natalie lima luz em busca da identidade -...

8
32 luz & cena capa Conheça o projeto luminotécnico de lojas que optaram por uma cara própria Natalie Lima Luz em busca da Q uando a lighting designer Diana Joels colocou os pés no espaço que seria a loja Pano Nosso, em uma galeria de Ipanema, deu de cara com um primeiro nível, cujo pé-direito era bastante reduzido, e um mezanino. A idéia inicial de suas clientes, as irmãs Paula e Gisele Licht, era cobrir o teto do primeiro andar com tecidos suspensos, pelos quais passaria a luz embutida. A pequena extensão do pé-direito e a temática da loja – produtos de origens variadas cujo ponto comum é o pano como matéria-prima – fizeram com que Diana, sócia no escritório Maneco Quinderé e Associados, optasse por um projeto luminotécnico que não provocasse a sensação de claustrofobia e que ao mesmo tempo pudesse ter a cara de sua dona. O case Pano Nosso é apenas um exemplo de como, nos últimos anos, lighting desig- ners têm cada vez mais liberdade para criar projetos diferenciados para lojas. Mais que isso: que não existe uma regra sobre o que é certo usar, mas sim uma tendência na adoção de alguns materiais, cuja aplica- ção, essa sim, varia de acordo com o perfil da loja e o objetivo a ser alcançado. PARA REVELAR DETALHES Inaugurada em setembro de 2004, a Pano Nosso é o resultado de um trabalho que Gisele implementa há algum tempo, a customização de tecidos. Mas além do ma- terial confeccionado por ela, a empresária dá espaço a artistas plásticos e designers que usam o pano para fazer objetos como lustres, espelhos, jóias e móbiles. O resul- tado é um imenso caleidoscópio de peças dispostas em diferentes níveis, pulverizan- do assim o olhar do visitante. Mas dirigir (ou não) o olhar do visitante não era o único desafio do projeto luminotéc- nico. Gisele diz que um de seus principais desejos era fazer de sua loja um ambiente acolhedor. “Queria que as pessoas se sentis- sem bem aqui dentro”, diz. Como então iluminar um número tão grande de produtos num espaço reduzido e ainda somar pontos a favor da sensação de conforto do cliente? “Busquei acom- panhar a proposta da loja, de maneira que a luz estivesse coerente com cada detalhe”, relata Diana. Loja Tim, em Curitiba: projeto luminotécnico foi fundamental para dar identidade à loja

Upload: hoangkiet

Post on 02-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

32 luz & cena

capa

Conheça o projeto luminotécnico de lojas que optaram por uma cara própria

Natalie Lima

Luz em busca da identidade

Quando a lighting designer Diana Joels colocou os pés no espaço que seria a loja Pano Nosso, em uma

galeria de Ipanema, deu de cara com um primeiro nível, cujo pé-direito era bastante reduzido, e um mezanino. A idéia inicial de suas clientes, as irmãs Paula e Gisele Licht, era cobrir o teto do primeiro andar com tecidos suspensos, pelos quais passaria a luz embutida. A pequena extensão do pé-direito e a temática da loja – produtos de origens variadas cujo ponto comum é o pano como matéria-prima – fizeram com que Diana, sócia no escritório Maneco Quinderé e Associados, optasse por um projeto luminotécnico que não provocasse a sensação de claustrofobia e que ao mesmo tempo pudesse ter a cara de sua dona.

O case Pano Nosso é apenas um exemplo de como, nos últimos anos, lighting desig-ners têm cada vez mais liberdade para criar projetos diferenciados para lojas. Mais que isso: que não existe uma regra sobre o que é certo usar, mas sim uma tendência na adoção de alguns materiais, cuja aplica-ção, essa sim, varia de acordo com o perfil da loja e o objetivo a ser alcançado.

PARA REVELAR DETALHES

Inaugurada em setembro de 2004, a Pano Nosso é o resultado de um trabalho que Gisele implementa há algum tempo, a customização de tecidos. Mas além do ma-terial confeccionado por ela, a empresária dá espaço a artistas plásticos e designers que usam o pano para fazer objetos como lustres, espelhos, jóias e móbiles. O resul-tado é um imenso caleidoscópio de peças dispostas em diferentes níveis, pulverizan-do assim o olhar do visitante.

Mas dirigir (ou não) o olhar do visitante não era o único desafio do projeto luminotéc-nico. Gisele diz que um de seus principais desejos era fazer de sua loja um ambiente acolhedor. “Queria que as pessoas se sentis-sem bem aqui dentro”, diz.

Como então iluminar um número tão grande de produtos num espaço reduzido e ainda somar pontos a favor da sensação de conforto do cliente? “Busquei acom-panhar a proposta da loja, de maneira que a luz estivesse coerente com cada detalhe”, relata Diana.

Loja Tim, em Curitiba: projeto luminotécnico foi fundamental para dar identidade à loja

Page 2: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

33luz & cena

Luz em busca da identidade

divu

lgaç

ão

Page 3: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

34 luz & cena

Para isso, ela assumiu a subjetividade como o norte estético de sua iluminação. A intenção era permitir ao visitante a livre experimen-tação visual da loja revelando objetos de tamanhos, texturas e formas diversas.

Quem entra na loja se depara com nichos mais iluminados do que outros, assim como regiões com cores mais quentes, e outras mais frias. “Chamo este tipo de loja de loja de dono. São esses casos em que você percebe a alma da pessoa no estabelecimento”, aponta Diana.

ESCOLHAS

A opção de inserir fontes de luz na parede rebaixada por causa do mezanino, que acaba funcionando como lounge, foi logo descar-tada por Diana. Em vez disso, ela decidiu gerar a iluminação geral da loja sempre de baixo para cima, a fim de ampliar a sensa-ção de altura. “Incorporei as fontes de luz à ambientação em vez de criar um elemento a mais”, diz a lighting designer.

Aplicadas em rodapé destacado da parede, as fluorescentes T5 foram cobertas com acrílico leitoso e inseridas em uma espécie de calha. “Além de esconder as lâmpadas, o acrílico atua como difusor”, diz. Para destacar detalhes expostos nas prateleiras, muitas AR 70, soluções apropriadas para ambientes com pé-direito baixo.

No fundo da loja, em sua parte mais alta, Gisele aplicou um revestimento em placas de aço para esconder a saída de ar condicio-nado. Levemente inclinada, essa aplicação acabou funcionando como um rebatedor de luz. Diana, assim que percebeu esse pon-to forte, criou um sistema de iluminação com cabo tensionado e lâmpadas halógenas palito. “A luz vai para o rebatedor e volta para o ambiente”, explica.

Também prejudicada pelo pé-direito baixo, a vitrine da Pano Nosso mereceu atenção especial. Diana criou uma espé-cie de ribalta móvel de madeira que, vista de fora, assemelha-se a um rodapé. Ali foram instalados trilhos eletrificados com spots PAR (flood) 20 e AR 70. “O trilho permite flexibilidade e mobilidade, uma vez que se pode retirar ou acrescentar os spots, além de afiná-los de acordo com

capa

Na Pano Nosso, pé-direito baixo e grande quantidade de elementos visuais foram os desafios para a iluminação

Fluorescentes T5 geram luz difusa quando recobertas por superfície de acrílico: iluminação gerada de baixo para cima para dar sensação de altura

divu

lgaç

ão

divu

lgaç

ão

Page 4: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

35luz & cena

a arrumação da vitrine, que nessa loja está sempre mudando”, explica Diana. Enquan-to as PAR têm facho mais aberto, as AR, por apresentarem ângulo mais fechado, podem destacar pontos específicos.

CLEAN, A PALAVRA DE ORDEM

A alguns quilômetros da Pano Nosso, no bairro do Leblon, a primeira loja de rua da estilista Isabela Capeto aposta em um visual bem mais clean. E a iluminação é fundamental na obtenção desse resultado. A idéia de combinar funcionalidade e discri-ção, sempre escondendo as fontes de luz, dá a tônica do projeto luminotécnico, também assinado por Diana Joels.

O aspecto dissonante está no teto do ambiente principal. Nele, luminárias de grande porte foram escolhidas pela própria Isabela. Com finalidade apenas decorativa, elas chamam atenção para uma fiação aparente e uma pintu-ra mal-acabada, heranças deixadas pelo antigo ocupante do espaço, a livraria Dantes.

“A loja tinha que ser compatível com os produtos à venda, ou seja, com peças es-peciais, super diferenciadas e de renome internacional. Tínhamos que acompanhar as definições de conceito da loja como um todo, que pretendia criar um ambiente chique e limpo para permitir que as roupas se destacassem e para evitar excesso de informação, uma vez que as próprias peças são super decoradas”, analisa Diana.

Assim, ao lado do arquiteto Leonardo Brai-le, a lighting designer ocupou-se em criar soluções que dessem suporte à proposta minimalista da arquitetura. Para as araras, fluorescentes T5 com gelatina corretiva em rasgo na cinta de gesso promovem uma luz suave e ao mesmo tempo eficaz. Do outro lado da loja, na outra parede, arandelas, também escolhidas pela estilista. “Isabela esteve super presente e influente em todo o processo”, declara Diana.

Bastante interessante foi a solução adotada

para a minivitrine de madeira, localizada tam-bém no espaço principal da loja. Distribuídos por prateleiras, anéis, brincos, colares, presilhas de cabelo e outros itens são iluminados de ma-neira cuidadosa: instaladas nas laterais de cada nível, luminárias de embutir com lâmpadas bipino de 20W/12V ganharam toque especial quando Diana usou transformadores eletrô-nicos dimerizáveis da marca Intral. Eles estão escondidos na base do móvel e proporcionam luz para todas as prateleiras, permitindo assim evidenciar cores e texturas dos objetos expostos com maior ou menor intensidade.

Já a vitrine – cuja principal característica é não se parecer com uma – recebeu minidi-cróicas embutidas. Elas lavam as cortinas brancas de baixo para cima. Nada de roupas ou peças expostas: a idéia é ser o mais dis-creto possível.

Mas a parte preferida de Diana é o provador da loja. Com pé-direito baixíssimo e teto em laje, o espaço teve suas paredes recobertas por espelhos. “A idéia era criar uma caixa de espe-lho”, diz a lighting designer. A solução foi usar luz difusa e rebatida. A partir desse conceito, Diana sugeriu que os espelhos não se estendes-sem até o teto. O objetivo era poder instalar

Na vitrine da Pano Nosso, i luminação r ibaltada confere caráter cênico aos elementos e ao mesmo tempo diminui a percepção do pé direito baixo

divu

lgaç

ão

Page 5: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

36 luz & cena

lâmpadas fluorescentes por trás dos mesmos e fazer com que a luz emitida rebatesse no teto branco. “O resultado foi uma caixa de espelhos com iluminação difusa e homogê-nea, sem sombras”, define Diana.

LIMPEZA VISUAL

A mesma filosofia usada na loja de Isabela Capeto – “estética clean para peças com colorido e texturas intensas” – norteou o trabalho assinado pelo lighting designer Ugo Nitzsche, da NTZ Iluminação Arqui-tetônica, para a loja Q-Vizu do shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro.

Ugo procurou fazer com que seu projeto complementasse o que foi criado por Frederico Cruz, Ilana Binzstok e Mariana Violante, do escritório TRINI Arquitetu-ra. O trio optou por dar ênfase às roupas – que têm no design exclusivo e nas cores fortes suas principais características – a partir de uma arquitetura praticamente monocromática. “O intuito era criar uma espécie de moldura, deixando cores, texturas e desenhos apenas nas roupas e demais produtos, evitando o excesso de informação”, explica Ugo. A exceção vai para a volumetria de painéis geométricos de madeira nas laterais da loja.

A união de simplicidade e eficiência fica evidente também na iluminação. No teto, duas reentrâncias longas, esbeltas e pintadas internamente de preto abrigam equipamentos de luz de destaque e for-mam (visualmente) uma área retangular. “Dentro dessa área, criamos nichos geo-métricos, gerando luz geral indireta”, rela-ta Ugo. No entanto, quem olha para o teto da loja percebe a ausência de continuidade entre esses nichos. O lighting designer conta que a supressão de duas unidades foi proposital: sua intenção era quebrar a monotonia visual do espaço através do recurso da descontinuidade.

As fluorescentes T5 aparecem mais uma vez como opção para o projeto. Ugo conta que

as usou nos nichos quadrados para gerar um nível médio de luminância na loja (cada uma delas tem 14W e temperatura de cor de 3000K). Já nas reentrâncias, para destacar produtos, ele optou por dicróicas GE Precise 25º. “Elas destacam sem interferir na ilumi-nação feita no painel lateral”, diz.

PERCEPÇÃO DIRECIONADA

Para Ugo, um dos aspectos mais interes-santes do trabalho é poder influenciar na percepção visual do visitante. “A luz indireta dentro dos nichos gera a sensação de que a área restante do teto é mais es-cura, embora seja da mesma cor, branco”, comenta. Nessa parte mais “escura” estão sprinklers (equipamento antiincêndio), detectores de fumaça e saídas de ar condi-cionado – elementos que obviamente não poderiam ser retirados. Deslocados para as áreas entre-nichos, ficam na sombra quando a luz é acionada. “Assim eles ficam menos perceptíveis”, diz.

Vale lembrar que com o nível médio de luminância é possível destacar peças consumindo menos carga e ainda per-mitir a aparição de efeitos gerada por outras fontes de luz, como as lâmpadas incandescentes refletoras R63, instaladas

No teto da loja Q-Vizu, n ichos geométr icos geram luz geral indireta

Ugo

Nit

zsch

e

capa

Page 6: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

37luz & cena

no chão, rentes ao painel volumétrico.

Posicionadas neste setor, elas promovem

o efeito de uplight, fazendo com que a luz

reflita no teto da loja.

Nas araras, a iluminação realizada de baixo para cima foi feita por lâmpadas fluorescentes T5. O resultado, a sensação visual de que as roupas flutuam, também se deve, em parte, ao nível médio.

CUMPRINDO A MISSÃO

Qual seria a principal missão de um (bom) projeto luminotécnico? “A iluminação dá o tom e pode ajudar a definir o tipo de todo e qualquer estabelecimento co-mercial; atrai o cliente em potencial, dá destaque aos produtos e os diferencia entre si; sugere um trajeto a ser percorrido pelos clientes; cria o clima adequado para visita-ção e incentiva vendas”, enumera Ugo.

Se ajudar a definir a identidade de uma loja é condição que caracteriza um projeto lumi-

Enquanto que fluorescentes T5 fazem a roupa “flutuar” (à esquerda), incandescentes refletoras, também localizadas no piso, geram efeito uplight no teto da loja

Page 7: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

38 luz & cena

notécnico eficaz, a isso podemos acrescentar, diante da realidade brasileira, o fator econo-mia como elemento de grande importância. “A idéia é tentar sempre obter o máximo de efeitos visuais com o mínimo de carga necessária”, diz Ugo. Tudo para diminuir o gasto energético. Apostar em materiais que não necessitam de tanta manutenção também é uma boa opção.

A dobradinha “atratividade e relação cus-to/benefício satisfatória” parece ter dado a tônica do projeto que Neide Senzi, da Senzi Consultoria Luminotécnica, criou para a loja GSM da operadora Tim, em Curitiba. Convidada para o projeto pelo arquiteto Átila, do escritório CAD De-sign, localizado em Porto Alegre, Neide foi a opção para o trabalho com um sistema totalmente fora do convencional.

Ela conta que a proposta da Tim era criar uma loja que fosse também um espaço institucional propício para enfatizar, através de elementos visuais de aparência high-tech, os benefícios da então nova tecnologia GSM (a loja foi inaugurada no início de 2004). “Este seria o local de apresentação do sistema e ao mesmo tempo de interface com diversos aparelhos celulares com sistema GSM, como Nokia, Siemens, Motorola etc. Portanto, não seria uma loja convencional de relação compra e venda, mas acima de tudo um showroom institucional”, analisa Neide.

Criar um projeto luminotécnico à altura da ambição da Tim. Isso significava planejar algo fora dos padrões – era preciso remeter o espaço da nova loja ao conceito de ino-vação. Pensando nisso, a lighting designer decidiu trabalhar com um conceito flexível de luz, que ela chama de “experience”. E a experiência é do visitante. Ele vivencia a mudança das cores do piso vidro no espaço GSM graças a sensores ativados pelo toque dos pés, por exemplo; vê projeções com gobos que passeiam pelo espaço exibindo as logomarcas das empresas de telefone; tem acesso os aparelhos instalados em

módulos com backlight, entre outros pon-tos. “Fiz uso de um conjunto de recursos de iluminação que se integra à proposta arquitetônica para transmitir imagem de avanço tecnológico”, resume Neide.

Iniciado em 2003, o projeto da loja de Curitiba contou com Neide desde sua fase mais embrionária. Muitas vezes, conta ela, a linguagem da iluminação determi-nou a inserção de detalhes específicos, mas foi além. A influência ocorreu até mesmo durante a escolha de materiais fundamentais, como “piso e forro, nichos expositores de produtos, paredes e vãos”, relata. Resultado: um projeto que teve como linha-mestra a integração entre espaço, arquitetura e luz.

APOSTA NO RGB

Com formato de elipse, a loja da Tim está dividida em ambiente de recepção, lounge central, miniauditório para apresentação de audio-visuais e treinamento, área de atendimento e espaço GSM (com bancada de pesquisa e acesso à internet através de monitores). Justamente neste espaço, um sistema RGB com fluorescentes T5 (sim, elas estão em todo lugar!) de 28W salta aos olhos.

“Por se tratar de um espaço experience, era importante utilizar o recurso de troca de cores para dar dinamismo e flexibilidade”, conta Neide. A opção pelas fluorescentes coloridas (verde, vermelho e azul), conta ela, foi uma solução barata e eficaz. “Se esse projeto fosse realizado nos EUA ou na Europa, toda a luz seria feita com LEDs”, comenta.

Inseridas abaixo do piso de vidro, essas T5, através do sistema de colormixing, podem produzir cores secundárias e até mesmo o branco. O resultado é um am-biente com características extremamente cênicas. Além de ser ativado à medida que os visitantes pisam no chão de vidro, o

No espaço GSM, sistema de color mixing com fluorescentes T5 dão ar futurista à loja

capa

Page 8: Natalie Lima Luz em busca da identidade - ntz.arq.brntz.arq.br/wp-content/uploads/2013/04/Luz-e-Cena-lojas.pdf · é certo usar, mas sim uma ... spots, além de afiná-los de acordo

39luz & cena

sistema de color mixing ganha destaque quando combinado com as paredes, todas na cor preta. “O entorno preto enfatiza a dramaticidade da luz e torna o ambiente mais cenográfico, sem tantas reflexões”, diz Neide.

Mas não é só no espaço GSM que as pa-redes dão ar cenográfico ao local. Graças a essa escuridão é possível setorizar os ambientes, compartimentando-os. “Mas ao mesmo tempo eles são integrados e não têm divisórias físicas”, arremata.

Já a parte central, onde se localiza o lounge, com pufs e poltronas coloridas, ganhou caráter nada cênico, mas ainda assim de grande dinamismo visual. Ali estão os movings heads que a todo mo-mento projetam imagens das logomarcas

das empresas parceiras da Tim. Formada por fluorescentes compactas brancas, a iluminação deste setor tem característica mais técnica e funcional.

Essa área contrasta muito com o audi-tório, onde uma estrutura metálica em formato elíptico ganha vida a partir de três lâmpadas T5 em color mixing , localizadas no piso dessa elipse. Através do sistema RGB, as hastes da estrutura mudam de cor, tornando o ambiente bas-tante atraente para quem o visita. Quem entra dentro da estrutura, cujas paredes são transparentes, sente-se em uma bolha que muda de cor constantemente. “Por ser institucional e informativo, esse es-paço se transformou num grande ponto de interesse visual”, opina Neide.

PARA DEFINIR O PRODUTO

Também em formato de elipse, a vitrine

da loja da Tim em Curitiba ganhou luz

wash a fim de evitar o potencial reflexo

sobre as imagens institucionais que cons-

tituem a fachada.

Na loja da Tim foi utilizado um backlight

de acrílico leitoso no teto interno da vitrine.

Ali foram instaladas lâmpadas coloridas T12

de 40W nas cores azul e vermelho.

Os únicos elementos de LEDs usados

na loja da Tim foram os balizadores

da LED Point, localizados no hall de

entrada. “Eles ajudam a promover uma

recepção calorosa na chegada do cliente”,

diz Neide.