rescisória julgada procedente.(AR 1.368/SP, Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 28/03/2008, DJE 29/04/2008) (original semgrifos).

19. Ademais, o acervo probatório constante dos autos não permite concluir pela desnecessidade da renda oriunda dolabor rural para a subsistência própria e da família, tampouco indica a presença de capacidade contributiva capaz de afastara configuração do regime de economia familiar.

20. Saliento que a recorrida completou 55 (cinquenta e cinco) anos de idade em 09/08/2008, o que atrai a exigênciade 162 (cinquenta e sessenta e dois) meses de exercício de atividade rural (art. 142 da Lei nº 8.213/91). Sendo assim,diante dos elementos de prova existentes nos autos, a autora havia preenchido os requisitos legais necessários à obtençãodo benefício na data do requerimento administrativo (16/09/2008 – fl. 17).

21. Neste particular, destaco que a definição do termo inicial do benefício, ainda que de modo retroativo, nãorepresenta imposição de qualquer espécie de sanção à autarquia. Afinal, o regramento legal da matéria (art. 49, II, da Lei nº8.213/91) encontra alicerce na garantia fundamental do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de1988, c/c art. 6º, §2º, do Decreto-Lei nº 4.657/42).

22. Logo, descabe cogitar-se de eventual insuficiência documental, verificada por ocasião do requerimentoadministrativo, como motivo para a postergação da DIB para o momento do reconhecimento judicial do direito vindicado.

23. Nessa linha, a jurisprudência sedimentou-se no sentido de que, preenchidos os requisitos legalmente exigidospara a obtenção do benefício na data do requerimento administrativo, esta deverá ser a DIB. Afinal, conforme dito acima, o

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direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição. Vale referir, a propósito, o teor do enunciado nº 33 da TNU: “Quando o segurado houver preenchido os requisitoslegais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será otermo inicial da concessão do benefício”. Embora o enunciado mencione a aposentadoria por tempo de serviço, não é outroo entendimento aplicável à hipótese tratada nestes autos, ante o disposto no art. 49, II, da Lei nº 8.213/91. Nesse sentido,trago à colação os seguintes julgados do STJ e da TNU:PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO RURAL. RECONHECIMENTO. TERMOINICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.1. Segundo o art. 49, II, da Lei 8.213/91, que trata dos benefícios previdenciários, a data do início da aposentadoria poridade será o momento de entrada do requerimento administrativo.2. A jurisprudência desta Corte fixou-se no sentido de que, tendo o segurado implementado todos os requisitos legais nomomento do requerimento administrativo, esse deve ser o termo inicial do benefício, independente da questão reconhecidana via judicial ser ou não idêntica àquela aventada na seara administrativa. Precedentes.3. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1213107/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, j. em 20/09/2011, DJE 30/09/2011) (original sem grifos).

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL INTERPOSTO PELO INSS. APOSENTADORIA POR TEMPO DECONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE RURAL. DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO. EFEITOSFINANCEIROS DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRECEDENTES DA TNU. SÚMULA N.º 33 DATNU. ACÓRDÃO IMPUGNADO PROFERIDO ACOMPANHANDO O MESMO ENTENDIMENTO DA TNU. INCIDENTE NÃOCONHECIDO. QUESTÃO DE ORDEM N. º 24. 1. Ação proposta em face do INSS com pedido de aposentadoria mediantereconhecimento de tempo de atividade rural. 2. O Juiz Federal de Apucarana –PR reconheceu parcial procedência da açãoe fixou a data do início do benefício na data da citação da ação. 3. Em recurso inominado, a parte autora pleiteou aampliação do tempo de atividade rural e a retroação dos efeitos da concessão do benefício desde a data da entrada dorequerimento administrativo. 4. A Turma Recursal do Paraná proveu em parte o recurso, ampliando parcialmente o períodorural, e quanto ao pedido de retroação dos efeitosfinanceiros, fixou a data do inicio do benefício (DIB) na mesma data daentrada do requerimento administrativo (DER). 5. Inconformado, o INSS interpôs o presente Incidente de uniformização dejurisprudência, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001, requerendo a uniformização pela Turma Nacionalquanto à retroação dos efeitos financeiros do início do benefício, apontando como paradigma julgado pela Turma Recursalde São Paulo. 6. Sustenta, em síntese, que se o segurado não apresentou toda a documentação necessária por ocasião dorequerimento administrativo, não pode a prova produzida na ação judicial gerar efeitos anteriores à data do ajuizamento ouda citação da ação . 7. Quanto à admissibilidade, verifico que o recurso cumpre o requisito quanto a similitudefático-jurídica. A despeito da fundamentação fática aparentemente ser distinta, uma vez que no julgado da Turma Recursalde São Paulo cuidou da revisão da renda mensal inicial de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição,reconhecimento de tempo especial enquanto nesta ação a parte pretende o reconhecimento de tempo rural, o benefíciopretendido é o mesmo, qual seja, a aposentadoria por tempo de contribuição e por fim, a questão que se busca auniformização, são os efeitos financeiros da retroação da data do início do benefício. Recurso, portanto, admitido. 8. ASúmula n.º 33 da TNU estabelece que: “Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão daaposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão dobenefício”.9. Filio-me a este entendimento e trago à colação as palavras proferidas pelo Juiz Federal HERCULANOMARTINS NACIF em julgado recentemente proferido por esta turma: “Não é importante se o processo administrativoestavainstruído com elementos de prova suficientes para o reconhecimento do fato constitutivo do direito. O que importa é saberse, no momento da concessão do benefício, todos os requisitos determinantes da revisão da renda mensal inicial estavampreenchidos. Em caso positivo, os efeitos financeiros da revisão da renda mensal inicial devem retroagir à data de início do

�benefício.” (PEDILEF 200972550080099/ DOU 23/04/2013) 10. Incidente de Uniformização não conhecido. (PEDILEF50027485220124047015, Rel. Juíza Federal Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, DOU 16/08/2013.) (original sem grifos).

REVISÃO JUDICIAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. TERMO INICIAL DOS EFEITOS FINANCEIROS. RETROAÇÃOÀ DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. IRRELEVÂNCIA DA INSUFICIÊNCIA DE DOCUMENTOS NO PROCESSOADMINISTRATIVO. 1. O INSS interpôs recurso inominado contra a sentença sustentando que os efeitos financeiros darevisão judicial deveriam incidir somente a partir do requerimento administrativo de revisão, quando o autor apresentou maisdocumentos para comprovar seu direito. A Turma Recursal negou provimento ao recurso por considerar que “os efeitosfinanceiros de concessão ou revisão de benefício previdenciário devem retroagir à DER independentemente do seguradoter apresentado toda a documentação na via administrativa ou formalizado todos os requerimentos específicos”.2. Não éimportante se o processo administrativo estava instruído com elementos de prova suficientes para o reconhecimento do fatoconstitutivo do direito. O que importa é saber se, no momento da concessão do benefício, todos os requisitos determinantesda revisão da renda mensal inicial estavam preenchidos. Em caso positivo, os efeitos financeiros da revisão da rendamensal inicial devem retroagir à data de início do benefício. 3. A sentença que reconhece direito à revisão judicial debenefício previdenciário, em regra, imbui-se de eficácia predominantemente declaratória (e não constitutiva), de forma queproduz efeitos ex tunc, retroagindo no tempo. Os documentos necessários para comprovação dos fatos determinantes darevisão judicial não constituem requisitos do benefício em si mesmos, mas apenas instrumentos para demonstração dopreenchimento dos requisitos. Por isso, ainda que a demonstração do fato constitutivo somente seja plenamente atingida naesfera judicial, a revisão do ato administrativo deve surtir efeitos financeiros retroativos ao momento do preenchimento dosrequisitos, ainda que anteriores à ação judicial. 4. “Segundo a teoria da norma, uma vez aperfeiçoados todos os critérios dahipótese de incidência previdenciária, desencadeia-se o juízo lógico que determina o dever jurídico do INSS conceder aprestação previdenciária. A questão da comprovação dos fatos que constituem o antecedente normativo constitui matéria

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estranha à disciplina da relação jurídica de benefícios e não inibem os efeitos imediatos da realização, no plano dos fatos,dos requisitos dispostos na hipótese normativa. (...) É inaceitável o sacrifício de parcela de direito fundamental de umapessoa em razão de ela – que se presume desconhecedora do complexo arranjo normativo previdenciário – não terconseguido reunir, no âmbito administrativo, a documentação necessária para a perfeita demonstração de seudireito.”(TNU, PU 2004.71.95.020109-0, Relator Juiz Federal José Antonio Savaris, DJ 23/03/2010). 5. Na hipótese deconcessão de benefício por força de decisão judicial, a TNU já pacificou o entendimento de que os efeitos financeirosdevem retroagir ao momento do requerimento administrativo de concessão. Aplicação da Súmula nº 33 da TNU: “Quando osegurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data dorequerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício”. Essa orientação a respeito daretroação dos efeitos financeiros deve se aplicar também na hipótese de revisão judicial de benefício concedidoadministrativamente. A TNU já decidiu que a“fixação da data de início do benefício – DIB (no caso de concessão debenefício) ou a majoração da renda mensal inicial – RMI (no caso de revisão de benefício) deve ser orientada pelaidentificação da data em que foram aperfeiçoados todos os pressupostos legais para a outorga da prestação previdenciárianos termos em que judicialmente reconhecida” (PU 2008.72.55.005720-6, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DJ29/04/2011). 6. Aplica-se a Questão de Ordem nº 13 da TNU: “Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudênciada Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do

�acórdão recorrido”.7. Pedido não conhecido. (PEDILEF 50360250720124047000, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves,DOU 21/06/2013 pp. 105/162.) (original sem grifos).

24. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

25. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

26. Contudo, consta da sentença que, a partir da entrada em vigor da Lei n. 11.960/09, os valores deverão sercalculados na forma do art. 5º, que alterou o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 (fl. 181). Desta feita, a admissão do INPC paraatualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática de cálculo da correçãoadotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas deinconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetívelao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou aconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio aesse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dos

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recursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

27. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

28. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).

29. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

30. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

98 - 0001148-18.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001148-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARILDES SCARAMUSSA MASTELA(ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.).RECURSO Nº 0001148-18.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001148-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARILDES SCARAMUSSA MASTELARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SEGURADA ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. EXERCÍCIO DE ATIVIDADEURBANA PELO MARIDO DA AUTORA QUE DESCARACTERIZA A SUA CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL.RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em

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regime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O mero exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta para descaracterizar a condição da autora desegurada especial, conforme veiculado no enunciado nº 41 da TNU (“A circunstância de um dos integrantes do núcleofamiliar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como seguradoespecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”). Essa orientação baseia-se na constatação de que asmódicas condições econômicas dos segurados, que laborem em regime de economia familiar, podem comprometer suasubsistência, motivo por que eventual trabalho urbano não descaracteriza tal sistema colaborativo, desde que a rendaobtida com o trabalho rurícola continue sendo imprescindível à subsistência da família. Precedente do STJ.3. A parte autora afirmou que faz “queijo, biscoitos, doces para vender” (fl. 153). Não alegado que o consumo de taisprodutos seja exclusivamente para a subsistência da demandante e seu marido, seria preciso que ela demonstrasse que osganhos obtidos com a venda desses bens fossem superiores aos de seu cônjuge, que remontavam a dois salários-mínimosà época, ou que fossem indispensáveis para a manutenção da família. Contudo, inexistindo prova das vendas feitas e daquantidade de bens vendida, entendo que a qualidade de segurada especial, em regime de economia familiar, não foicomprovada.4. Recurso do INSS conhecido e provido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termosdo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 158/169, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do Juizado Especial Federalde Cachoeiro de Itapemirim (fls. 152/156), que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder à autora MARILDESSCARAMUSSA MASTELA aposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (30/03/2009),bem como a pagar-lhe o valor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que não foi apresentado início razoável de prova documental contemporânea ao exercício daatividade rural. Afirma, também, que o marido da autora exerceu atividade urbana, de 1977 a 2009, recebendo saláriosuperior a dois salários mínimos, o que afastaria o enquadramento da ora recorrida como segurada especial, uma vez queo seu trabalho no campo não era essencial à manutenção da família. Sustenta que os documentos juntados pela parteautora, em nome do marido, não poderiam servir de prova a seu favor, já que o mesmo, após o casamento, se dedicou atrabalho urbano. Alega, ainda, que a DIB não poderia ter sido fixada na data do requerimento administrativo, haja vista que,naquela oportunidade, não foi comprovado documentalmente o exercício da atividade rural durante o período de carência,razão pela qual a autarquia indeferiu o pleito. Pugna pelo provimento do recurso, para julgar improcedentes os pedidosiniciais, ou para que seja modificada a DIB para o dia 14/12/2010 (data da audiência realizada pelo Juízo de origem).

03. A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 173/176, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois osdocumentos constantes dos autos comprovam o preenchimento dos requisitos legais para a obtenção da aposentadoria.Afirma que o cônjuge da autora trabalha numa indústria de cimento, no entanto ele ajuda a esposa nos dias e nas horas defolga, trabalhando no pequeno sítio, porque seu salário não é suficiente para sustentar a família.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado pelo

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enunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrida nasceu em 04/06/1949 (fl. 12) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural desde a sua infância. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento, da qual consta que seucônjuge era lavrador (fl. 14); ii) certificado de dispensa de incorporação em nome do cônjuge, que aponta a profissão delavrador (fls. 15/16); iii) fichas clínicas expedidas pelo Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirim (fls. 17/19); iv) notasfiscais de produtos agrícolas emitidas em seu nome em 07/03/2009 e 30/04/2009 (fls. 20/21); v) escritura pública deextinção de condomínio, cumulada com renúncia de usufruto , unificação, retificação e divisão amigável de imóvel rural,lavrada em 01/11/2007 (fls. 27/35); vi) certidões de matrícula de imóvel rural e seu nome e de seu cônjuge (fls. 41/55); vii)carteira do Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirim em nome do cônjuge da autora (fl. 69); viii) certificado de cadastrode imóvel rural em nome do referido cônjuge (fls. 70/71); ix) recibo de entrega da declaração do ITR do exercício de 2008,também em nome do cônjuge (fl. 115); x) Certidão de quitação eleitoral emitida pelo Cartório da 2ª Zona Eleitoral(Cachoeiro de Itapemirim) em 28/04/2009, que indica “trabalhador rural” como ocupação declarada pela autora (fl. 121); xi)ficha de cadastro em loja, que indica a ocupação de lavradora e data de cadastro em 18/02/97.

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, por não ter sido comprovado o efetivoexercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício (fl. 135).Contudo, destaco que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho de atividade rural,sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conforme a orientaçãocontida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

12. Na espécie vertente, observo que as fichas clínicas expedidas pelo Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirimsão contemporâneas ao exercício da atividade, porquanto mencionam atendimentos médicos realizados nos anos de 1982,1983, 1986, 1987 e 1989 (fls. 17/19). Ademais, foi apresentada certidão de quitação eleitoral, que, embora tenha sidoemitida em 28/04/2009, reflete os dados então existentes no Cadastro Eleitoral, inclusive a ocupação declarada pela autora(trabalhadora rural), além de indicar que a autora estava domiciliada naquela Zona Eleitoral desde 18/09/1986 (fl. 121).

13. Não obstante isso, o recorrente aduz que a renda obtida pelo cônjuge, industriário, da parte autora é superior adois salários-mínimos (fls. 75/79), o que afastaria a sua qualidade de segurada especial, em regime de economia familiar.Para análise da alegação, observo que o mero exercício de atividade urbana por parte do cônjuge não basta paradescaracterizar a condição da autora de segurada especial, conforme veiculado no enunciado nº 41 da TNU (“Acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”). Essaorientação baseia-se na constatação de que as módicas condições econômicas dos segurados, que laborem em regime deeconomia familiar, são capazes de comprometer sua subsistência, motivo por que eventual trabalho urbano nãodescaracteriza tal sistema colaborativo, desde que a renda obtida com o trabalho rurícola continue sendo imprescindível àsubsistência da família. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça emjulgamento do AgRg no RESP 1.359.276/SP (Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 18.03.2013):PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA MATERIAL. INÍCIO.DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. TRABALHO URBANO DO CÔNJUGE.QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL ASSEGURADA À MULHER.1. No caso dos autos, o Tribunal de origem ao analisar a matéria concluiu, mediante a análise conjunta dos documentos edos depoimentos testemunhais, que a autora faz jus a concessão da aposentadoria pleiteada.2. A lei não exige que a prova material se refira a todo o período de carência exigido, nos termos do art. 143 da Lei n.8.213/1991, desde que ela seja amparada por prova testemunhal harmônica, no sentido da prática laboral referente aoperíodo objeto de debate.3. Ademais, a jurisprudência desta Corte vem se firmando no sentido de que "somente estaria descaracterizado o regime deeconomia familiar, se a renda obtida com o exercício de atividade urbana fosse superior àquela decorrente da atividaderural ou mesmo dispensasse o exercício dessa pelos demais membros integrantes do grupo familiar, prova essa que nãoveio aos autos." (AgRg nos EDcl no REsp 1057059/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em12/6/2012, DJe 28/6/2012.)4. Ressalte-se que o exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varão não descaracteriza a qualidade de seguradaespecial da mulher.5. Por fim, desconstituir o reconhecimento das provas testemunhais aptas a corroborar os documentos acostados aos autosrequer, necessariamente, o reexame de fatos e provas, o que é vedado ao STJ, em recurso especial, por esbarrar no óbiceda Súmula 7/STJ.Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1359276/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, , j. 07/03/2013, DJE 18/03/2013)

14. A análise das provas carreadas aos autos não permite que se conclua favoravelmente ao pedido da recorrida,

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uma vez que, no período de carência do benefício, ela afirmou em depoimento pessoal que faz “queijo, biscoitos, docespara vender” (fl. 153). Não alegado que o consumo de tais produtos seja exclusivamente para a subsistência da parteautora e seu marido, seria preciso que ela demonstrasse que os ganhos obtidos com a venda desses bens fossemsuperiores aos de seu cônjuge, que remontavam a dois salários-mínimos à época, ou que fossem indispensáveis para amanutenção da família. Contudo, inexistindo prova das vendas feitas e da quantidade de “queijos, biscoitos e doces”vendida, entendo que a qualidade de segurada especial, em regime de economia familiar, não foi comprovada.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar o pedido improcedente, de acordo com o art.269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

99 - 0000504-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000504-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) THARCISIO TREVELIN(ADVOGADO: ES015638 - GABRIELA DANTAS DE MELLO FONSECA, ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0000504-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000504-8/01)RECORRENTE: THARCISIO TREVELINRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇORURAL EXERCIDO PELO MENOR ENTRE 12 E 14 ANOS DE IDADE. POSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 5 DA TNU.PRECEDENTES DO STF E DO STJ. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SUFICIENTE. COMPLEMENTAÇÃO PELA PROVATESTEMUNHAL. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. CONDENAÇÃO DO INSSA AVERBAR O TEMPO DE SERVIÇO E CONCEDER O BENEFÍCIO, COM DIB NA DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO.1. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).2. O tempo de serviço rural não contributivo, exercido em regime de economia familiar em período anterior ao advento daLei nº 8.213/91, pode ser computado para fins de obtenção de benefício, exceto para efeito de carência, ainda que prestadopor menor entre 12 e 14 anos de idade. Inteligência dos enunciados n. 5 e 24 da TNU. Precedentes do STF e do STJ nomesmo sentido.3. Reconhecida a existência de início suficiente de prova material, complementada pela prova testemunhal, deve seradmitido o cômputo do serviço rural prestado pelo segurado especial.4. Preenchidos os requisitos para a obtenção do benefício na data da apresentação do requerimento administrativo, estadeverá ser a DIB (artigos 54 e 49, I, b, ambos da Lei n. 8.213/91).5. Recurso do autor conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada, em parte, para condenar o INSS a averbar otempo de serviço rural exercido entre 01/08/1969 e 31/12/1984 e a conceder o benefício de aposentadoria por tempo decontribuição integral.6. A correção monetária deverá ser calculada conforme o que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF. Aplicação do INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91).Precedentes do STJ. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

RELATÓRIO

THARCÍSIO TREVELIN interpõe recurso inominado, às fls. 61/74, contra sentença proferida pela MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 57/59), que julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a averbar o tempo de serviço referente ao período de 30/07/1971 a 31/12/1984, bem como julgouimprocedentes os pedidos para condenar a autarquia a conceder aposentadoria por tempo de contribuição, e a averbartempo de serviço rural anterior a 30/07/1971 e posterior a 01/01/1985.

02. O recorrente sustenta a possibilidade de reconhecimento da condição de segurado especial a partir de 12 anosde idade, uma vez que a proibição de trabalho ao menor foi estabelecida em seu benefício. Alega também que o início deprova material foi parcialmente corroborado pela prova testemunhal, no sentido de que o autor desempenhava atividadesrurícolas desde tenra idade, em regime de economia familiar, até o momento em que foi trabalhar no meio urbano. Afirma

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que, somente no ano de 1987, deixou de exercer atividade rural, de modo que o período anterior também deveria seraverbado. Aduz ter completado 38 anos, 5 meses e 23 dias de serviço e preenchido a carência legalmente exigida até adata do ajuizamento da ação, razão pela qual faria jus ao benefício de aposentadoria por tempo de serviço integral. Pugnapelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para condenar o INSS a conceder o benefício pleiteado, medianteaverbação do tempo de serviço rural desde 01/08/1969 até 26/11/1987.

03. O recorrido não apresentou contrarrazões, embora intimado (fl. 77/78).

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. O Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa a integrar o patrimôniojurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, dasúmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme odecidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE23.08.2013).

07. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria portempo de contribuição, destaco que a Lei n. 8.213/91 assegura a contagem do tempo de serviço rural prestadoanteriormente à sua entrada em vigor, independentemente do recolhimento de contribuições, exceto para efeito de carência(art. 55, §2º). Interpretando o referido dispositivo, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a referência genérica ao“segurado trabalhador rural”, feita pelo legislador, contempla inclusive o segurado especial de que trata o art. 11, VII, dareferida lei. A propósito, destaco o teor do enunciado n. 24 da TNU: “O tempo de serviço do segurado trabalhador ruralanterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para aconcessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência,conforme a regra do art. 55, §2º, da Lei nº 8.213/91”.

08. No que concerne ao labor possivelmente exercido antes de o recorrido completar 14 anos de idade, observo quea sentença não o levou em consideração para o reconhecimento do direito vindicado. Embora a licitude do cômputo dotempo trabalhado por menor de quatorze anos seja contestada à luz do disposto pelo art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, e pelosarts. 7º, XXXIII, e 227, §3º, II, da Constituição da República de 1988, as normas de regência relativa ao cômputo do tempode serviço são aquelas vigentes quando a prestação laborativa foi realizada, isto é, “o tempo de serviço, para fins deaposentadoria, é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direitoautônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador” (ERESP 329.269-RS, Terceira Seção, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 28.08.2002,DJ 23.09.2002, p. 221). Portanto, mostra-se relevante observar que sob a vigência da Constituição da República de 1946 –em vigor até 28 de fevreiro de 1967 – era permitido o trabalho do menor com idade superior a 14 anos. A Constituição daRepública de 1967 reduziu o patamar mínimo da proibição de qualquer trabalho ao menor de 12 anos (art. 158, X), o que foimantido pelo art. 165, X, da Emenda Constitucional n. 01/1969, com o intuito de garantir o pleno desenvolvimento dapersonalidade na infância e adolescência. Este propósito seria subvertido se tal garantia constitucional fosse interpretadaem prejuízo do titular do direito, ignorando-se o efetivo exercício de atividade laboral em idade inferior ao limite etáriomínimo definido constitucionalmente. Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal ao julgar o AI 529.694-RS(Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 11.03.2005, p. 43):Agravo de instrumento. 2. Trabalhador rural ou rurícola menor de quatorze anos. Contagem de tempo de serviço. Art. 11,VII, da Lei nº 8213. Possibilidade. Precedentes. 3. Alegação de violação aos arts. 5°, XXXVI; e 97, da CF/88. Improcedente.Impossibilidade de declaração de efeitos retroativos para o caso de declaração de nulidade de contratos trabalhistas.Tratamento similar na doutrina do direito comparado: México, Alemanha, França e Itália. Norma de garantia do trabalhadorque não se interpreta em seu detrimento. Acórdão do STJ em conformidade com a jurisprudência desta Corte. 4.Precedentes citados: AgRAI 105.794, 2ª T., Rel. Aldir Passarinho, DJ 02.05.86; e RE 104.654, 2ª T., Rel. Francisco Rezek,DJ 25.04.86 5. Agravo de instrumento a que se nega provimento.

09. A propósito do tema, vale referir o enunciado n. 5 da TNU, cujo teor segue transcrito: “A prestação de serviçorural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode serreconhecida para fins previdenciários”.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DE

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CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria requer iníciode prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que o autor nasceu em 30/07/1957 (fls. 15/16) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural no período compreendido entre 01/08/1969 a 30/01/1988. Para tanto, juntou: i) título eleitoral,expedido em 1971, em que consta a profissão de lavrador (fl. 16); ii) declaração de exercício de atividade rural emitida peloSindicato dos Trabalhadores Rurais de Aracruz em 12/01/2010 (fls. 29/30); iii) declaração particular firmada em 12/11/2009(fl. 32); iv) escritura pública de compra e venda de imóvel rural lavrada no ano de 1984, da qual consta como comprador oseu pai, qualificado como agricultor (fl. 37); v) certificado de cadastro de imóvel rural em nome do pai do ora recorrente (fl.38).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento formulado pela parte autora em 25/01/2010, por nãoter sido atingido o tempo mínimo de contribuição exigido (fl. 27). Naquela oportunidade, foram reconhecidos 20 anos, 1 mêse 28 dias de contribuição até a data da entrada do requerimento, uma vez que não foi homologado o alegado período deatividade rural.

15. No caso dos autos, observo que os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de provamaterial contemporânea ao exercício da atividade rural, o que permite a sua complementação pela prova testemunhal. Apropósito, destaco o título eleitoral expedido em 1971, do qual consta a profissão de lavrador.

16. Neste ponto, ressalto que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho deatividade rural, sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conformea orientação contida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que oinício de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

17. Ademais, a satisfação de tal exigência legal restou reconhecida na sentença, que não foi combatida por recursodo INSS. Contudo, o ilustre magistrado prolator da sentença constatou que, diante dos depoimentos testemunhais colhidosem audiência, não ficou comprovado o exercício de atividade rural no período posterior a 1984, isto é, após o nascimentoda filha mais nova do autor. Neste ponto, verifico que o recorrente não logrou êxito em infirmar as razões de decidirconstantes do julgado atacado, que se baseou no conjunto probatório existente nos autos. Transcrevo, por oportuno, osseguintes trechos da sentença (fls. 57/59):“(...) A averbação do tempo de atividade rural condiciona-se à produção de início de prova material (art. 55, § 3º, da Lei nº8.213/91). Os autos estão instruídos com vários documentos que cumprem a função de início de prova material: títuloeleitoral, expedido em 1971, qualificou o autor como lavrador (fl. 16); escritura pública qualificou o pai do autor comoagricultor e comprovou que o pai comprou o imóvel rural de Antonio Sfalsin, com 15 hectares, em 1984 (fl. 37).O início de prova material não passa de prova indiciária. Não precisa provar o fato principal – o trabalho do autor na roça -,mas apenas um fato auxiliar a partir do qual se extrai o nexo lógico com o fato principal. Assim, mesmo frágeis, asinformações coletadas dos documentos é suficiente para formar o início de prova material.É a prova testemunhal que, em complementação ao início de prova material e sem perder a correlação lógica com osdados nele contidos, deve aprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao trabalho do autor na roça,esclarecendo, inclusive, o termo inicial e final do exercício da atividade rural.(...)A primeira testemunha, Sra. Josefa, declarou que conhece o autor de Cupido, em Aracruz. A depoente conhece o autordesde criança. Não se lembra se o autor saiu casado de Cupido. O autor morava com os pais. Na época as terras eram dotio Afonstinho. Os pais trabalhavam na roça. O autor trabalhava junto com o pai, na roça, com plantação. Não se lembraquando ele saiu da roça.A segunda testemunha, Sra. Ondina, declarou que conhece o autor de Cupido, desde que ele ainda era criança. O pai deletrabalhava nas terras de Antônio Sfalsin. A depoente conheceu os pais do autor trabalhando na roça. Trabalhava com café,

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fazia farinha. Somente a família trabalhava na roça. A depoente já viu o autor capinando, pegando café. Viu o autortrabalhando desde garoto, com dez ou doze anos de idade. O autor saiu da roça há mais ou menos 21 anos. O autor casouna roça. Os filhos do autor nasceram na roça.A terceira testemunha, Sr. José Antônio, declarou que conhece o autor de Cupido, da roça. O pai do autor, Sr. Luiz,trabalhava nas terras do cunhado. O autor trabalha desde criança. Já viu o autor trabalhando na roça, plantando. O autorainda trabalhava na roça quando se casou. A noiva do autor era de Cupido.O conjunto probatório demonstra que o autor desde criança trabalhava na roça junto com o pai, que era meeiro nas terrasdo cunhado e depois se tornou proprietário rural. Qualifica-se como segurado especial o produtor rural e o meeiro queexerçam suas atividades em regime de economia familiar, bem como seus filhos maiores de 14 anos de idade quetrabalhem com o grupo familiar respectivo (conforme redação original do art. 11, VII, da Lei nº 8.213/91).Em se tratando de norma de natureza assistencial, decorrente da liberalidade do legislador, o seu alcance não pode serdistendido por interpretação extensiva do poder judiciário. Por isso, descarto a possibilidade de averbação do tempo deatividade rural em favor de pessoa menor de 14 anos de idade. A lei é explícita em considerar como segurado especial osfilhos de trabalhador rural apenas depois que completam 14 anos de idade. O autor completou essa idade em 30/7/1971.As testemunhas não esclareceram com segurança até quando o autor trabalhou na roça. Com segurança, confirmaram queo autor ainda era lavrador quando se casou e quando nasceram os filhos. O autor se casou em 1979 e a filha mais novanasceu em 1984 (fls. 41/43). Quanto ao período posterior a 1984, a prova é insuficiente, não tendo o autor se desincumbidoplenamente do ônus de comprovar efetivo exercício de atividade rural.Reconheço tempo de serviço rural somente no período de 30/7/1971 a 31/12/1984. Somando-se o tempo de serviço ruralao tempo de contribuição reconhecido pelo INSS (20 anos, 1 mês e 28 dias), o autor ainda não completou tempo mínimopara concessão de aposentadoria (...)”

18. Entretanto, assiste razão ao recorrente no que concerne ao cômputo da atividade rural exercida entre 12 e 14anos de idade, na linha da jurisprudência consolidada pelos tribunais superiores e pela TNU, consoante salientado acima.Afinal, conforme reconhecido na sentença, o conjunto probatório demonstra que o autor trabalhava na atividade rural juntocom o pai desde criança.

19. Desta feita, ao se permitir a averbação da atividade rural prestada no período de 01/08/1969 até 29/07/1971,complementado o intervalo já reconhecido no julgado confrontado, o autor já havia preenchido os requisitos exigidos para aobtenção da aposentadoria por tempo de contribuição na data do requerimento administrativo (25/01/2010), haja vista que,naquela oportunidade, o próprio INSS reconheceu 20 anos, 01 mês e 28 dias de contribuição. Destaco que o períodourbano, apurado pela autarquia e comprovado pela consulta ao CNIS (fl. 47), satisfaz a carência legalmente exigida, demodo que não se pode arguir violação ao disposto no art. 55. §2º, da Lei n. 8.213/91.

20. A fim de tornar a questão indene de dúvidas, o tempo de serviço rural do autor deverá ser computado no intervalode 01/08/1969 a 31/12/1984, o que resulta em 15 (quinze) anos, 4 (quatro) meses e 30 (trinta) dias. Tal período, somado aotempo de serviço urbano reconhecido pelo INSS (20 anos, 1 mês e 28 dias), supera a exigência de 35 (trinta e cinco) anosde contribuição (art. 201, §7º, I, da Constituição da República de 1988).

21. Sendo assim, o recorrente faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição integral. A DIB deve ser fixada nadata do requerimento administrativo (25/01/2010 – fl. 27), momento no qual o autor já havia preenchido os requisitos legaisnecessários à obtenção do benefício (artigos 54 e 49, I, b, ambos da Lei n. 8.213/91). Neste particular, destaco o teor doenunciado n. 33 da TNU: “Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria portempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício”.

22. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

23. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo

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Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

24. Os juros de mora incidem a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ(“Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”). No caso dos autos,a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei n. 11.960/09 (fl. 46), razão pela qual deverá ser aplicada, neste particular,a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

25. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento parcial. Reformo a sentença, em parte, para julgarparcialmente procedentes os pedidos iniciais, na forma do artigo 269, I, do Código de Processo Civil, de modo a condenar oINSS a averbar o serviço rural exercido no período de 01/08/1969 a 31/12/1984 e a conceder ao autor o benefício deaposentadoria por tempo de contribuição integral, com DIB em 25/01/2010. As prestações vencidas deverão ser corrigidasmonetariamente pelo INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final que deveráembasar a expedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão ser calculados a partir da citação, na formado art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação determinada pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

26. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

27. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

100 - 0000328-56.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000328-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x NORIVAL SILVA VIEIRA (ADVOGADO: ES015626 -RONALDO SANTOS COSTA, ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN.).RECURSO Nº 0000328-56.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000328-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NORIVAL SILVA VIEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DE ATIVIDADE RURALEXERCIDA EM PERÍODO ANTERIOR À ENTRADA EM VIGOR DA LEI N. 8.213/91. POSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 24DA TNU. INDENIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. INÍCIO SUFICIENTE DE PROVAMATERIAL. COMPLEMENTAÇÃO PELA PROVA TESTEMUNHAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).2. O tempo de serviço rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias,pode ser computado para fins de obtenção de benefício, exceto para efeito de carência. Inteligência do enunciado n. 24 daTNU. O disposto no art. 55, §2º, da Lei n. 8.213/91 abrange o segurado especial, conforme amplamente reconhecido pelajurisprudência.3. O reconhecimento do tempo de exercício de atividade rural, anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, para obtenção deaposentadoria por tempo de contribuição, independe da indenização das contribuições. Interpretação do enunciado nº 272da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que deve ser realizada à luz dos seus precedentes.4. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 81/84, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares (fls. 69/72), integrada pela sentença de fls. 78/79, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS aconceder à parte autora aposentadoria por tempo de contribuição, com DIB na data do requerimento administrativo(22/01/2009) e DIP na data da sentença, e a pagar as prestações vencidas, não atingidas pela prescrição quinquenal.

02. O recorrente afirma que o autor não demonstrou o preenchimento dos requisitos legalmente exigidos para acaracterização do regime de economia familiar, e que a documentação apresentada não é suficiente para demonstrar o seulabor na condição de segurado especial. Alega que o ora recorrido deveria ter apresentado documentos contemporâneos aoperíodo que pretende comprovar e que a certidão de casamento foi apresentada em segunda via, datada de 1997,constando a profissão de lavrador em letras maiúsculas, o que causaria estranheza. Sustenta que o tamanho expressivo dapropriedade rural do pai do autor descaracterizaria o regime de economia familiar. Aduz que a utilização do tempo deatividade rural, como tempo de contribuição no regime geral de previdência social, é vedada para fins de carência, excetomediante indenização do período correspondente. Afirma que o contrato de trabalho com a empresa Paviterra não poderiater sido computado, pois a anotação na CTPS do autor estaria ilegível. Pugna pelo provimento do recurso, com a reformada sentença.

03. A parte autora apresentou contrarrazões às fls. 88/96, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez foicomprovado um total de 38 anos, 11 meses e 10 dias de serviço, tempo mais que suficiente para a obtenção daaposentadoria por tempo de contribuição integral.

04. É o relatório.VOTO05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. O Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa a integrar o patrimôniojurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, dasúmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme odecidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE23.08.2013).

07. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria portempo de contribuição, destaco que a Lei n. 8.213/91 assegura a contagem do tempo de serviço rural prestadoanteriormente à sua entrada em vigor, independentemente do recolhimento de contribuições, exceto para efeito de carência(art. 55, §2º). Interpretando o referido dispositivo, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a referência genérica ao“segurado trabalhador rural”, feita pelo legislador, contempla inclusive o segurado especial de que trata o art. 11, VII, dareferida lei. A propósito, destaco o teor do enunciado n. 24 da TNU: “O tempo de serviço do segurado trabalhador ruralanterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para aconcessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência,conforme a regra do art. 55, §2º, da Lei nº 8.213/91”.

08. Não há que se falar, assim, em indenização das contribuições que deixaram de ser recolhidas à época em que aatividade rural foi exercida, ainda que o pedido do segurado se refira à aposentadoria por tempo de contribuição. No mesmosentido, trago à colação os seguintes julgados do STJ e da TNU:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE. CONTAGEMDO TEMPO DE SERVIÇO RURAL PARA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. RGPS. RECOLHIMENTO DECONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE.1. É inaplicável a Súmula 343/STF quando a questão controvertida possui enfoque constitucional.2. Dispensa-se o recolhimento de contribuição para averbação do tempo de serviço rural em regime de economia familiar,relativo a período anterior à Lei n. 8.213/1991, para fins de aposentadoria por tempo de contribuição pelo Regime Geral daPrevidência Social (RGPS).3. Ação rescisória procedente.(AR 3.902/RS, Terceira Seção, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 24/04/2013, DJe 07/05/2013) (original sem grifos).

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI Nº8.213, DE 1991. CÔMPUTO, INDEPENDENTEMENTE DO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. JURISPRUDÊNCIAPACIFICADA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO CONHECIMENTO. 1. O artigo 55, § 2º, da Lei nº 8.213, de1991, reza que “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei, serácomputado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência,conforme dispuser o Regulamento”.2. O dispositivo é claro quanto à dispensa do recolhimento das contribuições. A exceçãoconsignada no preceito, relativa à carência, não atinge o caso dos autos, porquanto, tendo a autora nascido em agosto de1944, completou sessenta anos em 2004, de modo que a carência, ‘ex vi’ do artigo 142 do mesmo diploma legal, seria de138 meses (ou 11 anos e meio), tempo este que já havia, segundo a sentença, sido reconhecido na própria esferaadministrativa pelo INSS. 3. Sedimentação do entendimento quanto à desnecessidade de recolhimento das contribuições,para cômputo do tempo de serviço rural anterior à Lei nº 8.213/1991, na Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça

�(EREsp. nº 576741/RS). 4. Pedido de Uniformização não conhecido. (TNU, PEDILEF 200471950080510, Rel. JuízaFederal Joana Carolina Lins Pereira, DJ 01/03/2010.) (original sem grifos).

09. Ressalto que não se pode realizar exegese literal e isolada do enunciado n. 272 da súmula da jurisprudência doSTJ (“O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção ruralcomercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições facultativas”). Afinal,tratando-se de enunciado de súmula, a sua leitura deve ser feita à luz dos precedentes que a embasaram. Assim, é bem dever que o referido enunciado fundamenta-se na disciplina instituída pela Lei nº 8.213/91, não podendo prejudicar oreconhecimento do tempo de serviço rural anterior à sua entrada em vigor, conforme revelam, inclusive, os julgados acimacolacionados, oriundos do próprio STJ.

10. Porém, a comprovação do exercício da atividade rural constitui desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria requer iníciode prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Compulsando-se os autos, observo que o recorrido nasceu em 27/03/1948 (fl. 18) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural nos períodos de janeiro de 1967 a dezembro de 1974, junho de 1976 a dezembro de 1982 enovembro de 1983 a setembro de 1989. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento (realizado em 03/07/1967), quequalifica o demandante como lavrador (fl. 25); ii) certidão expedida por Oficial de Registro de Imóveis em 22/09/2008, daqual consta que o pai do autor foi proprietário rural no período compreendido entre 23/04/1976 e 30/08/1990 (fl. 26); iii)escritura pública declaratória lavrada em 26/09/2008, que contém a declaração do recorrido e de seus irmãos, de queresidiram e trabalharam como lavradores em imóvel rural que pertencia a seus pais, por um período ininterrupto de 19(dezenove) anos, retirando seu sustento das atividade agrícolas; iv) declarações particulares firmadas em 20/01/2009 e18/12/2008 (fls. 31/33); v) certificado de dispensa de incorporação expedido em 16/07/1971 (fl. 35); vi) declaração deanuência da qual consta a existência de contrato verbal de parceria agrícola (fl. 36); vii) carteira e fichas do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Aimorés, que qualificam o autor como lavrador e indicam data de admissão em 17/05/1976 (fls. 37e 39/40); viii) declaração de exercício de atividade rural emitida pelo referido sindicato em 20/01/2009, que contempla osperíodos de junho de 1976 a dezembro de 1982 e de novembro de 1983 a setembro de 1989 (fls. 41/42).

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14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento formulado pela parte autora por falta de tempo decontribuição. Naquela oportunidade, não foi reconhecido todo o período rural alegado pelo autor, de modo que o totalapurado restou insuficiente para a obtenção do benefício, conforme se depreende da decisão proferida pela PrimeiraCâmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, que negou provimento ao recurso do autor,mantendo a decisão da 24ª Junta de Recursos (fls. 47/51).

15. Cumpre destacar que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho deatividade rural, sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conformea orientação contida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que oinício de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

16. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (TNU, PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif,TNU, DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretendecomprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatóriaestendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone LemosFernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (TNU, PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz FederalRogério Moreira Alves, TNU, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).17. No caso dos autos, os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de prova material, oque permite a sua complementação pela prova testemunhal. A propósito, destaco a certidão de casamento (fl. 25) e asfichas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aimorés, que qualificam o autor como lavrador e indicam data deadmissão em 17/05/1976 (fls. 37 e 39/40).

18. Não assiste razão ao recorrente ao tentar afastar a eficácia da certidão de casamento sob a alegação de que setrata de segunda via. A toda evidência, tal argumento não procede, uma vez que a certidão foi lavrada por Cartório deRegistro Civil, não havendo elemento algum nos autos capaz de infirmar a presunção de veracidade das informações nelacontidas. Ademais, a autarquia federal não poderia recusar fé a documento público sem apresentar motivo idôneo paraimpugnar seu conteúdo ou à validade de sua expedição (art. 19, II, da Constituição da República de 1988). A propósito,transcrevo a ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento da AR 3.385/PR (TerceiraSeção, Relatora Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 23.06.2008, DJE 09.09.2008):

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AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. INDICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS VIOLADOS. INÉPCIA DA INICIALAFASTADA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 343/STJ. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. DOCUMENTONOVO. SOLUÇÃO PRO MISERO. CERTIDÃO DE CASAMENTO. 2ª VIA JUNTADA POSTERIORMENTE.CONTRADITÓRIO ATENDIDO. PEDIDO PROCEDENTE.1. Tendo a autora indicado expressamente os dispositivos legais que a decisão rescindenda teria violado, podendo os fatose fundamentos do seu pedido serem extraídos da leitura da peça inicial, deve ser afastada a preliminar de inépcia dapetição aduzida pelo INSS.2. Não tendo o INSS demonstrado a aludida controvérsia quanto à interpretação da lei previdenciária nos tribunais, não seaplica o enunciado de nº 343 da súmula do STF.3. A certidão de casamento, que atesta a condição de lavrador do cônjuge da segurada, constitui início razoável de provadocumental, para fins de comprovação de tempo de serviço. Deve se ter em mente que a condição de rurícola da mulherfunciona como extensão da qualidade de segurado especial do marido. Se o marido desempenhava trabalho no meio rural,em regime de economia domiciliar, há a presunção de que a mulher também o fez, em razão das características daatividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência.4. Ainda que a certidão de casamento original não tenha vindo aos autos junto com a petição inicial, a sua juntada aposteriori, previamente anunciada, não foi feita com o intuito de surpreender a parte contrária ou este juízo, tendo sido dadaà autarquia previdenciária igual oportunidade para sobre ela se manifestar, na dialética do processo.5. A validade dos termos da segunda via da certidão de casamento é fortalecida pela fé pública do oficial do registro civilque a expediu. Havendo o início de prova material a corroborar a prova testemunhal produzida, fica autorizada a rescisãoda decisão monocrática que entendeu ser ele inexistente.6. Ação rescisória julgada procedente.

19. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela prova testemunhalcolhida em audiência. Trago à colação, por oportuno, o seguinte trecho da sentença (fl. 70):“(...) A comprovação da atividade rural através de prova documental mínima foi cumprida com a apresentação dosseguintes documentos:

• Certidão de casamento, constando sua profissão como lavrador (fls. 25);• Certidão de Dispensa do Serviço Militar, constando sua profissão comolavrador (fls. 35);• Comprovante do Sindicato Rural de pagamento de mensalidadesreferentes ao período de maio/1976 a dezembro/1987 (fls. 40);• Declaração do Sindicato Rural do exercício de atividades rurais peloAutor (fls. 41).

A prova produzida em audiência corroborou as afirmações do Autor, sendo as testemunhas unânimes em afirmar que oAutor trabalhou na propriedade do pai no período de 1967 até 1974, quando veio para a cidade trabalhar na empresaARACRUZ CELULOSE, retornando posteriormente para a roça, por determinado período, quando então, retornoudefinitivamente para a cidade, onde trabalha até os dias de hojeAssim, reconheço como trabalhado em regime de economia familiar pelo Autor, os períodos de janeiro/1967 adezembro/1974, julho/1976 a dezembro/1982 e novembro/1983 a setembro/1989 (...)”

20. Em relação à propriedade rural que pertencia ao pai do autor, verifico que o recorrente, embora alegue que o seutamanho seria expressivo, não a mensurou em módulos fiscais, mas apenas fez referência à extensão em hectares emetros quadrados (fl. 83). Ressalto que a área do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demaisprovas produzidas para a concessão do benefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU:“Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar). No caso dos autos, o recorrido não era o proprietário do imóvel rural, e alega ter laborado comomeeiro, em regime de economia familiar, o que se revelou consentâneo com o acervo probatório constante dos autos.

21. No tocante à anotação ilegível da data de saída referente ao contrato de trabalho celebrado com a empresaPaviterra, contida na CTPS do autor (fl. 19), o ilustre magistrado prolator da sentença ressaltou que “quanto ao vínculo coma empresa Paviterra, este está escrito na CTPS do autor, presumindo-se sua veracidade” (fl. 79). Neste particular, destacoo teor do enunciado n. 75 da TNU: “A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se apontadefeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente detempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacionalde Informações Sociais (CNIS)”.

22. Ademais, ainda que fosse desconsiderado o mencionado vínculo, tal circunstância não afetaria o resultado dojulgamento, nem mesmo em relação à fixação da DIB, uma vez que o tempo computado foi de apenas um mês e quatrodias de serviço, conforme revela a tabela contida na sentença proferida no julgamento de embargos de declaração (fl. 78).

23. Diante disso, verifico que, uma vez reconhecidos os períodos de labor rural e urbano, não resta dúvida quantoao preenchimento dos requisitos legalmente exigidos para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo decontribuição.

24. Vejo também que o autor já havia preenchido os requisitos legalmente exigidos para a obtenção do benefício na

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data do requerimento administrativo (22/01/2009 – fl. 47). Sendo assim, revela-se correta a fixação da DIB na referida data(art. 54 c/c art. 49, II, da Lei n. 8.213/91). Neste particular, destaco o teor do enunciado n. 33 da TNU: “Quando o seguradohouver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimentoadministrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício”.

25. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

26. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

27. Contudo, não consta da sentença a sistemática de cálculo da correção monetária e dos juros de mora (fl. 71).Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária complementaçãoda sistemática de cálculo dos consectários legais adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STFnas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus,por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciadon. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.

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CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).28. Os juros de mora incidem a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ(“Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”). No caso dos autos,a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei n. 11.960/09, razão pela qual deverá ser aplicada, neste particular, a novaredação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

29. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para adequar, deofício, o cálculo da correção monetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento, observada a prescrição quinquenal. Os juros de moradeverão ser calculados a partir da citação, na forma do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação determinada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada adiretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).

30. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

31. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

101 - 0000214-17.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000214-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x NELIO GOMES (ADVOGADO: ES014093 -VANUZA CABRAL.).RECURSO Nº 0000214-17.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000214-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NELIO GOMESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DE ATIVIDADE RURALEXERCIDA EM PERÍODO ANTERIOR À ENTRADA EM VIGOR DA LEI N. 8.213/91. POSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 24DA TNU. INDENIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. INÍCIO SUFICIENTE DE PROVAMATERIAL. COMPLEMENTAÇÃO PELA PROVA TESTEMUNHAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).2. O tempo de serviço rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias,pode ser computado para fins de obtenção de benefício, exceto para efeito de carência. Inteligência do enunciado n. 24 daTNU. O disposto no art. 55, §2º, da Lei n. 8.213/91 abrange o segurado especial, conforme amplamente reconhecido pelajurisprudência.3. O reconhecimento do tempo de exercício de atividade rural, anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, para obtenção deaposentadoria por tempo de contribuição, independe da indenização das contribuições. Interpretação do enunciado nº 272da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que deve ser realizada à luz dos seus precedentes.4. O início de prova material não precisa contemplar todo o período de exercício de atividade rural. Aplicação do enunciadonº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período equivalente à carência do benefício”).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.

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Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 172/187, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Colatina (fls. 162/164), que julgou procedente o pedido para declarar que a parte autora laborou na qualidade desegurado especial (meeiro em regime de economia familiar) no período de janeiro de 1962 a agosto de 1974, bem comopara conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, com DIB na data do requerimento administrativo(29/04/2003), condenando o ora recorrente, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas, respeitada a prescriçãoquinquenal.

02. O recorrente sustenta a impossibilidade do reconhecimento do tempo de serviço rural anterior a 25/05/1971 (datade entrada em vigor da Lei Complementar n. 11/1971), para concessão de benefícios previdenciários por tempo decontribuição. Alega, também, que não poderia ser considerado o período laborado com idade inferior a 14 anos, pois alegislação então vigente não reconhecia tais trabalhadores como segurados. Afirma que não foi apresentado início de provamaterial contemporânea aos fatos alegados pelo autor. Aduz a necessidade de indenização das contribuições para quepossa utilizar o tempo de serviço rurícola para obter aposentadoria por tempo de contribuição. Pugna pelo provimento dorecurso, com a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido, devendo a parte autora devolver aoscofres da Previdência Social os valores percebidos, atualizados monetariamente. Requer, também, o prequestionamentodos dispositivos constitucionais e legais invocados.

03. A parte autora não apresentou contrarrazões, embora intimada (fls. 189/190).

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. O Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa a integrar o patrimôniojurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, dasúmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme odecidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE23.08.2013).

07. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria portempo de contribuição, destaco que a Lei n. 8.213/91 assegura a contagem do tempo de serviço rural prestadoanteriormente à sua entrada em vigor, independentemente do recolhimento de contribuições, exceto para efeito de carência(art. 55, §2º). Interpretando o referido dispositivo, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a referência genérica ao“segurado trabalhador rural”, feita pelo legislador, contempla inclusive o segurado especial de que trata o art. 11, VII, dareferida lei. A propósito, destaco o teor do enunciado n. 24 da TNU: “O tempo de serviço do segurado trabalhador ruralanterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para aconcessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência,conforme a regra do art. 55, §2º, da Lei nº 8.213/91”.

08. Não há que se falar, assim, em indenização das contribuições que deixaram de ser recolhidas à época em que aatividade rural foi exercida, ainda que o pedido do segurado se refira à aposentadoria por tempo de contribuição. No mesmosentido, trago à colação os seguintes julgados do STJ e da TNU:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE. CONTAGEMDO TEMPO DE SERVIÇO RURAL PARA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. RGPS. RECOLHIMENTO DECONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE.1. É inaplicável a Súmula 343/STF quando a questão controvertida possui enfoque constitucional.2. Dispensa-se o recolhimento de contribuição para averbação do tempo de serviço rural em regime de economia familiar,relativo a período anterior à Lei n. 8.213/1991, para fins de aposentadoria por tempo de contribuição pelo Regime Geral daPrevidência Social (RGPS).3. Ação rescisória procedente.(AR 3.902/RS, Terceira Seção, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 24/04/2013, DJe 07/05/2013) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI Nº8.213, DE 1991. CÔMPUTO, INDEPENDENTEMENTE DO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. JURISPRUDÊNCIAPACIFICADA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO CONHECIMENTO. 1. O artigo 55, § 2º, da Lei nº 8.213, de1991, reza que “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei, serácomputado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência,conforme dispuser o Regulamento”.2. O dispositivo é claro quanto à dispensa do recolhimento das contribuições. A exceção

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consignada no preceito, relativa à carência, não atinge o caso dos autos, porquanto, tendo a autora nascido em agosto de1944, completou sessenta anos em 2004, de modo que a carência, ‘ex vi’ do artigo 142 do mesmo diploma legal, seria de138 meses (ou 11 anos e meio), tempo este que já havia, segundo a sentença, sido reconhecido na própria esferaadministrativa pelo INSS. 3. Sedimentação do entendimento quanto à desnecessidade de recolhimento das contribuições,para cômputo do tempo de serviço rural anterior à Lei nº 8.213/1991, na Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça

�(EREsp. nº 576741/RS). 4. Pedido de Uniformização não conhecido. (TNU, PEDILEF 200471950080510, Rel. JuízaFederal Joana Carolina Lins Pereira, DJ 01/03/2010.) (original sem grifos).

09. Ressalto que não se pode realizar exegese literal e isolada do enunciado n. 272 da súmula da jurisprudência doSTJ (“O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção ruralcomercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições facultativas”). Afinal,tratando-se de enunciado de súmula, a sua leitura deve ser feita à luz dos precedentes que a embasaram. Assim, é bem dever que o referido enunciado fundamenta-se na disciplina instituída pela Lei nº 8.213/91, não podendo prejudicar oreconhecimento do tempo de serviço rural anterior à sua entrada em vigor, conforme revelam, inclusive, os julgados acimacolacionados, oriundos do próprio STJ.

10. Idêntico raciocínio aplica-se ao período anterior ao advento da Lei Complementar n. 11/71, razão pela qual a tesedo recorrente não merece prosperar. Confira-se, a propósito, o seguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. PRELIMINAR. RURÍCOLA. PROVA DOCUMENTAL ETESTEMUNHAL SUFICIENTES. DESNECESSIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. HONORÁRIA. I- Não merece prosperar aalegação do INSS de impossibilidade jurídica do pedido de reconhecimento do trabalho anterior à edição da LeiComplementar n°11/71, em razão do trabalhador rural não deter a condição de segurado especial, tendo em vista que a Lein°8.213/91, em seu art. 55 §2° e 3°, autoriza o reconhecimento da atividade rural nos períodos anteriores à sua vigência. II-A pretensão é de contagem de tempo de serviço, nos seguintes períodos: de 08.02.1964 a 07.1978, em regime deeconomia familiar, na propriedade do pai e, posteriormente, como lavrador, na propriedade do Sr. Joaquim Alves de Souza.III - Titulo eleitoral, de 13.03.1968 e certificado de dispensa de incorporação, de 07.04.1970, ambos atestando a profissãode lavrador do autor e seu nascimento em 08.02.1950, fotos da época na propriedade do pai, certidão expedida pelocartório de registro de imóveis de Tatuí/SP, de 26.09.1995, confirmando que o pai do autor, Joaquim Alves de Souza, em07.04.1964, adquiriu um terreno de 9ha, no bairro Laranja Azeda, no município de Cesário Lange, tendo sido partilhado, em21.07.1995, em razão da sua morte, histórico escolar do autor, de 03.08.1992, comprovando que o demandante cursouentre 1959 e 1962, a Escola Mista do Bairro da Fazenda Velha, recibo de pagamento de contribuição previdenciária, comocontribuinte individual, referente ao exercício de julho de 1978. IV - Testemunhas confirmam conhecer o requerente desde ainfância e que trabalhou no sítio da família, no bairro Mato Seco, no município de Cesário Lange, ao lado do pai, cultivandocereais e outras culturas, numa propriedade com cerca de 10 hectares. V - Comprovação do termo inicial da atividade rural,conforme pleiteado, tendo em vista o histórico escolar, de 03.08.1992, comprovando que o demandante cursou entre 1959e 1962, a Escola Mista do Bairro da Fazenda Velha, o que é corroborado pelos depoimentos das testemunhas, queconfirmam o desempenho de atividade rural pelo autor, desde a infância, no sítio da família, levando-se à conclusão de queem 08.02.1964, quando completou 14 anos, o autor exercia a atividade supramencionada, idade mínima prevista, conformedisposto no art. 157, IX, da Constituição Federal de 1946, vigente à época. VI - No tocante ao termo final, considerando aexistência do certificado de dispensa de incorporação de 07.04.1970, em que o demandante está qualificado como lavradore da certidão expedida pelo cartório de registro de imóveis de Tatuí/SP, de 26.09.1995, confirmando que o pai do autor, em07.04.1964, adquiriu um terreno de 9ha, no bairro Laranja Azeda, no município de Cesário Lange, tendo sido partilhado, em21.07.1995, em razão da sua morte, corroborados pelo depoimento das testemunhas, que confirmam o desempenho daatividade rural pelo demandante no período pleiteado, conclui-se que trabalhou mesmo até 07.1978. VII - Inexigibilidade decontribuições fundada em preceito legal (artigo 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91). VIII - O razoável início de prova escritacorroborada pela testemunhal justifica o reconhecimento do exercício de atividade como lavrador, nos termos do art. 11, VIIe § 1º, da Lei nº 8.213/91, no período pleiteado na inicial. IX - Quanto à honorária, tratando-se de pedido de cunhodeclaratório e de acordo com o entendimento desta Colenda Turma, a verba deve ser fixada em 10% sobre o valor

�atualizado da causa. X - Recurso do INSS improvido e reexame necessário parcialmente provido. (TRF da 3ª Região, AC00199793120024039999, Nona Turma, Des. Fed. Marianina Galante, DJU 13/01/2005) (original sem grifos).

11. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.

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3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

12. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

13. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria requer iníciode prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

14. Compulsando-se os autos, observo que o autor nasceu em 25/01/1948 (fls. 71/72) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural no período compreendido entre 1962 e 1974. Para tanto, juntou: i) declarações particularesemitidas no ano de 2003 (fls. 28/37); ii) termos de depoimentos colhidos pelo INSS em sede de justificação administrativa(fls. 52/57); iii) certificado de dispensa de incorporação em que consta que o autor residia em zona rural (fl. 72); iv) títuloeleitoral datado de 20/07/1966, do qual consta a profissão de lavrador (fl. 80); v) contrato de locação de imóvel situado emzona rural, firmado pelo pai do autor, na condição de locatário, em 16/09/1971, em que consta que o locatário deveriarealizar colheitas de café, milho e feijão (fl. 133).

15. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento formulado pela parte autora em 29/04/2003, com baseem suposta perda da qualidade de segurado (fls. 20 e 40). Ao analisar novo requerimento, apresentado em 01/11/2007, aautarquia consignou que não foi reconhecido o direito ao benefício, pois não foi comprovado o tempo mínimo decontribuição exigido (fl. 131). Naquela oportunidade, não foi computado o período de atividade rural alegado pelo autor(1962 e 1974).

16. Cumpre destacar que o início de prova material não precisa contemplar todo o período de desempenho deatividade rural, sobretudo quando a prova testemunhal revela-se idônea e complementa os indícios documentais, conformea orientação contida no enunciado nº 14 da TNU (“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que oinício de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”).

17. Acrescento que o início de prova material, para ser considerado contemporâneo, pode ter sido formado emqualquer momento ao longo do intervalo que se pretende comprovar, uma vez que a sua eficácia probatória pode serestendida prospectivamente ou retroativamente, se conjugado com prova testemunhal convincente e idônea. Aliás, não éoutro o entendimento perfilhado pela TNU, consoante se depreende dos seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. CERTIDÃO DE SINDICATO RURAL. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O acórdão recorrido não apontou nenhum argumentorazoável para excepcionar a aplicação da Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. Comprovada divergência jurisprudencial em torno de matéria de direito. 2. O acórdão recorridofirmou critério jurídico de valoração da prova que contraria o entendimento da TNU. É, em tese, possível que a eficácia doinício de prova material seja estendida prospectivamente (para o futuro) ou retroativamente (para o passado) se conjugadacom prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. JuizFederal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes,DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderleyde Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 3. Incidente parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que a eficácia do início deprova material pode ser estendida retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica; (b) determinar que a Turma Recursal de origem proceda à adequação do acórdão recorrido ao critério jurídico

�de valoração da prova uniformizado. (TNU, PEDILEF 05045899320074058103, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif,TNU, DOU 22/03/2013.) (original sem grifos).

APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA QUANTO ÀINDISPENSABILIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CONTEMPORANEIDADE DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.EXTENSÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA PROBATÓRIA DE DOCUMENTO ANTIGO. 1. O acórdão recorrido nãocontrariou a Súmula nº 149 do Superior Tribunal de Justiça, porque não se baseou em prova exclusivamente testemunhal,tendo reconhecido a existência de início de prova material. O incidente de uniformização não demonstrou divergênciajurisprudencial em relação à aceitação do documento especificado no acórdão recorrido como início de prova material. 2. Oacórdão recorrido não contrariou a Súmula nº 34 da TNU, segundo a qual o início de prova material deve sercontemporâneo à época dos fatos a provar. O documento admitido pelo acórdão recorrido foi emitido em 1983. Ajurisprudência dominante da TNU exige que o documento seja contemporâneo, mas não necessariamente consideraextemporâneo o documento antigo. 3. Para ser contemporânea, a prova material indiciária precisa ter sido formada emqualquer instante (no início, no meio ou no fim) situado dentro do intervalo de tempo de serviço rural que se pretendecomprovar. A prova material pode ser contemporânea ao início do período de carência e ter sua eficácia probatória

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estendida prospectivamente (para o futuro) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica.Igualmente, pode ser contemporânea ao final do período de carência e ter sua eficácia estendida retroativamente (para opassado) se conjugada com prova testemunhal complementar convincente e harmônica. Precedentes da TNU admitindo aeficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividade rural: PU 2008.39.00.702022-6,Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone LemosFernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley

�de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009. 4. Incidente não conhecido. (TNU, PEDILEF 200839007009786, Rel. Juiz FederalRogério Moreira Alves, TNU, DOU 23/03/2012.) (original sem grifos).

18. No caso dos autos, os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de prova material, oque permite a sua complementação pela prova testemunhal. A propósito, destaco o título eleitoral datado de 20/07/1966, doqual consta a profissão de lavrador (fl. 80) e o contrato de locação de imóvel situado em zona rural, firmado pelo pai doautor, na condição de locatário, em 16/09/1971, em que consta que o locatário deveria realizar colheitas de café, milho efeijão (fl. 133).

19. Conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi complementado pela prova testemunhalcolhida em audiência. Trago à colação, por oportuno, o seguinte trecho da sentença (fl. 163):“(...) A existência de prova documental, entretanto, é insuficiente para gerar a concessão da aposentadoria, sendoimprescindível a complementação pela prova testemunhal. Em audiência, a parte autora apresenta três testemunhas queconfirmam os fatos narrados na petição inicial, no sentido de que o autor laborou na qualidade de rural no período de 1962a agosto de 1974 em regime de economia familiar, juntamente com seu pai e irmãos. Esclarecem que o núcleo familiar daparte autora não possuía empregados e eram meeiros de pequena propriedade rural. Dessa forma, o pedido deve serjulgado procedente, para ser declarado que a parte autora laborou na qualidade de rurícola no período de janeiro de 1962 aagosto de 1974 (...)”

20. Diante disso, verifico que, uma vez reconhecido o período de labor rural, não resta dúvida quanto aopreenchimento dos requisitos legalmente exigidos para a concessão do benefício de aposentadoria por idade. Cumpresalientar que o INSS já havia reconhecido administrativamente 30 anos, 11 meses e 19 dias de tempo de contribuição,quando da análise do requerimento apresentado em 01/11/2007, diante das atividades urbanas exercidas pelo autor (fl.131). Ainda assim, o benefício foi indeferido porque, excluída a atividade rural, que somente foi reconhecida judicialmente, omencionado tempo de contribuição não seria suficiente.

21. Vejo também que o INSS, ao analisar o primeiro requerimento administrativo, apresentado em 29/04/2003,reconheceu 24 anos, 7 meses e 4 dias de contribuição (fl. 15), de modo que, caso houvesse sido contemplado o labor rural(de janeiro de 1962 a agosto de 1974), seria de rigor o deferimento do benefício, pois o autor já havia completado mais de35 (trinta e cinco) anos de contribuição. Ressalto que o período de atividade rural não precisaria ser computado a título decarência (o que seria afrontaria o art. 55, §2º, da Lei n. 8.213/91), pois os vínculos urbanos já satisfaziam a quantidademínima de contribuições legalmente exigida (art. 25, II, da Lei n. 8.213/91).

22. Sendo assim, revela-se correta a fixação da DIB na data do primeiro requerimento administrativo, momento noqual o autor já havia preenchido os requisitos legais necessários à obtenção do benefício (art. 54 c/c art. 49, II, da Lei n.8.213/91). Neste particular, destaco o teor do enunciado n. 33 da TNU: “Quando o segurado houver preenchido osrequisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta dataserá o termo inicial da concessão do benefício”.

23. No que concerne ao labor possivelmente exercido antes de o recorrido completar 14 (catorze) anos de idade,observo que a sentença não o levou em consideração para o reconhecimento do direito vindicado. Basta comparar a datade nascimento do autor (25/01/1948) com o início do período considerado como rurícola (janeiro de 1962), para que seperceba a conformidade do julgado com o entendimento consolidado na jurisprudência a respeito do tema. Embora alicitude do cômputo do tempo trabalhado por menor de quatorze anos seja contestada à luz do disposto pelo art. 11, VII, daLei n. 8.213/91, as normas de regência relativa ao cômputo do tempo de serviço são aquelas vigentes quando a prestaçãolaborativa foi realizada, isto é, “o tempo de serviço, para fins de aposentadoria, é disciplinado pela lei vigente à época emque efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador” (ERESP329.269-RS, Terceira Seção, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 28.08.2002, DJ 23.09.2002, p. 221). Portanto, mostra-se relevanteobservar que sob a vigência da Constituição da República de 1946 – em vigor até 28 de fevreiro de 1967 – era permitido otrabalho do menor com idade superior a quatorze anos, a fim de garantir o pleno desenvolvimento de sua personalidade nainfância e adolescência. Este propósito seria subvertido se tal garantia constitucional fosse interpretada em seu prejuízo,ignorando-se o efetivo exercício de atividade laboral em idade inferior ao limite etário mínimo definido constitucionalmente.Nesse sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal ao julgar o AI 529.694-RS (Segunda Turma, Rel. Min. GilmarMendes, DJ 11.03.2005, p. 43):Agravo de instrumento. 2. Trabalhador rural ou rurícola menor de quatorze anos. Contagem de tempo de serviço. Art. 11,VII, da Lei nº 8213. Possibilidade. Precedentes. 3. Alegação de violação aos arts. 5°, XXXVI; e 97, da CF/88. Improcedente.Impossibilidade de declaração de efeitos retroativos para o caso de declaração de nulidade de contratos trabalhistas.Tratamento similar na doutrina do direito comparado: México, Alemanha, França e Itália. Norma de garantia do trabalhadorque não se interpreta em seu detrimento. Acórdão do STJ em conformidade com a jurisprudência desta Corte. 4.Precedentes citados: AgRAI 105.794, 2ª T., Rel. Aldir Passarinho, DJ 02.05.86; e RE 104.654, 2ª T., Rel. Francisco Rezek,

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DJ 25.04.86 5. Agravo de instrumento a que se nega provimento.

24. Assim, na linha da jurisprudência predominante, seria possível contemplar até mesmo período anterior à referidaidade, conforme denota o enunciado n. 5 da TNU (“A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o adventoda Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários”).

25. Por outro lado, as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. Apropósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

26. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

27. Contudo, não consta da sentença a sistemática de cálculo da correção monetária, mas apenas dos juros demora (fl. 164). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriacomplementação da sistemática de cálculo dos consectários legais adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la aoque decidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.

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DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

28. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a sua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

29. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento, observada a prescrição quinquenal. Sem condenaçãoem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre asprestações vencidas após a sentença”).

30. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

31. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

102 - 0000379-68.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000379-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCIA LUIZA PASSOSPAGANOTTI (ADVOGADO: ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA, ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DEOLIVEIRA, ES012448 - PRISCILLA THOMAZ DE OLIVEIRA, ES017041 - BRUNA MARCHIORI, ES016746 - katiusciaOliveira de Souza Marins, ES017361 - Rafael Thomaz de Oliveira, ES015770 - Davi Alves Nascimento, ES016966 - ElizaThomaz de Oliveira.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSABRITO.).RECURSO Nº 0000379-68.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000379-7/01)RECORRENTE: MARCIA LUIZA PASSOS PAGANOTTIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. PERÍCIA JUDICIAL. MÉDICO CLÍNICO GERAL OU ESPECIALISTAEM MEDICINA DO TRABALHO. POSSIBILIDADE DESDE QUE NÃO SEJA NECESSÁRIA AVALIAÇÃO QUE SOMENTEPOSSA SER FEITA POR ESPECIALISTA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.NULIDADE DA SENTENÇA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de transtorno misto ansioso e depressivo e transtorno afetivo bipolar, com quadro de depressão. Laudopericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho. Perito judicial não especialista em psiquiatria.4. A possibilidade de a perícia judicial ser idoneamente realizada por médico, clínico geral ou especialista em medicina dotrabalho, que não tenha conhecimento específico sobre a patologia ou doença de que a parte seja portadora, não abrangeas hipóteses em que há prova contrária, consubstanciada em atestados médicos, subscritos por especialistas,contemporâneos aos fatos a serem provados, nos quais tenha se concluído que o segurado está incapacitado para otrabalho.

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4. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido para declarar a nulidade da sentença e determinar que sejarealizada perícia por médico psiquiatra, com a subsequente prolação de nova sentença pelo Juízo a quo. Sem condenaçãoem custas e honorários advocatícios, uma vez que as partes não deram causa à nulidade.

RELATÓRIO

MARCIA LUIZA PASSOS PAGANOTTI interpõe recurso inominado, às fls. 87/93, contra sentença (fls. 78/79 e 84/85),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria cerceado a sua defesa, por não ter realizado a períciacom médico especialista nas patologias que lhe acometem. Sustenta que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quaisimpossibilitam o exercício da atividade de tesoureira. Pugna pela procedência do pedido ou, alternativamente, pelaconversão do feito em diligência para que a recorrente seja submetida a nova perícia.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 95).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentode nova perícia médica com especialistas nas doenças que a acometem.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 18 é contemporâneo ao período em que arecorrente fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença n. 552.081.957-9 (29/06/2012 a 06/07/2012). O atestado de fl.19, subscrito por médico psiquiatra particular em 04/07/2012, afirma que a paciente reiniciou o tratamento de transtornodepressivo grave e não está em condições de retornar às suas atividades laborativas. Em 13/07/2012, o mesmo profissionalatesta que a paciente não possui condições de retornar ao trabalho pelos próximos 60 dias (fl. 20). E, em 14/08/2012 atestaa necessidade de afastamento das atividades laborativas por 15 dias (fl. 21). Em 28/08/2012, atesta que a paciente nãoestá em condições de retornar ao trabalho, em razão do transtorno depressivo grave de que é portadora (fl. 22). Afirma, em05/12/2012, que a paciente não está em condições de exercer suas atividades pelos próximo 60 dias (fl. 23). Em01/02/2013, atesta a necessidade de afastamento do trabalho por 15 dias, em razão do tratamento de depressão eansiedade associadas. O atestado de fl. 25, subscrito por médico psiquiatra particular, em 28/02/2013, afirma que a autoraencontra-se em tratamento psiquiátrico e apresenta quadro psicológico caracterizado por oscilações de humor, logorreia,compulsões por comprar, pensamento de curso acelerado, com atividade delirante de cunho místico e não possuicondições de trabalhar. O atestado de fl. 26, subscrito em 07/03/2013 pelo mesmo profissional que subscrevera o atestadode fl. 25, indica que a autora é portadora de transtorno afetivo bipolar e transtorno de ansiedade, com recidivas frequentes,faz uso de medicação e não está em condições de trabalhar. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de transtorno misto ansioso e transtornoafetivo bipolar, com quadro de depressão e ansiedade. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 51/52).

10. Ao impugnar as conclusões obtidas pelo perito judicial, a recorrente sustenta que ele não detém o conhecimentocientífico necessário para aferir a gravidade das doenças das quais ela é portadora. Da leitura do despacho de fls. 48/49,observo que o perito judicial, Dr. Frnaklin Wilson Novaes, é “médico com especialidades em cirurgia geral, cirurgia bariátricae em perícia médica”. Embora tenha a convicção de que a perícia judicial possa ser idoneamente realizada por médico,clínico geral ou especialista em medicina do trabalho, que não tenha conhecimento específico sobre a patologia ou doençade que a parte seja portadora, assinalo que tal orientação não se aplica se, nos autos, foram juntados atestados médicos,subscritos por especialistas, contemporâneos aos fatos a serem provados, nos quais tenha se concluído que o seguradoestá incapacitado para o trabalho.

11. No presente feito, a necessidade de esclarecimento por especialista em psiquiatria mostra-se evidente, tendo-se

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em vista que o INSS, por médico integrante de seu quadro funcional, afirmou que a autora estava incapaz para o trabalhoem 01.07.2010 (fl. 43) e em 01.12.2009 (fl. 47). A despeito de as doenças psiquiátricas poderem estar associadas a grausdistintos de manifestação, é preciso que o deslinde de tal divergência seja feito por profissional especializado (arts. 130 e131, do Código de Processo Civil).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento para declarar a nulidade da sentença, a fim deque seja determinada a realização de prova pericial por médico psiquiatra, com a subsequente prolação de nova sentençapelo Juízo a quo. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, uma vez que as partes não deram causa ànulidade.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

103 - 0002388-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002388-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLI BRAUN(ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO Nº 0002388-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002388-9/01)RECORRENTE: MARLI BRAUNRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL INCONCLUSIVO.MANIFESTAÇÃO COMPLEMENTAR DA PERITA QUE NÃO ESCLARECEU SUFICIENTEMENTE A MATÉRIA.RESPOSTAS CONTRADITÓRIAS AOS QUESITOS. NULIDADE DA SENTENÇA.1. As contradições entre as respostas apresentadas no laudo pericial, bem como o desconhecimento dos motivos quebalizaram as conclusões divergentes do especialista não são óbvios e exigem que haja pronúncia específica efundamentada.2. O reconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Precedentes do Superior Tribunal deJustiça.3. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja designada nova perícia.4. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

RELATÓRIO

MARLI BRAUN interpõe recurso inominado, às fls. 74/77, contra sentença de fls. 70/72, proferida pela MMª Juíza do 2ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o INSS reconheceu asua qualidade de segurada ao lhe conceder anterior benefício de auxílio-doença, e que o seu estado de saúde se agravou.Sustenta a necessidade de realização de nova perícia. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença,para que sejam julgados procedentes os pedidos iniciais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 82/3, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudopericial afirma categoricamente a inexistência de incapacidade para o trabalho. Afirma que os laudos subscritos por médicoassistente da recorrente são inservíveis em face dos resultados das periciais administrativa e judicial.

04. É o Relatório.

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VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da análise dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 14, subscrito por oftalmologistaem 20/02/2008, afirma que a autora foi submetida à cirurgia de transplante de córnea (olho direito) em 11/02/2005 e quenão foi indicado transplante de córnea para o olho esquerdo naquele momento. O laudo de fl. 13, firmado pelo mesmoprofissional em 15/06/2009, atesta que a autora foi submetida à cirurgia de transplante de córnea no olho direito em11/02/2005 e estava inscrita na fila de transplante de córnea do olho esquerdo. O laudo redigido pela perita nomeadajudicialmente (fl. 40) afirma que a autora apresenta ceratocone no olho esquerdo e alta miopia em ambos os olhos.Contudo, relata que a recorrente pode trabalhar e deve usar óculos ou lentes de contato e, se possível, óculos escuros paraproteção da claridade e raios ultravioleta. Atesta que não há risco de agravamento ou morte, pois a autora tem boa visão noolho direito, que foi submetido ao transplante de córnea.

09. Intimado para manifestação sobre o laudo pericial, o INSS requereu esclarecimentos à fl. 48, uma vez que asrespostas dadas pela perita judicial não correspondiam aos quesitos de fls. 31/32. Intimada, a expert apresentou asrespostas de fl. 51, nas quais afirma que há incapacidade temporária, pois já houve recuperação do olho direito, o quetambém poderia ocorrer com o olho esquerdo se tivesse sucesso em tratamento cirúrgico, por exemplo (quesito n. 10). Aoresponder ao quesito n. 11, que trata da estimativa do tempo necessário para o tratamento e a recuperação, a peritaatestou que o olho direito já foi tratado e necessita acompanhamento, e que se fosse proceder ao tratamento cirúrgico emolho esquerdo, poderia estimar um período entre um e dois anos, ou até antes dependendo da rapidez de andamento da filado transplante. Ao final, afirmou que “a atividade da paciente é lavradora. Talvez seja interessante uma reabilitação emoutra atividade que não tenha exposição solar ou muita luminosidade que podem afetar seu desempenho. Se exposta àlavoura deve usar óculos de proteção para evitar trauma ocular, por exemplo com galho de café”.

10. Observo que há relevantes contradições no laudo complementar de fl. 51, sobretudo porque a perita respondeuque a doença não induz incapacidade para o trabalho (quesito n. 6), mas também afirmou que haveria incapacidadetemporária (quesito n. 10). Além disso, mencionou possível tratamento cirúrgico no olho esquerdo e reabilitação profissional(quesitos n. 10 e 14).

11. Destaco que a existência de solução cirúrgica e a possibilidade de reabilitação profissional (ainda não realizada,segundo resulta dos autos) não bastam para afastar o direito à percepção do auxílio-doença (artigos 62 e 101 da Lei n.8.213/91).

12. Nesse contexto, o contraste entre as respostas apresentadas não permite que se considere prescindível arealização de novo exame pericial. As contradições constatadas e o desconhecimento dos motivos que balizaram asconclusões divergentes do especialista não são óbvios e exigem que haja pronúncia específica e fundamentada sobre eles,nos termos do art. 435, do Código de Processo Civil. Ressalto que o reconhecimento da nulidade apontada baseia-seigualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, do Código de Processo Civil), que pode determinar arealização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervo probatório não permita que ele forme conclusão segurasobre o pedido deduzido (art. 437, do Código de Processo Civil). Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal deJustiça nos seguintes julgados:

PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃODO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº

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646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça. Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

13. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejadesignado novo exame pericial, de modo a esclarecer as divergências entre as respostas contidas no laudo pericial. Semcondenação em custas e honorários advocatícios, por não terem as partes dado causa à nulidade identificada.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

104 - 0001080-31.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.001080-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENA PEREIRALIMA (ADVOGADO: ES013747 - BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0001080-31.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.001080-3/01)RECORRENTE: MARIA DA PENA PEREIRA LIMARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONTRADIÇÃOCOM OS DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA CONSTANTES DOS AUTOS. MANIFESTAÇÃO COMPLEMENTAR DOPERITO QUE NÃO ESCLARECEU SUFICIENTEMENTE A MATÉRIA. PERSISTÊNCIA DE PERPLEXIDADE NAAVALIAÇÃO DAS PROVAS. NULIDADE DA SENTENÇA.1. A contradição entre o laudo e os demais elementos constantes dos autos, bem como o desconhecimento dos motivosque balizaram as conclusões divergentes do especialista não são óbvios e exigem que haja pronúncia específica efundamentada.2. O reconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Precedentes do Superior Tribunal deJustiça.3. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja designada nova perícia e proferida novasentença.4. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

RELATÓRIO

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MARIA DA PENA PEREIRA LIMA interpõe recurso inominado, às fls. 129/132, contra sentença (fls. 121/122), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença ou conceder aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que os laudos médicosparticulares, bem como o laudo pericial produzido em ação que tramitou perante a Justiça do Trabalho, revelam a alegadaincapacidade. Sustenta que o laudo emitido pelo perito nomeado no Juízo de origem restou inconclusivo e evasivo, pois nãoanalisou a enfermidade da recorrente de forma detalhada. Aduz que o perito apenas respondeu aos quesitos de formaobjetiva, sem fundamentação e sem levar em consideração todos os laudos juntados aos autos. Pugna pelo provimento dorecurso, com a reforma da sentença, para determinar a concessão do auxílio-doença, desde o requerimento administrativo.

03. O INSS, embora intimado, não apresentou contrarrazões (fl. 135).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Em sua petição inicial, a parte autora afirmou que “vinha exercendo a profissão de merendeira (conforme cópiasem anexo de sua CTPS), entretanto devido a problemas de saúde, tais como artrose difusa, hérnia de disco lombar etendinite ombro-b (conforme laudos médicos particulares em anexo), ficou impossibilitada de realizar suas atividadeslaborativas” (fl. 02). Determinada a realização de perícia, o especialista nomeado pelo Juízo afirmou que a autora nãopossui nenhuma patologia ortopédica que a incapacite para o trabalho (fl. 72).

09. Intimadas as partes para manifestarem-se sobre o laudo, a demandante requereu a designação de outroprofissional para realizar perícia, com a análise de todos os atestados e exames juntados aos autos. Na mesmaoportunidade, apresentou novos laudos médicos (fls. 77/92). Em seguida, a autora apresentou laudo médico pericialextraído dos autos de Reclamação que tramitava perante a Vara do Trabalho de São Mateus (fls. 93/110). O mencionadolaudo, instruído com fotografias, apresenta fundamentação robusta e indica a incapacidade da autora para realizar suasatividades laborativas. Transcrevo, por oportuno, a conclusão obtida pelo perito (médico do trabalho), em 28/10/2011 (fl.110): “após análise dos autos, das atividades descritas, dos documentos acostados aos autos, dos laudos médicos e dediagnóstico por imagem, do exame físico, da história clínica e ocupacional, o Perito conclui que o quadro ora apresentado éde origem crônico-degenerativo, não ocupacional, no entanto, como já explicado, mesmo assim, tal situação, incapacita areclamante de realizar suas atividades na reclamada, assim como até mesmo em casa.”. Diante disso, foi determinada aintimação do perito do juízo para que se manifestasse (fl. 111). No entanto, o expert limitou-se a afirmar que mantinha olaudo pericial primário e que as alterações degenerativas não são compressivas, mas inerentes à faixa etária (fl. 114).

10. Observo que o perito nomeado pelo juízo de origem não fundamentou seu laudo de forma suficiente, em facedos demais elementos de prova constantes dos autos, em especial diante do laudo emitido por médico do trabalho, que,após análise exauriente do estado de saúde da autora, concluiu pela incapacidade laborativa. O expert não realizou o cotejodos resultados de exames apresentados, tampouco apontou, de forma clara e convincente, os motivos que o levaram aconcluir que a recorrente está apta a exercer sua atividade habitual. Entretanto, o respeitável Juízo a quo, ao proferirsentença, afirmou que a parte autora não comprovou a existência de incapacidade que autorize a concessão do benefício,inexistindo nos autos documentos capazes de infirmar a conclusão pericial, o que levou ao julgamento de improcedênciados pedidos.

11. Contudo, o contraste entre as provas produzidas não permite que se considere prescindível a realização de novoexame pericial. A contradição entre o laudo e os demais elementos que compõem o acervo probatório, bem como odesconhecimento dos motivos que balizaram as conclusões divergentes do especialista não são óbvios e exigem que hajapronúncia específica e fundamentada sobre eles, nos termos do art. 435, do Código de Processo Civil. Ressalto que oreconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido (art. 437, do Código de Processo Civil).Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça nos seguintes julgados:PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO

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DO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça.Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

12. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejadesignado novo exame pericial, de modo a esclarecer as divergências entre o laudo pericial e os demais elementos deprova constante dos autos, em especial o laudo de fls. 95/110, proferindo-se nova sentença. Sem condenação em custas ehonorários advocatícios, por não terem as partes dado causa à nulidade identificada.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

105 - 0000138-28.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000138-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILDA FERNANDESANASTACIO (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000138-28.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000138-0/01)RECORRENTE: ZILDA FERNANDES ANASTACIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose dos joelhos. Laudo pericial em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

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RELATÓRIO

ZILDA FERNANDES ANASTACIO interpõe recurso inominado, às fls. 48/51, contra sentença de fls. 43/44, proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez, bem como pagar indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Afirma que o Juiz não estáadstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau de escolaridade e profissão da recorrente. Argui,ainda, suposta nulidade da sentença, por violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processolegal, pois ela foi prolatada sem que o perito judicial houvesse respondido de forma completa aos quesitos formulados.Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para julgar procedentes os pedidos, ou a anulação dojulgado confrontado, com o retorno dos autos ao Juízo de origem para que sejam respondidos os quesitos apresentados àfl. 38. Na hipótese de acolhimento do laudo pericial, requer a concessão do benefício no período compreendido entre orequerimento administrativo e a data da perícia médica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 54/55).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Ressalto que o requerimento de anulação da sentença, com o retorno dos autos ao Juízo de origem, para que o peritopreste esclarecimentos e responda a quesitos complementares, não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 426, I, do Código de Processo Civil).

09. Ademais, não se pronuncia nulidade sem demonstração de prejuízo (art. 13, §1º, da Lei nº 9.099/95 c/c art. 250,parágrafo único, do Código de Processo Civil). Embora o laudo emitido pelo perito do Juízo (fls. 34/36) não contenha, deforma discriminada, as respostas aos quesitos da parte autora (fl. 02), não foi demonstrada pela recorrente a existência dequestões relevantes que não tenham sido esclarecidas pelo expert. Observo, também, que os mencionados quesitos (fl. 02)apresentam-se essencialmente semelhantes àqueles formulados pelo Juízo (fls. 31/32), os quais foram satisfatoriamenterespondidos. De todo modo, tais questionamentos restariam inevitavelmente prejudicados, ante a constatação da ausênciade incapacidade da autora para as suas atividades laborativas. Nesse contexto, não foi demonstrado pela recorrente emque medida a omissão do perito prejudicou o adequado julgamento da demanda, o que infirma a alegada nulidade dasentença.

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo radiológico de fl. 07, emitido em 10/11/2010,relata alinhamento normal da coluna lombar; forma, densidade e contornos normais dos corpos vertebrais; espaçosintervertebrais preservados; pedículos e apófises articulares íntegras; ausência de sinais de espondilolise ouespondilolistese; e osteófitos marginais em L4-L5. Quanto ao joelho direito, aponta espaços articulares mantidos eosteófitos em patela. O laudo de ressonância magnética do joelho esquerdo (fl. 08), firmado por médico radiologista em13/12/2011, descreve lesão heterogênea, com características benignas no fêmur distal, com pequenas imagensarredondadas de permeio, compatível com a indicação clínica de encondroma; condropatia grau I na patela; entesopatiapatelar do retináculo lateral, que poderia estar relacionada à hipersolicitação do mecanismo extensor; estiramento discretono ligamento cruzado anterior; e pequeno derrame articular que se estende para cisto de Baker. O atestado médico de fl.09, datado de 09/12/2010, afirma que a autora apresentava dificuldade para deambular, com dor intensa do joelho direito àcoluna lombar. Os laudos de fl. 10, subscritos por ortopedista em 27/09/2011 e 27/12/2011, direcionados à perícia do INSS,indicam que a autora queixava-se de dor no joelho esquerdo e lombalgia. Apontam espondiloartrose e escoliose. O laudo

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do exame pericial judicial, realizado em 15/03/2013 (fls. 34/36), afirma que a autora é portadora de artrose discreta dosjoelhos, com mobilidade normal e sem nenhuma alteração da coluna ou joelhos. Atesta que não há incapacidade laboral.

11. Após a juntada do laudo pericial, a autora requereu que os seus quesitos (apresentados no bojo da petiçãoinicial) fossem respondidos. Pugnou, ainda, pela complementação das respostas aos quesitos do Juízo (fl. 38). Entretanto,o ilustre magistrado prolator da sentença considerou que tais questionamentos já se encontravam superados pela firmeconclusão pericial, no sentido de que inexiste incapacidade. Ressaltou, também, que todas as patologias alegadas pelaautora são de cunho ortopédico, cuja incapacidade foi afastada pela perícia judicial (fl. 43). Constatada a suficiência doacervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante a desnecessidade de realização das diligênciascomplementares requeridas pela recorrente.

12. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atualdo segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

13. No que concerne ao pagamento das prestações vencidas do benefício de auxílio-doença referentes ao períodocompreendido entre a data do requerimento administrativo e a realização da perícia judicial, a irresignação também nãoprospera. Compulsando os autos, observo que a autora comprovou ter formulado requerimento perante o INSS em06/01/2011 (fl. 06). Todavia, não foi comprovada a alegada incapacidade ao tempo do exame pericial, tampouco emperíodo pretérito (contemporâneo ou não ao requerimento administrativo). Também não há elementos de prova nos autoscapazes de infirmar as constatações do perito judicial e dos profissionais do INSS, que não reconheceram a supostaincapacidade.

14. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

15. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

16. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

106 - 0002313-32.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002313-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANAINA RANGEL DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES018445 - ANA PATRÍCIA DE ALBUQUERQUE MESQUITA, ES009223 - IZAIAS CORREABARBOZA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSABRITO.).RECURSO Nº 0002313-32.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002313-1/01)RECORRENTE: JANAINA RANGEL DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de

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12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JANAINA RANGEL DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 97/105, contra sentença (fls. 94/95), proferida pelaMMª. Juiza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e a convertê-lo em aposentadoria por invalidez, e subsidiariamente aconcessão do benefício da prestação continuada (LOAS).

02. A recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, porque é portadora de hidrocefalia, motivo este quelhe causa incapacidade para exercer sua atividade laboral. Afirma que o Juízo a quo não se manifestou quanto ao pedidode concessão do benefício assistencial de prestação continuada (LOAS), caso não fosse concedido o benefício deauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Argúi que preenche todos os requisitos para a concessão do benefícioassistencial de prestação continuada. Pede a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez/ auxílio-doença, ousucessivamente seja concedido o benefício assistencial de prestação continuada.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 107).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente requer subsidiariamente a concessão do benefício assistencial de prestaçãocontinuada.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de ressonância magnética do crânio (fl. 42),realizado em 26/09/2009, descreve acentuada hidrocefalia supra-tentorial. O laudo médico, de fl. 43/44, é contemporâneo aconcessão do benefício nº 543.025.461-0. O exame de tomografia computadorizada (fl. 44), realizado em 27/09/2011,descreve hidrocefalia supratentorial com apagamento das fissuras e sulcos corticais, sem evidência de transudaçãoependimária. O laudo médico de fl. 47, subscrito em 25/10/2011, narra paciente com hidrocefalia crônica com sulcospresentes, sem convulsões, orienta observação, sem indicação de DVP (derivação ventrículo peritoneal), memória semalterações, dor lombar. O exame de fl. 55 evidencia a presença de vértebra de transição lombosacra com mega apófisearticulada à esquerda.

09. Nas avaliações feitas pelos médicos integrantes do quadro do INSS, a parte autora foi considerada incapaz nosexames realizados em 17/11/2010 (fl. 74) e 15/02/2011 (fl. 75); porém, em 16/02/2011 (fl. 76), o perito da autarquia afirmouque a demandante tinha aptidão para o trabalho (fl. 76). De igual modo, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de “hidocefalia (Cid 10: G 91) – adquirida.”. Complementa informandoestar em controle da doença com médico neurologista, porém sem uso de medicação. Concluiu que não há incapacidadelaborativa (fl. 80).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos

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atestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Em sua peça recursal, a parte autora afirmou ser juridicamente pobre, razão por que faria jus ao benefícioassistencial de prestação continuada. Contudo, não há nos autos prova de que a renda per capita do núcleo familiar dademandante seja igual ou inferior a ¼ do salário-mínimo vigente, o que impede que, na presente fase, o pleito paraconcessão de benefício assistencial de prestação continuada seja conhecido e julgado. Ademais, como já destacado, adespeito dos empecilhos relacionados à doença que acomete a autora, não há prova de que ela, no momento da realizaçãoda perícia ou da propositura da ação, estivesse incapacitada para o trabalho. Insta destacar que o quadro evolutivo dadoença pode ser desfavorável à segurada, o que lhe permitirá requerer administrativamente concessão do benefício porincapacidade, ocasião em que será verificado novamente o preenchimento dos requisitos para o deferimento do benefício.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fls. 77/78).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

107 - 0000770-85.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000770-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELZA FABRIS DA SILVA(ADVOGADO: ES012398 - ERIMAR LUIZ GIURIATO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000770-85.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000770-2/01)RECORRENTE: ELZA FABRIS DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrite psoriática. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ELZA FABRIS DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 56/61, contra sentença (fls. 53/54), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividadede trabalhadora rural. Pugna pela procedência do pedido e, sucessivamente, pede o retorno dos autos ao Juizado de

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origem para o regular prosseguimento do feito, assegurando o direito de produzir provas durante a instrução.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 64).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 10, subscrito por médicoreumatologista da clínica Biocentro em 15.04.2010, afirma que a autora está em acompanhamento reumatológico desdeoutubro de 2007, com diagnóstico de artrite psoriática e apresenta dificuldades para exercer suas funções laborais. Oatestado médico de fl. 11, redigido em 01.07.2010, possui o mesmo teor do atestado de fl. 10, além de afirmar que há roturafocal na inserção umeral, com indicação de cirurgia. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido apontado que a recorrente é portadora de artrite psoriática e encontra-se semmanifestações clínicas comuns na enfermidade, sem lesões, sem edemas e com movimentos livres. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 41/42).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que o pedido sucessivo de retorno dos autos ao juizado de origem não veio acompanhado defundamentação idônea. Ademais, a fase de instrução processual foi encerrada e a autora teve oportunidade de produzir asprovas cabíveis.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

108 - 0001042-79.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001042-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BRAZ QUEIROZ(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001042-79.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001042-7/01)RECORRENTE: BRAZ QUEIROZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA

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CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de lombalgia crônica, com quadro de dor lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

BRAZ QUEIROZ interpõe recurso inominado, às fls. 109/114, contra sentença (fls. 105/106), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho otrabalho de lavrador. Pugna pela procedência do pedido ou, alternativamente, pela conversão do feito em diligência paraque o recorrente seja submetido à nova perícia, em razão da existência de contrariedade aos exames de outrosespecialistas.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 118).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 50, subscrito por médiconeurocirurgião da clínica Neurotcno LTDA em 21.09.2010, afirma que o autor é portador de doença degenerativa grave decoluna lombo-sacra com compressão e lesão radicular associada, complicadas por instabilidade degenerativa de colunalombar caracterizada por espondilolistése de L5 sobre S1, havendo limitação de mais de 80% dos movimentos da colunalombar e membros inferiores. Aponta que há incapacidade laborariva. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente é portador de lombalgia crônica e

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apresenta quadro de dor. Nele se indica que o periciado está em bom estado geral, lúcido, orientado no tempo e no espaço,com boa mobilidade de membros e troncos e força muscular preservada. Ressalta que a doença pode ser controlada comuso de medicação e/ou tratamento fisioterápico. Aduz que o tratamento e o acompanhamento médico especializadopoderão ser realizados na rede pública de saúde. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 91/95).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado, bem como a manutenção do benefícioprevidenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno aotrabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, registro que as TurmasRecursais do Rio de Janeiro adotam orientação no sentido de que “O momento processual da aferição da incapacidadepara fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípiodo contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novasalegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 73).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

109 - 0005904-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005904-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE BRAGA DE SOUZA(ADVOGADO: ES016053 - RODOLFO NICKEL NEVES, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0005904-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005904-3/01)RECORRENTE: JORGE BRAGA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor que apresenta dores na coluna cervical. Laudo pericial em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

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RELATÓRIO

JORGE BRAGA DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 119/131, contra sentença de fls. 115/117, proferida pelaMMª. Juíza do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidospara condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de patologia incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o exercício de suaprofissão não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade delavrador. Afirma que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial, especialmente ao se considerar idade, grau de escolaridade eprofissão do recorrente. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam acolhidos ospedidos contidos na inicial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 136/140, nas quais requer o desprovimento do recurso, com amanutenção da sentença, uma vez que o laudo pericial atestou a inexistência de incapacidade laborativa.

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de tomografia computadorizada da colunalombar de fl. 10 aponta sinais incipientes de espondiloartrose lombar. Consta, ainda, que não foram observadas imagens dehérnia discal ou lesões expansivas intracanal no segmento avaliado. O laudo médico de fl. 11, firmado por ortopedista em19/09/08, descreve lombalgia crônica e artrose interapofisária. Afirma que o autor não tinha condições para o trabalho nomomento devido à dor e à limitação funcional. O laudo emitido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 89/90) indica que oautor apresenta dor na coluna cervical e atesta tratar-se de doença de origem degenerativa. Contudo, afirma que não háincapacidade para o trabalho. Relata que, ao exame físico, o autor apresentou força preservada, sem déficits motores esensitivos, bem como testes especiais negativos.

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atualdo segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão da aposentadoria por invalidez. A propósito, destaco o teor da Súmulanº 77 da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer aincapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 38).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

110 - 0001135-42.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001135-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEJAYR PEREIRA(ADVOGADO: ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001135-42.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001135-3/01)RECORRENTE: DEJAYR PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de hérnia de disco cervical. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

DEJAYR PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 59/74, contra sentença (fls. 56/57), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho dasatividades de marítimo.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 77).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

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08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 16, subscrito por médico da BiomedClínica Médica em 09.02.2011, afirma que o autor apresenta quadro de lesão em ombro esquerdo e deve evitar esforço emtal articulação durante o período do tratamento. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente em junhode 2012, afirma-se que o recorrente é portador de hérnia de disco cervical, com presença de dor na coluna cervical queirradia para membro superior, dormência e perda da força muscular. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls.41/42). Assim, não obstante o recorrente tenha sido concedido o beneficio de auxílio-doença em 16.02.2012 (fl. 32), ascondições de inaptidão não mais existiam na data em que a perícia foi realizada.

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 25).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

111 - 0000329-76.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000329-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARTA MARIA DOSOCORRO (ADVOGADO: ES017019 - MICHELLE THIARLA FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000329-76.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000329-0/01)RECORRENTE: MARTA MARIA DO SOCORRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de osteoartrose leve na coluna dorsal, com quadro de dor e restrição de movimento vertebralsecundária à dor. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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MARTA MARIA DO SOCORRO interpõe recurso inominado, às fls. 53/58, contra sentença (fls. 50/51), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar da data do requerimentoadministrativo (14.12.2010).

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividadede trabalhadora rural.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 60).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 25, subscrito por médico da Clínicados Acidentados de Cachoeiro de Itapemirim em 20.12.2010, afirma que a recorrente relata lombalgia irradiando paramembros inferiores, dor ao exame físico, palpação, esforço físico e sinovite. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de osteoartrose leve na coluna dorsal, com quadro de dor erestrição de movimento vertebral secundária à dor. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 38/40).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 35).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

112 - 0001066-16.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001066-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDA DE SOUZA LOUZADA(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0001066-16.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001066-5/01)RECORRENTE: ALDA DE SOUZA LOUZADARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Inexistência de nulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de lombalgia, com quadro de dores no ombro. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autorapara o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ALDA DE SOUZA LOUZADA interpõe recurso inominado, às fl. 73/79, contra sentença (fls. 70/71), proferida pela MMa.Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, ocasionando o cerceamento de defesa, uma vez que a perícia judicial, além de lacônica, foi realizadapor médico que não é especialista na área de cada patologia alegada pela autora em sua inicial, qual seja, psiquiatria eneurologia. Alega ainda ser portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Pugna pela anulação da sentença ouprocedência do pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 81).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria baseado sua decisão empericia judicial que, além de lacônica, foi realizada por médico perito que não possui especialidade na área de psiquiatria eneurologia. O questionamento aludido solicitava que fosse feita perícia por médico com especialidade em cada patologiaapontada na peça inicial, para que pudesse ser constatada de fato a existência de incapacidade. Contudo, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento do pleito paraesclarecimentos e para a indicação dos referidos especialistas mostra-se acertado, especialmente por não haver prova deque o perito judicial tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91), de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que a sentença é nula, porque houve cerceamento de defesa, vez que aperícia judicial foi realizada por médico perito que não possui especialidade para com as patologias informadas nosdocumentos particulares juntados aos autos (fls. 24/31).

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09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo radiológico de fl. 28, subscrito por médico doSUS em 27.07.2009, atesta que a autora apresenta discreta escoliose de coluna dorso-lombar com acentuação da cifosedorsal, hiperlordose lombo-sacra e espondiloartrose de coluna dorso-lombar, bem como espondiloartrose de coluna cervicalcom ‘pinçamento” dos espaços discais em C5/C6/C7. O laudo do exame de ressonância magnética de fls. 24 e 26,subscrito por médico da Clínica Mais em 11.02.2010, afirma que a autora apresenta osteoartrose com alteraçõesdegenerativas interapofisárias na coluna, discopatia degenerativa lombar com abaulamentos difusos, com compressão dosaco dural junto à emergência do segmento radicular descendente e o segmento radicular emergente. O atestado de fl. 30,redigido por médico do SUS em 23.04.2010, afirma que a autora apresenta quadro de artrose e hérnia de disco, estandoinapta para exercer suas atividades laborais. O atestado de fl. 31, subscrito por médico do SUS em 26.08.2010, afirma quea autora apresenta dores intensas na coluna lombar que irradia para os pés, com quadro de espondiloartrose e hérniadiscal, sem condições de trabalho. O laudo médico de fl. 29, subscrito por médico da Clínica dos Acidentados de Cachoeirode Itapemirim LTDA em 20.10.2010, aponta que a autora apresenta lombalgia irradiando nas pernas, causando perda deforça, parestesia, dor mobilidade, dor palpação, dor de joelho, crepitação patelar, artrose medial, sinovite e limitação damobilidade, com tempo indeterminado para tratamento. O exame de radiografia de fl. 25, subscrito por médico do CentroRadiológico Cachoeiro Ltda em 21.10.2010, afirma que a autora apresenta gonartrose, notadamente nos compartimentosfemoropatelares e femorotibial interno caracterizado por osteófitos marginais, esclerose subcondral e redução dasrespectivas fendas articulares em joelho direito. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-seem sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de lombalgia, com quadro de dores no ombro, deorigem inflamatória, com início há três anos aproximadamente, que se encontra com exame físico dentro da normalidade.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 42/45).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Além disso, o acervo probatório, formado pelos documentos oriundos do INSS (fls. 36/39), leva àconvicção contrária ao pleito da autora, uma vez que não há divergência quanto à sua aptidão física para o trabalho, o quenão é afetado pelo modo lacônico de algumas respostas dadas pelo especialista.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 40).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

113 - 0000726-66.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000726-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA FERREIRA FIRMINO(ADVOGADO: ES009320 - NEILIANE SCALSER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000726-66.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000726-0/01)RECORRENTE: LUZIA FERREIRA FIRMINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Inexistência de nulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de artrose cervical. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da demandante para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

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RELATÓRIO

LUIZA FERREIRA FIRMINO interpõe recurso inominado, às fl. 144/146, contra sentença (fl. 141/142), proferida pela MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita às fls. 132/133 ao laudo pericial de fls. 127/128. Pede oretorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fls.132/133. Pugna ainda, pela realização de nova perícia.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 149).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não se manifestou quanto àimpugnação feita, às fls. 132/133, para que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos suplementarescom o intuito de complementar o laudo. O questionamento aludido solicitava que fossem respondidos quais são aslimitações causadas pela doença que acomete a autora, quais partes físicas se encontram comprometidas, se ademandante está apta a retornar para a função de servente, bem como informar se ela já gozou de benefício previdenciário.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento dopleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. Ressalto que o pedido derealização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada nãoesclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código deProcesso Civil).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 15, 77 e 79, são contemporâneosao período em que a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 526.122.702-6 (01.07.2007 a04.01.2009). O atestado de fl. 55, subscrito por médico da Medicina do Trabalho em 04.05.2009, afirma que a autoraapresenta quadro de dor, é assistida por ortopedista particular, o qual informa que ela está incapacitada para o trabalho edeve se aposentar. O laudo de fl. 71, firmado por médico do Centro Ortopédico Linhares em 07.10.2009, aponta que aautora é portadora de cervicalgia com osteoartrose cervical e bursite em ombro esquerdo. O atestado de fl. 66, redigido pormédico do Hospital Rio Doce em 10.06.2010, indica que a autora é portadora de cervicalgia e artrose cervical e sugereafastamento do trabalho. O atestado de fl. 64, subscrito por médico do Hospital Rio Doce em 08.12.2010, afirma que aautora é portadora de cervicalgia e artrose cervical e está incapacitada. O atestado de fl. 63, firmado por médico do CentroOrtopédico Linhares em 14.02.2011, afirma que a autora apresenta quadro de cervicalgia e artrose cervical e necessita deafastamento das atividades laborais. O atestado de fl. 91, redigido por médico do Hospital Unimed Linhares em 04.04.2011,aponta que a autora é portadora de cervicobralgia e osteoartrose cervical e sugere o afastamento definitivo das atividadeslaborais. O atestado de fl. 92, subscrito em 18.08.2011 pelo mesmo profissional que subscrevera o atestado anterior, indicaa permanência das mesmas enfermidades da autora, sugerindo o afastamento definitivo do trabalho. O atestado de fl. 99,subscrito por médico do Hospital Rio Doce em 08.09.2011, afirma que a autora é portadora de cervicobralgia e osteoartrosecervical e sugere o afastamento definitivo das atividades laborais. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de artrose cervical.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 127/128).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo

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necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 90).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

114 - 0000660-89.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000660-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) Sebastião Carlos RodriguesNeves (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000660-89.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000660-9/01)RECORRENTE: SEBASTIÃO CARLOS RODRIGUES NEVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de artrose da coluna lombar com sinais de compressão nervosa. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade do autor para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

SEBASTIÃO CARLOS RODRIGUES NEVES interpõe recurso inominado, às fl. 51/53, contra sentença (fl. 46/47), proferidapela MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial à fl. 45. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na peça inicial, ou que seja realizada nova períciapor outro médico perito, ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 58/62, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial. O questionamento aludidosolicitava que fossem respondidos quais os motivos que ensejaram a concessão do benefício cessado e se aindapersistem. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialistatenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. Ademais, as respostasapresentadas são suficientes para a resolução das questões controversas no processo, inexistindo cerceamento ao direitoà produção de prova ou infração ao devido processo legal (art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988).

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 13/19, são contemporâneos aoperíodo em que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 5171842414 (04/07/2006 a 14/12/2010). Oautor, portanto, não realizou a juntada de nenhum documento particular atualizado, capaz de demonstrar a existência oupermanência de incapacidade laboral. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que orecorrente é portador de artrose lombar com sinais de compressão nervosa, com exame físico normal e assintomático.Concluiu que não há incapacidade laborativa para a função de motorista de táxi ou de carros de passeio (fls. 35/37).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conformedemonstram as provas produzidas nos autos. Além disso, insta salientar que o demandante trabalha como motorista decaminhão, taxi e carros de passeio, motivo por que a inaptidão para dirigir caminhões não afeta a realização de suaatividade habitual, uma vez que não há impedimento para a direção de taxi e carros de passeio (fl. 36)

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 23).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

115 - 0001750-04.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001750-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LADIR FERREIRA DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DESOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0001750-04.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001750-0/01)RECORRENTE: LADIR FERREIRA DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSENCIA DE CONSTATAÇÃO DEPERMANENCIA DA DOENÇA INCAPACITANTE DA AUTORA NO PERÍODO PRETENDIDO NA INICIAL. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total

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e permanente, dentro do período de 30.04.2008 a 19.07.2011, quando não houve a concessão do benefício deauxílio-doença, porque foi constatada a capacidade laboral nesse intervalo de tempo.3. Autora portadora de artrose avançada em ambos os joelhos por ruptura dos tendões e já se encontra aposentada porinvalidez. Laudo pericial em que se atestou a existência atual de incapacidade, sem que fosse definida a sua data de início.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

LADIR FERREIRA DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 87/107, contra sentença (fls. 92/94), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença no período de 30.04.2008 até 19.07.2011.

02. A recorrente afirma que desde 2004 é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral eque a cessação do benefício em 30.04.2008 desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seuefetivo exercício profissional não foi possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitaram decontinuar desempenhando sua atividade profissional. Pugna pela procedência do pedido para que seja concedido obenefício de auxílio-doença no período entre 30.04.2008 a 19.07.2011, sendo efetuado o pagamento das parcelasatrasadas em razão da permanência da doença/lesão que a incapacitou para o trabalho.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de devidamente intimado (fl. 109).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual, desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91),dentro do período de 30.04.2008 a 19.07.2011, momento em que a recorrente não percebeu o benefício por ter sidoconstatada a aptidão para o trabalho. A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para aconcessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacitou para sua atividade laborativa,devido à permanência da doença desde 2004 quando havia percebido o benefício.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 30, subscrito por médico do HospitalSanta Casa de Misericórdia de Vitória em 14.08.2009, afirma que a autora apresenta lesão do manguito rotador do ombrodireito. O exame de radiologia de fl. 33, subscrito por médico do Hospital Estadual Central em 22.11.2010, indica existênciade sinais de espondiloartrose lombar, discopatia degenerativa difusa em coluna lombo-sacra e sinais de artrose no joelhodireito e esquerdo. No atestado de fl. 34, subscrito por médico do SUS em 22.11.2010, afirma-se que a recorrenteapresenta lesão do supra-espinhoso, com dor em ombro, coluna lombar e joelhos, ocasionando limitação funcional. Olaudo da radiografia de fl. 35, subscrito por médico do Hospital Santa Casa de Iúna em 07.02.2011, indica a presença deartropatia degenerativa acromioclavicular por formações osteofitárias marginais, esclerose subcondral e pequeno geodo,alterações fibrocísticas na face lateral da cabeça umeral, de aspecto degenerativo, partes moles sem alterações, ausênciade sinais de fratura. O atestado de fl. 36, subscrito por médico do SUS em 22.02.2011, afirma que a recorrente apresentador em coluna, ombro e joelhos, ocasionando limitação funcional. O exame de ressonância magnética de fl. 38, subscritopor médico do Hospital Santa Rita em 18.06.2011, afirma que a recorrente apresenta artrose acrômio-clavicular, rotura dosupra-espinhal associado à tendinopatia, tenossinovite, pequeno derrame articular e bursite subacromial e subcoracóidea.

09. Após análise de tais atestados médicos, constato que não há menção expressa de que a autora encontrava-seincapacitada para o trabalho dentro do período pretendido em sua inicial. O perito judicial, em laudo redigido em11.10.2013, não soube precisar a data de início da incapacidade, limitando-se a afirmar que a autora encontra-seaposentada desde 2011 (fls. 83/84). Insta salientar que o fato de a doença, que acomete a parte autora, ser degenerativaimpede que a data de seu início seja coincidente com aquela em que a incapacidade para o trabalho tenha sido verificada.Ademais, a possibilidade de patologias musculares e ósseas serem controladas por medicação e tratamentosconservadores não permite que se conclua que a inaptidão para o trabalho tenha perdurado nos períodos em que a parteautora não gozou de benefício por incapacidade.

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10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. Vale sublinhar que o novo benefício só foi concedido em razão da existênciade lesão no ombro decorrente de uma queda, ou seja, de novo quadro clínico totalmente diverso daquele que motivou aconcessão anterior (fl. 52). Portanto, a recorrente não faz jus ao pagamento de parcelas atrasadas, uma vez que não restoudemonstrada a existência de incapacidade dentro do período mencionado em sede recursal ( 30.04.2008 a 19.07.2011).

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 55).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

116 - 0000384-55.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000384-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO EDSON DE ANGELI(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0000384-55.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000384-8/01)RECORRENTE: PAULO EDSON DE ANGELIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de hérnia de disco cervical, com quadro de dor na coluna que irradia para membro inferior com perda daforça muscular. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

PAULO EDSON DE ANGELI interpõe recurso inominado, às fl. 55/58, contra sentença (fl. 51/52), proferida pela MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque o processo não foi devidamente instruído, pelo fato de queoutras doenças que atingem o autor foram omitidas pelas perícias e não foram levadas ao conhecimento do Juízo. Afirmaque é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade de mecânico montador. Pugna pela

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procedência do pedido ou, alternativamente, pela anulação da sentença.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 63).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o laudo pericial teria se omitido acerca dedoença depressiva que o acomete. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre asdoenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial,razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova deque o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. Instasalientar, que a menção vaga à existência de “quadro depressivo com emagrecimento”, feita pelo médico do trabalho, não ésuficiente para indicar a existência de incapacidade em razão de tal doença (fl. 8).

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que a sentença é nula, porque não teria se baseado no seu verdadeiroquadro clínico, uma vez que houve omissão de outras doenças que o atingem. Pugna para que o pedido seja julgadoprocedente, ou que a sentença seja anulada.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 9/11 são contemporâneos aoperíodo em que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença n. 542.253.003-5 (18.08.2010 a 05.05.2011). Oatestado de fl. 8, subscrito por médico do trabalho da Clínica Méd Grupo Center em 05.05.2011, afirma que o autor éportador de osteo e discopatia degenerativa de coluna cervical e lombo-sacra, apresenta quadro depressivo comemagrecimento e está incapacitado para o trabalho. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente é portador de hérnia de disco cervical, foi submetidoa tratamento cirúrgico em 15/10/2010 com boa evolução e não apresentou limitação funcional ao exame físico. Concluiuque não há incapacidade laborativa (fls. 42/45). O autor também foi submetido à perícia com médico neurologista queatestou a inexistência de incapacidade laborativa (fl. 30).

10. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 14).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

117 - 0000398-39.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000398-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA APARECIDALOUREIRO DA SILVA (ADVOGADO: ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000398-39.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000398-8/01)RECORRENTE: MARIA APARECIDA LOUREIRO DA SILVA

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de lesão em ombro direito. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MARIA APARECIDA LOUREIRO DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 71/74, contra sentença (fls. 65/68), proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar do ajuizamento da ação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade de auxiliarde produção. Pugna pela procedência do pedido ou, se necessário for, pela conversão do feito em diligência para que arecorrente seja submetida à nova perícia por profissionais especialistas para o caso.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 86).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados e exames de fls. 7/8 e 10/20 sãocontemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepção dos benefícios de auxílio-doença n. 536.385.447-0 e542.851.791-0 (datados de 11.07.2009 a 24.03.2010 e 28.09.2010 a 14.04.2011, respectivamente), ou seja, a autora não

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juntou laudo comprovando a sua incapacidade laborativa após a cessão do último benefício. Por sua vez, no laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente apresenta história de lesão tendínea em ombro direito, tendosido operada em 05/10/2010. Há exame de ressonância magnética demonstrando a cura da lesão. E, não há nexo decausalidade entre a lesão apresentada e o trabalho desenvolvido pela recorrente. O perito judicial concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 41/44).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, registro que as TurmasRecursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84).

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

118 - 0000007-90.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000007-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSINETE MARIA DASILVA BIELA ZUCOLOTO (ADVOGADO: ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 - EMILENE ROVETTADA SILVA, ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0000007-90.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000007-6/01)RECORRENTE: ROSINETE MARIA DA SILVA BIELA ZUCOLOTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO POR FUNDAMENTAÇÃO DISTINTA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de sequela de paralisia cerebral infantil, com quadro de déficit motor da mão e punho direitos. Laudopericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho. Atestados médicos que apontam a incapacidade definitiva para otrabalho rural. Doença que acomete a autora desde os 45 dias de vida. Incapacidade pré-existente à filiação no RGPS.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

ROSINETE MARIA DA SILVA BIELA ZUCOLOTO interpõe recurso inominado, às fls. 156/163, contra sentença (fls.153/154), proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes ospedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez acontar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido à sua condição de saúde, a qual impossibilita o exercício da atividade de trabalhadorarural. Pugna pela procedência do pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 165).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 22 subscrito por médico neurologistado SUS em 21.05.2009, afirma que a autora é portadora de distonia focal do membro superior direito há três anos e estáincapacitada para as atividades laborativas. Os atestados de fls. 21 e 20, redigidos por médico neurologista do SUS em26.11.2009 e 05.03.2010, respectivamente, afirmam que a autora é portadora de distonia focal do membro superior direito,possui dificuldade importante para a realização de atividades laborativas e apresenta sequela de anóxia intra-útero, comporencefalia. Os atestados de fls. 19 e 18, firmados em 08.07.2010 e 25.11.2010, respectivamente, pelo mesmoprofissional que subscrevera os atestados de fls. 20/22, afirmam que a autora apresenta quadro de distonia espástica doantebraço direito como sequela de paralisia cerebral e está incapacitada definitivamente para exercer suas atividades comolavradora. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que a recorrente é portadora de sequela de paralisia infantil, com déficit motor em mão e punho direitos. Afirmaque a doença surgiu aos quarenta e cinco dias de vida da recorrente, e que por isso discorda que a recorrente não consigatrabalhar atualmente, tendo em vista que a deficiência é a mesma, e que atualmente a recorrente realiza tratamento.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 103/107).

09. Embora o perito judicial tenha afirmado que autora é capaz para o trabalho rural, observo que as sequelas daparalisia cerebral infantil causaram limitação em punho e mão direita com dedos fletidos (fl. 105), o que impossibilita oemprego da força necessária ao desempenho das atividades relacionadas à lavoura. Contudo, a recorrente sofreu paralisiacerebral aos 45 dias de vida, o que impôs tais limitações físicas desde essa idade. Os atestados médicos juntados aosautos pela demandante confirmam tal ilação, valendo destacar que o Dr. Francisco Mario B. Miranda, neurologista, afirmouque Rosinete Maria da Silva Biela, em 2004, “passou a ser tratada com aplicação de toxina botulínica e fisioterapia nomembro distônico, o que tem sido repetido mais ou menos semestralmente, com resultado satisfatório” (fl. 129).

10. Portanto, em sentido diverso do alegado pela parte autora, o tratamento com toxina botulínica não causouinaptidão para o trabalho a partir de 2004, uma vez que esta decorre das sequelas das quais a demandante é portadoradesde 45 dias de vida. Ademais, não há nos autos prova de que este tratamento tenha causado a alegada inaptidão, o queseria contrário ao trecho do atestado médico transcrito e à constatação de que o resultado tem se mostrado satisfatório,motivando a sua continuidade. Em razão disso, a doença e a incapacidade por ela gerada são anteriores à filiação dademandante, nascida em 09.05.1988, ao Regime Geral da Previdência Social, o que impede que lhe seja concedido obenefício de auxílio-doença (art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91).

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a

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concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento, por ser a recorrente portadora de incapacidadeanterior à sua filiação no Regime Geral da Previdência Social. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 101).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

119 - 0106045-14.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.106045-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDERSON AVANCINI(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0106045-14.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.106045-3/01)RECORRENTE: VANDERSON AVANCINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de tonturas, zumbido e disacusia (perda auditiva) sensorioneural profunda em ouvido esquerdo. Laudopericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

VANDERSON AVANCINI interpõe recurso inominado, às fls. 138/144, contra sentença (fls. 133/135), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder/restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez acontar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade de operadorde máquinas. Pugna pela procedência do pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 149/155, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

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VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 28/31, 36/40, 49/51 e 57 e 59 sãocontemporâneos ao período em que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença previdenciário n.1326619370 (24.02.2004 a 19.02.2008). Os atestados de fls. 47/48, subscritos em 20.02.2008 e 01.04.2008,respectivamente, por médico otorrinolaringologista do Instituto Capixaba de Medicina, afirmam que o autor encontra-se emacompanhamento médico para labirintopatia crônica e surdez unilateral, utilizando medicamento anti-vertiginoso nas crises,devendo manter-se afastado do trabalho por tempo indeterminado. O atestado de fls. 34/35, subscrito em 10.07.2013, pelomesmo profissional que subscrevera os atestados de fls. 47/48, afirma que o autor apresenta vestibulopatia crônica, surdezprofunda em ouvido esquerdo, decorrente de neuroma do nervo acústico, faz uso de medicação para controle de crises detontura, deve afastar-se de ambientes ruidosos e evitar trabalho com máquinas, veículos e em altitude de forma definitiva.Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que orecorrente é portador de tonturas, zumbido e disacusia (perda auditiva) sensorioneural profunda em ouvido esquerdo.Concluiu que não há incapacidade laborativa para atividade de informática, devendo evitar atividades que envolvamoperação de máquinas, veículos e em altitude (fls. 103/105).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos. Acrescento que o recorrente, enquanto trabalhava na “Chocolates Garoto S/A”, exercia a atividade de “auxiliar deprodução”, na linha de embalamento de ovos (fls. 21 e 68), tendo recebido o benefício de auxílio-doença até que fossereabilitado profissionalmente (fls. 52/53). Concluído o processo de reabilitação, o pagamento do benefício não devepersistir, de acordo com o disposto pelo art. 62, da Lei n. 8.213/91, uma vez que o segurado pode voltar ao mercado detrabalho e prover sua subsistência sem desempenhar atividade para o qual está inapto.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 94).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

120 - 0001602-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001602-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x OSIAS VITURINO DA SILVA (DEF.PUB: LIDIANEDA PENHA SEGAL.).RECURSO Nº 0001602-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001602-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OSIAS VITURINO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS ESOCIAIS. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

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1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de sequela de fratura do punho direito. Laudo pericial no qual se atesta que o autor deve evitar atividadescom esforço intenso em punho e mão direita, de forma definitiva. Condições pessoais e sociais consideradas para fins dedeferimento da aposentadoria por invalidez.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação, excluídas as prestações vencidas após a sentença(art. 55 da Lei nº 9.099/95; enunciado n. 111, da súmula do STJ).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 64/66, contra sentença (fls. 57/59), proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer benefício de auxílio-doença desde a data da cessação até 01/05/2011, e a implantar o benefício deaposentadoria por invalidez, a partir de 02/05/2011, data do exame pericial.

02. A autarquia sustenta que o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral dorecorrente, conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito do INSS. Aduz que a perícia administrativa goza de fépública e, portanto, de presunção de veracidade e legitimidade, somente podendo ser afastada no caso de existência derobusta prova em contrário, o que não teria ocorrido nos autos.

03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 70/78, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que a sua incapacidade laborativa é permanente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e passo aoexame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91), demodo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O INSS sustenta que a aposentadoria por invalidez não é devida à parteautora, por ter sido constatada pelas perícias judicial e administrativa sua capacidade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fls. 35/36, que o demandante é portador de sequela de fratura do punho direito. Assinala que ele foi submetidoà cirurgia de osteossintese com placa e parafusos para tratamento de fratura de punho direito e, como consequência, hábloqueio moderado de arco de movimento e limitação para sobrecarga de peso em punho e mão direita. Afirma que aincapacidade para atividades com esforço intenso é definitiva. Em que pese à afirmação do perito judicial de que o autorpode exercer a atividade de auxiliar de oficina, o fato é que o especialista nomeado esclarece que o autor deve evitaratividades com esforço intenso em punho e mão direita. Sendo assim, o exercício da atividade habitual do autor (auxiliar deoficina) mostra-se inviável, porque exigiria esforço bem superior ao exigido da média dos trabalhadores da mesmacategoria profissional. O quadro clínico de incapacidade é corroborado pela idade do autor, nascido em 23/06/1951 (fl. 17),e sua instrução escolar que seriam reais impeditivos para que ele aprendesse atividade diversa daquela que habitualmenteexercia.

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09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação, excluídas as prestaçõesvencidas após a sentença (art. 55 da Lei nº 9.099/95; enunciado n. 111, da súmula do STJ).

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

121 - 0002376-60.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002376-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO ROBERTOMEIRELES ROCHA (ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0002376-60.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002376-6/01)RECORRENTE: PAULO ROBERTO MEIRELES ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO.OCORRÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à constatação ou não da manutenção da qualidade de segurado nadata da incapacidade para o trabalho.3. Perda da qualidade de segurado em 16/12/2002. Incapacidade laborativa com início em junho/2008. Reingresso noRGPS em setembro/2008.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

PAULO ROBERTO MEIRELES ROCHA interpõe recurso inominado, às fls. 82/99, contra sentença (fls. 74/75), proferidapelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santos, que julgou improcedentes os pedidospara condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que trabalhou até 1980 e que as anotações na CTPS estão em aberto, não sendo possívelafirmar que os vínculos empregatícios se extinguiram na data citada. Alega que constam no CNIS recolhimentos nasseguintes competências: 01/2001 a 09/2001, 06/2002 a 12/2002, 01/2003 a 03/2003, 09/2008 a 12/2008 e 01/2009 a04/2009. Sustenta que as doenças que o acometem são evolutivas, tratando-se, portanto, de hipótese de incidência dodisposto no § 2º, do art. 42 da Lei 8.213/91. Aduz que, somente em junho de 2009, iniciou o tratamento com hemodiálise,procedimento que limita na sua totalidade a capacidade laborativa do indivíduo e já havia reingressado no Regime Geral daPrevidência Social em setembro de 2008. Alega que o recolhimento, com atraso, da contribuição previdenciária relativa àcompetência de setembro de 2008 é válido. Sustenta que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividadelaboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seuefetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam odesempenho da atividade laboral.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 103/107, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que osdocumentos juntados, bem como o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atestam que a incapacidade do autor é

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anterior ao seu reingresso no RGPS.

04. É o Relatório.

VOTO05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à constatação ou não da manutenção da qualidade desegurado quando teve início a incapacidade laborativa. O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele ostenta a qualidade de segurado e é portador dedoença que o incapacita para sua atividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o contrato de trabalho firmado em 01/04/2003 entre aparte autora e a empresa Premium Empreendimentos e Serviços Ltda ainda estaria vigente (fl. 25). Porém, não consta doCNIS qualquer informação acerca do referido contrato de trabalho e não foram juntados aos autos recibos de pagamentosde salários devidos pela empregadora. De acordo com o extrato do CNIS de fl. 49, o autor deixou de contribuir para aPrevidência Social a partir da competência de 10/2001. Sendo assim, perdeu a qualidade de segurado em 16/12/2002 (art.15, II da Lei n. 8.213/91 c/c art. 14, do Decreto n. 3.048/99). Em 2005 e 2006, recolheu contribuições relativas aos mesesde 06 a 12/2002 e 01 a 03/2003, e somente voltou a contribuir para a Previdência Social em 09/2008.

09. O atestado de fl. 18, subscrito por médico endocrinologista em 03/06/2008, afirma que o autor é portadordiabetes tipo 2, hipertensão arterial grave, insuficiência renal, dislipidemia, acidente vascular cerebral e está incapacitadopara o trabalho por pelo menos 60 dias. Por sua vez, no laudo médico redigido em 02/06/2011, pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que há incapacidade laborativa. Nesse laudo, é apontado que o recorrente é portador de diabetesmellitus há 21 anos, insuficiência renal crônica há 04 anos e iniciou o tratamento com hemodiálise em junho de 2009, alémde fazer tratamento com laser para retinopatia diabética desde 2006 (fls. 67/68). Sendo assim, o recorrente não ostentava aqualidade de segurado quando teve início a sua incapacidade laborativa.

10. Nesse sentido, sublinho que a alegação de se que a doença agravou-se após o autor ter retomado a qualidadede segurado – a atrair a incidência do disposto no § 2º, do art. 42 da Lei 8.213/91 – não encontra suporte probatório idôneo,uma vez que o recorrente já se encontrava incapacitado quando reingressou no Regime Geral da Previdência Social.Igualmente, não merece respaldo a alegação de que a incapacidade sobreveio somente a partir do momento em que orecorrente iniciou o tratamento com hemodiálise (06/2009), pois restou comprovado nos autos que já existia a incapacidadelaborativa em junho de 2008, não tendo o autor comprovado que tal situação teria cessado. Ao contrário, afirma em suapetição inicial que, em razão da sua incapacidade laborativa, faz jus ao recebimento do benefício desde a data dorequerimento administrativo (fl. 3).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 62).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

122 - 0101831-77.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101831-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO DE ASSIS DESOUZA (ADVOGADO: ES019850 - ELCIO MACIEL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0101831-77.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101831-0/01)RECORRENTE: ANTONIO DE ASSIS DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

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SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de sequela de traumatismo crânio-encefálico e suscetível à crise convulsiva, se trabalhar em altura oudirigir, o que não é característico das atividades desempenhadas no trabalho de mecânico montador. Laudo pericial no qualse atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ANTONIO DE ASSIS DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 100/111, contra sentença (fls. 95/97), proferida peloMM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido à sua condição de saúde, a qual impossibilita o exercício da atividade de mecânicomontador. Pugna pela procedência do pedido ou, alternativamente, pela realização de nova perícia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 116/119, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados e exames particulares de fls. 16/22 sãocontemporâneos ao período em que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 535.342.301-8(16.04.2009 a 15.01.2013). Vislumbro, portanto, que o autor não juntou nenhum documento particular que corroborassecom a alegação feita em sua peça inicial quanto à presença de incapacidade laboral. Por sua vez, no laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, afirma-ser que o recorrente é portador de sequela de traumatismo crânio-encefálico e criseconvulsiva, está lúcido, orientado, sem déficit motor e deve evitar trabalhar em altura e dirigir devido ao risco de crise

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convulsiva. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 80/82).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.Ademais, o trabalho em altura ou a direção de veículos não são atividades inerentes ao trabalho de mecânico montador,logo não há risco concreto de o autor ser acometido por crise convulsiva no exercício de sua atividade profissional.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 71).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

123 - 0006984-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006984-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x LUIZ VIEIRA DOS SANTOS FILHO(ADVOGADO: ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.).RECURSO Nº 0006984-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006984-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZ VIEIRA DOS SANTOS FILHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. QUALIDADE DE SEGURADO. MANUTENÇÃO. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à constatação ou não da manutenção da qualidade de segurado nadata do início da incapacidade para o trabalho. Situação de desemprego comprovada. Recolhimento de mais de 120contribuições sem que houvesse a perda da qualidade de segurado. Alegação de perda da qualidade em períodos diversossem que fossem recolhidas posteriormente mais de 120 contribuições. Inovação não admitida em sede recursal.3. A Lei n. 8.213/91 não contém regra proibitiva a novos aproveitamentos das contribuições antes vertidas se o sujeitoperdeu a qualidade de segurado mais de uma vez e pretendeu recuperá-la valendo-se do disposto pelo art. 15, §2º. Comefeito, ainda que o Regime Geral da Previdência Social tenha seu caráter contributivo atenuado, as contribuições vertidaspelo segurado incorporam-se no seu patrimônio jurídico e, conforme exemplificam as regras dos arts. 24 e 102, §1º, da Lein. 8.213/91, podem ser aproveitadas se preenchidas as condições legalmente previstas para tanto4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação, excluídas as prestações vencidas após a sentença(art. 55 da Lei nº 9.099/95; enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 70/73, contra sentença (fls. 142/144), proferida pela MMa. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSSa conceder benefício de auxílio-doença desde o dia 26/05/2009 até total recuperação da parte autora.

02. A autarquia sustenta que o autor perdeu a qualidade de segurado em 08/2007, uma vez que o seu último vínculoempregatício teria cessado em 07/2006. Aduz que a incapacidade laborativa surgiu somente em 26/05/2009. Alega que nãose aplica à hipótese o disposto no § 1º do artigo 15, da Lei 8.213/91, porque o autor, após o recolhimento de mais de 120contribuições, teria perdido a qualidade de segurado por duas vezes, por ter deixado de contribuir no intervalo de 03/10/96 a

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31/03/98 e 08/08/2000 a 03/08/2003, não tendo readquirido o direito à dilação da qualidade de segurado, na forma do art.15, § 1º, da Lei 8.213/91, por não ter recolhido novamente as 120 contribuições.

03. O autor não ofereceu contrarrazões (fl. 156).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto e passo ao exame do seumérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à manutenção da qualidade de segurado quando teve inícioa incapacidade laborativa

08. Observo que, diferentemente do alegado pelo recorrente, o vínculo empregatício do autor não cessou no mês07/2006, mas no dia 15/09/2006 (fls. 15 e 44).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor comprovou o recebimento doseguro-desemprego, em razão da rescisão do contrato de trabalho ocorrida em 15/09/2006 (fl. 44). A jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça tem firmado entendimento de que a percepção de benefício de seguro-desemprego atende aocomando legal de registro da situação de desemprego no órgão competente para fins de manter a condição de segurado(AgRgRD no REsp 439.021/RJ, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 6/10/2008). O enunciado n.27, da súmula da TNU, posiciona-se no mesmo sentido ao apontar que: “A ausência de registro em órgão do Ministério doTrabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito”.

10. Comprovada a situação de desemprego da parte autora, o que lhe garante a prorrogação do prazo previsto no §2º do artigo 15, da Lei 8213/91, também é necessário verificar se o segurado faz jus à prorrogação de prazo, prevista no §1º do artigo 15, da Lei 8.213/91, uma vez que a incapacidade teve início somente em 26/05/2009. Os documentos de fls.24/35 comprovam o recolhimento de mais de 120 contribuições mensais. Verifico que houve dois períodos em que a parteautora deixou de verter contribuições para a Previdência Social, conforme alegado pela autarquia em seu recurso. Contudo,o mencionado fato não foi objeto da contestação do INSS e não foi demonstrado nos autos se o autor manteve ou não aqualidade de segurado em tais períodos, com base nas prorrogações previstas no art. 15, da Lei 8.213/91. Ademais, a Lein. 8.213/91 não contém regra proibitiva a novos aproveitamentos das contribuições antes vertidas se o sujeito perdeu aqualidade de segurado mais de uma vez e pretendeu recuperá-la valendo-se do disposto pelo art. 15, §2º. Com efeito, aindaque o Regime Geral da Previdência Social tenha seu caráter contributivo atenuado, as contribuições vertidas pelo seguradoincorporam-se no seu patrimônio jurídico e, conforme exemplificam as regras dos arts. 24 e 102, §1º, da Lei n. 8.213/91,podem ser aproveitadas se preenchidas as condições legalmente previstas para tanto (cf. Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 4. ed. Porto alegre: Livraria do Advogado,2004, p. 301). Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 3ª Região em julgamentoda APELREEX 00047168720044036183 (Sétima Turma, Rel. Des. Fed. Diva Malerbi, DJF3 14.02.2014):PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, CPC. PENSÃO POR MORTE. MANUTENÇÃO DA QUALIDADEDE SEGURADO. RECOLHIMENTO DE MAIS DE 120 CONTRIBUIÇÕES MENSAIS. INCORPORAÇÃO AO PATRIMÔNIOJURÍDICO. NÃO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES EM VIRTUDE DA INCAPACIDADE PARA O TRABALHO.DECISÃO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO C. STJ E DESTA CORTE. AGRAVODESPROVIDO.- A decisão agravada está em consonância com o disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil, vistoque supedaneada em jurisprudência consolidada do C. Superior Tribunal de Justiça e desta Corte.- No presente caso,restou comprovado que o de cujus ostentava a qualidade de segurado da Previdência Pública quando do seu falecimento,ocorrido em 22.04.2002, uma vez que este pagou mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perdada qualidade de segurado (resumo de documentos para cálculo de tempo de contribuição - fls. 124/125), além do queesteve desempregado desde o seu último vínculo empregatício noticiado que encerrou em 07.10.1998 com o empregador"Projacs Sistema de Serviços Ltda." (CTPS - fls. 26), conforme comunicação da sua dispensa ao Ministério do Trabalho (fls.27), razão pela qual a sua qualidade de segurado se estendeu por 36 meses, nos termos do artigo 15, §§1ºe 2º da Lei nº8.213/91. Observa-se, ainda, que nos termos dos artigos 15, § 4º, da Lei nº 8.213/91 e 14 do Decreto nº 3.048/99, a perdada qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao término do prazo fixado para recolhimento da contribuição, referente aomês imediatamente posterior ao final dos prazos fixados no mencionado artigo 15 da Lei nº 8.213/91, ou seja, a qualidadede segurado do de cujus perdurou in casu até 15.12.2001, conforme artigo 30, II, da Lei nº 8.212/91. Ressalta-se que,embora o apelante alegue que o segurado falecido não fazia jus ao acréscimo do período de graça previsto no artigo 15,§1º da Lei nº 8.213/91, uma vez que houve uma interrupção nos seus períodos de contribuição de 1993 a 1997, observa-seque a prorrogação do período de graça em virtude do pagamento de 120 contribuições mensais se incorpora ao patrimôniojurídico do segurado,podendo ser exercida a qualquer tempo, ainda que ocorra posteriormente uma interrupção que resulte

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na sua perda da qualidade de segurado.- Verifica-se que dentro desse período de graça, o falecido esteve incapacitadopara o trabalho e, conseqüentemente, de contribuir para a Previdência Social, conforme laudo pericial de fls. 32/35.- Dessemodo, não perde a qualidade de segurado aquele que deixou de contribuir para a Previdência Social em virtude da suaincapacidade para o trabalho.- As razões recursais não contrapõem tal fundamento a ponto de demonstrar o desacerto dodecisum, limitando-se a reproduzir argumento visando a rediscussão da matéria nele contida.- Agravo desprovido.

11. Nesses termos, quando teve início a incapacidade laborativa do autor (26/05/2009 - fls. 15 e 116), ele ostentava aqualidade de segurado, nos termos dos parágrafos 1º e 2º, do artigo 15, da Lei 8.213/91. Logo, ele faz jus ao benefício deauxílio-doença pleiteado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação, excluídas as prestaçõesvencidas após a sentença (art. 55 da Lei nº 9.099/95; enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

124 - 0000170-58.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000170-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARGARIDA ENEDINA DEJESUS (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0000170-58.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000170-5/01)RECORRENTE: MARGARIDA ENEDINA DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO NÃO COMPROVADA. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose da coluna lombar com alteração degenerativa lombar L5-S1 com compressão radicular.Laudo pericial no qual não se atesta a incapacidade laborativa na data do requerimento administrativo, mas constata-a emdata anterior à perícia.4. O fato de a incapacidade para o trabalho ter sido detectada ao longo da demanda, em data posterior ao requerimentoadministrativo, não elimina o interesse processual da parte autora em obter a prestação jurisdicional pretendida. A utilidadedo provimento judicial persiste, porque inexiste notícia de concessão do benefício por incapacidade no âmbitoadministrativo, ainda que o INSS já tenha tido, por sua procuradoria especializada, tomado conhecimento do resultado daperícia judicial. Outrossim, a aferição da necessidade do provimento jurisdicional não deve ser caracterizadaexclusivamente pela prévia resistência da autarquia previdenciária à pretensão da parte autora. A presente demandacontém pedido veiculado por pessoa que vive em condições de pobreza, não sendo compreensível que a prestação estatal,decorrente de sua participação na Seguridade Social, seja postergada apenas para que seja novamente aberta a viaadministrativa5. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido para julgar procedente o pedido para concessão do benefíciode auxílio-doença, com data de início em 27.04.2012. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, nos termosdo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

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MARGARIDA ENEDINA DE JESUS interpõe recurso inominado, às fls. 59/72, contra sentença (fls. 55/58), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal da Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, auxílio-doença.

02. A recorrente alega cerceamento de defesa, por não ter sido realizado exame pericial. Sustenta que é portadorade doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de auxiliar de doméstica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 78).

04. O recurso inominado foi distribuído para a Turma Recursal e foi proferida a decisão de fls. 83/84, convertendo ofeito em diligência para determinar a realização de perícia médica e o retorno dos autos para prosseguimento do julgamentodo recurso.

05. Realizado o exame pericial (fls. 99/102), as partes se manifestaram às fls. 108/111 e 112/113, tendo osautos retornados para esta Relatoria, para prosseguir o julgamento do recurso inominado.

06. É o Relatório.

VOTO

07. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

08. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de aposentadoria por invalidez, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacitapara sua atividade laborativa.

10. Ressalto que a preliminar de cerceamento de defesa está superada ante a decisão proferida às fls. 83/84.

11. Em relação ao pedido de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, da leitura dos documentosjuntados aos autos, verifico que não restou demonstrada a incapacidade total e definitiva da demandante para o trabalho.Com efeito, o perito judicial constatou a existência de incapacidade parcial e permanente, observando que há possibilidadede reabilitação. Ademais, as condições pessoais da autora, nascida em 04/07/1972 (fl. 14), não impossibilitam areabilitação.

12. No que tange ao pedido subsidiário de concessão do benefício de auxílio-doença, da análise do acervoprobatório, verifico que o atestado de fl. 33, subscrito por médico neurologista em 30/11/2010, afirma que a autora está sobseu acompanhamento (CID 10 M 43 e M 53) e usando medicamentos específicos em razão de lombalgia intensa.Recomenda bloqueio epidural na região lombar para alívio da dor, bem como o afastamento profissional por 120 dias. Oatestado de fl. 42, subscrito em 07/04/2011, pelo mesmo profissional que redigira o laudo de fl. 33, indica, com base noresultado do exame de tomografia computadorizada da coluna lombar, realizado em 20/08/2010 (fl. 34), que a autoraapresenta fratura dos ístmos interapofisários de L5 determinando anterolístese de L5 sobre S1 grau I, associado aabaulamento discal difuso de L5-S1 obliterando o espaço epidural anterior, estreitando as porções inferiores dos foramesneurais e recessos laterais. Recomenda o afastamento profissional por 180 dias. Os exames de fls. 35/36 indicam perdaauditiva. O atestado de fl. 73, subscrito por médico oftalmologista em 02/06/2011, assevera que a autora possui visãomonocular por perda da agudeza visual irreversível do olho esquerdo. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de artrose da coluna lombar com alteração degenerativa lombarL5-S1 com compressão radicular. Sem indicar a data do início da doença, por ser degenerativa, concluiu que, desde abrilde 2012, há incapacidade laborativa parcial e permanente para atividades que exijam esforço. Afirma que a parte autorapode ser reabilitada para outra atividade (fls. 99/102).

13. Observo que o perito judicial analisou, além das ressonâncias da coluna lombar realizadas em 27/04/2012 e20/02/2013, o exame de tomografia da coluna lombar, feito em 20/08/2010 (fl. 34). Com base no referido exame, o médico

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neurologista, que redigiu o atestado de fl. 42, afirmou que a autora encontrava-se impossibilitada de exercer suas atividadesprofissionais por 180 dias. No entanto, o perito judicial somente constatou a incapacidade parcial da parte autora a partir doresultado do exame realizado em 27/04/2012 e, por se tratar de doença degenerativa, não restou comprovado nos autosque a demandante estava incapacitada para o trabalho quando requereu o benefício previdenciário. Ressalto que osresultados dos exames realizados no dia 20/08/2010 e 27/04/2012 são bem diversos. No primeiro, consta que a autoraapresenta espondilolistese L5-S1 grau I com estreitamento foraminal, corpos vertebrais de altura e densidade normais comosteófitos marginais anteriores nas lâminas terminais opostas, apófises espinhosas/transversas sem alterações earticulações interapofisárias normais. No segundo exame, ao qual somente o perito teve acesso (fl. 100), consta aparenteespondilólise bilateral em L5 com mínima espondilolistese em relação à S1, acentuada degeneração discal L5-S1 comangustiamento radicular. Observo, ainda, quanto às moléstias relacionadas à visão e à audição da autora, que não háelementos nos autos que indiquem tratar-se de doenças incapacitantes.

14. A incapacidade parcial da parte autora para o trabalho autoriza a concessão do benefício de auxílio-doença,tendo-se em vista que as patologias em sua coluna lombar impossibilitam o trabalho como empregada doméstica oufaxineira diarista. A qualidade de segurada da parte autora resta demonstrada à fl. 54, na qual consta que ela contribuiu,como segurada individual, entre 05/2005 e 03/2011, valendo observar que a ação foi ajuizada em 18/02/2011 (fl. 37).Salientando que o perito judicial considerou que a incapacidade já existia em abril de 2012, baseado no resultado do examede ressonância da coluna lombar, fixo a data em que ele foi realizado (27/04/2012), como aquela em que deve ter início obenefício.

15. Acrescento que o fato de a incapacidade para o trabalho ter sido detectada ao longo da demanda, em dataposterior ao requerimento administrativo, não elimina o interesse processual da parte autora em obter a prestaçãojurisdicional pretendida. Para tanto, destaco que a utilidade do provimento judicial persiste, porque inexiste notícia deconcessão do benefício por incapacidade no âmbito administrativo, ainda que o INSS já tenha tido, por sua procuradoriaespecializada, tomado conhecimento do resultado da perícia judicial. Outrossim, a aferição da necessidade do provimentojurisdicional não deve ser caracterizada exclusivamente pela prévia resistência da autarquia previdenciária à pretensão daparte autora. A presente demanda contém pedido veiculado por pessoa que vive em condições de pobreza, não sendocompreensível que a prestação estatal, decorrente de sua participação na Seguridade Social, seja postergada apenas paraque seja novamente aberta a via administrativa.

16. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

17. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

18. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento em parte para julgar o pedido parcialmente procedente,nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doençacom data de início em 27/04/2012. As parcelas vencidas deverão ser acrescidas de juros moratórios aplicados à cadernetade poupança (parte válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09), ora fixados à razãode 0,5% (meio por cento) ao mês a contar da citação, e atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, de acordo com afundamentação. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o disposto pelo art. 55, da Lei n.9.099/95.

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19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

125 - 0005396-30.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005396-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FERNANDO IZABEL(ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0005396-30.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005396-0/01)RECORRENTE: FERNANDO IZABELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Laudo judicial no qual se atesta a capacidadedo autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

FERNANDO IZABEL interpõe recurso inominado, às fls. 91/93, contra sentença (fls. 86/88), proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença.

02. O recorrente alega que a sentença deve ser anulada, por ter cerceado o seu direito de defesa, já que proferidaantes da realização de nova perícia, com médico otorrinolaringologista, requerida tempestivamente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 97/100, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que nãofoi constatada a incapacidade para o trabalho. A autarquia destaca que a perícia médica do INSS e os laudos elaboradospelo perito nomeado pelo Juízo atestaram que a doença da qual o recorrente é portador não o incapacita para a atividadelaborativa.

04. Proferido o despacho de fl. 150, o INSS se manifestou às fls. 152/153 e a parte autora às fl. 156.

05. É o Relatório.

VOTO

06. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a

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possibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente sustenta que a sentença é nula e que é necessária a realização de nova perícia.

09. A referida alegação de nulidade teria como lastro o suposto cerceamento de defesa em razão da não realizaçãoda perícia com médico otorrinolaringologista requerida às fls. 84/85. O requerimento de fls. 84/85 está fundamentado emsuposta contradição presente no laudo pericial, no qual se que aduziu que o recorrente seria portador de transtornopsiquiátrico, mas apto ao trabalho. Por outro lado, pede a realização de nova perícia, com médico otorrinolaringologista,com fundamento no laudo médico de fl. 78, o qual não atesta a incapacidade laborativa do autor. Contudo, os documentosjuntados aos autos pelo recorrente não indicam que a causa de sua incapacidade poderia estar relacionada à patologiaexclusivamente detectada por especialista em otorrinolaringologia, motivo por que a ausência de designação de perícianessa especialidade não caracteriza desrespeito ao devido processo legal. Ressalto que a oposição às conclusõesapresentadas pelo especialista está reservada ao âmbito da crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. Acontrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indíciode que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil).

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 15, emitido por médico psiquiatra daClinica Lorena de Campo Grande em 14/03/2009, apenas afirma a necessidade de afastamento por 15 dias. O atestado defl. 17, emitido por médico psiquiatra da Unimed em 04/04/2009, afirma que o paciente está em tratamento psiquiátricodesde 14/03/2009, por ser portador de transtorno depressivo grave. O atestado de fl. 23, emitido em 20/05/2009 pelomesmo profissional que subscrevera o atestado de fl. 17, também informa que o autor é portador de transtorno depressivograve. O atestado de fl. 73, emitido por médico psiquiatra da Unimed em 08/07/2010, afirma que o paciente apresentaquadro de anorexia, extrema ansiedade, agorafobia, alteração do sono, do apetite e não possui condições de trabalhar. Oatestado de fl. 72, subscrito em 19/08/2010 pelo mesmo profissional que redigira o atestado de fl. 73, indica que o autorapresenta quadro de extrema ansiedade, nervosismo, choro fácil, alteração do sono e do apetite, irritabilidade e não possuicondições de trabalhar. O atestado de saúde ocupacional de fl. 80, firmado em 19/07/2010, considera o recorrente inaptopara o trabalho. O laudo médico de fl. 78, subscrito por médico otorrinolaringologista em 14/10/2010, indica que o autorapresenta quadro de tontura rotatória causada por labirintite, mas não afirma que tal doença causa incapacidade laborativa.Contudo, o laudo redigido em 04/04/2010 pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que o autor apresenta transtorno depressivo recorrente e, considerando o quadro clínico e a história da doença,encontra-se apto pela psiquiatria para exercer a atividade laborativa habitual (fls. 56/58).

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. Cabe ressaltar que a criação da SeguridadeSocial pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para otrabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistênciado trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

12. O INSS considerou o autor incapacitado para o trabalho no período compreendido entre 31/01/2011 e 26/08/2011(NB 544.604.216-2), conforme se infere da consulta ao CNIS. Posteriormente à propositura da demanda ora analisada, oautor ajuizou a ação n. 0005971-33.2012.4.02.5050, para que fosse restabelecido o benefício n. 544.604.216-2. O laudopericial de fls. 124/129, emitido naqueles autos, atesta a incapacidade temporária da parte autora a partir de 25/01/2012. Deigual modo, a partir de consulta aos sistema de acompanhamento processual eletrônico, verifico que o pedido foi julgadoparcialmente procedente para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença a partir da data do requerimento(09/01/2012), por se tratar de data contemporânea à fixada pelo perito como sendo o início da incapacidade.

13. Embora a doença que acometa o segurado tenha períodos assintomáticos, e outros nos quais o seuagravamento gera a inaptidão do autor para o trabalho, não é possível afirmar que o recorrente tenha permanecido incapazpara manter sua subsistência nos intervalos em que não recebeu auxílio-doença ou nos quais tal condição não foidiagnosticada em laudos periciais judiciais. Assim, o autor não logrou comprovar que a sua incapacidade teve início emmarço de 2009, conforme relatado na inicial destes autos; e, nos autos da ação n. 0005971-33.2012.4.02.5050, somenterestou comprovada a incapacidade temporária a partir de janeiro de 2012.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1060/50 (fl. 44).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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126 - 0003895-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003895-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MARIA BENEDITA EVARISTO (DEF.PUB: ALINEFELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).RECURSO Nº 0003895-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003895-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA BENEDITA EVARISTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de espondilodiscoartrose da coluna lombar e diabetes mellitus com polineuropatia diabética,hipertensão arterial e dislipidemia. Laudo pericial no qual se atesta a incapacidade definitiva para o trabalho.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido aopagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55 da Lei nº9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 107/117, contra sentença (fls. 93/95, integrada pela decisão de fl. 104), proferidapelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentesos pedidos para condenar o INSS a conceder benefício de auxílio-doença com DIB em 01/07/2010 (data da incapacidade) ea implantar o benefício de aposentadoria por invalidez, a partir de 24/01/2012, data do exame pericial.

02. A autarquia sustenta que a sentença é nula, porque teria ignorado o seu requerimento de expedição de ofíciospara fins de juntada de prontuários médicos da autora, com o objetivo de identificar a data da incapacidade. No mérito,sustenta que a questão controvertida não se resume à existência ou não de incapacidade laboral, mas na caracterização deincapacidade preexistente ao ingresso ao RGPS, a qual teria ocorrido em 2002 (fl. 111).

03. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 121/127, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que a sua incapacidade laborativa se deu com o agravamento da doença.

04. É o Relatório.

VOTO

07. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

08. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. Afasto a preliminar de nulidade da sentença por ausência de análise do requerimento de expedição de ofício à Clínicade Acidentados de Vitória, ao CREFES e ao Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória, para fins de verificação deocorrência de incapacidade anterior à filiação (fls. 81/86), ocorrida em 2008. Com efeito, o INSS, por seu quadro de peritos,foi categórico ao afirmar inexistência de incapacidade laborativa em 21/10/09, 7/5/10 e 29/6/2010 (fls. 7, 8 e 9), razão porque a requisição de prontuários médicos do demandante seria extemporânea e provocaria ampliação desnecessária dadilação processual. Ademais, a existência de doença ou lesão pré-existente à filiação ao Regime Geral da PrevidênciaSocial não afasta o direito à percepção do benefício, quando comprovado que a incapacidade sobreveio em razão de suaprogressão ou agravamento. Acrescento que a sentença, proferida em julgamento de embargos de declaração, integrou aprimeira proferida com o intuito de analisar a questão, motivo por que resta infirmada a alegada nulidade.

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10. Sendo assim, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91). O INSS sustenta que a aposentadoria por invalidez não é devida à parte autora por ter sidoconstatada pela perícia judicial incapacidade temporária.

11. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito ortopedista nomeadojudicialmente consigna, às fls. 34/35, que a demandante apresenta queixa de poliartralgia, com espondilodiscoartrose dacoluna lombar, exame físico prejudicado por hipersensibilidade durante as manobras e, embora não apresenteincapacidade do ponto de vista ortopédico, pode haver diminuição da produtividade em razão das medidas preventivas quedeve adotar. O laudo firmado pela perita endocrinologista nomeada judicialmente consigna, às fls. 64, que a recorrida éportadora de diabetes mellitus com polineuropatia diabética, hipertensão arterial e dislipidemia e apresenta patologiasortopédicas e oftalmológicas. Afirma que a autora apresenta dor em membros inferiores, com maior intensidade nos pés,acompanhada de parestesia. Afirma que as lesões impedem o exercício da atividade de costureira e que a incapacidade édefinitiva. Em resposta aos quesitos complementares do INSS (fls. 69/70), afirma que o início das patologias endócrinasocorreu em 1996, no entanto, os exames que comprovam complicação da diabetes como polineuropatia, vasculopatia eoutros são datados de julho de 2010. Consigna que o conjunto de lesões apresentou piora clínica com comprometimentolaborativo há dois anos (fl. 74).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Semcondenação ao pagamento de honorários pelo INSS, por ter sido a causa patrocinada pela Defensoria Pública da União(enunciado n. 421, da súmula da jurisprudência do STJ).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(assinado eletronicamente)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

127 - 0000817-96.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000817-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO DAS CHAGASBARROS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000817-96.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000817-1/01)RECORRENTE: FRANCISCO DAS CHAGAS BARROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor que apresenta fratura da clavícula esquerda e do tornozelo direito. Laudo pericial em que se atesta a capacidadepara o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

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FRANCISCO DAS CHAGAS BARROS interpõe recurso inominado, às fls. 73/75, contra sentença de fls. 69/70, proferidapela MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e pagar indenização por danos morais.

02. O recorrente alega que é portador de patologia incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Afirma que o Juiz não estáadstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com base nas demais provas constantes dos autos. Sustenta,ainda, suposta nulidade da sentença, por violação aos princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal,pois os requerimentos de complementação das respostas aos quesitos e de designação de novo profissional para realizarperícia foram indeferidos pelo Juízo de origem. Pugna pelo provimento do recurso, com a anulação da sentença e odeferimento dos requerimentos de fls. 67/68, a fim de que seja realizada nova perícia, ou complementadas as respostasaos quesitos do Juízo, ou ainda, a reforma da sentença, com o julgamento de procedência dos pedidos iniciais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões à fl. 78, nas quais reitera os termos da contestação (fls. 39/45) e requer odesprovimento do recurso, tendo em vista que não foi constatada qualquer incapacidade para o trabalho do recorrente.

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 11, firmado por ortopedista em03/02/2010, descreve pseudoartrose dolorosa da clavícula esquerda. Menciona a indicação de tratamento cirúrgico, que serealizaria em breve. O relatório médico de fl. 06, emitido por outro ortopedista em 14/09/2010, afirma que o autor seenvolveu em acidente automobilístico em 25/05/2009, que resultou em fratura na clavícula esquerda, tornozelo direito etórax, evoluindo com pseudoartrose na fíbula direita e clavícula esquerda, com tratamento cirúrgico em 30/04/2010. Relataque o autor apresentava dores e estava em reabilitação e acompanhamento ambulatorial, bem como necessitava deprorrogação do afastamento do trabalho. No mesmo sentido, os relatórios médicos de fls. 20, 26 e 58, subscritos pelomesmo profissional em 03/11/2010, 18/01/2011 e 09/11/2011, os quais reiteram a necessidade de prorrogação doafastamento do trabalho. O laudo de fl. 24, emitido por outro médico (clínico geral) em 18/01/2011, atesta que o autorestava em pós-operatório de pseudo-artrose da clavícula esquerda, com dores intensas, irradiação cervical e lesõesdegenerativas da coluna lombar. Atesta a incapacidade para o trabalho. O laudo médico de fls. 27/28, subscrito porortopedista em 11/01/2011, aponta que o ora recorrente estava em pós-operatório tardio de pseudoartrose da clavículaesquerda e relatava dores no ombro esquerdo e no tornozelo direito, com irradiação ascendente por todo o membro inferiordireito, bem como incapacidade para o trabalho. O laudo emitido pelo perito nomeado judicialmente (fl. 61) indica que oautor apresenta fraturas consolidadas na clavícula esquerda e no tornozelo direito. Contudo, afirma que não háincapacidade para o trabalho. Aponta a aptidão do autor para desempenhar qualquer atividade física.

10. Embora o autor tenha requerido a complementação das respostas aos quesitos do Juízo (fls. 67/68), o ilustremagistrado prolator da sentença considerou que tais questionamentos já se encontravam superados pela firme conclusãopericial, no sentido de que inexiste limitação. Também restou indeferido o pedido de realização de nova perícia, por nãohaver dúvidas quanto à capacidade técnica do perito, tampouco acerca da validade do ato impugnado (fl. 70). Constatada asuficiência do acervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante a desnecessidade de realização dadiligência complementar requerida pelo recorrente (art. 426, I, do Código de Processo Civil).

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas. Destaco que o autor recebeu o benefíciode auxílio doença administrativamente no período de 09.06.2009 a 27.10.2010 (fls. 32/34).

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo

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necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão da aposentadoria por invalidez. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 dasúmula da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer aincapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 29).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

128 - 0102870-13.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102870-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x JOSENIR DE OLIVEIRA MARTINS (ADVOGADO:ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI.).PROCESSO Nº 0102870-13.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102870-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSENIR DE OLIVEIRA MARTINSRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, bem comopela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que se referem aos juros e à correção monetária, tendo em vista aausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Contrarrazões às fls. 164/189.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

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5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida pelo

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Eminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

129 - 0000253-72.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.000253-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA.) x DARCI BERGER (ADVOGADO:ES007082 - WILSON EUSTAQUIO CASTRO.).PROCESSO Nº 0000253-72.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.000253-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DARCI BERGERRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, corrigidosmonetariamente com a incidência de juros de mora. Contrarrazões às fls. 72/97.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DA

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LEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

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11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

130 - 0111596-85.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.111596-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCIO CERQUEIRA(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUEFILHO, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, ES017721 -Miguel Vargas da Fonseca, ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO, ES012179 - DANIELLE GOBBI, ES017787 -YGHOR FELIPE DEL CARO DALVI, ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA, ES018389 - THIERS COSTAVERÍSSIMO, ES017208 - CAROLINA VICENTINI MADEIRA, ES035417 - VIVIANE MONTEIRO, DF036024 - IRISSALDANHA BUENO, ES017867 - CAIO FREITAS VAIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO Nº 0111596-85.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.111596-7/01)RECORRENTE: MARCIO CERQUEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com oacréscimo do tempo laborado após sua concessão, independentemente da devolução dos valores recebidos. Afirma que osvalores recebidos mensalmente a título de aposentadoria têm natureza alimentar, o que justifica a irrepetibilidade dos

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benefícios já percebidos. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia.Pugna, assim, pela reforma do julgado. Contrarrazões às fls. 157/182.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

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9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 156.855.838-1), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

131 - 0102873-65.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102873-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x DEUZILIO TINELLI (ADVOGADO: ES012584 -JULIANA CARDOZO CITELLI.).PROCESSO Nº 0102873-65.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102873-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DEUZILIO TINELLIRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de

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Previdência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, bem comopela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que se referem aos juros e à correção monetária, tendo em vista aausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Contrarrazões às fls. 167/190.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

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(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

132 - 0006274-76.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006274-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO PEREIRA(ADVOGADO: ES004732 - BENTO MACHADO GUIMARAES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO Nº 0006274-76.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006274-8/01)RECORRENTE: GERALDO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

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VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com oacréscimo do tempo laborado após sua concessão, independentemente da devolução dos valores recebidos. Afirma que osvalores recebidos mensalmente a título de aposentadoria têm natureza alimentar, o que justifica a irrepetibilidade dosbenefícios já percebidos. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia.Pugna, assim, pela reforma do julgado. Contrarrazões à fl. 78.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposição

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de devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 100.378.812-0), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

133 - 0102498-64.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102498-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x VALTER JOSE TOFOLI (ADVOGADO:ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES.).

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PROCESSO Nº 0102498-64.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102498-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALTER JOSE TOFOLIRELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, bem comopela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que se referem aos juros e à correção monetária, tendo em vista aausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Sem contrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de

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posterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

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GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

134 - 0109665-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109665-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x MARGARIDA MARIA BARBOSA DE SOUZA(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES,ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, RJ184452 -LUCIANA PANNAIN PAREIRA, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU, ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DASILVA, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES012179 - DANIELLE GOBBI.).PROCESSO Nº 0109665-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109665-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARGARIDA MARIA BARBOSA DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia pela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que sereferem aos juros e à correção monetária, tendo em vista a ausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e4.425/DF. Contrarrazões às fls. 149/163.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp

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1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

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17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

135 - 0006275-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006275-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x SEVERINO GOMES BEZERRA (ADVOGADO:ES004732 - BENTO MACHADO GUIMARAES FILHO.).PROCESSO Nº 0006275-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006275-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEVERINO GOMES BEZERRARELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) decadência do direito à revisão do benefício; b) constitucionalidade eimperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores à aposentadoria; c) o contribuinte em gozo deaposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios;d) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; e) o ato jurídicoperfeito não pode ser alterado unilateralmente; f) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pelareforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que adesconstituição do benefício seja condicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamenteao benefício anterior. Contrarrazões às fls. 88/91.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.

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DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral da

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Lei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

136 - 0109111-65.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.109111-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOÃO VALDIR DA VITÓRIA (ADVOGADO:ES000255B - SIDNEY FERREIRA SCHREIBER, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN, ES009101 - INGRIDSILVA DE MONTEIRO PASCOAL, ES010800 - MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO, ES006962 - PAULO ROBERTOBUSSULAR, ES013037 - BRUNO SHINITI ALVES DA COSTA, ES016202 - ALMIR ANTÔNIO DA SILVEIRA JÚNIOR,ES009316 - BERGT EVENARD ALVARENGA FARIAS, ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.).PROCESSO Nº 0109111-65.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.109111-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOÃO VALDIR DA VITÓRIARELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, bem comopela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que se referem aos juros e à correção monetária, tendo em vista aausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Contrarrazões às fls. 60/62.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado por

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ocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicação

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integral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

137 - 0000188-77.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.000188-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x ALMIR DALLA BERNARDINA(ADVOGADO: ES010785 - PEDRO COSTA.).PROCESSO Nº 0000188-77.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.000188-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALMIR DALLA BERNARDINARELATOR: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que o recorrido recebeu relativamente ao benefício anterior, bem comopela aplicação integral do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 no que se referem aos juros e à correção monetária, tendo em vista aausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Contrarrazões às fls. 250/259.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,

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com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. Oportuno registrar, acerca dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente doSuperior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento,do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado,mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL –1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.

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41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Restam prequestionados, para fins de acesso às instâncias recursais superiores, os dispositivos legais e constitucionaiselencados pelas partes.

17. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

18. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

138 - 0002406-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002406-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUAREIS JOSEFERNANDES DOS SANTOS (ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002406-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002406-5/01)RECORRENTE: JUAREIS JOSE FERNANDES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79), antes daedição da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentesnocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.2. A atividade de pintor não se caracteriza como especial, mesmo no período anterior ao advento da Lei n. 9.032/95, excetono caso de pintura a pistola, com solventes hidrocarbonados e tintas tóxicas (item 2.5.4 do anexo I do Decreto n. 53.841/64e item 1.2.11 do anexo do Decreto n. 83.080/79).

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3. O autor não comprovou, mesmo após intimação específica, a efetiva exposição a agentes noviços, tampouco oenquadramento por categoria profissional.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

JUAREIS JOSÉ FERNANDES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 127/134, contra sentença (fls. 115/121),proferida pela MMª. Juíza do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente opedido para condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, desde a data dorequerimento administrativo, mediante conversão de tempo de serviço especial em comum.

02. O recorrente alega que as listas de atividades reconhecidas como especiais nos Decretos nº 53.831/61 e83.080/79 não são taxativas, mas exemplificativas. Afirma que anteriormente à publicação da Lei n. 9.032/95 exigia-seapenas a comprovação de que o segurado estava exercendo determinada atividade considerada insalubre pela legislação,e que somente após o advento da referida lei tornou-se necessária a comprovação do tempo de trabalho e a exposição aosagentes nocivos por laudo técnico. Aduz que os laudos periciais e PPPs emitidas pelas empresas foram juntados aoprocesso administrativo. Com base nisso, sustenta ter direito ao reconhecimento do exercício de atividades especiais, pormera presunção, nos períodos de 02/06/1986 a 22/02/1987, 23/02/1987 a 29/09/1990, 01/11/1990 a 31/12/1992 e04/01/1993 a 28/08/1995. Argui que, com a conversão do tempo especial em comum, o tempo de contribuição total seriamais que suficiente para a obtenção do benefício pleiteado. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença,para que seja julgado procedente o pedido inicial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 138/142, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que nãohá efetiva comprovação de que o autor esteve exposto a agente nocivo acima dos limites de tolerância previstos em lei.Alega, também, que a função de pintor, por si só, não autoriza o enquadramento.

04. É o relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto pela parte autora e passoao exame do seu mérito.

06. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.

07. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoriaespecial seria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

08. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

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09. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada,sendo necessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91,que veiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto delei específica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996,posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposiçãoaos agentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnicode condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissionallegalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de marçode 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. Apartir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridadepelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

12. Consta no código 1.0.0 do Anexo IV do regulamento aprovados pelo Decreto n. 3.048/99, com redação dada peloDecreto n. 3.265/99, que o rol de agentes nocivos é exaustivo. No entanto, é assente na doutrina que o rol de agentesnocivos é meramente exemplificativo (cf. Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. Manual de direitoprevidenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 716), não sendo tal interpretação contrária ao art. 2º, daConstituição da República de 1988, ou ao art. 58, da Lei n. 8.213/91, uma vez que a competência do julgador abrange aaferição das hipóteses em que a atividade do administrador revelou-se insuficiente para adequadamente regulamentar odireito do segurado. Essa orientação, já veiculada no enunciado n. 198, da súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos,é reiterada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, conforme decidido, no regime do art. 543-C, do Código deProcesso Civil, no RESP 1.306.113/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 07.03.2013):RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE ELETRICIDADE. SUPRESSÃO PELODECRETO 2.172/1997 (ANEXO IV). ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. ROL DE ATIVIDADES E AGENTES NOCIVOS.CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. AGENTES PREJUDICIAIS NÃO PREVISTOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.SUPORTE TÉCNICO MÉDICO E JURÍDICO. EXPOSIÇÃO PERMANENTE, NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE(ART. 57, § 3º, DA LEI 8.213/1991).1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com o escopo de prevalecer a tese de que asupressão do agente eletricidade do rol de agentes nocivos pelo Decreto 2.172/1997 (Anexo IV) culmina na impossibilidadede configuração como tempo especial (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991) de tal hipótese a partir da vigência do citado atonormativo.2. À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividadesnocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e alegislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ.3. No caso concreto, o Tribunal de origem embasou-se em elementos técnicos (laudo pericial) e na legislação trabalhistapara reputar como especial o trabalho exercido pelo recorrido, por consequência da exposição habitual à eletricidade, o queestá de acordo com o entendimento fixado pelo STJ.4. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ

13. Na presente demanda, a parte autora pretende que seja reconhecido exercício de atividade especial, sujeita aagente nocivo, nos intervalos de 02/06/1986 a 22/02/1987, 23/02/1987 a 29/09/1990, 01/11/1990 a 31/12/1992, 04/01/1993a 24/04/1996, 06/05/1996 a 04/06/2003, 02/06/2003 a 13/06/2004, 15/07/2004 a 30/09/2006, 03/10/2006 a 08/03/2008 e03/03/2008 a 12/12/2008, conforme consta da tabela contida na petição inicial (fl. 6). Contudo, não foi apresentado qualquerdocumento apto a comprovar tais alegações.

Page 277: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ...€¦ · 01/07/2008, com a edição do Decreto nº 6.493, que estabeleceu que o primeiro ciclo de avaliação teria início

14. Ressalto que o recorrente foi intimado para juntar aos autos documentos hábeis a demonstrar que as atividadeslaboradas até 28 de abril de 1995 foram exercidas nas condições fixadas nos Decretos n. 53.841/64 e 83.080/79, conformedespacho de fl. 112. Constou, ainda, do referido despacho, que a comprovação referente ao período de 28/04/1995 a05/03/1997 dependeria da apresentação dos formulários SB-40, DSS-8030, DIRBEN 8030, e que a partir de 05/03/1997deveria ser apresentado laudo pericial. Contudo, não houve manifestação da parte autora no prazo de 30 (trinta) dias, fixadopara atendimento da determinação (fl. 113). Além disso, o INSS juntou aos autos cópia do processo administrativoreferente ao requerimento administrativo apresentado pelo autor, o qual também não foi instruído com laudos técnicos decondições ambientais de trabalho, exames periciais ou PPPs.

15. Acrescento que a atividade de pintor não induz enquadramento por categoria profissional, mesmo no períodoanterior 28 de abril de 1995, exceto no que refere à pintura a pistola, com solventes hidrocarbonados e tintas tóxicas, deacordo com o item 2.5.4 do anexo I do Decreto n. 53.841/64 e o item 1.2.11 do anexo do Decreto n. 83.080/79, o que nãorestou demonstrado nos autos. Afastado o enquadramento por categoria profissional, caberia ao autor comprovar a efetivaexposição a agentes nocivos, conforme exigido pela legislação em vigor à época em que o labor foi exercido. Ausentequalquer documento hábil a tal comprovação, não merece prosperar o pedido de reconhecimento de atividade especial.Nesse sentido, colaciono ementa do acórdão prolatado pelo TRF da 1ª Região em julgamento da AC 200233000152799(Terceira Turma Suplementar, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes, DJF1 10.08.2011, p. 293):PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE EM APOSENTADORIA ESPECIAL. TEMPOLABORADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. NÃO COMPROVAÇÃO. PINTOR1. É incabível a conversão da aposentadoria por idade em aposentadoria especial, pois o segurado não comprovou oexercício da função de "pintor a pistola", profissão que presume o envolvimento com solventes hidrocarbonados e tintastóxicas (Decretos 53.831/64 e 83.080/79, Quadro III, código 2.5.4 e Quadro II, código 2.5.3, respectivamente), ônus que lhecompetia (CPC, art. 333, I).2. Apelação não provida.

16. Ademais, conforme acertadamente esclarecido na sentença (fls. 120/121), o autor não possuía, até a data dorequerimento administrativo, tempo de contribuição suficiente para a obtenção do benefício pretendido, tampouco preenchiaos requisitos previstos na regra de transição da EC nº 20/98.

17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 39).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Anular a sentença e julgar prejudicado o recursoTotal 3 : Dar parcial provimentoTotal 8 : Dar provimentoTotal 20 : Dar provimento ao rec. do réu e negar o do autorTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 3 : Não conhecer os embargos de declaraçãoTotal 3 : Negar provimentoTotal 100 :