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NC? 2 Abril O futuro da civilização ...................... . Amar até ao sacrifício . ..... .... .... ...... .. . Oração, atitude que compromete ............. . Bastam vinte e sele quilômetros ... Fraternidade .......... ... ....... ..... ........ . "Amar" e "gostar" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 O apostolado é fruto da vivência . . . . . . . . . . . . . . 1?. Pare, olhe , escute. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Esposa, mãe e viúva - Santa Elizabelh . . . . . . . 17 Ainda a propósito da coparlicipação . . . . . . . . . . . 18 "Mexa-se ... " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . :ui Nossa primeira reunião sem vocês . . . . . . . . . . . . 21 Trabalho junto aos detentos .. .. . .. . .. . . .. .. .. 22 Notícias dos Setores .. .. . . .. .. . . .. .. . .. . . .. .. . . 24 Mais um Mutirão em 1975 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . . . . 32

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NC? 2

Abril

O futuro da civilização ...................... .

Amar até ao sacrifício . ..... .... .... ...... .. .

Oração, atitude que compromete ............. .

Bastam vinte e sele quilômetros ...

Fraternidade .......... ... ....... ..... ........ .

"Amar" e "gostar" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

O apostolado é fruto da vivência . . . . . . . . . . . . . . 1?.

Pare, olhe, escute. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Esposa, mãe e viúva - Santa Elizabelh . . . . . . . 17

Ainda a propósito da coparlicipação . . . . . . . . . . . 18

"Mexa-se ... " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . :ui Nossa primeira reunião sem vocês . . . . . . . . . . . . 21

Trabalho junto aos detentos .. .. . .. . .. . . .. .. .. 22

Notícias dos Setores .. .. . . .. .. . . .. .. . .. . . .. .. . . 24

Mais um Mutirão em 1975 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . . . . 32

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EDITORIAL

O FUTUR.O DA CIVILIZAÇÃO

Julgo que é absolutamente necessário que os cristãos de hoje se convençam da sua responsabilidade, isto é, de que trazem sobre os ombros o peso do que será o mundo em que vamos penetrar. Sentimos que o futuro da fé e da civilização - por mim não dissocio o futuro da civilização do futuro da sua di­mensão religiosa - está hoje ameaçado; as coisas andam a ponto de vermos cristãos aceitarem a idéia de que estamos numa épo­ca em que o declínio da religião é irremediável, em que se teria de aceitar que a grande massa dos homens se afastasse de Deus, que entraríamos num universo que seria o do ateísmo e no qual apenas sobreviveriam algumas pequenas ilhas de cristandade, al­guns pequenos grupos de "espirituais" ou de "militantes".

Hoje sentimos perfeitamente o perigo e, em presença de si­tuações como esta, a omissão já não é possível; é absolutamente necessária a mobilização de tod.as as forças da Igreja.

Isto aliás corresponde profundamente a uma das aspirações fundamentais dos homens do nosso tempo: pensar que o mundo não é algo que se faz sem nós, mas que é feito por nós.

Tenho hoje um medo trágico deste gênero de demissão quase coletiva dos cristãos, isto é, de uma espécie de aceitação da der­rota antes do combate. A quantos cristãos ouvimos dizer hoje: "É preciso aceitar isto, é preciso conformar-se; hoje não se trata mais de apresentar a fé cristã em toda a sua integridade, é pre­ciso eliminar isto, é forçoso eliminar aquilo". E vai se elimi­nando tanta coisa que acabamos por perguntar o que sobra fi­nalmente do conteúdo autêntico da fé em certas apresentações que dela se fazem. O que se passa em relação à fé passa-se tam­bém em relação à ação, e ouve-se dizer: "Temos de aceitar que a sociedade, a civilização, a comunidade moderna estejam in­teiramente secularizados, devemos nos conformar com o fato de

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o cristianismo deixar de transparecer nelas, temos de aceitar que se volte de novo à Igreja das catacumbas ... " Sim, mas nas ca­tacumbas apenas poderão entrar algumas pessoas e não as mul­tidões imensas que esperam que lhes anunciemos Jesus Cristo!

Não temos o direito de aceitar de antemão, quando nada sa­bemos sobre o futuro, que a sociedade de amanhã seja descris­tianizada, e de o aceitar precisamente no momento em que vemos entre os jovens uma certa redescoberta do Absoluto. Há nesta juventude de agora tesouros de generosidade, de coragem e de vitalidade. Não temos razão para desesperar, pelo contrário mas esta juventude será aquilo que soubermos ajudá-la a ser; não digo o que soubermos fazer dela, porque ela não tem de modo algum a intenção de consentir nisso, mas aquilo que soubermos ajudá-la a ser e a fazer. E, neste aspecto, com freqüência es­pera de nós muito mais do que confessa - quer dizer, procura, apesar de tudo, os pontos de apoio que lhe podemos oferecer.

JEAN DANIÉLOU

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A PALAVRA DO PAPA

AMAR ATÉ AO SACRIFíCIO

Qual é a idéia central do Evangelho? Qual a chave da doutrina de Cristo e o ponto principal do seu ensinamento?

A primeira idéia fundamental é esta: Jesus nos revelou que Deus é Pai. Repete-se hoje este anúncio, num século em que foi proclamada a mais estulta negação acerca da existência de Deus. Procurou-se vedar os olhos do cientista e do pensador, como também os da criança humilde e sábia. Mas eis que Jesus nos dá a certeza que Deus é, e que é infinitamente pessoal e vivo; Ele é o Absoluto, o Necessário. Ele nos criou com um ato transcendente e onipotente; Ele nos conserva com um ato imanente e providencial, e finalmente Ele tem um nome sobe­rano e dulcíssimo: Ele é Pai.

A segunda verdade fundamental da nossa religião é: Deus é Amor. O Amor de Deus por nós tem expressões que superam toda a dimensão e toda a nossa capacidade de compreensão. Somos amados por Deus! Esta é uma revelação que está na base do Novo Testamento e que é simples noção verbal, devemos converter em eixo de toda a nossa concepção religiosa e moraL Devemos fazer nossa a afirmação do Evangelista João na sua primeira carta: "Nós cremos no amor que Deus tem por nós". e assim se impõe uma reciprocidade, embora desproporcionada~ "Nós portanto devemos amar a Deus porque Ele nos amou pri-· meiro".

A nossa própria incapacidade para exprimirmos em lingua­gem religiosa e mística o amor que devemos a Deus nos ajuda a derramarmos sobre os irmãos este amor devido ao Senhor. Jesus chamou o preceito de amar ao próximo um mandamentO' novo pela medida que ele lhe atribuiu: "Dou-vos um manda-­mento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei". Assim Jesus apresentou aos seus seguidores um caminho pelO' qual deveriam tornar-se os mais generosos e engenhos profis­sionais do amor ao irmão, no qual devem contemplar o re-­presentante e quase o sacramento do próprio Cristo. "Tudo que fizerdes ao menor dos meus discípulos é a mim que o fizestes" ..

A essência do cristianismo é amar a Deus sobre todas as coisas e, em virtude deste amor, amar dinamicamente até à igual­dade, até ao sacrifício, todos os homens, nossos irmãos.

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ORAÇÃO, ATITUDE QUE COMPROMETE

(Notas de um Retiro)

"Nunca seremos anjos e sempre e sempre seremos oprum­dos pelas teru;ões, mas quando descobrimos a origem das coisas achamos o fim e iniciamos o caminho".

Frei Constância Nogara

Oração é comunhão com Deus, é atitude de entrega total ao Pai. É busca da conformidade de nossa vontade humana com a vontade de Deus, com o seu projeto sobre a nossa vida. Cristo seguiu de maneira ideal o que Deus Lhe pediu, desde Belém até o Calvário, mas para nós é uma luta difícil porque o que pedi­mos e desejamos nem sempre está de acordo com a vontade de Deus. Traçamos um plano e Ele nos leva para outro lado.

Mas o nosso esforço continuado resulta num desenvolvimento espiritual que cresce sempre, pois, ao contrário da maturidade física, que declina, a maturação espiritual tende à plenitude. E assim vamos nós em busca de Deus, nem sempre seguindo em

·linha reta, mas com a certeza de que nas curvas de desânimo e fraqueza não estamos sós : Cristo está ao nosso lado.

A nossa oração, para ser válida, tem de ser encarnada, ou seja, ser expressão da nossa realidade, do nosso amor concreto. Tem de brotar do momento em que estamos inseridos, e ela só é realista quando é fruto de uma atitude dinâmica de amor, de ajuda aos mais necessitados. Se repetimos uma oração-fórmula mas não a assumimos, não estamos orando. Devemos lembrar que oração é atitude que compromete.

Um exemplo de oração concreta Cristo nos deu no Getsêmani, quando, "invadido de angústia e com a alma mergulhada em tris­teza mortal", Ele pediu ao Pai que afastasse aquele cálice, mas que se fizesse não a Sua vontade mas a de Seu Pai. Isto foi doação perfeita, um ato voluntário movido por um amor incon­dicional. Isto é orar.

A nossa comunhão com Deus é medida pela nossa união com o irmão, daí a necessidade do balanço contínuo da nossa vida pessoal. Na vida material, não estariam a riqueza e o sucesso trazendo a auto-suficiência, a saciedade, que aos poucos vão eli­minando a necessidade de Deus? Cristo mostrou como serão tratados os auto-suficientes na passagem em que chamou os Doutores da Lei de "sepulcros caiados", arrasando-os por se mos-

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trarem tão superiores, enquanto sua obrigação era orientar o povo de Deus.

Cristo espera que sintamos necessidade dEle e que encon­tremos nEle a satisfação plena. Mas é difícil um lugar para Deus quando temos tudo. A predileção de Jesus pelos pobres é um mistério que nos deve preocupar. Os ricos que são citados no Novo Testamento, como Nicodemos e José de Arimatéia, são exemplos de pessoas que tiveram a disponibilidade total, a dis­posição interior de pobres. Ele nos mostraram como deve ser usada a riqueza, também um dom de Deus.

Todas as coisas criadas fazem parte da nossa felicidade, per­tencem a nós, mas isto não é o essencial. Deus é o sentido vital da nossa existência e esta descoberta é oração, do mesmo modo que também é oração a busca para encontrá-lO, porque O esta­remos vivendo, tornando-O uma pessoa amiga, presente, com quem se conversa abertamente e a quem se doa de modo completo.

O cristão, descobrindo Deus pela oração, vendo-se face a face com o cristo, sente-se questionado: "Para você, quem sou Eu?"

A resposta tem de ser o reconhecimento do Cristo no Outro, seja marido, esposa, filho, amigo, pobre - enfim, acolher o Cristo, por mais desfigurada que seja a Sua imagem. É a hora de viver o Amor e não apenas de tratá-lo teoricamente.

Mas, por sermos continuamente tentados e oprimidos por tensões diversas, a vivência do cristianismo exige de nós um trabalho constante de conversão, ou seja, uma purificação inte­rior que leva a uma mudança de mentalidade e de vida. Uma supõe a outra.

Conversão é mudar de pensar e de agir. É aceitar o pen­samento de Deus e cuidar para que haja menos falhas em nossa adesão à Fé, à Esperança e ao Amor.

Mas a luta entre o bem e o mal são tensões constantes que enfrentamos, como nos diz São Paulo, e a nossa crença não segue uma linha contínua. Na história do povo judeu, vemos o pro­tótipo da nossa própria estória: as sinuosidades, falsidades, infi­delidades havidas nestes 40 anos de caminhada se repetem na nossa vida diária, que também encaminha para a Terra Pro­metida.

Sabemos que é necessário servir, mas quantas vezes nos vemos dominando o outro, obstinados em preconceitos vaidosos! Quais são os gestos que fazemos para ajudar o outro?

É mais comum pedirmos que oferecermos, mas não podemos pedir se antes não nos demos totalmente. Muitas vezes servimos

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buscando reciprocidade ou sem a abertura que permita ao outro viver sua própria identidade. Não sabemos construir o amor na diferença.

Para fazer frente a estas e muitas outras tensões normais ao ser humano, temos de adotar uma atitude crítica e encarar a realidade. Sabendo que espécie de amor nos é pedido e tendo a convicção que a tentativa do cristão para o bem é útil, só nos resta uma opção: convertermo-nos.

A própria palavra "con-vertere" nos diz que é mudança, mas com alguém. É mudança do nosso interior, ajudados por Deus e manifestada no nosso amor ao próximo. É ultrapassar-se usando dos recursos e dons que nos foram dados por Deus ao nos adotar como filhos pelo Batismo.

E a nós, casados, cabe maior responsabilidade em exercer esta conversão na nossa vida em comum, pois o casal é o exem­plo ideal do que significa o Amor e a experiência mais profunda do que é a Comunhão.

Conseqüentemente, alertou-nos Frei Nogara quanto à neces­sidade de rezarmos juntos, marido e mulher, a fim de que o ca­minho para Deus sej a percorrido também juntos. Cada um à sua maneira, pois Deus se comunica a nós de modo original, mas com a abertura e simplicidade que deve caracterizar a nossa conversa com Ele.

Frei Nogara disse que teme pela união de um casal que não reze junto e insistiu sobre a necessidade de um método, ou melhor, para que seja estabelecido um horário viável para ambos, um texto para meditação, enfim, que não se dê oportunidade ao relaxamento tão comum à nossa fraca natureza humana. Uma renovação também é importante, assim como uma parada para "balanço", pois, se vivemos o amor como resposta a um chamado de Deus, não podemos permitir que este amor fique estagnado através dos anos.

Deu-nos ainda Frei Nogara a oportunidade de sentirmos como a riqueza contida nos Salmos ajuda na vivência do cotidiano, pois todas as palestras começavam com a leitura e meditação de um Salmo.

Finalizando, podemos dizer, com certeza, que esses dois dias foram uma dádiva do Senhor e que Frei N ogara foi Seu instru­mento de revelação para nós: através de suas palavras, sentimos um chamado do Cristo e recebemos na nossa vida de cristãos uma marca indelével.

Leda Márcia e Edson Porto Equipe n9 1. Juiz de Fora

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BASTAM VINTE E SETE QUILôMETROS PARA DIVIDIR OS HOMENS

"Um homem descia de Jerusalém para J ericó . .. "

Vinte e sete quilômetros de uma estrada que mergulha em declive, partindo de uma altitude de mais de mil metros e zigue­zagueando no meio de um deserto de manganês. Um cenário assustador, alucinante.

Um ambiente propício para encontros que nada têm de agra­dável.

É a "estrada do sangue". Vinte e sete quilômetros. E são mais do que suficientes

para dividir os homens em duas categorias:

Os que seguem direto e os que param.

Os que "seguem seu caminho" e os que se ocupam com os outros.

Os que exibem o certificado do "não tenho nada com isso" e os que se sentem responsáveis de tudo e de todos.

Os que não querem ter "dor de cabeça" e os que estão sem­pre presentes no sofrimento que invade o mundo.

Os que não fazem mal a ninguém e os que sabem inclinar-se sobre todas as necessidades.

Os que devem ocupar-se com "coisas importantes" e os que se ocupam com o sofrimento alheio.

Vinte e sete quilômetros vigiados pelo olhar de Deus. De fato, esta parábola deve ser observada na mesma perspectiva da­quela do fariseu e do publicano.

Lá no templo, dois homens que rezam. E Deus que os observa.

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Aqui, ao longo dos va1vens desta estrada, há um homem meio morto, alguns indivíduos que se avizinham. E Deus que observa, fotografa tudo.

Posso iludir-me de passar de lado. Ninguém me vê. O coi­tado, que sente a vida fugir-lhe, não consegue nem sequer abrir os olhos.

Minha covardia, portanto, não tem testemunhas.

E ao invés, não. Alguém me está espiando.

Deus observa-me quando me encontro na igreja.

E observa-me enquanto caminho pela estrada.

Para ele, também a estrada é importante. Igual à igreja. Estrada e igreja são o lugar do encontro.

Vinte e sete quilômetros podem ser a minha salvação ou minha condenação.

Vinte e sete quilômetros, e também menos. Pode bastar um corredor, poucos metros, um escritório. Basta que haja um homem que tenha necessidade de mim: aquela é a minha es­trada que desce de Jerusalém a Jericó.

Onde, se perco tempo, ganho a eternidade.

Minha salvação coincide com a salvação dos outros.

Alexandre Pronzato ("Evangelhos que Incomodam", Edições Paulinas)

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FRATERNIDADE ...

"Todo aquele que vos der de beber um copo dágua em meu nome, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa." (Marcos 9,41).

Meu amigo, ninguém te pede a santidade de um dia para outro. Ninguém reclama de tua alma espetáculos de grandeza. Todos sabemos que a jornada humana é inçada de sombras e aflições criadas por nós mesmos. Lembra-te, porém, que o Céu nos pede solidariedade, compreensão e amor ...

Planta uma árvore benfeitora, à beira do caminho. Escreve algumas frases amigas que consolem o irmão infortunado. Traça pequenina explicação para a ignorância. Oferece a roupa que se fez inútil agora ao teu corpo ao companheiro necessitado que segue na retaguarda.

Divide, sem alarde, as sobras do teu pão com o faminto. Sor­ri para os infelizes. Dá uma prece ao agonizante. Acende a luz de um bom pensamento para aquele que te precedeu na longa viagem da morte. Estende o braço à criancinha enferma. Leva um remédio ou uma flor ao doente. Improvisa um pouco de entusiasmo para os que trabalham contigo. Emite uma pala­vra amorosa e consoladora onde a candeia do bem estiver apa­gada. Conduze uma xícara de leite ao recém-nascido que o mun­do acolheu sem um berço enfeitado. Concede alguns minutos de palestra reconfortante ao colega abatido.

O rio é um conjunto de gotas preciosas. A fraternidade é um sol composto de raios divinos, emitidos por nossa capacidade de amar e servir.

Quantos raios libertastes hoje do astro vivo que é teu próprio ser imortal? Recorda o Divino Mestre que teceu lições inesque­cíveis em torno do vintém de uma viúva pobre, de uma semente de mostarda, de uma dracma perdida ...

Faze o bem que puderes. Ninguém espera que apagues sozinho o incêndio da maldade. Dá o teu copo de água fria.

(Do "Equlpetrópolis")

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"AMAR" E "GOSTAR"

Amar não é gostar e gostar não é amar. Não são sinônimos, nem na gramática, nem na psicologia, nem na vida.

É importante, na vida do casal, descobrir se "se gostam" ou "se amam". Nenhum homem e nenhuma mulher se conduzirão com responsabilidade no amor, se não souberem distinguir, atra­vés do vocabulário afetivo usual, onde está e onde não está o amor verdadeiro. Pois, a partir da conceituação que um casal tem do amor, transformará em comportamento um amor autên­tico ou falsificado.

É errado e nefasto equiparar "amar" e "gostar" porque, na hora em que um dos parceiros precisa fazer algo de que o outro não gosta, este outro pensa que não é amado. E então a vida de ambos mergulha em conflito, ansiedade, atrito, ruptura.

Gostar é uma sensação em que o "eu" se antepõe ao "tu".

Amar é um sentimento em que o "eu" se pospõe ao "tu".

Amar é diferente de gostar porque quem ama pensa primeiro 5e o outro está feliz, se o outro está contente, se o outro está bem.

Um esposo que de fato ama sua esposa sente espontaneamen­te que sua felicidade está justamente condicionada em poder fa­zê-la feliz.

Já conseguimos extrair do fundo de nosso coração esta ex­pressão: - "Minha maior felicidade é poder fazer a tua?"

Quem ama deixa o caminho aberto para o outro escolher, porque pensa primeiro no prazer do outro, condiciona sua felici­dade em ver o outro feliz.

Quem apenas gosta pensará fatalmente mais em si. Poderá achar que só vive pensando no outro, que não tira o pensamento do outro, mas é sempre no outro como objeto de prazer, de posse,

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como coisa agradável, que deixa de ter valor quando deixa de dar prazer.

Compreende-se, então, que gostar não admite renúncia, sa­crifício do prazer.

E amar admite renúncia ao prazer, sacrifício do prazer.

Gostar não admite renúncia porque não é gostoso renunciar. Amar admite renúncia porque pode causar profunda alegria, ge­nuína felicidade ver o outro feliz à custa da abdicação de um prazer meu.

Não é que o amor conjugal não aspire ao prazer. Pelo con­trário. No casamento o prazer é um elemento básico. É, aliás, c começo mais ou menos comum de todo casamento. No casa­mento, como se quer bem e se quer o bem, estão presentes gostar e amar. Portanto, no casamento cada parceiro se permite cer­tos prazeres e rejeita outros (aqueles que comprometem o bem do companheiro) , nenhum dos dois põe o prazer pessoal antes das necessidades do outro.

Se alguém concluiu deste estudo diferencial existir incom­patibilidade entre amar e gostar, retifique a tempo a conclusão. Não existe necessariamente incompatibilidade. Simplesmente por­que todos somos aparelhados psiquicamente e organicamente para amar e gostar. Todos temos em nós o instrumental do prazer e a capacidade de amar. O fundamental é não dar prioridade ao gostar sobre o amar, e muito menos exclusividade.

Portanto, as conseqüências de um casal feliz e ajustado é "amar um ao outro e gostar um do outro", "querer fazer feliz e querer ser feliz", "dar amor e receber amor", "amar e gostar de amar".

JOÃO MOHANA

("Ajustamento Conjugal")

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O APOSTOLADO ~ FRUTO DA VIVf:NCIA

Não pode haver apostolado sem v1vencia porque ninguém dá o que não tem. Por isso vale a pena meditar um pouco na Palavra de Cristo quando diz:

"Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?

Toda a árvore boa dá bons frutos; toda a árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos. Toda a árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis." (Mt. VII, 16-20).

O casal, também, será conhecido pelos seus frutos de vivência e amor com relação aos outros. Não adianta querer disfarçar ou esconder nossas falhas e limitações. Ou vivemos e seremos árvores boas e nossos frutos necessariamente bons, ou transfor­mar-nos-emas em árvores más por falta de vivência e coerência cristã e nossos frutos serão maus. Se deixarmos de dar frutos seremos cortados. O casal de boa vontade aceita a Palavra de Deus e esforça-se por transformá-la em vida. Esforça-se para dar melhores frutos. Sabendo que os outros conhecem-no pelos frutos. Está nas nossas mãos dar frutos de bem-querer, diálogo, amor transbordante para os outros.

Portanto apostolado não é fazer coisas ou multiplicar obras. Mas fazer as mesmas coisas como fruto de vivência interior e impulsionados pelo Amor.

Apostolado não é falar de Cristo mas viver o Cristo. Por isso o Evangelho nos adverte: "Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão na­quele dia: "Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E no entanto eu lhes direi: Nunca vos conheci. Re­tirai-vos de mim, maus operários!" (Mt. VII, 21-23).

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Constatamos que estas palavras são duríssimas. Em perspec­tiva cristã não há lugar para dupla personalidade nem para más­caras. Ou somos autênticos, vivendo o que pregamos. Acredi­tamos no que dizemos ou estamos correndo o grande risco de­não sermos aceitos no Reino, apesar de todos os demônios ex­pulsos e de todos os milagres realizados. A falta de coerência faz com que sejamos rejeitados por Cristo. É perigoso ensinar aos outros operar maravilhas se nós nada fazemos para encarnar a mensagem e transformá-la em vida.

Quantas vezes nossos círculos ou grupos fracassam porque não estamos dispostos a viver a harmonia conjugal e a íntima comunhão de vida. Falamos muito de Cristo, esquecendo-nos que não basta falar. Cristo quer ser vivido e encarnado. As mudanças comportamentais são operadas pela Encarnação lenta mas dinâmica da Palavra Divina. Neste particular Cristo é bem explícito, quando nos diz:

"Aquele pois que ouve minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, ela porém não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopra­ram os ventos e investiram contra aquela casa e ela caiu, e grande foi a sua ruína." (Mat. VII, 24-27).

As atitudes comportamentais destes dois indivíduos são co­muns em alguns aspectos e divergentes em outros. As comuns; ambos ouvem a palavra e ambos entram em crise. Os dois es­forçam-se por construir, os dois dispendem forças e energias. Divergem em que um constrói em terreno firme, "sobre a ro­cha", o outro sobre a areia. O primeiro não se deixa vencer nem pelas crises, problemas ou dificuldades porque não apenas. ouve a palavra mas a transforma em vida. As crises são en­caradas como pontos de parada e reflexão. Sinais vermelhos nO> caminho do Amor. Seria temerário querer passar, quando se é obrigado a parar. Para, reflete e descobre o que Cristo deseja. Sua casa permanece inabalável apesar das condições adversas: e hostis.

Quem apenas ouve a Palavra, mas sua vida continua a mes­ma, também sofrerá crises. Quando aparecerem, não sobrará pedra sobre pedra. Muitas vezes consegue abafar a voz da cons­ciência com o capítulo das desculpas e racionalizações. Não

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rtprende nunca a lição, ou porque julga-se perfeito e acabado, ou por não ter coragem de mudar. Suas atitudes são dúbias e de difícil interpretação porque prega uma coisa e vive outra. Seu trabalho é sempre indefinido e amorfo. Aparentemente constrói, mas, na realidade, é sobre a areia.

Portanto, podemos concluir sem medo de errar que aposto­lado nunca foi fazer coisas. Mas fazer as mesmas coisas funda­mentadas no Amor e no Cristo. Quem construiu sobre a areia também dispendeu o esforço da construção mas de nada adiantou!

O apostolado deve ser fruto de vivência, somente assim tem sentido. Crises haverá e são naturais, mas se nossa construção for fruto de encarnação constante da Palavra divina e de con­versão, nossa casa não será abalada, nem nossos frutos prejudi­.cados.

(Do Boletim do MFC da Arquidiocese de São Paulo, "Vínculo da Unidade", nQ 64)

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PARE. OLHE. ESCUTE ...

Viver é peregrinar. A gente aprende a seguir em frente, com sabedoria, equilíbrio e bom senso, peregrinando.

Nossa vida é realmente uma jornada, um caminho através do tempo. Com pedaços bons, com pedaços maus, com dias de sol e com dias cinzentos. Com lágrimas e sorrisos, encontros e desencontros.

Parar . . . Olhar . . . Escutar. . . diziam aquelas tabuletas ben­feitoras , junto às encruzilhadas onde os trilhos de trem cortavam caminhos, estradas de rodagem. Muito incauto morreu ou saiu ferido, porque não deu atenção ao aviso.

Parar . . . Olhar . .. Escutar . .. Um retiro espiritual represen­ta sempre uma parada. Parada durante a qual olhamo3 para dentro de nós mesmos e para dentro da vida. E nos quedamos em silêncio na escuta. Para captar a voz de Deus.

Deus fala, quando a gente cala. E Ele cala, quando nós fa­lamos.

O século XX está perdendo gradativamente a capacidade de parar. O homem de hoje sofre a volúpia das velocidades: oi­tenta quilômetros por hora. Cem, duzentos, mil quilômetros por hora. Os astronautas cortam os espaços celestes, viajando a de­zenas de milhares de quilômetros horários.

Os homens correm. Os homens voam. Sempre nervosos. Numa ânsia de chegar, quanto antes, nem eles sabem bem aonde. E já não conseguem parar, embora sentindo brutalmente, na carne, a necessidade de parar. Parar para contemplar as flores ao longo dos caminhos, para curtir um papo amigo em família, eom os colegas de trabalho, com o vizinho, para fruir os en­cantos da natureza, para molhar a alma com todo esse orvalho

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de bondade, de ternura, e alegria de viver que ainda sobra no coração humano.

A planície da civilização moderna vem dissecando nossos sen­timentos, roubando-nos a poesia das montanhas e dos pequenos gestos humildes, jogando poeira e algazarra em nossos olhos aver­melhados. . . Olhamos para os poetas, os músicos, as almas mís­ticas. E sentimos inveja deles. Parecem os "últimos moicanos" de um mundo agonizante.

E ficamos ligeiramente tristes. E dentro da nossa tristeza chora um rosário de nostalgias. A nostalgia funda de tantos valores perdidos ...

Santo Inácio de Loyola foi um homem profundamente lúcido. Embora vivendo numa época menos atabalhoada e vertiginosa que a nossa, ele sentiu a necessidade fundamental do silêncio, da parada, da prece, da reflexão, do reabastecimento cotidiano.

Lançando a idéia dos Exercícios Espirituais, e estruturando­-os com a sabedoria de um homem de Deus, inspirado pela graça, Inácio de Loyola legou-nos um tesouro precioso. Porque, meus amigos, a verdade é essa: cai aos pedaços pelo caminho, morre subnutrido e se depaupera gradativamente quem já não para, aqui e ali, para redimensionar sua vida, fazer um balanço de seus dias, planejar o presente e o futuro.

Retiro Espiritual é isso. Uma parada. Um olhar de contem­plação para dentro de si mesmo.Uma ilha de silêncio para es­cutar a voz de Deus. Uma tomada de consciência para ver o que é essencial e o que é acidental. Um reenfoque de toda a nossa vida.

Bem-aventurados todos aqueles que, num mundo sem tempo, ainda encontram alguns retalhos de tempo para si e para Deus. Ele fala, quando a gente cala!

Roque Schneider, s.j •

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ESPOSA, MÃE E VIúVA - SANTA ELIZABETH

Dentro da programação do Ano Internacional da Mulher, o Vaticano comemorou o "Dia da Mulher" com a canonização da primeira santa norte-americana - Elizabeth Ann Seton.

Esta invulgar figura de mulher vem impressionar a nós equi­pistas de modo especial porque Elizabeth santificou-se no matri­mônio e na maternidade.

Mãe de 5 filhos, nascera em 1774, em Nova York, numa so­ciedade essencialmente protestante e conservadora, recém-saída do colonialismo. Seu pai era médico e foi o primeiro Secretário da Saúde de Nova York; sua mãe era filha do Superior Episcopal da cidade.

Aos 19 anos, Elizabeth casou-se com Willian M. Seton, filho mais velho de um próspero comerciante. Depois de dez anos de difícil vida conjugal, Elizabeth tornou-se viúva - seu marido faleceu na Itália, enquanto viajavam a recreio. Ela permaneceu algum tempo naquele país com seus filhos. Voltando aos Estados Unidos, com 31 anos, anunciou sua conversão ao catolicismo, aba­lando as estruturas de sua família e escandalizando o meio em que vivia. Repudiada e segregada, partiu para Baltimore, onde trabalhou como professora e sanitarista.

Ela, que fora da alta sociedade e apreciara a dança e o tea­tro, impôs-se a si mesma o ostracismo social e uma quase po­breza para fundar uma organização assistencial e educativa que tomou o nome de São José e acabou tornando-se a base da Ordem das Irmãs de Caridade de São José, a primeira essencialmente norte-americana e hoje a maior comunidade religiosa dos Esta­dos Unidos.

Madre Seton foi declarada "Venerável" em 1959 pelo Papa João XXIII que, em 1963, a beatificou. O decreto de canoniza­ção, assinado pelo Papa Paulo VI em dezembro passado, pôs fim a um processo de canonização que se arrastou por mais de um século.

Ao proclamar que "a beata Elizabeth Seton é uma santa", o Papa reiterou - lembrando o papel de Maria, que fortalece e sublima o feminismo moderno - que, na concepção cristã da mulher, "se deve encontrar o reconhecimento de seus direitos humanos e civis".

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AINDA A PROPóSITO DA CO-PARTICIPAÇAO

Pierre Roland, numa palestra aos Casais Respon­sáveis de Equipe, distinguia seis aspectos na co-par­ticipação: conhecer-se, partilhar as próprias riquezas, dar a conhecer as próprias necessidades, examinar o problema que se apresenta a um casal de nossa equipe, descobrir as exigências do Evangelho, pro­curar as verdadeiras responsabilidades de cada um. Detenhamo-nos hoje, com ele, no primeiro destes as­pectos.

"Conhecer-se"

Toda a amizade e o auxílio mútuo que devem ser vividos na nossa equipe repousam sobre o conhecimento mútuo.

Não venham logo a dizer que, no início da vida de equipe, na primeira reunião, vocês fizeram a sua apresentação. É ver­dade, mas foi tão pouco! Com efeito, o conhecimento de alguém ou de um casal não se realiza em poucos minutos. Lembre-se, por um instante, dos tempos de noivado: quantas vezes vocês se encontraram antes que começassem a se conhecer! Isto é vá­lido também na equipe, para se chegar a uma amizade cada vez mais profunda, tendo em vista um auxílio mútuo sempre mais real, já que é esta a meta que visamos.

É preciso dar tempo ao tempo para uma apresentação mais prolongada: meio familiar, estudos, movimentos em que já mi­litamos, encontros marcantes, etc. Acontecerá, certamente, como revelava um responsável de equipe, que, ao preparar a sua apre­sentação para uma reunião de co-participação, um casal descubra que, mesmo entre marido e mulher, certas coisas ainda não fo­ram ditas.

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Parece-nos aconselhável dedicar uma reumao especial a esta apresentação mais profunda dos membros da equipe. Algumas equipes o fazem após alguns meses de vida, outras após alguns anos. Mas todos os casais reconhecem que, antes deste pôr-em­-comum, tinham vivido em equipe, lado a lado, sem se conhece­rem realmente. Vejam estas linhas que nos vêm do Canadá:

"A co-participação é feita com regularidade na nossa equipe. Mas queremos mencionar o que fizemos recentemente: uma reu­nião toda de co-participação, para melhor nos conhecermos. Esta reunião teve início às 9 horas da noite para terminar às 2 da manhã. Nossa equipe tem cinco anos e é um casal novo que pediu, após oito meses de equipe, que se fizesse esta co-partici­pação especial. Não vou fazer o relato desta reunião, mas posso lhe dizer que verificamos quão pouco nos conhecíamos, mesmo depois de cinco anos. Depois desta reunião, como "partilhamos" melhor! Como aceitamos melhor certas reações!"

A apresentação da história de cada casal poderá ser comple­tada, passados alguns anos, por um conhecimento mais amplo, incidindo sobre as responsabilidades profissionais, sobre as razões profundas dos engajamentos de cada um na comunidade ou nos movimentos apostólicos, etc. Estes assuntos poderão ser objeto de "apresentações" sucessivas dos membros da equipe.

Este aprofundamento no conhecimento mútuo não é mera curiosidade. Encontra a sua razão de ser na procura da amizade e da ajuda mútua que deve ser uma das nossas preocupações. Para melhor amarmos, para ajudarmos mais concretamente· nos­sos companheiros de equipe, precisamos conhecê-los e conhecer as suas necessidades.

Há um obstáculo de monta na realização deste conhecimento em equipe : é o individualismo.

Para alguns, ser adulto é enfrentar, sozinho, as próprias di­ficuldades, sem incomodar os outros. É de bom tom dizer que tudo vai bem, que não há dificuldades nem problemas. Este ca­minho é perigoso. É a recusa da abertura, é o sinal de uma parada no aprofundamento da amizade e do auxílio mútuo; é o começar a viver em oposição ao espírito do Movimento.

Instintivamente, somos todos levados a reagir desta forma. No entanto, se reconhecemos o perigo, será mais fácil definir o remédio: sabendo que não se trata de "incomodar os outros", levaremos a peito confiar-lhes as nossas preocupações e alegrias, passadas ou presentes.

(Da Carta Mensal Internacional)

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"MEXA-SE ... "

Com certeza todos estão por dentro da campanha, atualmen­te em voga na televisão, do "Mexa-se". Essa campanha, além de seguir o princípio de que a propaganda é a alma do negócio, pretende fazer com que todo mundo se mexa. E, quanto a este objetivo, parece que está conseguindo sucesso, pois é freqüente, ultimamente, nas rodas de amigos, se conversar a respeito da necessidade de se fazer exercício. Aí são ressaltadas as vanta­gens do mesmo para a saúde, especialmente para conservar a saúde por mais tempo e evitar os problemas que normalmente aparecem na idade avançada (às vezes já na semi-avançada).

Esta receptividade parece nos indicar que as pessoas prefe­rem acreditar numa preparação (ou adaptação) progressiva e contínua do organismo do que esperar por um milagre da me­dicina quando um caso sério de saúde vier à tona. Realmente, parece não haver dúvidas de que a saúde na velhice depende dos hábitos da juventude e da idade madura. Pois bem; se na vida material isto é fácil de perceber, na vida espiritual é mais fácil de se esquecer. Porém, o princípio é igualmente válido. O nosso progresso espiritual depende de uma ação moderada, contínua e persistente. A oração cada dia, a escuta diária da Palavra de Deus, o esforço quotidiano para corrigir uma fraqueza específica vão formando um homem novo dentro de nós, vão descobrindo a vida do Espírito que existe em cada um de nós.

O homem não é como uma fruta que se põe numa estufa para amadurecer mais rapidamente. O crescimento do homem, seu amadurecimento, é lento, quase imperceptível a cada passo, e requer um cuidado muito grande, persistência e, antes de tudo, fidelidade a um método.

Portanto, caros irmãos, àqueles que venham a desanimar e àqueles que, repetidamente, pedem a Deus que lhes conceda isso ou aquilo, vamos dizer com sentido espiritual: Mexa-se ... Inicie já a prática de exercícios espirituais.

(Do Boletim de São José dos Campos)

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NOSSA PRIMEIRA REUNIÃO SEM VOC~S

A perda de um companheiro é sempre um trauma para a equipe. Mas dar apoio ao que ficou é tão vital que faz pa.ssar a dor para um segundo plano.

Desta vez, porém, foram-se os dois... e a equipe, des­consolada, sente um vazio que nada parece poder preencher .

As linhas que seguem brotam do coração cheio de sau­dade, mas também cheio de fé, do Vinicius, companheiro de Myriam e Gastão, que Deus chamou a si no dia 24 de janei­ro (cf. C.M. março, pág. 30).

Tudo foi tão de repente Tão rápido Tão instantâneo Que atônitos Perguntamos: Como? Por que?

Estamos agora reunidos. Entreolhamo-nos angustiados, Aguardando A cada instante Que a equipe se complete Com a chegada de vocês.

Mas vocês não mais v1rao Vocês não mais estarão Ao redor da nossa mesa.

Tudo agora é silêncio Tudo agora é tristeza. Mas também temos certeza, Certeza que nos consola, Que apesar de ausentes agora Um dia haverá Em que reunidos estaremos Formando uma grande equipe Ao redor do Bom Pastor.

Myriam e Gastão, "Se a ausência de vocês nos entristece, a certeza da ressurreição nos consola."

Da sua equipe, Na. Sra. Mãe de Deus- n.0 9- Setor C

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APOSTOLADO

TRABALHO JUNTO AOS DETENTOS

(Do Boletim de São José dos Campos)

Em termos jurídicos, APAC é simplesmente a sigla da Asso­ciação de Proteção e Assistência Carcerárias, mas, para quem trabalha nesse apostolado, comumente chamado de apostolado de eadeia, APAC significa antes "Amando o Próximo, Amarás a Cristo", pois é sabido que o caminho que conduz a Cristo passa obrigatoriamente pelo no-sso próximo. O próprio Cristo nos ad­verte, com relação ao Juízo Final, em Mt. 25, 31-46, especifica­mente no versículo 36: "estava nu e me vestistes; estava enfermo e me visitastes; estava no cárcere e viestes me ver", afirmando: "toda vez que isto fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes".

Essa entidade teve seu embrião num grupo de cursilhistas que, há três anos, iniciou trabalhos junto à Cadeia Pública de São José dos Campos, visando à recuperação do-s detentos. São inúmeras as suas realizações. Entre elas :

- missa campal uma vez por mês no pátio interno do presídio;

- concurso mensal de composição sobre um tema sugerido aos detentos, com o oferecimento de um troféu ao vencedor;

- comemoração dos aniversários do mês, juntamente com o dos membros da APAC, em festa de confraternização que se segue à missa e à entrega do troféu; com o objetivo de recuperar os detentos para a vida em sociedade, procura­-se "colocar Cristo em cada coração", através de animado "bate-papo" entre todos;

- cursos de batismo, preparação para a crisma e a primeira comunhão; palestras sobre formação cristã, onde é dada ênfase ao fato de que Cristo não veio ao mundo para salvar os bons, mas principalmente para conquistar os pe­cadores;

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- organização e manutenção de uma biblioteca, atualmente com cerca de 4.000 volumes;

- construção de um barracão (onde trabalham presos alu­nos do SENAI aprendendo o ofício de pedreiro) que abri­gará serviço médico e odontológico, servirá de oficina de trabalho e será utilizado também para o culto e o lazer (TV e cinema, palestras e aulas);

- procura-se dar a cada detento um padrinho, que lhe dá assistência e orientação, devendo também olhar pela sua família.

Graças a essas medidas, criou-se um clima de confiança mú­tua tal que foi possível conseguir várias permissões visando à promoção do detento:

- autorização judicial para que vários presos, mediante com­promisso moral com a APAC, fossem liberados para prestar ser­viços dentro do presídio, no albergue, na secretaria, no atendi­mento de enfermos, etc. - "são os próprios presos cuidando de outros presos";

- os presos que colaboram com a APAC têm direito a al­gumas saídas, sempre acompanhados de seus padrinhos; aos mais conscientizados, é permitido, desde que sob a orientação de seu padrinho, passar um domingo por mês com suas famílias ou na casa de parentes, ou ainda na casa do próprio padrinho; no pri­meiro semestre de 1975, houve um total de 5.060 saídas, regis­trando-se apenas uma fuga;

- nesse mesmo período, havia 23 presos trabalhando fora ou estudando, com bolsas de estudo, inclusive em ginásios.

O resultado de todo esse trabalho de acompanhamento do detento, tanto daquele que se encontra em prisão albergue, quanto daquele que goza de liberdade vigiada, quanto ainda daquele que já está em liberdade definitiva, é a recuperação não só espiritual como também social de muitos presos. Graças ao apoio que lhes é dado, têm conseguido emprego em várias firmas, locais ou de outras cidades, eliminando-se aquele velho e angustiante pro­blema das dificuldades que os recém-egressos do presídio encon­travam para se empregar.

Eis, sem dúvida, a prova de que esse apostolado, o testemu­nho de amor e de confiança que a todo instante os membros da APAC procuram dar aos presos, tem alcançado seu objetivo. Aliás, finalizam Joana e Medeiros (da equipe 8 de São José):

"Deus tem feito em nós, da APAC, e nos detentos a nossos cuidados, verdadeiras maravilhas".

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NOTíCIAS DOS SETORES

RIBEIRÃO PRETO - Um Setor inventivo

Resumimos do Boletim "O Equipista" o relato de algumas atividades do Setor de Ribeirão no segundo semestre do ano pas­sado, pois ilustram bem a criatividade da Equipe de Setor.

1. Evangelho na Família - Este inquérito, proposto pela Equipe Responsável Internacional para todas as equipes do mun­do, foi cuidadosamente preparado, com cerca de um mês de antecedência. O Setor escolheu, para todas as suas equipes, o tema "Criadores de Paz". (1)

Em agosto, nas reuniões normais das equipes, o tema foi es­tudado com real interesse, mesmo pelas equipes em pilotagem. Foi sugerido também que, naquele mês, o dever-de-sentar-se fos­se centrado no assunto: "Nosso lar e a paz"; que a partilha fosse feita do ponto de vista de como os meios de aperfeiçoamento ajudam os equipistas a serem criadores de paz e de como po­demos nos ajudar melhor daqui para a frente nesse sentido?

Pesquisas do Evangelho e textos do Vaticano II serviram de base para a reflexão de todos. Dos relatórios recebidos das equi­pes, conclui-se, em resumo: Primeiro, foi considerado um sentido mais espiritual. Depois, foram os casais chegando a aspectos mais práticos, no sentido de observar que, em sua vida pessoal, se estava faltando a paz, é porque faltava união com Deus e com os seus desígnios.

Muito se falou em "construir a paz". É preciso primeiro es­tabelecer a paz pessoal, paz esta que se reflete no relacionamento familiar, no trabalho profissional, nos meios em que podemos

(1) Embora o Setor optasse por este tema para estudo por parte de todos, os outros dez foram colocados à disposição das equipes. Quatro delas os adotaram para estudo durante o ano.

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exercer a nossa ação pessoal. Os próprios meios de aperfeiçoa­mento podem nos ajudar a construir a paz mas, foi bem salien­tado, só produzem efeito quando realmente bem usados.

2. Mutirão -No último dia do mesmo mês de agosto, rea­lizou-se um Mutirão, cuja organização ficou a cargo da Equipe 3. Vinte e oito casais presentes. Nele foi estudado o documento da CNBB, "Os valores do casamento cristão". Após a leitura da carta de S. Tiago, cap. 2, vers. 14-23, Pe. Francisco, Conselheiro espiritual do Setor, deu uma visão geral do documento "Em favor d.a Família". A seguir, formaram-se quatro grupos de trabalho, cujos coordenadores haviam sido instruídos tanto para orientar os debates sobre o tema quanto no sentido de fazer com que cada equipista procurasse definir o seu engajamento.

3. Equipes mistas - Foram realizadas, a 19 de setembro, as reuniões das chamadas "equipes mistas", precedidas por uma reunião preparatória para todos os casais animadores. Como tema de debates, foi proposto voltar ao tema das reuniões de base rea­lizadas em agosto: "Criadores de Paz".

Para orientar a troca de idéias, foram apresentadas 4 per­guntas:

- O estudo do tema "Criadores de Paz" realmente causou impressão profunda, alguma mudança?

- Quais os ambientes carentes de paz?

- Exemplos de pessoas criadoras de paz.

- Você pode ser criador de paz? Como?

Pelas respostas, verifica-se que: - Todos se sentiram mais conscientes de que é preciso cons­

truir a paz dentro de si mesmo por um grande esforço de união com Deus. Vários disseram que já sentem alguns frutos dessa conscientização em seu lar e no seu ambiente de trabalho.

- Dentre os ambientes carentes de paz, foram destacados: a família, os ambientes de trabalho, os jovens casais, os margi­nalizados, os meios de comunicação, etc.

- Como pessoas irradiando paz, foram citados vários equi­pistas, como também pessoas atuando na comunidade; houve ca­sos em que foram lembrados o marido ou a esposa e, muitas vezes, a mãe ou a sogra ...

- Todos foram concordes em que não só podemos mas de­vemos ser criadores de paz. Em primeiro lugar, construindo a paz em nós, com muita docilidade ao plano de Deus e exercitan-

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do-nos no amor ao próximo. Em seguida, procurando aceitar melhor o cônjuge e os filhos; procurando ver as qualidades dos outros e não só os defeitos, esforçando-nos em dialogar com os outros; procurando servir na comunidade, nos ambientes caren­tes, segundo a vocação de cada um.

JACAREí - Ordenação de diácono

De Salete e Guerino, responsá­veis pela Coordenação de J acareí, r ecebemos a comunicação, gratís­sima para todos nós, de que o nos­so irmão equipista, Mauri Guardia, há sete anos integrante, com Se­rina, da Equipe n .0 4 de Jacareí, foi ordenado diácono.

A ordenação realizou-se no dia 8 de dezembro do ano passado, dia da Imaculada Conceição e Dia Na­cionai da Família, em bonita e co­movente cerimônia oficiada por D. José Antônio do Couto, Bispo Au­xiliar de Taubaté (foto).

Na oportunidade, os irmãos de equipe de Mauri lhe ofereceram uma placa de prata com os seguin­tes dizeres: "Não se acende uma lâmpada para pô-la debaixo da

mesa, mas sobre o candeeiro, a fim de que dê luz .. . Assim brilhe a vossa luz diante dos homens . .. " (Mt. 5, 15-16).

BRASíliA - Boletins

Recebemos quatro de uma vez. Agradecemos a remessa, mas anotem, Brasília: preferiríamos receber um por vez, cada um no seu devido tempo. . . Desta vez, passa, mesmo porque essa chegada conjunta foi providencial: os meses de férias são muito pobres em matéria de boletins. Será que Germana e Joaquim se lembraram dos seus tempos da Equipe da Carta Mensal e mandaram tudo junto sabendo de nossas dificuldades para con­Eeguir notícias, principalmente durante as férias?

Dito isto, parabéns aos redatores, pois os boletins estão ex­celentes. Curtos, mas repletos de substância, e com aquele toque característico do verdadeiro equipista: espiritualidade e alegria.

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Ainda o Mutirão

Completando a notícia publicada em dezembro, transcreve­mos: "Certamente o ponto alto foram as quatro conferências bá­sicas: 'Adultos em Cristo', tema abordado com simplicidade e profundidade pelo casal do Rio de Janeiro, Maria Tereza e Luiz Sérgio, ofereceu a todos uma reflexão sobre como superarmos a nossa imaturidade cristã para chegarmos a viver as palavras de Cristo.

Frei Venâncio, no domingo pela manhã, deu-nos uma subs­tanciosa palestra sobre 'Espiritualidade Conjugal'. Durante hora meia, esclareceu-nos sobre santidade e espiritualidade, baseando­-se nas palavras de São Paulo: 'Esta é a vontade do Pai, a vos­sa santificação'.

O nosso querido casal de São Paulo, Maria Helena e Nicolau Zarif, pronunciou duas notáveis palestras: 'Meios de Aperfeiçoa­mento' e 'Alegria do Serviço'; somente aqueles que as ouviram poderão relembrar os momentos de grande emoção que as pa­lavras de Maria Helena e Nicolau provocaram no auditório: ale­gria, reflexão e entusiasmo, levando os ouvintes do riso sadio às

. lágrimas do mais puro sentimento cristão".

Semana da Família

Retornaram a Brasília os mesmos Maria Helena e Nicolau, para proferir a primeira palestra do tríduo de conferências or­ganizado dentro da Semana da Família. Só não transcrevemos as palavras do Boletim para não ferir a modéstia do Nicolau. Infelizmente, para muita gente, parece que os microfones entra­ram em colapso e só um pequeno número pôde ouvir o que o Nicolau tinha a dizer sobre "Relacionamento pais e filhos". No dia seguinte, o Pe. Tomaz de la Pisa, assistente dos Encontros de Casais com Cristo do Rio de Janeiro, falou sobre "A Família no mundo atual" e, na terceira noite, houve um painel sobre a família, a cargo de vários parlamentares. Como parte da pro­gramação da semana, os organizadores (D. José Newton de Al­meida Batista, Arcebispo de Brasília, o M.F.C., as E.N.S. e os E.C.C., com a colaboração dos demais movimentos de apostolado leigo) , prepararam um questionário que foi distribuídos nas mis­sas e em vários outros locais, com o objetivo de levar as pessoas a meditarem sobre o assunto "família" e de coletar opiniões sobre os vários aspectos enfocados.

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Intercâmbio com Belém

As Equipes de Belém do Pará encontram-se muito isoladas. Como as mais próximas são as de Brasília, os Conselheiros espi­rituais, Frei Jamaria e Pe. João Maria Incampo, têm trocado correspondência. Um equipista de Belém esteve em Brasília e levou de volta o material para o Curso de Pilotos, que já foi realizado, tanto é que já está sendo pilotada a Equipe n.0 3. Três casais deviam participar do Mutirão, mas, infelizmente, pa­rece que ficou só nos planos.

Ecos de Petrópolis

Via Brasília? É que o Frei Jamaria esteve na posse do novo Casal Responsável pelo Setor, Lilian e João Quadra. Foi para Petrópolis com o Casal Regional, Maria Alice e Adelson. (Para os que não sabem, antes de ir para Brasília, Frei J amaria era assistente, no Rio, da equipe de Maria Alice e Adelson. Quando ::.:. saudade aperta, ele vai para lá. Parece que aperta com fre­qüência, pois ele já ganhou o apelido de "Frei Ponte-Aérea" . .. ) Mas voltemos ao nosso assunto, que é Petrópolis. Pois tudo isso para contar que Frei J amaria "ficou profundamente impressio­nado com a participação maciça de todos os equipistas de Petró­polis na missa, concelebrada por seis conselheiros espirituais".

Agora é São Paulo na berlinda

Foi preciso um casal de Brasília para lançar a primeira equi­pe em Santo André. Pelo menos, é o que insinua o Boletim ... A história parece que foi assim: depois do Encontro N acionai de Casais Responsáveis, no Rio, Elsa e Renato, da Equipe 6 de Brasília, e originários de Santo André, "foram passar alguns dias de férias com os parentes. Lá juntaram amigos e conhecidos, falaram das Equipes, levaram um casal da ECIR para uma reu­nião de informação e logo depois foi lançada a primeira equipe". É da responsabilidade do Boletim de Brasília esta notícia, bem como a de que já estariam em preparação mais duas equipes em Santo André. Conta também o Boletim que, por coincidência, o casal piloto dessa primeira equipe de Santo André, Edith e João José Giardulli, é um dos maiores amigos do Frei J amaria (eram da equipe 21 do Rio de Janeiro).

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PETRóPOLIS - "Mutirãozinho"

Como todos os anos, os equipistas daquele Setor realizaram o "mutirãozinho", que congregou 94 crianças. Os casais e os jovens que trabalharam no encontro foram coordenados por Mi­riam e Eckner, da equipe 10. Houve oração na capela, palestras para oito grupos, separados por idades, de7 a 12 anos, e o tea­trinho, que entusiasmou a garotada. Encerrou o Mutirãozinho uma missa linda, em que as crianças participaram ativamente.

Retiros

Pontos altos durante o ano de 1975: os retiros de agosto e de setembro. O de agosto, pregado pelo Frei Orlando, foi intei­ramente dedicado ao estudo da pessoa de Maria. Segundo o re­dator do Equipetrópolis, o retiro foi "simplesmente extraordiná­rio". As palestras versaram sobre "Maria na perspectiva do An­tigo Testamento", "A resposta - o Sim de Maria", "Maria na história da salvação", "A maternidade de Maria", "A Imaculada Conceição", "A virgindade de Maria", "A assunção de Maria". Os círculos após as palestras foram de extraordinário proveito.

O retiro de setembro, que durou apenas um dia devido aos compromissos do Frei Almir, mesmo assim foi de grande proveito. Diz o Boletim da gratidão dos equipistas para com o Frei Almir que, apesar de muitos compromissos, dedicou esse dia todo à pregação. Proferiu três palestras: "Sinceridade (autenticidade)", "O Reino dos pobres" e "Projeto de vida familiar", todas elas subordinadas ao tema geral "Vivência evangélica e vida matri·· monial".

MOGI DAS CRUZES - Um lançamento diferente

O da equipe n.0 8, formada com um grupo de casais oriundos dos Cursilhos, que vinham trabalhando junto à paróquia do Mo­gilar e se reuniam há quatro anos. Um dos membros, após ter participado de um curso de preparação para o casamento junto com equipistas, sugeriu ao grupo que tentassem a experiência do Movimento, pois, embora as reuniões fossem realizadas com muito amor e dedicação, sentiam os seus componentes a falta de uma estrutura, de algo que servisse de base para que pudessem crescer.

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NOVAS COORDENAÇõES

Garça

Foi desmembrado do Setor de Marília já no ano passado. Compreende 4 equipes e o seu Casal Responsável é Albertina e N ascy Mahamod.

Lins

Sob a responsabilidade de Iracema e Martinho Silva Lemos, abrange as quatro equipes de Lins e as duas de Cafelândia.

NOVAS EQUIPES

Belém do Pará

Pelo Boletim de Brasília, ficamos sabendo que está sendo pilotada a Equipe 3, por Odete e José Carvalho da Cruz, da Equi­pe 1. E o Secretariado recebeu pedido material para a 4.a. Pa­rabéns, Belém!

Caçapava

Mais duas equipes, a 5 e a 6, pilotadas respectivamente por Egle e José Antônio e Adalgisa e Norton, do Setor de Taubaté.

RETIROS

DA REGIAO SAO PAULO/A - CAPITAL

Maio - 21 a 23 - Pe. Enzo Gusso (sem crianças)

Junho - 18 a 20 - (com crianças)

Inscrições com Darcy e Geraldo - 67-9063

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MAIS UM MUTIRAO EM 1975:

PROMISSAO - LINS

Somente agora nos chega notícia, através do Boletim de Ma­rília, do Mutirão programado por Diva e Venício, Casal Regional, para a Coordenação - ou melhor, as Coordenações, pois Lins agora já constituiu a sua própria Coordenação.

Foi realizado em Lins, no dia 9 de novembro, com a partici­pação de 53 casais, sendo 17 da equipe de serviço. Comparece­ram 12 casais de Promissão, 12 casais de Lins, 7 de Cafelândia e 5 de Marília.

Iniciou-se às 8: 15 horas, com a entronização da Bíblia por D. Pedro Paulo Koop, Bispo Diocesano de Lins. Diva e Venício pronunciaram algumas palavras de abertura e a seguir Conceição e Clóvis, de Marília, fizeram a primeira palestra: "A espiritua­lidade conjugal e familiar". A segunda palestra, proferida pelo Pe. Gusson, versou sobre "A oração". A terceira, por Iraci e Neuti, de Marília, foi sobre "Os meios de aperfeiçoamento". Fi­nalmente o Casal Regional falou sobre "A origem das ENS e a estrutura do Movimento".

Houve ainda reflexão dos casais após as três palestras prin­cipais, reunião de equipe, grupos de co-participação, plenário e, encerrando o Mutirão, a Santa Missa, concelebrada por D. Pedro Paulo e pelo Pe. Gusson.

O êxito do Mutirão foi absoluto, especialmente no tocante à espiritualidade. Pela análise das avaliações, verificou-se que agradou em cheio e atingiu os seus objetivos. Todos foram unâ­nimes em valorizar o encontro e dizer da necessidade de se rea­lizar Mutirões periodicamente.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇÃO - I Pdr. 2, 19-25

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O fato de alguém sofrer e suportar pacientemente penas in- _. justas em consideração a Deus é realmente uma graça. Se fazeis o mal e deveis tolerar maus tratos, que mérito há nisso? Con­trariamente, se fazeis o bem e sois maltratados, suportai-o com paciência: isto vos tornará agradáveis a Deus.

Efetivamente, para isso fostes chamados. Também Cristo pa­deceu por vós. E deixou-vos o exemplo, para que lhe sigais as pegadas. Ele, que não cometeu pecado e em cujos lábios não se eencontrou fraude, sendo ultrajado, não respondia com ultrajes; sendo atormentado, em lugar de fulminar com ameaças, confiava sua causa Aquele que julga com justiça.

Ele pessoalmente carregou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que, mortos para o pecado, vivêssemos para a justiça. Por suas chagas é que fostes curados. Andáveis desgarrados como ovelhas. Agora, porém, retornastes ao pastor e vigia de nossas almas.

ORAÇÃO LITúRGICA - Is. 12

- Minha força e meu canto é o Senhor!

Dou-vos graças, Senhor! Estáveis irado contra mim, mas vossa cólera se acalmou e me consolastes! '

Eis o Deus da minha salvação, confio e não temo:

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o Senhor é minha força e meu canto, a minha salvação!

Haveis de haurir com alegria a água nas fontes da salvação.

Direis nesse dia: Dai graças ao Senhor, bradai o seu nome, anunciai suas maravilhas ao povo!

Proclamai que seu nome é sublime! Cantai ao Senhor que fez prodígios! Que sejam publicados por toda a terra! Clamai de alegria e júbilo, habitantes de Sião! é grande, entre vós, o Santo de Israel!

- Minha força e meu canto é o Senhor!

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Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e fami liar

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